RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. 00, e023070, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27i00.17800 1
FORMAÇÃO INICIAL EM PSICOLOGIA E ATENÇÃO À VIOLÊNCIA SEXUAL:
RELATOS DE PROFISSIONAIS
FORMACIÓN INICIAL EN PSICOLOGÍA Y ATENCIÓN A LA VIOLENCIA SEXUAL:
RELATOS DE PROFISSIONALES
INITIAL TRAINING IN PSYCHOLOGY AND ATTENTION TO SEXUAL VIOLENCE:
REPORTS OF PROFESSIONALS
Brenda Sayuri TANAKA1
e-mail: brenda.s.tanaka@unesp.br
George Miguel THISOTEINE2
e-mail: george.thisoteine@unesp.br
Ana Cláudia BORTOLOZZI3
e-mail: claudia.bortolozzi@unesp.br
Como referenciar este artigo:
TANAKA, B. S.; THISOTEINE, G. M.; BORTOLOZZI, A. C.
Formação inicial em psicologia e atenção à violência sexual:
Relatos de profissionais. Revista on line de Política e Gestão
Educacional, Araraquara, v. 27, n. 00, e023070, 2023. e-ISSN:
1519-9029. DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27i00.17800
| Submetido em: 01/03/2023
| Revisões requeridas em: 22/08/2023
| Aprovado em: 13/10/2023
| Publicado em: 28/12/2023
Editor:
Prof. Dr. Sebastião de Souza Lemes
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Bauru SP Brasil. Psicóloga e mestranda no Programa de Pós-
Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem.
2
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara – SP – Brasil. Psicólogo e mestrando no Programa de Pós-
Graduação em Educação Sexual.
3
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Bauru SP Brasil. Psicóloga e livre-docente do Departamento de
Psicologia.
Formação inicial em psicologia e atenção à violência sexual: Relatos de profissionais
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. 00, e023070, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27i00.17800 2
RESUMO: A violência sexual está atrelada a problemas de saúde vivenciados pelas vítimas e
a Psicologia possui grande importância no acompanhamento dessas pessoas. Este estudo
qualitativo investigou a contribuição da formação inicial em Psicologia no atendimento de casos
de violência sexual, segundo o relato de profissionais. Foram entrevistadas cinco psicólogas
cujos relatos foram categorizados pelo método de análise de conteúdo, resultando nos
agrupamentos: (1) Experiências favoráveis na formação que auxiliaram no trabalho com casos
de violência sexual; (2) Dificuldades específicas quando a queixa é violência sexual; (3)
Lacunas na formação inicial para atuar com casos de violência sexual; (4) Outros fatores que
auxiliam o trabalho atual com casos de violência sexual. Os dados sinalizam contribuições
indiretas da graduação para o trabalho com vítimas de violência sexual, entretanto não foram
identificados ensinos planejados especificamente para essa atuação. Conclui-se que uma
carência de conteúdos específicos sobre violência sexual na formação da amostra.
PALAVRAS-CHAVE: Psicologia. Formação inicial. Violência sexual. Atendimento. Vítimas.
RESUMEN: La violencia sexual está vinculada a problemas de salud vividos por las víctimas
y la psicología tienen una gran importancia en el seguimiento de esta gente. Este estudio
cualitativo investigó la contribución de la formación inicial en Psicología en la atención de
casos de violencia sexual, según relatos de profesionales. Fueron entrevistados cinco
psicólogos cuyos informes fueron categorizados mediante el método de análisis de contenido,
resultando en los siguientes grupos: (1) Experiencias favorables en capacitaciones que
ayudaron en el trabajo con casos de violencia sexual; (2) Dificultades específicas cuando la
denuncia es violencia sexual; (3) Brechas en la formación inicial para trabajar con casos de
violencia sexual; (4) Otros factores que sustentan el trabajo actual con casos de violencia
sexual. Los datos apuntan contribuciones indirectas de la graduación al trabajo con víctimas
de violencia sexual, sin embargo, no fueron identificadas enseñanzas específicas previstas para
esta acción. Se concluye que falta contenido específico sobre violencia sexual en la formación
de la muestra.
PALABRAS CLAVE: Psicología. Formación inicial. Violencia sexual. Asistencia. Víctimas.
ABSTRACT: Sexual violence is linked to health problems experienced by victims, and
Psychology is critical in monitoring these people. This qualitative study investigated the
contribution of initial training in Psychology in the care of cases of sexual violence, according
to the reports of professionals. Five psychologists were interviewed whose reports were
categorized using the content analysis method, resulting in the following groups: (1) Favorable
experiences in training that helped in working with cases of sexual violence; (2) Specific
difficulties when the complaint is sexual violence; (3) Gaps in initial training to work with cases
of sexual violence; (4) Other factors that support current work with cases of sexual violence.
The data indicate indirect contributions of the graduation to the work with victims of sexual
violence, however, specific teachings planned for this action were not identified. It is concluded
that there is a lack of specific content on sexual violence in the sample formation.
KEYWORDS: Psychology. Training. Sexual violence. Assistance. Victims.
Brenda Sayuri TANAKA; George Miguel THISOTEINE e Ana Cláudia BORTOLOZZI
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Introdução
O estudo aqui apresentado é uma pesquisa desenvolvida sobre a formação inicial na área
da Psicologia e seus fatores de ensino voltados para a abordagem do fenômeno da violência
sexual. O tema da violência sexual tem sido cada vez mais debatido entre as pessoas em diversos
contextos como os familiares, clínicos, jurídicos e também na mídia, seja por meio de notícias,
filmes, séries e até mesmo músicas. Para além do impacto social produzido através do
conhecimento cada vez mais amplo sobre essa temática, enfrenta-se também os impactos que
são gerados nas vidas das pessoas que estiveram em situação de violência sexual, de seus
familiares e pessoas próximas, para as quais o trabalho de profissionais da Psicologia torna-se
fundamental.
Dessa forma, levantou-se o questionamento sobre como os cursos de Psicologia
estariam preparando os futuros profissionais para atuarem com uma demanda que parece ser
frequente nas diversas possibilidades de atuação da área - clínica, social, escolar, entre outras
-, qual seja, a da atenção para com vítimas de violência sexual. O problema de pesquisa aqui
relacionado foi o questionamento se os profissionais em início de carreira sentiam-se
preparados para trabalhar com casos de violência sexual, a partir dos recursos teórico-práticos
proporcionados por seus cursos de graduação.
Os dados encontrados e discutidos ressaltam a importância do ensino sobre violência
sexual para a realização de um trabalho adequado na área da Psicologia, que ajude na promoção
de saúde para pessoas que tenham sido afetadas por esse fenômeno. Além disso, podem auxiliar
na elaboração de programas educacionais sobre o tema, contribuindo não apenas para a
formação profissional de psicólogas e psicólogos, mas também das pessoas que por eles sejam
atendidas no futuro.
Fundamentação do tema
A violência sexual é um problema de saúde pública que acarreta na violação dos direitos
humanos (GARCÍA-MORENO; STÖCKL, 2009; BRASIL, 2012; OMS, 2012), sexuais e
reprodutivos, caracterizada por qualquer ato ou demonstração de poder de alguém contra a
sexualidade de outra pessoa (OMS, 2002). Pode ocorrer por meio da agressividade, mas
também pela coação e chantagem, gerando consequências para a saúde das vítimas que podem
ser identificadas de maneira imediata ou a longo prazo no decorrer de seu desenvolvimento
(OMS, 2012; BRASIL, 2012).
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As consequências da violência sexual podem afetar tanto a saúde física, por meio de
lesões e infecções sexualmente transmissíveis, quanto a saúde psicológica, a partir de quadros
ansiosos e depressivos (OMS, 2002; BRASIL, 2012). A saúde sexual e reprodutiva das vítimas
também pode ser afetada, levando a dificuldades de relacionamento e insatisfação com a vida
sexual durante a fase adulta (OMS, 2002; GARCÍA-MORENO; STÖCKL, 2009; TANAKA;
MAIA, 2020). O atendimento realizado nos serviços de saúde possui o papel de tentar
minimizar as possíveis consequências da violência sexual na vida das pessoas que foram
vitimizadas (BRASIL, 2012; OMS, 2014; HOHENDORFF; HABIGZANG; KOLLER, 2015;
CASQUER; SANTOS; GAYOSO; DUARTE, 2019), além de serem um dos primeiros serviços
procurados nessas situações (SILVINO; DA SILVA; DUARTES; BELENTANI; DE
OLIVEIRA, 2016).
Comumente, a primeira ação realizada é o acolhimento do relato da violência sofrida
(HABIGZANG; AZEVEDO; KOLLER; MACHADO, 2006), sendo de extrema importância
que o profissional atuante informe à vítima sobre os procedimentos seguintes a serem
realizados, assim como seus motivos (BOMFIM; ANDRADE, 2012). A Organização Mundial
da Saúde (2014) aponta a necessidade de serviços de saúde abrangentes e de qualidade, com
condições para oferecer atendimentos no momento adequado, que sejam eficazes e atentos às
questões de gênero, às necessidades e à segurança da vítima e sua família. Mais especificamente
com relação à área da Psicologia, os trabalhos devem ser iniciados o mais breve possível e
mantidos pelo tempo que for necessário (BRASIL, 2012).
O público mais exposto a sofrer violência sexual são as pessoas do gênero feminino,
independentemente de sua idade, sendo fundamental ressaltar que também existem casos em
que as vítimas são do gênero masculino (OMS, 2002; 2012; BRASIL, 2012), porém tais
situações costumam ser subnotificadas (HOHENDORFF; HABIGZANG; KOLLER, 2015).
Dessa forma, a violência sexual é considerada por enquanto uma violência de gênero, por estar
pautada nos padrões sociais do que culturalmente é tido como feminino e masculino
(SAFFIOTI, 2004; SPAZIANI; VIANNA, 2020).
Em relação ao público infanto-juvenil, o Estatuto da Criança e do Adolescente
(BRASIL, 1990) determina que todos os adultos responsáveis ou de algum modo ligados às
crianças e aos adolescentes possuem o dever de prevenir as violações de seus direitos. Porém,
observou-se a associação entre histórico de violências familiares e ofensas sexuais cometidas
por adolescentes (COSTA et al., 2017), o que também se relaciona com a possibilidade de
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consequências geracionais provocadas por episódios de violência sexual (OMS, 2012;
BRASIL, 2012).
O Estatuto também é o documento que prevê e garante o atendimento das crianças e
adolescentes nos serviços de saúde, quando em situação de violência sexual. Segundo
Hohendorff, Habigzang e Koller (2015), ao analisarem as políticas de saúde mental brasileiras
de atenção à violência sexual no sistema público, as vítimas possuem direito tanto ao
acompanhamento psicossocial realizado pelo Centro de Referência Especializado de
Assistência Social (CREAS), quanto ao tratamento psicoterápico através de encaminhamento
para os serviços de saúde mental oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Porém, os
mesmos autores identificaram que os índices de encaminhamento para tratamento psicoterápico
são baixos, sendo que os sintomas gerados pela violência sexual e percebidos a longo prazo
sinalizam para o fato de que a passagem do tempo sem intervenções psicológicas não é
suficiente para minimizar os agravos da violência (HOHENDORFF; HABIGZANG; KOLLER,
2015).
Além disso, os psicólogos responsáveis pelas intervenções necessárias com as vítimas
de violência sexual podem apresentar dificuldades relacionadas à realização de um trabalho
adequado, que demanda preparo técnico e emocional para lidar com o tema, ao qual podem ser
atribuídos diferentes significados morais e culturais (NUNES; MORAIS, 2021). Do mesmo
modo, a fragilidade profissional pode acarretar na ausência de registro das informações relativas
à vítima e a violência sexual sofrida, necessárias para decidir os encaminhamentos apropriados
(NUNES; LIMA, 2017), bem como na ausência de registro dos procedimentos empreendidos
pelos profissionais da Psicologia quando o encaminhamento ocorre (HOHENDORFF;
HABIGZANG; KOLLER, 2015).
Assim, o preparo profissional aparece como fator relevante nos casos de violência
sexual, que apresentam demandas específicas (HOHENDORFF; HABIGZANG; KOLLER,
2015), e a formação continuada realizada pelos profissionais que atuam com as vítimas é
considerada um fator de proteção para essas pessoas que são atendidas (NUNES; MORAIS,
2021). Porém, importante também se faz investigar sobre a formação inicial em Psicologia e o
preparo proporcionado durante a graduação para a atuação com casos de violência sexual,
que esta é a base para a futura atuação desses profissionais em início de carreira, que podem se
deparar com casos de violência sexual ao começarem a trabalhar.
Desta forma, esta pesquisa teve como objetivo investigar a contribuição da formação
inicial em Psicologia para psicólogas e psicólogos no acolhimento e/ou atendimento de casos
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de violência sexual, independentemente da área de atuação (clínica, hospitalar, escolar, entre
outras), segundo o relato de profissionais recém-formados.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, tipo descritivo-exploratório (BORTOLOZZI,
2020), aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa de uma universidade pública (CAAE
32484020.3.0000.5398; Parecer de n.º 4.098.015 de 19/6/2020).
Participaram deste estudo cinco psicólogas registradas no Conselho Regional de
Psicologia do Estado de São Paulo e todas se identificaram com o gênero feminino, com idade
entre 23 e 49 anos (média de 29 anos). Atuavam como psicólogas clínicas, sendo que duas delas
também trabalhavam em outras áreas ligadas à Psicologia. Apesar disso, o contexto clínico no
qual trabalhavam não era homogêneo: atendiam em clínicas interdisciplinares, outras em casa
por meio de atendimento remoto, ou em serviços de clínica-escola de especialização e
residência. As participantes foram nomeadas pela letra maiúscula P, seguida da numeração
ordinal pela qual realizaram as entrevistas: P1, P2, P3, P4 e P5.
As participantes dividiam-se entre aquelas que usam a abordagem psicanalítica e
aquelas que partiam do referencial teórico da análise do comportamento, sendo quatro formadas
em 2019 e uma em 2018. Apenas duas delas estavam desenvolvendo atividades de estudos na
pós-graduação lato sensu, sendo que nenhuma possuía curso ou formação específica voltada
para o fenômeno da violência sexual.
A seleção das participantes foi realizada mediante divulgação da pesquisa no grupo de
estudos ao qual os autores se vinculam, caracterizando uma amostra por conveniência, não
probabilística. Foram considerados como critérios de inclusão ter concluído a graduação em
Psicologia em até três anos antes da realização da entrevista e ter realizado o acolhimento e/ou
atendimento de uma ou mais vítimas de violência sexual, seja no campo clínico ou em
instituições de acolhimento (tais como hospitais, centros de atenção psicossocial, conselhos
tutelares, dentre outras).
Para a coleta de dados, foram realizadas entrevistas semiestruturadas, cujo roteiro foi
elaborado pelos pesquisadores e testado em formato piloto com participantes similares ao da
amostra para ajustes necessários antes da versão final. As entrevistas foram realizadas por via
remota e on-line pela Plataforma Google Meet, em decorrência das medidas sanitárias
estipuladas durante a Pandemia de COVID-19, gravadas e transcritas na íntegra para registro e
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posterior análise dos dados. Ao término, solicitou-se a cada participante a indicação de outro
profissional que pudesse integrar a amostra, de acordo com os critérios de inclusão, cnica
denominada “bola de neve”. A assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE) foi imprescindível para assegurar a participação voluntária na pesquisa e inclusão dos
dados coletados, resguardando os direitos éticos das participantes.
O procedimento de análise de dados utilizado foi a técnica de análise de conteúdo, que
prevê a formação de categorias temáticas emergentes e mutuamente exclusivas (BARDIN,
2011; BORTOLOZZI, 2020). As categorias encontradas a partir da análise passaram por juízes
para reavaliação e validação por compatibilidade.
Resultados
(1) Experiências favoráveis na formação que auxiliaram no trabalho com casos de
violência sexual
Esta categoria reúne informações sobre a graduação fornecidas pelas participantes e que
expressam relação de influência favorável para com a atuação profissional em Psicologia com
casos de violência sexual, auxiliando no trabalho atual. Essas experiências foram subdivididas
em duas subcategorias: atividades práticas em estágio(s) durante a graduação, com atendimento
de caso(s) relacionado(s) à violência sexual e supervisão com professores; e questões teóricas
trabalhadas durante a graduação.
Um modo de compreender a formação como favorável foi a experiência a partir de
atividades práticas, sobretudo em situações de estágio supervisionado. A participante P1
entende que, por ter tido a oportunidade de atender um caso de violência sexual durante a
graduação, ficou segura de como atender outro caso que envolvesse esse tema após a graduação
ter sido concluída, mas reconhece que são sempre casos difíceis. Segundo P1, as supervisoras
de estágio que ela teve na graduação também trouxeram conteúdos e orientações importantes
para a prática que desenvolveu na formação inicial.
P2 realizou uma atividade de plantão psicológico que ajudou no acolhimento dos casos
de terapia após estar graduada, em especial os de violência sexual. Também destacou o estágio
que fez na sede do Conselho Regional de Psicologia como uma experiência importante para
aprender sobre como realizar a denúncia desse tipo de violência e conhecer as normas técnicas
de atuação nesses casos, seja nas diferentes práticas de Psicologia ou como psicóloga clínica.
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A participante P3 relatou uma atividade indireta durante o estágio de psicologia
organizacional, na qual pôde treinar suas habilidades para escuta e acolhimento, o que a
preparou para um fenômeno que compreendeu ser comum para o trabalho da Psicologia. Já P4
participou de projetos de extensão com crianças e cuidadores, espaços nos quais desenvolveu
habilidades de escuta e acolhimento para lidar posteriormente com os casos diretamente ligados
à violência sexual. Também destacou um estágio obrigatório feito no Centro de Atenção
Psicossocial (CAPS), um trabalho de acompanhamento terapêutico em que as orientações que
o professor supervisor fazia sobre sua atuação também foram consideradas importantes para
modificar a sua forma de agir e entender as situações de atendimento psicológico.
A partir desses relatos, foi possível perceber que houve casos de atendimento direto e
mais específico com a temática da violência, a partir das informações sobre atendimentos na
área clínica, como também nas situações práticas diversas em que as habilidades de escuta e
acolhimento foram desenvolvidas, de modo a contribuir para a atuação profissional futura com
casos de violência sexual.
Outro modo de compreensão da formação enquanto um processo favorável ocorreu a
partir dos relatos sobre as atividades teóricas. A participante P1 entende que o tema “violência
sexual” foi visto em uma das disciplinas cursadas durante a graduação, mas de forma
superficial. Por sua vez, P2 identificou o curso e os professores de Psicologia como muito
importante para tomar consciência e desnaturalizar a forma como via os fenômenos sociais e
psicológicos, porém sem mencionar disciplinas específicas nas quais tenha visto sobre o
fenômeno da violência sexual.
A participante P3 considera que os conteúdos trabalhados na disciplina de Educação
Sexual auxiliaram-na a entender que trabalhar tabus relacionados às vivências de violência
sexual, como a reação da família frente à notícia ou a figura do agressor (membro da família ou
pessoa próxima a esta), são processos importantes para ajudar na elaboração do sentimento de
culpa apresentado pelas vítimas de violência sexual. Também contou que havia uma aula
específica sobre violência sexual nessa disciplina e, além disso, sinalizou que os temas foram
tratados em uma apresentação de estagiários na disciplina de Psicologia Escolar, bem como na
disciplina de Psicopatologia durante discussão sobre casos de Transtorno Borderline.
P4 também destacou o aprendizado sobre violência sexual em discussões nas disciplinas
do curso, comentando: as aulas de clínica, quando eu penso nos aprendizados, eles vieram
muito das aulas de clínica. Principalmente nas aulas do terceiro e quarto ano, clínica
comportamental 1 e 2”. Destacou ainda as disciplinas de Psicanálise que trouxeram repertório
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teórico e principalmente os relatos de casos que ajudaram a ver de forma mais concreta o
manejo profissional possível de se realizar durante a prática profissional. Apontou a disciplina
de Educação Sexual como importante para pensar em como se a violência no contexto
escolar e como a instituição participa da forma de intervenção sobre esse fenômeno.
Dessa forma, as disciplinas comentadas pelas participantes que abordaram o conteúdo
sobre violência sexual foram aquelas relacionadas à área clínica (pela abordagem
comportamental e psicanalítica, a depender da afinidade da participante com a teoria em
questão), principalmente através da discussão de casos, e à área escolar, através da abordagem
de educação sexual.
(2) Dificuldades específicas quando a queixa é violência sexual
Esta categoria apresenta relatos sobre as dificuldades percebidas pela terapeuta quando
o caso envolve situações de violência sexual, durante o trabalho atual. P1 diz que violência
sexual (...) sempre é muito difícil quando você ouve isso de uma outra mulher”. Além da
identificação da participante com outras mulheres, a entrevistada passou em sua vida por esse
tipo de violência, o que a coloca em um lugar onde é mais difícil escutar e ponderar sobre o que
aconteceu. Entende que os casos de violência sexual exigem uma abordagem complexa, “o
dobro de cuidado”, para que não seja maximizada a dor durante o relato nos atendimentos, pois
não é um assunto fácil de lidar para as pacientes.
P2 afirma que, por nunca ter passado por esse tipo de violência e nem conhecer casos
em sua família ou entre as pessoas de seu convívio, ela possui dificuldades em reconhecer ou
entender esse tipo de situação que as vítimas passam. Além disso, entende que o agressor estar
ou não em contato com as vítimas é um fator que complexifica mais o atendimento. Por isso,
enfatiza que a violência sexual é um assunto delicado, exigindo do profissional pensar em
“como” e “o quê” falar para evitar reproduzir essas e outras violências com a vítima.
P3 comenta que surgem dificuldades pessoais por se identificar com os relatos e por ser
mulher como as vítimas que atendeu, mesmo sem ter passado por esse tipo de violência. a
participante P4 menciona dificuldades pessoais por não conseguir dar a disponibilidade
emocional ou o suporte que acharia necessário para essas pessoas. Também destaca a impressão
de ficar aquém de como gostaria de atender, principalmente no manejo quando as vítimas são
crianças, por sentir que esse público é mais difícil de atender do que quando a vítima é um
adulto. Relatou ainda ter grande dificuldade em como abordar a culpa e a ansiedade que as
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pacientes crianças e adultas sentem, pois entende que são sentimentos que não cessam apenas
por algo dito pela profissional e sim por um processo de reencontros com essas pacientes.
Dessa forma, levando em consideração as dificuldades mencionadas, percebe-se por
meio dos relatos das participantes uma grande preocupação com fatores do atendimento que
poderiam levar à revitimização das pacientes por parte das próprias psicólogas, o que parece ter
relação direta com essa compreensão de que tais casos seriam mais complexos e demandariam
maior cuidado profissional durante a atuação.
(3) Lacunas na formação inicial para atuar com casos de violência sexual
Nesta categoria, foram agrupados relatos sobre as lacunas na graduação que são
percebidas em relação ao trabalho atual de atendimento com casos de violência sexual. P1 conta
que, apesar de ter visto sobre violência sexual nas aulas teóricas, os poucos contatos que teve
com o tema “não eram [em] disciplinas específicas” e o assunto quase nunca era falado, tanto
nas disciplinas quanto nos estágios. P2 relatou que, na faculdade, não atendeu pessoas que
possuíam histórico de violência sexual e considera que, seja em aulas específicas ou nas
atividades dos semestres letivos, os conteúdos desenvolvidos também não ajudaram a
desenvolver habilidades e conhecimentos para trabalhar especificamente com esse público e
suas demandas.
P3 relatou acreditar que faltou em sua graduação uma disciplina específica que
abordasse o assunto, ou ainda algo que recorresse em outras disciplinas, uma vez que esse é um
tema que a participante entende como transversal a todas as possibilidades de atuação na área
da Psicologia. Também percebe que, apesar de ter aprendido a identificar quando acontece esse
tipo de violência com uma criança e como construir uma prática fundamentada e ética, faltaram
referenciais para pensar o manejo e o acolhimento específicos para a população que foi vítima
de violência sexual.
Por último, P4 reconhece que qualquer formação básica vai possuir lacunas em assuntos
específicos, como é o caso da atuação com vítimas de violência sexual em diferentes contextos:
hospitalar, atendimento breve, entre outros. Também critica o curso de graduação feito, pois,
segundo sua avaliação, ele apresenta a clínica de uma forma tradicional na maioria das vezes,
o que não corresponde com a diversidade de atuações clínicas que a Psicologia está inserida.
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(4) Outros fatores que auxiliam o trabalho atual com casos de violência sexual
Nesta categoria, foram incluídos os relatos sobre outros fatores que auxiliaram no
trabalho das participantes com pacientes que foram vítimas de violência sexual. P1 diz que
percebe sua forma de atender e acolher como semelhante com a maneira de sua terapeuta e que
a terapia pessoal foi um processo muito relevante para conseguir realizar os atendimentos na
graduação e mesmo depois dela. Destacou que continuar realizando cursos após a graduação e
também estudos pessoais são fatores muito importantes para prosseguir com os atendimentos:
“estudei bastante em relação a isso, ainda estudo [...] Acho que o que me ajuda bastante é isso
[...] realmente pesquisar, estudar, ir a fundo, tentar buscar literatura de referência”.
As participantes P2 e P3 também destacaram a terapia pessoal e as práticas de supervisão
após a graduação como um espaço de autoconhecimento e preparo para atender, ajudando no
processo de compreender qual conduta ter frente aos casos e sem confundir suas questões
pessoais com as queixas das pacientes. Além disso, P3 em sua atuação depois de formada
também buscou por supervisão porque entendeu que eram casos mais trabalhosos e que
demandavam uma conduta complexa, não considerando possuir todo o conhecimento
necessário “para lidar com isso sozinha nesse momento de início de carreira”.
P4 afirmou ser fundamental continuar estudando para além da graduação e considera
que, por estar em um contexto de formação em pós-graduação, é algo muito importante para a
sua prática e entendimento do fenômeno da violência sexual “a experiência da residência, ter
as supervisões, ter sempre um profissional a quem recorrer, uma supervisora, nesses casos
mais complexos poder procurar essa pessoa e compartilhar”. Por fim, destacou que ter
participado de um grupo de estudo específico sobre violência sexual após a graduação foi outro
fator importante para a compreensão desse fenômeno.
Discussão
Como as entrevistadas possuíam majoritariamente dois anos de formação, é possível
perceber que a maior parte dos recursos teórico-práticos que usam em sua prática advém do
período da graduação recém-concluída em Psicologia. As participantes pareceram atribuir
grande importância aos estudos específicos feitos dentro de disciplinas cursadas na graduação,
considerando as influências geradas para sua atuação com casos de violência sexual
posteriormente. Porém, os conteúdos que tiveram relação direta com o tema da violência sexual
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geralmente foram mencionados como pontuais dentro do contexto das disciplinas e não
representavam um ensino direcionado à compreensão da complexidade desse fenômeno.
Os sentimentos suscitados nas psicólogas pelo contato com vítimas de violência sexual
apareceram como elemento relevante, principalmente na Categoria 2, relacionados às
dificuldades em atendimento. Penso et al. (2008) observaram que esses sentimentos são um
fator que contribui para a compreensão de algumas dificuldades identificadas por alunos e ex-
alunos de Psicologia diante da atuação com a temática da violência sexual, levando os autores
a concluir a falta de embasamento teórico para a realização de intervenções e a necessidade de
aprofundamento nos estudos desse tema durante a graduação.
Chama atenção o fato de a maioria das vítimas mencionadas pelas entrevistadas ser
mulheres, do mesmo modo como a maioria das notificações de violência sexual ser voltada ao
público feminino (OMS, 2002; 2012; BRASIL, 2012). Além disso, observou-se uma tendência
à identificação das psicólogas com as vítimas, por serem estas profissionais e as pacientes de
mesmo nero feminino, tendo as participantes experienciado ou não algum episódio de
violência sexual em suas vidas. Esse fator pode se relacionar também à necessidade
demonstrada por todas de que, para conduzir esse trabalho, realizassem supervisão com
acompanhamento técnico sobre a condução dos casos, bem como de terapia para lidar com
possíveis questões pessoais suscitadas. Levanta-se como hipótese dessas observações o fato de
a amostra ser constituída apenas por mulheres, não havendo relatos da experiência profissional
de pessoas do gênero masculino para comparação.
Em pesquisa realizada sobre os efeitos gerados pela capacitação para intervenção com
vítimas de violência sexual, junto a psicólogos que trabalham com esses casos, perceberam-se
mudanças na atuação profissional dos participantes, levando a intervenções mais efetivas com
os pacientes em razão dos conteúdos, técnicas e habilidades trabalhados (DE FREITAS;
HABIGZANG, 2013), além de aumentar a sua confiança diante dos atendimentos dos casos
(HORWOOD et al., 2018; KRISTUFKOVA et al., 2018). Na Categoria 4, verificou-se que a
continuidade dos estudos após a graduação foi um fator que favoreceu e aprimorou a atuação
das profissionais com os casos de violência sexual, apesar de os cursos e formações em nível
de pós-graduação mencionados não serem especificamente voltados para violência sexual.
Como indicado pelas orientações publicadas pelo Conselho Federal de Psicologia
(2012), o Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei Maria da Penha e o Pacto Nacional de
Enfrentamento da Violência Contra a Mulher são documentos fundamentais para a atuação de
profissionais com as demandas de violência sexual. Apesar de o estudo da legislação (leis,
Brenda Sayuri TANAKA; George Miguel THISOTEINE e Ana Cláudia BORTOLOZZI
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. 00, e023070, 2023. e-ISSN: 1519-9029
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convenções e estatutos relacionados à prática profissional) fazer parte obrigatória dos currículos
de Psicologia, tais documentos e outras normas técnicas de atuação não foram mencionados
durante as entrevistas como conteúdos vistos pelas participantes durante a graduação. Apenas
P2 contou ter aprendido a respeito sobre o tema, mas em decorrência de um estágio
extracurricular e, por isso, não-obrigatório.
A mencionada observação aponta para uma fragilidade na formação profissional
destinada ao tratamento da violência sexual, em consonância com as descobertas de Aguiar et
al. (2020), os quais identificaram que as formações na área da saúde não abordam devidamente
a temática da violência sexual contra a mulher. Quando abordam, o fazem de maneira
superficial, indicando a necessidade de incorporar essa temática nos currículos de ensino
superior.
De maneira similar, as participantes não mencionaram instituições públicas que
oferecem serviços de atenção a vítimas de violência sexual no Brasil, exceto o CAPS. Isso
suscita a hipótese de que tal omissão pode estar relacionada ao fato de as psicólogas terem tido
contato com atendimento a vítimas de violência sexual, principalmente no contexto clínico.
Estudos apontam os problemas de formação, tanto no contexto social (AZAMBUJA,
2005) como no contexto clínico (LIMA; POLLO, 2005), indicando que uma carência
conceitual no entendimento do conceito de violência sexual. O mesmo pôde ser observado no
relato das participantes, no qual se notou falta de sistematicidade para a definição do fenômeno
da violência sexual durante as entrevistas. Podem ser levantadas como hipóteses tanto a
carência de referências técnicas abordadas na formação básica dessas profissionais para
embasar a delimitação de uma definição, como mais uma vez a falta de espaço para estudo e
aprofundamento sobre do tema no espaço da graduação em Psicologia.
Considerações finais
A relação entre as formações acadêmicas cursadas pelas participantes e o atendimento
de questões relacionadas à violência sexual de clientes indicou facilidades mais ligadas ao
desenvolvimento de habilidades gerais na prática psicológica, como escuta e acolhimento do
que a competências específicas adquiridas no currículo da graduação. A questão da não
especificidade de conteúdos, disciplinas, estágios ou estudos prévios sobre violência sexual é
compreendida pelas entrevistadas como uma falha na formação inicial. Quanto aos fatores
pessoais, como a identidade de gênero ou a história de vida, também foram relacionados às
Formação inicial em psicologia e atenção à violência sexual: Relatos de profissionais
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. 00, e023070, 2023. e-ISSN: 1519-9029
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dificuldades no trabalho com esses casos, cuja solução unânime foi a busca por supervisão e
terapia.
Os dados encontrados sugerem a fragilidade da formação acadêmica em Psicologia para
atuação com casos de violência sexual e, diante disso, uma conduta das participantes em
buscarem contornar esse problema de diferentes formas, como recorrerem a cursos e estudos
particulares. Assim, a formação básica da amostra não abordou a violência sexual, apesar deste
fenômeno ser complexo e recorrente na atuação em Psicologia e isso evidenciar a necessidade
de formação para psicólogos atuarem no enfrentamento de suas consequências na vida das
vítimas.
Embora sejam reconhecidas as limitações da pesquisa quanto a composição da amostra,
conclui-se que o tema da violência sexual ainda carece de desenvolvimento em muitos aspectos
quando pensado em relação à formação inicial na área da Psicologia. Evidentemente que um
curso inicial de graduação pluralista não prevê o aprofundamento de nenhuma temática
específica; entretanto, considerando os altos índices de violências sexuais registrados no país e
a constante demanda de profissionais na área da saúde, como os da Psicologia, para atuarem
nesta área, parece ser necessário que os currículos da formação básica em Psicologia
considerem um modo melhor de tratar esta temática na formação. Novas investigações são
necessárias e podem contribuir para a melhor compreensão dessa problemática, levando
também à elaboração de possíveis soluções.
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CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Agradecemos ao GEPESEC, Grupo de Estudos e Pesquisa “Educação,
Sexualidade e Cultura”, do qual os autores fazem parte.
Financiamento: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse.
Aprovação ética: O estudo respeitou os procedimentos éticos de pesquisas com seres
humanos, tendo sido aceito pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências -
UNESP/Bauru (CAAE 32484020.3.0000.5398; Parecer de nº 4.098.015 de 19/6/2020).
Disponibilidade de dados e material: Os dados e materiais utilizados não estão
disponíveis por questões de sigilo ético com as participantes da pesquisa.
Contribuições dos autores: Todos os três autores participaram, igualmente, da elaboração,
redação e revisão do artigo.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. 00, e023070, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27i00.17800 1
INITIAL TRAINING IN PSYCHOLOGY AND ATTENTION TO SEXUAL
VIOLENCE: REPORTS OF PROFESSIONALS
FORMAÇÃO INICIAL EM PSICOLOGIA E ATENÇÃO À VIOLÊNCIA SEXUAL:
RELATOS DE PROFISSIONAIS
FORMACIÓN INICIAL EN PSICOLOGÍA Y ATENCIÓN A LA VIOLENCIA SEXUAL:
RELATOS DE PROFISSIONALES
Brenda Sayuri TANAKA1
e-mail: brenda.s.tanaka@unesp.br
George Miguel THISOTEINE2
e-mail: george.thisoteine@unesp.br
Ana Cláudia BORTOLOZZI3
e-mail: claudia.bortolozzi@unesp.br
How to reference this paper:
TANAKA, B. S.; THISOTEINE, G. M.; BORTOLOZZI, A. C.
Initial training in psychology and attention to sexual violence:
Reports of professionals. Revista on line de Política e Gestão
Educacional, Araraquara, v. 27, n. 00, e023070, 2023. e-ISSN:
1519-9029. DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27i00.17800
| Submitted: 01/03/2023
| Revisions required: 22/08/2023
| Approved: 13/10/2023
| Published: 28/12/2023
Prof. Dr. Sebastião de Souza Lemes
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
São Paulo State University (UNESP), Bauru SP Brazil. Psychologist and master's student in the Graduate
Program in Developmental and Learning Psychology.
2
São Paulo State University (UNESP), Araraquara – SPBrazil. Psychologist and master's student in the Graduate
Program in Sexual Education.
3
São Paulo State University (UNESP), Bauru – SPBrazil. Psychologist and associate professor at the Department
of Psychology.
Initial training in psychology and attention to sexual violence: Reports of professionals
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. 00, e023070, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27i00.17800 2
ABSTRACT: Sexual violence is linked to health problems experienced by victims, and
Psychology is critical in monitoring these people. This qualitative study investigated the
contribution of initial training in Psychology in the care of cases of sexual violence, according
to the reports of professionals. Five psychologists were interviewed whose reports were
categorized using the content analysis method, resulting in the following groups: (1) Favorable
experiences in training that helped in working with cases of sexual violence; (2) Specific
difficulties when the complaint is sexual violence; (3) Gaps in initial training to work with cases
of sexual violence; (4) Other factors that support current work with cases of sexual violence.
The data indicate indirect contributions of the graduation to the work with victims of sexual
violence, however, specific teachings planned for this action were not identified. It is concluded
that there is a lack of specific content on sexual violence in the sample formation.
KEYWORDS: Psychology. Training. Sexual violence. Assistance. Victims.
RESUMO: A violência sexual está atrelada a problemas de saúde vivenciados pelas vítimas e
a Psicologia possui grande importância no acompanhamento dessas pessoas. Este estudo
qualitativo investigou a contribuição da formação inicial em Psicologia no atendimento de
casos de violência sexual, segundo o relato de profissionais. Foram entrevistadas cinco
psicólogas cujos relatos foram categorizados pelo método de análise de conteúdo, resultando
nos agrupamentos: (1) Experiências favoráveis na formação que auxiliaram no trabalho com
casos de violência sexual; (2) Dificuldades específicas quando a queixa é violência sexual; (3)
Lacunas na formação inicial para atuar com casos de violência sexual; (4) Outros fatores que
auxiliam o trabalho atual com casos de violência sexual. Os dados sinalizam contribuições
indiretas da graduação para o trabalho com vítimas de violência sexual, entretanto não foram
identificados ensinos planejados especificamente para essa atuação. Conclui-se que uma
carência de conteúdos específicos sobre violência sexual na formação da amostra.
PALAVRAS-CHAVE: Psicologia. Formação inicial. Violência sexual. Atendimento. Vítimas.
RESUMEN: La violencia sexual está vinculada a problemas de salud vividos por las víctimas
y la psicología tienen una gran importancia en el seguimiento de esta gente. Este estudio
cualitativo investigó la contribución de la formación inicial en Psicología en la atención de
casos de violencia sexual, según relatos de profesionales. Fueron entrevistados cinco
psicólogos cuyos informes fueron categorizados mediante el método de análisis de contenido,
resultando en los siguientes grupos: (1) Experiencias favorables en capacitaciones que
ayudaron en el trabajo con casos de violencia sexual; (2) Dificultades específicas cuando la
denuncia es violencia sexual; (3) Brechas en la formación inicial para trabajar con casos de
violencia sexual; (4) Otros factores que sustentan el trabajo actual con casos de violencia
sexual. Los datos apuntan contribuciones indirectas de la graduación al trabajo con víctimas
de violencia sexual, sin embargo, no fueron identificadas enseñanzas específicas previstas para
esta acción. Se concluye que falta contenido específico sobre violencia sexual en la formación
de la muestra.
PALABRAS CLAVE: Psicología. Formación inicial. Violencia sexual. Asistencia. Víctimas.
Brenda Sayuri TANAKA; George Miguel THISOTEINE and Ana Cláudia BORTOLOZZI
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. 00, e023070, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27i00.17800 3
Introduction
The study presented here is research conducted on initial training in the field of
Psychology and its teaching factors focused on addressing the phenomenon of sexual violence.
The topic of sexual violence has been increasingly discussed among people in various contexts,
including familial, clinical, legal, and also in the media, through news, films, series, and even
music. Beyond the social impact produced through the ever-expanding knowledge on this
subject, there are also the impacts generated in the lives of individuals who have experienced
sexual violence, their families, and close associates, for whom the work of Psychology
professionals becomes crucial.
Thus, the question arose about how Psychology courses are preparing future
professionals to deal with a demand that seems to be frequent in various areas of practice -
clinical, social, educational, among others - namely, the attention to victims of sexual violence.
The research problem here was whether early-career professionals felt prepared to work with
cases of sexual violence based on the theoretical and practical resources provided by their
undergraduate courses.
The data found and discussed emphasize the importance of education on sexual violence
for conducting appropriate work in the field of Psychology, contributing to the promotion of
health for individuals affected by this phenomenon. Additionally, they can assist in developing
educational programs on the subject, benefiting not only the professional training of
psychologists but also the individuals they will serve in the future.
Theme Foundation
Sexual violence is a public health problem that entails the violation of human
(GARCÍA-MORENO; STÖCKL, 2009; BRASIL, 2012; OMS, 2012), sexual, and reproductive
rights, characterized by any act or demonstration of power against another person's sexuality
(OMS, 2002). It can occur through aggression, coercion, and blackmail, leading to immediate
or long-term consequences for the health of victims throughout their development (OMS, 2012;
BRASIL, 2012).
The consequences of sexual violence can affect both physical health, through injuries
and sexually transmitted infections, and psychological health, leading to anxiety and depressive
symptoms (OMS, 2002; BRASIL, 2012). The sexual and reproductive health of victims can
also be affected, leading to difficulties in relationships and dissatisfaction with sexual life in
Initial training in psychology and attention to sexual violence: Reports of professionals
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DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27i00.17800 4
adulthood (OMS, 2002; GARCÍA-MORENO; STÖCKL, 2009; TANAKA; MAIA, 2020).
Health services aim to minimize the possible consequences of sexual violence in the lives of
those who have been victimized (BRASIL, 2012; OMS, 2014; HOHENDORFF;
HABIGZANG; KOLLER, 2015; CASQUER; SANTOS; GAYOSO; DUARTE, 2019), being
among the first services sought in such situations (SILVINO; DA SILVA; DUARTES;
BELENTANI; DE OLIVEIRA, 2016).
Commonly, the first action taken is the reception of the report of the suffered violence
(HABIGZANG; AZEVEDO; KOLLER; MACHADO, 2006), and the professional must inform
the victim about the procedures to be followed, as well as their reasons (BOMFIM; ANDRADE,
2012). The World Health Organization (2014) highlights the need for comprehensive and
quality health services that can provide timely, effective, and gender-sensitive care while
considering the needs and safety of the victim and their family. Specifically in Psychology,
interventions should be initiated as soon as possible and maintained for as long as necessary
(BRASIL, 2012).
The population most exposed to experiencing sexual violence is individuals of the
female gender, regardless of age, with the important note that there are also cases where the
victims are male (OMS, 2002; 2012; BRASIL, 2012), although such situations are often
underreported (HOHENDORFF; HABIGZANG; KOLLER, 2015). Thus, sexual violence is
considered, for now, gender-based violence, as it is based on social standards of what is
culturally regarded as feminine and masculine (SAFFIOTI, 2004; SPAZIANI; VIANNA,
2020).
Regarding the child and adolescent audience, the Statute of the Child and Adolescent
(BRASIL, 1990) determines that all adults responsible for or in any way connected to children
and adolescents must prevent violations of their rights. However, an association was observed
between a history of family violence and sexual offenses committed by adolescents (COSTA
et al., 2017), which is also related to the possibility of generational consequences caused by
episodes of sexual violence (OMS, 2012; BRASIL, 2012).
The Statute is also the document that foresees and guarantees the care of children and
adolescents in health services when in situations of sexual violence. According to Hohendorff,
Habigzang, and Koller (2015), analyzing Brazilian mental health policies regarding attention
to sexual violence in the public system, victims have the right to both psychosocial support
provided by the Specialized Reference Center for Social Assistance (CREAS) and
psychotherapeutic treatment through referral to mental health services offered by the Unified
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Health System (SUS). However, the same authors identified low referral rates for
psychotherapeutic treatment, and the symptoms generated by sexual violence, perceived in the
long term, indicate that the passage of time without psychological interventions is not sufficient
to minimize the harms of violence (HOHENDORFF; HABIGZANG; KOLLER, 2015).
Additionally, psychologists responsible for necessary interventions with victims of
sexual violence may face difficulties related to conducting adequate work, requiring technical
and emotional preparedness to deal with a subject to which different moral and cultural
meanings may be attributed (NUNES; MORAIS, 2021). Similarly, professional vulnerability
may lead to the absence of recording information about the victim and the sexual violence
suffered, which is necessary for deciding appropriate referrals (NUNES; LIMA, 2017), as well
as the absence of recording the procedures undertaken by psychology professionals when
referrals occur (HOHENDORFF; HABIGZANG; KOLLER, 2015).
Thus, professional preparation emerges as a relevant factor in cases of sexual violence,
which present specific demands (HOHENDORFF; HABIGZANG; KOLLER, 2015), and
ongoing training conducted by professionals working with victims is considered a protective
factor for those individuals being served (NUNES; MORAIS, 2021). However, it is also
important to investigate initial training in Psychology and the preparation provided during
undergraduate studies for dealing with cases of sexual violence since this forms the basis for
the future work of early-career professionals who may encounter cases of sexual violence as
they begin their careers.
In this way, this research aimed to investigate the contribution of initial training in
Psychology to psychologists in the reception and/or treatment of sexual violence cases,
regardless of the field of practice (clinical, hospital, school, among others), according to the
accounts of recently graduated professionals.
Methodology
This is a qualitative, descriptive-exploratory research (BORTOLOZZI, 2020), approved
by the Research Ethics Committee of a public university (CAAE 32484020.3.0000.5398;
Opinion No. 4.098.015 of 19/6/2020).
Five psychologists registered with the Regional Psychology Council of the State of São
Paulo participated in this study, all identifying as female, aged 23 to 49 years (average of 29
years). They worked as clinical psychologists, with two of them also working in other areas
Initial training in psychology and attention to sexual violence: Reports of professionals
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related to Psychology. Despite this, the clinical context in which they worked was not
homogeneous: they provided services in interdisciplinary clinics, some worked from home
through remote services, or in specialized clinic schools for specialization and residency. The
participants were designated by the uppercase letter P, followed by the ordinal number assigned
to their interviews: P1, P2, P3, P4, and P5.
The participants were divided between those who use the psychoanalytic approach and
those who approach from the theoretical framework of behavior analysis, with four having
graduated in 2019 and one in 2018. Only two of them were engaged in postgraduate lato sensu
studies, and none had specific courses or training focused on the phenomenon of sexual
violence.
The participants were selected by disseminating the research within the study group to
which the authors are affiliated, constituting a convenience, non-probabilistic sample. Inclusion
criteria were based on having completed a degree in Psychology up to three years before the
interview and having provided reception and/or assistance to one or more victims of sexual
violence, whether in clinical settings or care institutions (such as hospitals, psychosocial care
centers, child protective services, among others).
For data collection, semi-structured interviews were conducted, with a script developed
by the researchers, and tested in a pilot format with participants similar to those in the sample
for necessary adjustments before the final version. The interviews were conducted remotely
and online via the Google Meet platform due to the sanitary measures established during the
COVID-19 pandemic, recorded, and transcribed in full for record and subsequent data analysis.
In the end, each participant was asked to recommend another professional who could join the
sample, according to the inclusion criteria, a technique called "snowballing." The signing of the
Free and Informed Consent Form (FICF) was essential to ensure voluntary participation in the
research and inclusion of the collected data, safeguarding the ethical rights of the participants.
The data analysis procedure used was the content analysis technique, which involves
the formation of emerging and mutually exclusive thematic categories (BARDIN, 2011;
BORTOLOZZI, 2020). The categories found from the analysis underwent reassessment and
validation by judges for compatibility.
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Results
(1) Favorable Experiences in Training that Assisted in Dealing with Cases of Sexual
Violence
This category compiles information about the participants' undergraduate experiences
that express a favorable influence on their professional practice in Psychology with cases of
sexual violence, aiding in their current work. These experiences were subdivided into two
subcategories: practical activities during the internship(s) in undergraduate studies involving
handling case(s) related to sexual violence and supervision with professors; and theoretical
issues addressed during undergraduate studies.
One way to understand the training as favorable was through experiences gained from
practical activities, particularly in supervised internship situations. Participant P1 believes that
having the opportunity to handle a case of sexual violence during undergraduate studies made
her feel confident in addressing another case involving this theme after graduation,
acknowledging that such cases are always challenging. According to P1, during her
undergraduate studies, the internship supervisors also provided important content and guidance
for the practice she developed in initial training.
P2 performed a psychological emergency service that assisted in the reception of
therapy cases after graduation, especially those involving sexual violence. She also highlighted
the internship she completed at the Regional Council of Psychology headquarters as an essential
experience to learn how to report this type of violence and become acquainted with the technical
norms for acting in these cases, both in various psychological practices and as a clinical
psychologist.
Participant P3 reported an indirect activity during the organizational psychology
internship, where she could train her listening and reception skills, preparing her for a
phenomenon she understood to be common in Psychology. On the other hand, P4 participated
in extension projects with children and caregivers, spaces in which she developed listening and
reception skills to later deal with cases directly related to sexual violence. She also highlighted
a mandatory internship at the Psychosocial Care Center (CAPS), a therapeutic follow-up job in
which the guidance provided by the supervising professor regarding her performance was
considered essential to modify her actions and understanding of psychological counseling
situations.
From these reports, it was possible to perceive that there were cases of direct and more
specific assistance with the theme of violence based on information about clinical area services,
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as well as in various practical situations where listening and reception skills were developed to
contribute to future professional work with cases of sexual violence.
Another way of understanding the training as a favorable process occurred through
reports about theoretical activities. Participant P1 believes that the topic of "sexual violence"
was covered in one of the courses during undergraduate studies but in a superficial manner. In
turn, P2 identified the psychology course and professors as very important for becoming aware
of and denaturalizing the way she viewed social and psychological phenomena, although she
did not mention specific courses where she learned about the phenomenon of sexual violence.
Participant P3 considers that the contents addressed in the Sex Education course helped
her understand that working on taboos related to experiences of sexual violence, such as the
family's reaction to the news or the figure of the perpetrator (a family member or someone close
to the family), are essential processes to help with the guilt feelings presented by victims of
sexual violence. She also mentioned that there was a specific class on sexual violence in this
course and indicated that the topics were discussed in a presentation by interns in the School
Psychology course, as well as in the Psychopathology course during discussions on Borderline
Personality Disorder cases.
P4 also emphasized learning about sexual violence in discussions on the course's
subjects, saying, The clinic classes, when I think about learning, came a lot from the clinic
classes. Especially in the third- and fourth-years classes, behavioral clinic 1 and 2." She also
highlighted the psychoanalysis subjects that brought theoretical repertoire and, mainly, case
reports that helped to see more concretely the possible management of professionals during
professional practice. She pointed out the Sex Education subject as necessary for thinking about
how violence occurs in the school context and how the institution participates in the intervention
of this phenomenon.
In this way, the subjects mentioned by the participants that covered content on sexual
violence were those related to the clinical area (through the behavioral and psychoanalytic
approach, depending on the participant's affinity with the theory in question), mainly through
case discussions, and the school area, through the approach of sex education.
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(2) Specific Challenges When the Complaint Involves Sexual Violence
This category presents accounts of difficulties perceived by the therapist when the case
involves situations of sexual violence during current work. P1 states that "sexual violence (...)
is always tough when you hear it from another woman." In addition to the participant's
identification with other women, she has experienced this type of violence in her life, which
puts her in a position where it is more challenging to listen and reflect on what happened. She
understands that cases of sexual violence require a complex approach, "double the care," so as
not to exacerbate the pain during recounting sessions, as it is not an easy subject for patients to
address.
P2 asserts that, having never experienced this type of violence and not knowing of cases
in her family or among people in her circle, she has difficulties recognizing or understanding
the situations that victims go through. Moreover, she understands that whether the perpetrator
is in contact with the victims or not is a factor that further complicates the treatment. Therefore,
she emphasizes that sexual violence is a delicate matter, requiring the professional to think
about "how" and "what" to say to avoid reproducing these and other forms of violence with the
victim.
P3 comments on personal difficulties arising from identifying with the stories and being
a woman like the victims she has attended, even though she has not experienced this type of
violence. Participant P4 mentions personal difficulties in not being able to provide the
emotional availability or support she would find necessary for these individuals. She also
highlights the impression of falling short of how she would like to assist, especially in managing
cases involving child victims, as she feels that this demographic is more challenging to handle
than adult victims. She also reported having great difficulty addressing the guilt and anxiety
felt by child and adult patients, understanding that these are feelings that do not cease merely
through something said by the professional but rather through a process of reencounters with
these patients.
In this way, considering the mentioned difficulties, it is evident through the participants'
accounts that a significant concern with factors in the treatment that could lead to the re-
victimization of patients by the psychologists themselves, which seems to be directly related to
the understanding that such cases are more complex and require more excellent professional
care during practice.
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(3) Gaps in Initial Training to Deal with Cases of Sexual Violence
In this category, reports about gaps perceived in undergraduate education regarding the
current work of assisting cases of sexual violence are grouped. P1 mentions that, despite having
learned about sexual violence in theoretical classes, the few contacts she had with the subject
were "not [in] specific subjects," and the topic was rarely discussed, both in classes and
internships. P2 reported that, in college, she did not attend to people with a history of sexual
violence, and she considers that, whether in specific classes or the activities of semesters, the
content developed did not help build skills and knowledge to work specifically with this public
and their demands.
P3 believes that her undergraduate education lacked a specific course that addressed the
subject or something that recurred in other courses since this is a topic that the participant
understands as transversal to all possibilities of work in Psychology. She also perceives that,
despite learning to identify when this type of violence occurs with a child and how to build a
grounded and ethical practice, there were missing references to think about specific
management and reception for the population that was the victim of sexual violence.
Lastly, P4 recognizes that any basic education will have gaps in specific subjects, such
as working with victims of sexual violence in different contexts: hospitals and brief counseling,
among others. She also criticizes the undergraduate course, as, in her evaluation, it traditionally
presents the clinic most of the time, which does not correspond to the diversity of clinical
practices that Psychology is involved in.
(4) Other Factors Aiding Current Work with Cases of Sexual Violence
In this category, reports about other factors that aided the participants in their work with
patients who were victims of sexual violence are included. P1 mentions that she perceives her
approach and support style as similar to her therapist's and that personal therapy was a very
relevant process to be able to conduct sessions during and after graduation. She emphasized
that continuing to take courses after graduation and engaging in personal studies are crucial
factors to continue with the sessions: "I studied a lot about this, still study [...] I think what
helps me a lot is this [...] researching, studying, going in-depth, trying to find reference
literature."
Participants P2 and P3 also highlighted personal therapy and post-graduation
supervision practices as spaces for self-awareness and preparation to provide assistance,
helping in understanding what conduct to have in response to cases and avoiding conflating
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personal issues with patients' complaints. Additionally, P3, in her postgraduate work, sought
supervision because she understood that these were more challenging cases requiring a complex
approach, not considering herself to possess all the necessary knowledge "to deal with this alone
at this early stage of her career."
P4 stated that it is essential to continue studying beyond graduation and considers that
being in a postgraduate training context is crucial for her practice and understanding of the
phenomenon of sexual violence: "the experience of residency, having supervisions, always
having a professional to turn to, a supervisor, in these more complex cases, being able to seek
out that person and share." Finally, she emphasized that participating in a specific study group
on sexual violence after graduation was another important factor in understanding this
phenomenon.
Discussion
As the participants mostly had two years of training, most of the theoretical-practical
resources they used in their practice came from the recently completed psychology
undergraduate period. The participants seemed to attribute great importance to specific studies
within the disciplines they took during their undergraduate studies, considering the influences
generated for their subsequent work with cases of sexual violence. However, the contents
directly related to the theme of sexual violence were usually mentioned as specific points within
the context of the disciplines and did not represent targeted teaching for understanding the
complexity of this phenomenon.
Feelings aroused in psychologists by contact with victims of sexual violence emerged
as a relevant element, particularly in Category 2, related to difficulties in treatment. Penso et al.
(2008) observed that these feelings are a factor contributing to the understanding of some
difficulties identified by Psychology students and graduates in dealing with the theme of sexual
violence, leading the authors to conclude the lack of theoretical grounding for interventions and
the need for in-depth studies on this topic during undergraduate education.
It is noteworthy that the majority of victims mentioned by the interviewees were women,
much like the majority of reported cases of sexual violence directed toward the female
population (OMS, 2002; 2012; BRASIL, 2012). Additionally, a tendency to identify with the
victims was observed among the psychologists, as these professionals and patients were of the
same female gender, with participants having experienced or not having experienced some
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episode of sexual violence in their lives. This factor may also relate to the demonstrated need
for all participants to undergo supervision with technical guidance on case management and
therapy to deal with possible personal issues raised. The observation raises the hypothesis that
the sample consists only of women, with no reports of professional experience from male
individuals for comparison.
In research on the effects of training for intervention with victims of sexual violence,
psychologists working with such cases showed changes in their professional performance,
leading to more effective interventions due to the content, techniques, and skills developed (DE
FREITAS; HABIGZANG, 2013). This increased their confidence in handling these cases
(HORWOOD et al., 2018; KRISTUFKOVA et al., 2018). In Category 4, it was found that
continuing studies after graduation was a factor that favored and enhanced the professionals'
performance with cases of sexual violence, despite the postgraduate courses and training
mentioned not being specifically focused on sexual violence.
As indicated by guidelines published by the Federal Council of Psychology (2012), the
Child and Adolescent Statute, the Maria da Penha Law, and the National Pact to Confront
Violence Against Women are fundamental documents for the work of professionals dealing with
issues of sexual violence. Although the study of legislation (laws, conventions, and statutes
related to professional practice) is mandatory in psychology curricula, such documents, and
other technical practice norms were not mentioned during the interviews, as the participants
covered the contents during their undergraduate studies. Only P2 mentioned learning about the
topic due to an extracurricular and non-mandatory internship.
The mentioned observation points to a weakness in professional training for the
treatment of sexual violence, in line with the findings of Aguiar et al. (2020), who identified
that training in the health sector does not adequately address the theme of sexual violence
against women. It is done superficially when it does, indicating the need to incorporate this
theme into higher education curricula.
Similarly, the participants did not mention public institutions that offer services for
victims of sexual violence in Brazil, except for the CAPS. This raises the hypothesis that this
omission may be related to the fact that psychologists had contact with the care of victims of
sexual violence, especially in a clinical context.
Studies point out training issues, both in the social context (AZAMBUJA, 2005) and in
the clinical context (LIMA; POLLO, 2005), indicating a conceptual deficiency in understanding
the concept of sexual violence. The same was observed in the participants' accounts, where a
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lack of systematization for defining the phenomenon of sexual violence during the interviews
was noted. Hypotheses can be raised, including a deficiency in technical references addressed
in the basic training of these professionals to support the delimitation of a definition, as well as
a lack of space for study and in-depth exploration of the topic in the undergraduate psychology
curriculum.
Final considerations
The relationship between the academic backgrounds pursued by the participants and
addressing issues related to sexual violence in clients indicated more ease in developing general
skills in psychological practice, such as listening and support, than specific competencies
acquired in the undergraduate curriculum. The lack of specificity in content, courses,
internships, or prior studies on sexual violence is perceived by the interviewees as a
shortcoming in initial training. Regarding personal factors, such as gender identity or life
history, they were also linked to difficulties in working with these cases, and the unanimous
solution was to seek supervision and therapy.
The findings suggest the fragility of academic training in Psychology for dealing with
cases of sexual violence, and in response, participants adopt various approaches to address this
issue, such as enrolling in courses and pursuing private studies. Thus, the basic training of the
sample did not address sexual violence, despite its complexity and recurrence in the field of
Psychology, highlighting the need for training psychologists to address its consequences in the
lives of victims.
While recognizing the limitations of the research in terms of sample composition, it can
be concluded that the topic of sexual violence still lacks development in many aspects when
considering initial training in the field of Psychology. While an initial undergraduate course is
not expected to delve deeply into any specific theme, considering the high rates of sexual
violence in the country and the constant demand for professionals in the health sector, including
psychologists, to work in this area, it seems necessary for undergraduate Psychology curricula
to better address this issue in their training. Further research is needed and can contribute to a
better understanding of this issue, leading to the development of possible solutions.
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CRediT Author Statement
Acknowledgements: We would like to express our gratitude to GEPESEC, the Study and
Research Group "Education, Sexuality, and Culture," of which the authors are members.
Funding: This research was supported by the Institutional Program of Scientific Initiation
Scholarships (PIBIC) from the National Council for Scientific and Technological
Development (CNPq).
Conflicts of interest: There are no conflicts of interest.
Ethical approval: The study adhered to ethical procedures for research involving human
subjects and was approved by the Research Ethics Committee of the Faculty of Sciences -
UNESP/Bauru (CAAE 32484020.3.0000.5398; Opinion No. 4,098,015 dated 19/6/2020).
Data and material availability: The data and materials used are not available due to ethical
confidentiality with the research participants.
Author’s contributions: All three authors equally contributed to the article's development,
writing, and revision.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.