RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 1
PRODUÇÃO DE INTERCULTURALIDADE E TERCEIROS ESPAÇOS NA
UNIVERSIDADE INTERCULTURAL DO ESTADO DE HIDALGO (UICEH)
PRODUCCIÓN DE INTERCULTURALIDAD Y TERCEROS ESPACIOS EN LA
UNIVERSIDAD INTERCULTURAL DEL ESTADO DE HIDALGO (UICEH)
PRODUCTION OF INTERCULTURALITY AND THIRD SPACES AT THE
INTERCULTURAL UNIVERSITY OF THE STATE OF HIDALGO (UICEH)
Dalia Peña ISLAS1
e-mail: daliaislas81@gmail.com
Como referenciar este artigo:
PEÑA, D. Produção de interculturalidade e terceiros espaços na
Universidade Intercultural do Estado de Hidalgo (UICEH). Revista
on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n.
esp. 1, ELOCATION, 2023. e-ISSN: 1519-9029. DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959
| Submetido em: 10/03/2022
| Revisões requeridas em: 25/11/2022
| Aprovado em: 10/01/2023
| Publicado em: 13/05/2023
Editor:
Prof. Dr. Sebastião de Souza Lemes
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Unidade Universitária Pedagógica Nacional 131 (UPN-Hidalgo), Pachuca de Soto México. Professora. Doutora
em Antropologia Social.
Produção de interculturalidade e terceiros espaços na Universidade Intercultural do Estado de Hidalgo (UICEH)
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 2
RESUMO: Esta investigação mostra os resultados de um estudo realizado na Universidade
Intercultural do Estado de Hidalgo (UICEH), cujo objetivo foi conhecer a produção da
interculturalidade a partir de espaços terceiros (BHABHA, 1998, 2002). A construção deste
trabalho foi realizada graças a uma revisão teórico-conceitual, entrevistas em profundidade
(TAYLOR; BOGDAN, 2000) e fotografia etnográfica (BRANDES, [199-?]). Os resultados
mostram a produção de outras interculturalidades a partir de murais e práticas realizadas na
universidade a partir da categoria de "terceiros espaços", como aqueles onde é concebida a
possibilidade de produção de outras interculturalidades, invisíveis aos olhos, às experiências,
entre o institucional e a comunidade, entre o inclusivo e o exclusivo e que dão lugar a reflexões
sobre a geração de espaços seguros onde os estudantes podem refletir sobre a sua própria cultura
indígena.
PALAVRAS-CHAVE: Interculturalidade. Universidade. Terceiros espaços. Povos indígenas.
RESUMEN: Esta investigación muestra resultados de un estudio realizado sobre la
Universidad Intercultural del Estado de Hidalgo (UICEH), cuyo objetivo fue conocer la
producción de interculturalidad desde los terceros espacios (BHABHA, 1998, 2002). La
construcción de este trabajo se logró gracias a una revisión teórica-conceptual, las entrevistas
a profundidad (TAYLOR; BOGDAN, 2000), y la fotografía etnográfica (BRANDES, [199-?]).
Los resultados muestran la producción de otras interculturalidades desde murales y prácticas
efectuadas en la universidad desde la categoría de “terceros espacios”, como aquellos en
donde se concibe la posibilidad de producción de otras interculturalidades, invisibles a los
ojos, a las experiencias, entre lo institucional y comunitario, entre lo incluyente y lo excluyente
y que dan pie a reflexiones sobre la generación de espacios seguros en donde los estudiantes
pueden reflexionar sobre su propia cultura indígena.
PALABRAS CLAVE: Interculturalidad. Universidad. Terceros espacios. Indígenas.
ABSTRACT: This research shows the results of a study conducted on the Intercultural
University of the State of Hidalgo (UICEH), whose objective was to learn about the production
of interculturality from third spaces (BHABHA, 1998, 2002). The construction of this work was
achieved thanks to a theoretical-conceptual review, in-depth interviews (TAYLOR; BOGDAN,
2000), and ethnographic photography (BRANDES, [199-?]). The results show the production
of other interculturalities from murals and practices carried out in the university from the
category of "third spaces", as those where the possibility of production of other
interculturalities is conceived, invisible to the eyes, to the experiences, between the institutional
and the community, between the inclusive and the exclusive and that give rise to reflections on
the generation of safe spaces where students can reflect on their own indigenous culture.
KEYWORDS: Interculturality. University. Third space. Indigenous people.
Dalia Peña ISLAS
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 3
Introdução
A Universidade Intercultural do Estado de Hidalgo (UICEH) foi criada em 2012 e está
localizada em Tenango de Doria, no Estado de Hidalgo, México. Como resultado da construção
das novas instalações, foi requerido, através de uma chamada dirigida aos alunos, a pintura de
murais com perspectivas de interculturalidade. Esse fato gerou propostas críticas por parte dos
alunos, propondo diversos murais que refletiam visões de luta dos povos indígenas e o
reconhecimento dos territórios a partir de seus aspectos históricos, culturais e linguísticos. Por
isso, este trabalho exibe um mural surgido desse chamado que se intitula: "Zi nana maka hai, 5
continentes no mesmo coração". A pesquisa teve como objetivo reconhecer o tipo de produção
de interculturalidade incorporada pelos alunos nos murais, e a construção deste trabalho de
pesquisa foi realizada graças a uma revisão teórico-conceitual, entrevistas em profundidade
(TAYLOR; BOGDAN, 2000) e fotografia etnográfica (BRANDES, [199-?]), alcançando
resultados interessantes sobre as contribuições críticas quanto a interculturalidade dos alunos
nos murais, nos quais capturaram lutadores indígenas latino-americanos e perspectivas de
interculturalidade recuperadas dos próprios territórios Otomi. Este trabalho é considerado
importante por inovar em um estudo educacional que resgata as visões de interculturalidade em
nível superior a partir de trabalhos artísticos como murais, que dão conta de uma produção de
conhecimento a partir de posições não-institucionais.
Com a construção do edifício da Universidade Intercultural do Estado de Hidalgo
(UICEH), foi promovida uma chamada de murais, em que foram formadas três grandes equipes
de estudantes e realizados três murais, além de outro, que, embora tenha surgido de um projeto
concebido a nível institucional (mural Tenango), foi feito livremente por um estudante que teve
a liberdade de expressar sua própria ideia. Aqui, vou apresentar a experiência do mural: "Zi
nana maka hai, 5 continentes em um só coração".
Inicialmente, é divulgado o referencial metodológico que norteou a pesquisa, em
seguida apresentarei uma discussão conceitual sobre a interculturalidade, posteriormente será
divulgada a história do mural e seu processo de elaboração e, por fim, as conclusões do estudo,
os agradecimentos e as referências bibliográficas.
Produção de interculturalidade e terceiros espaços na Universidade Intercultural do Estado de Hidalgo (UICEH)
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 4
Metodologia
Os estudos de interculturalidade requerem novas abordagens e ferramentas
metodológicas que permitam dar conta dos complexos processos que os caracterizam. Nesse
contexto, pensei em realizar um estudo que desse conta de como a interculturalidade é
produzida por meio de murais na Universidade Intercultural do Estado de Hidalgo (UICEH)?
Essa questão norteadora permitiu reconhecer que os murais pintados pelos alunos produziam
um tipo de interculturalidade.
A construção deste trabalho de pesquisa foi realizada graças a uma revisão teórico-
conceitual, entrevistas em profundidade (TAYLOR; BOGDAN, 2000) e fotografia etnográfica
(BRANDES, [199-?]) e etnografia digital (PINK et al., 2016).
Foram efetivadas mais de 10 entrevistas em profundidade com estudantes da
Universidade:
A entrevista em profundidade é uma técnica de pesquisa qualitativa (que
consiste em) encontros repetidos, face a face, entre um pesquisador e seus
informantes, que visam compreender as perspectivas do entrevistado sobre
sua vida, experiência ou situações pessoais expressas por suas próprias
palavras (TAYLOR; BOGDAN, 2000, p. 101, tradução nossa).
Neste caso, tive repetidos encontros com os alunos, e algumas entrevistas foram
desenvolvidas em Tenango de Doria, Hidalgo no México onde está localizada a Universidade,
outras, por sua vez, foram realizadas através de videochamadas, que havia alunos que
estavam fora do local que sedia a instituição. As entrevistas duraram uma ou duas horas, onde
falaram livremente de suas experiências para pintar os murais e nas quais compartilharam
emoções, reflexões e até esboços dos murais que não foram considerados adequados para serem
pintados. As entrevistas permitiram compreender suas visões, seus ideais, suas frustrações, suas
lacunas, seus significados, etc., elementos fundamentais para a construção deste trabalho.
O registro das entrevistas foi feito por meio do diário de campo, mas as gravações
também foram utilizadas, que parte das entrevistas foi realizada com videochamadas, isso
devido às complicações da pandemia de COVID-19, e foi utilizada etnografia digital (O'
REILLY apud PINK et al., 2016) que implicava ter contato com os alunos de forma digital. O
contato foi mantido com os alunos de março a setembro de 2020, por meio de diferentes mídias
digitais como WhatsApp, videochamadas, Facebook e Messenger. Eles enviaram mensagens,
bateram papo, compartilharam fotografias, reflexões; as conversas mais longas foram de duas
horas em média, além disso, nos comunicamos de outras formas, com outros meios, com outros
recursos.
Dalia Peña ISLAS
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 5
A fotografia etnográfica teve um papel muito importante na recuperação das imagens
de murais, letreiros, coleções, cores, formas, paredes, etc., Brandes ([199-?]) afirma que: "A
fotografia em preto e branco contribui para o sentido de realidade do estudo etnográfico.
Sustenta nossa reputação como pesquisadores de mérito. No fundo, é por isso que os usamos."
Nesse caso, a cor teve um papel elementar ao mostrar como o espaço vivido também se
relaciona com a cor incorporada nos murais; pretendendo, a todo o momento, recuperar da
maneira mais fiel o que os alunos pintavam.
As fotografias têm um motivo muito claro, estão ligadas às descrições, às experiências,
aos processos, à forma como são apresentadas, leva o leitor a compreender a importância dos
espaços e o que escondem por trás. Através das imagens mostra-se como nesses terceiros
espaços também se produzem interculturalidades e visibilizam-se subjetividades. As fotografias
dos murais vinculadas às densas descrições destes desempenharam papel fundamental na
compreensão da produção da interculturalidade.
A interculturalidade na América Latina
Fornet-Betancourt (1998) aponta que a interculturalidade é uma característica que
qualquer um pode ter, não é algo limitado, mas sim de se deixar "afetar", "tocar",
"impressionar". Não é um tema relacionado apenas à teoria, mas à prática, onde aspectos da
vida são trocados e compartilhados.
Esse modo de ver o intercultural como algo que está presente na cultura
que herdamos como nossa, emerge no pano de fundo da concepção histórica
de cultura que tentei explicar. Mas o decisivo é entender que essa nossa visão
histórica nos ajuda a explicar os contextos da nossa região, as fronteiras da
nossa localidade, ou seja, não a isolar ou absolutizá-la. Ou, dito
positivamente, constrói uma ponte para tudo o que nos parece estranho e nos
motiva a fomentar o contato e o diálogo (FORNET-BETANCOURT, 1998, p.
257, tradução nossa).
Esta proposta traz ao tema a necessidade do diálogo intercultural para o conhecimento
e reconhecimento da diversidade na América, introduzindo a ideia de que "o diálogo
intercultural pressupõe identidades culturais conscientes de suas diferenças". "A introdução do
diálogo intercultural como meio de reconhecer o outro em sua diferença e poder" (FORNET-
BETANCOURT, 1998, tradução nossa) nos leva a pensar: que tipo de diálogo querem os grupos
indígenas e afrodescendentes?
Nessa mesma linha, Tubino (2005) afirma que na América Latina a interculturalidade
aparece nos anos setenta como alternativa à educação bilíngue bicultural e nessa época essa ideia
Produção de interculturalidade e terceiros espaços na Universidade Intercultural do Estado de Hidalgo (UICEH)
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 6
de interculturalidade começa a ser introduzida, mas é até 1983, na reunião encabeçada pela
UNESCO, que decidem incorporar o termo "educação intercultural".
Além das anteriores, outras propostas que debatem o "deve ser" da interculturalidade,
o lugar a partir do qual a abordagem deve ser construída, os grupos para os quais ela será
direcionada, o tipo de diversidade que deve ser tratada (JIMÉNEZ, 2012).
Por sua vez, Walsh (2009) explora os significados e usos que têm sido atribuídos à
interculturalidade: relacional, funcional e crítico.
Interculturalidade de uma perspectiva "relacional" é aquela que se refere aos contatos
entre diferentes culturas, algo que sempre existiu na América Latina são como exemplo:
relações entre populações mestiças, crioulas, afrodescendentes etc. O autor critica essa
perspectiva porque ela "esconde ou minimiza conflitos e contextos de poder, dominação e
colonialidade"; além disso, "apresenta limitações em considerar apenas no nível do contato e
do relacionamento, deixando de fora as estruturas sociais, políticas, econômicas e epistêmicas"
(WALSH, 2009, tradução nossa).
Na mesma linha de discussão, dentro da perspectiva funcional em que se situa Tubino
(2005), a interculturalidade surge da promoção do diálogo e da convivência no reconhecimento
da diversidade e da diferença, o que deixa de fora as causas da assimetria e da desigualdade
social e cultural. (ibidem: 3) Diferentemente dessas perspectivas anteriores, a última situa-se na
interculturalidade crítica onde se inicia o problema estrutural-colonial-racial, entendido como tal
porque deve emergir como um projeto do povo, exercido a partir de baixo. Walsh afirma que
esse tipo de interculturalidade ainda não existe, que deve ser construída e a entende da seguinte
maneira:
Como estratégia, ação e processo permanente de relacionamento e
negociação entre, em condições de respeito, legítima é a sua compreensão,
construção e posicionamento como, simetria, equidade e igualdade. Mas
ainda mais importante o projeto político, social, ético e epistêmico do
conhecimento e do saber que afirma a necessidade de mudar não apenas as
relações, mas também as estruturas, condições e dispositivos de poder que
mantêm a desigualdade, a inferiorização, a racialização e a discriminação. (
WALSH, 2009, p. 4, tradução nossa)
Essa visão coloca em debate as propostas de interculturalidade que não surgem da
sociedade, que propõem a incorporação do diferente dentro de estruturas já estabelecidas, mas
aqui a proposta de Walsh é repensar o conceito a partir de outras lógicas que contemplem todos
os setores da sociedade e a partir do político, social, epistêmico e ético.
Dalia Peña ISLAS
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 7
Mural "Zi nana maka hai", "5 continentes em um só coração"
Os parágrafos seguintes mostrarão o processo de construção do mural "5 continentes no
mesmo coração", produto da chamada de murais lançada pela UICEH e analisarão como visões
de interculturalidade foram produzidas a partir de um "terceiro espaço"?
O mural "5 continentes no mesmo coração" foi pintado pelos estudantes Erik Abraham
Ávalos, Rebeca Cruz, Matilde Doñu, Joel Flor, Sami Irais, María Elisa Granillo, Emilia Hilario,
Rossana Roque, Jessica Salinas, Erika Vargas e Adrián Zapote.
Figura 1 Mural "Zi nana maka hai", "5 continentes em um só coração"
Fonte: Dalia Peña Islas
2
O trabalho está localizado em uma cerca externa às salas de aula dos alunos e, como
pode ser visto na imagem (Figura 1), é visível de dentro através do vidro.
Eu não queria participar, mas eles me convidaram, achei que o Fernando era
o bom, mas eles disseram que não, que temos boas ideias e que montamos
uma equipe, eu não sabia o que fazer, então contei para Ros, Jéssica Salinas
e a ideia era fazer algo bem polêmico (ALUNO ANÔNIMO, 25 anos, diário
de campo de 2018).
A construção de um primeiro esboço
Eu tenho um estilo de juntar um monte de coisas e cores e a gente teve que
mandar um resumo de uma página e foi muito legal a gente captar o sentido
cultural da terra [...] no começo chamava-se cinco continentes um coração,
as populações indígenas sofrendo com o capitalismo, a gente se baseou em
uma banda chamada Escape Bastard Sons of Capitalism, A partir dessa frase
a gente começou a escrever, foi que sim, que os povos indígenas são tão
interculturais que eles entendem de capitalismo, a gente fala de herança
simbólica, social, esse foi o texto inicial que eles estão nos convidando para
ver se eles aguentam a gente" (ESTUDANTE ANÔNIMO, 25 anos, 2018).
2
Fotografias tiradas na Universidade Intercultural do Estado de Hidalgo (UICEH)
Produção de interculturalidade e terceiros espaços na Universidade Intercultural do Estado de Hidalgo (UICEH)
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 8
O mural foi inicialmente diferente do retratado (Figura 2). Representava o rosto de uma
mulher, o rio e as pessoas caminhando, os alunos queriam destacar a violência das mulheres, e
se baseavam em um poema de Larva "Maldito o fruto do seu ventre", no qual se brinca a
analogia mãe/mãe terra.
Figura 2 Primeiro esboço do mural
Fonte: Fornecido por ESTUDANTE ANÔNIMO
Um excerto do poema em que os alunos se inspiraram é apresentado a seguir:
"Mãe, pequei de orgulho, ganância e ambição.
Explorei todos os sinais de afeto,
Cada gesto altruísta e cada gota do seu amor.
Eu transformei seu sangue em óleo
E hoje vejo os resultados do meu erro.
Mãe, peço perdão.
Mãe eu sou um porco faminto se alimentando de sua erosão,
Sou um cretino que não raciocina
E que ele vire o rosto quando te vê chorar.
Eu sei que você está sofrendo e eu não me importo.
Enquanto eu puder continuar usando você.
Mãe eu te bati, menti para você e te maltratei,
Andei no seu pescoço e me orgulho de ser melhor do que você.
Mãe, me perdoe.
Mãe, você pede meu socorro e eu me esforço para não te ouvir.
Vejo-te letárgico e pálido, magro e a morrer."
(Compositores: Christian Inchaustegui, compartilhado pelo aluno da UICEH)
Dalia Peña ISLAS
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 9
Como mencionado por ESTUDANTE ANÔNIMO DA UICEH:
Nesse mural essas músicas intervêm, é música de protesto que a gente ouve,
a gente se sente identificado com o que ela diz. Estamos entediados com o
romantismo do intercultural. Abordamos o intercultural a partir de uma
perspectiva real" (ESTUDANTE ANÔNIMO, 27 anos, diário de campo de
2019)
Começavam a ser observadas posições críticas às visões funcionalistas de
interculturalidade, surgindo dos alunos em seus próprios espaços de criação, de hibridização,
nos quais poderiam gerar novas identidades, propondo um espaço contraditório ao concebido e
mesmo vivido, um espaço de tensões, "um terceiro espaço". (BHABHA, 1998)
Os alunos concebiam a Mãe Natureza como mulher, desenhavam dia e noite, baseavam-
se em uma obra de Jacques (1987), pensava que a mãe terra é mulher, mas também homem.
Os temas do mural: a violência, os filhos bastardos da globalização, os povos
em defesa do seu território, a cosmogonia, tudo isso é intercultural, a gente
queria ter uma posição política, eles não vão acabar com a gente, mesmo que
nos matem, interculturalidade é respeitar tudo isso, mas são todas questões,
ahh! Os povos indígenas são os salvadores, são eles que fazem belos ofícios,
mas também são sujeitos de direitos, dos quais os povos indígenas se
defendem" (ESTUDANTE ANÔNIMO, 25 anos, 2018 trabalho de campo).
Os estudantes, no momento de fazer uma abordagem da interculturalidade a partir das
lutas e defesa dos povos indígenas, localizaram-se em um processo crítico "um espaço onde se
produzem outras interculturalidades", espaços que eles mesmos construíram com suas
ideologias, abordagens e posições.
No começo no sketch a Mãe Terra tinha uma cara de eu vou te enfrentar como
você vem, sei lá, mas foi mudado, porque tudo é política naquela
universidade, o médico adorou e defendeu e tinha muita gente que não queria
que aquele mural fosse pintado, a gente anexou rostos de lutadores sociais:
Bertha Cázares, e eles não gostavam deles, Maximina Acuña, Bertha quem
defendia Acaxochitlán, queria colocar um zapatista, mas eles não deixavam.
O mural foi ampliado, as instalações pertenciam ao CDI e nada poderia ser
feito além do CDI. (ESTUDANTE ANÔNIMO, 25 anos, diário de campo de
2019).
A posição dos alunos foi clara e colocada em uma crítica às versões institucionais
(CASILLAS; SANTINI, 2013), seu posicionamento ético-político foi a ideologia que marcou
esse primeiro esboço (WALSH, 2012).
Os atritos voltam a ser visíveis: as posições dos estudantes, as instituições como o CDI
hoje INPI e as posições da UICEH produziram encontros heterogêneos:
Produção de interculturalidade e terceiros espaços na Universidade Intercultural do Estado de Hidalgo (UICEH)
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 10
Um estudo de conexões globais mostra a pegada do encontro: o atrito. Uma
roda gira devido ao seu encontro com a superfície da estrada; girar no ar não
vai a lugar nenhum. Esfregar dois palitos juntos produz calor e luz; um único
bastão é apenas um bastão. Como imagem metafórica, o atrito nos lembra que
encontros heterogêneos e desiguais podem levar a novos arranjos de cultura
e poder" (TSING, 2005, p. 5, tradução nossa).
Os alunos não se posicionaram no modo de pensar a interculturalidade funcional, em
posições impostas, viveram um processo de produção de interculturalidade em um "terceiro
espaço" onde surgiram propostas que se confundavam com as institucionais. As propostas dos
alunos enriqueceram o espaço com posicionamentos críticos que levantaram não o belo, o
diverso, o cultural e o linguístico, introduziram outras visões de interculturalidade alternativas
às visões de muros, sinalização e espaços verdes. Introduziram o tema da luta que tem existido
nas populações indígenas por espaços como os que envolvem recursos naturais, suas linguagens
e sua historicidade. Esses atritos contribuíram para o enriquecimento dos espaços de posições
de terceira ordem: "Queríamos adicionar um lutador zapatista, mas os do CDI não gostaram.
(ESTUDANTE ANÔNIMO, 25 anos, diário de campo em 2019).
O mural proposto em um primeiro esboço teceu percepções simbólicas dos povos que
não se encaixavam nas posições da Comissão Nacional de Desenvolvimento dos Povos
Indígenas (CDI), que defende os povos indígenas desde 1948.
Também o fizemos pensando na interculturalidade, mas não se trata de
colocar o belo, mas quisemos dar a conhecer que a interculturalidade vai mais
longe, mais do que dançar num ritual, a interculturalidade vai além, os
forasteiros m de nos respeitar e tentar dialogar para não nos magoar. O
posicionamento político, apesar de haver interculturalidade, muitas vezes o
mundo exterior não nos entende, é triste por isso que a Mãe Terra ficou triste,
por isso, porque os povos indígenas não são compreendidos, porque ela sofre
danos, ela deve estar triste eu digo, pela questão ecológica" (ESTUDANTE
ANÔNIMO, 25 anos, diário de campo de 2019).
Os alunos expressaram seus sentimentos e sua imaginação sobre Por que não os
deixaram pintar a ideia original?:
No começo no esboço a Mãe Terra tinha uma cara de eu vou te encarar como
você vem, sei lá, mas foi mudado, porque tinha muita gente que não queria
que aquele mural fosse pintado, e que a gente anexasse rostos de lutadores
sociais, como: Bertha Cázares, Maximina Acuña, Filiberta que defendia
Acaxochitlán, queríamos colocar uma mulher zapatista, mas eles não me
deixavam. Como as instalações eram do CDI, e nada poderia ser feito além
do CDI (ESTUDANTE ANÔNIMO, 25 anos, diário de campo de 2019).
Dalia Peña ISLAS
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 11
Nessa primeira versão, uma posição dos alunos é apreciada a partir de outra perspectiva
de interculturalidade que, segundo Antequera, retomada por Erdösová (2013), é definida da
seguinte forma: "A interculturalidade também pode ser entendida como um processo de
descolonização e, portanto, ser usada "de baixo" pelos atores étnicos para realizar
transformações locais". Essa visão compreende as culturas de forma dinâmica e relacional.
No caso desse mural, os alunos propuseram um questionamento da subalternidade e
inferiorização e seus padrões de poder (WALSH, 2012, p. 12) Posteriormente, no último esboço
acrescentaram outras faces no mural final ou quinto esboço (Figura 3):
Figura 3 Último esboço do mural
Fonte: Dalia Peña Islas
3
O mural representava no final o seguinte:
Os rostos são lutadores sociais, Bertha Cáceres, a senhora de cabelos pretos
fofos, todos nós investigamos sobre esses atores sociais, quem tem o chapéu
é a Maximina Acuña, defensora do Peru, ela defendeu uma lagoa de um
projeto de mineração foi premiado por essa defesa, foi muito bom para s
colocar: Filiberta Nevado Templos, defensor da floresta de Acaxochitlán,
inspirou-nos sua defesa e amor pela natureza: Vandana Shiva, já fez projetos
de feminismo, conservação da semente nativa, fez muitas coisas, ela é
indígena: Chico Mendez, defendeu uma floresta na Amazônia que mataram
ele. Foi bom para nós lembrá-los em uma Universidade Intercultural. A
mulher no centro é a mãe terra, é um rosto criado que não pertence a ninguém.
Tem características indígenas, a mãe terra é indígena na nossa visão de
mundo. A noite e o dia são preservados e nos inspiramos no livro de Galinier.
A noite do susto é a lua velha, tínhamos de terminá-la em uma semana. O sol
que aparece no mural foi ideia de Adriano, o milho, ele bebe. Decidimos
nomear a mãe terra sagrada (Zi nana maka hai) no início, mas na verdade era
como cinco continentes o mesmo coração (ESTUDANTE ANÔNIMO, 25
anos, trabalho de campo 2019).
3
Fotografias tiradas na UICEH
Produção de interculturalidade e terceiros espaços na Universidade Intercultural do Estado de Hidalgo (UICEH)
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 12
A parte onde aparecem o milho, o bebê e a menina foi pintada por Adrián Zapote,
Matilde Doñu e Erika Vargas.
Participamos da parte do mural de milho com barriga. Nos inspiramos na
cultura mexicana em que o homem vem do milho, do que lemos. Nós a
representamos com os grãos em cores diferentes para representar as diferentes
culturas, a menina é a mãe terra, o feto representa que do milho vem o homem.
A interculturalidade no mural é a relação de várias culturas, no caso do milho
representa todo o México, não é uma cultura única. Erika, Matilde e eu
concordamos e criamos milho em cores diferentes. O mural é a mistura de
todas as culturas, uma parte do Vale do Mezquital. A Serra, os rostos são de
defensores dos povos indígenas" (ADRIÁN ZAPOTE, 25 anos, 2019 trabalho
de campo).
Erika Vargas e Adrián Zapote expressaram o seguinte em relação à menina:
A menina tem o vestido do Vale do Mezquital, uma saia com bordados na
saia com flores e pássaros, um quexquemetl azul, este é de Santa Catarina,
Acaxochitlán" (ERIKA VARGAS, trabalho de campo de 2019)
A coruja, a vegetação, os tenangos, os pássaros e a mulher do centro representando o
seguinte:
A coruja é para o Canadá, para o totem, o Tenango é o que representa o
Otomí-Tepehua. povos indígenas de vários países. Os pássaros são para
você perceber que quem pintou aquele mural é do vale do mezquital. A
montanha que representa todas as pessoas para a Mãe Terra". (ESTUDANTE
ANÔNIMO, 25 anos, trabalho de campo de 2019)
Nesta última parte do mural, eles concordam em suavizar o tema da abordagem da
"interculturalidade crítica" que emergiu no "terceiro espaço", eliminando os rostos dos
zapatistas, mas mantendo os outros rostos dos lutadores indígenas.
Considerações finais
Constatou-se que na produção do mural "Zi nana maka hai, 5 continentes no mesmo
coração", surgem "terceiros espaços", nos quais os alunos produzem interculturalidades
alternativas às institucionais, gerando "fricções" (TSING, 2005) que retroalimentam os espaços
e lhes permitem gerar habilidades e reconhecimento dos limites entre versões opostas da
interculturalidade. As versões funcionais da interculturalidade, que surgem das instituições e
das críticas, que vêm de baixo (WALSH, 2012), das próprias posições ético-políticas dos alunos
(WALSH, 2012). As polaridades "universidade" e "comunidade" combinam-se, assim, num
Dalia Peña ISLAS
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 13
hibridismo (BHABHA, 2002) de enriquecimento das diferenças culturais e de aprendizagem
com possibilidades de conflito e "diálogo de viver" (ESTEVA, 2019).
Sem dúvida, os terceiros espaços são possibilidades de produções de interculturalidades
críticas a partir de baixo, com posições ético-políticas de grupos historicamente violados. Nesse
caso, nesses terceiros espaços produzidos pelos estudantes, foi possível que emergissem visões
críticas da interculturalidade, permitindo que essas experiências fossem fundamentais para
reconhecer outras visões de interculturalidade para além das institucionais.
AGRADECIMENTOS: Agradeço aos alunos da UICEH por me permitirem conhecer suas
experiências e vivências. Agradeço à ex-reitora Verónica Kugel, Erik Abraham Ávalos, Erika
Vargas, Adrián Zapote e Matilde Doñu pelo tempo, pelas entrevistas, pelas conversas e pelos
documentos fornecidos.
REFERÊNCIAS
BHABHA, H. K. El lugar de la cultura. Buenos Aires: Manantial, 2002.
BRANDES, S. La fotografía etnográfica como medio de comunicación. Universidad de
California, Berkeley, [199-?].
CASILLAS, L.; SANTINI L. Reflexiones y experiencias sobre Educación Superior
Intercultural en América Latina y el Caribe. CGEIB-SEP, 2013.
ESTEVA, G. El camino hacia el diálogo de vivires. In: SARTORELLO, E. Diálogo y
conflicto inter-epistémicos en la construcción de una casa común. México: INIDE-
Universidad Iberoamericana, 2019.
FORNET-BETANCOURT. La filosofía intercultural. In: DUSSEL, E. E. .M-C. B. (ed.). El
pensamiento filosófico latinoamericano, del Caribe y “latino” (1300-2000). Historia,
corrientes, temas, filósofos. México: CREAF/Siglo XXI, 1998
JIMÉNEZ, Y. Desafíos conceptuales del currículum intercultural con perspectiva
comunitaria. Revista Mexicana de Investigación Educativa, v. l7, n. 52, p. 167-189, 2012.
Disponível em: https://www.scielo.org.mx/scielo.php?pid=S1405-
66662012000100008&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 08 fev. 2020.
PINK, S. et al. Etnografía digital. Principios y práctica. España: Ediciones MORATA,
2016.
TAYLOR, S.; BOGDAN, R. Introducción a los métodos cualitativos de investigación. 3.
ed. Buenos Aires: Ediciones Paidós, 2000.
Produção de interculturalidade e terceiros espaços na Universidade Intercultural do Estado de Hidalgo (UICEH)
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 14
TSING, A. Friction. An Etnography of Global Connection. Nova Jersey: Princeton University
Press, Princeton and Oxford, 2005
TUBINO, F. La interculturalidad crítica como proyecto ético-político”, In: ENCUENTRO
CONTINENTAL DE EDUCADORES AGUSTINOS, 2005, Lima. Anais [...]. 2005.
Disponível em: http://oala.villanova.edu/congresos/educación/lima-ponen-02.html. Acesso
em: 08 fev. 2020.
WALSH, C. Interculturalidad crítica y educación intercultural. México: Ultradigital Press
Centeno 195, 2012
CRediT Author Statement (Declaração de Crédito do Autor)
Reconhecimentos: Universidade Pedagógica Nacional Unidade 131 Hidalgo;
Universidade Intercultural do Estado de Hidalgo (UICEH); Verónica Kugel, ex-reitora da
UICEH; aos alunos da UICEH: Erik Abraham Ávalos, Erika Vargas, Adrian Zapote e
Matilde Doñu.
Financiamento: Não se aplica.
Conflitos de interesse: Não se aplica.
Aprovação ética: Sim, faz parte da minha tese de doutorado.
Disponibilidade de dados e material: As fontes documentais e bibliográficas são públicas
e os dados coletados e analisados estão em posse da autora.
Contribuições dos autores: Todo o trabalho foi desenvolvido pela autora Dalia Peña
ISLAS.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 1
PRODUCCIÓN DE INTERCULTURALIDAD Y TERCEROS ESPACIOS EN LA
UNIVERSIDAD INTERCULTURAL DEL ESTADO DE HIDALGO (UICEH)
PRODUÇÃO DE INTERCULTURALIDADE E TERCEIROS ESPAÇOS NA
UNIVERSIDADE INTERCULTURAL DO ESTADO DE HIDALGO (UICEH)
PRODUCTION OF INTERCULTURALITY AND THIRD SPACES AT THE
INTERCULTURAL UNIVERSITY OF THE STATE OF HIDALGO (UICEH)
Dalia Peña ISLAS1
e-mail: daliaislas81@gmail.com
Cómo hacer referencia a este artículo:
PEÑA, D. Producción de interculturalidad y terceros espacios en la
Universidad Intercultural del Estado de Hidalgo (UICEH). Revista
on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n.
esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029. DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959
| Presentado en: 10/03/2022
| Revisiones requeridas en: 25/11/2022
| Aprobado en: 10/01/2023
| Publicado en: 13/05/2023
Editor:
Prof. Dr. Sebastião de Souza Lemes
Editor Adjunto Ejecutivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Universidad Pedagógica Nacional Unidad 131 (UPN-Hidalgo), Pachuca de Soto México. Profesora. Doctorado
en Antropología Social.
Producción de interculturalidad y terceros espacios en la Universidad Intercultural del Estado de Hidalgo (UICEH)
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 2
RESUMEN: Esta investigación muestra resultados de un estudio realizado sobre la
Universidad Intercultural del Estado de Hidalgo (UICEH), cuyo objetivo fue conocer la
producción de interculturalidad desde los terceros espacios (BHABHA, 1998, 2002). La
construcción de este trabajo se logró gracias a una revisión teórica-conceptual, las entrevistas a
profundidad (TAYLOR; BOGDAN, 2000), y la fotografía etnográfica (BRANDES, [199-?]).
Los resultados muestran la producción de otras interculturalidades desde murales y prácticas
efectuadas en la universidad desde la categoría de “terceros espacios”, como aquellos en donde
se concibe la posibilidad de producción de otras interculturalidades, invisibles a los ojos, a las
experiencias, entre lo institucional y comunitario, entre lo incluyente y lo excluyente y que dan
pie a reflexiones sobre la generación de espacios seguros en donde los estudiantes pueden
reflexionar sobre su propia cultura indígena.
PALABRAS CLAVE: Interculturalidad. Universidad. Terceros espacios. Indígenas.
RESUMO: Esta investigação mostra os resultados de um estudo realizado na Universidade
Intercultural do Estado de Hidalgo (UICEH), cujo objectivo era conhecer a produção da
interculturalidade a partir de espaços terceiros (BHABHA, 1998, 2002). A construção deste
trabalho foi conseguida graças a uma revisão teórico-conceptual, entrevistas em profundidade
(TAYLOR; BOGDAN, 2000), fotografia etnográfica (BRANDES, [199-?]). Os resultados
mostram a produção de outras interculturalidades a partir de murais e práticas realizadas na
universidade a partir da categoria de "terceiros espaços", como aqueles onde é concebida a
possibilidade de produção de outras interculturalidades, invisíveis aos olhos, às experiências,
entre o institucional e a comunidade, entre o inclusivo e o exclusivo e que dão lugar a reflexões
sobre a geração de espaços seguros onde os estudantes podem reflectir sobre a sua própria
cultura indígena.
PALAVRAS-CHAVE: Interculturalidade. Universidade. Terceiros espaços. Povos indígenas.
ABSTRACT: This research shows the results of a study conducted on the Intercultural
University of the State of Hidalgo (UICEH), whose objective was to learn about the production
of interculturality from third spaces (BHABHA, 1998, 2002). The construction of this work was
achieved thanks to a theoretical-conceptual review, in-depth interviews (TAYLOR; BOGDAN,
2000), and ethnographic photography (BRANDES, [199-?]). The results show the production
of other interculturalities from murals and practices carried out in the university from the
category of "third spaces", as those where the possibility of production of other
interculturalities is conceived, invisible to the eyes, to the experiences, between the institutional
and the community, between the inclusive and the exclusive and that give rise to reflections on
the generation of safe spaces where students can reflect on their own indigenous culture.
KEYWORDS: Interculturality. University. Third space. Indigenous people.
Dalia Peña ISLAS
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 3
Introducción
La Universidad Intercultural del Estado de Hidalgo (UICEH) se creó en 2012 y está
ubicada en Tenango de Doria en el Estado de Hidalgo México. A raíz de la construcción de las
nuevas instalaciones se promovió a través de una convocatoria dirigida a los estudiantes pintar
murales con perspectivas de interculturalidad. Este hecho generó propuestas críticas por parte
de estudiantes proponiéndose diversos murales que plasmaban visiones de lucha de los pueblos
indígenas y el reconocimiento de los territorios desde sus aspectos históricos, culturales y
lingüísticos. Por lo tanto este trabajo muestra un mural surgido de esa convocatoria el cual se
titula: Zi nana maka hai, 5 continentes en un mismo corazón. La investigación tuvo como
objetivo el reconocer el tipo de producción de interculturalidad plasmado por los estudiantes en
los murales , la construcción de este trabajo de investigación se logró gracias a una revisión
teórica-conceptual, las entrevistas a profundidad (TAYLOR; BOGDAN, 2000) y la fotografía
etnográfica (BRANDES, [199-?]), lográndose resultados interesantes sobre aportaciones
críticas sobre interculturalidad por parte de los estudiantes en los murales, en donde plasmaron
a luchadores indígenas latinoamericanos y perspectivas de interculturalidad recuperadas de los
propios territorios otomíes. Este trabajo se considera importante ya que se innovó en un estudio
educativo que recupera las visiones de interculturalidad en el nivel superior desde obras
artísticas como los murales que dan cuenta de una producción de conocimiento desde
posicionamientos no institucionales.
Con la construcción del edificio de la Universidad Intercultural del Estado de Hidalgo
(UICEH), se promovió una convocatoria de murales, en donde se conformaron tres grandes
equipos de estudiantes y se lograron tres murales realizados por ellos y otro más que, aunque
surgió a partir de un diseño concebido a nivel institucional (mural de Tenango), fue realizado
libremente por un estudiante que tuvo la libertad de plasmar su propia idea.
Aquí presentaré la experiencia del mural: “Zi nana maka hai, 5 continentes en un mismo
corazón”.
En un primer momento se da a conocer el marco metodológico que orientó la
investigación, después presentaré una discusión conceptual sobre la interculturalidad,
posteriormente se dará a conocer la historia del mural y su proceso de elaboración y finalmente
las conclusiones del estúdio, los agradecimentos y las referencias bibliográficas.
Producción de interculturalidad y terceros espacios en la Universidad Intercultural del Estado de Hidalgo (UICEH)
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 4
Metodología
Los estudios de interculturalidad requieren de nuevos planteamientos y herramientas
metodológicas que permitan dar cuenta de los procesos complejos que los caracterizan. En este
contexto, me planteé realizar un estudio que diera cuenta de ¿cómo se produce interculturalidad
a través de los murales en la universidad Intercultural del Estado de Hidalgo (UICEH)? Esta
pregunta orientadora permitió reconocer que los murales pintados por los estudiantes producían
un tipo de interculturalidad.
La construcción de este trabajo de investigación se logró gracias a una revisión teórica-
conceptual, las entrevistas a profundidad (TAYLOR; BOGDAN, 2000) y la fotografía
etnográfica (BRANDES, [199-?]) y la etnografia digital (PINK et al., 2016).
Se realizaron más de 10 entrevistas a profundidad a estudiantes de la Universidad:
La entrevista a profundidad es una técnica de investigación cualitativa
(consistente en) encuentros repetidos, cara a cara, entre un investigador y sus
informantes, los cuales se orientan a entender las perspectivas del entrevistado
sobre su vida, experiencia o situaciones personales tal y como son expresados
por sus propias palabras” (TAYLOR; BOGDAN, 2000, p. 101).
En este caso tuve encuentros repetitivos con los estudiantes, algunas entrevistas se
desarrollaron en Tenango de Doria, Hidalgo en México donde se ubica la Universidad, otras
fueron realizadas a través de videollamadas ya que había estudiantes que se encontraban fuera
de Tenango de Doria, las entrevistas tenían una duración de una o dos horas en donde ellos
hablaban libremente de sus experiencias para pintar los murales y en los que compartieron
emociones, reflexiones e incluso bocetos de los murales que no fueron considerados adecuados
para ser pintados. Las entrevistas permitieron comprender sus visiones, ideales, frustraciones,
vacíos, significados etc., que fueron elementos fundamentales para la construcción de este
trabajo.
El registro de las entrevistas se realizó a través del diário de campo pero también se
usaron las grabaciones ya que una parte de las entrevistas fueron realizadas con videollamadas
esto por las complicaciones de la pandemia de Covid SARS 19 y se recurra la etnografía
digital (O’ REILLY apud PINK et al., 2016) que implicó tener contacto con los estudiantes de
manera digital. Se mantuvo contacto con los estudiantes desde marzo hasta septiembre de 2020,
a través de distintos medios digitales como whats app, videollamadas, Facebook y Messenger,
ellos enviaban mensajes, charlábamos, compartieron fotografías, reflexiones; las charlas más
largas fueron de dos horas en promedio, nos comunicamos de otras formas, con otros médios,
con otros recursos.
Dalia Peña ISLAS
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 5
La fotografía etnográfica jugó un papel importantísimo para recuperar las imágenes de
murales, letreros, colecciones, colores, formas, paredes etc., Brandes ([199-?]) plantea que: “La
fotografía en blanco y negro contribuye a la sensación de realidad del estudio etnográfico.
Sostiene nuestra fama como investigadores de mérito. En el fondo, por eso, las utilizamos”. En
este caso el color jugó una parte elemental de mostrar como el espacio vivido también tiene
relación con el color plasmado en los murales, pretendiendo en todo momento recuperar de la
manera más fiel lo que pintaron los estudiantes.
Las fotografías tienen un motivo muy claro, están ligadas a las descripciones, a las
experiencias, a los procesos, la forma en que se presentan, lleva al lector a entender la
importancia de los espacios y lo que esconden detrás. A través de las imágenes se muestra como
en estos terceros espacios también se producen interculturalidades y se visibilizan
subjetividades. Las fotografias de los murales ligadas a las descripciones densas de estos
jugaron un papel fundamental para entender la producción de interculturalidad.
La interculturalidad en América Latina
Fornet-Betancourt (1998) señala que la interculturalidad es una característica que puede
tener cualquier persona, no es algo limitado, más bien se trata de dejarse “afectar”, “tocar”,
“impresionar”. No es un tema que se relaciona sólo con la teoría sino con la práctica, en donde
se intercambian y comparten aspectos de la vida.
Esta manera de ver lo intercultural como algo que ya está presente en la cultura
que heredamos como propia, se desprende en el fondo de la concepción
histórica de la cultura que he tratado de explicar. Pero lo decisivo es
comprender que esa visión histórica de lo propio nos ayuda a explicitar los
contextos de nuestra región, las fronteras de nuestra localidad, es decir, a no
aislarla ni absolutizarla. O, dicho en positivo, tiende un puente hacia todo lo
que nos parece ajeno y nos motiva a fomentar el contacto y el diálogo
(FORNET-BETANCOURT, 1998, p. 257).
Esta propuesta lleva al tema de la necesidad del diálogo intercultural para conocimiento
y reconocimiento de la diversidad en América, introduciendo la idea de que el “diálogo
intercultural supone identidades culturales conscientes de sus diferencias”. “La introducción
del diálogo intercultural como un medio para reconocer al otro en su diferencia y poder
(FORNET-BETANCOURT, 1998) nos lleva a pensar ¿Qué tipo de diálogo quieren los grupos
indígenas y afrodescendientes?
En esta misma línea, Tubino (2005) afirma que en América Latina la interculturalidad
aparece en los setenta como una alternativa a la educación bilingüe bicultural y ya para esta
Producción de interculturalidad y terceros espacios en la Universidad Intercultural del Estado de Hidalgo (UICEH)
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 6
época se comienza a introducir esta idea de interculturalidad, pero es hasta 1983 en la reunión
encabezada por la UNESCO que deciden incorporar el término “educación intercultural”.
Además de lo anterior, existen otras propuestas que ponen en debate “el deber ser” de la
interculturalidad, el lugar desde donde se debe construir el enfoque, los grupos hacia los cuales
habrá de dirigirse, el tipo de diversidad que se debe tratar (JIMÉNEZ, 2012).
Por su parte Walsh (2009) explora los sentidos y usos que se le han atribuido a la
interculturalidad: relacional, funcional y la crítica.
La interculturalidad desde una perspectiva relacional es la referida a los contactos
entre distintas culturas, algo que siempre ha existido en América Latina son como ejemplo : las
relaciones entre las poblaciones mestizas, criollas, afrodescendientes etc. La autora hace una
crítica a esta perspectiva porque ésta “oculta o minimiza el conflicto y los contextos de poder,
dominación y colonialidad”; además tiene limitantes al considerarse sólo a nivel de contacto
y relación dejando fuera las estructuras sociales, políticas, económicas y epistémicas
(WALSH, 2009).
En la misma línea de discusión, dentro de la perspectiva funcional en donde se ubica
Tubino (2005), la interculturalidad se plantea desde la promoción del diálogo y la convivencia
en el reconocimiento de la diversidad y la diferencia, la cual deja fuera las causas de la asimetría
y desigualdad social y cultural.(ibíd:3) a diferencia de estas perspectivas anteriores, la última
se ubica en la interculturalidad crítica en donde se parte del problema de lo estructural-colonial-
racial, entendida así porque esta debe surgir como un proyecto desde la gente, ejercida desde
abajo. Walsh establece que este tipo de interculturalidad aún no existe, que se debe construir y
la entiende de la siguiente manera:
Como una estrategia, acción y proceso permanentes de relación y negociación
entre, en condiciones de respeto, legitimo es su entendimiento, construcción
y posicionamiento como, simetría, equidad e igualdad. Pero aún más
importante o proyecto político, social, ético y epistémico de saberes y
conocimientos-, que afirma la necesidad de cambiar no sólo las relaciones,
sino también las estructuras, condiciones y dispositivos de poder que
mantienen la desigualdad, inferiorización, racialización y discriminación”.
(WALSH, 2009, p. 4)
Esta visión pone en el debate las propuestas de interculturalidad que no surgen de la
sociedad, que plantean la incorporación de lo diferente dentro de estructuras ya establecidas,
más bien aquí la propuesta de Walsh es que se replantee el concepto desde otras lógicas que
contemplen todos los sectores de la sociedad y desde lo político, social, epistémico y ético.
Dalia Peña ISLAS
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 7
Mural “Zi nana maka hai”, “5 continentes en un mismo corazón”
En los siguientes párrafos se mostrará el proceso de construcción del mural “5
continentes en un mismo corazón”, producto de la convocatoria de murales emitida por la
UICEH y en analizar ¿cómo se produjeron visiones de interculturalidad desde un “tercer
espacio”?
El mural 5 continentes en un mismo corazón” fue pintado por los estudiantes Erik
Abraham Ávalos, Rebeca Cruz, Matilde Doñu, Joel Flor, Sami Irais, María Elisa Granillo,
Emilia Hilario, Rossana Roque, Jessica Salinas, Erika Vargas y Adrián Zapote.
Figura 1 Mural “Zi nana maka hai”, “5 continentes en un mismo corazón”
Fuente: Dalia Peña Islas
2
La obra se encuentra en una barda externa a las aulas de estudiantes y, como se aprecia
en la imagen (Figura 1), es visible desde el interior a través de los cristales.
No quería participar, pero me invitaron, yo pensaba que Fernando era el
bueno, pero dijeron que no, que tenemos buenas ideas y que armáramos un
equipo, yo no sabía qué hacer, entonces le comenté a Ros, a Jessica Salinas y
la idea era hacer algo muy polémico (ESTUDIANTE ANÓNIMO, 25 años,
diario de campo de 2018).
La construcción de un primer boceto
Yo tengo un estilo de juntar un montón de cosas y colores y teníamos que
mandar un abstract de una cuartilla y a nosotros se nos hizo muy bonito
plasmar el sentido cultural de la tierra [] al principio se llamó cinco
continentes un solo corazón, las poblaciones indígenas sufriendo el
capitalismo, nos basamos en una banda llamada Escape hijos bastardos del
capitalismo, de esa frase empezamos a escribir, quedó que sí, que los pueblos
indígenas son tan interculturales que entienden el capitalismo, se habla del
patrimonio simbólico, social, este era el texto inicial nos andan invitando a
ver si nos aguantan” (ESTUDIANTE ANÓNIMO,25 años, 2018).
2
Fotografías tomadas en la Universidad Intecurltural del Estado de Hidalgo (UICEH)
Producción de interculturalidad y terceros espacios en la Universidad Intercultural del Estado de Hidalgo (UICEH)
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 8
El mural en un principio era distinto al plasmado en la (Figura 2). Representaba la cara
de una mujer, el río y gente caminando, los estudiantes querían resaltar la violencia de la mujer,
y se basaron en un poema de Larva “Maldito el fruto de tu vientre”, en el que se juega con la
analogía madre/madre tierra.
Figura 2 Primer boceto del mural
Fuente: Proporcionado por ESTUDIANTE ANÓNIMO
El poema en el que se inspiraron los estudiantes se presenta sólo una parte y es el
siguiente:
“Madre, he pecado de soberbia, avaricia y ambición,.
He explotado cada muestra de cariño,
Cada gesto desinteresado y cada gota de tú amor,.
He convertido tu sangre en petróleo
Y hoy veo los resultados de mi error.
Madre te pido perdón.
Madre soy un cerdo famélico alimentándose de tú erosión,
Soy un cretino que no razona
Y que voltea el rostro cuando te ve llorar.
Se que estas sufriendo y no me importa.
Mientras pueda seguir usándote.
Madre te he golpeado, te he mentido y te he abusado,
He caminado sobre tú cuello y me enorgullezco de ser mejor que tú.
Madre, perdóname.
Madre tu pides mi ayuda y yo me esfuerzo en no escucharte.
Te veo letárgica y pálida, delgada y moribunda”.
(Compositores: Christian Inchaustegui, compartido por estudiante de UICEH)
Dalia Peña ISLAS
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 9
Como menciona ESTUDIANTE ANÓNIMO de UICEH:
En este mural intervienen esas canciones, es música contestatária que
escuchamos, nos sentimos identificados con eso que dice. Nos aburre el
romanticismo de lo intercultural. Abordamos lo intercultural desde una
perspectiva real” (ESTUDIANTE ANÓNIMO, 27 años, diario de campo de
2019)
Se comenzaban a observar posturas críticas a visiones funcionalistas de
interculturalidad, surgidas desde los estudiantes en sus propios espacios de creación, de
hibridación, en los que pudieron generar nuevas identidades, proponiendo un espacio
contradictorio al concebido e incluso al vivido, un espacio de tensiones, un tercer espacio.
(BHABHA, 1998)
Los estudiantes concibieron a la madre naturaleza como mujer, dibujaron el día y la
noche, se basaron en una obra de Jacques (1987), pensaban que la madre tierra es mujer, pero
también hombre.
Los temas en el mural: violencia, los hijos bastardos de la globalización, los
pueblos en defensa de su territorio, la cosmogonía, todo esto es intercultural,
queríamos tener un posicionamiento político, no nos van a acabar, aunque nos
maten, la interculturalidad es respetar todo esto, pero son todos los asuntos,
¡ahh! los pueblos indígenas son los salvadores, son los que hacen artesanías
bonitas, pero también son sujetos de derechos, de que los pueblos indígenas se
defienden(ESTUDIANTE ANÓNIMO, 25 años, trabajo de campo de 2018).
Los estudiantes, al momento de hacer un planteamiento de interculturalidad desde las
luchas y la defensa de los pueblos indígenas se ubicaron en un proceso crítico “un espacio en
donde se producen otras interculturalidades”, espacios que ellos mismos construyeron con
sus ideologías, planteamientos y posicionamientos.
En un principio en el boceto la madre tierra tenía un rostro de te voy a enfrentar
como vengas , como sea, pero se cambió, porque todo es política en esa
universidad, a la doctora le encantó y lo defendió y había muchas personas
que no querían que se pintara ese mural, anexamos caras de luchadores
sociales: Bertha Cázares, y no les gustaron, Maximina Acuña, Bertha la que
defendió Acaxochitlán, quería poner a un zapatista, pero no me dejaron .
Se extendió más el mural, las instalaciones eran de la CDI, y no se podía hacer
otra cosa que no dijera la CDI. (ESTUDIANTE ANÓNIMO, 25 años, diario
de campo de 2019).
La posición de los estudiantes era clara y se colocaba en una crítica a las versiones
institucionales (CASILLAS; SANTINI, 2013), su posicionamiento ético-político era la
ideología que marcaba este primer boceto (WALSH, 2012).
Producción de interculturalidad y terceros espacios en la Universidad Intercultural del Estado de Hidalgo (UICEH)
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 10
Las fricciones nuevamente se hacen visibles: las posturas de los estudiantes, las
instituciones como la CDI hoy INPI y las posturas de la UICEH produjeron encuentros
heterogéneos:
Un estudio de las conexiones globales muestra el agarre del encuentro: la
fricción. Una rueda gira debido a su encuentro con la superficie de la
carretera; girando en el aire no va a ninguna parte. Frotar dos palos juntos
produce calor y luz; un solo palo es sólo un palo. Como imagen metafórica,
la fricción nos recuerda que los encuentros heterogéneos y desiguales pueden
conducir a nuevos arreglos de cultura y poder” (TSING, 2005, p. 5).
Los estudiantes no estaban posicionados en la forma de pensar la interculturalidad
funcional, en posiciones impuestas, ellos vivían un proceso de producción de interculturalidad
en un “tercer espacio en donde surgían propuestas que se friccionaban con las institucionales.
Las propuestas de los estudiantes enriquecieron el espacio con posicionamientos críticos que
planteaban no sólo lo bonito, lo diverso, lo cultural y lo lingüístico, introdujeron otras visiones
de interculturalidad alternas a las visiones de los muros, la señalética y los espacios verdes,
introdujeron el tema de la lucha que ha existido en las poblaciones indígenas por espacios como
esos que implican los recursos naturales, sus lenguas y su historicidad. Estas fricciones
contribuyeron al enriquecimiento de los espacios desde posturas de tercer orden: “Queríamos
agregar a una luchadora zapatista, pero no les gustó a los de la CDI: . (ESTUDIANTE ANÓNIMO,
25 años, diario de campo en 2019).
El mural planteado en un primer boceto entramaba percepciones simbólicas de los
pueblos que no encajaban en las posturas Comisión Nacional para el Desarrollo de los Pueblos
Indígenas (CDI) que ha defendido a los Pueblos Indígenas desde 1948.
Lo hicimos también pensando la interculturalidad, pero no se trata de poner
lo bonito, pero queríamos dar a conocer que la interculturalidad va más allá,
más de bailar en un ritual, la interculturalidad va más allá, los de afuera nos
deben de respetar e intentar el diálogo para no lastimarnos. El posicionamiento
político, aunque hay interculturalidad, muchas veces el mundo de afuera no
nos entiende, es triste por eso la madre tierra quedó triste, por esa razón,
porque no son entendidos los pueblos indígenas, porque ella sufre daño, ha de
estar triste digo yo, por el asunto ecológico” (ESTUDIANTE ANÓNIMO,25
años, diario de campo de 2019).
Los estudiantes expresaron su sentir y su imaginario sobre ¿Por qué no los dejaron pintar
la idea original?:
Dalia Peña ISLAS
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 11
En un principio en el boceto la madre tierra tenía un rostro de te voy a
enfrentar como vengas, como sea, pero se cambió, porque había muchas
personas que no querían que se pintara ese mural, y que anexáramos caras de
luchadores sociales, como: Bertha Cázares, Maximina Acuña, Filiberta la que
defendió Acaxochitlán, queríamos poner a una mujer zapatista, pero no me
dejaron. Como las instalaciones eran de la CDI, y no se podía hacer otra cosa
que no dijera la CDI (ESTUDIANTE ANÓNIMO,25 años, diario de campo
de 2019).
En esta primera versión se aprecia una posición de los estudiantes desde otra perspectiva
de interculturalidad que, según Antequera, retomado por Erdösová (2013), se define así: “La
interculturalidad puede ser entendida también como un proceso de descolonización, y así ser
aprovechada «desde abajo» por los actores étnicos para llevar a cabo transformaciones
locales”. Esta visión entiende las culturas de manera dinámica y relacional.
Para el caso de este mural los estudiantes proponían un cuestionamiento a la
subalternación e inferiorización y sus patrones de poder (WALSH, 2012, p. 12) Posteriormente,
en el último boceto agregaron otros rostros en el mural final o quinto boceto (Figura 3):
Figura 3 Último boceto del mural
Fuente: Dalia Peña Islas
3
El mural representó al final lo siguiente:
Los rostros son luchadores sociales, Bertha Cáceres, la señora del cabello
negro esponjado, todos investigamos sobre esos actores sociales, la del
sombrero es Maximina Acuña, defensora del Perú, ella defendió una laguna
de un proyecto minero fue galardonada por esa defensa, se nos hizo muy bonito
ponerla: Filiberta Nevado Templos, defensora del bosque de Acaxochitlán,
nos inspiró su defensa y el amor por naturaleza: Vandana Shiva, hecho
proyectos de feminismo, conservación de la semilla nativa, ha hecho muchas
cosas, ella es indú: Chico Méndez, defendió un bosque en el Amazonas lo
3
Fotografías tomadas en la UICEH
Producción de interculturalidad y terceros espacios en la Universidad Intercultural del Estado de Hidalgo (UICEH)
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 12
mataron. Se nos hizo bonito recordarlos en una Universidad Intercultural. La
mujer del centro es la madre tierra, es una cara creada no es de nadie. Tiene
rasgos indígenas, la madre tierra es indígena en nuestra cosmovisión. Se
conserva la noche y el día y nos inspiramos en el libro de Galinier. La noche
de espanto está la luna vieja, lo teníamos que terminar en una semana. El sol
que aparece en el mural fue idea de Adrián, lo del maíz, él bebe. Decidimos
ponerle la sagrada madre tierra (Zi nana maka hai) en un inicio, pero quedó
en realidad como cinco continentes un mismo corazón (ESTUDIANTE
ANÓNIMO, 25 años, trabajo de campo de 2019).
La parte en donde aparecen el maíz, el bebé y la niña la pintaron Adrián Zapote , Matilde
Doñu y Erika Vargas.
Participamos en la parte del mural del maíz con un vientre. Nos inspiramos
en la cultura mexicana en que el hombre viene del maíz, de lo que leímos. Lo
representamos con los granos en diferentes colores para representar las
diferentes culturas, la niña es la madre tierra, el feto representa que del maíz
viene el hombre. La interculturalidad en el mural es la relación de varias
culturas, en el caso del maíz representa a todo México, no es una sola cultura.
Erika, Matilde y yo nos pusimos de acuerdo y se nos ocurrió el maíz en
diferentes colores. El mural es la mezcla de todas las culturas, una parte del
Valle del Mezquital. La Sierra, los rostros son de defensores de los pueblos
indígenas” (ADRIÁN ZAPOTE, 25 años, trabajo de campo de 2019).
Erika Vargas y Adrián Zapote expresaron lo siguiente referente a la niña:
La niña tiene la vestimenta del Valle del Valle del Mezquital, una falda con
bordados en la falda con flores y pájaros, un quexquemetl azul, este es de
Santa Catarina, Acaxochitlán” (ERIKA VARGAS, trabajo de campo de
2019)
El búho, la vegetación, los tenangos, los pajaritos y la mujer del centro representando lo
siguiente:
El búho es para Canadá, por el tótem, el Tenango es lo que representa la
Otomí-Tepehua. Hay pueblos indígenas de diversos países. Los pajaritos son
para que se den cuenta que los que pintaron ese mural son del valle del
mezquital. La montaña que representa a todo el pueblo a la madre tierra”.
(ESTUDIANTE ANÓNIMO,25 años, trabajo de campo de 2019)
En esta última parte del mural aceptan suavizar el tema del enfoque de interculturalidad
críticasurgido en el tercer espacio” eliminando los rostros de zapatistas, pero manteniendo
los otros rostros de los luchadores indígenas.
Dalia Peña ISLAS
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 13
Consideraciones finales
Se encontque en la producción del mural “Zi nana maka hai, 5 continentes en un
mismo corazón”, surgen “terceros espacios, en los cuales los estudiantes producen
interculturalidades alternas a las institucionales, generando “fricciones” (TSING, 2005) que
retroalimentan los espacios y les permiten generar habilidades y reconocimientos de los límites
entre versiones contrapuestas de interculturalidad. Las versiones funcionales de
interculturalidad, que surgen de las instituciones y las críticas, que vienen desde abajo
(WALSH, 2012), desde los propios posicionamientos ético-políticos de los estudiantes
(WALSH, 2012). Se conjugan así las polaridades “universidad” y “comunidad” en una hibridez
(BHABHA, 2002) de diferencias culturales enriquecedoras y de aprendizajes con posibilidades
de conflicto y “Diálogo de vivires” (ESTEVA, 2019).
Sin duda los terceros espacios son posibilidades de producciones de interculturalidades
críticas desde abajo, con posiciones ético-políticas de los grupos históricamente vulnerados. En
este caso en estos terceros espacios producidos por los estudiantes fue posible que surgieran
visiones críticas de interculturalidad, permitiendo que estas experiencias puedan ser
fundamentales para reconocer otras visiones de interculturalidad más allá de las institucionales.
AGRADECIMENTOS: Agradezco a los estudiantes de la UICEH por permitirme conocer sus
experiencias y vivencias. Agradezco a: la exrectora Verónica Kugel, a Erik Abraham Ávalos, a
Erika Vargas, a Adrián Zapote y a Matilde Doñu por su tiempo, para las entrevistas,
conversaciones y los documentos proporcionados.
REFERENCIAS
BHABHA, H. K. El lugar de la cultura. Buenos Aires: Manantial, 2002.
BRANDES, S. La fotografía etnográfica como medio de comunicación. Universidad de
California, Berkeley, [199-?].
CASILLAS, L.; SANTINI L. Reflexiones y experiencias sobre Educación Superior
Intercultural en América Latina y el Caribe. CGEIB-SEP, 2013.
ESTEVA, G. El camino hacia el diálogo de vivires. In: SARTORELLO, E. Diálogo y
conflicto inter-epistémicos en la construcción de una casa común. México: INIDE-
Universidad Iberoamericana, 2019.
Producción de interculturalidad y terceros espacios en la Universidad Intercultural del Estado de Hidalgo (UICEH)
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 14
FORNET-BETANCOURT. La filosofía intercultural. In: DUSSEL, E. E. .M-C. B. (ed.). El
pensamiento filosófico latinoamericano, del Caribe y “latino” (1300-2000). Historia,
corrientes, temas, filósofos. México: CREAF/Siglo XXI, 1998
JIMÉNEZ, Y. Desafíos conceptuales del currículum intercultural con perspectiva
comunitaria. Revista Mexicana de Investigación Educativa, v. l7, n. 52, p. 167-189, 2012.
Disponible en: https://www.scielo.org.mx/scielo.php?pid=S1405-
66662012000100008&script=sci_abstract&tlng=pt. Acceso en: 08 feb. 2020.
PINK, S. et al. Etnografía digital. Principios y práctica. España: Ediciones MORATA,
2016.
TAYLOR, S.; BOGDAN,R. Introducción a los métodos cualitativos de investigación. 3.
ed. Buenos Aires: Ediciones Paidós, 2000.
TSING, A. Friction. An Etnography of Global Connection. Nova Jersey: Princeton University
Press, Princeton and Oxford, 2005
TUBINO, F. La interculturalidad crítica como proyecto ético-político”, In: ENCUENTRO
CONTINENTAL DE EDUCADORES AGUSTINOS, 2005, Lima. Anais [...]. 2005.
Disponible en: http://oala.villanova.edu/congresos/educación/lima-ponen-02.html. Acceso en:
08 feb. 2020.
WALSH, C. Interculturalidad crítica y educación intercultural. México: Ultradigital Press
Centeno 195, 2012
Dalia Peña ISLAS
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 15
CRediT Author Statement
Reconocimientos: Universidad Pedagógica Nacional Unidad 131 Hidalgo; Universidad
Intercultural del Estado de Hidalgo (UICEH); Verónica Kugel exrectora de la UICEH; A
los estudiantes de la UICEH: Erik Abraham Ávalos, Erika Vargas, Adrian Zapote y Matilde
Doñu.
Financiación: No aplicable.
Conflictos de intereses: No aplicable.
Aprobación ética: El trabajo respetó la ética durante la investigación y forma parte de mi
tesis doctoral.
Disponibilidad de datos y material: Las fuentes documentales y bibliográficas son
públicas y los datos recogidos y analizados están en posesión de la autora.
Contribuciones de los autores: Todo el trabajo ha sido realizado por la autora Dalia Peña
ISLAS.
Procesamiento y edición: Editora Iberoamericana de Educación - EIAE.
Corrección, formateo, normalización y traducción.
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 1
PRODUCTION OF INTERCULTURALITY AND THIRD SPACES AT THE
INTERCULTURAL UNIVERSITY OF THE STATE OF HIDALGO (UICEH)
PRODUÇÃO DE INTERCULTURALIDADE E TERCEIROS ESPAÇOS NA
UNIVERSIDADE INTERCULTURAL DO ESTADO DE HIDALGO (UICEH)
PRODUCCIÓN DE INTERCULTURALIDAD Y TERCEROS ESPACIOS EN LA
UNIVERSIDAD INTERCULTURAL DEL ESTADO DE HIDALGO (UICEH)
Dalia Peña ISLAS1
e-mail: daliaislas81@gmail.com
How to reference this paper:
PEÑA, D. Production of interculturality and third spaces at the
Intercultural University of the State of Hidalgo (UICEH). Revista
on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n.
esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029. DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959
| Submitted: 10/03/2022
| Revisions required: 25/11/2022
| Approved: 10/01/2023
| Published: 13/05/2023
Editor:
Prof. Dr. Sebastião de Souza Lemes
Depuyty Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
National Pedagogical University Unit 131 (UPN-Hidalgo), Pachuca de Soto Mexico. Professor. PhD in Social
Anthropology.
Production of interculturality and third spaces at the Intercultural University of the State of Hidalgo (UICEH)
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 2
ABSTRACT: This research shows the results of a study conducted on the Intercultural
University of the State of Hidalgo (UICEH), whose objective was to learn about the production
of interculturality from third spaces (BHABHA, 1998, 2002). The construction of this work
was achieved thanks to a theoretical-conceptual review, in-depth interviews (TAYLOR;
BOGDAN, 2000), and ethnographic photography (BRANDES, [199-?]). The results show the
production of other interculturalities from murals and practices carried out in the university
from the category of "third spaces", as those where the possibility of production of other
interculturalities is conceived, invisible to the eyes, to the experiences, between the institutional
and the community, between the inclusive and the exclusive and that give rise to reflections on
the generation of safe spaces where students can reflect on their own indigenous culture.
KEYWORDS: Interculturality. University. Third space. Indigenous people.
RESUMO: Esta investigação mostra os resultados de um estudo realizado na Universidade
Intercultural do Estado de Hidalgo (UICEH), cujo objetivo foi conhecer a produção da
interculturalidade a partir de espaços terceiros (BHABHA, 1998, 2002). A construção deste
trabalho foi realizada graças a uma revisão teórico-conceitual, entrevistas em profundidade
(TAYLOR; BOGDAN, 2000) e fotografia etnográfica (BRANDES, [199-?]). Os resultados
mostram a produção de outras interculturalidades a partir de murais e práticas realizadas na
universidade a partir da categoria de "terceiros espaços", como aqueles onde é concebida a
possibilidade de produção de outras interculturalidades, invisíveis aos olhos, às experiências,
entre o institucional e a comunidade, entre o inclusivo e o exclusivo e que dão lugar a reflexões
sobre a geração de espaços seguros onde os estudantes podem refletir sobre a sua própria
cultura indígena.
PALAVRAS-CHAVE: Interculturalidade. Universidade. Terceiros espaços. Povos indígenas.
RESUMEN: Esta investigación muestra resultados de un estudio realizado sobre la
Universidad Intercultural del Estado de Hidalgo (UICEH), cuyo objetivo fue conocer la
producción de interculturalidad desde los terceros espacios (BHABHA, 1998, 2002). La
construcción de este trabajo se logró gracias a una revisión teórica-conceptual, las entrevistas
a profundidad (TAYLOR; BOGDAN, 2000), y la fotografía etnográfica (BRANDES, [199-?]).
Los resultados muestran la producción de otras interculturalidades desde murales y prácticas
efectuadas en la universidad desde la categoría de “terceros espacios”, como aquellos en
donde se concibe la posibilidad de producción de otras interculturalidades, invisibles a los
ojos, a las experiencias, entre lo institucional y comunitario, entre lo incluyente y lo excluyente
y que dan pie a reflexiones sobre la generación de espacios seguros en donde los estudiantes
pueden reflexionar sobre su propia cultura indígena.
PALABRAS CLAVE: Interculturalidad. Universidad. Terceros espacios. Indígenas.
Dalia Peña ISLAS
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 3
Introduction
The Intercultural University of the State of Hidalgo (UICEH) was established in 2012
and is located in Tenango de Doria, in the State of Hidalgo, Mexico. As a result of the
construction of the new facilities, it was requested, through a call addressed to the students, to
paint murals with perspectives of interculturality. This fact generated critical proposals on the
part of the students, proposing several murals that reflected visions of struggle of indigenous
peoples and the recognition of territories from their historical, cultural and linguistic aspects.
Therefore, this work displays a mural that emerged from this call that is entitled: "Zi nana maka
hai, 5 continents in the same heart". The research aimed to recognize the type of interculturality
production incorporated by the students in the murals, and the construction of this research
work was carried out thanks to a theoretical-conceptual review, in-depth interviews (TAYLOR;
BOGDAN, 2000) and ethnographic photography (BRANDES, [199-?]), achieving interesting
results on the critical contributions regarding the interculturality of the students in the murals,
in which they captured Latin American indigenous fighters and perspectives of interculturality
recovered from the Otomi territories themselves. This work is considered important for
innovating in an educational study that rescues the visions of interculturality at a higher level
from artistic works such as murals, which account for a production of knowledge from non-
institutional positions.
With the construction of the building of the Intercultural University of the State of
Hidalgo (UICEH), a call for murals was promoted, in which three large teams of students were
formed and three murals were made, in addition to another, which, although it arose from a
project conceived at the institutional level (Tenango mural), was made freely by a student who
had the freedom to express his own idea. Here, I will present the experience of the mural: "Zi
nana maka hai, 5 continents in one heart".
Initially, the methodological framework that guided the research is disclosed, then I will
present a conceptual discussion on interculturality, later the history of the mural and its
elaboration process will be disclosed, and finally, the conclusions of the study, the
acknowledgments and the bibliographical references.
Production of interculturality and third spaces at the Intercultural University of the State of Hidalgo (UICEH)
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 4
Methodology
Interculturality studies require new approaches and methodological tools that allow us
to account for the complex processes that characterize them. In this context, I thought of
conducting a study that would give an account of how interculturality is produced through
murals at the Intercultural University of the State of Hidalgo (UICEH)? This guiding question
allowed us to recognize that the murals painted by the students produced a type of
interculturality.
The construction of this research work was carried out thanks to a theoretical-conceptual
review, in-depth interviews (TAYLOR; BOGDAN, 2000) and ethnographic photography
(BRANDES, [199-?]) and digital ethnography (PINK et al., 2016).
More than 10 in-depth interviews were conducted with students of the University:
In-depth interviewing is a qualitative research technique (consisting of)
repeated, face-to-face encounters between a researcher and his informants,
which aim to understand the interviewee's perspectives on his or her life,
experience, or personal situations expressed in his or her own words"
(TAYLOR; BOGDAN, 2000, p. 101, our translation).
In this case, I had repeated meetings with the students, and some interviews were
developed in Tenango de Doria, Hidalgo in Mexico where the University is located, others, in
turn, were carried out through video calls, since there were students who were outside the place
that hosts the institution. The interviews lasted an hour or two, where they spoke freely of their
experiences to paint the murals and in which they shared emotions, reflections and even
sketches of the murals that were not considered suitable to be painted. The interviews allowed
us to understand their visions, their ideals, their frustrations, their gaps, their meanings, etc.,
fundamental elements for the construction of this work.
The interviews were conducted through the field diary, but the recordings were also
used, since part of the interviews were conducted with video calls, due to the complications of
the COVID-19 pandemic, and digital ethnography was used (O' REILLY apud PINK et al.,
2016) which implied having contact with students in a digital way. Contact was maintained
with students from March to September 2020, through different digital media such as
WhatsApp, video calls, Facebook and Messenger. And they texted, chatted, shared photographs,
reflections; The longest conversations were two hours on average, in addition, we
communicated in other ways, with other means, with other resources.
Dalia Peña ISLAS
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 5
Ethnographic photography played a very important role in the recovery of images of
murals, signs, collections, colors, shapes, walls, etc., Brandes ([199-?]) states that: "Black and
white photography contributes to the sense of reality of ethnographic study. It sustains our
reputation as researchers of merit. Basically, that's why we use them." In this case, color played
an elementary role in showing how lived space also relates to the color incorporated in the
murals; intending, at all times, to recover in the most faithful way what the students painted.
The photographs have a very clear motive, they are linked to the descriptions, the
experiences, the processes, the way they are presented, leads the reader to understand the
importance of the spaces and what they hide behind. Through the images, it is shown how in
these third spaces interculturalities are also produced and subjectivities are visible. The
photographs of the murals linked to the dense descriptions of these played a fundamental role
in understanding the production of interculturality.
Interculturality in Latin America
Fornet-Betancourt (1998) points out that interculturality is a characteristic that anyone
can have, it is not something limited, but rather to let oneself be "affected", "touched",
"impressed". It is not a topic related only to theory, but to practice, where aspects of life are
exchanged and shared.
This way of seeing the intercultural as something that is already present in the
culture that we inherit as our own, emerges in the background of the historical
conception of culture that I have tried to explain. But the decisive thing is to
understand that this historical vision of ours helps us to explain the contexts
of our region, the borders of our locality, that is, not to isolate or absolutize
it. Or, to put it positively, it builds a bridge to everything that seems strange
to us and motivates us to foster contact and dialogue (FORNET-
BETANCOURT, 1998, p. 257, our translation).
This proposal brings to the theme the need for intercultural dialogue for the knowledge
and recognition of diversity in America, introducing the idea that "intercultural dialogue
presupposes cultural identities aware of their differences." "The introduction of intercultural
dialogue as a means of recognizing the other in their difference and power" (FORNET-
BETANCOURT, 1998, our translation) leads us to think: what kind of dialogue do indigenous
and Afro-descendant groups want?
Along the same lines, Tubino (2005) states that in Latin America interculturality appears
in the seventies as an alternative to bicultural bilingual education and at that time this idea of
Production of interculturality and third spaces at the Intercultural University of the State of Hidalgo (UICEH)
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 6
interculturality begins to be introduced, but it is until 1983, at the meeting headed by UNESCO,
that they decide to incorporate the term "intercultural education".
In addition to the previous ones, there are other proposals that debate the "must be" of
interculturality, the place from which the approach should be built, the groups to which it will
be directed, the type of diversity that should be treated (JIMÉNEZ, 2012).
In turn, Walsh (2009) explores the meanings and uses that have been attributed to
interculturality: relational, functional and critical.
Interculturality from a "relational" perspective is one that refers to contacts between
different cultures, something that has always existed in Latin America are as an example:
relations between mestizo populations, Creoles, Afro-descendants, etc. The author criticizes
this perspective because it "hides or minimizes conflicts and contexts of power, domination and
coloniality"; in addition, "it presents limitations in considering only at the level of contact and
relationship, leaving out social, political, economic and epistemic structures" (WALSH, 2009,
our translation).
In the same line of discussion, within the functional perspective in which Tubino (2005)
is situated, interculturality arises from the promotion of dialogue and coexistence in the
recognition of diversity and difference, which leaves out the causes of asymmetry and social and
cultural inequality. (ibid.: 3) Unlike these previous perspectives, the latter is situated in the
critical interculturality where the structural-colonial-racial problem begins, understood as such
because it must emerge as a project of the people, exercised from below. Walsh states that this
type of interculturality does not yet exist, that it must be built and understands it as follows:
As a strategy, action and permanent process of relationship and negotiation
between, in conditions of respect, legitimate is its understanding, construction
and positioning as, symmetry, equity and equality. But even more important
the political, social, ethical and epistemic project of knowledge and
knowledge which affirms the need to change not only the relations, but also
the structures, conditions and devices of power that maintain inequality,
subordination, racialization and discrimination. (WALSH, 2009, p. 4, our
translation).
This vision puts into debate the proposals of interculturality that do not arise from
society, which propose the incorporation of the different within already established structures,
but here Walsh's proposal is to rethink the concept from other logics that contemplate all sectors
of society and from the political, social, epistemic and ethical.
Dalia Peña ISLAS
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 7
Mural "Zi nana maka hai", "5 continents in one heart"
The following paragraphs will show the process of construction of the mural "5
continents in the same heart", product of the call for murals launched by UICEH and analyze
how visions of interculturality were produced from a "third space"?
The mural "5 continents in the same heart" was painted by students Erik Abraham
Ávalos, Rebeca Cruz, Matilde Doñu, Joel Flor, Sami Irais, María Elisa Granillo, Emilia Hilario,
Rossana Roque, Jessica Salinas, Erika Vargas and Adrián Zapote.
Figure 1 Mural "Zi nana maka hai", "5 continents in one heart"
Source: Dalia Peña Islas
2
The work is located on a fence outside the students' classrooms and, as can be seen in
the image (Figure 1), is visible from the inside through the glass.
I didn't want to participate, but they invited me, I thought Fernando was the
good one, but they said no, that we have good ideas and that we set up a team,
I didn't know what to do, so I told Ros, Jéssica Salinas and the idea was to do
something very controversial (ANONYMOUS STUDENT, 25 years old,
field diary of 2018).
The construction of a first draft
I have a style of putting together a lot of things and colors and we had to send
a one-page summary and it was really cool that we captured the cultural sense
of the land [...] in the beginning it was called five continents one heart, the
indigenous populations suffering from capitalism, we based ourselves on a
band called Escape Bastard Sons of Capitalism, From this sentence we began
to write, it was that yes, that indigenous peoples are so intercultural that they
understand capitalism, we talk about symbolic, social heritage, this was the
initial text that they are inviting us to see if they can stand us"
(ANONYMOUS STUDENT, 25 years old, 2018).
2
Photos taken at the Intercultural University of Hidalgo State (UICEH)
Production of interculturality and third spaces at the Intercultural University of the State of Hidalgo (UICEH)
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 8
The mural was initially different from the one depicted (Figure 2). It represented the
face of a woman, the river and the people walking, the students wanted to highlight the violence
of women, and were based on a poem by Larva "Cursed the fruit of your womb", in which the
mother/mother earth analogy is played.
Figure 2 First sketch of the mural
Source: Provided by STUDENT ANONYMOUS
An excerpt from the poem the students were inspired by is presented below:
"Mother, I have sinned of pride, greed and ambition.
I explored all the signs of affection,
Every selfless gesture and every drop of your love.
I turned your blood into oil
And today I see the results of my mistake.
Mother, I beg your pardon.
Mother I am a hungry pig feeding on your erosion,
I'm a cretin with no reason
And let him turn his face when he sees you cry.
I know you're hurting and I don't care.
As long as I can keep using you.
Mother I beat you, lied to you and mistreated you,
I walked on your neck and I pride myself on being better than you.
Mother, forgive me.
Mother, you ask for my help and I try hard not to listen to you.
I see you lethargic and pale, thin and dying."
(Composers: Christian Inchaustegui, shared by UICEH student).
Dalia Peña ISLAS
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 9
As mentioned by UICEH ANONYMOUS STUDENT:
In this mural these songs intervene, it is protesting music that we hear, we
feel identified with what she says. We are bored with the romanticism of the
intercultural. We approach the intercultural from a real perspective"
(ANONYMOUS STUDENT, 27 years old, 2019 field diary)
Critical positions began to be observed to the functionalist visions of interculturality,
emerging from the students in their own spaces of creation, of hybridization, in which they
could generate new identities, proposing a space contradictory to the one conceived and even
lived, a space of tensions, "a third space". (BHABHA, 1998)
The students conceived Mother Nature as a woman, drew day and night, based on a
work by Jacques (1987), thought that mother earth is a woman, but also a man.
The themes of the mural: violence, the bastard children of globalization, the
peoples in defense of their territory, cosmogony, all this is intercultural, we
wanted to have a political position, they will not end us, even if they kill us,
interculturality is to respect all this, but they are all issues, ahh! Indigenous
peoples are the saviors, they are the ones who make beautiful trades, but they
are also subjects of rights, from which indigenous peoples defend themselves"
(STUDENT ANONYMOUS, 25 years old, 2018 fieldwork).
The students, at the moment of making an approach to interculturality from the struggles
and defense of indigenous peoples, located themselves in a critical process "a space where other
interculturalities are produced", spaces that they themselves built with their ideologies,
approaches and positions.
At the beginning in the sketch Mother Earth had a face of I will face you as
you come, I don't know, but it was changed, because everything is politics in
that university, the doctor loved and defended and there were many people
who did not want that mural to be painted, we attached faces of social fighters:
Bertha Cázares, and they did not like them, Maximina Acuña, Bertha who
defended Acaxochitlán, wanted to put a Zapatista, but they wouldn't let him.
The mural was enlarged, the facilities belonged to the CDI and nothing could
be done other than the CDI. (STUDENT ANONYMOUS, 25, 2019 field
diary) (Our translation).
The position of the students was clear and placed in a critique of the institutional
versions (CASILLAS; SANTINI, 2013), its ethical-political positioning was the ideology that
marked this first draft (WALSH, 2012).
The frictions are once again visible: the positions of the students, the institutions such
as the CDI today INPI and the positions of the UICEH produced heterogeneous encounters:
Production of interculturality and third spaces at the Intercultural University of the State of Hidalgo (UICEH)
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 10
A study of global connections shows the footprint of the encounter: friction.
A wheel turns due to its encounter with the road surface; spinning in the air
isn't going anywhere. Rubbing two sticks together produces heat and light; A
single stick is just a stick. As a metaphorical image, friction reminds us that
heterogeneous and unequal encounters can lead to new arrangements of
culture and power" (TSING, 2005, p. 5).
The students did not position themselves in the way of thinking about functional
interculturality, in imposed positions, they lived a process of production of interculturality in a
"third space" where proposals that were confused with the institutional ones emerged. The
students' proposals enriched the space with critical positions that raised not only the beautiful,
the diverse, the cultural and the linguistic, introduced other visions of interculturality alternative
to the visions of walls, signage and green spaces. I introduced the theme of the struggle that has
existed in indigenous populations for spaces such as those involving natural resources, their
languages and their historicity. These frictions contributed to the enrichment of the spaces of
third-order positions: "We wanted to add a Zapatista fighter, but those of the CDI did not like
it. (ANONYMOUS STUDENT, 25, field diary in 2019).
The mural proposed in a first draft wove symbolic perceptions of peoples that did not
fit the positions of the National Commission for the Development of Indigenous Peoples (CDI),
which has defended indigenous peoples since 1948.
We also did it thinking about interculturality, but it is not about putting the
beautiful, but we wanted to make it known that interculturality goes further,
more than dancing in a ritual, interculturality goes beyond, outsiders have to
respect us and try to dialogue so as not to hurt us. The political positioning,
although there is interculturality, often the outside world does not understand
us, it is sad because of this that Mother Earth was sad, for this, because
indigenous peoples are not understood, because she suffers damage, she must
be sad I say, for the ecological issue" (ANONYMOUS STUDENT, 25 years
old, field diary 2019).
The students expressed their feelings and their imagination about Why didn't they let
them paint the original idea?:
At the beginning of the sketch Mother Earth had a face of I will face you as
you come, I don't know, but it was changed, because there were many people
who did not want that mural to be painted, and that we attached faces of social
fighters, such as: Bertha Cázares, Maximina Acuña, Filiberta who defended
Acaxochitlán, we wanted to put a Zapatista woman, but they wouldn't let me.
As the facilities were CDI's, and nothing could be done other than the CDI
(ANONYMOUS STUDENT, 25 years old, 2019 field diary).
Dalia Peña ISLAS
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 11
In this first version, a position of the students is appreciated from another perspective of
interculturality that, according to Antequera, taken up by Erdösová (2013), is defined as
follows: "Interculturality can also be understood as a process of decolonization and, therefore,
be used "from below" by ethnic actors to carry out local transformations." This view
understands cultures in a dynamic and relational way.
In the case of this mural, the students proposed a questioning of subordination and its
patterns of power (WALSH, 2012, p. 12) Later, in the last sketch they added other faces in the
final mural or fifth sketch (Figure 3):
Figure 3 Last sketch of the mural
Source: Dalia Peña Islas
3
The mural depicted at the end the following:
The faces are social fighters, Bertha ceres, the lady with cute black hair,
we all investigate about these social actors, who has the hat is Maximina
Acuña, defender of Peru, she defended a pond of a mining project was
awarded for this defense, it was very good for us to put: Filiberta Nevado
Temples, defender of the forest of Acaxochitlán, inspired us his defense and
love for nature: Vandana Shiva, has already done projects of feminism,
conservation of the native seed, has done many things, she is indigenous:
Chico Mendez, defended a forest in the Amazon that killed him. It was good
for us to remind them at an Intercultural University. The woman at the center
is mother earth, she is a created face that belongs to no one. It has indigenous
characteristics; mother earth is indigenous in our worldview. Night and day
are preserved and we are inspired by Galinier's book. The night of the scare
is the old moon, we had to finish it in a week. The sun that appears in the
mural was Hadrian's idea, the corn, he drinks. We decided to name the sacred
mother earth (Zi nana maka hai) at first, but it was actually like five continents
the same heart (STUDENT ANONYMOUS, 25 years old, fieldwork 2019).
3
Photos taken at UICEH
Production of interculturality and third spaces at the Intercultural University of the State of Hidalgo (UICEH)
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 12
The part where the corn, the baby and the girl appear was painted by Adrián Zapote,
Matilde Doñu and Erika Vargas.
We participated in the part of the mural of corn with belly. We are inspired
by the Mexican culture in which man comes from corn, from what we read.
We represent her with the grains in different colors to represent the different
cultures, the girl is the mother earth, the fetus represents that from the corn
comes the man. The interculturality in the mural is the relationship of several
crops, in the case of corn represents all of Mexico, it is not a single crop.
Erika, Matilda and I agreed and created corn in different colors. The mural is
the mixture of all cultures, a part of the Mezquital Valley. The Serra, the faces
are of defenders of indigenous peoples" (ADRIÁN ZAPOTE, 25 years, 2019
fieldwork).
Erika Vargas and Adrián Zapote expressed the following regarding the girl:
The girl has the dress of the Mezquital Valley, a skirt with embroidery on the
skirt with flowers and birds, a blue quexquemtl, this is from Santa Catarina,
Acaxochitlán" (ERIKA VARGAS, fieldwork 2019).
The owl, vegetation, tenangos, birds and woman of the center representing the
following:
The owl is for Canada, for the totem, the Tenango is what represents the
Otomí-Tepehua. There are indigenous peoples from various countries. The
birds are for you to realize that whoever painted that mural is from the valley
of the mezquital. The mountain that represents all people to Mother Earth."
(STUDENT ANONYMOUS, 25, 2019 fieldwork).
In this last part of the mural, they agree to soften the theme of the "critical
interculturality" approach that emerged in the "third space," eliminating the faces of the
Zapatistas but keeping the other faces of the indigenous fighters.
Final remarks
It was found that in the production of the mural "Zi nana maka hai, 5 continents in the
same heart", "third spaces" emerge, in which students produce alternative interculturalities to
institutional ones, generating "frictions" (TSING, 2005) that feed back into the spaces and allow
them to generate skills and recognition of the limits between opposing versions of
interculturality. The functional versions of interculturality, which arise from institutions and
criticisms, which come from below (WALSH, 2012), from the students' own ethical-political
positions (WALSH, 2012). The polarities "university" and "community" thus combine in a
Dalia Peña ISLAS
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 13
hybridity (BHABHA, 2002) of enrichment of cultural differences and learning with
possibilities of conflict and "dialogue of living" (ESTEVA, 2019).
Undoubtedly, the third spaces are possibilities of productions of critical interculturalities
from below, with ethical-political positions of historically violated groups. In this case, in these
third spaces produced by the students, it was possible for critical visions of interculturality to
emerge, allowing these experiences to be fundamental to recognize other visions of
interculturality beyond the institutional ones.
ACKNOWLEDGMENTS: I thank the students of UICEH for allowing me to know their
experiences and experiences. I thank the former rector Verónica Kugel, Erik Abraham Ávalos,
Erika Vargas, Adrián Zapote and Matilde Doñu for the time, the interviews, the conversations
and the documents provided.
REFERENCES
BHABHA, H. K. El lugar de la cultura. Buenos Aires: Manantial, 2002.
BRANDES, S. La fotografía etnográfica como medio de comunicación. Universidad de
California, Berkeley, [199-?].
CASILLAS, L.; SANTINI L. Reflexiones y experiencias sobre Educación Superior
Intercultural en América Latina y el Caribe. CGEIB-SEP, 2013.
ESTEVA, G. El camino hacia el diálogo de vivires. In: SARTORELLO, E. Diálogo y
conflicto inter-epistémicos en la construcción de una casa común. México: INIDE-
Universidad Iberoamericana, 2019.
FORNET-BETANCOURT. La filosofía intercultural. In: DUSSEL, E. E. .M-C. B. (ed.). El
pensamiento filosófico latinoamericano, del Caribe y “latino” (1300-2000). Historia,
corrientes, temas, filósofos. México: CREAF/Siglo XXI, 1998
JIMÉNEZ, Y. Desafíos conceptuales del currículum intercultural con perspectiva
comunitaria. Revista Mexicana de Investigación Educativa, v. l7, n. 52, p. 167-189, 2012.
Disponível em: https://www.scielo.org.mx/scielo.php?pid=S1405-
66662012000100008&script=sci_abstract&tlng=pt. Access: 08 Feb. 2020.
PINK, S. et al. Etnografía digital. Principios y práctica. España: Ediciones MORATA,
2016.
TAYLOR, S.; BOGDAN, R. Introducción a los métodos cualitativos de investigación. 3.
ed. Buenos Aires: Ediciones Paidós, 2000.
Production of interculturality and third spaces at the Intercultural University of the State of Hidalgo (UICEH)
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e023017, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27iesp.1.17959 14
TSING, A. Friction. An Etnography of Global Connection. Nova Jersey: Princeton University
Press, Princeton and Oxford, 2005
TUBINO, F. La interculturalidad crítica como proyecto ético-político”, In: ENCUENTRO
CONTINENTAL DE EDUCADORES AGUSTINOS, 2005, Lima. Anais [...]. 2005.
Disponível em: http://oala.villanova.edu/congresos/educación/lima-ponen-02.html. Access:
08 Feb. 2020.
WALSH, C. Interculturalidad crítica y educación intercultural. México: Ultradigital Press
Centeno 195, 2012.
CRediT Author Statement
Acknowledgements: National Pedagogical University Unit 131 Hidalgo; Hidalgo State
Intercultural University (UICEH); Veronica Kugel, former dean of UICEH; to UICEH
students: Erik Abraham Ávalos, Erika Vargas, Adrian Zapote and Matilde Doñu.
Funding: None.
Conflicts of interest: None.
Ethical approval: The work respected ethics during the research and it is part of my
doctoral thesis.
Data and material availability: The documental and bibliographic sources are public, and
the data collected and analyzed are in the possession of the author.
Authors' contributions: All the work was developed by the author Dalia Peña ISLAS.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, standardization and translation.