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Curso de pedagogia a distância: Reverberações e desdobramentos para a formação inicial do professor
RPGE
– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022156, 2022 ISSN: 1519-9029
DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.17587
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CURSO DE PEDAGOGIA A DISTÂNCIA: REVERBERAÇÕES E
DESDOBRAMENTOS PARA A FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR
CURSO DE PEDAGOGÍA A DISTANCIA: REPERCUSIONES Y RESULTADOS PARA
LA FORMACIÓN INICIAL DEL DOCENTE
DISTANCE PEDAGOGY COURSE: REVERBERATIONS AND OUTCOMES FOR
INITIAL TEACHER FORMATION
Yuna Lélis Beleza LOPES
1
Noeli Prestes Padilha RIVAS
2
Cristina Cinto Araújo PEDROSO
3
RESUMO
: Organizado como um ensaio, este artigo tem como objetivo analisar implicações
da educação a distância (EaD) na formação de pedagogos, tendo como referência as políticas
oficiais. Se situa na linha de pesquisa “Políticas Curriculares para a formação de professores:
Educação Superior e Cursos de Licenciatura”. A discussão se desenvolve fundamentada na
perspectiva dialética-histórica, contextualizada e situada, entendendo que as contradições se
explicitam no movimento histórico. O estudo de natureza bibliográfica tem como principais
objetos de análise as concepções, teorias e normativas que na atualidade regulam os cursos de
Pedagogia propostos na modalidade a distância. A análise desse material evidencia o jogo das
forças que atuam no tecido social que está condicionado pelos contextos econômico, social,
cultural e político. Além disso, mostra que o discurso de democratização do acesso ao ensino
superior tem fortalecido as políticas públicas alinhadas à educação a distância sem que ocorra,
no entanto, o debate das contradições e das suas implicações para a qualidade da formação
dos professores e da educação. Assim, este texto debate as reverberações e desdobramentos da
formação inicial do pedagogo/professor a distância, com o intuito de desmistificar a ideia de
que essa modalidade promove a democratização do ensino superior para as camadas
populares tendo em vista seu processo laboral.
PALAVRAS-CHAVE
: Curso de pedagogia. Profissão professor. Educação a distância.
Discursos de democratização. Precarização.
RESUMEN
: Organizado como un ensayo, este artículo tiene como objetivo analizar las
implicaciones de la educación a distancia (EaD) en la formación de pedagogos, con
referencia a las políticas oficiales. Se ubica en la línea de investigación “Políticas
Curriculares para la formación docente: Educación Superior y Carreras”. La discusión se
1
Universidade de São Paulo (USP), Ribeirão Preto – SP – Brasil. Doutoranda, Programa de Pós-Graduação em
Educação/Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-
6782-9751. E-mail: yuna.lopes@usp.br
2
Universidade de São Paulo (USP), Ribeirão Preto – SP – Brasil. Professora Associada, Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Ribeirão Preto/Departamento de Educação, Informação e Comunicação. ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-9990-6640. E-mail: noerivas@ffclro.usp.br
3
Universidade de São Paulo (USP), Ribeirão Preto – SP – Brasil. Professora Doutora, Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Ribeirão Preto/Departamento de Educação, Informação e Comunicação. ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-8687-6497. E-mail: cpedroso@ffclrp.usp.br
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Yuna Lélis Beleza LOPES; Noeli Prestes Padilha RIVAS e Cristina Cinto Araújo PEDROSO
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desarrolla a partir de la perspectiva dialéctico-histórica, contextualizada y situada,
entendiendo que las contradicciones se explicitan en el movimiento histórico. El estudio de
carácter bibliográfico tiene como principales objetos de análisis las concepciones, teorías y
normas que actualmente regulan los cursos de Pedagogía propuestos en la modalidad a
distancia. El análisis de este material destaca el juego de fuerzas que actúan en el tejido
social que está condicionado por los contextos económico, social, cultural y político. Además,
muestra que el discurso de democratización del acceso a la educación superior ha fortalecido
políticas públicas alineadas con la educación a distancia sin, sin embargo, el debate de las
contradicciones y sus implicaciones para la calidad de la formación y educación docente.
Así, este texto discute las repercusiones y desarrollos de la formación inicial del
pedagogo/profesor a distancia, con el objetivo de desmitificar la idea de que esta modalidad
promueve la democratización de la educación superior para las capas populares frente a su
proceso de trabajo.
PALABRAS CLAVE
: Curso de pedagogía. Profesor de profesión. Educación a distancia.
Discursos de democratización. Precariedad.
ABSTRACT
: Organized as an essay, this article aims to analyze implications of distance
education in the formation of pedagogues, with reference to official policies. It is located in
the line of research “Curricular Policies for teacher formation: Higher Education and
Teaching Degree Courses”. The discussion develops based on the dialectic-historical
perspective, contextualized and situated, understanding that the contradictions are made
explicit in the historical movement. The study of a bibliographic nature has as its main
objects of analysis the conceptions, theories and norms that currently regulate the Pedagogy
courses proposed in the distance modality. The analysis of this material highlights the game
of forces that act in the social fabric that is conditioned by the economic, social, cultural and
political contexts. In addition, it shows that the discourse of democratization of access to
higher education has strengthened public policies aligned with distance education without,
however, the debate of contradictions and their implications for the quality of teacher
formation and education. Thus, this text discusses the reverberations and developments of the
initial education of the pedagogue/distance teacher, with the aim of demystifying the idea that
this modality promotes the democratization of higher education for the popular layers in view
of their labor process.
KEYWORDS
: Pedagogy course. Profession teacher. Distance education. Democratization
discourses. Precarization.
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Introdução
O presente texto aborda reflexões no âmbito de uma pesquisa de doutorado
4
que tem
por objeto a análise da Universidade Pública Virtual do Estado de São Paulo (UNIVESP),
enquanto instituição que oferta cursos no campo da formação de professores. De maneira
específica, este texto, organizado como um ensaio, discute as implicações da educação a
distância (EaD) na formação de pedagogos, principalmente no que se refere às políticas de
formação. Se situa, também, na linha de pesquisa “Políticas Curriculares para a formação de
professores: Educação Superior e Cursos de Licenciatura”, do Grupo de Estudos e Pesquisas
em Formação de Professores e Currículo (GEPEFOR). O eixo condutor da discussão é a
perspectiva dialética - histórica, contextualizada e situada – no entendimento de que as
contradições se explicitam no movimento histórico. Desenvolver pesquisa que envolva o
curso de Pedagogia a distância no Brasil requer compreender seu processo histórico e os
fatores que interferem na “formação para a profissão” (NÓVOA; ALVIM, 2022, p. 64).
Ao delimitar nexos estabelecidos em torno da formação inicial docente pela
modalidade a distância, é possível identificar o jogo das forças que atuam no tecido social,
visto que este é condicionado pelos contextos econômico, social, cultural e político. Nesse
sentido, este debate se insere na disputa de elementos do processo formativo dos futuros
professores, em especial no campo político. Questiona-se a respeito de como ocorre o
processo formativo dos estudantes de pedagogia a distância e quais as implicações em torno
da atuação dos sujeitos envolvidos nessa modalidade de formação (tutor virtual,
docente/autor).
A aparente familiaridade com a modalidade a distância faz com que ela se naturalize.
Quando se discute a EaD tão somente pela via da democratização e acesso ao ensino superior,
amplia-se, mediante o discurso de acessibilidade, o mercado de diplomas e aparta-se de
questões fundantes que devem estar articuladas à formação inicial de professores, tais como:
modelo pedagógico, relação entre os envolvidos no processo ensino-aprendizagem, papel do
professor e do tutor, projeto de estágio supervisionado, presença da pesquisa como eixo
formativo (inerente à especificidade pedagógica da profissão), conteúdo selecionado para a
4
Discussão teórica que delineia as políticas de formação de professores articuladas ao fomento da oferta de
cursos via modalidade a distância (setores público e privado), no que concerne ao processo formativo de futuros
profissionais formados a distância (ZUIN, 2006). Pesquisa realizada com apoio da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES/DS) e aprovada pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
(CEP/FFCLRP/USP). Certificado de Apresentação de Apreciação Ética - CAAE: 46099821.3.0000.5407. A
pesquisa se situa na linha “Políticas Curriculares para a formação de professores: Educação Superior e Cursos de
Licenciatura”, do Grupo de Estudos e Pesquisa em Formação de professores e Currículo (GEPEFOR).
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formação, estratégias didáticas empregadas no desenvolvimento dos cursos, função dos
mediadores do processo pedagógico, altos índices de evasão, sistema de avaliação do
processo ensino-aprendizado, estrutura de apoio presencial, dentre outros aspectos.
Para que se adentre nesta seara polêmica, faz-se necessário discorrer, brevemente, a
respeito das narrativas que envolvem a EaD
5
. O discurso hipnótico
6
e naturalizado de
democratização pela via da modalidade a distância acarreta capilaridade e um verniz
legitimador e acrítico para a EaD, assim como impulsiona para a expansão
7
vertiginosa desta
modalidade (prioritariamente para a formação docente). Há um véu de opacidade no discurso
economicista que oculta o debate estrutural das desigualdades sociais. Evidenciar os
equívocos e implicações do não dito como, por exemplo, dados de evasão, discrepância
formativa, ausência de formação política, torna-se necessário. Ademais, será que a população
brasileira tem direito à democratização do acesso ao ensino superior apenas se for para ser
pedagogo/professor?
A EaD também tem sido justificada em termos de diminuição das distâncias
geográficas entre os estudantes e as instituições de ensino superior, considerando a extensão
territorial do Brasil (por meio do uso das tecnologias digitais,
internet
) e pela flexibilidade do
tempo para estudar. Na perspectiva neoliberal, a modalidade a distância é concebida como
política afirmativa, compensatória
8
, inclusiva (permeada pelo discurso de oportunidade de
acesso ao ensino superior à populações que não teriam oportunidade sem essa modalidade),
portanto, sem reflexões que apontem as reverberações e desdobramentos da formação inicial a
distância.
Em relação à EaD ser política compensatória, Helene (2012) desenvolve a questão ao
afirmar que formar professores por meio desta modalidade poderá comprometer duas
gerações: a dos próprios professores formados e a de seus alunos. O autor ressalva:
5
A partir do que Fétizon e Minto (2007) argumentam, corroborado por Dourado (2008); Mendes (2011) e Preti
(2011), o presente trabalho concorda com o dilema do uso indistinto entre educação e ensino – tratados como
sinônimos. Ensino representa instrução e, educação, possui um sentido mais amplo. Entretanto, no decorrer deste
estudo, adota-se a expressão educação a distância (EaD) considerando que é a utilizada nas normativas e para
evitar confusão interpretativa.
6
Giolo (2008) sugere que as implicações em torno da EaD sejam pensadas: “São bem conhecidos os argumentos
dos que defendem a expansão ilimitada da educação a distância e, há que se reconhecer, alguns são bem
convincentes. Entretanto, já é hora de laborar com objetividade, face ao acúmulo significativo de informações
que permitem análises menos acaloradas e mais consequentes” (p. 1227).
7
A EaD, no Brasil, inicia sua expansão pelo setor público (por meio da Universidade Aberta do Brasil – UAB),
legitimando as políticas oficiais. Porém há uma inversão no início dos anos 2000 em que a sua oferta passa a ser
massivamente pelo setor privado, visando a certificação em larga escala (AMORIM, 2021; DOURADO, 2008;
EVANGELISTA; SEKI; SOUZA, 2019; GIOLO, 2008; MENDES, 2011; NOVAES; OKUMURA, 2021;
SANTOS, 2018; SHIROMA
et al
., 2017; SOUZA, 2017; ZANARDINI, 2019).
8
É legítima a preocupação com o ingresso das camadas menos favorecidas economicamente à universidade,
porém é preciso analisar se o crescimento da oferta do EAD no Brasil segue o pressuposto do atendimento às
regiões menos providas de ensino superior (MENDES, 2011, p. 8).
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Não é preciso ser um especialista em Brasil para perceber que o EaD é
destinado aos mais pobres e cujos filhos terão professores formados,
também, a distância. Com certeza, não é isso que queremos. Tendo deixado
o EaD aparecer nessa quantidade, descontroladamente e quase totalmente
dominado pelo setor privado mercantil, passamos a ter mais uma tarefa pela
frente: lutar para reverter essa situação. E cabem algumas perguntas finais.
Por que os órgãos responsáveis permitiram que o EaD atingisse as enormes
proporções que atingiram? Por que governos legitimam o EaD da forma que
fazem? (HELENE, 2012, [n.d.]).
A massificação do ensino superior, via modalidade a distância, para corrigir o
processo de exclusão dos setores mais pobres da educação superior, escamoteia questões
estruturais no âmbito social, político, econômico, cultural e educacional.
Ainda, há o argumento de que a modalidade a distância alcançaria os rincões do país.
Esta afirmativa é refutada por diversos autores (ADUSP, 2010; AMORIM, 2021; GIOLO,
2008; MANDELI, 2017; MENDES, 2011). Giolo (2008) afirma que a distribuição da
população não tem relação direta com a necessidade de um sistema EaD. Se tivesse, seria
necessária uma melhor distribuição para as regiões Norte e Centro-Oeste, tendo em vista que
“as distâncias, em princípio, exigiriam maior presença de educação a distância” (GIOLO,
2008, p. 1222). Nessa direção, Malanchen (2020; 2015) corrobora:
Em casos como das Regiões Norte e Centro-Oeste, tal alegação até poderia
ser aceita, porém observamos que as políticas do governo federal de
implementação da EaD não estão direcionadas somente para essas regiões,
mas abrangem território nacional, até mesmo as regiões consideradas
desenvolvidas economicamente, como Sul e Sudeste. Podemos estão
concluir que esse argumento não apresenta muita solidez no caso das
políticas de EaD que vêm sendo implementadas no Brasil (MALANCHEN,
2020, p. 40).
[...] se uma das justificativas do MEC para implantar a EaD é a de que ela
deve servir para alcançar populações prejudicadas geograficamente, por que,
então, foram autorizadas tantas vagas [pela UAB] em regiões consideradas
as mais desenvolvidas do país? [como a Sudeste] (MALANCHEN, 2015, p.
176, grifo nosso).
Verifica-se, diante dos argumentos dos autores supracitados, que a oferta de EaD,
incoerentemente justificada pela extensão geográfica do Brasil, concentra-se em regiões mais
desenvolvidas. Salata (2018), ao verificar que, nas últimas duas décadas, houve redução das
desigualdades de acesso ao ensino superior no Brasil (em decorrência do processo de
expansão e de políticas públicas ocorrido nos governos progressistas), salienta que a expansão
não leva, necessariamente, à democratização da barreira de acesso a este nível de ensino.
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Se reconhece que a EaD é minimamente justificável na hipótese de oferecer
oportunidade de ingresso no ensino superior público em regiões em que não há vagas nos
cursos presenciais. Contudo, Fétizon e Minto (2007, p. 5) ressalvam que, mesmo assim, “cabe
lembrar que qualquer eventual adoção do EaD deve estar acompanhada de um planejamento
educacional efetivo, de forma a prevenir que a falta de vagas em cursos presenciais, ou sua
insuficiência, continuem a acontecer”. Ou seja, a alternativa de oferta pela modalidade a
distância deve ser temporária.
Enquanto a modalidade presencial cresce de modo contínuo, tímido e estável, a
modalidade a distância cresce de modo célere e vertiginosamente. Em relação à formação do
pedagogo, Amorim (2021) assevera que, na atualidade, a modalidade a distância é
responsável pela formação da maior parte dos pedagogos e professores no país, haja vista que
a graduação em Pedagogia (EaD) representa 60% dos cursos da área da Educação. A Sinopse
Estatística da Educação Superior 2020 (INEP, 2022) corrobora com os dados. Das 994.274
matrículas em EaD na área da Educação, 595.194 são no curso de Pedagogia a distância
(59,8%). Daí decorre uma das necessidades de se refletir sobre a formação inicial em EaD dos
pedagogos.
Os anos de 1990 caracterizam a década das reformas do Estado, as quais corroboraram
políticas neoliberais articuladas às demandas do capital e de reestruturação produtiva, criando
condições objetivas para o crescimento da modalidade a distância no Brasil, mediante
segurança jurídica das normativas que impulsionam a sua oferta. Portanto, a EaD se apresenta
como política preferencial na formação de professores (AMORIM, 2021) no que se refere ao
incentivo por meio das legislações e diretrizes de cunho neoliberal que orientam as reformas
educacionais nessa área nas últimas décadas.
Malanchen e Duarte (2018) explicam que o reordenamento das relações sociais sob a
égide da globalização da economia (resultado da política neoliberal) redimensiona o papel do
Estado, “redireciona as políticas sociais empreendidas por este e, consequentemente,
rearticula o papel social da educação” (MALANCHEN; DUARTE, 2018, p. 25). Tais autores
ainda relatam que o governo brasileiro, desde a década de 1990 “vem colocando em prática as
diretrizes dos OI [organismos internacionais] para o campo educacional, em especial as do
BM [Banco Mundial], que defendem a capacitação prioritariamente em serviço, em
detrimento da formação inicial” (p. 25, destaques nosso). Decker (2017) realça que o Banco
Mundial, em seus relatórios, desqualifica sumariamente a formação de professores e
desaconselha o investimento na formação inicial presencial para este profissional, pois o
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consideram tarefeiro e tecnicista (contexto de atrelamento ao mercado). Shiroma, Campos e
Garcia (2005, p. 430) evidenciam que os organismos multilaterais:
[...] por meio de seus documentos não apenas prescreviam as orientações a
serem adotadas, mas também produziam o discurso ‘justificador’ das
reformas que, preparadas em outros contextos, necessitavam erigir
consensos locais para sua implementação.
Embora a modalidade a distância possa ter sido incentivada, inicialmente, com
intenções generosas, ao longo da história, foi apropriada como bem mercadejável
(EVANGELISTA, 2013; EVANGELISTA; SEKI, 2017; EVANGELISTA; SEKI; SOUZA,
2019). É consenso entre os intelectuais
9
que as políticas educacionais no Brasil foram
influenciadas pela pauta neoliberal por meio das diretrizes
10
de organismos internacionais
(OI) e multilaterais (OM
11
), desde o início da anos 1990, formalizada pela Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDBEN n.º 9.394/1996) (BRASIL, 1996). Esta normativa
legitima as reformas do Estado brasileiro e, também se constitui em marco cronológico inicial
da EaD sendo o primeiro documento que regulariza tal modalidade (Artigos 80 e 87).
Malanchen (2015) argumenta que o papel do MEC, além de vincular a produção de
legislação específica para a modalidade a distância, amplia o fomento e implementação em
números elevados de cursos a distância, em detrimento da oferta de cursos públicos e
presenciais – sob justificativas questionáveis, tais como: ineficiência da modalidade de oferta
presencial para a formação inicial; democratização do acesso ao ensino superior para
“garantir” oportunidade aos desfavorecidos assim como àqueles afastados geograficamente
dos centros urbanos de formação.
As políticas educacionais implementadas pelo Estado a partir da reforma neoliberal na
década de 1990 (AMORIM, 2021), representam os interesses de grupos hegemônicos em que
redimensionam as relações de trabalho por meio das determinações de reestruturação
produtiva do capital e, no que concerne ao perfil do professor, este é reconfigurado com vistas
a atender às demandas do mercado.
Um discurso ideológico perpassa esses organismos, ou seja, de convencimento. Ball
(2006) discorre que as políticas, normalmente, não orientam de modo objetivo a respeito do
que fazer, mas produzem “[...] circunstâncias nas quais o espectro de opções disponíveis sobre
9
Amorim (2021); Decker (2017); Evangelista; Triches (2012); Freitas (2007).
10
Sabe-se que as orientações não são iguais para todos os países haja vista as especificidades de cada um, mas
esta realidade existe (EVANGELISTA; SEKI; SOUZA, 2019; MALANCHEN, 2015; PRETI, 2011).
11
Banco Mundial (BM), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO),
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD), entre outros.
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o que fazer é reduzido ou modificado ou nas quais metas particulares ou efeitos são
estabelecidos” (p. 26). Esse autor frisa que outras perspectivas precisam contrapor ou
balancear esse
modus operandi
do Estado e da indução das políticas mediante organismos
internacionais.
O atual Decreto nº 9.057/2017 enseja que as instituições de ensino superior do setor
privado ofertem cursos a distância, mesmo que estes não existam na instituição pela
modalidade presencial. Com a Portaria nº 1.428/2018, descortina-se a possibilidade da
ampliação da carga horária concedida a distância de 20% para 40% (mediante alguns
critérios). A Portaria nº 2.117/2019, em seu artigo 2º, define que as instituições “poderão
introduzir a oferta de carga horária na modalidade de EaD na
organização pedagógica e
curricular de seus cursos
de graduação presenciais, até o limite
de 40% da carga horária
total do curso
[e não somente de disciplinas]” (BRASIL, 2019, p. 1, grifo nosso). Pelas
normativas vigentes evidencia-se a preferência pela oferta de cursos a distância, em especial
de formação docente.
Partindo do pressuposto de que a pesquisa constitui base emancipatória (DEMO,
2006), avalia-se que a atividade de pesquisa deve ser categoria e princípio formativo do
pedagogo, ou seja, “[...] a pesquisa pode ser o espaço do exercício do pensamento dialético”
(PEDROSO; PINTO, 2019, p. 176). No tocante à valorização do olhar investigativo, Pedroso
et al.
(2019, p. 47) defendem que deve ser a base formativa do curso de Pedagogia visto que,
“como produção de conhecimentos, contribui para a formação de um a atitude política de
pensar a
práxis
e transformá-la”. Essa lente exploradora amplia as possibilidades de
transformação.
Outro aspecto principiador da formação é o estágio supervisionado obrigatório do
curso de Pedagogia. Existe um formato diferenciado para a modalidade a distância? Sustenta-
se na afirmativa de Chauí (2016, p. 257), ao indicar que “O professor de natação não pode
ensinar o aluno a nadar na areia fazendo-o imitar seus gestos, mas leva-o a lançar-se n’água
em sua companhia para que aprenda a nadar lutando contra as ondas [...]”. Somente a imersão
presencial nos espaços formativos (com mediação entre campo de estágio e universidade) que
o futuro professor aprenderá a “nadar”.
Entretanto, apesar de ser coerente pensar que a instituição garante controle de
qualidade por ter uma lista de escolas-campo que propiciem o estágio, coloca-se aqui em
questão como ocorre a seleção das aludidas escolas (quem delibera quais serão, quem
acompanha), visto que há um contrato de convênio com uma escola supostamente bem
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selecionada também não garante “qualidade”, haja vista a importância da mediação da
vivência do estágio pelo licenciando por parte dos envolvidos no curso (e na escola-campo).
Como exposto, a concepção de democratização articulada à EaD tem direcionado as
políticas de formação de professores para a modalidade em questão, embora sem aprofundar
aspectos formativos concernentes às concepções, modelo pedagógico, estágio supervisionado
etc. Perde-se de vista o debate de questões fundantes a respeito dos aspectos mencionados,
essenciais ao exercício profissional crítico.
Um dos elementos para o debate a respeito do curso de Pedagogia a distância, diz
respeito à problematização dos saberes específicos da docência e sua relação com outros
saberes são sistematizados mediante a fragmentação do trabalho do professor formador, uma
vez que existem diversos atores que perpassam o ambiente virtual de aprendizagem (AVA),
como o tutor, o mediador, dentre outros. Focaliza-se, neste momento, a atuação do professor
conteudista e do tutor, quanto aos aspectos formativos, organização do trabalho pedagógico e
reflexão.
No que se refere à mediação tecnológica para o desenvolvimento do processo
educacional/formativo dos profissionais da área da educação, parte-se da premissa de que tais
mediações são produtos do trabalho humano (ZUIN, 2006). Este autor, mediante análise a
respeito da Universidade Aberta do Brasil (UAB), problematiza: educação a distância ou
educação distante? (texto em que relata sobre a distância simbólica na relação pedagógica), e
expõe que “a mera utilização dos recursos audiovisuais [ou de AVAs] mais refinados não
significa, aprioristicamente, que as pessoas se comunicam” (ZUIN, 2006, p. 941, grifo nosso).
Sendo assim, não se deve confundir tecnologia com proximidade humana e convívio mútuo.
Zuin (2006, p. 941, grifo nosso) avalia, ainda, que a expressão virtual acarreta um “fetiche de
que a comunicação secundária, ou seja, a comunicação mediada pelos aparelhos técnicos
[tecnológicos, que promovam a virtualidade], torna-se hegemônica em relação à primária,
empreendida presencialmente”.
Em relação à comunicação na modalidade a distância, Preti (2011, p. 67) discorre que
a EaD “é ‘mediatizada’ por um conjunto de recursos didáticos e suportes tecnológicos e
‘diferida no tempo’ (os momentos da produção e da coprodução ocorrem em tempos
diferentes)”, o que pode trazer implicações, por parte dos estudantes, em interpretações
equivocadas, bem como o emprego incorreto de conceitos fundantes em sua formação inicial.
Neder (2005, p. 189) aborda a questão por meio da ótica da mediação de textos (ou vídeos),
dado que pensar o processo de comunicação, “na perspectiva da relação comunicacional,
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portanto de comunicação interativa ou multidirecional, é imprescindível para qualquer
modalidade educativa, sobretudo quando essa modalidade é a EaD”.
Embora o AVA tenha a potencialidade dos recursos pedagógicos, é necessário frisar
que, sem intencionalidade e mediação humana, se torna ineficiente e ineficaz. Muito mais do
que recorrer à mediatização tecnológica, é a relação humana, o encontro com o outro que
possibilita ambiência de aprendizagem. A respeito da interação presencial e o processo
educacional, Fétizon e Minto (2007, p. 14) elucidam que esse processo:
[...] é permeado pelo brilho-opacidade dos olhares, pela ginga dos que
buscam, pelo sorriso maroto dos que encontram, pela fruição individual e
coletiva do apreendido, resultando na aquisição, pelos estudantes, de
autonomia para formular leituras de mundo e atuar como sujeitos históricos,
e, pelos professores, de efetivação do seu compromisso profissional, mas
também humano. Tal dimensão é intrínseca ao ensino presencial e estaria
descartada no EaD, assim como, em tese, também estariam sendo
descartados os próprios professores.
A modalidade a distância naturaliza o acesso para estudantes da classe trabalhadora.
Contudo, defender a EaD para o estudante trabalhador é privá-lo de vivenciar um ambiente
universitário e manter o discurso de que o trabalhador
12
até pode estudar, desde que fora de
seu horário de trabalho (a narrativa de flexibilização de tempo e espaço tem servido para
cooptar). Giolo (2008, p. 1211) versa sobre a ambiência universitária e a presencialidade da
sala de aula, defendendo que “a formação de professores deve ser realizada em sala de aula,
lócus
que condensa a cultura do ensinar e do aprender e é constituído por relações humanas
indispensáveis para a prática docente”. Para o autor, a formação é constituída por relações
humanas:
A atividade docente, na sua já longa trajetória, construiu uma cultura e uma
malha institucional onde ela se dá: o seu
habitat
. A escola, a academia, a
universidade foram concebidas e constituídas como espaços e tempos
específicos para o exercício do ensinar e do aprender. [...] Estes espaços são
de socialização, de vida política, de confluência de muitas expectativas.
Considerar que esse lócus pode ser desprezado como parte fundamental da
formação dos jovens, especialmente dos que pretendem se preparar para a
atividade docente, é um erro colossal. Os intercâmbios virtuais são, sem
dúvida, importantes, assim como o aprendizado (aquisição de
conhecimentos) orientado a distância pode ser bem-sucedido e é importante.
Contudo,
o que está em pauta, quando se trata de cursos de formação de
professores a distância, não é exatamente a formação de professores
para a docência a distância, mas para a docência presencial
. Os
pedagogos irão enfrentar uma turma de alunos, vivos e presentes, reunidos
12
Geralmente, a expectativa do estudante da EaD (modalidade voltada para a formação do grande contingente da
classe trabalhadora) é a de conciliar os estudos com outras atividades pessoais e/ou profissionais. O que é
legítimo. Mas torna-se necessário não naturalizar essa conciliação.
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numa escola, e, nesse ambiente, não serão exigidos apenas os conhecimentos
adquiridos, mas um conjunto de saberes e habilidades (método adequado,
equilíbrio emocional, comportamento ético, estratégias de domínio de classe,
desinibição, liderança, paciência etc.), coisas que se aprendem nos livros e,
principalmente, na prática da convivência, na experimentação, nas cobranças
mútuas, nos laboratórios, nos seminários, nas palestras, nos debates
temáticos, nas apresentações culturais, nos estágios supervisionados, nas
falas de sala de aula, dos corredores, do restaurante universitário etc.
(GIOLO, 2008, p. 1227, grifo nosso).
Nessa perspectiva, a ambiência universitária, presencialidade da sala de aula, dos
“corredores” da universidade, se constituem espaços de socialização, de vida política e de
debates. É prioritário frisar que os cursos de formação de professores a distância formam para
a docência presencial na Educação Básica, a qual advém de ambientes e presencialidade
física, com relações humanas. Giolo (2008) frisa a incoerência da formação de professores a
distância, que forma profissionais para atuarem na docência presencial (Educação Básica). Na
mesma perspectiva, Zuin (2006) elucida que um dos grandes desafios em relação à
modalidade a distância é o de fornecer condições para que os professores ausentes se tornem
presentes.
Não se pode ser ingênuo a ponto de se acreditar que a presença física do
professor garanta por si só o ensino de boa qualidade, haja vista o fato de
prevalecer, em muitas ocasiões presenciais, o denominado pacto da
mediocridade, no qual o professor finge que ensina e os alunos fingem que
aprendem. Por outro lado, este imperativo categórico do exibir-se, que se
aferra na atual condição ontológica de que ser é ser percebido, deve se
tornar, necessariamente, objeto de crítica dos professores cujas imagens são
filtradas pelos canais de transmissão dos aparelhos eletrônicos envolvidos no
ensino a distância. Na verdade, a
presentificação
do professor se faz,
paradoxalmente, por meio de sua “virtualização”, ou seja, pela possibilidade
de se espicaçar o desenvolvimento de um número cada vez maior de
representações
que estimulem os alunos a questionar os conteúdos
transmitidos, os quais, ao invés de serem absorvidos, podem ser elaborados
criticamente (ZUIN, 2006, p. 948).
Nesse contexto, situando-se em Nóvoa e Alvim (2022, p. 96, grifos nossos), registra-
se a provocação: “Um pássaro não voa dentro de água. Um peixe não nada em terra. Um
professor não se forma nos atuais ambientes universitários [ou formatos acadêmicos
diversificados], nem em ambientes escolares medíocres e desinteressantes”. Os autores
argumentam que a formação inicial docente, por ser uma formação profissional, deve ser
empreendida no espaço universitário, visto que este é o lugar das profissões do conhecimento
(medicina, engenharia, docência, dentre tantas outras). O trabalho docente está impregnado de
intencionalidade e visa formação humana mediante conteúdos, pensamentos e ações,
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implicando escolhas, valores e compromissos éticos. Paradoxalmente, vão se concretizando os
significados da formação docente e como esta se insere no campo da docência, apoiada pelo
paradigma
13
científico pois, uma vez instituído, norteia o campo do ensino e das práticas
pedagógicas.
Na mesma direção, Domingues e Belletati (2019, p. 117) consideram a
práxis
docente
como “ação intencional transformadora, decorrente da reflexão crítico-teórica da prática, no
sentido da humanização”. Para pensar a atuação do professor conteudista (PC) e do tutor,
entende-se ser necessário a compreensão do conceito de docência o qual fundamenta as
reflexões. A Resolução do CNE/CP nº 02/2015, apresenta tal conceito como:
[...] ação educativa e como processo pedagógico intencional e metódico,
envolvendo conhecimentos específicos, interdisciplinares e pedagógicos,
conceitos, princípios e objetivos da formação que se desenvolvem entre
conhecimentos científicos e culturais, nos valores éticos, políticos e estéticos
inerentes ao ensinar e aprender, na socialização e construção de
conhecimentos, no diálogo constante entre diferentes visões de mundo [...]
(BRASIL, 2015).
A docência é um campo de conhecimento específico que a diferencia de outras
profissões. Apoia-se em Pedroso
et al
. (2019, p. 31), no que se refere à conceituação, sendo
uma “atividade que mobiliza diferentes tipos de saberes; entre eles, os conhecimentos e as
metodologias acerca do que será ensinado. [...] conjugação entre os princípios educativos, a
intencionalidade pedagógica e as condições dadas”. Cardoso e Farias (2020), ao se
debruçarem sobre a temática no campo da formação de professores, identificam diferentes
olhares em trabalhos acadêmicos no que se refere ao conceito de docência (constituída de
múltiplas abordagens, conjunturas e perspectivas). “Nas produções examinadas, de maneira
genérica, houve uma percepção reducionista do conceito de docência, delimitada ao seu fazer,
à sua dimensão operacional” (CARDOSO; FARIAS, 2020, p. 409). Os autores sugerem que a
dimensão política é escamoteada das conceituações, relegada a uma dimensão subliminar,
quase alheia à formação de professores.
Também frisam a respeito da relevância da dimensão política no âmbito da formação
de professores e consideram que a ausência deste aspecto político carrega implicações ao
exercício profissional, em que os docentes se distanciam da ação sobre os “tensionamentos
que cercam sua prática e a vida dos seus estudantes, sejam em questões culturais, ambientais,
ou com implicâncias sociais, quiçá até mesmo de questões relacionadas ao ensino e a
aprendizagem” (CARDOSO; FARIAS, 2020, p. 410). Sendo assim, uma perspectiva
13
Corpo teórico dominante durante algum tempo.
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ampliada de docência decorre da aceitação da dimensão política nos modos de compreender e
atuar como professor em que este tem ciência de seu papel como sujeito político. “Tal
alargamento perpassa pela assunção da dimensão política nos modos de compreender e atuar
como docente responsável pela formação de outras(os) docentes” (CARDOSO; FARIAS,
2020, p. 397).
Neder (2012, p. 74) indica que as habilidades didáticas podem ser pensadas sob a
perspectiva em que a “dimensão técnica do fazer docente está aliada à dimensão política,
preparando o professor para tomar decisões no que diz respeito às diretrizes ou aos currículos,
tendo em vista o contexto em que se situa sua ação docente”
.
Na mesma perspectiva, Rios
(2015, p. 647, grifo da autora) argumenta sobre a formação pedagógica e seus saberes
especificamente pedagógicos:
O papel de professor traz para o indivíduo a necessidade de uma
formação
,
um preparo para o desempenho adequado. Ao domínio de conhecimentos
sobre determinada área da realidade, que se converterá no conteúdo do
ensino, junta-se a exigência de domínio de recursos teóricos e metodológicos
para a partilha, a socialização – dos conteúdos. [...] Desse modo, somos
levados a concluir que a essência dos cursos de licenciatura, sendo o preparo
para ensinar, é a
formação pedagógica
.
Cruz (2011, p. 205) ainda argumenta que o curso de Pedagogia, “além de propiciar a
instrumentação pedagógica específica para a docência, precisa favorecer a necessária
formação teórico-prática do pedagogo”, de modo geral. A autora (2011, p. 207) elucida que o
aprofundamento teórico, “pela via das diferentes disciplinas, precisa considerar a educação
como prática social e o trabalho pedagógico e docente como referência primeira da Pedagogia
e, consequentemente, do seu curso”.
A formação de professores implica em saberes específicos, pedagógicos, com
formação política e politizada. É necessário o diálogo entre conhecimentos (de diversas áreas)
para que, no trabalho docente, estes não fiquem fragmentados. Se impõe considerar que a
atividade profissional de todo professor tem uma dupla natureza – a epistemológica e a
pedagógica, isto é, vincula-se a intuitos educativos de formação humana e a processos
metodológicos e organizacionais de transposição e apropriação de conhecimentos e modos de
ação. À medida que o trabalho pedagógico é parcelado (haja vista a atividade que os atores na
EaD desenvolvem), este se fragmenta. Questiona-se a respeito do que configura e qual a
especificidade do trabalho pedagógico, ou seja, o que significa pedagogicamente orientar
estudantes em cursos ofertados a distância. Costa e Zanatta (2014, p. 107) asseveram que “o
trabalho dos profissionais envolvidos no curso a distância exige o conhecimento do projeto
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pedagógico do curso, do material didático e das tecnologias de informação e de comunicação
(TIC) que serão utilizadas”.
Embora favorável à modalidade, Alonso (2005, p. 30) reconhece alguns problemas na
forma de organizar a EaD, como, por exemplo: decomposição do ensino em pequenas tarefas;
ênfase excessiva na autonomia do aluno; padronização do conhecimento e a “parcelarização
do trabalho docente”, os quais se constituem elementos a serem considerados em uma
formação inicial, em especial a de professores. Portanto, evidencia-se a racionalização do
trabalho pedagógico aproximando-o da lógica fabril em que cada trabalhador executa uma
tarefa específica na linha de produção.
As relações de e do trabalho docente também são modificadas na modalidade a
distância. No que se refere às relações “de” trabalho a mudança advém das formas de
contratação – de concursos para programas de bolsas e/ou prestação de serviços (para a
produção de conteúdo, acompanhamento de disciplinas etc.). No que tange às mudanças nas
relações “do” trabalho, estas materializam na divisão da organização do trabalho do professor,
em que o “produto” (conteúdo) não é “executado” pelo trabalhador professor, visto que é o
tutor quem o realiza, ou seja, um pensa e o outro executa. A racionalidade da ação educativa
desumaniza as relações de trabalho e do processo pedagógico. A coisificação do trabalho
perpassa todo o processo pedagógico (seja do professor conteudista ou do tutor), uma vez que
a categoria social de força de trabalho é abstraída dos homens e torna-se mercadoria. Nesse
contexto, Malanchen e Duarte (2018) ao discutirem o papel do professor no direcionamento
do processo educativo a luz da Pedagogia Histórico-Crítica enfatizam que o protagonismo do
professor se evidencia:
[...] na seleção dos objetos culturais (os conteúdos), bem como em seu
planejamento do modo mais adequado, viabilizando as condições práticas
para transmissão e assimilação dos conteúdos pelo aluno, no estabelecimento
de critérios ao selecioná-los e sequenciá-los de modo que de forma
intencional desenvolva nos alunos a capacidade de se apropriarem da cultura
de uma forma geral (MALANCHEN; DUARTE, 2018, p. 20).
Portanto, fragmentar o trabalho docente pode inviabilizar o planejamento em sua
totalidade, uma vez que o professor autor não conhece o seu grupo de estudantes. Ou seja, o
professor até tem autonomia relativa para a seleção de conteúdos, mas desconhece os
interesses, necessidades e dificuldades dos estudantes (detectados pelos tutores em algumas
situações). É imprescindível que os professores conheçam os estudantes, visto que partem de
seus referenciais teóricos para os relacionar com o contexto, com o perfil dos alunos,
objetivos educacionais, da disciplina, dentre outros aspectos. Construir/elaborar/produzir um
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conteúdo desconectado do aluno e de contextos que o envolvem, como ocorre na maioria das
ofertas em EaD, implica em fragmentar e destituir de significado a ação educativa.
Diante do exposto a respeito da tecnificação do trabalho docente, que o desqualifica e,
à medida que racionaliza e fragmenta o seu
modus operandi
, questiona-se a respeito do
professor autor perder sua autonomia profissional haja vista que produz, mas não
necessariamente executa. Este é redator do texto; produtor dos conteúdos; organizador de
situações de aprendizagem (NEDER, 2005). Portanto, tem seu trabalho pulverizado e pontual
para a elaboração de conteúdos, atividades e avaliações (itens juntos ou separados, a depender
do pacote de prestação de serviço). No que se refere ao professor conteudista, Hardagh e
Camas (2017, p. 13) explicitam que:
No modelo hegemônico de EaD o professor conteudista (criador da aula) não
é obrigatoriamente o responsável pela mediação da aula a distância. Podem
ser contratados professores como tutores ou os professores dos cursos
presenciais que assumem turmas a distância, isso ocorre, muitas vezes, sem
qualquer tipo de formação específica para a docência online. A estrutura de
montagem de aulas para cursos EaD criou um novo processo de trabalho, a
práxis
do professor, o processo de criação das aulas, da concepção do Plano
de curso, escolha das bibliografias, das estratégias de aprendizagem,
recursos e avaliação não pertence mais ao professor, ele recebe um pacote
pronto de aulas para as quais tem que aparecer diante do aluno protagonista,
mas de fato, sua participação é de figurante. A função de orientador do
processo de aprendizagem fica comprometida devido ao número de alunos e
ao distanciamento do conteúdo aplicado e da falta de interatividade com os
alunos.
Mediante o discurso do estudante autônomo e protagonista na produção do
conhecimento, se extrai do professor a essencialidade de “ser professor” (de pensar, planejar e
atuar) visto que este se torna elemento que tão somente compõe o cenário da atuação na peça
da aula (a fim de dar mais realidade à cena), uma vez que figurante é decorativo. Sendo assim,
na linha de montagem dos cursos ofertados a distância, o professor conteudista tem uma
função pontual, embora possa estar exercendo a docência em outras instituições de ensino
superior.
Em paralelo à questão em torno do professor conteudista, há uma nova peça que
compõe a engenhosidade da EaD: o tutor virtual. Cardoso e Pereira (2014, p. 70) dividem a
categoria docente em quem produz e quem executa o trabalho, sob a égide do taylorismo e
fordismo
14
.
14
O modelo fordista ainda presente na organização do sistema EaD caracteriza-se por métodos de produção em
massa, força de trabalho segmentada e tarefas fragmentadas.
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Basicamente, os docentes de EaD têm duas funções que podem ser exercidas
por grupos distintos. A primeira refere-se ao planejamento do curso, tratando
da definição da metodologia, do conteúdo, da avaliação e do formato final
do material de estudo e aprendizagem. A segunda é a tutoria, que, durante
todo o processo de ensino e aprendizagem dedica-se à orientação individual
e ao esclarecimento de dúvidas. Ambas as funções apresentam desafios, pois
a atividade docente a distância é mais complexa do que na educação
presencial.
A profissão professor é complexa, independentemente da modalidade de ensino.
Embora os autores discorram a respeito do tutor, partindo do pressuposto de que este seja
docente (formado na área em que atua na tutoria), o que está em questão é a separação do
processo de ensino entre professor que produz o conteúdo e tutor (mediador do conteúdo com
o estudante). Pesce (2007) argumenta que, com o movimento neopragmático no âmbito da
formação de professores e o atendimento massivo por meio da modalidade a distância, surge o
papel do multiplicador (tutor), em detrimento da figura do professor. A autora (2007, p. 1)
alerta que “uma questão pungente é a subserviência de boa parte dos programas de EaD às
políticas educacionais oriundas das orientações de organismos internacionais, cuja
racionalidade ergue-se em meio ao ideário neoliberal”.
Santos, Batista e Santos (2020) contribuem com este assunto, ao mencionarem que a
racionalidade neoliberal consiste em formar um indivíduo que não pense por contradições e
não acesse os conceitos e métodos científicos necessários à leitura, análise, interpretação e
intervenção na realidade. A separação do produtor do conteúdo (de uma disciplina) e de quem
faz a mediação deste com o estudante se insere nessa racionalidade instrumental. Zuin (2006,
p. 947, grifo nosso) aborda o tema, discorrendo a respeito da liquefação da figura do
professor:
[...] que se torna uma espécie de prestador de serviços [...] ilustra,
despudoradamente, o seu processo de coisificação. É neste contexto que o
data
show
, ou seja, o
show
de dados [atualmente pode-se pensar sobre o
professor
YouTuber
], expressa não só o modo “adequado” de como se deve
transmitir os conteúdos pedagógicos, como também a nova função do
professor: o animador de espetáculos audiovisuais.
O autor caricatura a nova configuração do professor para chamar a atenção que o
aspecto formativo se dilui em meio às tecnologias digitais e dos processos de mediações
pedagógicas específicas à natureza desses meios. Quem ensina a distância? A reificação do
trabalho docente, a negação da natureza e especificidade da educação (SCALCON, 2011),
novamente a EaD reconverte este trabalho e torna o professor um transmissor de conteúdo.
Barreto (2010, p. 1315) entende que “o professor não é exatamente retirado da cena, mas
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relegado a um papel secundário, sendo suas ações tentativamente reduzidas a aspectos como o
tempo necessário à execução de tarefas determinadas”.
Considera-se, assim, que é na relação mútua e interativa entre professor e estudante
que se constrói o conhecimento elaborado e mediante o processo dialético de ensino-
aprendizado. Por mais que possa existir intencionalidade pedagógica na ação dos sujeitos
envolvidos na linha de montagem da EaD, incorre-se no desprovimento da indissociabilidade
entre o pensado (pelo professor conteudista), o diagramado (pelos
designers
) e o efetivado
(pelos tutores virtuais). Pela perspectiva da totalidade, o trabalho docente é pulverizado, além
da precarização das relações de trabalho dos envolvidos em tal modalidade.
Na EaD, o tutor assume a responsabilidade docente de formação e tem por função
mediar o processo pedagógico junto aos estudantes geograficamente distantes. Apesar de
existir vasta literatura no que se refere ao tutor virtual da modalidade a distância, os textos,
em sua maioria, não problematizam o papel desse sujeito e o impacto na formação do
estudante e, sim, o endossam. Lembrando que problematizar não significa negar por
completo. Não há consenso nas produções acadêmicas no que se refere à atuação do tutor na
modalidade a distância. Alguns autores problematizam a contradição, outros a nublam. O
compartilhamento da docência com o tutor, a organização das atividades de modo separado -
um produz o conteúdo e o outro executa traz elementos para se pensar o papel do professor.
O tutor é um para-professor? Questiona-se, também, a respeito de quando se impele para a
docência sujeitos que não têm formação pedagógica (no máximo, possuem capacitação para
atuarem na EaD). Hardagh e Camas (2017, p. 96, grifo nosso) incitam a reflexão:
Outro dado, deveras importante em nosso país, é a atuação do tutor,
profissão questionável sob o ponto de vista jurídico [...]. O profissional tutor
que atua, em Instituições de Ensino Superior (IES), no ensino online,
suportando praticamente a demanda da ação pedagógica
, tem por prática
remeter-se ao professor especialista, apenas quando há algo mais específico
e que solitariamente não poderia solucionar.
Remete-se ao professor
especialista, para resolver a dúvida do aluno
.
Vale lembrar
que este tutor
em muitas instituições pode ser professor titulado (especialista, mestre ou
doutor),
pode ser estagiário ou graduado não titulado
[...].
Para Veiga (2008, p. 291), a organização da aula como processo colaborativo significa
“estabelecer intenções e buscar sua concretização em ações pedagógicas; isso implica
práxis
,
ou seja, ação humana necessariamente intencional de caráter teórico-prático”. Embora o tutor
não organize didaticamente a aula, é quem fará a mediação dos conteúdos com os estudantes.
O tutor precisa conhecer em profundidade os conceitos fundantes que são focalizados
na disciplina, bem como a historicidade, a articulação com outros conhecimentos e formas de
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abordagem quanto aos aspectos metodológicos. Em relação ao domínio do conteúdo de modo
sistematizado, problematiza-se o papel do tutor quando este não tem formação pedagógica (ou
é de outra área de conhecimento, não vinculada ao campo que atua como tutor). Como um
bacharel irá mediar estudantes dos cursos de licenciatura?
Freitas (2007) frisa que a ação dos tutores é uma forma precarizada de trabalho de
formação superior. Para Barreto (2008, p. 925) o tutor “como figura introduzida no contexto
educacional brasileiro pela EaD e como elo mais frágil de toda uma cadeia de simplificações,
é um desdobramento previsível do processo de esvaziamento da formação e do trabalho
docente [...]”. O tutor virtual tem assumido a responsabilidade docente na formação em cursos
a distância uma vez que estabelece mediação no processo pedagógico (conteúdo-estudante).
Como a adjetivação demonstra, o professor conteudista produz o conteúdo, porém é o tutor
que executa a mediação no ambiente virtual de aprendizagem mesmo sem ter organizado
didático-pedagogicamente a aula (conteúdo). Quais conhecimentos são mobilizados pelos
tutores para esta mediação, conforme assegura Barreto (2008), na medida em que estes são
considerados o elo mais frágil, na cadeia de produção? Ademais, existem as condições de seu
trabalho que impactam na formação dos estudantes, a saber: alta rotatividade dos tutores haja
vista as relações flexíveis de trabalho sem direitos garantidos; alta proporção entre tutor e
estudante, dentre outras.
Breves considerações
Diante do exposto, se constata que a formação de professores a distância é uma
escolha política que encobre o fomento da formação inicial presencial. Destarte, é um fato que
a implementação da EaD no Brasil ocorreu de forma aligeirada em sua difusão,
principalmente, nos cursos de Pedagogia a distância. Molina (2014), ao examinar práticas
contra-hegemônicas na formação de educadores do curso de licenciatura em Educação do
Campo, engendra o termo “processo de fagocitose” para designar o sufocamento dos cursos
examinados. Expressão válida quando se pensa nos cursos públicos presencias de Pedagogia e
demais licenciaturas. Em alguns cursos, mutila-se a formação presencial para legitimar a
modalidade a distância.
Contudo, tratar a questão pela perspectiva histórica enseja capturar o movimento de
reflexão crítica no que se refere à disseminação de cursos de formação inicial de professores a
distância. Acredita-se que, a mudança do lócus da formação docente e impulsionamento da
formação inicial de professores a distância, favorecem à reconversão. De Rossi (2005),
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Curso de pedagogia a distância: Reverberações e desdobramentos para a formação inicial do professor
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1002
Shiroma
et al.
(2017) compreendem a reconversão docente como o conjunto de estratégias
adotadas por distintas instâncias e centros de poder para racionalizar os sistemas educativos e
ajustar as políticas educacionais às pressões econômicas das agências (inter)nacionais. Ou
seja, subordina-se a educação escolar e a formação de professores às demandas do setor
produtivo, utilitaristas. Nessa perspectiva, perde-se de vista a função social da escola e a
socialização do conhecimento desinteressado – aquele não somente útil para o trabalho.
A afirmativa de atender a formação de professores às demandas e interesses que não
os fins educacionais ainda é uma realidade no período atual. Os atuais discursos que embasam
as legislações versam sobre o domínio de conteúdos e da “prática” ser suficiente para a
docência. Fundamenta-se em Malanchen e Duarte (2018, p. 31), os quais contribuem para o
desvelamento desse discurso:
[...] é incondicional que a formação inicial de professores seja
responsabilidade das universidades públicas, no modelo presencial de
ensino, que privilegia o debate, a reflexão crítica, a perspectiva humanista e
a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Isto posto, a
pedagogia histórico-crítica, contrariando as pedagogias relativistas,
hegemônicas na sociedade capitalista contemporânea, continua sua luta [...].
A natureza da formação inicial docente, socialmente referenciada, não se reduz à
certificação em larga escala. Seria a asfixia dos cursos presenciais para potencializar a
modalidade a distância? Justifica-se essa indagação à luz de provocações que já sinalizam
para este caminho, considerando a linha ascendente nas estatísticas de cursos a distância e
declínio dos presenciais. Portanto, torna-se cada vez mais pertinente debater a respeito da
questão de fundo: a formação, pois a alteração do espaço formativo do pedagogo (do
presencial para o virtual) reconfigura e reconverte o perfil deste profissional – o qual, pela
modalidade a distância, é formado de modo remoto para atuar no presencial.
Nesse sentido, desnudar o que parece promover acesso ao ensino superior pela
modalidade a distância é promissor, uma vez que a EaD pode ter efeitos contraditórios e
deletérios (amplia o acesso, mas precariza a formação). Não se deve naturalizar que as classes
populares precisam formar-se pela via a distância porque precisam trabalhar. A organicidade
das políticas para legitimar e fortalecer a formação de professores a distância é imposta por
meio de narrativas como solução única para tal formação.
Cientes das interferências em torno das políticas de formação de professores, defende-
se a construção de currículos que contribuam para o desenvolvimento da consciência crítica,
da consciência de classe, que favoreçam ações contra-hegemônicas às dimensões utilitárias,
instrumentais e econômicas e incorporem os interesses da classe trabalhadora. Sendo assim,
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Yuna Lélis Beleza LOPES; Noeli Prestes Padilha RIVAS e Cristina Cinto Araújo PEDROSO
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Como referenciar este artigo
LOPES, Y. L. B.; RIVAS, N. P. P; PEDROSO, C. C. A. Curso de pedagogia a distância:
Reverberações e desdobramentos para a formação inicial do professor.
Revista on line de
Política e Gestão Educacional
, Araraquara, v. 26, n. 00, e022156, 2022. e-ISSN: 1519-9029.
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.17587
Submetido em
: 10/08/2022
Revisões requeridas em
: 13/09/2022
Aprovado em
: 19/10/2022
Publicado em
: 24/12/2022
Processamento e edição: Editora Ibero-Americana de Educação.
Correção, formatação, normalização e tradução.
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Distance pedagogy course: Reverberations and outcomes for initial teacher formation
RPGE
– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022156, 2022 ISSN: 1519-9029
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DISTANCE PEDAGOGY COURSE: REVERBERATIONS AND OUTCOMES FOR
INITIAL TEACHER FORMATION
CURSO DE PEDAGOGIA A DISTÂNCIA: REVERBERAÇÕES E DESDOBRAMENTOS
PARA A FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR
CURSO DE PEDAGOGÍA A DISTANCIA: REPERCUSIONES Y RESULTADOS PARA
LA FORMACIÓN INICIAL DEL DOCENTE
Yuna Lélis Beleza LOPES
1
Noeli Prestes Padilha RIVAS
2
Cristina Cinto Araújo PEDROSO
3
ABSTRACT
: Organized as an essay, this article aims to analyze implications of distance
education in the formation of pedagogues, with reference to official policies. It is located in
the line of research “Curricular Policies for teacher formation: Higher Education and
Teaching Degree Courses”. The discussion develops based on the dialectic-historical
perspective, contextualized and situated, understanding that the contradictions are made
explicit in the historical movement. The study of a bibliographic nature has as its main objects
of analysis the conceptions, theories and norms that currently regulate the Pedagogy courses
proposed in the distance modality. The analysis of this material highlights the game of forces
that act in the social fabric that is conditioned by the economic, social, cultural and political
contexts. In addition, it shows that the discourse of democratization of access to higher
education has strengthened public policies aligned with distance education without, however,
the debate of contradictions and their implications for the quality of teacher formation and
education. Thus, this text discusses the reverberations and developments of the initial
education of the pedagogue/distance teacher, with the aim of demystifying the idea that this
modality promotes the democratization of higher education for the popular layers in view of
their labor process.
KEYWORDS
: Pedagogy course. Profession teacher. Distance education. Democratization
discourses. Precarization.
RESUMO
: Organizado como um ensaio, este artigo tem como objetivo analisar implicações
da educação a distância (EaD) na formação de pedagogos, tendo como referência
as políticas oficiais. Se situa na linha de pesquisa “Políticas Curriculares para a formação
de professores: Educação Superior e Cursos de Licenciatura”. A discussão se desenvolve
1
University of São Paulo (USP), Ribeirão Preto – SP – Brazil. Doctoral student, Postgraduate Program in
Education/College of Philosophy, Sciences and Letters of Ribeirão Preto. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-
6782-9751. E-mail: yuna.lopes@usp.br
2
University of São Paulo (USP), Ribeirão Preto – SP – Brazil. Associate Professor, College of Philosophy,
Sciences and Letters of Ribeirão Preto/Department of Education, Information and Communication. ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-9990-6640. E-mail: noerivas@ffclro.usp.br
3
University of São Paulo (USP), Ribeirão Preto – SP – Brazil. Profess
or, College of Philosophy, Sciences and
Letters of Ribeirão Preto/Department of Education, Information and Communication. ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-8687-6497. E-mail: cpedroso@ffclrp.usp.br
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Yuna Lélis Beleza LOPES; Noeli Prestes Padilha RIVAS and Cristina Cinto Araújo PEDROSO
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fundamentada na perspectiva dialética-histórica, contextualizada e situada, entendendo que
as contradições se explicitam no movimento histórico. O estudo de natureza bibliográfica tem
como principais objetos de análise as concepções, teorias e normativas que na atualidade
regulam os cursos de Pedagogia propostos na modalidade a distância. A análise desse
material evidencia o jogo das forças que atuam no tecido social que está condicionado pelos
contextos econômico, social, cultural e político. Além disso, mostra que o discurso de
democratização do acesso ao ensino superior tem fortalecido as políticas públicas alinhadas
à educação a distância sem que ocorra, no entanto, o debate das contradições e das suas
implicações para a qualidade da formação dos professores e da educação. Assim, este texto
debate as reverberações e desdobramentos da formação inicial do pedagogo/professor a
distância, com o intuito de desmistificar a ideia de que essa modalidade promove a
democratização do ensino superior para as camadas populares tendo em vista seu processo
laboral.
PAL
AVRAS-CHAVE
: Curso de pedagogia. Profissão professor. Educação a distância.
Discursos de democratização. Precarização.
RESUMEN
: Organizado como un ensayo, este artículo tiene como objetivo analizar las
implicaciones de la educación a distancia (EaD) en la formación de pedagogos, con
referencia a las políticas oficiales. Se ubica en la línea de investigación “Políticas
Curriculares para la formación docente: Educación Superior y Carreras”. La discusión se
desarrolla a partir de la perspectiva dialéctico-histórica, contextualizada y situada,
entendiendo que las contradicciones se explicitan en el movimiento histórico. El estudio de
carácter bibliográfico tiene como principales objetos de análisis las concepciones, teorías y
normas que actualmente regulan los cursos de Pedagogía propuestos en la modalidad a
distancia. El análisis de este material destaca el juego de fuerzas que actúan en el tejido
social que está condicionado por los contextos económico, social, cultural y político. Además,
muestra que el discurso de democratización del acceso a la educación superior ha fortalecido
políticas públicas alineadas con la educación a distancia sin, sin embargo, el debate de las
contradicciones y sus implicaciones para la calidad de la formación y educación docente.
Así, este texto discute las repercusiones y desarrollos de la formación inicial del
pedagogo/profesor a distancia, con el objetivo de desmitificar la idea de que esta modalidad
promueve la democratización de la educación superior para las capas populares frente a su
proceso de trabajo.
PALABRAS CLAVE
: Curso de pedagogía. Profesor de profesión. Educación a distancia.
Discursos de democratización. Precariedad.
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Distance pedagogy course: Reverberations and outcomes for initial teacher formation
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Introduction
This text addresses reflections within the scope of a doctoral research
4
that has as its
object the analysis of the Virtual Public University of the State of São Paulo (UNIVESP), as
an institution that offers courses in the field of teacher formation. Specifically, this text,
organized as an essay, discusses the implications of distance education in the formation of
pedagogues, mainly with regard to formative policies. It is also part of the line of research
“Curricular Policies for Teacher Formation: Higher Education and Teaching Degree
Courses”, by the Study and Research Group on Teacher Formation and Curriculum
(GEPEFOR). The guiding axis of the discussion is the dialectical perspective - historical,
contextualized and situated - in the understanding that contradictions are made explicit in the
historical movement. Developing research involving the distance Pedagogy course in Brazil
requires understanding its historical process and the factors that interfere with “formation for
the profession” (NÓVOA; ALVIM, 2022, p. 64, our translation).
By delimiting links established around initial teacher formation through distance
learning, it is possible to identify the game of forces that act in the social fabric, as this is
conditioned by economic, social, cultural and political contexts. In this sense, this debate is
part of the dispute over elements of the formative process of future teachers, especially in the
political field. It asks about how the training process of distance pedagogy students occurs
and what are the implications around the performance of the subjects involved in this
formation modality (virtual tutor, teacher/author).
The apparent familiarity with the distance modality makes it natural. When Distance
Education is discussed only through democratization and access to higher education, the
diploma market is expanded, through the discourse of accessibility, and departs from
fundamental questions that must be articulated to the initial formation of teachers, such as:
pedagogical model, relationship between those involved in the teaching-learning process,
teacher and tutor role, supervised internship project, presence of research as a formative axis
(inherent to the pedagogical specificity of the profession), content selected for formation,
teaching strategies employed in the development of courses, role of mediators in the
4
Theoretical discussion that outlines teacher formation policies articulated with the promotion of courses offered
via distance mode (public and private sectors), regarding the formative process of future distance trained
professionals (ZUIN, 2006). Research carried out with the support of the Coordination for the Improvement of
Higher Education Personnel – Brazil (CAPES/DS) and approved by the Research Ethics Committee of the
College of Philosophy, Sciences and Letters of Ribeirão Preto, University of São Paulo (CEP/FFCLRP/USP).
Ethical Appreciation Presentation Certificate - CAAE: 46099821.3.0000.5407. The research is located in the line
“Curricular Policies for teacher training: Higher Education and Teaching Degree Courses”, of the Study and
Research Group on Teacher Formation and Curriculum (GEPEFOR).
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Yuna Lélis Beleza LOPES; Noeli Prestes Padilha RIVAS and Cristina Cinto Araújo PEDROSO
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pedagogical process, high dropout rates, evaluation system for the teaching-learning process,
on-site support structure, among other aspects.
In order to enter this controversial area, it is necessary to briefly discuss the narratives
that involve Distance Education
5
. The hypnotic and naturalized discourse
6
of democratization
via the distance modality entails capillarity and a legitimizing and uncritical veneer for
Distance Education, as well as boosting the vertiginous expansion
7
of this modality (primarily
for teacher formation). There is a veil of opacity in the economicist discourse that hides the
structural debate of social inequalities. Evidence of mistakes and implications of what is not
said, such as, for example, dropout data, formative discrepancy, lack of political formation,
becomes necessary. Furthermore, does the Brazilian population have the right to democratize
access to higher education only if it is to be a pedagogue/teacher?
Distance Education has also been justified in terms of reducing geographical distances
between students and higher education institutions, considering the territorial extension of
Brazil (through the use of digital technologies, internet) and the flexibility of time to study. In
the neoliberal perspective, the distance modality is conceived as an affirmative,
compensatory
8
, inclusive policy (permeated by the speech of opportunity of access to higher
education for populations that would not have the opportunity without this modality),
therefore, without reflections that point out the reverberations and consequences of the
distance formation.
In relation to Distance Education being a compensatory policy, Helene (2012)
develops the issue by stating that formation of teachers through this modality could
compromise two generations: that of the trained teachers themselves and that of their students.
The author notes:
5
From what Fétizon and Minto (2007) argue, corroborated by Dourado (2008); Mendes (2011) and Preti (2011),
the present work agrees with the dilemma of the indistinct use between education and teaching – treated as
synonyms. Teaching represents instruction, and education has a broader meaning. However, in the course of this
study, the expression distance education is adopted considering that it is used in the regulations and to avoid
interpretative confusion.
6
Giolo (2008) suggests that the implications around distance education be considered: “The arguments of those
who defend the unlimited expansion of distance education are well known and, it must be recognized, some are
quite convincing. However, it is time to work objectively, given the significant accumulation of information that
allows for less heated and more consequent analysis” (p. 1227, our translation).
7
Distance Education, in Brazil, begins its expansion through the public sector (through the Open University of
Brazil – UAB, Portuguese initials), legitimizing official policies. However, there is a reversal in the early 2000s,
when its offer becomes massively by the private sector, aiming at large-scale certification. (AMORIM, 2021;
DOURADO, 2008; EVANGELISTA; SEKI; SOUZA, 2019; GIOLO, 2008; MENDES, 2011; NOVAES;
OKUMURA, 2021; SANTOS, 2018; SHIROMA
et al.
, 2017; SOUZA, 2017; ZANARDINI, 2019).
8
The concern with the admission of the less economically favored strata to the university is legitimate, however
it is necessary to analyze whether the growth of the distance learning offer in Brazil follows the assumption of
serving the regions less provided with higher education (MENDES, 2011, p. 8).
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You don't need to be a specialist in Brazil to realize that Distance Education
is aimed at the poorest and whose children will also have teachers formed
through distance education. This is certainly not what we want. Letting
distance learning appear in such numbers, uncontrollably and almost
completely dominated by the commercial private sector, we now have one
more task ahead of us: fighting to reverse this situation. And there are some
final questions. Why did the responsible bodies allow distance education to
reach the enormous proportions it did? Why do governments legitimize
distance education the way they do? (HELENE, 2012, [n.d.], our
translation).
The massification of higher education, via distance mode, to correct the process of
exclusion of the poorest sectors of higher education, conceals structural issues in the social,
political, economic, cultural and educational spheres.
Still, there is the argument that the distance modality would reach the corners of the
country. This assertion is refuted by several authors (ADUSP, 2010; AMORIM, 2021;
GIOLO, 2008; MANDELI, 2017; MENDES, 2011). Giolo (2008) states that the distribution
of the population is not directly related to the need for an distance education system. If it had,
a better distribution would be needed for the North and Midwest regions, considering that
“the distances, in principle, would require a greater presence of distance education” (GIOLO,
2008, p. 1222, our translation). In this direction, Malanchen (2020; 2015) corroborates:
In cases such as the North and Midwest regions, such an allegation could
even be accepted, but we observe that the federal government's policies for
the implementation of distance education are not directed only to these
regions, but cover the national territory, even the regions considered
economically developed, such as South and Southeast. We can conclude that
this argument is not very solid in the case of distance education policies that
have been implemented in Brazil (MALANCHEN, 2020, p. 40, our
translation).
[...] if one of the MEC's justifications for implementing distance education is
that it should serve to reach geographically disadvantaged populations, why,
then, were so many vacancies authorized [by the UAB] in regions
considered the most developed in the country? [like Southeast]
(MALANCHEN, 2015, p. 176, authors’ emphasis, our translation).
It appears, in view of the arguments of the aforementioned authors, th
at the distance
education offer, incoherently justified by the geographic extension of Brazil, is concentrated
in more developed regions. Salata (2018), when verifying that, in the last two decades, there
has been a reduction in inequalities in access to higher education in Brazil (as a result of the
expansion process and public policies that occurred in progressive governments), stresses that
expansion does not necessarily lead to, the democratization of the access barrier to this level
of education.
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It is recognized that distance education is minimally justifiable in the event of offering
an opportunity to enter public higher education in regions where there are no vacancies in
face-to-face courses. However, Fétizon and Minto (2007, p. 5, our translation) point out that,
even so, “it is worth remembering that any possible adoption of distance learning must be
accompanied by effective educational planning, in order to prevent the lack of vacancies in
face-to-face courses, or their insufficiency, continue to happen”. That is, the alternative offer
by distance modality must be temporary.
While the face-to-face modality grows in a continuous, timid and stable way, the
distance modality grows quickly and vertiginously. Regarding the formation of pedagogues,
Amorim (2021) asserts that, currently, the distance modality is responsible for formation of
most pedagogues and teachers in the country, given that the graduation in Pedagogy
(distance) represents 60% of courses of the area of Education. The Statistical Synopsis of
Higher Education 2020 (INEP, 2022) corroborates the data. Of the 994,274 enrollments in
distance education in the area of Education, 595,194 are in the distance Pedagogy course
(59.8%). Hence, one of the needs to reflect on the initial formation of pedagogues in distance
education.
The 1990s characterize the decade of State reforms, which corroborate neoliberal
policies articulated to the demands of capital and productive restructuring, creating objective
conditions for the growth of the distance modality in Brazil, through legal security of the
regulations that drive its offer. Therefore, distance education presents itself as a preferred
policy in teacher formation (AMORIM, 2021) regarding incentives through legislation and
neoliberal guidelines that guide educational reforms in this area in recent decades.
Malanchen and Duarte (2018) explain that the reordering of social relations under the
a
egis of the globalization of the economy (a result of neoliberal policy) resizes the role of the
State, “redirects the social policies undertaken by it and, consequently, rearticulates the social
role of education” (MALANCHEN; DUARTE, 2018, p. 25, our translation). Such authors
also report that the Brazilian government, since the 1990s “has been putting into practice the
guidelines of the IO [international organizations] for the educational field, especially those of
the WB [World Bank], which defend training as a priority in service, to the detriment of
initial formation” (p. 25, emphasis added). Decker (2017) emphasizes that the World Bank, in
its reports, summarily disqualifies teacher formation and advises against investing in face-to-
face initial formation for this professional, as they consider it task-oriented and technical
(context of linkage to the market). Shiroma, Campos and Garcia (2005, p. 430, our
translation) show that multilateral organizations:
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[...] through their documents, they not only prescribed the guidelines to be
adopted, but also produced the 'justifying' discourse of the reforms that,
prepared in other contexts, needed to build local consensus for their
implementation.
Although the distance modality may have been initially encouraged with generous
intentions, throughout history it has been appropriated as a marketable good
(EVANGELISTA, 2013; EVANGELISTA; SEKI, 2017; EVANGELISTA; SEKI; SOUZA,
2019). It is a consensus among intellectuals
9
that educational policies in Brazil have been
influenced by the neoliberal agenda through the guidelines
10
of international organizations
(OI) and multilateral organizations (MO
11
), since the beginning of the 1990s, formalized by
the Law of Guidelines and Bases of National Education (LDBEN No. 9.394/1996) (BRASIL,
1996). This regulation legitimizes the reforms of the Brazilian State and also constitutes the
initial chronological milestone of distance education, being the first document that regularizes
this modality (Articles 80 and 87).
Malanchen (2015) argues that the role of the MEC, in addition to linking the
production of specific legislation for the distance modality, expands the promotion and
implementation of large numbers of distance courses, to the detriment of the offer of public
and face-to-face courses – under questionable justifications, such as: inefficiency of face-to-
face provision for initial formation; democratization of access to higher education to
“guarantee” opportunities for the underprivileged as well as those geographically distant from
urban formation centers.
The educational policies implemented by the State from the neoliberal reform in the
1990s (AMORIM, 2021), represent the interests of hegemonic groups in which they resize
labor relations through determinations of productive capital restructuring and, with regard to
the profile of the teacher, this is reconfigured with a view to meeting market demands.
An ideological discourse pervades these organizations, that is, of persuasion. Ball
(2006) argues that policies usually do not objectively guide what to do but produce “[...]
circumstances in which the spectrum of available options on what to do is reduced or
modified or in which goals particulars or effects are established” (p. 26). This author
9
Amorim (2021); Decker (2017); Evangelista; Triches (2012); Freitas (2007).
10
It is known that the guidelines are not the same for all countries, given the specificities of each one, but this
reality exists (EVANGELISTA; SEKI; SOUZA, 2019; MALANCHEN, 2015; PRETI, 2011).
11
World Bank (WB), United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO),
Organization for Economic Cooperation and Development (OECD), United Nations Development Program
(UNDP), among others.
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emphasizes that other perspectives need to oppose or balance this
modus
operandi
of the State
and the induction of policies through international organizations.
The current Decree no. 9,057/2017 requires higher education institutions in the private
sector to offer distance learning courses, even if these do not exist at the institution in face-to-
face mode. With Ordinance no. 1,428/2018, the possibility of expanding the workload granted
at distance from 20% to 40% (according to certain criteria) is revealed. Ordinance no.
2,117/2019, in its 2nd article, defines that institutions “may introduce the offer of workloads
in the distance education modality
in the pedagogical and curricular organization of their
on-site undergraduate courses
,
up to the limit of 40% of the total workload
of the course
[and not just disciplines]” (BRASIL, 2019, p. 1, emphasis added, our translation). According
to current regulations, there is a clear preference for offering distance learning courses,
especially teacher formation.
Based on the assumption that research constitutes an emancipatory basis (DEMO,
2006), it is evaluated that research activity should be a category and formative principle of the
pedagogue, that is, “[...] research can be the space for the exercise of dialectical thinking”
(PEDROSO; PINTO, 2019, p. 176, our translation). Regarding valuing the investigative view,
Pedroso
et al.
(2019, p. 47) argue that it should be the formative basis of the Pedagogy course
since, “as a production of knowledge, it contributes to the formation of a political attitude of
thinking about praxis and transforming it”. This exploratory lens expands the possibilities for
transformation.
Another initiating aspect of formation is the mandatory supervised internship in the
Pedagogy course. Is there a different format for the distance modality? It is based on the
statement by Chauí (2016, p. 257, our translation), when he indicates that “The swimming
teacher cannot teach the student to swim in the sand by making him imitate his gestures but
leads him to throw himself into the water in his company so that he learns to swim fighting
the waves [...]”. It is only through face-to-face immersion in formative spaces (with mediation
between the internship field and the university) that the future teacher will learn to “swim”.
However, although it is consistent to think that the institution guarantees quality
c
ontrol by having a list of field schools that provide the internship, the issue here is how the
selection of the aforementioned schools occurs (who decides which ones will be, who
monitors them), since there is an agreement contract with a supposedly well-selected school,
it also does not guarantee “quality”, given the importance of mediating the internship
experience by the student on the part of those involved in the course (and in the field school).
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As exposed, the conception of democratization articulated to distance has directed the
policies of teacher education to the modality in question, although without deepening
formative aspects concerning the conceptions, pedagogical model, supervised internship etc.
Thus is out of sight the debate on fundamental questions regarding the mentioned aspects,
essential to the critical professional practice.
One of the elements for the debate about the distance Pedagogy course concerns the
problematization of the specific knowledge of teaching and its relationship with other
knowledge that is systematized through the fragmentation of the teacher educator's work,
since there are several actors that permeate the virtual learning environment (AVA), such as
the tutor, the mediator, among others. At this moment, the focus is on the performance of the
content teacher and the tutor, regarding the formative aspects, organization of the pedagogical
work and reflection.
Regarding technological mediation for the development of the educational/formative
process of professionals in the field of education, it is based on the premise that such
mediations are products of human work (ZUIN, 2006). This author, through an analysis of the
Open University of Brazil (UAB), discusses: distance education or distant education? (text in
which he reports on the symbolic distance in the pedagogical relationship) and exposes that
“the mere use of more refined audiovisual resources [or AVAs, Portuguese initials] does not
mean, a priori, that people communicate” (ZUIN, 2006, p. 941, emphasis added, our
translation). Therefore, technology should not be confused with human proximity and mutual
coexistence. Zuin (2006, p. 941, emphasis added, our translation) further assesses that virtual
expression entails a “fetish that secondary communication, that is, communication mediated
by technical devices [technological, that promote virtuality], becomes hegemonic in relation
to the primary, undertaken in person”.
Regarding communication in the distance modality, Preti (2011, p. 67, our translatio
n)
argues that EaD “is 'mediated' by a set of didactic resources and technological supports and
'deferred in time' (the moments of production and co-production occur at different times)",
which can have implications, on the part of students, in misinterpretations, as well as the
incorrect use of fundamental concepts in their initial formation. Neder (2005, p. 189, our
translation) addresses the issue through the perspective of mediation of texts (or videos),
given that thinking about the communication process, “from the perspective of the
communicational relationship, therefore of interactive or multidirectional communication, is
essential for any educational modality, especially when this modality is distance education”.
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Although the AVA has the potential of pedagogical resources, it is necessary to
emphasize that, without intentionality and human mediation, it becomes inefficient and
ineffective. Much more than resorting to technological media coverage, it is the human
relationship, the encounter with the other that enables a learning environment. Regarding
face-to-face interaction and the educational process, Fétizon and Minto (2007, p. 14, our
translation) elucidate that this process:
[...] is permeated by the brightness-opacity of the eyes, the swing of those
who seek, the mischievous smile of those who find, by the individual and
collective enjoyment of what is apprehended, resulting in the students
acquiring autonomy to formulate readings of the world and to act as
historical subjects, and, through teachers, to carry out their professional, but
also human, commitment. This dimension is intrinsic to face-to-face
teaching and would be discarded in distance education, just as, in theory,
teachers themselves would also be discarded.
The distance modality naturalizes access for working-class students. However,
defending distance education for the working student is to deprive him of experiencing a
university environment and maintain the discourse that the worker
12
can even study, as long
as it is outside of his working hours (the narrative of flexibility of time and space has served
to co-opt). Giolo (2008, p. 1211) talks about the university environment and the face-to-face
nature of the classroom, arguing that “teacher formation must be carried out in the classroom,
the locus that condenses the culture of teaching and learning and is constituted by
indispensable human relations for teaching practice”. For the author, formation consists of
human relationships:
The teaching activity, in its already long trajectory, has built a culture and an
institutional network where it takes place: its habitat. The school, the
academy, the university were conceived and constituted as specific spaces
and times for the exercise of teaching and learning. [...] These spaces are for
socializing, for political life, for the confluence of many expectations.
Considering that this locus can be neglected as a fundamental part of the
formation of young people, especially those who intend to prepare for
teaching, is a colossal mistake. Virtual exchanges are undoubtedly
important, as well as distance-oriented learning (knowledge acquisition) can
be successful and is important. However,
what is on the agenda, when it
comes to distance teacher formation courses, is not exactly teacher
formation for distance teaching, but for face-to-face teaching.
Pedagogues will face a group of students, living and present, gathered in a
school, and, in this environment, not only the knowledge acquired will be
required, but a set of knowledge and skills (appropriate method, emotional
12
Generally, the expectation of distance education students (a modality aimed at the formation of a large
contingent of the working class) is to combine studies with other personal and/or professional activities. Which
is legit. But it is necessary not to naturalize this conciliation.
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balance, ethical behavior, mastering strategies class, disinhibition,
leadership, patience etc.), things that are learned in books and, mainly, in the
practice of coexistence, in experimentation, in mutual demands, in
laboratories, in seminars, in lectures, in thematic debates, in cultural
presentations, in supervised internships, in speeches in the classroom, in the
corridors, in the university cafeteria etc. (GIOLO, 2008, p. 1227, emphasis
added, our translation).
From this perspective, the university ambience, presence of the classroom, of the
university's “corridors”, constitute spaces for socialization, political life and debates. It is a
priority to emphasize that distance teacher formation courses prepare for face-to-face teaching
in Basic Education, which comes from environments and physical presence, with human
relationships. Giolo (2008) stresses the inconsistency of distance teacher formation, which
trains professionals to work in face-to-face teaching (Basic Education). In the same
perspective, Zuin (2006) elucidates that one of the great challenges in relation to the distance
modality is to provide conditions for absent teachers to become present.
One cannot be naive to the point of believing that the teacher's physical
presence alone guarantees good quality teaching, given the fact that, on
many face-to-face occasions, the so-called pact of mediocrity prevails, in
which the teacher pretends that teaches and students pretend to learn. On the
other hand, this categorical imperative of exhibiting oneself, which clings to
the current ontological condition that to be is to be perceived, must
necessarily become an object of criticism from teachers whose images are
filtered by the transmission channels of the electronic devices involved in
distance learning. In fact, the
presentification
of the teacher is done,
paradoxically, through its “virtualization”, that is, through the possibility of
prodding the development of an increasing number of
representations
that
encourage students to question the transmitted contents, which, instead of
being absorbed, can be critically elaborated (ZUIN, 2006, p. 948, our
translation).
In this context, situated in Nóvoa and Alvim (2022, p. 96, emphasis a
dded, our
translation), the provocation is recorded: “A bird does not fly in water. A fish does not swim
on land. A teacher is not formed in current university environments [or diversified academic
formats], nor in mediocre and uninteresting school environments”. The authors argue that
initial teacher formation, as a professional formation, should be undertaken in the university
space, since this is the place for knowledge professions (medicine, engineering, teaching,
among many others). The teaching work is impregnated with intentionality and aims at human
development through contents, thoughts and actions, implying choices, values and ethical
commitments. Paradoxically, the meanings of teacher formation are being realized and how
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this is inserted in the field of teaching, supported by the scientific paradigm
13
since, once
instituted, it guides the field of teaching and pedagogical practices.
In the same direction, Domingues and Belletati (2019, p. 117, our translation) consider
teaching praxis as “intentional transformative action, resulting from critical-theoretical
reflection of practice, in the sense of humanization”. In order to think about the performance
of the content teacher and the tutor, it is understood that it is necessary to understand the
concept of teaching, which underlies the reflections. CNE/CP Resolution no. 02/2015 presents
such a concept as:
[...] educational action and as an intentional and methodical pedagogical
process, involving specific, interdisciplinary and pedagogical knowledge,
concepts, principles and objectives of training that are developed between
scientific and cultural knowledge, ethical, political and aesthetic values
inherent in teaching and learning, in the socialization and construction of
knowledge, in the constant dialogue between different views of the world
[...] (BRASIL, 2015, our translation).
Teaching is a specific field of knowledge that differentiates it from other professions.
Based on Pedroso
et al.
(2019, p. 31, our translation), about conceptualization, being an
“activity that mobilizes different types of knowledge; among them, the knowledge and
methodologies about what will be taught. [...] conjugation between the educational principles,
the pedagogical intentionality and the given conditions”. Cardoso and Farias (2020), when
addressing the topic in the field of teacher formation, identify different perspectives in
academic works regarding the concept of teaching (consisting of multiple approaches,
conjunctures and perspectives). “In the productions examined, in general terms, there was a
reductionist perception of the concept of teaching, limited to its doing, to its operational
dimension” (CARDOSO; FARIAS, 2020, p. 409, our translation). The authors suggest that
the political dimension is hidden from the conceptualizations, relegated to a subliminal
dimension, almost alien to teacher education.
They also emphasize the relevance of the political dimension in the context of teacher
formation and consider that the absence of this political aspect has implications for
professional practice, in which teachers distance themselves from action on the “tensions that
surround their practice and the lives of their students, whether on cultural, environmental
issues, or with social implications, perhaps even issues related to teaching and learning”
(CARDOSO; FARIAS, 2020, p. 410, our translation). Therefore, an expanded perspective of
13
Dominant theoretical body for some time.
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teaching stems from the acceptance of the political dimension in the ways of understanding
and acting as a teacher in which he is aware of his role as a political subject. “Such expansion
permeates the assumption of the political dimension in the ways of understanding and acting
as a teacher responsible for the formation of other teachers” (CARDOSO; FARIAS, 2020, p.
397, our translation).
Neder (2012, p. 74, our translation) indicates that teaching skills can be thought from
the perspective in which the “technical dimension of teaching is allied to the political
dimension, preparing the teacher to make decisions with regard to guidelines or curricula,
considering the context in which their teaching action is situated”. In the same perspective,
Rios (2015, p. 647, emphasis added, our translation) argues about pedagogical formation and
its specifically pedagogical knowledge:
The role of teacher brings to the individual the need for
formation
,
preparation for adequate performance. In addition to mastering knowledge
about a certain area of reality, which will become the teaching content, there
is also the requirement to master theoretical and methodological resources
for sharing, socializing – the contents. [...] Thus, we are led to conclude that
the essence of degree courses, being preparation to teach, is
pedagogical
formation
.
Cruz (2011, p. 205, our translation) also argues that the Pedagogy course, “in addition
to providing the specific pedagogical instrumentation for teaching, needs to favor the
necessary theoretical-practical formation of the pedagogue”, in general. The author (2011, p.
207, our translation) elucidates that the theoretical deepening, “through the different
disciplines, needs to consider education as a social practice and the pedagogical and teaching
work as the first reference of Pedagogy and, consequently, of its course”.
Teacher formation implies specific, pedagogical knowledge, with political and
p
oliticized formation. Dialogue between knowledge (from different areas) is necessary so
that, in the teaching work, these do not become fragmented. It is necessary to consider that the
professional activity of every teacher has a double nature – epistemological and pedagogical,
that is, it is linked to educational purposes of human formation and to methodological and
organizational processes of transposition and appropriation of knowledge and modes of
action. As the pedagogical work is parceled out (considering the activity that Distance
Education actors develop), it becomes fragmented. It questions what configures and what is
the specificity of pedagogical work, that is, what does it mean pedagogically to guide students
in courses offered at a distance. Costa and Zanatta (2014, p. 107, our translation) assert that
“the work of the professionals involved in the distance course requires knowledge of the
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pedagogical project of the course, the teaching material and the information and
communication technologies (ICT) that will be used”.
Although favorable to the modality, Alonso (2005, p. 30) recognizes some problems in
the way of organizing distance education, such as, for example: decomposing teaching into
small tasks; excessive emphasis on student autonomy; standardization of knowledge and the
“fractalization of teaching work”, which are elements to be considered in initial formation,
especially that of teachers. Therefore, the rationalization of the pedagogical work is evident,
bringing it closer to the factory logic in which each worker performs a specific task on the
production line.
The relations of and of the teaching work are also modified in the distance modality.
Regarding “work” relations, the change comes from the forms of hiring – from tenders to
scholarship programs and/or provision of services (for the production of content, follow-up of
disciplines, etc.). About changes in “work” relations, these materialize in the division of the
teacher's work organization, in which the “product” (content) is not “executed” by the teacher
worker, since it is the tutor who performs it, that is, one thinks and the other executes. The
rationality of educational action dehumanizes work relationships and the pedagogical process.
The objectification of work permeates the entire pedagogical process (be it the content teacher
or the tutor), since the social category of workforce is abstracted from men and becomes a
commodity. In this context, Malanchen and Duarte (2018), when discussing the teacher's role
in directing the educational process in the light of Historical-Critical Pedagogy, emphasize
that the teacher's protagonism is evident:
[...] in the selection of cultural objects (the contents), as well as in their
planning in the most appropriate way, enabling the practical conditions for
the transmission and assimilation of the contents by the student, in the
establishment of criteria for selecting and sequencing them in a way that
intentionally develops in students the ability to appropriate culture in general
(MALANCHEN; DUARTE, 2018, p. 20, our translation).
Therefore, fragmenting the teaching work can make planning in its entirety unfeasible,
since the author teacher does not know his group of students. That is, the teacher even has
relative autonomy for the selection of contents, but is unaware of the interests, needs and
difficulties of the students (detected by the tutors in some situations). It is essential that
teachers get to know the students, since they start from their theoretical references to relate
them to the context, with the profile of the students, educational objectives, the discipline,
among other aspects. Constructing/elaborating/producing content that is disconnected from
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the student and the contexts that involve him, as occurs in most distance education offers,
implies fragmenting and depriving the educational action of meaning.
In view of the above regarding the technicalization of teaching work, which
disqualifies it and, as it rationalizes and fragments its
modus
operandi
, it is questioned about
the author teacher losing his professional autonomy, given that he produces, but does not
necessarily execute. This is text editor; content producer; organizer of learning situations
(NEDER, 2005). Therefore, he has his work pulverized and punctual for the elaboration of
contents, activities and evaluations (items together or separately, depending on the service
delivery package). With regard to the content teacher, Hardagh and Camas (2017, p. 13, our
translation) explain that:
In the hegemonic model of distance education, the content teacher (creator
of the class) is not necessarily responsible for the mediation of the distance
class. Professors can be hired as tutors or professors of face-to-face courses
who take on distance classes, this often occurs without any type of specific
formation for online teaching. The assembly structure of classes for distance
education courses created a new work process, the teacher's praxis, the
process of creating classes, designing the Course Plan, choosing
bibliographies, learning strategies, resources and evaluation no longer
belongs to the teacher, he receives a ready-made package of classes for
which he has to appear in front of the protagonist student, but in fact, his
participation is an extra. The function of guiding the learning process is
compromised due to the number of students and the distance from the
applied content and the lack of interactivity with the students.
Through the speech of the autonomous student and protagonist in the production of
knowledge, the essentiality of “being a teacher” (of thinking, planning and acting) is extracted
from the teacher, since this becomes an element that only makes up the scenario of
performance in the class play (in order to give more reality to the scene), since the extra is
decorative. Thus, in the assembly line of courses offered at a distance, the content teacher has
a specific function, although he may be teaching in other higher education institutions.
In parallel to the issue surrounding the content teacher, there is a new piece that makes
up the ingenuity of distance education: the virtual tutor. Cardoso and Pereira (2014, p. 70, our
translation) divide the teaching category into those who produce and those who perform the
work, under the aegis of Taylorism and Fordism
14
.
Basically, distance education teachers have two functions that can be
exercised by different groups. The first refers to the planning of the course,
dealing with the definition of methodology, content, evaluation and the final
14
The Fordist model still present in the organization of the distance education system is characterized by mass
production methods, segmented workforce and fragmented tasks.
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– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022156, 2022 ISSN: 1519-9029
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format of the study and learning material. The second is tutoring, which,
throughout the teaching and learning process, is dedicated to individual
guidance and clarification of doubts. Both functions present challenges, as
distance teaching activity is more complex than face-to-face education.
The teaching profession is complex, regardless of the teaching modality. Although the
authors talk about the tutor, assuming that he is a teacher (trained in the area in which he
works in tutoring), what is at issue is the separation of the teaching process between the
teacher who produces the content and the tutor (mediator of the content with the student).
Pesce (2007) argues that, with the neopragmatic movement in the context of teacher
formation and massive attendance through the distance modality, the role of the multiplier
(tutor) emerges, to the detriment of the teacher figure. The author (2007, p. 1, our translation)
warns that “a poignant question is the subservience of a good part of distance learning
programs to educational policies arising from the guidelines of international organizations,
whose rationale arises amid neoliberal ideas”.
Santos, Batista and Santos (2020) contribute to this subject by mentioning that
neoliberal rationality consists of forming an individual who does not think through
contradictions and does not access the scientific concepts and methods necessary for reading,
analyzing, interpreting and intervening in reality. The separation of the producer of the
content (of a course) and who mediates it with the student is part of this instrumental
rationality. Zuin (2006) addresses the theme, discussing the liquefaction of the teacher figure:
[...] that becomes a kind of service provider [...] shamelessly illustrates its
process of reification. It is in this context that the data show, that is, the data
show [currently one can think of the YouTuber teacher], expresses not only
the “appropriate” way of transmitting pedagogical contents, but also the new
function of the teacher: the animator of audiovisual shows (p. 947, emphasis
added, our translation).
The author caricatures the new configuration of the teacher to draw attention to the
fact that the formative aspect is diluted in the midst of digital technologies and the processes
of pedagogical mediation specific to the nature of these means. Who teaches distance? The
reification of the teaching work, the denial of the nature and specificity of education
(SCALCON, 2011), distance education reconverts this work again and makes the teacher a
transmitter of content. Barreto (2010, p. 1315, our translation) understands that “the teacher is
not exactly removed from the scene, but relegated to a secondary role, his actions being
tentatively reduced to aspects such as the time required to perform certain tasks”.
It is considered, therefore, that it is in the mutual a
nd interactive relationship between
teacher and student that elaborated knowledge is built and through the dialectical process of
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Distance pedagogy course: Reverberations and outcomes for initial teacher formation
RPGE
– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022156, 2022 ISSN: 1519-9029
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1000
teaching-learning. As much as there may be pedagogical intentionality in the action of the
subjects involved in the distance education assembly line, there is a lack of inseparability
between what was thought (by the content teacher), what was diagrammed (by the designers)
and what was implemented (by the virtual tutors). From the perspective of totality, teaching
work is pulverized, in addition to the precariousness of the work relationships of those
involved in this modality.
In distance education, the tutor assumes responsibility for teaching training and has the
function of mediating the pedagogical process with geographically distant students. Although
there is a vast literature regarding the virtual tutor in the distance modality, the texts, for the
most part, do not problematize the role of this subject and the impact on the student's
education, but rather endorse it. Remembering that to problematize does not mean to deny it
completely. There is no consensus in academic productions regarding the role of the tutor in
the distance modality. Some authors problematize the contradiction, others cloud it. The
sharing of teaching with the tutor, the organization of activities separately - one produces the
content and the other executes, brings elements to think about the role of the teacher. Is the
tutor a para-teacher? It is also questioned about when subjects who do not have pedagogical
formation are encouraged to become teachers (at most, they have training to work in distance
education). Hardagh and Camas (2017, p. 96, emphasis added, our translation) encourage
reflection:
Another fact, very important in our country, is the performance of the tutor,
a questionable profession from a legal point of view [...]. The professional
tutor who works, in Higher Education Institutions (HEIs), in online teaching,
practically supporting the demand of the pedagogical action
, has the
practice of referring to the specialist teacher, only when there is something
more specific and that he alone could not solve.
It is referred to the
specialist teacher, to solve the student's doubt
.
It is worth remembering
that this tutor in many institutions can be a qualified professor (specialist,
master or doctor),
can be an intern or non-titled graduate
[...].
For Veiga (2008, p. 291, our translation), organizing the class as a collaborative
process means “establishing intentions and seeking their implementation in pedagogical
actions; this implies praxis, that is, necessarily intentional human action of a theoretical-
practical character”. Although the tutor does not didactically organize the class, he is the one
who will mediate the contents with the students.
The tutor needs to know in depth the fundamental concepts that are foc
used on in the
discipline, as well as historicity, articulation with other knowledge and ways of approaching
methodological aspects. Regarding the mastery of content in a systematized way, the role of
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Yuna Lélis Beleza LOPES; Noeli Prestes Padilha RIVAS and Cristina Cinto Araújo PEDROSO
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– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022156, 2022 ISSN: 1519-9029
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the tutor is problematized when he does not have pedagogical training (or is from another area
of knowledge, not linked to the field in which he acts as a tutor). How will a bachelor
graduate mediate students in teaching degree courses?
Freitas (2007) emphasizes that the tutors' action is a precarious form of higher
education work. For Barreto (2008, p. 925) the tutor “as a figure introduced in the Brazilian
educational context by distance education and as the most fragile link in a whole chain of
simplifications, is a predictable unfolding of the process of emptying formation and teaching
work [...]”. The virtual tutor has assumed the teaching responsibility in formation in distance
courses since it establishes mediation in the pedagogical process (student-content). As the
adjectivation demonstrates, the content teacher produces the content, but it is the tutor who
executes the mediation in the virtual learning environment even without having didactic-
pedagogically organized the class (content). What knowledge are mobilized by tutors for this
mediation, as Barreto (2008) assures, insofar as these are considered the weakest link in the
production chain? In addition, there are the conditions of their work that impact on the
formation of students, namely: high turnover of tutors, given the flexible working
relationships without guaranteed rights; high ratio between tutor and student, among others.
Brief considerations
Given the above, it appears that the training of teachers at a distance is a political
choice that hides the promotion of face-to-face initial formation. Thus, it is a fact that the
implementation of distance education in Brazil occurred in a light way in its diffusion,
mainly, in distance Pedagogy courses. Molina (2014), when examining counter-hegemonic
practices in the training of educators in the field education degree course, engenders the term
“phagocytosis process” to designate the suffocation of the examined courses. Valid
expression when one thinks of public attendance courses in Pedagogy and other degrees. In
some courses, face-to-face formation is mutilated to legitimize the distance mode.
However, treating the issue
from the historical perspective entails capturing the
movement of critical reflection regarding the dissemination of initial formation courses for
distance teachers. It is believed that changing the locus of teacher formation and boosting
initial distance teacher formation favor reconversion. De Rossi (2005), Shiroma
et al
. (2017)
understand teacher reconversion as the set of strategies adopted by different instances and
centers of power to rationalize educational systems and adjust educational policies to the
economic pressures of (inter)national agencies. In other words, school education and teacher
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Distance pedagogy course: Reverberations and outcomes for initial teacher formation
RPGE
– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022156, 2022 ISSN: 1519-9029
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formation are subordinated to the utilitarian demands of the productive sector. In this
perspective, the social function of the school and the socialization of disinterested knowledge
are lost sight of – that which is not only useful for work.
The assertion that teacher formation meets demands and interests other than
educational purposes is still a reality in the current period. The current discourses that support
the legislation deal with the domain of contents and the “practice” being enough for teaching.
It is based on Malanchen and Duarte (2018, p. 31, our translation), which contribute to the
unveiling of this discourse:
[...] it is unconditional that the initial formation of teachers is the
responsibility of public universities, in the face-to-face teaching model,
which privileges debate, critical reflection, the humanist perspective and the
inseparability between teaching, research and extension. That said, the
historical-critical pedagogy, opposing the relativist pedagogies, hegemonic
in contemporary capitalist society, continues its struggle [...].
The nature of initial teacher formation, socially referenced, is not reduced to large-
scale certification. Would it be the suffocation of face-to-face courses to enhance the distance
modality? This question is justified in the light of provocations that already point to this path,
considering the upward line in the statistics of distance courses and the decline of face-to-face
courses. Therefore, it becomes increasingly relevant to discuss the basic issue: formation, as
changing the teacher's formative space (from face-to-face to virtual) reconfigures and
reconverts the profile of this professional - which, through the distance modality, is formed
remotely to work in person.
In this sense, revealing what seems to promote access to higher education through the
distance modality is promising, since distance education can have contradictory and
deleterious effects (it increases access, but makes education precarious). It should not be
naturalized that the popular classes need to be formed at distance education because they need
to work. The organicity of policies to legitimize and strengthen the formation of distance
teachers is imposed through narratives as the only solution for such formation.
Aware of the interferences around teacher formation policies, we defend the
construction of curricula that contribute to the development of critical awareness, class
consciousness, that favor counter-hegemonic actions to the utilitarian, instrumental and
economic dimensions and incorporate the interests of the working class. Therefore,
problematizing the initial formation of distance educators and their reverberations is necessary
in the context of the dismantling of public education.
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Yuna Lélis Beleza LOPES; Noeli Prestes Padilha RIVAS and Cristina Cinto Araújo PEDROSO
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1003
ACKNOWLEDGEMENTS
: Research carried out with the support of the Coordination for
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1990-2018
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Dissertação (Mestrado em Ciências, Tecnologia, Linguagens e Cultura) - Universidade
Estadual do Estado do Paraná, Foz do Iguaçu, 2021.
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: 13/09/2022
Approved
: 19/10/2022
Published
: 24/12/2022
Processing and Editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
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