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O trabalho na Pedagogia Freinet, ou seus marcos pela renovação da educação
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022140, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.17299
1
O TRABALHO NA PEDAGOGIA FREINET, OU SEUS MARCOS PELA
RENOVAÇÃO DA EDUCAÇÃO
EL TRABAJO EN LA PEDAGOGÍA FREINET, O SUS HITOS PARA LA
RENOVACIÓN DE LA EDUCACIÓN
WORK IN FREINET PEDAGOGY, OR HIS MILESTONES FOR THE RENEWAL OF
EDUCATION
Ivan FORTUNATO
1
RESUMO
: Este texto é sobre a ideia de trabalho na pedagogia Freinet. Não se trata de um
texto puramente teórico que busca esmiuçar o conceito, mas, demonstrar como a pedagogia
Freinet se desenvolve cotidianamente quando incorporada na prática. É um ensaio produzido
em primeira pessoa, do ponto de vista de um professor formador de professores, atuando em
cursos de formação docente e no mestrado e doutorado em educação, no Brasil. O objetivo
principal é, na partilha da experiência, refletir sobre o sentido da docência e as dificuldades de
se conseguir efetivar a renovação pedagógica presentada por Freinet, um centenário atrás.
PALAVRAS-CHAVE
: Educação. Célestin Freinet. Método livre.
RESUMEN
:
Este texto trata sobre la idea de trabajo en la pedagogía Freinet. No se trata de
un texto puramente teórico que pretende escrutar el concepto, sino demostrar cómo se
desarrolla cotidianamente la pedagogía Freinet cuando se incorpora a la práctica. Es un
ensayo producido en primera persona, desde el punto de vista de un formador de docentes,
actuando en cursos de formación docente y en la maestría y doctorado en educación, en
Brasil. El objetivo principal es, al compartir la experiencia, reflexionar sobre el sentido de la
docencia y las dificultades para lograr la renovación pedagógica presentada por Freinet,
hace un centenario.
PALABRAS CLAVE
:
Educación. Célestin Freinet. Metodo libre.
ABSTRACT
:
This text is about the idea of work in Freinet pedagogy. This is not a purely
theoretical text that seeks to break down the concept, but to demonstrate how the Freinet
pedagogy develops daily when incorporated into practice. It is an essay produced in the first
person, from the point of view of a teacher trainer of teachers, working in teacher training
courses and in the master's and doctorate in education, in Brazil. The main objective is, in
sharing the experience, to reflect on the meaning of teaching and the difficulties of achieving
the pedagogical renewal presented by Freinet, a hundred years ago.
KEYWORDS
: Education. Célestin Freinet. Free method.
1
Instituto Federal de São Paulo (IFSP), Itapetininga
–
SP
–
Brasil. Docente na Coordenadoria de Formação
Pedagógica. Doutorado em Desenvolvimento Humano e Tecnologias (UNESP). ORCID: https://orcid.org/0000-
0002-1870-7528. E-mail: ivanfrt@yahoo.com.br
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Ivan FORTUNATO
RPGE
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2
Introdução
Se o aluno não tem sede de conhecimentos, nem qualquer apetite pelo
trabalho que você lhe apresenta, também será trabalho perdido “enfiar
-
lhe”
nos ouvidos as demonstrações mais eloqüentes. (FREINET, 2004, p. 19)
Este texto é sobre a ideia de trabalho na pedagogia Freinet, mais como prática do que
como teoria. Explico. Apesar de tributário à obra de Célestin Freinet, não me reconheço como
um estudioso de sua pedagogia. Freinet é
–
e sempre foi
–
inspiração. Para mim, ler suas
obras é escapismo, pois, com elas, fujo da realidade circundante da educação como sistema,
desenhada para alcançar resultados nas avaliações externas. Sendo os índices bons, pouco
importa o que efetivamente acontece nas instituições. Por outro lado, como bem registrou
Freinet: “os fracassos nos exames são desastrosos ao mesmo tempo para os alunos e para o
professor” (
apud
FREINET, 1979, p. 106).
Partindo da experiência do mundo vivido como professor formador, posso atesta que o
trabalho docente, voltado à formação humana e ao desenvolvimento de cada educando tem
perdido suas forças diante um sistema apático e burocrático que impõe sua objetividade à
individualidade humana. O sistema permite com que não se faça nada diferente do que está
posto nas regras, construídas no, pelo e para o sistema. A alegação é sempre a mesma: o
sistema funciona assim.
Diante dessa circustancialidade que há algum tempo tormenta e atormenta o tenho
voltado à Célestin Freinet como forma de tentar encontrar meios de seguir obstinado na
docência. Seu trabalho pedagógico é inspiração: ajuda a seguir em frente, esperançando um
mundo melhor. Assim, o objetivo deste escrito é o de partilhar o que chamo de “marcos” pela
renovação pedagógica.
Tais marcos são as bandeiras de luta pela educação de qualidade, voltada à
transformação individual, social, planetária. Bandeiras erguidas há mais de sete décadas,
ainda válidas. Isso porque o sistema se revela cada vez mais violento contra a educação que se
busca fazer pela individualide de cada pessoa, seus afetos, seus anseios, seus sonhos...
Sistema que cada vez mais torna todo mundo igual e, pior, não dá voz a ninguém.
Para desenvolver a escrita, o texto se desdobra em duas seções. A primeira trata das
circunstâncias da educação que me fazem voltar amiúde à Freinet. A segunda diz respeito ao
trabalho pedagógico realizado pelo educador e como se torna impulso para se manter a
obstinação em continuar o exercício docente. Fica, ao final, a esperança de, ao trazer à lume
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tais inquietações, elas encontrem eco por aí e que consigamos fazer coro às bandeiras pela
educação que entende e respeita à humanidade.
Freinet e as circunstâncias da educação
Com Freinet compreendi porque cresci avesso à escola. Com Freinet aprendi a
acreditar ser possível uma outra escola.
Hoje sou professor formador nas licenciaturas do Instituto Federal de São Paulo,
campus de Itapetininga, no sudoeste do estado de São Paulo, no Brasil. Contudo, minha
trajetória até a docência foi deveras paradoxal, pois, tendo o desejo pueril de me tornar
professor, apesar de não gostar nada da escola, segui os estudos no nível superior na faculdade
de pedagogia. Ao longo do curso, frustrei-me ainda mais com a separação abissal entre a
teoria estudada nas aulas e as próprias aulas; isso sem falar no fosso que separava a
universidade da escola básica, embora houvesse uma presunção de que os estudos na
universidade serviriam ao trabalho no chão da escola.
Mesmo assim, segui o curso até o final (concluindo-o em dezembro de 2005) e prestei
concurso para professor primário municipal, sendo aprovado em primeiro lugar (em janeiro de
2006). Somente quando fui assumir a vaga conquistada que percebi que nada sabia sobre
escola, muito menos sobre educar crianças. Tive quatro anos de estudos teóricos, retóricos,
sistemáticos sobre educação, escola e docência, porém quase tudo edificado sobre belas
alegorias. Recuei. Não aceitei o ofício de professor e fui construir carreira em outro lugar,
longe das salas de aula. Permaneci assim até, anos mais tarde, descobrir Freinet.
Boa parte dessa trajetória já foi escrita em outros ensaios (FORTUNATO, 2018a;
2017), mas costumo recontá-la sempre que há oportunidade. Isso se deve, em grande parte,
porque reconheço minha dívida com Freinet e a única forma de quitá-la é colocando-o em
destaque no meu fazer pedagógico. Dessa forma, tenho tentado descobrir como seria lecionar
por meio de seu “tateamento experimental” (penso
ser mais fácil de entender isso aí se
traduzi-lo como tentativa-e-
erro), seu “método livre” e o “bo
m se
nso”. Para fazer isso, busco
sempre colocar em xeque minha própria atuação como professor formador, em Itapetininga,
desde agosto de 2014. Nesse sentido, estou sempre me questionando: estaria promovendo
uma educação baseada nesses princípios ou dando nova
roupagem à “velha escolástica” que
Freinet tanto crítica?
Tal pergunta não é mera retórica, pois, como bem delineou Freinet (2004, p. 69) trata-
se de um
“ponto vital da pedagogia” –
ou
seguimos nos afastando da vida, vertendo a
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escolarização nos princípios da escolástica,
ou
optamos pelo caminho natural; não há meio
termo. Mas, também, tal pergunta não apresenta uma simples escolha por qual caminho
seguir; afinal, não se trata de optar por aqui ou ali sem antes uma profunda compreensão do
sistema educativo e sua complexa história assentada sobre um modo de se fazer educação,
bem como implica escarafunchar-se, cutucando crenças e feridas sobre a escola, sobre ensinar
e sobre aprender.
Uma das mais importantes ponderações necessárias diz respeito ao papel exercido
como docente, refletindo desde a própria formação inicial e continuada, passando pelos
desafios e atitudes cotidianos, até os significados mais amplos atribuídos à profissão e ao que
nela se acredita. Nada disso tem respostas prontas e acabadas. Tudo isso exige constante
compreensão da vida cotidiana e reinvenção do modo se ser educador. Isso porque existe uma
pergunta fundamental anterior, que é o alicerce do exercício docente, mas que pouco se
explora exceto superficialmente: qual o papel da educação na vida humana?
Ao refletir a respeito, o pensamento tende a vaguear e fantasiar por diversas rotas... da
perpetuação da cultura, à transmissão de saberes e valores, à preparação para os mais diversos
ofícios etc. etc. Nessa divagação sobre o sentido da docência, sempre reaparece na mente uma
passagem de uma das obras de Alexander Neill (1978), fundador da centenária escola de
Summerhill, localizada no condado de Suffolk na Inglaterra:
Desejo que a educação produza o que uma criança tem de melhor. Esse é o
único meio de melhorar o mundo. A verdade nua é que nós, adultos, não
conseguimos tornar o mundo melhor do que o gigantesco cortiço que é e,
quando temos a pretensão de saber como deve ser criada uma criança,
estamos meramente sendo tolos (NEILL, 1978, p. 34).
Esse trecho é muito contundente e coloca em xeque pontos vitais da educação e do
trabalho realizado como professor, pois faz com que todo o conhecimento científico, social,
axiológico... cumulado seja entendido como paradoxal, pois o que faz com que a gente evolua
ao mesmo tempo em que nos colocamos contra nós mesmos. Assim, ao passo em que vamos
criando novas tecnologias de comunicação, de locomoção, de construção, de produção de
alimentos, de saúde etc., também vamos produzindo lixo, pobreza, guerras e doenças.
Avançamos em tudo, mas, talvez ainda estejamos tateando pela própria humanidade.
A educação
–
particularmente a educação formal, escolar e universitária
–
tem
acompanhado tal paradoxo. Se já não enfrentamos um grande problema de falta de vagas nos
bancos escolares, os desafios são outros... falta de infraestrutura e de condições de
permanência, excesso de aulas e classes lotadas, burocracia, controle, currículos engessados e
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obsoletos etc. Há, ainda, um imperativo discurso a respeito da (falta de) qualidade. Não
obstante, tal qualidade raramente se define, tornando-se sinônimo, portanto, dos resultados
obtidos nas avaliações externas: quanto maiores as notas, as classificações, os índices ..., mais
qualidade educativa se atribui a determinada instituição de ensino.
Contudo, essa forma
de mensurar
a qualidade não diz respeito sequer à aprendizagem
dos conteúdos curriculares, afinal, uma avaliação externa é quase sempre tomada por
amostragem, o que não representa a totalidade de estudantes. Pior, essa relação de qualidade
com resultados tende a reprimir outras formas educativas que não são contempladas pelos
currículos oficiais. E vale a pena relembrar que o currículo oficial é imposto, vem de fora,
cunhado longe do cotidiano vivido, mas dentro de um mundo de guerras, miséria, exploração,
doenças... Lamentavelmente, nada disso representa a educação escolar
de hoje
.
Isso porque as afirmações generalizadas que fiz no parágrafo anterior
–
tomadas desde
as lembranças da minha escolarização vivida na década de 1980, passando pelos anos de
licenciatura em pedagogia até as constatações atuais do cotidiano de professor formador, tudo
isso no interior paulista
–
ressoam com os escritos de Freinet (1998, p. XXVII) sobre o início
da sua carreira docente, nos anos 1920, na pequena província francesa da Bar-sur-
Loup: “era
forçado a voltar as técnicas e aos instrumentos tradicionais, dar aulas que ninguém
compreendia, mandar ler textos que, embora simples, nada significavam no devir educacional
das criança
s”
o
u “o estu
do a que éramos forçados perdia com isso todas as vantagens do
estudo vivido, tornando-
se uma tarefa fastidiosa e infrutífera”.
Assim, tomando essa similaridade da escola em tempos e lugares tão díspares, cuja
denúncia ao seu modo de ensinar também aparec
e na célebre obra “Cuidado, Escola!”
(HARPER
et al.,
1980)
–
cuidadosamente elaborada por membros do Instituto de Ação
Cultural, fundado por Paulo Freire, na Universidade de Genebra
–
evidencia-se alguns
problemas gerais nesse modelo de educação, ao qual Freinet (2004) constantemente se refere
como “escolástica”, sendo uma forma de educar separada da vida. Nesse modelo, falta bom
senso, falta interesse, falta a vida em si.
Freinet (1998, p. XXVII) iniciou carreira nessa fórmula educativa da escolástica e
r
ecorda que se sentia como “um palhaço sem talento” tentando, de todas as maneiras, capturar
artificialmente a atenção e o interesse do alunado
–
essa metáfora ainda é muito válida, pois
amiúde leio que o professorado precisa fazer de tudo para tornar suas aulas atrativas, ou coisa
parecida. Com isso, o educador francês anotou que se sentia naufragando, à deriva, sentindo-
se obrigado a encontrar um meio de sobreviver na docência; como bem declarou o próprio
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Ivan FORTUNATO
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Freinet (1998, p. XXV), tratava-se de
“u
ma obstinação insana de honrar o ofício eu que
escolhera e amava”.
Freinet, pedagogia e trabalho
Célestin Freinet cumpriu com sua obstinação, honrando a docência. Para demonstrar
tal honradez, seria suficiente recuperar as lições aprendidas com seu bom-senso, o método
natural e as tentativas experimentais que se tornaram minhas bases para insistir e persistir no
ofício de professor (FORTUNATO, 2016a), ou retomar sua sensibilidade para educar que fez
com que eu registrasse, na forma de tributo, a ideia de qu
e ele foi um “herói da educação
escolar” (
FORTUNATO, 2016b). Ainda, Célestin Freinet deixou como legado suas
“invariantes pedagógicas”, cunhadas a partir de sua experiência vivida como professor, no
chão da escola, ao largo de mais de 30 anos; tais invariantes dizem respeito, por exemplo, à
necessidade de se abandonar os métodos da escolástica, assim como dizem respeito à relação
de igualdade entre crianças e adultos (somos todos humanos) e à ideia de que o trabalho é
algo natural (FORTUNATO; CUNHA; TEMPLE, 2016).
Fato é que Célestin Freinet nos deixou como legado uma extensa biblioteca, com
escritos sobre seu método livre de educação, suas técnicas pedagógicas, suas batalhas pela
educação popular e a necessidade de escolas para o povo, a coletividade e a cooperação entre
os docentes, a psicologia humana etc. (LEGRAND, 2010). Contudo, ouso dizer, sua maior
contribuição à educação escolar foram as três bandeiras erguidas ao longo de sua vida
(FREINET, 1975), sintetizadas mais ou menos da seguinte maneira: (1) abaixo aos manuais
escolares, (2) até 25 alunos por sala, e (3) abaixo às aulas.
A primeira bandeira, “abaixo aos manuais escolares”, foi erguida em referência a
livros didáticos, apostilas ou coisas que o valham; nesse sentido, combater conteúdos prontos
equivale a ir contra os currículos oficiais que não se inscrevem na vida dos educandos e dos
educadores. Com relação à segunda bandeira, é preciso que cada sala de aula tenha um limite
de 25 estudantes; nesse caso, embora ainda acredito que o número proposto seja elevado para
uma educação escolar voltada aos interesses individuais e coletivos, trata-se de um número
substancialmente menor do que o praticado nas escolas e universidade por aí (eu mesmo já
tive classe com mais de 120 estudantes, num passado não muito distante). Por fim, mas não
menos importante, ao bradar “abaixo às aulas”, Célestin Freinet estaria exigindo o fim da
escolástica, pois, como bem delineou sua esposa, Élise Freinet (1979, p. 100-
101): “é preciso
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destronar a aula, que serve ao prestígio do professor, muitas vezes em detrimento da iniciativa
e do interesse das crianças, que se tornam passivas, contra sua natureza”.
Essa reviravolta educacional iniciada por Célestin Freinet, de destronar a aula, não diz
respeito a teorias excêntricas ou visionárias sobre aprendizagem, muito menos requer o uso de
técnicas ousadas de captura de atenção e interesse, ou tem a necessidade de se fazer uso da
tecnologia (digital) de ponta. Basta não seguir o currículo, mas a intuição; basta colocar
menos estudantes sob a orientação de um professor e, por fim, basta
não lecionar
no sentido
clássico das preleções sobre conteúdos que não se inscrevem na vida discente nem docente.
Suas bandeiras não são fórmulas mágicas, mas evidências de que, pelo bom senso, é possível
cultivar uma educação como obra da sensibilidade, dos afetos, da livre expressão, da
aprendizagem que nasce dos interesses, das curiosidades, da vontade de descobrir.
Nisso tudo, chama atenção à simplicidade da coisa
–
“tão simples que até me
surpreendia
que ninguém tivesse pensado nisso antes”, exclamou Freinet (1998, p. XXVIII).
Simples, porém nada fácil.
O maior obstáculo é a própria escolástica que, ao longo dos séculos de dominação da
cátedra escolar, cristalizou um modelo coerente e sistemático, passível de controle e de ser
replicado independente do lugar e do momento. Mesmo sendo repetitório descrevê-lo, eis o
modelo: há um manual (leia-se livro, apostila, currículo...) com conteúdos organizados em
sequência, há um professor capacitado para expor tal conteúdo e algumas dezenas de
estudantes que têm a missão de memorizar para reproduzir, no momento exigido, o mesmo
conteúdo. Daí, diante esse modelo, surge esta eloquente constatação:
Em nossa velha escola, é o professor quem mais se desgasta. O que quero
dizer com isso? Frequentemente ele é o único em sua classe a manifestar
alguma atividade, como se esta pudesse bastar para preparar os jovens
alunos para a vida. O evidente insucesso da escola atual certamente é devido,
em grande parte, a este erro dos educadores, que acreditaram por muito
tempo na onipotência de sua palavra e de suas aulas ministradas a alunos “de
braços cruzados”. Não é mais preciso fazer a crítica desta concepção. Mas é
necessário ao menos encontrar novas práticas que nos tirarão da rotina.
(FREINET, 1979, p. 63).
Chegamos, então, à questão do trabalho na pedagogia Freinet. Não dá para seguir,
contudo, sem antes expressar a orientação marxista seguida por Célestin Freinet na qual,
portanto, o trabalho é a relação dialética do ser humano com o mundo, modificando-o e por
ele sendo modificado. Trabalhar, nesse sentido, é realizar uma atividade intencional, orientada
a um fim. Ou indo além, como bem esclareceu Boleiz Júnior (2015, p. 61), o trabalho “efetiva
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a condição do humano enquanto ser plural, ao mesmo tempo em que outorga a condição de
humanidade àqueles que o realizam em suas atividades transformadoras do mundo”.
Assim, retomando a citação anterior de Élise Freinet (1979), fica patente a crítica: na
velha-porém-ainda-presente escola, quase sempre quem trabalha é o professor. Ao alunado
resta aguardar sua vez de realizar as tarefas sob o comando docente. Por isso engana-se quem
acha que as supostamente inovadoras “metodologias ativas” são o segredo da revolução
escolar, pois nada são inovadoras: retomam a hipotética ideia de aprender fazendo, mas, quase
sempre são norteadas pelo currículo oficial e sob o comando do professor.
Críticas mais profundas à falsa ideia de que estamos vivendo um modismo chamado
de metodologias ativas, por meio de suas técnicas pretensiosamente novas já foi feita alhures
(HERRÁN; FORTUNATO, 2017). Mas, para deixar mais clara a crítica, tomamos o que José
Manuel Moran (2012, p. 19) afirmou a respeito das metodologias ativas: “o aprendizado s
e dá
a partir de problemas e situações reais; os mesmos que os alunos vivenciarão depois na vida
profissional, de forma antecipada, durante o curso”. Ou seja, chama
-se de novo algo bastante
antigo, ao mesmo tempo em que se falseia um futuro hipotético (como é possível saber quais
situações “reais” serão vividas no tempo futuro?). Além disso, o que se almeja conquistar na
educação nos tempos atuais, com a imposição das tecnologias digitais na educação, Freinet o
fazia cem anos atrás com aulas-passeio, textos livres, uma imprensa manual, diálogo e bom
senso.
Ficou registrado, nos seus próprios escritos e nos textos de outros sobre sua pedagogia,
que Célestin Freinet foi sempre fiel às suas bandeiras erguidas contra à escolástica. Anotou,
por exemplo, que “a ed
ucação aparentemente científica e objetiva vinda do exterior ainda não
passa de um engodo. É no próprio indivíduo que iremos buscar os fundamentos e as linhas de
nossa ação” (
FREINET, 1998, p. 143, grifo do autor). Tendo vivido os efeitos perversos do
mundo ao lutar na Primeira Guerra Mundial, Freinet dedicou-se, pela educação escolar, a
buscar por outras formas de vida social e política.
A educação vinda de fora separa educandos e educadores da própria vida cotidiana,
faz com que o domínio de conteúdos curriculares se torne essencial e que os resultados de
excelência sejam sua única meta. Dessa maneira, essa fórmula da educação escolar torna-se
viciosa, fazendo com que professores e estudantes dediquem tempo e energia apenas para
resolver os problemas criados pela própria escola. Se o mundo está em guerra, de bombas ou
dinheiro, tecnológica ou química, axiológica ou viral... pouco importa. Em outras palavras: se
as notas obtidas nas avaliações estão boas, a escola está cumprindo seu papel, mesmo que, do
lado de fora, direitos estejam alienados e vidas em risco.
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São contundentes
–
e deveras pertinentes
–
as críticas tecidas por Célestin Freinet.
Além disso (e pior), esses elementos criticados ainda estão presentes na educação formal. Isso
se evidência, dentre outros, nas reclamações do professorado sobre a indisciplina e falta de
atenção nas salas de aula, ou na falta de conhecimento elementar da leitura, da escrita e das
operações aritméticas básicas que seus alunos apresentam. Evidencia-se, ainda, nos diversos
momentos
em que estudantes lançam as clássicas perguntas “para que serve?” ou “onde vou
usar tal informação” ou mesmo “para que preciso saber disso?”, inquietos com a imposição de
um saber, seja porque está no material didático e/ou porque o professor trouxe como
conhecimento indispensável... perguntar sobre a utilidade é indicativo de que aquilo que se
está lecionando não se inscreve na vida.
Outra evidencia da redundância escolar está nas respostas à essas mesmas perguntas
feitas pelos estudantes desinteressados, pois, geralmente se lança mão de um exemplo
hipotético, quando não abstrato e/ou de algo a respeito de um futuro que pode vir a acontecer
em determinado ofício também hipotético. Sobre essa coisa da escola servir a ela mesma,
Freinet (1998), por meio de seu personagem Mathieu, o pastor, disse aos professores:
Vocês convencem as crianças de que devem aprender isto e aquilo, cuja
utilidade elas não percebem. Treinam-nas para recitar resumos, para resolver
problemas; treinam-nas para recitar resumos, para resolver problemas de
lógica mais ou menos duvidosa, que continuam sendo na maioria das vezes,
para não dizer sempre, problemas especificamente escolares; empanturram-
nas de palavras e de noções, cujas relações íntimas nem vocês percebem, que
permanecem para elas como que elementos arbitrariamente justapostos.
Vocês nunca lhes deixam a possibilidade de refletir, de julgar, de escolher,
de decidir... Então sempre tão apressados para “ver” todo o programa! E têm
a pretensão de que, assim, seus alunos estão mais bem preparados para
compreender, refletir, escolher e julgar! (FREINET, 1998, p. 128).
Quando o “programa” (ementa,
currículo, conteúdo, plano... seja lá como for
chamado) é o elemento mais importante da educação, não importa muito o nome que se dá
aos formatos de lecionar, pois o método subjacente é o da escolástica. Seja pelo uso exclusivo
de preleções ou de circos pedagógicos (em referência ao sentir-se palhaço de Freinet, já
mencionado aqui), seja pela escrita no quadro-negro ou pelo uso de modernas lousas digitais e
outros gadgets, seja prescrevendo as páginas a serem lidas e o rol de exercícios a serem
completados
ou pela designação de tarefas “ativas” ... não importa: quando o “programa” é o
elemento organizador do processo de ensino, o trabalho educativo recai sobre o professor.
–
ABAIXO ÀS AULAS!
Daí uma provocação contundente trazida novamente por Freinet (1998, p. 86) por
meio do personagem Mathieu: “Vocês já tentaram às vezes conhecer os temas profundos das
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inúmeras distrações de seus alu
nos?”.
Essa pergunta vai a fundo no modelo secular de escola
que temos... do professor que desgasta a voz exigindo silêncio e atenção, ou do que apela ao
emocional dizendo estar ‘falando com as paredes’, até as normas que impedem o uso de
aparelhos celulares nas aulas, pois atrapalham
–
ficam no meio do caminho do
programa
,
obviamente. Esses exemplos, embora abstratos e bastante genéricos, imediatamente me
rementem à vários episódios vividos na infância e adolescência dentro das salas de aula, bem
como trazem diversas lembranças de experiências recentes em projetos articulados com várias
escolas da cidade e região, além de ressoar com vários relatos dos estudantes das licenciaturas
dos quais participo, parcialmente, de sua formação inicial, atuando como professor formador.
Infelizmente, as “distrações” são tomadas
como empecilhos, ao invés de serem tratadas como
motivadoras para a aprendizagem.
Mas, Célestin Freinet, ao contrário, ao abolir a aula e o programa, cria condições para
que não haja distrações. Sua prática pedagógica se desenvolve por meio daquilo que a
academia repudia como meio de produção de conhecimento: o empirismo (Fortunato, 2018b).
Por isso, suas técnicas de ensino invertem a lógica tradicional da escola a qual sempre inicia
pela explicação teórica da coisa para depois, e somente depois, liberar aos estudantes
exercícios de repetição ou de reprodução aproximada. E como é o contrário? Primeiro se
tentar fazer e depois, somente depois, se buscam as explicações teóricas. Dessa forma, na
pedagogia proposta por Célestin Freinet, todos
–
estudantes e professor(es)
–
trabalham!
Considerações transitórias, tecidas a partir do contexto
Neste texto, um pouco da relação de Célestin Freinet com o trabalho educativo foi
discutido sob o mote “marcos”
pela renovação pedagógica. Maria Villela (1991, p. 53), ao
escre
ver sobre a pedagogia Freinet como uma “nova” abordagem para um “velho” problema,
já havia anotado: “o trabalho é a força que move o ser humano, que dá sentido e finalidade à
sua vida e é através dele que este desenvolve todas as suas potencialidades, pessoais e
sociais”. A autora recupera a definição marxista de trabalho como princípio básico da
natureza humana, pelo qual “se constrói, compreende a realidade e cria relações com outros
indivíduo
s”
(VILLELA, 1991, p. 53). E prossegue explicando que, na proposta educativa de
Célestin Freinet, o trabalho tem como objetivos democráticos, comunitários e de cooperação,
realizado a partir das experiências concretas vividas. Da experiência, do aprender fazendo,
para as elaborações teóricas. Uma simples inversão da coisa, mas uma revolução profunda
contra a qual a escolástica vem resistindo há séculos.
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O trabalho na Pedagogia Freinet, ou seus marcos pela renovação da educação
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022140, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.17299
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Chama atenção no escrito de Vilella (1991) os adjetivos “nova” e “velho”. Concordo
com o “velho”, obvi
amente, pois como foi delineado cá neste capítulo, ainda vejo a
escolástica denunciada por Freinet como o modelo vigente de educação escolar. Por outro
lado, lamento o qualitativo “nova” surgindo em 1991, pois havia 70 anos que Célestin Freinet
iniciava seu pró
prio “tateamento experimental” perturbando o tradicionalismo
e o rigor
sedativo da educação escolar. Nada de ler e decorar textos sem sentido impressos no manual
sem antes caminhar pela comunidade, explorar o mundo, e escrever sobre o que mais chamou
atenção
–
para cada um. Por isso reitero o que já registrei alguns atrás: sem Célestin Freinet, a
educação escolar regride 500 anos
–
ou mais!
[...]
E por falar em regredir ainda mais, é praticamente impossível ignorar nosso contexto
vivido no tempo presente e tudo pelo qual estamos passando, há mais de um ano, durante a
terrível pandemia da covid-19, que provoca mortes, isolamento, mais fome e mais pobreza.
Nessa conjuntura, a educação escolar padece ainda mais, pois se torna compulsoriamente
remota. Neste modelo, torna-se complicado demais escapar da égide do programa, do
currículo formal, do conteúdo... Pois, se há maneiras de se fazer isso sem a equidade de
equipamentos e acesso à internet, mas, principalmente, sem os afetos da presença, dos
estímulos da experiência e da provocação do mundo vivido, ainda não as encontrei.
No modelo remoto criado pela emergência sanitária do momento enfrentado, não sei o
que fazer. Nem todos podem estar logados ao mesmo tempo e, quando estão, nem todos têm
os recursos para interagir, ou, se há, é apenas por meio de respostas monossilábicas. Não há
como iniciar diálogos profundos, como dispersar pelos lugares de uma sala de aula, de um
campus ou uma escola, nem como se juntar em grupos menores etc... existe a tela, e só. O
vazio criado pelo intermédio da tecnologia digital entre mim e os estudantes faz com que
encontre somente uma reação: seguir estritamente o programa.
Teria, então, regredido no ofício docente?
Élise Freinet (1978) reuniu forças para registrar,
in memorian
, os anos de luta de seu
marido em prol de uma educação cooperativa, do povo para o povo, batalhando contra a
escolástica que separa a humanidade da própria humanidade. Ela retrata o momento em que
Célestin Freinet, depois de quatro anos se recuperando dos ferimentos da guerra, entrou pela
primeira vez um uma sala de aula, em 1920, na província de Bar-sur-Loup... é com a
caracterização do primeiro contato de Freinet com a sala de aula, como professor, que quero
encerrar este capítulo. Espero que essa narrativa faça ressoar muitas dúvidas, reflexões e
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Ivan FORTUNATO
RPGE
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inquietações a respeito da escola, suscitando mais gente para essa proposta de revolucionar...
Sem essa esperança, nada mais nos resta...
A sala de aula em que Freinet entra pela primeira vez é uma sala de aula
tradicional nas escolas oficiais: carteiras dispostas em filas, estrado para o
professor, cabides pregados na parede, quadro preto num cavalete... as
janelas [...] são tão altas que desafiam a curiosidade das crianças. A todo o
comprimento das paredes cinzentas, alguns mapas [...], quadros murais com
o sistema métrico, exercícios de leitura e, a um canto, um ábaco já sem cor,
única atracção deste mobiliário poeirento [...] (FREINET, E. 1978, p. 15-16).
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O trabalho na Pedagogia Freinet, ou seus marcos pela renovação da educação
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Ivan FORTUNATO
RPGE
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FORTUNATO, I. O trabalho na pedagogia Freinet, ou seus marcos pela renovação da
educação.
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Submetido em
: 20/04/2022
Revisões requeridas em
: 06/06/2022
Aprovado em
: 01/08/2022
Publicado em
: 30/09/2022
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
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El trabajo en la pedagogía Freinet, o sus hitos para la renovación de la educación
RPGE
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Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022140, enero/dic. 2022. e-ISSN: 1519-9029
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https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.17299
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EL TRABAJO EN LA PEDAGOGÍA FREINET, O SUS HITOS PARA LA
RENOVACIÓN DE LA EDUCACIÓN
O TRABALHO NA PEDAGOGIA FREINET, OU SEUS MARCOS PELA RENOVAÇÃO
DA EDUCAÇÃO
WORK IN FREINET PEDAGOGY, OR HIS MILESTONES FOR THE RENEWAL OF
EDUCATION
Ivan FORTUNATO
1
RESUMEN
: Este texto trata sobre la idea de trabajo en la pedagogía Freinet. No se trata de
un texto puramente teórico que pretende escrutar el concepto, sino demostrar cómo se
desarrolla cotidianamente la pedagogía Freinet cuando se incorpora a la práctica. Es un
ensayo producido en primera persona, desde el punto de vista de un formador de docentes,
actuando en cursos de formación docente y en la maestría y doctorado en educación, en
Brasil. El objetivo principal es, al compartir la experiencia, reflexionar sobre el sentido de la
docencia y las dificultades para lograr la renovación pedagógica presentada por Freinet, hace
un centenario.
PALABRAS CLAVE
: Educación. Célestin Freinet. Metodo libre.
RESUMO
: Este texto é sobre a ideia de trabalho na pedagogia Freinet. Não se trata de um
texto puramente teórico que busca esmiuçar o conceito, mas, demonstrar como a pedagogia
Freinet se desenvolve cotidianamente quando incorporada na prática. É um ensaio produzido
em primeira pessoa, do ponto de vista de um professor formador de professores, atuando em
cursos de formação docente e no mestrado e doutorado em educação, no Brasil. O objetivo
principal é, na partilha da experiência, refletir sobre o sentido da docência e as dificuldades
de se conseguir efetivar a renovação pedagógica presentada por Freinet, um centenário
atrás.
PALAVRAS-CHAVE
: Educação. Célestin Freinet. Método livre.
ABSTRACT
:
This text is about the idea of work in Freinet pedagogy. This is not a purely
theoretical text that seeks to break down the concept, but to demonstrate how the Freinet
pedagogy develops daily when incorporated into practice. It is an essay produced in the first
person, from the point of view of a teacher trainer of teachers, working in teacher training
courses and in the master's and doctorate in education, in Brazil. The main objective is, in
sharing the experience, to reflect on the meaning of teaching and the difficulties of achieving
the pedagogical renewal presented by Freinet, a hundred years ago.
KEYWORDS
: Education. Célestin Freinet. Free method.
1
Instituto Federal de São Paulo (IFSP), Itapetininga
–
SP
–
Brasil. Profesor de la Coordinación de Formación
Pedagógica. Doctorado en Desarrollo Humano y Tecnología (UNESP). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-
1870-7528. E-mail: ivanfrt@yahoo.com.br
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Ivan FORTUNATO
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Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022140, enero/dic. 2022. e-ISSN: 1519-9029
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Introducción
Si el estudiante no tiene sed de conocimiento, ni apetito alguno por el trabajo
que le presentas, será también trabajo en vano “meterle” en los oídos las
demostraciones más elocuentes. (FREINET, 2004, p. 19, nuestra
traducción).
Este texto trata sobre la idea de trabajo en la pedagogía Freinet, más como práctica que
como teoría. Yo explico. A pesar de ser tributario de la obra de Célestin Freinet, no me
reconozco como alumno de su pedagogía. Freinet es, y siempre ha sido, inspiración. Para mí
leer sus obras es un escapismo, porque con ellas escapo de la realidad circundante de la
educación como sistema, diseñado para lograr resultados en evaluaciones externas. Dado que
los índices son buenos, no importa lo que realmente suceda en las instituciones. Por otra parte,
como bien apuntaba Freinet: “los fracasos en los exámenes son desastrosos tanto para los
alumnos como para el profesor” (apud FREINET,
1979, p. 106, nuestra traducción).
Partiendo de la experiencia del mundo vivido como formador de docentes, puedo
atestiguar que la labor docente, encaminada a la formación humana y al desarrollo de cada
alumno, ha perdido fuerza frente a un sistema apático y burocrático que impone su objetividad
a los individualidad humana. El sistema no te permite hacer nada diferente a lo que está
establecido en las reglas, construidas en, por y para el sistema. El reclamo es siempre el
mismo: el sistema funciona así.
Ante esta circunstancia que lo atormenta y atormenta desde hace algún tiempo, he
vuelto a Célestin Freinet como una forma de intentar encontrar formas de permanecer
obstinado en la enseñanza. Su labor pedagógica es inspiración: ayuda a seguir adelante,
esperando un mundo mejor. Así, el propósito de este escrito es compartir lo qu
e llamo “hitos”
para la renovación pedagógica.
Tales hitos son las banderas de lucha por una educación de calidad, encaminada a la
transformación individual, social y planetaria. Banderas izadas hace más de siete décadas, aún
vigentes. nadie.
Para desarrollar la escritura, el texto se despliega en dos secciones. El primero trata de
las circunstancias de la educación que me hacen volver a menudo a Freinet. La segunda se
refiere a la labor pedagógica que realiza el educador y cómo se convierte en un impulso para
mantener la obstinación en la continuación del ejercicio docente. Al final, queda la esperanza
de que, sacando a la luz estas inquietudes, encuentren un eco allá afuera y podamos enarbolar
las banderas de una educación que comprenda y respete a la humanidad.
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El trabajo en la pedagogía Freinet, o sus hitos para la renovación de la educación
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Freinet y las circunstancias de la educación
Com Freinet compreendi porque cresci avesso à escola. Com Freinet aprendi a
acreditar ser possível uma outra escola.
Hoy soy un curso de formación de profesores en el Instituto Federal de São Paulo,
campus de Itapetininga, en el suroeste del estado de São Paulo, en Brasil. Sin embargo, mi
camino hacia la docencia fue verdaderamente paradójico, pues, teniendo el anhelo infantil de
ser maestra, a pesar de no gustarme nada la escuela, continué mis estudios de nivel superior
en la facultad de pedagogía. A lo largo del curso, me frustré aún más con la separación
abismal entre la teoría estudiada en las clases y las clases mismas; por no hablar de la brecha
que separaba la universidad de la escuela primaria, aunque se suponía que los estudios
universitarios servirían para trabajar en el suelo escolar.
Aun así, seguí el curso hasta el final (finalizándolo en diciembre de 2005) y postulé a
maestro de primaria municipal, siendo aprobado en primer lugar (en enero de 2006). Recién
cuando fui a ocupar la vacante que había ganado me di cuenta de que no sabía nada de escuela
y mucho menos de educar a los niños. Tenía cuatro años de estudios teóricos, retóricos,
sistemáticos sobre educación, escolarización y enseñanza, pero casi todo estaba construido
sobre bellas alegorías. Retrocedí. No acepté el trabajo de docente y me fui a hacer carrera en
otro lugar, lejos de las aulas. Seguí así hasta que, años después, descubrí Freinet.
Gran parte de esta trayectoria ya está escrita en otros ensayos (FORTUNATO, 2018a;
2017), pero suelo relatarla cada vez que tengo la oportunidad. Esto se debe en gran medida a
que reconozco mi deuda con Freinet y la única forma de saldarla es ponerlo en el centro de
atención de mi trabajo pedagógico. De esta forma, he ido tratando de descubrir cómo sería
enseñar a través de su “tanteo experimental” (creo que ahí se entiende más fácil si lo traduzco
como prueba y error), su “método libre” y “sentido común”. Para ello, siempre trato de
cuestionar mi propio desempeño como docente en formación, en Itapetininga, desde agosto de
2014. En ese sentido, siempre me cuestiono a mí mismo: ¿estaría promoviendo una educación
basada en estos principios o dando una nueva forma a la “vieja escolástica” que Freinet crit
ica
tanto?
Tal pregunta no es mera retórica, porque, como bien ha señalado Freinet (2004, p. 69,
nuestra traducción
), es un “punto vital de la pedagogía”: o seguimos alejándonos de la vida,
volcando la escolarización en los principios de la escolástica, o optamos por la forma natural;
No hay término medio. Pero, además, tal pregunta no presenta una elección simple por qué
camino seguir; al fin y al cabo, no se trata de elegir aquí o allá sin antes tener un conocimiento
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Ivan FORTUNATO
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profundo del sistema educativo y su compleja historia a partir de una forma de hacer
educación, así como implica hurgar, hurgar en creencias y heridas sobre el la escuela, sobre la
enseñanza y sobre el aprendizaje.
Una de las consideraciones necesarias más importantes se refiere al papel
desempeñado como docente, reflexionando desde la propia formación inicial y continua,
pasando por los desafíos y actitudes cotidianos, hasta los significados más amplios atribuidos
a la profesión y lo que se cree en ella. Nada de esto tiene respuestas listas y acabadas. Todo
esto requiere una comprensión constante de la vida cotidiana y la reinvención de la forma de
ser educador. Esto porque hay una cuestión fundamental previa, que es el fundamento de la
práctica docente, pero que poco se explora salvo superficialmente: ¿cuál es el papel de la
educación en la vida humana?
Al reflexionar sobre ello, el pensamiento tiende a divagar y fantasear por diferentes
caminos... desde la perpetuación de la cultura, a la transmisión de conocimientos y valores, a
la preparación para los más diversos oficios, etc. etc. En esta digresión sobre el significado de
enseñar, siempre vuelve a aparecer en la mente un pasaje de una de las obras de Alexander
Neill (1978), fundador de la centenaria Summerhill School, ubicada en el condado de Suffolk
en Inglaterra:
Quiero que la educación produzca lo mejor en un niño. Esta es la única
manera de mejorar el mundo. La pura verdad es que nosotros, los adultos, no
podemos hacer que el mundo sea mejor que el gigantesco barrio marginal
que es, y cuando pretendemos saber cómo se debe criar a un niño,
simplemente estamos siendo tontos (NEILL, 1978, p. 34, nuestra
traducción).
Este pasaje es muy contundente y pone en entredicho puntos vitales de la educación y
del trabajo que se realiza como docente, pues hace que todo conocimiento científico, social,
axiológico... acumulado se entienda como paradójico, porque lo que nos hace evolucionar al
mismo tiempo tiempo que nos ponemos contra nosotros mismos. Entonces, mientras estamos
creando nuevas tecnologías de comunicación, locomoción, construcción, producción de
alimentos, salud, etc., también estamos produciendo basura, pobreza, guerras y enfermedades.
Hemos avanzado en todo, pero tal vez todavía andamos a tientas por la humanidad misma.
La educación, particularmente la educación formal, escolar y universitaria, ha
acompañado esta paradoja. Si no nos enfrentamos ya a un gran problema de falta de vacantes
en
bancas escolares, los desafíos son otros… falta de infraestructura y condiciones de
permanencia, exceso de clases y clases masificadas, burocracia, control, currículos enyesados
y obsoletos, etc. . También hay un discurso imperativo sobre la (falta de) calidad. Sin
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El trabajo en la pedagogía Freinet, o sus hitos para la renovación de la educación
RPGE
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Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022140, enero/dic. 2022. e-ISSN: 1519-9029
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embargo, dicha calidad rara vez se define, convirtiéndose, por tanto, en sinónimo de los
resultados obtenidos en las evaluaciones externas: cuanto más altas son las notas,
clasificaciones, índices..., más calidad educativa se atribuye a una determinada institución
educativa.
Sin embargo, esta forma de medir la calidad ni siquiera atañe al aprendizaje de los
contenidos curriculares, al fin y al cabo, casi siempre se realiza una evaluación externa por
muestreo, que no representa a la totalidad de los estudiantes. Peor aún, esta relación entre
calidad y resultados tiende a reprimir otras formas de educación que no están contempladas en
los currículos oficiales. Y vale recordar que el currículo oficial es impuesto, viene de fuera,
acuñado lejos de la cotidianidad, pero dentro de un mundo de guerras, miseria, explotación,
enfermedades... Desgraciadamente, nada de esto representa la educación escolar actual.
Esto se debe a que las afirmaciones generalizadas que hice en el párrafo anterior,
tomadas de las memorias de mi escolaridad vivida en la década de 1980, pasando por los años
de enseñanza de la carrera de pedagogía hasta los hallazgos actuales del cotidiano de un
formador de docentes, todo ello en el interior de São Paulo- resuenan con los escritos de
Freinet (1998, p. XXVII, nuestra traducción) sobre el inicio de su carrera docente, en la
década de 1920, en la pequeña provincia francesa de Bar-sur-
Loup: “se vio obligado a volver
a la tradición técnicas e instrumentos, para dar clases que nadie entendía”, la lectura de
textos
que, aunque sencillos, no significaban nada en el desarrollo educativo de
los niños” o “el
estudio al que nos vimos obligados perdió todas las ventajas del estudio vivido,
convirtiéndose en un tedioso e infructuosa tarea”.
Así, tomando esta semejanza de la escuela en tiempos y lugares tan diferentes, cuya
denuncia de su forma d
e enseñar aparece también en la célebre obra “Cuidado, Escola!”
(HARPER
et al.,
1980)
–
cuidadosamente elaborado por miembros del Instituto de Ação
Cultural, fundado por Paulo Freire, en la Universidad de Ginebra
–
se destacan algunos
problemas generales en este modelo de educación, al que Freinet (2004) se refiere
constantemente como “escolástica”, siendo una forma de educación separada de la vida. En
este modelo falta el sentido común, falta el interés, falta la vida misma.
Freinet (1998, p. XXVII, nuestra traducción) inició su andadura en esta fórmula
educativa de la escolástica y recuerda que se sentía “un payaso sin talento” tratando, por todos
los medios, de captar artificialmente la atención y el interés de los alumnos -metáfora todavía
muy válido, porque leo a menudo que los profesores tienen que hacer todo lo posible para que
sus clases sean atractivas, o algo similar. Con eso, el educador francés señaló que se sentía
náufrago, a la deriva, sintiéndose obligado a buscar la manera de sobrevivir en la docencia;
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Ivan FORTUNATO
RPGE
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como afirmaba el propio Freinet (1998, p. XXV, nuestra traducción
), era “una insensata
obstinación por honrar la profesión que había elegido y amado”.
Freinet, pedagogía y trabajo
Célestin Freinet cumplió su obstinación, honrando su magisterio. Para demostrar tal
honestidad, bastaría recuperar las lecciones aprendidas con su sentido común, el método
natural y los intentos experimentales que se convirtieron en mis bases para insistir y persistir
en el magisterio (FORTUNATO, 2016a), o retomar su sensibilidad para educar. eso me hizo
registrar, a modo de homenaje, la idea de que era un “héroe de la educación escolar”
(FORTUNATO
, 2016b). Aún así, Célestin Freinet dejó como legado sus “invariantes
pedagógicas”,
acuñadas a partir de su experiencia como docente, en el piso escolar, durante
más de 30 años; tales invariantes se refieren, por ejemplo, a la necesidad de abandonar los
métodos escolares, así como a la relación de igualdad entre niños y adultos (todos somos
humanos) y la idea de que el trabajo es algo natural (FORTUNATO; CUNHA; TEMPLE,
2016).
El caso es que Célestin Freinet nos dejó una extensa biblioteca, con escritos sobre su
método libre de educación, sus técnicas pedagógicas, sus luchas por la educación popular y la
necesidad de escuelas para el pueblo, la comunidad y la cooperación entre maestros,
psicología humana, etc. (LEGRAND, 2010). Sin embargo, me atrevo a decir que su mayor
aporte a la educación escolar fueron las tres banderas levantadas a lo largo de su vida
(FREINET, 1975), resumidas más o menos así: (1) debajo de los libros de texto escolares, (2)
hasta 25 alumnos por aula, y (3) a continuación a las clases.
La primera bandera, “abajo los libros de texto escolares”, se levantó en referencia
a los
libros de texto, folletos o similares; en este sentido, combatir los contenidos prefabricados
equivale a ir en contra de los currículos oficiales que no están inscritos en la vida de los
estudiantes y educadores. En cuanto a la segunda bandera, cada aula debe tener un límite de
25 alumnos; en este caso, aunque sigo creyendo que el número propuesto es alto para una
educación escolar centrada en los intereses individuales y colectivos, es un número
sustancialmente inferior al que se practica en las escuelas y universidades de alrededor (yo
mismo he tenido una clase con más de 120 estudiantes, en un pasado no muy lejano). Por
último, pero no menos importante, al gritar “abajo las clases”, Célestin Freinet estaría
exigiendo el fin de la escolástica, porque, como dice su esposa, Élise Freinet (1979, p. 100-
101, nuestra traducción
), “debe destronar a la clase, que sirve el prestigio del maestro, muchas
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veces en detrimento de la iniciativa y el interés de los niños, que se vuelven pasivos, contra su
naturaleza”.
Este giro educativo iniciado por Célestin Freinet, para destronar las aulas, no se trata
de teorías excéntricas o visionarias sobre el aprendizaje, ni mucho menos requiere el uso de
técnicas atrevidas para captar la atención e interés, ni tiene la necesidad de hacer uso de la
tecnología (digital) de corte. borde. Basta no seguir el currículo, sino la intuición; basta con
colocar a menos alumnos bajo la tutela de un profesor y, finalmente, basta con no impartir
clases en el sentido clásico de las clases magistrales sobre contenidos que no forman parte de
la vida estudiantil o docente. Sus banderas no son fórmulas mágicas, sino evidencias de que, a
través del sentido común, es posible cultivar una educación como obra de la sensibilidad, del
cariño, de la libre expresión, del aprendizaje que nace de los intereses, de las curiosidades, de
las ganas de descubrir.
En todo ello llama la atención la sencillez de la cosa
–
“tan simple que hasta me
extrañó que nadie lo hubiera pensado antes”, exclama Freinet (1998, p. XXVIII
, nuestra
traducción). Simple, pero no fácil.
El mayor obstáculo es la propia escolástica, que, a lo largo de los siglos de dominio de
la cátedra escolar, cristalizó un modelo coherente y sistemático, sujeto a control y replicable
sin importar el lugar y el tiempo. Aunque sea repetitivo describirlo, aquí está el modelo: hay
un manual (libro de lectura, folleto, currículum...) con contenidos ordenados en secuencia,
hay un profesor capacitado para exponer dichos contenidos y unas pocas decenas de alumnos
que tienen la misión de memorizar para reproducir, en el momento requerido, el mismo
contenido. De ahí que, a la vista de este modelo, surja esta elocuente observación:
En nuestra vieja escuela, es el maestro el que más se desgasta. ¿Qué quiero
decir con esto? A menudo es el único en su clase que manifiesta alguna
actividad, como si eso pudiera ser suficiente para preparar a los jóvenes
estudiantes para la vida. El fracaso evidente de la escuela actual se debe
seguramente, en gran parte, a este error de los educadores, que creyeron
durante mucho tiempo en la omnipotencia de su palabra y de sus clases
impartidas a los alumnos “con los brazos cruzados”. Ya no es necesario
criticar esta concepción. Pero es necesario al menos encontrar nuevas
prácticas que nos saquen de la rutina (FREINET, 1979, p. 63, nuestra
traducción).
Llegamos, pues, a la cuestión del trabajo en la pedagogía Freinet. No es posible seguir,
sin embargo, sin antes expresar la orientación marxista seguida por Célestin Freinet en la que,
por tanto, el trabajo es la relación dialéctica del ser humano con el mundo, modificándolo y
siendo modificado por él. Trabajar, en este sentido, es realizar una actividad intencional,
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Ivan FORTUNATO
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orientada hacia un fin. O yendo más allá, como bien ha explicado Boleiz Júnior (2015, p. 61,
nuestra traducción
), el trabajo “cumple efectivamente
la condición del ser humano como ser
plural, al mismo tiempo que otorga la condición de humanidad a quien lo realiza en su
actividades que cambian el mundo”.
Así, retomando la cita anterior de Élise Freinet (1979), la crítica es evidente: en la
vieja pero aún vigente escuela, el maestro es casi siempre el que trabaja. Los alumnos tienen
que esperar su turno para realizar las tareas bajo las órdenes del profesor. Por eso se
equivocan quienes piensan que las “metodologías activas” supuestamente innovadoras s
on el
secreto de la revolución escolar, porque nada es innovador: vuelven a la hipotética idea de
aprender haciendo, pero casi siempre se guían por la plan de estudios oficial y bajo el mando
del profesor.
Una crítica más profunda a la falsa idea de que estamos viviendo una moda llamada
metodologías activas, a través de sus técnicas pretenciosamente novedosas, ya se ha hecho en
otros lugares (HERRÁN; FORTUNATO, 2017). Pero, para hacer más clara la crítica,
tomamos lo que decía José Manuel Moran (2012, p. 19, nuestra traducción) sobre las
metodologías activas: “el aprendizaje se da a partir de problemas y situaciones reales; los
mismos que los estudiantes experimentarán más adelante en su vida profesional, de manera
anticip
ada, durante el curso”. Es decir, se llama de nuevo a al
go bastante antiguo, al mismo
tiempo que se falsea un futuro hipotético (¿cómo es posible saber qué situaciones “reales” se
vivirán en el tiempo futuro?). Además, lo que se busca conseguir en la educación de hoy, con
la imposición de las tecnologías digitales en la educación, lo hizo Freinet hace cien años con
lecciones andantes, textos libres, prensa manual, diálogo y sentido común.
Quedó registrado, en sus propios escritos y en los textos de otros sobre su pedagogía,
que Célestin Freinet fue siempre fiel a sus banderas levantadas contra la escolástica. Señaló,
por ejemplo, que “la educación aparentemente científica y objetiva que viene del exterior no
deja de ser más que una farsa. Es en el individuo mismo donde buscaremos los fundamentos y
las líneas de n
uestra acción” (FREINET, 1998, p. 143, énfasis añadido
, nuestra traducción).
Habiendo vivido los efectos perversos del mundo al luchar en la Primera Guerra Mundial,
Freinet se dedicó, a través de la educación escolar, a buscar otras formas de vida social y
política.
La educación desde fuera separa a alumnos y educadores de la vida cotidiana,
haciendo imprescindible el dominio de los contenidos curriculares y siendo la excelencia en
los resultados su única meta. De esta manera, esta fórmula de educación escolar se torna
viciosa, haciendo que docentes y alumnos dediquen tiempo y energía sólo a solucionar los
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problemas creados por la propia escuela. Si el mundo está en guerra, bombas o dinero,
tecnológico o químico, axiológico o viral... no importa. En otras palabras: si los puntajes
obtenidos en las evaluaciones son buenos, la escuela está cumpliendo con su rol, aunque por
fuera se alienen derechos y se arriesguen vidas.
Las críticas de Célestin Freinet son contundentes
–
y muy pertinentes
–
. Además (y
peor), estos elementos criticados siguen presentes en la educación formal. Esto se evidencia,
entre otros, en las quejas de los docentes sobre la indisciplina y falta de atención en las aulas,
o en la falta de conocimientos elementales de lectura, escritura y operaciones aritméticas
básicas que presentan sus alumnos. También se evidencia en los diferentes momentos en que
los alumnos realizan las clásicas preguntas “¿para qué sirve?” o “¿dónde voy a utilizar esta
información” o incluso “¿para qué necesito saber esto?”, inquietos con la i
mposición del
conocimiento, ya sea porque está en el material didáctico y/o porque el docente lo trajo como
conocimiento indispensable ... es indicativo de que lo que se enseña no está inscrito en la
vida.
Otra evidencia de la redundancia escolar está en las respuestas a estas mismas
preguntas realizadas por estudiantes desinteresados, ya que suelen utilizar un ejemplo
hipotético, cuando no abstracto, y/o algo sobre un futuro que también puede ocurrir en una
determinada ocupación hipotética. Sobre esto de la escuela que se sirve a sí misma, Freinet
(1998), a través de su personaje Mathieu el pastor, les dijo a los maestros:
Convence a los niños de que deben aprender esto y aquello, cuya utilidad no
perciben. Los entrenan para recitar resúmenes, para resolver problemas; los
entrenan para recitar resúmenes, para resolver problemas de lógica más o
menos dudosa, que siguen siendo la mayoría de las veces, si no siempre,
problemas específicamente escolares; los llenan de palabras y nociones,
cuyas íntimas relaciones ni siquiera conoces, que quedan para ellos como
elementos arbitrariamente yuxtapuestos. Nunca les dejas la posibilidad de
reflexionar, de juzgar, de elegir, de decidir... ¡Así que siempre con tanta
prisa por “ver” todo el programa! ¡Y afirman que, de est
a manera, sus
alumnos están mejor preparados para comprender, reflexionar, elegir y
juzgar! (FREINET, 1998, p. 128, nuestra traducción).
Cuando el “programa” (menú, currículo, contenidos, plan… como se llame) es el
elemento más importante de la educación, poco importa cómo se llamen los formatos de
enseñanza, porque el método subyacente es que de escolástica. Ya sea mediante el uso
exclusivo de conferencias o circos pedagógicos (en referencia a sentirse un payaso de Freinet,
ya mencionado aquí), o mediante la escritura en la pizarra o mediante el uso de modernas
pizarras digitales y otros artilugios, o prescribiendo las páginas para ser leído y la lista de
ejercicios a realizar o p
or la asignación de tareas “activas”... no importa: cuando el
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Ivan FORTUNATO
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“programa” es el elemento organiza
dor del proceso de enseñanza, la labor educativa recae en
el docente.
–
¡ABAJO A CLASES!
De ahí una fuerte provocación que vuelve a plantear Freinet (1998, p. 86, nuestra
traducción
) a través del personaje de Mathieu: “¿Alguna vez has intentado conocer los temas
profundos de
las innumerables distracciones de tus alumnos?”. Esta pregunta ahonda en el
modelo laico de escuela que tenemos... desde el docente que desgasta la voz exigiendo
silencio y atención, o desde el que apela al emotivo dicho de que 'habla con las paredes', al
normas que impiden el uso de dispositivos celulares en clase, ya que estorban
–
estorban el
programa, obviamente. Estos ejemplos, aunque abstractos y bastante genéricos,
inmediatamente me recuerdan varios episodios vividos en la niñez y adolescencia dentro de
las aulas, además de traer varios recuerdos de experiencias recientes en proyectos articulados
con varias escuelas de la ciudad y región, además de resonar con varios informes de
estudiantes de pregrado en los que participo, parcialmente, en su formación inicial, actuando
como formador de docentes. Desafortunadamente, las "distracciones" se toman como
obstáculos, en lugar de ser tratadas como motivadores para el aprendizaje.
Pero Célestin Freinet, por el contrario, al abolir la clase y el programa, crea las
condiciones para que no haya distracciones. Su práctica pedagógica se desarrolla a través de
lo que la academia rechaza como medio de producción de conocimiento: el empirismo
(Fortunato, 2018b). Por tanto, sus técnicas de enseñanza invierten la lógica tradicional de la
escuela, que parte siempre de la explicación teórica de la cosa y luego, y sólo más tarde,
permite a los alumnos el ejercicio de la repetición o reproducción aproximada. ¿Y cómo es al
revés? Primero intentas hacerlo y luego, solo más tarde, buscas explicaciones teóricas. Así, en
la pedagogía propuesta por Célestin Freinet, ¡todos, alumnos y profesores, trabajan!
Consideraciones transitorias, tejidas desde el contexto
En este texto se discutió parte de la relación de Célestin Freinet con el trabajo
educativo bajo el lema “hitos” para la renovación pedagógica. Maria Villela (1991, p. 53
,
nuestra traducción), al escribir sob
re la pedagogía Freinet como un “nuevo” enfoque a un
“viejo” problema, ya había señalado: “el trabajo es la fuerza que mueve al ser human
o, que da
sentido y finalidad a su vida y es a través de él que desarrolla todo su potencial, personal y
social”. El au
tor recupera la definición marxista del trabajo como principio básico de la
naturaleza humana, a través del cual “se construye, se compre
nde la realidad y se crean
relaciones con los demás individuos” (VILLELA, 1991, p. 53
, nuestra traducción). Continúa
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explicando que, en la propuesta educativa de Célestin Freinet, el trabajo tiene objetivos
democráticos, comunitarios y de cooperación, a partir de experiencias concretas. De la
experiencia, del aprender haciendo, a las elaboraciones teóricas. Una simple inversión de la
cosa, pero una profunda revolución contra la que la escolástica ha resistido durante siglos.
En la escritura de Vilella (1991) destacan los adjet
ivos “nuevo” y “viejo”. Estoy de
acuerdo con lo “viejo”, obviamente, porque como se ha esbozado aqu
í en este capítulo, sigo
viendo la escolástica denunciada por Freinet como el modelo actual de educación escolar. Por
otro lado, lamento la “novedad” cualita
tiva surgida en 1991, ya que habían pasado 70 años
desde que Célestin Freinet inició su propio “tanteo experimental” perturbando el
tradicionalismo y el sedante rigor de la educación escolar. Nada de leer y memorizar textos
sin sentido impresos en el manual sin antes caminar por la comunidad, explorar el mundo y
escribir sobre lo que llamó más la atención, para cada uno. Por eso reitero lo que ya registré
hace algunos años: sin Célestin Freinet, la educación escolar se remonta a 500 años
–
¡o más!
[...]
Y hablando de retroceder aún más, es prácticamente imposible ignorar nuestro
contexto vivido en la actualidad y todo lo que estamos pasando, desde hace más de un año,
durante la terrible pandemia del covid-19, que provoca muertes, aislamiento, más hambre. y
mas pobreza. En esta coyuntura, la educación escolar sufre aún más, pues se vuelve
obligatoriamente remota. En este modelo, se vuelve demasiado complicado escapar de la
égida del programa, del currículum formal, del contenido... Bueno, si hay formas de hacerlo
sin equidad en equipos y acceso a internet, pero sobre todo sin afectos de presencialidad, los
estímulos de la experiencia y la provocación del mundo vivido, aún no los he encontrado.
En el modelo remoto creado por la emergencia sanitaria actual, no sé qué hacer. No
todos pueden estar logueados al mismo tiempo, y cuando lo están, no todos tienen los
recursos para interactuar, o si los tienen, es solo a través de respuestas monosilábicas. No hay
forma de iniciar diálogos profundos, cómo dispersarse por los lugares de un salón de clases,
un campus o una escuela, ni cómo unirse en grupos más pequeños, etc... ahí está la pantalla, y
ya está. El vacío creado por la mediación de la tecnología digital entre los estudiantes y yo
hace que encuentre una sola reacción: seguir estrictamente el programa.
¿Habría entonces retrocedido en la profesión docente?
Élise Freinet (1978) reunió fuerzas para registrar, in memoriam, los años de lucha de
su marido por una educación cooperativa, del pueblo para el pueblo, luchando contra la
escolástica que separa a la humanidad de la humanidad misma. Retrata el momento en que
Célestin Freinet, después de cuatro años de recuperación de las heridas de guerra, entra por
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Ivan FORTUNATO
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primera vez en un aula, en 1920, en la provincia de Bar-sur-Loup... es con la caracterización
del primer contacto de Freinet con el aula, como docente, que quiero cerrar este capítulo.
Espero que esta narrativa resuene con muchas dudas, reflexiones e inquietudes sobre la
escuela, elevando a más personas a esta propuesta de revolucionar... Sin esta esperanza, no
nos queda nada...
El aula en la que Freinet entra por primera vez es un aula tradicional de las
escuelas oficiales: pupitres dispuestos en fila, un jergón para el profesor,
perchas clavadas en la pared, una pizarra sobre un caballete... las ventanas
[...] tan altos que desafían la curiosidad de los niños. A lo largo de las
paredes grises, algunos mapas [...], murales con el sistema métrico,
ejercicios de lectura y, en un rincón, un ábaco ya desaparecido, único
atractivo de este polvoriento mueble [...] (FREINET, E. 1978, p. 15-16,
nuestra traducción).
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Ivan FORTUNATO
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Cómo referenciar a este artículo
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educación.
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Enviado el
: 20/04/2022
Revisiones requeridas el
: 06/06/2022
Aprobado el
: 01/08/2022
Publicado el
: 30/09/2022
Procesamiento y edición: Editora Iberoamericana de Educación.
Revisión, formateo, normalización y traducción.
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Work in Freinet pedagogy, or his milestones for the renewal of education
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022140, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.17299
1
WORK IN FREINET PEDAGOGY, OR HIS MILESTONES FOR THE RENEWAL
OF EDUCATION
O TRABALHO NA PEDAGOGIA FREINET, OU SEUS MARCOS PELA RENOVAÇÃO
DA EDUCAÇÃO
EL TRABAJO EN LA PEDAGOGÍA FREINET, O SUS HITOS PARA LA
RENOVACIÓN DE LA EDUCACIÓN
Ivan FORTUNATO
1
ABSTRACT
: This text is about the idea of work in Freinet pedagogy. This is not a purely
theoretical text that seeks to break down the concept, but to demonstrate how the Freinet
pedagogy develops daily when incorporated into practice. It is an essay produced in the first
person, from the point of view of a teacher trainer of teachers, working in teacher training
courses and in the master's and doctorate in education, in Brazil. The main objective is, in
sharing the experience, to reflect on the meaning of teaching and the difficulties of achieving
the pedagogical renewal presented by Freinet, a hundred years ago.
KEYWORDS
: Education. Célestin Freinet. Free method.
RESUMO
: Este texto é sobre a ideia de trabalho na pedagogia Freinet. Não se trata de um
texto puramente teórico que busca esmiuçar o conceito, mas, demonstrar como a pedagogia
Freinet se desenvolve cotidianamente quando incorporada na prática. É um ensaio produzido
em primeira pessoa, do ponto de vista de um professor formador de professores, atuando em
cursos de formação docente e no mestrado e doutorado em educação, no Brasil. O objetivo
principal é, na partilha da experiência, refletir sobre o sentido da docência e as dificuldades
de se conseguir efetivar a renovação pedagógica presentada por Freinet, um centenário
atrás.
PALAVRAS-CHAVE
: Educação. Célestin Freinet. Método livre.
RESUMEN
:
Este texto trata sobre la idea de trabajo en la pedagogía Freinet. No se trata de
un texto puramente teórico que pretende escrutar el concepto, sino demostrar cómo se
desarrolla cotidianamente la pedagogía Freinet cuando se incorpora a la práctica. Es un
ensayo producido en primera persona, desde el punto de vista de un formador de docentes,
actuando en cursos de formación docente y en la maestría y doctorado en educación, en
Brasil. El objetivo principal es, al compartir la experiencia, reflexionar sobre el sentido de la
docencia y las dificultades para lograr la renovación pedagógica presentada por Freinet,
hace un centenario.
1
Federal Institute ofSão Paulo (IFSP), Itapetininga
–
SP
–
Brazil. Professor at the Pedagogical Formation
Coordination. Doctorate in Human Development and Technologies (UNESP). ORCID: https://orcid.org/0000-
0002-1870-7528. E-mail: ivanfrt@yahoo.com.br
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Ivan FORTUNATO
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2
PALABRAS CLAVE
:
Educación. Célestin Freinet. Metodo libre.
Introduction
If the student has no thirst for knowledge, nor any appetite for the work you
present to him, it will also be wasted work to “shove” the most eloquent
demonstrations into his ears. (FREINET, 2004, p. 19, our translation).
This text is about the idea of work in Freinet pedagogy, more as a practice than as a
theory. I explain. Despite being a tributary to the work of Célestin Freinet, I do not recognize
myself as a student of his pedagogy. Freinet is
–
and always has been
–
inspiration. For me,
reading his works is escapism, because with them I escape the surrounding reality of
education as a system, designed to achieve results in external assessments. Since the indexes
are good, it does not matter what actually happens in the institutions. On the other hand, as
Freinet well noted: “failures in exams are disastrous for both the students and the teacher”
(apud FREINET, 1979, p. 106, our translation).
Based on the experience of the world lived as a teacher trainer, I can attest that
teaching work, aimed at human formation and the development of each student, has lost its
strength in the face of an apathetic and bureaucratic system that imposes its objectivity on
human individuality. The system allows you to do nothing different from what is stated in the
rules, built in, by and for the system. The claim is always the same: the system works like
that.
Faced with this circumstance that has been tormenting and tormenting him for some
time, I have returned to Célestin Freinet as a way of trying to find ways to remain obstinate in
teaching. His pedagogical work is inspiration: it helps to move forward, hoping for a better
world. Thus, the purpose of this writing is to share what I call “milestones” for pedagogical
renewal.
Such landmarks are the banners of struggle for quality education, aimed at individual,
social and planetary transformation. Flags raised more than seven decades ago, still valid.
This is because the system reveals itself to be increasingly violent against education that seeks
to provide for the individuality of each person, their affections, their desires, their dreams... A
system that increasingly makes everyone equal and, worse, gives no voice To nobody.
To develop writing, the text unfolds into two sections. The first deals with the
circumstances of education that make me often return to Freinet. The second concerns the
pedagogical work carried out by the educator and how it becomes an impulse to maintain the
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Work in Freinet pedagogy, or his milestones for the renewal of education
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Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022140, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI:
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obstinacy in continuing the teaching exercise. In the end, there remains the hope that, by
bringing these concerns to light, they will find an echo out there and that we will be able to
chorus the flags for an education that understands and respects humanity.
Freinet and the circumstances of education
With Freinet I understood why I grew up averse to school. With Freinet I learned to
believe that another school was possible.
Today I am a teacher training course at the Instituto Federal de São Paulo, Itapetininga
campus, in the southwest of the state of São Paulo, in Brazil. However, my path to teaching
was truly paradoxical, because, having the childish desire to become a teacher, despite not
liking school at all, I continued my studies at the higher level in the faculty of pedagogy.
Throughout the course, I became even more frustrated with the abysmal separation between
the theory studied in the classes and the classes themselves; not to mention the gap that
separated the university from the elementary school, although there was an assumption that
university studies would serve to work on the school floor.
Even so, I followed the course until the end (completing it in December 2005) and
applied for a municipal primary school teacher, being approved in first place (in January
2006). It was only when I went to take over the vacancy I had won that I realized that I knew
nothing about school, much less about educating children. I had four years of theoretical,
rhetorical, systematic studies on education, schooling and teaching, but almost everything was
built on beautiful allegories. I backed off. I didn't accept the teaching job and went to build a
career elsewhere, far from the classrooms. I remained that way until, years later, I discovered
Freinet.
Much of this trajectory has already been written in other essays (Fortunato, 2018a;
2017), but I usually retell it whenever there is an opportunity. This is largely due to the fact
that I recognize my debt to Freinet and the only way to pay it off is to put him in the spotlight
in my pedagogical work. In this way, I have been trying to discover what it would be like to
teach through his “experimental groping” (I think it is easier to understand this there if I
translate it as trial-and-
error), his “free method” and “common sense”. To do this, I always try
to question my own performance as a training teacher, in Itapetininga, since August 2014. In
this sense, I am always questioning myself: would I be promoting an education based on these
principles or giving a new guise to the “old scholasticism” that Freinet so cr
itical?
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Ivan FORTUNATO
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Such a question is not mere rhetoric, because, as Freinet (2004, p. 69, our translation)
has well outlined, it is a “vital point of pedagogy” –
either we keep moving away from life,
pouring schooling on the principles of scholasticism, or we opt for the natural way; there is no
middle ground. But, also, such a question does not present a simple choice by which path to
follow; after all, it is not a matter of choosing here or there without first having a deep
understanding of the educational system and its complex history based on a way of doing
education, as well as it implies digging through, poking at beliefs and wounds about the
school, about teaching and about learning.
One of the most important necessary considerations concerns the role played as a
teacher, reflecting from the initial and continuing education itself, passing through the daily
challenges and attitudes, to the broader meanings attributed to the profession and what is
believed in it. None of this has ready and finished answers. All this requires constant
understanding of everyday life and reinvention of the way to be an educator. This is because
there is a previous fundamental question, which is the foundation of the teaching practice, but
which little is explored except superficially: what is the role of education in human life?
When reflecting on it, thought tends to wander and fantasize along different routes...
from the perpetuation of culture, to the transmission of knowledge and values, to preparation
for the most diverse jobs, etc. etc. In this digression about the meaning of teaching, a passage
from one of the works of Alexander Neill (1978), founder of the century-old Summerhill
School, located in the county of Suffolk in England, always reappears in the mind:
I want education to produce the best in a child. This is the only way to
improve the world. The naked truth is that we adults cannot make the world
any better than the gigantic slum it is, and when we pretend to know how a
child should be raised, we are merely being silly (NEILL, 1978, p. 34, our
translation).
This passage is very blunt and calls into question vital points of education and the
work carried out as a teacher, as it makes all scientific, social, axiological... accumulated
knowledge understood as paradoxical, because what makes us evolve at the same time that we
put ourselves against ourselves. Thus, while we are creating new technologies of
communication, locomotion, construction, food production, health, etc., we are also
producing garbage, poverty, wars and diseases. We have advanced in everything, but perhaps
we are still groping for humanity itself.
Education
–
particularly formal, school and university education
–
has accompanied
this paradox. If we don't already face a big problem of lack of vacancies in school benches,
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Work in Freinet pedagogy, or his milestones for the renewal of education
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the challenges are different... lack of infrastructure and conditions of permanence, excess of
classes and crowded classes, bureaucracy, control, plastered and obsolete curricula, etc. There
is also an imperative discourse about (lack of) quality. However, such quality is rarely
defined, becoming synonymous, therefore, with the results obtained in external evaluations:
the higher the grades, classifications, indices..., the more educational quality is attributed to a
particular educational institution.
However, this way of measuring quality does not even concern the learning of
curricular contents, after all, an external evaluation is almost always taken by sampling, which
does not represent the totality of students. Worse, this relationship between quality and results
tends to repress other forms of education that are not covered by official curricula. And it is
worth remembering that the official curriculum is imposed, it comes from outside, coined far
from everyday life, but within a world of wars, misery, exploitation, diseases... Unfortunately,
none of this represents today's school education.
This is because the generalized statements I made in the previous paragraph
–
taken
from the memories of my schooling lived in the 1980s, through the years of teaching degree
in pedagogy to the current findings of the daily life of a teacher trainer, all of this in the
countryside of São Paulo
–
resonate with the Freinet's writings (1998, p. XXVII, our
translation) about the beginning of his teaching career, in the 1920s, in the small French
province of Bar-sur-
Loup: “he was forced to retu
rn to traditional techniques and instruments,
to teach classes that no one understood” , having texts read that, although simple, meant
nothing in the educational dev
elopment of children” or “the study to which we were forced
lost all the advantages of liv
ed study, becoming a tedious and fruitless task”.
Thus, taking this similarity of the school in such different times and places, whose
denunciation of its way of teac
hing also appears in the famous work “Cuidado, Escola!”
(HARPER
et al.,
1980)
–
carefully elaborated by members of the Instituto de Ação Cultural,
founded by Paulo Freire, at the University of Geneva
–
some general problems are highlighted
in this model of
education, which Freinet (2004) constantly refers to as “scholastic”, being a
form of education separated from life. In this model, common sense is lacking, interest is
lacking, life itself is lacking.
Freinet (1998, p. XXVII, our translation) began his career in this educational formula
of scholasticism and recalls that he felt like “a talentless clown” tryin
g, in every way, to
artificially capture the attention and interest of the students - this metaphor is still very valid ,
because I often read that teachers need to do everything to make their classes attractive, or
something similar. With that, the French educator noted that he felt shipwrecked, adrift,
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Ivan FORTUNATO
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feeling obliged to find a way to survive in teaching; as Freinet himself stated (1998, p. XXV,
our translation
), it was “an insane obstinacy to honor the profession I had chosen and loved”.
Freinet, pedagogy and work
Célestin Freinet fulfilled his obstinacy, honoring his teaching. To demonstrate such
honesty, it would be enough to recover the lessons learned with his common sense, the natural
method and the experimental attempts that became my bases for insisting and persisting in the
teaching profession (FORTUNATO, 2016a), or resuming his sensitivity to educate that made
me register, in the form of a
tribute, the idea that he was a “hero of school education”
(FORTUNATO
, 2016b). Still, Célestin Freinet left his “pedagogical invariants” as a legacy,
coined from his experience as a teacher, on the school floor, over more than 30 years; such
invariants concern, for example, the need to abandon scholastic methods, as well as the
relationship of equality between children and adults (we are all human) and the idea that work
is something natural (FORTUNATO; CUNHA; TEMPLE, 2016).
The fact is that Célestin Freinet left us an extensive library, with writings about his
free method of education, his pedagogical techniques, his battles for popular education and
the need for schools for the people, the community and cooperation between teachers, human
psychology etc. (LEGRAND, 2010). However, I dare say, his greatest contribution to school
education were the three banners raised throughout his life (FREINET, 1975), summarized
more or less as follows: (1) below school textbooks, (2) up to 25 students per room, and (3)
below to classes.
The first flag, “down with school textbooks”, was raised in reference to textbooks,
handouts or the like; in this sense, fighting ready-made content is equivalent to going against
official curricula that are not inscribed in the lives of students and educators. Regarding the
second flag, each classroom must have a limit of 25 students; in this case, although I still
believe that the proposed number is high for a school education focused on individual and
collective interests, it is a substantially lower number than that practiced in schools and
universities around (I myself have had a class with more than 120 students, in the not too
distant past). Last but not least, when he shouted “down with classes”, Célestin Freinet would
be demanding the end of scholasticism, because, as his wife, Élise Freinet (1979, p. 100-101,
our translation
), “must dethrone the class, which serves the p
restige of the teacher, often to the
detriment of the initiative and interest of children, who become passive, agai
nst their nature”.
This educational turnaround initiated by Célestin Freinet, to dethrone the classroom, is
not about eccentric or visionary theories about learning, much less requires the use of daring
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Work in Freinet pedagogy, or his milestones for the renewal of education
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techniques to capture attention and interest, or has the need to make use of technology
(digital) cutting edge. It is enough not to follow the curriculum, but the intuition; it is enough
to place fewer students under the guidance of a professor and, finally, it is enough not to teach
in the classic sense of lectures on contents that are not part of student or teaching life. Its flags
are not magic formulas, but evidence that, through common sense, it is possible to cultivate an
education as a work of sensitivity, affection, free expression, learning that is born of interests,
curiosities, the desire to discover.
In all this, attention is drawn to the simplicity of the thing
–
“so simple that I w
as even
surprised that no one had thought of it before”, exclaimed Freinet (1998, p. XXVIII
, our
translation). Simple, but not easy.
The biggest obstacle is scholasticism itself, which, over the centuries of domination of
the school chair, crystallized a coherent and systematic model, subject to control and to be
replicated regardless of place and time. Even though it is repetitive to describe it, here is the
model: there is a manual (read book, handout, curriculum...) with contents organized in
sequence, there is a teacher trained to expose such content and a few dozen students who have
the mission to memorize to reproduce, at the required time, the same content. Hence, in view
of this model, this eloquent observation emerges:
In our old school, it's the teacher who wears out the most. What I mean by
this? He is often the only one in his class to manifest some activity, as if it
could be enough to prepare young students for life. The evident failure of the
current school is certainly due, in large part, to this error of educators, who
believed for a long time in the omnipotence of their word and of their classes
taught to
students “with their arms crossed”. It is no longer necessary to
criticize this conception. But it is necessary at least to find new practices that
will take us out of the routine (FREINET, 1979, p. 63, our translation).
We come, then, to the question of work in Freinet pedagogy. It is not possible to
follow, however, without first expressing the Marxist orientation followed by Célestin Freinet
in which, therefore, work is the dialectical relationship of the human being with the world,
modifying it and being modified by it. To work, in this sense, is to carry out an intentional
activity, oriented towards an end. Or going further, as Boleiz Júnior (2015, p. 61, our
translation) has well
explained, work “effectively fulfills the condition of the human bei
ng as
a plural being, at the same time it grants the condition of humanity to those who perform it in
their world-
changing activities”
.
Thus, taking up the previous quote by Élise Freinet (1979), the criticism is evident: in
the old-but-still-present school, the teacher is almost always the one who works. The students
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Ivan FORTUNATO
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have to wait their turn to carry out the tasks under the teacher's command. That is why those
who think that the supposedl
y innovative “active methodologies” are the secret of the school
revolution are wrong, because nothing is innovative: they return to the hypothetical idea of
learning by doing, but they are almost always guided by the official curriculum and under the
command of the teacher. .
Deeper criticism of the false idea that we are living a fad called active methodologies,
through its pretentiously new techniques, has already been made elsewhere (HERRÁN;
FORTUNATO, 2017). But, to make the criticism clearer, we take what José Manuel Moran
(2012, p. 19, our translation) said about active
methodologies: “learning takes place from real
problems and situations; the same that students will experience later in their professional life,
in advance, during the course”. That is, something qui
te old is called anew, at the same time
that a hypothetic
al future is falsified (how is it possible to know which “real” situations will
be experienced in the future time?). Furthermore, what is sought to be achieved in education
today, with the imposition of digital technologies on education, Freinet did a hundred years
ago with walking lessons, free texts, a manual press, dialogue and common sense.
It was recorded, in his own writings and in the texts of others about his pedagogy, that
Célestin Freinet was always faithful to his banners raised against scholasticism. He noted, for
example, that “apparently scientific and objective education from abroad is still nothing more
than a sham. It is in the individual himself that we will seek the foundations and lines of our
action” (FREINET, 1998, p. 143, emphasis ad
ded, our translation). Having lived the perverse
effects of the world when fighting in the First World War, Freinet dedicated himself, through
school education, to seeking other forms of social and political life.
Education from outside separates students and educators from everyday life, making
mastery of curricular content essential and excellence in results being its only goal. In this
way, this school education formula becomes vicious, causing teachers and students to
dedicate time and energy just to solve the problems created by the school itself. Whether the
world is at war, bombs or money, technological or chemical, axiological or viral... it doesn't
matter. In other words: if the scores obtained in the evaluations are good, the school is
fulfilling its role, even if, on the outside, rights are alienated and lives are at risk.
The criticisms made by Célestin Freinet are blunt
–
and very pertinent
–
. Furthermore
(and worse), these criticized elements are still present in formal education. This is evidenced,
among others, in the teachers' complaints about indiscipline and lack of attention in
classrooms, or in the lack of elementary knowledge of reading, writing and basic arithmetic
operations that their students present. It is also evident in the different moments when
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students ask the classic questions “what is it for?” or “where am I going to use this
information” or even “why do I need to know this?”, restless with the imposition of
knowledge, either because it is in the didactic material and/or because the teacher brought it
as indispensable knowledge... it is indicative that what is being taught is not inscribed in life.
Another evidence of school redundancy is in the answers to these same questions
asked by disinterested students, as they usually use a hypothetical example, if not abstract,
and/or something about a future that may also happen in a certain occupation. hypothetical.
On this school-serving-itself thing, Freinet (1998), through his character Mathieu the pastor,
told teachers:
You convince children that they must learn this and that, the usefulness of
which they do not perceive. They train them to recite summaries, to solve
problems; they train them to recite summaries, to solve problems of more or
less dubious logic, which continue to be most of the time, if not always,
specifically school problems; they fill them with words and notions, whose
intimate relationships you are not even aware of, which remain for them as if
arbitrarily juxtaposed elements. You never leave them the possibility to
reflect, to judge, to choose, to decide... So always in such a hurry to “see”
the whole program! And they claim that, in this way, their students are better
prepared to understand, reflect, choose and judge! (FREINET, 1998, p. 128,
our translation).
When
the “program” (menu, curriculum, content, plan... whatever it is called) is the
most important element of education, it does not matter much what the name given to the
teaching formats is, because the underlying method is that of scholastic. Either through the
exclusive use of lectures or pedagogical circuses (in reference to feeling himself to be a
Freinet clown, already mentioned here), or through writing on the blackboard or through the
use of modern digital whiteboards and other gadgets, or prescribing the pages to be read and
the list of exercises to be completed or by the assignment of “active” tasks... it doesn't matter:
when the “program” is the organizing element of the teaching process, the educational work
falls on the teacher.
–
DOWN TO CLASSES!
Hence a strong provocation brought up again by Freinet (1998, p. 86, our translation)
through the character Mathieu: “Have you ever tried to get to know the deep themes of the
countless distractions of your students?”. This question goes deep into th
e secular model of
school that we have... from the teacher who wears out his voice demanding silence and
attention, or from the one who appeals to the emotional saying he is 'talking to the walls', to
the norms that prevent the use of devices cell phones in class, as they get in the way
–
they get
in the way of the program, obviously. These examples, although abstract and quite generic,
immediately remind me of several episodes lived in childhood and adolescence inside the
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Ivan FORTUNATO
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classrooms, as well as bringing several memories of recent experiences in projects articulated
with several schools in the city and region, in addition to resonating with several reports of
undergraduate students in which I participate, partially, in their initial training, acting as a
teacher
trainer. Unfortunately, “distractions” are taken as hindrances, rather than being treated
as motivators for learning.
But Célestin Freinet, on the contrary, by abolishing the class and the program, creates
conditions so that there are no distractions. Its pedagogical practice is developed through what
the academy rejects as a means of producing knowledge: empiricism (FORTUNATO, 2018b).
Therefore, his teaching techniques invert the traditional logic of the school, which always
starts with the theoretical explanation of the thing and then, and only later, allows students to
exercise repetition or approximate reproduction. And how is it the other way around? First
you try to do it and then, only later, do you look for theoretical explanations. Thus, in the
pedagogy proposed by Célestin Freinet, everyone
–
students and teacher(s)
–
works!
Transitory considerations, woven from the context
In this text, some of Célestin Freinet's relationship with educational work was
discussed under the motto “landmarks” for
pedagogical renewal. Maria Villela (1991, p. 53,
our translation
), when writing about Freinet pedagogy as a “new” approach to an “old”
problem, had already noted: “work is the force that moves the human being, that gives
meaning and purpose to his life and it is through him that he develops all his potential,
personal and social”. The author recovers the Marxist definition of work as a basic principle
of human nature, through which “reality is constructed, understood and relationships with
other individuals a
re created” (V
ILLELA, 1991, p. 53, our translation). And she goes on to
explain that, in Célestin Freinet's educational proposal, the work has democratic, community
and cooperation objectives, based on concrete experiences. From experience, from learning
by doing, to theoretical elaborations. A simple inversion of the thing, but a profound
revolution against which scholasticism has resisted for centuries.
In Vilella's (1991) writing, the adjectives “new” and “old” stand out. I agree with the
“old”, obviou
sly, because as outlined here in this chapter, I still see scholasticism denounced
by Freinet as the current model of school education. On the other hand, I regret the qualitative
“new” emerging in 1991, as it had been 70 years since Célestin Freinet start
ed his own
“experimental groping”
disturbing the traditionalism and sedative rigor of school education.
No reading and memorizing meaningless texts printed in the manual without first walking
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Work in Freinet pedagogy, or his milestones for the renewal of education
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through the community, exploring the world, and writing about what caught the most
attention
–
for each one. That's why I reiterate what I already recorded a few years ago:
without Célestin Freinet, school education goes back 500 years
–
or more!
[...]
And speaking of regressing even further, it is practically impossible to ignore our
context lived in the present time and everything we are going through, for more than a year,
during the terrible pandemic of covid-19, which causes deaths, isolation, more hunger and
more. poverty. At this juncture, school education suffers even more, as it becomes
compulsorily remote. In this model, it becomes too complicated to escape the aegis of the
program, the formal curriculum, the content... Well, if there are ways to do this without equity
in equipment and internet access, but mainly without the affections of presence, the stimuli of
experience and the provocation of the lived world, I have not yet found them.
In the remote model created by the current health emergency, I don't know what to do.
Not everyone can be logged in at the same time, and when they are, not everyone has the
resources to interact, or if they do, it's only through monosyllabic responses. There is no way
to initiate deep dialogues, how to disperse through the places of a classroom, a campus or a
school, nor how to join in smaller groups etc... there is the screen, and that's it. The void
created by the mediation of digital technology between me and the students causes me to find
only one reaction: to strictly follow the program.
Would he then have regressed in the teaching profession?
Élise Freinet (1978) gathered forces to record, in memoriam, the years of her
husband's struggle for a cooperative education, from the people for the people, battling
against the scholasticism that separates humanity from humanity itself. It portrays the moment
when Célestin Freinet, after four years recovering from war wounds, entered a classroom for
the first time, in 1920, in the province of Bar-sur-Loup... it is with the characterization of the
first Freinet's contact with the classroom, as a teacher, that I want to close this chapter. I hope
that this narrative will resonate with many doubts, reflections and concerns about the school,
raising more people to this proposal to revolutionize... Without this hope, there is nothing left
for us...
The classroom that Freinet enters for the first time is a traditional classroom
in official schools: desks arranged in rows, a pallet for the teacher, hangers
nailed to the wall, a blackboard on an easel... the windows [...] are so high
that they defy children's curiosity. Along the entire length of the gray walls,
some maps [...], murals with the metric system, reading exercises and, in one
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Ivan FORTUNATO
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corner, an abacus that has already disappeared, the only attraction of this
dusty furniture [...] (FREINET, 1978, p. 15-16, our translation).
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http://dx.doi.org/10.1590/S1517-97022015011744
FORTUNATO, Ivan. 50 anos sem Célestin Freinet, 500 anos de retrocesso das práticas
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FORTUNATO, I. Work in Freinet pedagogy, or his milestones for the renewal of education.
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Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029. DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.17299
Submitted
: 20/04/2022
Revisions required
: 06/06/2022
Approved
: 01/08/2022
Published
: 30/09/2022
Processing and publication by the Editora Ibero-Americana de Educação.
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