Educação e política em pagãs de Kryasheny: Estudo de caso da velha vila de Tyaberdino, república de Tartaristão
RPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v.26, n. esp. 5, e022174, 2022 ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.17364 1
EDUCAÇÃO E POLÍTICA EM PAGÃS DE KRYASHENY: ESTUDO DE CASO DA
VELHA VILA DE TYABERDINO, REPÚBLICA DE TARTARISTÃO
EDUCACIÓN Y POLÍTICA EN KRYASHENY PAGANS: ESTUDIO DE CASO DEL
VIEJO PUEBLO DE TYABERDINO, REPÚBLICA DE TATARSTÁN
EDUCATION AND POLITICS IN KRYASHENY PAGANS: CASE STUDY OF OLD
TYABERDINO VILLAGE, THE REPUBLIC OF TATARSTAN
Tatyana Alekseevna TITOVA
1
Kseniya Jurievna KHUSNUTDINOVA
2
Elena Valeryevna FROLOVA
3
Elena Gennadyevna GUSHCHINA
4
RESUMO: Dados os materiais da expedição recebidos pelos autores em 2014, o artigo revela
as características educacionais, políticas, culturais e psicológicas do subgrupo de pagãos
Kryashen na aldeia da velha Tyaberdino, na República do Tartaristão. O objetivo do artigo é
estudar as características políticas e etnoculturais dos pagãos Kryashen. Os métodos gerais de
pesquisa histórica, incluindo cultural-antropológica, histórico-comparativa, descritiva e o
processo de análise complexa são considerados para atender ao objetivo do estudo. O artigo
demonstra como o paganismo e o cristianismo estão intimamente ligados no calendário
Kryashen, nas tradições festivas e cotidianas, nas crenças populares, na educação, na política e
nos costumes. Os materiais deste artigo podem ser úteis para etnólogos, antropólogos sociais e
culturais, historiadores, políticos, museólogos e culturologistas e qualquer pessoa interessada
neste tópico.
PALAVRAS-CHAVE: Características educacionais. Cultura. População kryashen. Política.
1
Universidade Federal de Kazan, Kazan, Rússia. Doutora em Ciências Históricas, Professora Departamento de
História, Arqueologia e Etnologia do Tartaristão, Instituto de Relações Internacionais. ORCID:
https://orcid.org/0000-0001-5921-3287. E-mail: tatiana.titova@rambler.ru
2
Universidade Federal de Kazan, Kazan, Rússia. Estudante de pós-graduação Departamento de História,
Arqueologia e Etnologia do Tartaristão, Instituto de Relações Internacionais. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-
0002-5967. E-mail: ksushka@mail.ru
3
Universidade Federal de Kazan, Kazan, Rússia. Professora adjunto Departamento de História, Arqueologia e
Etnologia do Tartaristão, Instituto de Relações Internacionais. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2125-5443.
E-mail: elenaieup@mail.ru
4
Universidade Federal de Kazan, Kazan, Rússia. Professora Departamento de História, Arqueologia e Etnologia
do Tartaristão, Instituto de Relações Internacionais. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6225-8216. E-mail:
egguschina@mail.ru
Tatyana Alekseevna TITOVA; Kseniya Jurievna KHUSNUTDINOVA; Elena Valeryevna FROLOVA e Elena Gennadyevna GUSHCHINA
RPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v.26, n. esp. 5, e022174, 2022 ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.17364 2
RESUMEN: Dados los materiales de la expedición recibidos por los autores en 2014, el
artículo revela las características educativas, políticas, culturales y psicológicas del grupo
subétnico de Kryashen-paganos en el pueblo del antiguo Tyaberdino, la República de
Tartaristán. El propósito del artículo es estudiar las características políticas y etnoculturales
de los paganos de Kryashen. Se considera que los métodos generales de investigación histórica,
incluidos el cultural-antropológico, histórico-comparativo, descriptivo y el proceso de análisis
complejo, cumplen el objetivo del estudio. El artículo demuestra cómo el paganismo y el
cristianismo están estrechamente entrelazados en el calendario de Kryashen, las tradiciones
festivas y cotidianas, las creencias populares, la educación, la política y las costumbres. Los
materiales de este artículo pueden ser de utilidad para etnólogos, antropólogos sociales y
culturales, historiadores, políticos, museólogos y culturólogos, y cualquier persona interesada
en este tema.
PALABRAS CLAVE: Características educativas. Cultura. Población de kryashen. Política.
ABSTRACT: Given the expedition materials received by the authors in 2014, the article reveals
the educational, political, cultural, and psychological characteristics of the sub-ethnic group
of Kryashen-pagans in the village of old Tyaberdino, the Republic of Tatarstan. The purpose
of the article is to study the political and ethnocultural characteristics of the Kryashen pagans.
The general historical research methods, including cultural-anthropological, historical-
comparative, descriptive, and the process of complex analysis are considered to meet the aim
of the study. The article demonstrates how paganism and Christianity are closely intertwined
in the Kryashen calendar, festive and everyday traditions, folk beliefs, education, politics, and
customs. The materials of this article can be useful for ethnologists, social and cultural
anthropologists, historians, politicians, museologists and culturologists, and anyone interested
in this topic.
KEYWORDS: Educational characteristics. Culture. Kryashen population. Politics.
Introdução
Os Kryashens são um grupo etnoconfessional de tártaros com várias características
etnoculturais: fé ortodoxa e identidade étnica estável.
Existem diferentes versões da origem Kryashens. A teoria mais difundida e bem
fundamentada conta que a formação dos Kryashens no território das antigas fronteiras do
Canato de Kazan está associada à adoção em massa da fé ortodoxa durante a cristianização na
segunda metade do século XVI, após a conquista de Kazan por Ivan IV. Esse grupo é referido
como “recém-batizados” em diversos documentos (VOVINA, 2006). A segunda onda de
batismos ocorreu no século XVIII, a partir da qual essa categoria da população passou a ser
chamada de "recém-batizados", e os que foram batizados no período anterior foram chamados
de "velhos batizados". No entanto, um grande número de tártaros "recém-batizados" voltou ao
Islã na 2ª metade do século 19 - início do século 20, enquanto quase todos os "antigos batizados"
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permaneceram ortodoxos. N. I. Vorobyov escreveu que isso se deve ao fato de que no século
16 a cultura islâmica não teve tempo de penetrar na vida cotidiana quando os “velhos batizados”
apareceram, e parte da população continuou a aderir às crenças tradicionais, permanecendo
parcialmente “pagão". N. I. Vorobyov escreveu sobre isso em 1929: “Observando a vida
cotidiana e até a linguagem, pode-se dizer com um grau significativo de probabilidade que esses
tártaros não eram muçulmanos ou estavam tão pouco envoltos no Islã que este não penetrou em
suas vidas” (tradução nossa).
Existe também outra teoria, segundo a qual os Kryashens são descendentes da população
ortodoxa que viveu no território da região do Médio Volga até o século XIV. No entanto,
nenhuma prova documental foi encontrada.
Durante o século 19, o pagão Kryashens viveu na província de Kazan, que está
documentado. Atualmente, existem “Kryashens não batizados”, que são um pequeno grupo
étnico dos Molkeev Kryashens na aldeia de Staroye Tyaberdino da região de Kaibitsky,
República do Tartaristão. Este grupo de pagãos Kryashens se consideram Kryashens, não tendo
nada a ver com a Ortodoxia, sendo não batizados e adorando deuses pagãos (SETIAWAN et
al., 2020).
Métodos
A base metodológica da pesquisa envolve o estudo e consideração da etnia dos
Kryashens não batizados a partir de uma abordagem poliparadigmática. O trabalho utiliza
métodos gerais de pesquisa histórica: antropológico-cultural, histórico-comparativo, descritivo,
bem como o método de análise complexa. Além disso, o artigo usa métodos quantitativos e
qualitativos: discurso - uma pesquisa em massa por meio de questionários, observação
participante, grupos focais e entrevistas em profundidade.
Este artigo é baseado em materiais de campo da expedição etnográfica de 2014. Como
parte do estudo, foram entrevistados 100 Kryashens, dos quais 52 eram mulheres e 48 eram
homens. O estudo abrangeu a região administrativo-territorial Kaibitsky da República do
Tartaristão, que é condicionada pela residência compacta dos Kryashens neste território. Houve
2 grupos focais e 5 entrevistas com os representantes da população Kryashen na área.
As entrevistas com Kryashens - pagãos na região de Kaibitsky da República do
Tartaristão forneceram informações únicas sobre seu estilo de vida, identidade social, crenças,
origem, língua nacional, rituais familiares e tradições.
Tatyana Alekseevna TITOVA; Kseniya Jurievna KHUSNUTDINOVA; Elena Valeryevna FROLOVA e Elena Gennadyevna GUSHCHINA
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Resultados e discussão
O paganismo é uma cosmovisão mitológica associada ao culto da natureza, culto aos
espíritos da natureza, crença na magia, bruxaria, geralmente baseada em crenças tradicionais,
mitologia e folclore de um determinado povo (ANICHKOV, 2009).
Kryashens - os pagãos vivem na aldeia de Staroye Tyaberdino, município de Kaibitsky,
na República do Tartaristão. Este grupo de Kryashens (os chamados Kryashens não batizados
ou Kryashens pagãos) se consideram Kryashens, não tendo nada a ver com a Ortodoxia, sendo
não batizados.
Esta área faz fronteira com a República Chuvash, onde vive um grupo local de Chuvash
inferior (Anatri), entre os quais o paganismo é muito difundido. Essas interações interculturais
influenciaram a identidade étnica dos Kryashens da região de Kaibitsky, sendo que 27% dos
entrevistados se consideram Kryashens, 69% - tártaros batizados, 2% - tártaros e 2% - russos.
Esta imagem é condicionada pela localização geográfica, bem como pelas especificidades
etnoculturais da área. Muitos entrevistados observam que a população tártara dos Kryashens é
chamada de Chuvash na região de Kaibitsky, por causa da fé ortodoxa, e os Chuvash os chamam
de tártaros, por causa de suas peculiaridades linguísticas. Vale a pena notar que a influência
cultural mútua da população Chuvash e Kryashen entre si é muito perceptível tanto em palavras
quanto na preservação de antigos rituais pagãos (TITOVA et al., 2017). Deve-se notar que os
Kryashens se separam tanto da população tártara quanto da população Chuvash.
“Acontece que russos e Chuvashes nos chamam de tártaros, mas nos chamam de
Chuvashes em Kaibitsy” (da entrevista de um homem de 54 anos, vila Molkeevo, distrito de
Kaibitsky, tradução nossa).
“Chamamos nosso cemitério de mazar, e mazar é traduzido do árabe como o local de
sepultamento dos santos. E isso é o que dizem os azerbaijanos, e esse é um nome turco em
geral, e nós, os Kryashens, também o dizemos. E os tártaros têm o nome de zirat ... acaba sendo
absolutamente diferente." (da entrevista de um homem de 54 anos, vila de Molkeevo, distrito
de Kaibitsky, tradução nossa).
Este grupo de Kryashens que vive na região de Kaybitsky se identifica como "tártaros
batizados", porque o etnônimo "tártaros batizados" e "Kryashens" são palavras sinônimas para
esta área, e isso explica a alta porcentagem de entrevistados nesta região que se autodenominam
"tártaros batizados".
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A autoidentificação dos pagãos Kryashen também é fragmentada. Na aldeia de Staroye
Tyaberdino, região de Kaibitsky, várias famílias sobreviveram, adorando deuses pagãos, a
quem os locais chamam de "chukynmagannar" - "não batizados".
“… Meu pai acreditou, assim como eu. Rezamos para diferentes deuses - céu, chuva,
sol, terra. Somos camponeses criados pelo trabalho e estávamos próximos da natureza.” (da
entrevista com um homem de 57 anos, vila de Staroye Tyaberdino, distrito de Kaibitsky,
tradução nossa).
“… Eu tinha 5 irmãos, todos não batizados eram pagãos. Não sabíamos rezar, nos
escondíamos. Pai e tia faziam tudo às escondidas. Não rezamos, pelo menos eu não vi”. (da
entrevista com uma mulher de 65 anos, aldeia de Staroe Tyaberdino, distrito de Kaibitskiy,
tradução nossa).
Kryashens não batizados tentaram se casar com Chuvashes não batizados que viviam
na vizinhança, por causa de características etnoculturais semelhantes e crenças pagãs. Mas
também houve os casamentos entre os aldeões com os representantes dos Kryashens ortodoxos.
Era estritamente proibido que os homens fossem batizados em tais casamentos, mas havia casos
em que era permitido para as mulheres. Informantes relataram casos em que homens mais
velhos proibiram seus filhos, e às vezes filhas, de serem batizados (MUKHAMETGALIEV et
al., 2020).
Antes de mim, havia 5 filhos na família, minha mãe pediu a meu pai que
convertesse o próximo filho à Ortodoxia, se ela tivesse uma menina para
nascer. Ele não concordava, era contra, então nunca tivemos nada ortodoxo
em nossa casa. A mãe guardou a única cruz, ela a escondeu, e o pai a encontrou
e esmagou tudo com um machado (da entrevista com uma mulher de 65 anos,
velha vila de Tyaberdino, distrito de Kaibitsky, tradução nossa).
A esposa do meu irmão obrigou as crianças a jejuar, pendurou ícones e até o
levou a batizar estando bêbado. Então ele jogou fora tudo relacionado à
Ortodoxia, queimou ícones e enterrou livros ortodoxos. Mas foi tudo ruim.
Ele e o filho morreram em um acidente de carro. Provavelmente, tudo não
acontece em vão e você tem que pagar por todas as suas ações (entrevista,
mulher, 65 anos, velha vila de Tyaberdino, distrito de Kaibitsky, tradução
nossa).
Durante a era soviética, não era costume falar sobre suas confissões. Os Kryashens são
pagãos e ficaram completamente calados para que ninguém os descobrisse, condenasse e
obrigasse a serem batizados.
“O Papa escondeu sua fé porque tinha medo de ser batizado” (da entrevista com uma
senhora de 65 anos, velha vila de Tyaberdino, distrito de Kaibitsky).
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Os pagãos Kryashen ainda têm seus cultos e locais de adoração. Um dos mais
significativos é o velho carvalho sagrado, onde todos os crentes em deuses pagãos vêm adorar
o carvalho e pedir ajuda. Um templo foi preservado - um local de culto de pagãos para vários
rituais em uma clareira perto de um carvalho. Não apenas os residentes locais (pagãos
Kryashens) vêm para lá, mas também os adeptos de crenças pagãs vêm de regiões vizinhas.
Em 1999, quando comecei a construir uma nova casa, sacrifiquei um galo
(әtәch tubәgә). É costume fazer isso através da linha masculina. Pedi aos
deuses as bênçãos da construção e a construí. Os Chuvash costumam ir a este
carvalho, talvez façam sacrifícios - não sei, mas são mais religiosos do que
nós (da entrevista com um homem de 57 anos, vila de Staraye Tyaberdino,
distrito de Kaibitsky, tradução nossa).
Não muito longe do carvalho sagrado, existe um antigo cemitério pagão próprio, onde
estão sepultados todos os descendentes deste grupo local. Há uma placa na entrada do cemitério:
A você - nossos ancestrais,
A ti que morreste heroicamente pela fé dos Padres,
A você - que manteve as tradições da antiguidade venerável,
Aos mortais - que viram a morte dos Deuses imortais,
Glória Eterna para aqueles que foram para o Svarga Dourado atrás deles!
O cemitério não é grande, basicamente todos os enterros de meados do século 20 e
muitos túmulos sem cercas. Não há cruzes no cemitério, e há lápides de granito ou pedra em
vez de cruzes, e antes de sua instalação é colocada uma placa de madeira com as informações
do falecido. Este cemitério possui uma lápide com caracteres árabes, ainda não datados nem
atribuídos. Segundo as lendas, existem joias escondidas com ancestrais enterrados.
Atualmente, muitas tradições e rituais foram perdidos por várias razões, as diferenças
nos ritos fúnebres e memoriais preservadas mais bem. O falecido é enterrado em caixão sem
oração e com certa música, com a cabeça voltada para o sol - voltada para o leste, assim, o
monumento foi colocado no local onde a cabeça está localizada, quando os ortodoxos têm uma
cruz (uma lápide) a seus pés. Após a morte, era costume acender velas, que eles mesmos faziam
de cera. A comemoração era celebrada no terceiro, nono e quadragésimo dias, o que também
caracteriza a tradição cristã.
“Acendemos velas como os ortodoxos, mas nós mesmos as fizemos - de cera” (da
entrevista com uma senhora de 65 anos, aldeia de Old Tyaberdino, distrito de Kaibitsky,
tradução nossa).
“Não existe serviço funerário, não existem essas diferenças. Uma pessoa não é deixada
sozinha em um caixão. Velas queimam sem oração. Ninguém reza no túmulo. A fé pagã é muito
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lógica a esse respeito, não somos tocados e não tocamos em ninguém” (da entrevista com um
homem de 57 anos, vila de Staraye Tyaberdino, distrito de Kaibitsky, tradução nossa).
A cultura festiva dos pagãos Kryashen difere pouco dos Kryashens ortodoxos.
Atualmente, os seguintes feriados do calendário são celebrados especialmente por Kryashens
não batizados - Páscoa, Dia de Pedro (Pitrau), Trindade, Maslenitsa e Semik
(KHUSNUTDINOVA et al., 2017).
“Semik é um feriado pagão. Vamos ao cemitério no sábado durante o Semik, outras
vilas visitam na quinta-feira. Muitas pessoas atiçavam a casa de banho à noite e começamos a
atiçar pela manhã para ir ao cemitério limpar” (da entrevista com uma senhora de 65 anos,
aldeia de Old Tyaberdino, distrito de Kaibitsky, tradução nossa).
Essas tradições festivas são de grande importância para os pagãos de Kryashen, porque
muitas têm suas origens em antigos cultos pagãos.
Assim, a cultura tradicional dos pagãos Kryashens tem muito em comum com os
Kryashens, no entanto, várias características sobreviveram e continuam a ser observadas,
nomeadamente a adoração de deuses pagãos, que os distingue fundamentalmente dos
Kryashens ortodoxos.
O estudo do grupo étnico dos pagãos Kryashen foi apresentado nas obras de
pesquisadores pré-revolucionários e soviéticos.
Na literatura pré-revolucionária, estudos especiais dos Molkeevsky Kryashens estão
associados à re-islamização dos tártaros batizados, que A. Galbansky realizou, fazendo visitas
missionárias e fazendo relatórios importantes sobre eles. Os missionários N. I. Ilminsky, M. A.
Mashanov, E. A. Malov, cujas obras apresentam não apenas os costumes e rituais dos
Kryashens, mas também suas crenças religiosas, também estudaram a vida e a cultura dos
Kryashens daquele período. No entanto, nenhum deles considerou a cultura dos pagãos
Kryashen em detalhes.
Durante o período soviético, N. I. Vorobyov foi um dos primeiros estudiosos a estudar
minuciosamente a origem dos Kryashens. Ele levantou questões sobre os problemas de
etnogênese dos grupos étnicos de língua turca da região do Volga. Segundo N. I. Vorobyov, os
Kryashens preservaram quase inteiramente seu antigo modo de vida e podem, até certo ponto,
servir de exemplo do modo de vida que o povo tártaro tinha antes da conquista russa. Vorobyov
classifica os Kryashens como um grupo “isolado de seu próprio povo pelo batismo”
(VOROBIEV, 1929, tradução nossa). Ele vê a razão das diferenças entre os tártaros e os
kryashens, tanto em suas diferentes origens, quanto nas diversas influências culturais sob as
quais esses grupos estiveram por mais de três séculos (BARTH, 1989).
Tatyana Alekseevna TITOVA; Kseniya Jurievna KHUSNUTDINOVA; Elena Valeryevna FROLOVA e Elena Gennadyevna GUSHCHINA
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No estágio atual, a identidade étnica dos Kryashens está crescendo, o movimento
etnocultural Kryashen está revivendo. Na coleção de artigos "Molkeevsky Kryashens", D. M.
Iskhakov (1993) cobre vários aspectos da história da cultura tradicional dos Molkeevsky
Kryashens, suas habitações, trajes tradicionais, mitologia e folclore, tradições musicais, ciclos
rituais e peculiaridades do dialeto. As obras dos líderes Kryashen também ocupam um lugar
especial. G. M. Makarov (2001) é autor de várias coleções de canções Kryashen, bem como
uma das figuras proeminentes no estudo de Kryashens e da cultura Kryashen, que considera os
processos etnoculturais, bem como os componentes linguísticos da língua. O chefe do comitê
executivo do conselho da organização pública republicana dos Kryashens do Tartaristão, L. D.
Belousova, publica fatos e informações interessantes da vida dos pagãos Kryashen nas páginas
do jornal Tuganailar. No entanto, os Kryashens pagãos continuam sendo um grupo étnico pouco
estudado.
Síntese
A cultura dos pagãos Kryashen da vila de Staroye Tyaberdino, a região de Kaibitsky, a
República do Tartaristão é excepcional e única.
No entanto, uma camada significativa da cultura tradicional dos pagãos Kryashen foi
apagada durante a era soviética, e o ambiente ortodoxo Kryashen teve grande influência nessa
convivência com os pagãos Kryashen no mesmo território (TITOVA, 2016). Os rituais cristãos
realizados pelos vizinhos tornaram-se parte integrante da vida espiritual dos pagãos Kryashen
e se refletiram na celebração dos feriados cristãos tradicionais. Apesar disso, alguns
representantes de Kryashens não batizados continuam a preservar costumes, rituais e tradições,
acreditam sagradamente e adoram deuses pagãos, realizando cultos pagãos. Esses fenômenos
ocorrem, primeiramente, como uma homenagem de respeito e reverência aos seus ancestrais,
principalmente homens, pois era proibido aceitar a Ortodoxia na linha masculina, ao invés da
feminina. Em segundo lugar, a fronteira com a República Chuvash contribuiu para a celebração
de casamentos entre os pagãos Kryashens - pagãos e Chuvash -, o que ajudou, ainda que em
parte, a cultura pagã.
Os considerados ritos pagãos dos Kryashens não batizados, contados pelos informantes,
são muito interessantes, embora muitos deles quase não sejam mais realizados. Atualmente,
algumas das tradições pagãs mais pronunciadas ainda estão em uso: a adoração do carvalho
sagrado, bem como ritos fúnebres e memoriais associados à sua própria produção de velas e
certos rituais funerários em seu próprio cemitério pagão.
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Conclusões
Tendo estudado a historiografia do assunto em questão, pode-se chegar à conclusão de
que, apesar do estudo dos Kryashens por vários autores, existem poucos trabalhos sobre os
“Kryashens-pagãos”, alguns deles até fragmentados.
No contexto da globalização mundial, quando a interação de povos vizinhos exerce forte
influência uns sobre os outros, torna-se cada vez mais difícil preservar a identidade de pequenos
representantes locais de uma ou outra etnia (TITOVA et al., 2019). Deve-se notar que
atualmente as antigas tradições e rituais pagãos foram perdidos por várias razões. A tradição
festiva dos pagãos Kryashen quase não difere dos Kryashens ortodoxos, eles celebram os
mesmos feriados. No entanto, os Kryashens pagãos ainda usam ritos fúnebres e memoriais
especiais. Além disso, é estritamente proibido aceitar a Ortodoxia através da linha masculina
entre os pagãos Kryashen, mas há concessões na linha feminina.
AGRADECIMENTOS: O trabalho é realizado de acordo com o Programa de Crescimento
Competitivo do Governo Russo da Universidade Federal de Kazan.
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Como referenciar este artigo
TITOVA, T. A.; KHUSNUTDINOVA, K. J.; FROLOVA, E. V.; GUSHCHINA, E. G.
Educação e política em pagãs de Kryasheny: Estudo de caso da velha vila de Tyaberdino,
república de Tartaristão. Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26,
n. esp. 5, e022174, 2022. e-ISSN:1519-9029. DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.17364
Submetido em: 13/02/2022
Revisões requeridas em: 26/06/2022
Aprovado em: 28/10/2022
Publicado em: 30/11/2022
Processamento e edição por Editora Ibero-Americana de Educação - EIAE.
Correção, formatação, normalização e tradução.
É proibida a reprodução total ou parcial sem o devido crédito.
Education and politics in Kryasheny pagans: Case study of old Tyaberdino village, the republic of Tatarstan
RPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v.26, n. esp. 5, e022174, 2022 ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.17364 3415
EDUCATION AND POLITICS IN KRYASHENY PAGANS: CASE STUDY OF OLD
TYABERDINO VILLAGE, THE REPUBLIC OF TATARSTAN
EDUCAÇÃO E POLÍTICA EM PAGÃS DE KRYASHENY: ESTUDO DE CASO DA
VELHA VILA DE TYABERDINO, REPÚBLICA DE TARTARISTÃO
EDUCACIÓN Y POLÍTICA EN KRYASHENY PAGANS: ESTUDIO DE CASO DEL
VIEJO PUEBLO DE TYABERDINO, REPÚBLICA DE TATARSTÁN
Tatyana Alekseevna TITOVA
1
Kseniya Jurievna KHUSNUTDINOVA
2
Elena Valeryevna FROLOVA
3
Elena Gennadyevna GUSHCHINA
4
ABSTRACT: Given the expedition materials received by the authors in 2014, the article
reveals the educational, political, cultural, and psychological characteristics of the sub-ethnic
group of Kryashen-pagans in the village of old Tyaberdino, the Republic of Tatarstan. The
purpose of the article is to study the political and ethnocultural characteristics of the Kryashen
pagans. The general historical research methods, including cultural-anthropological, historical-
comparative, descriptive, and the process of complex analysis are considered to meet the aim
of the study. The article demonstrates how paganism and Christianity are closely intertwined in
the Kryashen calendar, festive and everyday traditions, folk beliefs, education, politics, and
customs. The materials of this article can be useful for ethnologists, social and cultural
anthropologists, historians, politicians, museologists and culturologists, and anyone interested
in this topic.
KEYWORDS: Educational characteristics. Culture. Kryashen population. Politics.
1
Kazan Federal University, Kazan, Russia. Doctor of Historical Sciences, Professor at the Department of Tatarstan
History, Archeology and Ethnology, Institute of International Relations. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-
5921-3287. E-mail: tatiana.titova@rambler.ru
2
Kazan Federal University, Kazan, Russia. Postgraduate student of the Department of Tatarstan History,
Archeology and Ethnology, Institute of International Relations. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0002-5967.
E-mail: ksushka@mail.ru
3
Kazan Federal University, Kazan, Russia. Associate Professor at the Department of History of Tatarstan,
Archeology and Ethnology, the Institute of International Relations. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2125-
5443. E-mail: elenaieup@mail.ru
4
Kazan Federal University, Kazan, Russia. Senior Lecturer at the Department of Tatarstan History, Archeology
and Ethnology, Institute of International Relations. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6225-8216. E-mail:
egguschina@mail.ru
Tatyana Alekseevna TITOVA; Kseniya Jurievna KHUSNUTDINOVA; Elena Valeryevna FROLOVA and Elena Gennadyevna GUSHCHINA
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DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.17364 3416
RESUMO: Dados os materiais da expedição recebidos pelos autores em 2014, o artigo revela
as características educacionais, políticas, culturais e psicológicas do subgrupo de pagãos
Kryashen na aldeia da velha Tyaberdino, na República do Tartaristão. O objetivo do artigo é
estudar as características políticas e etnoculturais dos pagãos Kryashen. Os métodos gerais
de pesquisa histórica, incluindo cultural-antropológica, histórico-comparativa, descritiva e o
processo de análise complexa são considerados para atender ao objetivo do estudo. O artigo
demonstra como o paganismo e o cristianismo estão intimamente ligados no calendário
Kryashen, nas tradições festivas e cotidianas, nas crenças populares, na educação, na política
e nos costumes. Os materiais deste artigo podem ser úteis para etnólogos, antropólogos sociais
e culturais, historiadores, políticos, museólogos e culturologistas e qualquer pessoa
interessada neste tópico.
PALAVRAS-CHAVE: Características educacionais. Cultura. População kryashen. Política.
RESUMEN: Dados los materiales de la expedición recibidos por los autores en 2014, el
artículo revela las características educativas, políticas, culturales y psicológicas del grupo
subétnico de Kryashen-paganos en el pueblo del antiguo Tyaberdino, la República de
Tartaristán. El propósito del artículo es estudiar las características políticas y etnoculturales
de los paganos de Kryashen. Se considera que los métodos generales de investigación histórica,
incluidos el cultural-antropológico, histórico-comparativo, descriptivo y el proceso de análisis
complejo, cumplen el objetivo del estudio. El artículo demuestra cómo el paganismo y el
cristianismo están estrechamente entrelazados en el calendario de Kryashen, las tradiciones
festivas y cotidianas, las creencias populares, la educación, la política y las costumbres. Los
materiales de este artículo pueden ser de utilidad para etnólogos, antropólogos sociales y
culturales, historiadores, políticos, museólogos y culturólogos, y cualquier persona interesada
en este tema.
PALABRAS CLAVE: Características educativas. Cultura. Población de kryashen. Política.
Introduction
The Kryashens are an ethno-confessional group of Tatars with a number of ethno-
cultural characteristics: Orthodox faith and stable ethnic identity.
There are different versions of the Kryashens origin. The most widespread and well-
grounded theory tells that the formation of the Kryashens on the territory of the former borders
of the Kazan Khanate is associated with the mass adoption of the Orthodox faith during
Christianization in the second half of the 16th century, after the conquest of Kazan by Ivan IV.
This group is referred to as "newly baptized" in various documents (VOVINA, 2006). The
second wave of baptism took place in the 18th century, after which this category of the
population began to be called "newly baptized", and those who were baptized in the previous
period were named "old baptized." However, a large number of "newly baptized" Tatars
returned to Islam again in the 2nd half of 19th - early 20th century, while almost all "old
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baptized" remained Orthodox. N.I. Vorobyov wrote that this is due to the fact that in the 16th
century Islamic culture did not have time to penetrate into everyday life when the “old baptized”
appeared, and some part of the population continued to adhere to traditional beliefs, thereby
partly remaining “pagan”. N. I. Vorobyov wrote about this in 1929: “Observing everyday life
and even the language, one can say with a significant degree of probability that these Tatars
were either not Muslims at all, or were so little in Islam that it did not penetrate into their life”.
There is also another theory, according to which the Kryashens are the descendants of
the Orthodox population that lived on the territory of the Middle Volga region until the XIV
century. However, no documentary evidence was found.
During the 19th century, pagan Kryashens lived in the Kazan province, which is
documented. Nowadays, there are “unbaptized Kryashens”, which are a small ethnic group of
the Molkeev Kryashens in the village of Staroye Tyaberdino of the Kaibitsky region, the
Republic of Tatarstan. This group of Kryashen pagans consider themselves Kryashens, having
nothing to do with Orthodoxy, being unbaptized and worshiping pagan gods (SETIAWAN et
al., 2020).
Methods
The methodological basis of the research involves the study and consideration of the
ethnic group of unbaptized Kryashens based on a polyparadigmatic approach. The work uses
general historical research methods: cultural-anthropological, historical-comparative,
descriptive, as well as the method of complex analysis. Also, the article uses quantitative and
qualitative methods: discourse - a mass survey through questionnaires, participant observation,
focus groups, and in-depth interviews.
This article is based on field materials from the ethnographic expedition of 2014. As
part of the study, 100 Kryashens were interviewed, of which 52 were women and 48 were men.
The study covered the Kaibitsky administrative-territorial region of the Republic of Tatarstan,
which is conditioned by the compact residence of the Kryashens on this territory. There were 2
focus groups and 5 interviews with the representatives of the Kryashen population in the area.
The interviews with Kryashens - pagans in the Kaibitsky region of the Republic of
Tatarstan provided unique information about their lifestyle, social identity, beliefs, origin,
national language, family rituals and traditions.
Tatyana Alekseevna TITOVA; Kseniya Jurievna KHUSNUTDINOVA; Elena Valeryevna FROLOVA and Elena Gennadyevna GUSHCHINA
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Results and Discussion
Paganism is a mythological worldview associated with the worship of nature, worship
of the spirits of nature, belief in magic, witchcraft, usually based on traditional beliefs,
mythology and folklore of a particular people (ANICHKOV, 2009).
Kryashens - pagans live in the village of Staroye Tyaberdino, Kaibitsky municipal
district of the Republic of Tatarstan. This group of Kryashens (the so-called unbaptized
Kryashens or pagan Kryashens) consider themselves as Kryashens, having nothing to do with
Orthodoxy, being unbaptized.
This area is bordered by the Chuvash Republic, where a local group of lower Chuvash
(Anatri) lives, among whom paganism is very widespread. These intercultural interactions
influenced the ethnic identity of the Kryashens of the Kaibitsky region, where 27% of
respondents consider themselves Kryashens, 69% - baptized Tatars, 2% - Tatars, and 2% -
Russians. This picture is conditioned by the geographical location, as well as the ethnocultural
specifics of the area. Many respondents note that the Tatar population of the Kryashens is called
Chuvash in the Kaibitsky region, because of the Orthodox faith, and the Chuvash call them
Tatars, because of their linguistic peculiarities. It is worth noting that the cultural mutual
influence of the Chuvash and Kryashen population on each other is very noticeable both in
words and in the preservation of ancient pagan rituals (TITOVA et al., 2017). It should be noted
that the Kryashens separate themselves from both the Tatar and Chuvash population.
“It happened that Russians and Chuvashes call us Tatars, but they call us Chuvashes in
Kaibitsy” (from the interview by a 54-year-old man, village Molkeevo, Kaibitsky district).
“We call our cemetery mazar, and mazar is translated as the burial place of saints from
Arabic. And this is what the Azerbaijanis say, and this is a Turkic name in general, and we, the
Kryashens, also say so. And the Tatars have the name zirat ... it turns out absolutely different."
(from the interview by a 54-year-old man, Molkeevo village, Kaibitsky district).
This group of Kryashens living in the Kaybitsky region identifies itself as "baptized
Tatars", because the ethnonym "baptized Tatars" and "Kryashens" are synonymous words for
this area, and this explains the high percentage of respondents in this region who call themselves
"baptized Tatars".
The self-identification of the Kryashen pagans is also fragmented. In the village of
Staroye Tyaberdino, Kaibitsky region, several families have survived, worshiping pagan gods,
whom the locals call "chukynmagannar" - "unbaptized".
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“… My father believed, as I did. We prayed to different Gods - heaven, rain, sun, earth.
We are rural people raised by labor, and we were close to nature.” (from the interview with 57-
year-old man, village of Staroye Tyaberdino, Kaibitsky district)
“… I had 5 brothers, all unbaptized were pagans. We didn't know how to pray, we hid.
Father and aunt did everything on the sly. We didn’t pray, at least I didn’t see it.” (from the
interview with 65-year-old woman, Staroe Tyaberdino village, Kaibitskiy district)
Unbaptized Kryashens tried to enter into marriages with unbaptized Chuvashes living
in the neighborhood, because of similar ethnocultural characteristics and pagan beliefs. But
there were also the marriages among fellow villagers with the representatives of the Orthodox
Kryashens. It was strictly forbidden for men to be baptized in such marriages, however, there
were the cases when it was allowed for women. Informants told about the cases when older
men forbade their sons, and sometimes daughters, to be baptized (MUKHAMETGALIEV et
al., 2020).
Before me, there were 5 sons in the family, my mother asked my father to
convert the next child to Orthodoxy, if she had a girl to be born. He did not
agree, he was against it, so we never had anything Orthodox in our house.
Mom kept the only cross, she hid it, and father found it and crushed it all with
an axe (from the interview with 65-year-old woman, Old Tyaberdino village,
Kaibitsky district).
My brother's wife forced the children to fast, hung icons, and even drove him
to baptize being drunk. Then he threw out everything related to Orthodoxy,
burned icons and buried Orthodox books. But it was all bad. He and his son
died in a car accident. Probably, everything does not happen in vain and you
have to pay for all your actions (interview, woman, 65 years old, Old
Tyaberdino village, Kaibitsky district).
During the Soviet era, it was not customary to talk about their confessions. The
Kryashens are pagans and were completely silent so that no one would find out about them,
condemn and force them to be baptized.
“The Pope hid his faith because he was afraid that he would be baptized” (from the
interview with 65-year-old woman, Old Tyaberdino village, Kaibitsky district).
The Kryashen pagans still have their cults and places of worship. One of the most
significant is the old sacred oak, where all believers in pagan gods come to worship the oak and
ask for help. A temple has been preserved - a cult place of pagans for various rituals in a clearing
near an oak. Not only local residents (pagan Kryashens) come there, but also the adherents of
pagan beliefs come from neighboring regions.
Tatyana Alekseevna TITOVA; Kseniya Jurievna KHUSNUTDINOVA; Elena Valeryevna FROLOVA and Elena Gennadyevna GUSHCHINA
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In 1999, when I started to build a new house, I sacrificed a rooster (әtәch
tubәgә). It is customary to do this through the male line. I asked the gods for
the construction blessings and built it. The Chuvash often go to this oak tree,
maybe they make sacrifices - I don't know, but they are more religious than
we are (from the interview with 57-year-old man, Staraye Tyaberdino village,
Kaibitsky district)
Not far from the sacred oak, there is an old pagan cemetery of its own, where all the
descendants of this local group are buried. There is a following sign at the entrance to the
cemetery:
To you - our ancestors,
To you who died heroically for the faith of the Fathers,
To you - who kept the traditions of the hoary antiquity,
To the mortals - who saw the death of the immortal Gods,
Forever Glory to those who went into the Golden Svarga after them!
The cemetery is not large, basically all burials of the middle of the 20th century and
many graves are without fences. There are no crosses in the cemetery, and there are tombstones
made of granite or stone instead of crosses, and before their installation they put a wooden
board with the information about the deceased. This cemetery has a tombstone with Arabic
characters, which has not been dated or attributed yet. According to the legends, there are
hidden jewels there with buried ancestors.
At present, many traditions and rituals have been lost for various reasons, the differences
in funeral and memorial rites preserved most well. The deceased is buried in a coffin without a
prayer and with certain music, with his head to the sun - facing east, thus, the monument was
placed in the place where the head is located, when the Orthodox have a cross (a tombstone) at
their feet. After death, it was customary to light candles, which they made themselves from
wax. The commemoration was celebrated on the third, ninth and fortieth days, which also
characterizes the Christian tradition.
“We lit candles like the Orthodox, but we made them ourselves - from wax” (from the
interview with 65-year-old woman, Old Tyaberdino village, Kaibitsky district).
“There is no funeral service, there are no such differences. A person is not left alone in
a coffin. Candles burn with no prayer. Nobody prays at the grave. The pagan faith is very logical
in this regard, we are not touched, and we do not touch anyone” (from the interview with 57-
year-old man, Staraye Tyaberdino village, Kaibitsky district).
The festive culture of the Kryashen pagans differs little from the Orthodox Kryashens.
At present, the following calendar holidays are celebrated especially by unbaptized Kryashens
Education and politics in Kryasheny pagans: Case study of old Tyaberdino village, the republic of Tatarstan
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- Easter, Peter's Day (Pitrau), Trinity, Maslenitsa, and Semik (KHUSNUTDINOVA et al.,
2017).
“Semik is a pagan holiday. We go to the cemetery on Saturday during Semik, other
villages visit it on Thursday. Many people stoked the bathhouse in the evening, and we started
to stoke it in the morning to go to the cemetery clean” (from the interview with 65-year-old
woman, Old Tyaberdino village, Kaibitsky district).
These holiday traditions are of great importance for the Kryashen pagans, because many
have their origins in ancient pagan cults.
Thus, the traditional culture of the Kryashens-pagans has much in common with the
Kryashens, however, a number of features have survived and continue to be observed, namely
the worship of pagan gods, which fundamentally distinguishes them from the Orthodox
Kryashens.
The study of the ethnic group of the Kryashen pagans was presented in the works of
both pre-revolutionary and Soviet researchers.
In the pre-revolutionary literature, special studies of the Molkeevsky Kryashens are
associated with the re-Islamization of the baptized Tatars, which A. Galbansky carried out,
making missionary visits and making important reports on them. The missionaries N. I.
Ilminsky, M. A. Mashanov, E. A. Malov, whose works introduce not only the customs and
rituals of the Kryashens, but also their religious beliefs, also studied the life and culture of the
Kryashens of that period. However, none of them considered the culture of the Kryashen pagans
in detail.
During the Soviet period N. I. Vorobyov was one of the first scholars to study the origin
of the Kryashens thoroughly. He raised questions about the ethnogenesis problems of the
Turkic-speaking ethnic groups of the Volga region. According to N. I. Vorobyov, the Kryashens
preserved their ancient way of life almost entirely and can, to a certain extent, serve as an
example of the way of life that the Tatar people had before the Russian conquest. Vorobyov
classifies the Kryashens as a group “isolated from their own people through baptism”
(VOROBIEV, 1929). He sees the reason for the differences between the Tatars and the
Kryashens, both in their different origins, and in the various cultural influences under which
these groups were for more than three centuries (BARTH, 1989).
At the present stage, the ethnic identity of the Kryashens is growing, the ethnocultural
Kryashen movement is reviving. In the collection of articles "Molkeevsky Kryashens" D. M.
Iskhakov (1993) covers various aspects of the history of traditional culture of the Molkeevsky
Kryashens, their dwellings, traditional costume, mythology and folklore, song traditions, ritual
Tatyana Alekseevna TITOVA; Kseniya Jurievna KHUSNUTDINOVA; Elena Valeryevna FROLOVA and Elena Gennadyevna GUSHCHINA
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cycles, and dialect peculiarities. The works of the Kryashen leaders also occupy a special place.
G. M. Makarov (2001) is the author of various Kryashen song collections, as well as one of the
prominent figures in the study of Kryashens and Kryashen culture, who considers ethnocultural
processes, as well as linguistic components of the language. The head of the executive
committee of the board of the republican public organization of the Kryashens of Tatarstan, L.
D. Belousova publishes interesting facts and information from the life of the Kryashen pagans
on the pages of the Tuganailar newspaper. However, the pagan Kryashens remain a poorly
studied ethnic group.
Summary
The culture of the Kryashen-pagans of Staroye Tyaberdino village, the Kaibitsky region,
the Republic of Tatarstan is quite exceptional and unique.
However, a significant layer of the traditional culture of the Kryashen-pagans was
erased during the Soviet era, and the Orthodox Kryashen environment had a great influence on
this living with the Kryashen-pagans on the same territory (TITOVA, 2016). Christian rituals
performed by neighbors became an integral part of the spiritual life of the Kryashen pagans and
were reflected in the celebration of traditional Christian holidays. Despite this, a few
representatives of unbaptized Kryashens continue to preserve customs, rituals and traditions,
sacredly believe and worship pagan gods, performing pagan cults. These phenomena occur,
firstly, as a tribute of respect and reverence to their ancestors, primarily men, because it was
forbidden to accept Orthodoxy along the male line, rather than women. Secondly, the
borderland with the Chuvash Republic contributed to the conclusion of marriages between the
Kryashens pagans - pagans and Chuvash -, which helped, albeit in part, the pagan culture.
The considered pagan rites of the unbaptized Kryashens, told by the informants, are very
interesting, although many of them are almost not carried out anymore. Currently, some of the
most pronounced pagan traditions are still in use: the worship of the sacred oak, as well as
funeral and memorial rites associated with their own production of candles, and certain funeral
rituals in their own pagan cemetery.
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Conclusions
Having studied the historiography of the issue under consideration, one can come to the
conclusion that, despite the study of the Kryashens by various authors, there are few works
about the “Kryashens-pagans”, some of them are even fragmentary.
In the context of world globalization, when the interaction of neighboring peoples has a
strong influence on each other, it is becoming more and more difficult to preserve identity for
small local representatives of one or another ethnic group (TITOVA et al., 2019). It should be
noted that at present the ancient pagan traditions and rituals have been lost for various reasons.
The festive tradition of the Kryashen pagans almost does not differ from the Orthodox
Kryashens, they celebrate the same holidays. However, pagan Kryashens still use special
funeral and memorial rites. Besides, it is strictly forbidden to accept Orthodoxy through the
male line, however among the Kryashen pagans, but there are concessions on the female line.
ACKNOWLEDGEMENTS: The work is performed according to the Russian Government
Program of Competitive Growth of Kazan Federal University.
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How to reference this article
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