RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023021, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17918 1
ATRAVESSAMENTOS NA DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA NO CONTEXTO DA
PANDEMIA: INOVAÇÕES PEDAGÓGICAS EM QUESTÃO
CRUCES EN LA DOCENCIA UNIVERSITARIA EN EL CONTEXTO DE LA
PANDEMIA: INNOVACIONES PEDAGÓGICAS EN CUESTIÓN
CROSSINGS IN UNIVERSITY TEACHING IN THE CONTEXT OF THE PANDEMIC:
PEDAGOGICAL INNOVATIONS IN QUESTION
Márcia Maria e SILVA1
e-mail: marciamaria@id.uff.br
Walcéa Barreto ALVES2
e-mail: walceaalves@id.uff.br
Rejany dos Santos DOMINICK3
e-mail: rejany_dominick@id.uff.br
Como referenciar este artigo:
SILVA, M. M.; ALVES, W. B.; DOMINICK, R. S.
Atravessamentos na docência universitária no contexto da
pandemia: Inovações pedagógicas em questão. Revista on line de
Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1,
e023021, 2023. e-ISSN: 1519-9029. DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17918
| Submetido em: 10/03/2022
| Revisões requeridas em: 25/11/2022
| Aprovado em: 10/01/2023
| Publicado em: 13/05/2023
Editor:
Prof. Dr. Sebastião de Souza Lemes
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói RJ Brasil. Professora Adjunta. Doutora em Educação
(UERJ).
2
Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói RJ Brasil. Professora Adjunta. Doutora em Educação (UFF).
3
Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói RJ Brasil. Professora Associada. Doutora em Educação
(UNICAMP).
Atravessamentos na docência universitária no contexto da pandemia: Inovações pedagógicas em questão
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023021, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17918 2
RESUMO: O objetivo do artigo é apresentar uma análise do processo de reflexão-ação de docentes
no contexto da pandemia do SarsCov 2 e, para tal, cotejamos algumas políticas e práticas
educacionais da formação docente desenvolvidas na Faculdade de Educação e em outros espaços
da Universidade Federal Fluminense. Realizamos pesquisa na ação e sobre a ação, vivenciando
diálogos interculturais e interdisciplinares para entender, produzir e intervir na cultura educacional
universitária. O debate nos levou a definir coletivamente estratégias democráticas, inovadoras,
interculturais e interdisciplinares. A análise da conjuntura e o redimensionamento didático-
metodológico demandados, preponderantemente virtuais, nos fizeram concluir que entre travessias
e atravessamentos a construção de fazeres intersubjetivos impulsionaram ações instituintes e
insurgentes diante das tensões de um tempo de sofrimento humano que nos exigiu construir
estratégias para, nesse fazer coletivo, celebrar e valorizar a vida. Para a escrita, adotamos uma
perspectiva descritivo-analítica, historicizando alguns dos processos de auto-organização
participativa e dialógica.
PALAVRAS-CHAVE: Docência universitária. Ensino remoto. Dialogismo. Inovação pedagógica.
RESUMEN: El objetivo de este artículo es presentar un análisis del proceso de reflexión-acción
de los docentes en el contexto de la pandemia SarsCov 2 y, para ello, comparar algunas políticas
y prácticas educativas de formación docente desarrolladas en la Facultad de Educación y otros
espacios de la Universidad Federal Fluminense. Realizamos investigación en acción y sobre
acción, experimentando diálogos interculturales e interdisciplinarios para comprender, producir e
intervenir en la cultura educativa universitaria. El debate nos llevó a definir colectivamente
estrategias democráticas, innovadoras, interculturales e interdisciplinarias. El análisis de la
coyuntura y el redimensionamiento didáctico-metodológico demandado, predominantemente
virtual, nos hizo concluir que entre cruces y cruces la construcción de acciones intersubjetivas
impulsó acciones instituyentes e insurgentes frente a las tensiones de un tiempo de sufrimiento
humano que nos exigió construir estrategias para, en esta acción colectiva, celebrar y valorar la
vida. Para la escritura, adoptamos una perspectiva descriptiva-analítica, historizando algunos de
los procesos de autoorganización participativa y dialógica.
PALABRAS CLAVE: Docencia universitaria. Enseño remoto. Dialogismo. Innovación
pedagógica.
ABSTRACT: The objective of this article is to present an analysis of the process of reflection-
action of teachers in the context of the SarsCov 2 pandemic and, to this end, we compare some
educational policies and practices of teacher training developed in the Faculty of Education and
other spaces of the Fluminense Federal University. We conduct research in action and about action,
experiencing intercultural and interdisciplinary dialogues to understand, produce and intervene in
university educational culture. The debate led us to collectively define democratic, innovative,
intercultural and interdisciplinary strategies. The analysis of the conjuncture and the didactic-
methodological resizing demanded, predominantly virtual, made us conclude that between
crossings, the construction of intersubjective actions boosted instituting and insurgent actions in
the face of the tensions of a time of human suffering that required us to build strategies to, in this
collective action, celebrate and value life. For writing, we adopted a descriptive-analytical
perspective, historicizing some of the processes of participatory and dialogical self-organization.
KEYWORDS: University teaching. Remote learning. Dialogism. Pedagogical innovation.
Márcia Maria e SILVA; Walcéa Barreto ALVES e Rejany dos Santos DOMINICK
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Introdução
A pandemia do Sars COV-2 atravessou a vida de todos. Isolamento, temor, dor e perda
impactaram diretamente as rotinas. Muitas dúvidas se apresentaram e mobilizaram ações que
ganharam dimensão instituinte em contexto de isolamento físico obrigatório.
Na instituição federal de ensino superior na qual trabalhamos, os participantes do
Observatório Internacional de Inclusão, Interculturalidade e Inovação Pedagógica da
Universidade Federal Fluminense (OIIIIPe-UFF) intervieram potentemente em encontros de
compartilhamento e análise das medidas para lidar com o quadro caótico que se interpôs à vida
de todos.
Na Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (FEUFF), fomos
atravessados pela inevitabilidade do ensino remoto. Nós nos organizamos dentro das
possibilidades que as circunstâncias impunham. Algumas perguntas orientam o caminho das
análises que produzimos aqui: Como interagimos com normas internas e governamentais?
Quais foram as reflexões e contribuições dos membros do OIIIIPe UFF na transição das
atividades presenciais para as remotas? O que aprendemos sobre as configurações da docência
na universidade com a crise sanitária? O que consideramos importante destacar sobre as tensões
que se acentuaram no âmbito intersubjetivo, uma vez que o sofrimento humano,
paradoxalmente, impulsionou ações de resistência e de insurgência? O que aprendemos juntas?
Adotamos uma perspectiva descritivo-analítica. Historicizamos alguns dos processos de
auto-organização da FEUFF com base na atuação de integrantes do OIIIIPe-UFF durante o ano
de 2020. A centralidade da reflexão está no debate teórico-metodológico sobre a complexidade
das implicações didático-político- pedagógicas que envolvem os diferentes aspectos da aula na
universidade, no contexto da pandemia, nas travessias e atravessamentos que levaram ao
estabelecimento das normas e portarias. Em decorrência destas, transformações significativas
se deram no cotidiano da educação superior durante os meses de isolamento físico, estendido
por mais de três períodos letivos, muito mais do que a princípio era possível prever.
Explicitamos, sob nosso ponto de vista, tensões, decisões, soluções e analisamos o que a
experiência nos provocou. Historicizamos alguns dos processos de auto-organização.
Realizamos pesquisa na ação sobre a ação, com caráter participativo.
Atravessamentos na docência universitária no contexto da pandemia: Inovações pedagógicas em questão
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O OIIIIPe na UFF
No dia 19 de março de 2020, as autoridades sanitárias, em Niterói-RJ, determinaram o
início do trabalho remoto. Os pesquisadores do OIIIIPe na UFF participaram ativamente dos
encontros para interpretação e apropriação de normas emanadas em nível nacional e local, pelos
colegiados superiores da UFF, visando ao enfrentamento do quadro pandêmico, à manutenção
das atividades acadêmicas, ao aprimoramento das estratégias de ensino e também das relações
interpessoais ambientadas por vias de comunicação na internet.
Perplexos, sentimos as perdas de parentes e amigos a quem dedicamos nossas
homenagens e manifestação de profundo respeito. Apesar do forte impacto provocado pela
crise, as angústias individuais, ao contrário de nos paralisar, intensificaram a busca por ações
coletivas dos membros do OIIIIPe-UFF, visto que os desafios político-pedagógicos da docência
universitária, no grupo, haviam se iniciado em 2019, quando nos colocamos interessadas em
estudar a formação dos professores universitários e em dialogar com e sobre as tecnologias
digitais da comunicação e da informação (TDIC). Epistemologias, didáticas, currículos,
tecnologias e políticas educacionais fizeram parte dos debates, ancorados inicialmente pela
perspectiva de Cunha (2016) sobre inovação na docência universitária.
Realizávamos algumas reuniões com perfil de comunicação híbrido. Vínhamos
debatendo sobre como cada integrante do Observatório estava vivenciando o que Cunha (2016)
denomina inovação pedagógica. Esse interesse fez parte de um movimento de autoidentificação
do grupo, ativando inclusive a socialização das temáticas e metodologias de pesquisa, ensino e
extensão dos seus componentes. O processo se iniciou nas reuniões do Núcleo de Didática da
FEUFF, que era formado por diversos membros do Observatório. Tal núcleo, que tem assento
no Programa de Inovação e Assessoria Curricular da universidade (PROIAC/PROGRAD-
UFF), vinha sendo mobilizado a refletir sobre os desafios do ensino universitário, considerando
as dificuldades encontradas para a inclusão da diversidade dos estudantes no cotidiano dos
cursos de graduação.
As políticas de cotas, de acesso e permanência vêm demandando uma avaliação sobre
as práticas de ensino a partir de estudos no campo do currículo e da didática, considerando o
caráter identitário do conjunto de atores sociais da instituição definidos pelos recortes étnico-
raciais, de gênero e de sexualidade, além de aspectos socioeconômicos e de inclusão de pessoas
com deficiência.
Nossa experiência foi compartilhada no VIII Encontro do OIIIIPe, sediado pela UNESP
(Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”) de Bauru, em dezembro de 2019.
Márcia Maria e SILVA; Walcéa Barreto ALVES e Rejany dos Santos DOMINICK
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Tivemos também, nesse evento, a oportunidade de vivenciar o presencial e o on-line
simultaneamente, de modo a contemplar as possibilidades e impossibilidades de tempo e espaço
para participação dos integrantes.
As reuniões mensais do observatório na UFF aconteciam de forma presencial e virtual
simultaneamente, muitas vezes, de modo a corresponderem às disponibilidades de tempo-
espaço dos participantes (SILVA et al., 2020). Constatamos, com a pandemia, que nos
antecipamos às condições tecnológicas e de interação que vieram a ser demandadas, meses
depois, para a realização do trabalho docente nas universidades e também nas unidades da
educação básica.
Considerando a importância de refletir sobre o conceito de aula, realizamos um
Seminário Interno do OIIIIPe-UFF, em junho de 2020, sobre inovação pedagógica e tecnológica
(CUNHA, 2016), aula universitária (CORRÊA, 2016), aula como acontecimento (GERALDI,
2010) e o saber da experiência (LARROSA, 2002), entre outros temas decorrentes.
Quando se avolumaram os debates, na UFF, sobre as condições objetivas para o retorno
às aulas, o grupo havia construído o consenso de que a aula on-line precisava dar foco ao
protagonismo dos estudantes e ao dialogismo bakhtiniano (GERALDI, 2010). Era imperativa a
consciência de que se devia avançar de uma racionalidade tecnicista (base de muitos cursos de
educação a distância), para uma racionalidade dialógica e reflexiva. Nesse sentido, a atenção à
produção de discursos e à interpretação dos seus sentidos impunha a necessidade de um olhar
sensível e atento para condicionantes sociais, histórico-culturais e ideológicos explícitos e
implícitos constitutivos dos processos de comunicação humana.
O ensino não presencial não poderia ser a reprodução de questionáveis práticas de EaD.
Constatamos, inclusive, que não haveria sequer tempo, profissionais com formação,
equipamentos adequados e estrutura universitária disponíveis para instaurar o desenho
“instrucional” praticado pela modalidade que púnhamos em questão. Não nos interessávamos
em replicar abordagens neotecnicistas no ensino presencial, muito menos no ensino remoto.
Assim, nosso foco eram os processos de alteridade, constitutivos das individualidades;
eram as interações verbais e suas plurissignificações; eram os diversos sentidos atribuídos às
vivências e interações pedagógicas. Segundo Geraldi (2013, p. 13), "somos, pois, a alteridade
que nos constitui, mas não somos reprodução dessa alteridade porque somos agentivos por
nossas contrapalavras”. Uma mesma situação não se define do mesmo modo para todos, visto
que cada um constrói a partir de suas posições uma internalização sensível das vivências. A
experiência sensível que precisávamos estimular era fundamental entre os docentes, para que
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novas imagens-memórias se construíssem sobre o processo e com o processo de estudo-ensino
remoto.
Contudo, o ensino remoto mediado pelas TDIC, que estava causando tensões em
professores e estudantes, poderia não ser enfatizado a partir da polarização entre resistência e
submissão. As críticas preponderantes entre os docentes da FEUFF estavam no fato de que,
para alcançar um quantitativo muito maior de estudantes, usavam-se estratégias de ensino
massificado, aligeirando o processo e reduzindo, consequentemente, a qualidade da formação.
As preocupações corriam em torno do risco de que o sistema de EaD, tão criticado por muitos,
acabasse sendo normalizado na formação presencial de professores, ampliando-se, em nível
regimental, para além dos 40% já previstos na portaria do MEC nº 2.117, de 6 de dezembro de
2019 (BRASIL, 2019).
Além da resistência às iniciativas de EaD, muitos alunos e docentes não tinham
equipamentos e internet adequados para acesso e/ou domínio técnico de instrumentos de
comunicação para fins de ensino. As salas virtuais eram desconhecidas da maioria, assim como
as estratégias para ambientação virtual das disciplinas. Alguns estavam realizando pela primeira
vez reuniões síncronas. Percebemos o risco da transposição linear das práticas presenciais de
aula para o trabalho remoto, o que se confirmou como um problema didático-metodológico a
ser enfrentado no debate sobre educação e virtualidade na pandemia (CANDAU, 2020).
Entre incertezas, não saberes e temores, no primeiro semestre de 2020, acreditávamos
que a matéria principal dos docentes universitários deveria ser salvaguardar a própria vida,
buscar proteção coletiva, reconectar-se com os estudantes, estabelecer a interação humana,
experimentar novos modos e caminhos de interação. Atravessadas por tantas demandas
inesperadas, nos colocamos em travessia nas ambiências mediadas pelas TDIC.
Atravessamentos normativos e nossa travessia
A educação brasileira esteve (e ainda está em 2021) diante de muitos dilemas
relacionados à suspensão e retorno das atividades presenciais. Mudanças se deram no contexto
interno da universidade, tanto no que se refere aos tensionamentos sociais, discussões políticas
e sanitárias, quanto às questões da legislação federal, estadual e municipal que regulamentam
o ensino superior na UFF - campus Niterói. Logo que a prefeitura publicou o Decreto no
13.506/2020, em 16 de março de 2020, as atividades presenciais foram suspensas e deliberou-
se sobre o adiamento do início do semestre letivo. O decreto teve como base a classificação da
Márcia Maria e SILVA; Walcéa Barreto ALVES e Rejany dos Santos DOMINICK
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disseminação comunitária da COVID-19, que explicitou estarmos vivendo uma pandemia. Esse
critério foi estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 11/03/2020, e
assumido nos três níveis do poder Executivo.
A suspensão deixou a comunidade acadêmica em alerta, mas havia a expectativa de
breve retorno, pois a situação era para nós, que somos de geração posterior à que vivenciou a
pandemia da gripe espanhola (1918-1920), algo totalmente inusitado. Embora tenha ocorrido a
pandemia da gripe suína (H1N1) no ano de 2009 - a primeira do século XXI - seu impacto foi
em escala inferior à atual. As repercussões sociais e econômicas da gripe suína também foram
diferenciadas da COVID-19, devido ao menor grau de transmissão e letalidade. As condições
de medicação e vacinação foram viabilizadas à época por medidas governamentais
empreendidas rapidamente e pela existência de conhecimento sobre medicamentos e
tratamentos com relação ao vírus Influenza (SCHUELE, 2020; BARIFOUSE, 2000a, 2020b,
CEE-FIOCRUZ, 2021).
A dimensão do que poderia ainda acontecer não tinha precedentes na memória coletiva
contemporânea e tal panorama foi sendo o foco das reflexões, debates e embates no seio da
UFF. As medidas que iam sendo encaminhadas pelos governos e pelos gestores da instituição
atravessavam as reuniões de departamento, colegiados de curso e de unidade. Tínhamos a
expectativa de breve retorno, mas o panorama era de espera. As políticas do governo federal
apontaram caminhos para o retorno às aulas de modo remoto por meio de determinações pouco
participativas tanto para a educação básica quanto para o ensino superior. Houve muitos debates
e embates sobre caminhos para organizar o trabalho durante a pandemia. Era impossível o
retorno presencial devido ao perfil de professores, servidores técnicos e estudantes alocados em
128 cursos presenciais, muitos pertencentes a grupos de risco.
Em 17 de março de 2020, o MEC publicou a portaria no 343 (BRASIL, 2020), dispondo
“sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação
de pandemia do Novo Coronavírus - COVID-19". Esse documento, autorizou as instituições de
ensino superior (em caráter excepcional) a substituírem disciplinas presenciais por aulas
realizadas por meio de tecnologias da informação e da comunicação. Vetou, entretanto, práticas
de estágio e laboratório nesse formato. No decorrer dos meses, várias ações se constituíram, tal
como a estratégica “O Brasil conta comigo”, instituída pela Portaria nº 580, de 27 de março de
2020.
Havia uma pressão do governo federal para acelerar a conclusão da formação dos
profissionais da saúde visando à atuação, via residência, nas unidades de atendimento do SUS,
Atravessamentos na docência universitária no contexto da pandemia: Inovações pedagógicas em questão
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como medida de enfrentamento à COVID-19. No âmbito da educação, foi publicada, a Medida
Provisória no 934 (MEC), estabelecendo normas excepcionais para a educação básica e o ensino
superior. Esta teve como uma de suas premissas principais a flexibilização da quantidade
mínima de dias letivos exigidos. Em seguida, a Portaria MEC no 383 postulou a antecipação de
colação de grau dos estudantes da área da saúde com a justificativa de fortalecer o grupo de
trabalhadores na linha de frente do combate à pandemia. Tais determinações foram
pressionando o contexto universitário com desdobramentos institucionais de preparação e
posicionamento para realização de suas atividades, tal como a Portaria no 66.704, do Gabinete
do Reitor (GAR), que criou o Grupo de Trabalho (GT) da Saúde para discutir medidas de
antecipação da colação de grau nos cursos de graduação da área de Enfermagem, Medicina,
Fisioterapia e Farmácia.
O Conselho de Pesquisa, Ensino e Extensão da UFF (CEPEx) deliberou a suspensão do
calendário letivo de 2020 por tempo indeterminado (UFF, 2020a) (CEPEx no 109/2020, em 08
de Abril). Na dinâmica entre as normas do MEC e as possibilidades reais de uma instituição
com mais de 35.000 alunos e 3.000 professores na graduação presencial, foram sendo
construídas estratégias para a realidade que se configurava diante da “excepcionalidade da
situação e a necessidade de adoção de medidas consoantes ao enfrentamento da pandemia do
novo coronavírus” (CEPEx no 109/2020, p.3) (UFF, 2020a).
Em 28 de abril, no Conselho Nacional de Educação (CNE) foi aprovado o Parecer no
5/2020, que trata da “Reorganização do Calendário Escolar e da possibilidade de cômputo de
atividades não presenciais para fins de cumprimento da carga horária mínima anual, em razão
da Pandemia da COVID-19”. O documento apresenta um panorama geral do contexto
pandêmico e sua repercussão nos sistemas educacionais, aponta possíveis consequências da
suspensão das aulas na educação básica e no ensino superior por um longo período de tempo e
apresenta possibilidades de cumprimento de carga horária mínima estabelecida pela Lei
9394/96.
Conforme políticas, decisões e encaminhamentos do governo federal foram sendo
apresentadas, a UFF buscou traçar caminhos para as situações complexas que tínhamos. A
Faculdade de Educação, em suas diferentes instâncias decisórias de Colegiado de Unidade,
Colegiado do Curso de Pedagogia e Núcleo Docente Estruturante, bem como reuniões
departamentais, buscava pensar proativamente sobre as questões que se anunciavam. Sem
atividades presenciais, sem contato direto com os estudantes e nem previsão de regularização
das atividades até o início de maio de 2020, criou iniciativas de aproximação no bojo do
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desenvolvimento de ações extensionistas.
Nos entremeios, a primeira ação de comunicação direta da universidade voltada com a
comunidade acadêmica foi o envio de um formulário pela Pró-Reitoria de Graduação
(PROGRAD) para mapeamento das condições de acesso digital de estudantes, professores e
técnico-administrativos, que chegou à FEUFF, no dia 15 de maio de 2020. O mapeamento deu
uma panorâmica do perfil dos estudantes para subsidiar ações e políticas institucionais visando
à reorganização das atividades acadêmico-administrativas em decorrência das medidas de
enfrentamento à pandemia.
Paralelamente ao levantamento, foram definidas ações e emitidas resoluções pelo
CEPEx. Foi publicada a Decisão CEPEx no 110/2020, de 20 de maio (UFF, 2020b) que permitia
aos estudantes concluintes apresentar monografias, trabalhos de conclusão e fazer as atividades
complementares de forma remota. Foi criado um novo GT, presidido pela PROGRAD e
composto por membros do próprio CEPEx, para planejamento de atividades acadêmicas
emergenciais durante a pandemia. O GT se organizou a partir de quatro eixos principais: 1.
Humanas e Sociais, para identificar aspectos relativos a acesso digital, políticas de inclusão e
saúde, com a produção e análise dos mapeamentos realizados pelo subgrupo; 2. Tecnologias e
Capacitação Docente, para avaliar as possibilidades do uso de tecnologias digitais e formas de
capacitação docente; 3. Governança, para realizar levantamento de boas práticas em outras
instituições; identificar o conjunto de normativas em vigor; pensar possibilidades ou
necessidades para um possível retorno híbrido ou presencial; 4. Estratégias de Ensino-
Aprendizagem e Avaliação, para buscar e realizar novas formas de dinamização de ensino na
sala de aula, mediado pelo uso das tecnologias e ferramentas digitais, tendo como horizonte
metodologias ativas, prevendo indicação de portfólio reflexivo, aprendizagem baseada em
problemas, aprendizagem baseada em projetos, sala de aula invertida, dentre outras, além das
práticas de aprendizagem e avaliação baseada em competências. A PROGRAD disponibilizou
um e-mail como canal de participação da comunidade acadêmica para que fossem dadas
contribuições ao debate e aos estudos que estavam sendo realizados.
Ocorreram reuniões da PROGRAD com Coordenadores e Chefes de Departamento,
onde eram colocadas algumas das questões que estavam sendo discutidas no GT. Havia uma
grande preocupação com a ausência de estratégias de formação dos concluintes, alegando-se
prejuízos ao andamento do fluxo curricular e da movimentação de estudantes. Tais fatos eram
apresentados colocando-se o risco de uma repercussão negativa quanto aos investimentos
governamentais e, consequentemente, na manutenção das atividades da universidade, devido à
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relação direta com os índices de egressos.
Houve, então, uma sucessão de decisões da PROGRAD e do CEPEx, que foram
imprimindo um ritmo acelerado para retomada das atividades de ensino, sem considerar, de
forma sistemática e processual, ações de estruturação integral e inclusiva para sua
implementação.
A Resolução no 156/2020 (UFF, 2020d), publicada em 15 de junho de 2020,
regulamentou “a criação de critérios para o planejamento e a execução de Atividades
Acadêmicas Emergenciais (ACE)”. Definiu o que seria “concluinte/provável formando" para
efeito do regime do Período Letivo Especial, que ocorreu de 29 de junho a 31 de agosto de
2020. Nesse curto semestre, o perfil dos concluintes foi definido como o daqueles que para a
integralização do currículo faltasse cursar apenas 4 disciplinas obrigatórias e/ou optativas, mais
a monografia e/ou estágio. Os estudantes concluintes poderiam ou não aderir às ACE. Diante
dessa deliberação, os cursos de graduação da Federal Fluminense foram procurando formas de
se organizar para atender às demandas.
Por dentro da FEUFF: decorrências
Para problematizarmos nossas experiências na FEUFF, optamos por adotar um percurso
descritivo-analítico. Explicitamos as teorias que sustentaram alguns questionamentos e
impulsionaram ações instituintes, que se capilarizaram entre outros profissionais e alunos direta
e indiretamente vinculados à proposta de reflexão.
A Faculdade de Educação criou meios de aproximação em contínuas e longas reuniões
on-line entre professores, estudantes, técnicos e gestores. O que mais se acentuou, como
demanda imediata, foi o fato de que precisaríamos focar, coletivamente, em estratégias de
interlocução a distância, em acolhimento interpessoal, atendendo ao princípio de preservação
da vida. Nesse contexto impactante, os conflitos nos fizeram priorizar as subjetividades, os
afetos, o diálogo, na busca por caminhos para reorganização remota do trabalho docente.
Por dentro da FEUFF, fomos acompanhando o processo sempre de maneira
questionadora e muito tensionada. Fomos vivenciando as decisões e dando encaminhamento às
questões de modo crítico-reflexivo. Enquanto os órgãos superiores da universidade pensavam
e encaminhavam os trâmites, na Faculdade de Educação nos mobilizávamos para lidar com o
distanciamento dos estudantes.
A pandemia nos colocou diante da necessária discussão da relação conhecimento-
Márcia Maria e SILVA; Walcéa Barreto ALVES e Rejany dos Santos DOMINICK
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professor-aluno mediada pelas tecnologias digitais. O debate foi intenso. Havia vozes que
argumentavam sobre o perigo de aligeiramento do processo educativo devido à inserção das
tecnologias como elemento fundamental e, de certo modo, condicionante para sua realização.
Apresentavam a dimensão da ameaça à estrutura da universidade pública, que poderia estar
sendo imersa num programa de implementação da EaD em substituição à educação presencial.
Pontuavam críticas relativas a riscos de desprofissionalização e à autonomia docente. Também
havia o questionamento sobre os direitos autorais de nossas aulas.
Tais compreensões, construídas tradicionalmente na FEUFF, interpunham-se como um
obstáculo para avançarmos em direção a discussões sobre o contexto e a necessidade premente
das interações realizadas de modo virtual numa perspectiva que ultrapassasse a lógica técnica
e tecnicista para se encaminhar à dimensão da práxis na relação - agora, tão estreita - entre
tecnologias de comunicação virtual e educação. O forte posicionamento contrário à EaD e ao
uso das tecnologias informacionais na educação se estendia nos discursos, nas representações
e no imaginário contra qualquer iniciativa que pudesse ser associada à perspectiva da inovação
pedagógica (DOMINICK; ALVES; SILVA, 2020; CORRÊA, 2016; CUNHA, 2016;
GERALDI, 2010; LARROSA, 2002).
Durante a reunião da ANPEd (2021) identificamos, especialmente na fala de Andrea
Lapa, na mesa 2: Desafios, oportunidades e consequências do ensino remoto no ensino
superior, na educação básica e na alfabetização/família”, tensionamentos muito semelhantes ao
que vivenciamos na FEUFF.
Diante da situação que se interpunha, despontava o interesse por saber como os
estudantes estavam vivendo e também por provocar um diálogo para que eles não ficassem
desconectados das discussões acadêmicas e não fosse ampliada a evasão em contexto tão
desafiador como o que nos atravessava.
Em reuniões da comunidade acadêmica, foi idealizado, construído e desenvolvido o
Projeto “Festival em Casa com a FEUFF”, levando vários professores e alunos a oferecer
atividades de modo inovador em ambiente on-line. Essa iniciativa se desenvolveu após se
chegar ao entendimento de que não se caracterizaria como substituição das aulas, mas como
atividade extensionista. A proposta foi de reaproximação dos estudantes, de ativação do debate
sobre temas diversos e de potencialização da participação. Quando o projeto estava em processo
de finalização, foi publicada a Resolução CEPEx No 156/2020 (de 15 de junho de 2020), (UFF,
2020d) que determinou o início das Atividades Acadêmicas Emergenciais a partir de 29 de
junho de 2020, o que nos trouxe, de certa forma, de surpresa. Apesar disto, várias ações
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colaborativas deram sequência ao processo no qual estávamos envolvidos, dentre eles a
criação de vários GTs internos à Unidade para discussão de temáticas que influenciaram as
discussões em diversos espaços de decisão da UFF e que envolveram em especial as
licenciaturas.
Na travessia, foi publicada, em 22 de julho de 2020, a Decisão CEPEx No 111/2020
(UFF, 2020c) que aprovou a reorganização do Calendário Escolar e Administrativo regulares
para o ano letivo de 2020, permitindo a adoção do regime remoto de ensino em substituição ao
regime excepcional de atividades acadêmicas presenciais para todos os estudantes de graduação
da universidade. A previsão de duração do 1o. semestre letivo regular era de 14 de setembro a
15 de dezembro de 2020 e o 2o, de 01 de fevereiro a 10 de maio de 2021.
No sentido de ordenação das ações na UFF, a Resolução CEPEx No 160/2020, de 14 de
agosto, regulamentou o ensino remoto emergencial, apresentando as diretrizes das atividades.
Determinou-se que fossem aproveitadas as inscrições em disciplinas realizadas antes da
suspensão das atividades presenciais, garantindo um período de ajuste para que os estudantes
se reorganizassem quanto ao semestre letivo.
A Faculdade de Educação, em articulação com todo o processo de planejamento
colaborativo e coletivo vinculado à Direção da Unidade, à Coordenação do Curso de Pedagogia,
e às chefias de Departamento, conferiu contribuições importantíssimas para princípios e
diretrizes de implementação. Esse movimento culminou em diversas iniciativas, dentre elas a
confecção do documento “Reorganização Didático-Pedagógica para o Semestre Letivo de
2020.1” elaborado pelo Núcleo de Desenvolvimento Estruturante (NDE) e aprovado pelo
Colegiado do Curso de Pedagogia. Mediante o compartilhamento, a troca e o trabalho coletivo,
foram também criados e fornecidos subsídios fundamentais para ações do Fórum Geral das
Licenciaturas e da Divisão de Prática Discente, vinculada à PROGRAD, com a elaboração do
documento de “Orientações para as disciplinas de estágio obrigatório dos cursos de
Licenciatura, em caráter excepcional e temporário, enquanto durarem as restrições sanitárias da
pandemia COVID-19” (UFF, 2020e).
As decisões institucionais da FEUFF foram desenvolvidas como fios de uma tessitura
realizada a muitas mãos com o objetivo de tematizar a educação superior durante o ensino
remoto emergencial. Diante do mar de decisões que nos atravessavam, construímos uma
mobilização coletiva que ocasionou importantes experiências instituintes. Mais do que
responder ao processo complicado da pandemia e às determinações externas, criou-se uma
comunidade de diálogo, a partir do comprometimento de muitos com a produção de uma cultura
Márcia Maria e SILVA; Walcéa Barreto ALVES e Rejany dos Santos DOMINICK
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da participação (SHIRKY, 2011), que o OIIIIPe-UFF vinha desenvolvendo desde a sua
concepção.
No processo de pesquisa, que se deu pela reflexão na ação e sobre a ação, construímos
políticas e práticas educacionais com vistas a compreender o contexto imediato e nos
compreendermos nele. Criamos estratégias para os problemas, orientando e intervindo no
âmbito didático-metodológico e na cultura educacional em diferentes espaços da docência
universitária. Nesse processo, aprendemos e potencializamos diferentes formas de configurar
nossa ação docente. Foram analisadas políticas e práticas educacionais com vistas a
compreender a realidade. Definiram-se estratégias para enfrentamento das circunstâncias, de
modo inovador (inovação pedagógica e das conversações), intercultural na perspectiva
decolonial proposta por Candau (2016) e Walsh (2008) e interdisciplinar (JAPIASSU, 1976;
FAZENDA, 1998).
Orientações de âmbito didático-metodológico puseram em debate a cultura educacional
universitária hegemonizada pela racionalidade europeia nas ciências sociais e humanas,
hierárquica e que majoritariamente prima pela repetição de cânones científicos e
comportamentais nas aulas da graduação. Tal cultura não dialoga com a pluralidade epistêmica
das ciências ou com a origem socioeconômica e cultural dos estudantes.
Docência universitária: atravessamentos e travessias
Impactados pelos atravessamentos, entendemos que o contexto demandava
redimensionamentos tecidos no coletivo - prática pouco comum na vida universitária, que se
pauta, em grande parte, dentro de uma racionalidade individualista e produtivista. Angústias,
dúvidas e a vontade de ressignificação de muitos, potencializaram a superação dos isolamentos
e permitiram uma travessia instituinte.
A potência coletiva do OIIIIPe-UFF impulsionou diálogos com afetos, políticas e ações
entre colegas da universidade e da unidade, gerando "que fazeres" (FREIRE; NOGUEIRA,
2007) em nossos encontros, inspirados nos círculos de cultura de Paulo Freire. As contribuições
desses momentos potencializaram sentidos inovadores à docência universitária. Nos anos
1980/90, quando, na escola básica e no ensino superior, ampliou-se a presença de alunos e
professores oriundos das classes populares e de minorias sociais, os fazeres docentes precisaram
ser ressignificados. Nesses tempos de pandemia, percebemos ser indispensável repensar nosso
papel no ensino. Da mesma forma, repensar conteúdos e temáticas a serem dinamizados se faz
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numa dimensão provocativamente desafiadora aos cânones universitários. Entendemos que as
concepções de aula como acontecimento, de docência universitária on-line colaborativa e
interativa precisavam ser redimensionadas a partir dos princípios de inclusão, interculturalidade
e inovação pedagógica. Tais princípios têm sustentado nossas pesquisas, nossas práticas, e têm
sido explicitados em algumas de nossas produções (SILVA et al., 2020).
Nós percebemos que estavam emergindo pensares e outras formas de auto-organização
gestados na iminência do ensino remoto, em 2020. A suspensão dos fluxos regulares do
cotidiano colocou todos de frente com problemas antigos e que pareciam ser levados para trás
de uma cortina de fumaça. Abriram-se chances para se pensar e mudar as ações docentes a partir
de alguns dos pressupostos que vêm sendo defendidos pelo OIIIIPe, pela ANFOPe e
FórumDIR, dentre outras entidades científicas.
Participamos ativamente de encontros de estudo sobre pareceres e regulamentações, de
seminários internos, de grupos de trabalho temáticos, de encontros setoriais entre professores,
alunos e técnicos com palestras e formação continuada sobre a docência - alguns organizados
e protagonizados pelos membros do OIIIIPe-UFF.
As formas de auto-organização da faculdade se traduziram em iniciativas marcantes.
Antes mesmo do início das aulas on-line, o "Festival em Casa com a FEUFF", iniciativa da
comunidade acadêmica, aproximou significativamente alunos e docentes por meio de uma
costura coletiva que foi gerada por questionamentos e pela ação política do docente na
universidade:
[...] essa pessoa que primeiro se perguntava: "que eu posso fazer pelos meus
alunos?" e que antes reflete: "por que faço esse questionamento?", pois bem…
essa pessoa vai se clareando em si mesma. Vai ficando clara a natureza política
dessa pergunta-questionamento. Vai ficando clara a natureza política dessa
profissão. Pois esse (a) professor (a) atua dentro de formas culturais diferentes.
Ele (a) trabalha dentro de características e interesses culturais que não são
iguais (FREIRE; NOGUEIRA, 2007, p. 47-48).
O Festival "Em Casa com a FEUFF" se desenvolveu com a participação de pessoas de
todo o país. Movimento potente que se articulou com redes da educação básica, de estudantes
de graduação e pós-graduação de várias universidades e também com movimentos sociais.
Houve mais de 1000 participantes e uma avaliação geral bastante favorável ao que estabeleceu
como objetivos da proposta. Foi uma resposta de comunidade de destino planetário (MORIN,
2000) diante das incertezas circunstanciais. Teve como importante desdobramento a
aproximação de docentes e discentes com as questões relacionadas ao ensino virtual/remoto/on-
line: acessibilidade, aspectos pedagógicos, disponibilidade e domínio do uso das tecnologias
Márcia Maria e SILVA; Walcéa Barreto ALVES e Rejany dos Santos DOMINICK
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informacionais.
A partir dos encontros realizados, muitas tensões foram ressignificadas, pois professores
e estudantes que apresentavam resistência a qualquer iniciativa de ensino mediado por
tecnologias informacionais, vivenciaram outras possibilidades, para além do controverso debate
sobre a Educação à Distância. A articulação de saberes diante de propostas coletivas,
interdisciplinares, com proposições culturais e estéticas do conhecimento, foi delineando um
belo e instituinte cenário de como viver relações de conhecimento e trocas diante da suspensão
do presencial, potencializado pelo virtual.
O movimento foi nos engrandecendo frente às determinações que iam sendo
encaminhadas pela universidade e reuniões realizadas nos diversos Colegiados. A Faculdade
de Educação entendeu que era necessário planejamento cuidadoso para que o retorno às aulas,
via atividades on-line, não ocorresse dentro de um paradigma tecnicista. As iniciativas iam na
contramão de exclusões e de lógicas reducionistas. Apresentavam-se proposições e inovações
pedagógicas (CUNHA, 2016), coletivamente, conectadas às especificidades daquele momento.
Quando as resoluções do MEC começaram a ser debatidas nos órgãos da universidade,
estávamos em processo de organização e de reflexões sobre os desdobramentos e percursos que
desejávamos desenhar para as nossas ações docentes cotidianas. Não havia certezas, estávamos
construindo e conduzindo internamente. Nossas problematizações reverberavam também em
outros espaços universitários nos quais também tínhamos envolvimento e participação.
A forma como estamos apresentando os fatos não pretende ser a única perspectiva, nem
mesmo converter-se em um experimento para confirmar teses. Decidimos descrever e analisar
alguns atravessamentos histórico-culturais para, ao abordá-los, enquanto conhecimentos
singulares, como narrativas abertas, possamos atribuir sentidos plurais das nossas experiências.
Benjamin (1994, p. 221) afirma sobre o narrador, ao descrever o que deveria ser - se não é:
Podemos ir mais longe e perguntar se a relação entre o narrador e sua
matéria a vida humana não seria ela própria uma relação artesanal.
Não seria sua tarefa trabalhar a matéria da experiência a sua e a dos
outros, transformando-a num produto sólido, útil e único?
Nós, então, realizamos uma pesquisa na ação, de caráter participativo. Vivenciamos um
processo de empoderamento e nos colocamos como membros da comunidade que se
transformava ao buscar transformar (THIOLLENT, 1997). Aprendemos sobre limites, trabalho
coletivo e potencialidades. Assumimo-nos como aprendentes sobre/com os outros e sobre nós
mesmos.
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Suojanen (1999) analisa que, na pesquisa-ação, há o exercício criativo e transformador
de uma prática profissional que pode ser exercida pelos sujeitos que têm o sentimento de
controle de sua vida e de suas decisões. A autora explicita que o ato de construção de
capacidades, o desenvolvimento pessoal e coletivo, a apreensão de crescente poder de
conhecimento e o controle dos saberes fazem parte de uma visão de profissão que empodera.
Não de forma individual, mas por meio da cooperação, do compartilhamento de saberes e do
trabalho coletivo.
Desenvolvemos uma pesquisa na ação e sobre a ação, vivenciando diálogos
interculturais e interdisciplinares com diversos pares e autores para entender, produzir e intervir
na cultura educacional universitária e esta poderia mudar naquele momento, transformando-se
em práxis pedagógica inovadora. Mais do que pesquisadoras, estávamos vivenciando a
experiência de professoras reflexivas (SCHÖN, 1992), promovendo análises sobre nossas
práticas, nossos fundamentos e sobre os acontecimentos que iríamos vivenciar nas aulas
síncronas e assíncronas.
Percebemos, enquanto narradoras, que não podemos nos esquecer de que somos também
sonhadoras, pois devaneios nos acompanham enquanto produtoras de artes de fazer
(CERTEAU, 1998). As abordagens aqui desenvolvidas visam construir um olhar para além da
perspectiva cartesiana de ciência. Estão recortadas por influências de culturas e saberes dos
povos originários e por nossa confiança na coletividade e no respeito mútuo. Trabalhamos a
partir da perspectiva daqueles que, ao olharem para a montanha, buscam sentir o seu humor e
que, ao perceberem o seu tom triste, feliz ou ameaçador, buscam fazer cerimônias cantando,
integrando-se ao universo, fluindo com os rios, fazendo poesias para o sol, produzindo histórias,
retratando a vida.
Somos cientistas que olham para o mundo e percebem cada elemento como parte de um
todo, vendo que um rio espelha trajetórias de homens e mulheres indígenas que nele se
banharam. Não queremos calcular quantos megawatts o rio vai produzir quando construírem
nele uma hidrelétrica, uma barragem (KRENAK, 1992, p. 203). O olhar sensível do povo
Krenak, expresso por Ailton, questionando a maneira cartesiana de perceber o mundo, nos
instigou a olhar e a contar a travessia e os atravessamentos daquele momento de maneira
singular, buscando na experiência, na vivência e na reflexão sobre ela compreendermo-nos
como seres integrantes de um mesmo cosmos, em interdependência.
O paradigma da ciência moderna, dominante ainda hoje, desconfiou da experiência e
tratou de convertê-la em um elemento do método, colocando-a no "caminho seguro". A
Márcia Maria e SILVA; Walcéa Barreto ALVES e Rejany dos Santos DOMINICK
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experiência deixou de ser um meio para a construção do saber, formando e transformando a
vida em sua singularidade. Mas o acontecimento, aquilo que nos afeta e atravessa, pode atribuir
ao mundo sentidos, que ao serem lidos com suas regularidades e irregularidades, possibilita-
nos conhecer as coisas (LARROSA, 2002). Nas nossas travessias e nos atravessamentos que
aconteceram durante o ano de 2020, construímos fazeres intersubjetivos e objetivos que
impulsionaram insurgências em um tempo que, de tão intenso sofrimento humano, nos impõe,
paradoxalmente, ainda mais fortes impulsos para a luta e para a celebração da vida.
AGRADECIMENTOS: Aos colegas da FEUFF e da UFF que contribuíram na organização de
nosso trilhar conjunto.
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CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Agradecemos aos colegas da UFF e da AIIIIPe que participaram dos
processos de formação e de trocas online.
Financiamento: Não há financiamento.
Conflitos de interesse: Não há conflito de interesse.
Aprovação ética: O trabalho respeitou a ética durante a pesquisa e também durante o
processo de escrita. Por tratar-se de uma análise crítica de nossas vivências, não passou por
comitê de ética.
Disponibilidade de dados e material: Os dados e materiais utilizados no trabalho estão
disponíveis nos links do texto.
Contribuições dos autores: As autoras participaram em diferentes espaços nas construções
das ações e a escrita se deu de forma conjunta com colaborações equânimes e em momentos
de escrita cooperativa. O processo foi cooperativo tanto no que se refere às narrativas,
quanto nas análises documentais e mesmo no diálogo teórico.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023021, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17918 1
CROSSINGS IN UNIVERSITY TEACHING IN THE CONTEXT OF THE
PANDEMIC: PEDAGOGICAL INNOVATIONS IN QUESTION
ATRAVESSAMENTOS NA DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA NO CONTEXTO DA
PANDEMIA: INOVAÇÕES PEDAGÓGICAS EM QUESTÃO
CRUCES EN LA DOCENCIA UNIVERSITARIA EN EL CONTEXTO DE LA
PANDEMIA: INNOVACIONES PEDAGÓGICAS EN CUESTIÓN
Márcia Maria e SILVA1
e-mail: marciamaria@id.uff.br
Walcéa Barreto ALVES2
e-mail: walceaalves@id.uff.br
Rejany dos Santos DOMINICK3
e-mail: rejany_dominick@id.uff.br
How to reference this paper:
SILVA, M. M.; ALVES, W. B.; DOMINICK, R. S. Crossings in
university teaching in the context of the pandemic: Pedagogical
innovations in question. Revista on line de Política e Gestão
Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023021, 2023. e-ISSN:
1519-9029. DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17918
| Submitted: 10/03/2022
| Revisions required: 25/11/2022
| Approved: 10/01/2023
| Published: 13/05/2023
Editor:
Prof. Dr. Sebastião de Souza Lemes
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Fluminense Federal University (UFF), Niterói RJ Brazil. Adjunct Professor. PhD in Education (UERJ).
2
Fluminense Federal University (UFF), Niterói RJ Brazil. Adjunct Professor. PhD in Education (UFF).
3
Fluminense Federal University (UFF), Niterói RJ Brazil. Associate Professor. PhD in Education (UNICAMP).
Atravessamentos na docência universitária no contexto da pandemia: Inovações pedagógicas em questão
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023021, 2023. e-ISSN: 1519-9029
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ABSTRACT: The objective of this article is to present an analysis of the process of reflection-
action of teachers in the context of the SarsCov 2 pandemic and, to this end, we compare some
educational policies and practices of teacher training developed in the Faculty of Education and
other spaces of the Fluminense Federal University. We conduct research in action and about action,
experiencing intercultural and interdisciplinary dialogues to understand, produce and intervene in
university educational culture. The debate led us to collectively define democratic, innovative,
intercultural and interdisciplinary strategies. The analysis of the conjuncture and the didactic-
methodological resizing demanded, predominantly virtual, made us conclude that between
crossings, the construction of intersubjective actions boosted instituting and insurgent actions in the
face of the tensions of a time of human suffering that required us to build strategies to, in this
collective action, celebrate and value life. For writing, we adopted a descriptive-analytical
perspective, historicizing some of the processes of participatory and dialogical self-organization.
KEYWORDS: University teaching. Remote learning. Dialogism. Pedagogical innovation.
RESUMO: O objetivo do artigo é apresentar uma análise do processo de reflexão-ação de
docentes no contexto da pandemia do SarsCov 2 e, para tal, cotejamos algumas políticas e práticas
educacionais da formação docente desenvolvidas na Faculdade de Educação e em outros espaços
da Universidade Federal Fluminense. Realizamos pesquisa na ação e sobre a ação, vivenciando
diálogos interculturais e interdisciplinares para entender, produzir e intervir na cultura
educacional universitária. O debate nos levou a definir coletivamente estratégias democráticas,
inovadoras, interculturais e interdisciplinares. A análise da conjuntura e o redimensionamento
didático-metodológico demandados, preponderantemente virtuais, nos fizeram concluir que entre
travessias e atravessamentos a construção de fazeres intersubjetivos impulsionaram ações
instituintes e insurgentes diante das tensões de um tempo de sofrimento humano que nos exigiu
construir estratégias para, nesse fazer coletivo, celebrar e valorizar a vida. Para a escrita,
adotamos uma perspectiva descritivo-analítica, historicizando alguns dos processos de auto-
organização participativa e dialógica.
PALAVRAS-CHAVE: Docência universitária. Ensino remoto. Dialogismo. Inovação pedagógica.
RESUMEN: El objetivo de este artículo es presentar un análisis del proceso de reflexión-acción
de los docentes en el contexto de la pandemia SarsCov 2 y, para ello, comparar algunas políticas
y prácticas educativas de formación docente desarrolladas en la Facultad de Educación y otros
espacios de la Universidad Federal Fluminense. Realizamos investigación en acción y sobre
acción, experimentando diálogos interculturales e interdisciplinarios para comprender, producir e
intervenir en la cultura educativa universitaria. El debate nos llevó a definir colectivamente
estrategias democráticas, innovadoras, interculturales e interdisciplinarias. El análisis de la
coyuntura y el redimensionamiento didáctico-metodológico demandado, predominantemente
virtual, nos hizo concluir que entre cruces y cruces la construcción de acciones intersubjetivas
impulsó acciones instituyentes e insurgentes frente a las tensiones de un tiempo de sufrimiento
humano que nos exigió construir estrategias para, en esta acción colectiva, celebrar y valorar la
vida. Para la escritura, adoptamos una perspectiva descriptiva-analítica, historizando algunos de
los procesos de autoorganización participativa y dialógica.
PALABRAS CLAVE: Docencia universitaria. Enseño remoto. Dialogismo. Innovación
pedagógica.
Márcia Maria e SILVA; Walcéa Barreto ALVES e Rejany dos Santos DOMINICK
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Introduction
The SARS COV-2 pandemic has taken a toll on everyone's lives. Isolation, fear, pain,
and loss directly impacted routines. Many doubts were presented and mobilized actions that
gained an instituting dimension in the context of mandatory physical isolation.
In the federal institution of higher education in which we work, the participants of the
International Observatory of Inclusion, Interculturality and Pedagogical Innovation of the
Fluminense Federal University (OIIIIPe-UFF) intervened powerfully in meetings of sharing
and analysis of the measures to deal with the chaotic framework that has interposed itself to the
lives of all.
At the Faculty of Education of the Fluminense Federal University (FEUFF), we were
crossed by the inevitability of remote teaching. We organized ourselves within the possibilities
that circumstances imposed. Some questions guide the path of the analyses we produce here:
How do we interact with internal and governmental norms? What were the reflections and
contributions of OIIIIPe UFF members in the transition from face-to-face to remote activities?
What have we learned about the configurations of teaching at the university with the health
crisis? What do we consider important to highlight about the tensions that have been
accentuated in the intersubjective sphere, since human suffering, paradoxically, has driven
actions of resistance and insurgency? What did we learn together?
We adopted a descriptive-analytical perspective. We historicize some of FEUFF's self-
organization processes based on the performance of OIIIIPe-UFF members during 2020. The
centrality of the reflection is in the theoretical-methodological debate on the complexity of the
didactic-political-pedagogical implications that involve the different aspects of the class at the
university, in the context of the pandemic, in the crossings and crossings that led to the
establishment of norms and ordinances. As a result of these, significant transformations took
place in the daily life of higher education during the months of physical isolation, extended by
more than at first it was possible to predict. We explain, from our point of view, tensions,
decisions, solutions, and analyze what the experience has provoked in us. We historicize some
of the processes of self-organization. We conduct research in action about action, with a
participatory character.
Atravessamentos na docência universitária no contexto da pandemia: Inovações pedagógicas em questão
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OIIIIPe at UFF
On March 19, 2020, the health authorities in Niterói-RJ determined the start of remote
work. The researchers of the OIIIIPe at UFF actively participated in the meetings for the
interpretation and appropriation of norms emanating at the national and local level, by the
higher collegiates of the UFF, aiming at coping with the pandemic, maintaining academic
activities, improving teaching strategies and also interpersonal relationships established by
means of communication on the internet.
Perplexed, we feel the loss of relatives and friends to whom we dedicate our tributes
and expression of deep respect. Despite the strong impact caused by the crisis, individual
anxieties, instead of paralyzing us, intensified the search for collective actions of the members
of OIIIIPe-UFF, since the political-pedagogical challenges of university teaching, in the group,
had begun in 2019, when we became interested in studying the training of university professors
and in dialoguing with and about digital communication and information technologies (TDIC).
Epistemologies, didactics, curricula, technologies and educational policies were part of the
debates, initially anchored by the perspective of Cunha (2016) on innovation in university
teaching.
We held some meetings with a hybrid communication profile. We had been debating
about how each member of the Observatory was experiencing what Cunha (2016) calls
pedagogical innovation. This interest was part of a movement of self-identification of the group,
activating even the socialization of the themes and methodologies of research, teaching and
extension of its components. The process began in the meetings of the Didactics Nucleus of
FEUFF, which was formed by several members of the Observatory. This nucleus, which is
based on the Innovation and Curricular Advisory Program of the university
(PROIAC/PROGRAD-UFF), had been mobilized to reflect on the challenges of university
education, considering the difficulties encountered for the inclusion of the diversity of students
in the daily life of undergraduate courses.
The policies of quotas, access and permanence have been demanding an evaluation of
teaching practices based on studies in the field of curriculum and didactics, considering the
identity character of the set of social actors of the institution defined by ethnic-racial, gender
and sexuality cuts, as well as socioeconomic aspects and inclusion of people with disabilities.
Our experience was shared at the VIII Meeting of OIIIIPe, hosted by UNESP (São Paulo
State University "Júlio de Mesquita Filho") of Bauru, in December 2019. We also had, in this
event, the opportunity to experience the face-to-face and the online simultaneously, in order to
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contemplate the possibilities and impossibilities of time and space for the participation of the
members.
The monthly meetings of the observatory at UFF took place in person and virtually
simultaneously, often in order to correspond to the availability of time-space of the participants
(SILVA et al., 2020). We found, with the pandemic, that we anticipated the technological and
interaction conditions that came to be demanded, months later, to carry out the teaching work
in universities and also in basic education units.
Considering the importance of reflecting on the concept of class, we held an Internal
Seminar of OIIIIPe-UFF, in June 2020, on pedagogical and technological innovation (CUNHA,
2016), university class (CORRÊA, 2016), class as an event (GERALDI, 2010) and the
knowledge of experience (LARROSA, 2002), among other resulting themes.
When the debates at UFF on the objective conditions for the return to classes increased,
the group had already built the consensus that the online class needed to focus on the
protagonism of students and Bakhtinian dialogism (GERALDI, 2010). It was imperative to be
aware that one had to advance from a technicist rationality (the basis of many distance education
courses) to a dialogical and reflective rationality. In this sense, attention to the production of
discourses and the interpretation of their meanings imposed the need for a sensitive and
attentive look at social, historical-cultural and ideological conditioning factors explicit and
implicit constitutive of human communication processes.
Non-face-to-face teaching could not be the reproduction of questionable distance
education practices. We also found that there would not even be time, professionals with
training, adequate equipment and university structure available to establish the "instructional"
design practiced by the modality that we put in question. We were not interested in replicating
neo-technicist approaches in face-to-face teaching, much less in remote teaching.
Thus, our focus was on the processes of otherness, constitutive of individualities; were
the verbal interactions and their plurisignifications; were the various meanings attributed to
pedagogical experiences and interactions. According to Geraldi (2013, p. 13, our translation),
"we are, therefore, the otherness that constitutes us, but we are not a reproduction of this
otherness because we are agentive by our counterwords." The same situation is not defined in
the same way for everyone, since each one builds from their positions a sensitive internalization
of the experiences. The sensitive experience that we needed to stimulate was fundamental
among the teachers, so that new images-memories could be built on the process and with the
process of remote study-teaching.
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However, TDIC-mediated remote teaching, which was causing tensions in teachers and
students, might not be emphasized from the polarization between resistance and submission.
The preponderant criticisms among FEUFF professors were the fact that, in order to reach a
much larger number of students, mass teaching strategies were used, lightening the process and
consequently reducing the quality of training. The concerns were around the risk that the
distance education system, so criticized by many, would end up being normalized in the face-
to-face training of teachers, expanding, at the regimental level, beyond the 40% already
provided for in MEC Ordinance No. 2,117, of December 6, 2019 (BRAZIL, 2019).
In addition to the resistance to distance education initiatives, many students and teachers
did not have adequate equipment and internet for access and/or technical mastery of
communication tools for teaching purposes. The virtual rooms were unknown to most, as well
as the strategies for virtual setting of the disciplines. Some were holding synchronous meetings
for the first time. We realized the risk of the linear transposition of classroom practices to remote
work, which was confirmed as a didactic-methodological problem to be faced in the debate on
education and virtuality in the pandemic (CANDAU, 2020).
Amid uncertainties, non-knowledge and fears, in the first semester of 2020, we believed
that the main subject of university professors should be to safeguard their own lives, seek
collective protection, reconnect with students, establish human interaction, experiment with
new modes and paths of interaction. Crossed by so many unexpected demands, we put ourselves
in crossing in the environments mediated by the TDIC.
Normative crossings and our crossing
Brazilian education was (and still is in 2021) faced with many dilemmas related to the
suspension and return of face-to-face activities. Changes occurred in the internal context of the
university, both with regard to social tensions, political and sanitary discussions, as well as
issues of federal, state and municipal legislation that regulate higher education at UFF - Niterói
campus. As soon as the city published Decree No. 13,506/2020, on March 16, 2020, in-person
activities were suspended and it was decided to postpone the beginning of the school semester.
The decree was based on the classification of the community spread of COVID-19, which made
it clear that we are living in a pandemic. This criterion was established by the World Health
Organization (WHO) on 03/11/2020 and assumed at the three levels of the Executive branch.
The suspension left the academic community on alert, but there was the expectation of
Márcia Maria e SILVA; Walcéa Barreto ALVES e Rejany dos Santos DOMINICK
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a brief return, because the situation was for us, who are of a generation after the one that
experienced the pandemic of the Spanish flu (1918-1920), something totally unusual. Although
the swine flu (H1N1) pandemic occurred in the year 2009 - the first of the twenty-first century
- its impact was on a smaller scale than today. The social and economic repercussions of swine
flu have also been differentiated from COVID-19, due to the lower degree of transmission and
lethality. The conditions of medication and vaccination were made possible at the time by
government measures undertaken quickly and by the existence of knowledge about medicines
and treatments in relation to the Influenza virus (SCHUELE, 2020; BARIFOUSE, 2000a,
2020b, CEE-FIOCRUZ, 2021).
The dimension of what could still happen was unprecedented in contemporary collective
memory and this panorama was the focus of reflections, debates and clashes within the UFF.
The measures that were being forwarded by the governments and the managers of the institution
crossed the departmental, collegiate course and unit meetings. We had the expectation of a brief
return, but the panorama was one of waiting. The policies of the federal government pointed
out ways to return to classes remotely through non-participatory determinations for both basic
and higher education. There have been many debates and clashes over ways to organize work
during the pandemic. It was impossible to return in person due to the profile of teachers,
technical servers and students allocated in 128 face-to-face courses, many belonging to risk
groups.
On March 17, 2020, the MEC published Ordinance No. 343 (BRAZIL, 2020, our
translation), providing "on the replacement of in-person classes by classes in digital media for
the duration of the Novel Coronavirus - COVID-19 pandemic situation." This document
authorized higher education institutions (on an exceptional basis) to replace face-to-face
courses with classes conducted through information and communication technologies. He
vetoed, however, internship and laboratory practices in this format. Over the months, several
actions were constituted, such as the strategic "Brazil counts on me", instituted by Ordinance
No. 580, of March 27, 2020.
There was pressure from the federal government to speed up the completion of the
training of health professionals in order to work, via residence, in the SUS care units, as a
measure to cope with COVID-19. In the field of education, Provisional Measure No. 934 (MEC)
was published, establishing exceptional standards for basic education and higher education.
This had as one of its main premises the relaxation of the minimum amount of school days
required. Then, MEC Ordinance No. 383 postulated the anticipation of graduation of students
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in the health area with the justification of strengthening the group of workers on the front line
of the fight against the pandemic. Such determinations were pressuring the university context
with institutional developments of preparation and positioning to carry out its activities, such
as Ordinance No. 66,704, of the Office of the Rector (GAR), which created the Working Group
(WG) of Health to discuss measures of anticipation of the graduation of degree in undergraduate
courses in the area of Nursing, Medicine, Physiotherapy and Pharmacy.
The UFF Research, Teaching and Extension Council (CEPEx) decided to suspend the
2020 academic calendar indefinitely (UFF, 2020a) (CEPEx No. 109/2020, on April 8). In the
dynamics between the MEC norms and the real possibilities of an institution with more than
35,000 students and 3,000 professors in the face-to-face graduation, strategies were being built
for the reality that was configured in the face of the "exceptionality of the situation and the need
to adopt measures consonant with the confrontation of the pandemic of the new coronavirus"
(CEPEx no 109/2020, p.3) (UFF, 2020a).
On April 28, the National Council of Education (CNE) approved Opinion No. 5/2020,
which deals with the "Reorganization of the School Calendar and the possibility of calculating
non-face-to-face activities for the purpose of complying with the minimum annual workload,
due to the COVID-19 Pandemic." The document presents an overview of the pandemic context
and its repercussion on educational systems, points out possible consequences of the suspension
of classes in basic education and higher education for a long period of time and presents
possibilities of compliance with the minimum workload established by Law No. 9394/96.
As policies, decisions and referrals from the federal government were being presented,
the UFF sought to trace paths for the complex situations we had. The Faculty of Education, in
its different decision-making instances of Collegiate Unity, Collegiate Course of Pedagogy and
Structuring Teaching Nucleus, as well as departmental meetings, sought to think proactively
about the issues that were announced. With no face-to-face activities, no direct contact with
students and no regularization of activities by the beginning of May 2020, it created initiatives
to approach the development of extension actions.
In between, the first direct communication action of the university aimed at the academic
community was the sending of a form by the Pro-Rectory of Undergraduate Studies
(PROGRAD) to map the conditions of digital access of students, professors and technical-
administrative staff, which arrived at FEUFF on May 15, 2020. The mapping gave an overview
of the profile of the students to subsidize institutional actions and policies aimed at the
reorganization of academic-administrative activities as a result of the measures to cope with the
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pandemic.
Parallel to the survey, actions were defined and resolutions were issued by CEPEx.
Decision CEPEx No. 110/2020, of May 20 (UFF, 2020b), was published, which allowed
graduating students to present monographs, conclusion papers and do complementary activities
remotely. A new WG was created, chaired by PROGRAD and composed of members of CEPEx
itself, to plan emergency academic activities during the pandemic. The WG was organized
based on four main axes: 1. Human and Social, to identify aspects related to digital access,
inclusion and health policies, with the production and analysis of the mappings carried out by
the subgroup; 2. Technologies and Teacher Training, to evaluate the possibilities of using
digital technologies and forms of teacher training; 3. Governance, to carry out a survey of good
practices in other institutions; identify the set of regulations in force; think of possibilities or
needs for a possible hybrid or face-to-face return; 4. Teaching-Learning and Evaluation
Strategies, to seek and carry out new ways of boosting teaching in the classroom, mediated by
the use of technologies and digital tools, having as horizon active methodologies, providing
indication of reflective portfolio, problem-based learning, project-based learning, inverted
classroom, among others, in addition to learning practices and competency-based assessment.
PROGRAD made available an e-mail as a channel for the participation of the academic
community so that contributions could be made to the debate and to the studies that were being
carried out.
There were PROGRAD meetings with Coordinators and Department Heads, where
some of the issues that were being discussed in the WG were posed. There was a great concern
with the absence of training strategies for the graduates, alleging damages to the progress of the
curricular flow and the movement of students. These facts were presented posing the risk of a
negative repercussion regarding government investments and, consequently, in the maintenance
of the university's activities, due to the direct relationship with the rates of graduates.
There was, then, a succession of decisions of PROGRAD and CEPEx, which were
printing an accelerated pace for the resumption of teaching activities, without considering, in a
systematic and procedural way, actions of integral and inclusive structuring for its
implementation.
Resolution No. 156/2020 (UFF, 2020d, our translation), published on June 15, 2020,
regulated "the creation of criteria for the planning and execution of Emergency Academic
Activities (ACE)." It defined what would be "graduating/probable graduating" for the purpose
of the Special Teaching Period regime, which took place from June 29 to August 31, 2020. In
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this short semester, the profile of the graduates was defined as that of those who for the
completion of the curriculum lacked to attend only 4 compulsory and/or optional subjects, plus
the monograph and/or internship. Graduating students may or may not join the ACE. Faced
with this deliberation, the undergraduate courses of the Federal Fluminense were looking for
ways to organize themselves to meet the demands.
Inside FEUFF: consequences
To problematize our experiences at FEUFF, we chose to adopt a descriptive-analytical
path. We explain the theories that supported some questions and stimulated instituting actions,
which were rooted among other professionals and students directly and indirectly linked to the
proposal of reflection.
The Faculty of Education has created means of approximation in continuous and long
online meetings between teachers, students, technicians and managers. What was most
accentuated, as an immediate demand, was the fact that we would need to focus, collectively,
on strategies of distance dialogue, on interpersonal welcoming, meeting the principle of
preservation of life. In this impactful context, conflicts made us prioritize subjectivities,
affections, dialogue, in the search for ways to remotely reorganize the teaching work.
Inside FEUFF, we were following the process always in a questioning and very tense
way. We experienced the decisions and forwarded the issues in a critical-reflective way. While
the higher organs of the university thought and forwarded the procedures, in the Faculty of
Education we mobilized to deal with the distancing of the students.
The pandemic has placed us before the necessary discussion of the knowledge-teacher-
student relationship mediated by digital technologies. The debate was intense. There were
voices that argued about the danger of lightening the educational process due to the insertion
of technologies as a fundamental element and, in a certain way, conditioning for its realization.
They presented the dimension of the threat to the structure of the public university, which could
be immersed in a program of implementation of distance education in place of face-to-face
education. They punctuated criticisms related to the risks of deprofessionalization and teacher
autonomy. There was also the question of the copyright of our classes.
Such understandings, traditionally constructed at FEUFF, stood as an obstacle to
advance towards discussions about the context and the pressing need for interactions carried
out in a virtual way in a perspective that went beyond the technical and technical logic to move
Márcia Maria e SILVA; Walcéa Barreto ALVES e Rejany dos Santos DOMINICK
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towards the dimension of praxis in the relationship - now so close - between virtual
communication technologies and education. The strong position against distance education and
the use of information technologies in education extended in discourses, representations and in
the imaginary against any initiative that could be associated with the perspective of pedagogical
innovation (DOMINICK; ALVES; SILVA, 2020; CORRÊA, 2016; CUNHA, 2016;
GERALDI, 2010; LARROSA, 2002).
During the ANPEd meeting (2021) we identified, especially in the speech of Andrea
Lapa, in table 2: "Challenges, opportunities and consequences of remote education in higher
education, basic education and literacy/family", tensions very similar to what we experienced
at FEUFF.
Faced with the situation that was intervening, the interest arose to know how the students
were living and also to provoke a dialogue so that they would not be disconnected from the
academic discussions and would not be expanded the evasion in such a challenging context as
the one that crossed us.
In meetings of the academic community, the Project "Festival at Home with FEUFF"
was conceived, built and developed, leading several teachers and students to offer activities in
an innovative way in an online environment. This initiative developed after reaching the
understanding that it would not be characterized as a replacement for classes, but as an
extension activity. The proposal was to bring students closer together, to activate the debate on
various topics and to enhance participation. When the project was in the process of completion,
Resolution CEPEx No 156/2020 (of June 15, 2020) was published, (UFF, 2020d) which
determined the start of Emergency Academic Activities from June 29, 2020, which brought us,
in a way, by surprise. Despite this, several collaborative actions continued the process in which
we were already involved, among them the creation of several WGs internal to the Unit to
discuss themes that influenced the discussions in various decision spaces of the UFF and that
especially involved the undergraduate degrees.
On July 22, 2020, CEPEx Decision No. 111/2020 (UFF, 2020c) was published, which
approved the reorganization of the regular School and Administrative Calendar for the 2020
academic year, allowing the adoption of the remote teaching regime in place of the exceptional
regime of face-to-face academic activities for all undergraduate students of the university. The
duration of the first regular academic semester was from September 14 to December 15, 2020
and the second from February 1 to May 10, 2021.
In the sense of ordering the actions at UFF, Resolution CEPEx No 160/2020, of August
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14, regulated emergency remote teaching, presenting the guidelines of the activities. It was
determined that the enrollment in courses taken before the suspension of face-to-face activities
should be used, ensuring an adjustment period for students to reorganize themselves for the
academic semester.
The Faculty of Education, in articulation with the entire process of collaborative and
collective planning linked to the Direction of the Unit, to the Coordination of the Pedagogy
Course, and to the heads of the Department, made very important contributions to principles
and guidelines for implementation. This movement culminated in several initiatives, among
them the preparation of the document "Didactic-Pedagogical Reorganization for the 2020
Academic Semester.1" prepared by the Structuring Development Center (NDE) and approved
by the Collegiate of the Pedagogy Course. Through sharing, exchange and collective work,
fundamental subsidies were also created and provided for actions of the General Forum of
Undergraduate Degrees and the Division of Student Practice, linked to PROGRAD, with the
elaboration of the document "Guidelines for the compulsory internship disciplines of Bachelor's
degree courses, on an exceptional and temporary basis, while the health restrictions of the
COVID-19 pandemic last" (UFF, 2020e, our translation).
The institutional decisions of FEUFF were developed as threads of a tessitura carried
out by many hands with the objective of thematizing higher education during emergency remote
teaching. Faced with the sea of decisions that crossed us, we built a collective mobilization that
caused important instituting experiences. More than responding to the complicated process of
the pandemic and external determinations, a community of dialogue was created, based on the
commitment of many to the production of a culture of participation (SHIRKY, 2011), which
OIIIIPe-UFF had already been developing since its conception.
In the research process, which took place through reflection on action and on action, we
built educational policies and practices with a view to understanding the immediate context and
understanding ourselves in it. We create strategies for the problems, guiding and intervening in
the didactic-methodological scope and in the educational culture in different spaces of
university teaching. In this process, we learn and potentiate different ways of configuring our
teaching action. Educational policies and practices were analyzed in order to understand reality.
Strategies were defined to cope with the circumstances, in an innovative way (pedagogical
innovation and conversations), intercultural in the decolonial perspective proposed by Candau
(2016) and Walsh (2008) and interdisciplinary (JAPIASSU, 1976; FAZENDA, 1998).
Didactic-methodological orientations have put into debate the university educational
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culture hegemonized by European rationality in the social and human sciences, hierarchical and
that mostly excels in the repetition of scientific and behavioral canons in undergraduate classes.
Such a culture does not dialogue with the epistemic plurality of the sciences or with the
socioeconomic and cultural origin of the students.
University teaching: crossings and crossings
Impacted by the crossings, we understand that the context demanded resizing woven in
the collective - an uncommon practice in university life, which is largely based on an
individualistic and productive rationality. Anxieties, doubts and the desire for resignification of
many, potentiated the overcoming of isolations and allowed an instituting crossing.
The collective power of OIIIIPe-UFF stimulated dialogues with affections, policies and
actions among colleagues from the university and the unit, generating "what to do" (FREIRE;
NOGUEIRA, 2007) in our meetings, inspired by Paulo Freire's circles of culture. The
contributions of these moments potentiated innovative meanings to university teaching. In the
1980s/90s, when, in basic school and higher education, the presence of students and teachers
from the popular classes and social minorities increased, the teaching activities needed to be
(re)signified. In these times of pandemic, we realized that it is indispensable to rethink our role
in teaching. In the same way, rethinking contents and themes to be energized is done in a
provocatively challenging dimension to the university canons. We understood that the
conceptions of class as an event, of collaborative and interactive online university teaching
needed to be resized from the principles of inclusion, interculturality and pedagogical
innovation. Such principles have sustained our research, our practices, and have been made
explicit in some of our productions (SILVA et al., 2020).
We realized that thinking and other forms of self-organization were emerging in the
imminence of remote learning in 2020. The suspension of the regular flows of daily life put
everyone face to face with old problems that seemed to be taken behind a smokescreen.
Opportunities were opened to think about and change the teaching actions based on some of the
assumptions that have been defended by OIIIIPe, ANFOPe and FórumDIR, among other
scientific entities.
We actively participate in study meetings on opinions and regulations, internal seminars,
thematic working groups, sectoral meetings between teachers, students and technicians with
lectures and continuing education on teaching - some organized and led by the members of
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OIIIIPe-UFF.
The college's forms of self-organization have translated into landmark initiatives. Even
before the beginning of online classes, the "Festival at Home with FEUFF", an initiative of the
academic community, significantly brought students and teachers together through a collective
stitching that was generated by questions and the political action of the professor at the
university:
[...] This person who first asked himself, "What can I do for my students?"
and who previously reflected, "Why do I ask this question?" well... This
person is clarifying in himself. The political nature of this question-question
is becoming clear. The political nature of this profession is becoming clear.
For this teacher acts within different cultural forms. He (a) works within
cultural characteristics and interests that are not equal (FREIRE;
NOGUEIRA, 2007, p. 47-48, our translation).
The festival "At Home with FEUFF" was developed with the participation of people
from all over the country. A powerful movement that articulated itself with networks of basic
education, undergraduate and graduate students from various universities and also with social
movements. There were more than 1000 participants and an overall evaluation very favorable
to what was established as objectives of the proposal. It was a community response of planetary
destiny (MORIN, 2000) in the face of circumstantial uncertainties. It had as an important
unfolding the approximation of teachers and students with the issues related to
virtual/remote/online teaching: accessibility, pedagogical aspects, availability and mastery of
the use of information technologies.
From the meetings held, many tensions were (re)signified, because teachers and students
who presented resistance to any teaching initiative mediated by informational technologies,
experienced other possibilities, in addition to the controversial debate on Distance Education.
The articulation of knowledge in the face of collective, interdisciplinary proposals, with cultural
and aesthetic propositions of knowledge, was outlining a beautiful and instituting scenario of
how to live relations of knowledge and exchanges in the face of the suspension of the face-to-
face, potentiated by the virtual.
The movement was aggrandizing us in the face of the determinations that were being
forwarded by the university and meetings held in the various Collegiates. The College of
Education understood that careful planning was necessary so that the return to classes, via
online activities, did not occur within a technicist paradigm. The initiatives went against
exclusions and reductionist logics. Propositions and pedagogical innovations were presented
(CUNHA, 2016), collectively, connected to the specificities of that moment. When the
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resolutions of the MEC began to be debated in the organs of the university, we were already in
the process of organization and reflections on the developments and paths that we wanted to
design for our daily teaching actions. There were no certainties, we were building and
conducting internally. Our problematizations also reverberated in other university spaces in
which we also had involvement and participation.
The way we are presenting the facts is not intended to be the only perspective, nor even
to become an experiment to confirm theses. We decided to describe and analyze some
historical-cultural crossings so that, by approaching them, as singular knowledge, as open
narratives, we can attribute plural meanings of our experiences. Benjamin (1994, p. 221, our
translation) states about the narrator, when describing what should be - if it is not:
We can go further and ask whether the relationship between the narrator and
his matterhuman lifeis not itself an artisanal relationship. Would it not be
your task to work on the matter of experience your own and that of others,
transforming it into a solid, useful and unique product?
We then conducted participatory research in action. We experienced a process of
empowerment and placed ourselves as members of the community that was transformed when
seeking to transform (THIOLLENT, 1997). We learn about limits, collective work and
potentialities. We assume ourselves as learners about/with others and about ourselves.
Suojanen (1999) analyzes that, in action research, there is the creative and
transformative exercise of a professional practice that can only be exercised by subjects who
have the feeling of control of their lives and decisions. The author explains that the act of
capacity building, personal and collective development, the apprehension of growing power of
knowledge and the control of knowledge are part of a vision of profession that empowers. Not
individually, but through cooperation, knowledge sharing and collective work.
We developed research in action and about action, experiencing intercultural and
interdisciplinary dialogues with several peers and authors to understand, produce and intervene
in the university educational culture and this could change at that moment, becoming an
innovative pedagogical praxis. More than researchers, we were experiencing the experience of
reflective teachers (SCHÖN, 1992), promoting analyses about our practices, our fundamentals
and about the events that we would experience in synchronous and asynchronous classes.
We realize, as narrators, that we cannot forget that we are also dreamers, because
daydreams accompany us as producers of arts of making (CERTEAU, 1998). The approaches
developed here aim to build a look beyond the Cartesian perspective of science. They are cut
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by influences of cultures and knowledge of the original peoples and by our trust in the
collectivity and mutual respect. We work from the perspective of those who, when looking at
the mountain, seek to feel its mood and who, when perceiving its sad, happy or threatening
tone, seek to make ceremonies by singing, integrating into the universe, flowing with the rivers,
making poetry for the sun, producing stories, portraying the life.
We are scientists who look at the world and perceive each element as part of a whole,
seeing that a river mirrors the trajectories of indigenous men and women who have already
bathed in it. We do not want to calculate how many megawatts the river will produce when they
build a hydroelectric dam, a dam (KRENAK, 1992, p. 203). The sensitive gaze of the Krenak
people, expressed by Ailton, questioning the Cartesian way of perceiving the world, instigated
us to look at and tell the crossing and the crossings of that moment in a unique way, seeking in
experience, in experience and in reflection on it to understand ourselves as integral beings of
the same cosmos, in interdependence.
The paradigm of modern science, dominant even today, distrusted experience and tried
to convert it into an element of the method, placing it on the "safe path". Experience is no longer
a means for the construction of knowledge, forming and transforming life in its singularity. But
the event, that which affects us and crosses us, can attribute to the world senses, which when
read with their regularities and irregularities, allows us to know things (LARROSA, 2002). In
our crossings and in the crossings that took place during the year 2020, we built intersubjective
and objective actions that boosted insurgencies in a time that, of such intense human suffering,
paradoxically imposes on us even stronger impulses for the struggle and for the celebration of
life.
ACKNOWLEDGMENTS: To the colleagues from FEUFF and UFF who contributed to the
organization of our joint journey.
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CRediT Author Statement
Acknowledgements: We thank the colleagues from UFF and AIIIIPe who participated in
the training and online exchange processes.
Funding: There is no funding.
Conflicts of interest: There is no conflict of interest.
Ethical approval: The work respected ethics during the research and also during the writing
process. Because it is a critical analysis of our experiences, it did not go through an ethics
committee.
Data and material availability: The data and materials used in the work are available in
the text links.
Authors' contributions: The authors participated in different spaces in the construction of
the actions and the writing took place jointly with equitable collaborations and in moments
of cooperative writing. The process was cooperative both in terms of narratives,
documentary analyses and even theoretical dialogue.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, standardization and translation.