RPGE Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. 00, e023057, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27i00.18527 1
REVISITANDO AS PRÁTICAS EDUCATIVAS TRADICIONAIS NA ERA DA
DIGITALIZAÇÃO
REVISIÓN DE LAS PRÁCTICAS EDUCATIVAS TRADICIONALES EN LA ERA DE LA
DIGITALIZACIÓN
REVISITING TRADITIONAL EDUCATIONAL PRACTICES IN THE AGE OF
DIGITALIZATION
Evgeniya NIKOLAEVA 1
e-mail: kaisa1011@rambler.ru
Polina KOTLIAR 2
e-mail: polikotsob@mail.ru
Mikhail NIKOLAEV 3
e-mail: mihrutkanik@gmail.com
Como referenciar este artigo:
NIKOLAEVA, E.; KOTLIAR, P.; NIKOLAEV, M. Revisitando as
práticas educativas tradicionais na era da digitalização. Política e
Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. 00, e023057, 2023. e-
ISSN: 1519-9029. DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v27i00.18527
| Submetido em: 21/03/2023
| Revisões requeridas em: 05/05/2023
| Aprovado em: 11/07/2023
| Publicado 28/05/2023
Editor:
Prof. Dr. Sebastião de Souza Lemes
Editor Executivo Adjunto:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Universidade Federal de Kazan (região de Volga) (KFU), Kazan Rússia. Professor no Instituto de Ciências
Sociais, Filosofia e Comunicação de Massas.
2
Universidade Federal de Kazan (região de Volga) (KFU), Kazan Rússia. Professor no Instituto de Ciências
Sociais, Filosofia e Comunicação de Massas.
3
Universidade Federal de Kazan (região de Volga) (KFU), Kazan Rússia. Professor no Instituto de Ciências
Sociais, Filosofia e Comunicação de Massas.
Revisitando as práticas educativas tradicionais na era da digitalização
RPGE Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. 00, e023057, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27i00.18527 2
RESUMO: Durante o período de bloqueio tanto estudantes como professores experimentaram
a imersão total no ambiente digital, o que permitiu atualizar os chamados lados "escuros" da
organização do processo educativo; essas metamorfoses, às quais os papéis tradicionais de um
estudante e de um professor estão expostos atualmente. As realidades pós-pandêmicas da
educação dentro do contorno da teoria ecológica obscura de Timothy Morton são consideradas
no presente artigo. Os autores fazem uso de um conceito de "hiperobjeto" enquanto estudam a
introdução da digitalização no campo da educação, submetendo-se a extrapolar a ótica de
Morton para a compreensão das práticas educativas, mediadas pelo ambiente digital. O estudo
demonstra que a absorção das práticas educativas tradicionais se revela um discurso limitado,
onde a componente tecnológica da digitalização está a ser meramente atualizada e a essência
do processo educativo é, simultaneamente, desacreditada.
PALAVRAS-CHAVE: Pedagogia. COVID-19. Digitalização da educação. Pensamento crítico.
Educação moderna.
RESUMEN: Durante el período de confinamiento, tanto estudiantes como docentes
experimentaron una inmersión total en el entorno digital, lo que permitió actualizar los
llamados lados “oscuros” de la organización del proceso educativo; esas metamorfosis, a las
que actualmente se exponen los roles tradicionales de un estudiante y un maestro. En el
presente documento se consideran las realidades de la educación posteriores a la pandemia
dentro del contorno de la teoría de la ecología oscura de Timothy Morton. Los autores hacen
uso de un concepto de hiperobjeto” al estudiar la introducción de la digitalización en el
campo de la educación, sometiéndose a extrapolar la óptica de Morton a la comprensión de
las prácticas educativas, mediadas por el entorno digital. Se muestra en el estudio, que la
absorción de prácticas educativas tradicionales resulta ser un discurso limitado, donde el
componente tecnológico de la digitalización está siendo meramente actualizado y la esencia
del proceso educativo está siendo simultáneamente desacreditada.
PALABRAS CLAVE: Pedagogía. COVID-19. Digitalización de la educación. Pensamiento
crítico. Educación moderna.
ABSTRACT: During the period of lockdown both students and teachers experienced
immersion in the digital environment to the full, what allowed actualizing the so-called “dark”
sides of organization of the educational process; those metamorphoses, which traditional roles
of a student and a teacher are currently getting exposed to. Post-pandemic realities of education
within the contour of Timothy Morton’s dark ecology theory are considered in the present paper.
The authors make use of a “hyperobject” concept while studying the introduction of
digitalization in the field of education, submitting to extrapolate Morton’s optics to
comprehension of educational practices, mediated by digital environment. It is shown in the
study, that absorption of traditional educational practices proves to be a limited discourse,
where the technological component of digitalization is being merely actualized and the essence
of educational process is being simultaneously discredited.
KEYWORDS: Pedagogy. COVID-19. Digitalization of education. Critical thinking. Modern
education.
Evgeniya NIKOLAEVA; Polina KOTLIAR e Mikhail NIKOLAEV
RPGE Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. 00, e023057, 2023. e-ISSN: 1519-9029
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Introdução
As últimas décadas estão associadas à introdução ativa de tecnologias digitais em
diferentes esferas da interação humana. Paralelamente a este processo, ocorre a replicação de
sensações pessoais: pode-se assistir, ler ou ouvir centenas de podcasts, blogs, transmissões de
vídeo e destacar os padrões comuns pelos quais usuários “aleatórios” de mídia digital passaram.
Cristaliza-se, assim, um conjunto de certos rastros invariantes em cada uma das lacunas
temáticas, representadas no espaço midiático digital.
Pelo que é predeterminada a reprodução de padrões comportamentais repetitivos? Será
isso uma necessidade e um desejo de aderir a uma posição de universalidade condicional ou
uma manifestação de relativismo epistemológico? Na tentativa de responder a estas questões,
propomos a escolha de uma esfera de ensino (seja secundária ou superior) à qual é inerente uma
tendência comum de centrar os alunos na independência da sua investigação informacional-
explorativa. Ao mesmo tempo, percebendo os aspectos positivos do desenvolvimento da
independência dos alunos, não podemos deixar de perguntar se a promoção da autonomia
cognitiva individual na cognição afeta o desenvolvimento de um sujeito com pensamento
crítico?
Por exemplo, a preparação para passar no Exame Estadual Unificado (USE) implica
formar sua própria estratégia cognitiva. Para isso, os alunos procuram trabalhos prontos,
estudam com tutores on-line ou pessoalmente, compram e assistem a webinars gravados. À
primeira vista, tal prática demonstra uma navegação autônoma, graças à qual se desenvolvem
as habilidades de atividade de busca independente. Porém, em nossa opinião, tal atividade
acontece em um discurso excessivamente estreito e particular, visando o domínio de um
determinado algoritmo, o que garante uma aprovação bem-sucedida no USE.
Assim, nivela-se a essência de todo o percurso educativo do aluno, a sua formação como
sujeito de pensamento crítico, exceto os conhecimentos específicos da disciplina. Vale ressaltar
que o pensamento crítico implica necessariamente a capacidade de questionar as próprias ideias
e ações e refletir sobre o caráter ético das decisões tomadas. Como resultado, deparamo-nos
com uma série de questões, das quais depende a escolha de uma estratégia específica. Quais são
os atributos do pensamento crítico e de que forma os instrumentos digitais podem contribuir
para o seu desenvolvimento? Qual é o significado de uma determinada nota para um aluno e de
que forma ela pode influenciar a sua escolha futura de uma posição cognitiva?
O ensino está simultaneamente passando por transformações substanciais. O professor
passa a ter novas funções, mediadas pelos processos de digitalização e ao mesmo tempo diminui
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a participação da sua presença no processo educativo. Além disso, as universidades atuais, bem
como os professores, sendo as suas unidades estruturais básicas, são forçados a experimentar a
concorrência do desenvolvimento ativo de formas e programas alternativos de estudo. Como
exemplo, podemos citar os BootCamps programas educacionais intensivos de curta duração
com imersão total, que afastam os alunos dos estabelecimentos de ensino tradicionais, uma vez
que criam um ambiente para uma aprendizagem rápida, muitas vezes a custos mais baixos.
Segundo Technavio, o mercado mundial de cursos educacionais sobre codificação cresceu 14%
em 2021, sendo que 41% do crescimento projetado entre 2021 e 2025 recai sobre a América do
Norte (TECHNAVIO, 2022).
Métodos
Para este estudo, os autores realizaram uma pesquisa bibliográfica abrangente utilizando
bases de dados acadêmicas relevantes, como Web of Science e Scopus. A busca incluiu
palavras-chave relacionadas a ecologia escura, educação, ontologia orientada a objetos,
digitalização, programas educacionais com imersão total, cognição e etc. Essas bases de dados
foram escolhidas por sua cobertura abrangente de artigos, livros e outras fontes relevantes nas
áreas de educação, digitalização e filosofia.
O material recuperado nas bases de dados foi avaliado com base na sua relevância para
os objetivos da pesquisa e na sua contribuição para a compreensão da educação pós-pandemia
e a integração da digitalização. O processo de avaliação envolveu a leitura e análise cuidadosa
de cada fonte para avaliar sua qualidade, profundidade de análise e alinhamento com o
referencial teórico do estudo.
No contexto deste estudo, é importante destacar o trabalho fundamental do filósofo
inglês Timothy Morton, a quem se atribui a introdução do conceito de ecologia escura. A
filosofia de Morton se desenvolve dentro dos limites da ontologia orientada a objetos:
Não existe espaço, independente de objetos… O que é chamado de Universo
é um objeto grande, contendo objetos como buracos negros e columbofilias.
Da mesma forma, não existe ambiente: onde quer que o procuremos,
encontramos objetos onipresentes biomas, ecossistemas, sebes, esgotos e
carne humana. Num sentido semelhante, não existe Natureza. Vi pinguins,
plutônio, poluição e pólen. Mas nunca vi a Natureza (uso esta palavra com
letra maiúscula para enfatizar sua enganosa artificialidade) (MORTON,
2013a, p. 53, tradução nossa).
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Para Morton, a natureza existe independentemente das nossas ações. Ao mesmo tempo,
a natureza visível não é de forma alguma a totalidade da natureza: muita coisa permanece
invisível e imprevista. Por exemplo, não podemos perceber o aquecimento global, a radiação,
os buracos negros e as pandemias na nossa experiência direta. Tudo isso é de caráter abstrato
para uma pessoa e reside em uma zona “obscura”. Para indicar a natureza invisível, Morton
introduz a noção de “hiperobjeto”. Na obra “Hiperobjetos: Filosofia e Ecologia após o Fim do
Mundo” (MORTON, 2013b), o filósofo apresenta um conceito de negação de uma forma padrão
de pensar dos “hiperobjetos”, portanto os métodos éticos e políticos tradicionais de luta pelo
meio ambiente chegaram hoje a um beco sem saída. Acontece que a humanidade e o meio
ambiente têm uma forma distorcida de interação. Como resultado, o mundo circundante,
segundo Morton, torna-se um espaço de horror existencial para uma pessoa.
Baseando-se nos conceitos e teorias de Morton, este estudo procura estender a sua
perspectiva ao domínio da educação e ao impacto da digitalização. A integração da teoria da
ecologia escura de Morton e a análise da digitalização na educação visam lançar luz sobre as
transformações vividas no cenário educacional pós-pandemia e as implicações para alunos,
professores e instituições educacionais.
Resultados e discussão
Questões sombrias
Na lógica de Morton, o discurso tradicional da educação, que implica a sua consideração
como um processo, que é influenciado por professores e pais, e cuja eficácia é medida pelas
práticas, permitindo aumentar ou diminuir determinados indicadores, é improdutivo.
Esse discurso parece um corte limitado de contato com a realidade, demonstrando
absorção das práticas educativas pelo ambiente digital. A lógica da “transferência” continua a
ser reproduzida no seu quadro, portanto, um professor, exibindo um cartão com uma imagem
para maior clareza e ilustrando essa imagem na tela de um dispositivo inteligente, é
praticamente a mesma coisa. Ao mesmo tempo, ainda que utilizando todas as ferramentas hoje
disponíveis ao usuário, por exemplo, no processo de criação de um filme de animação 3D para
uma aula, um professor não é capaz de cumprir a lógica do processo de digitalização, que é
realizada independentemente de suas ações; assim como em Morton, a natureza existe
independentemente do que a pessoa empreende.
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Representantes da esfera da educação, em processo de digitalização, encontraram-no
pela primeira vez como um hiperobjeto durante a pandemia. Sem dúvida, até 2020, a
digitalização da educação estava a ser articulada como um problema no discurso pedagógico
racional, mas a posição de controle sobre este processo revelou-se uma ilusão.
A utilização de equipamentos multimídia, a conversão de materiais educativos em
formato digital, etc. – são apenas manifestações extrínsecas da digitalização que não revelam a
sua dimensão essencial. Como resultado, o ambiente digital surge como um espaço de horror,
incerteza total, imprevisibilidade e hiperobjetividade da arquitetura digital que visa
predominantemente a absorção e transformação do pensamento humano na capacidade humana
de agir. A transição forçada para o formato de ensino a distância mostrou que sem uma série de
componentes do ensino tradicional, toda a prática pedagógica, mediada pelo “dígito”, é
insustentável.
A pandemia tornou evidente a crise pedagógica, quando os professores começaram
necessariamente a repensar o seu papel profissional, os objetivos de aprendizagem e os métodos
para a sua realização.
O paradigma de abordagem clássica, que possivelmente pode ser indicado como um
“lugar de Deus”, quando um professor pratica um método de ensino “de cima para baixo” e sua
autoridade depende da presunção de uma única fonte de informação, enquanto os alunos são
considerados passivos “recipientes vazios”, que têm de ser forçados a uma interação ativa e
preenchidos com fórmulas informativas prontas, revelam-se disfuncionais. Hoje em dia, os
alunos preferem realizar eles próprios a pesquisa de informação, o que atualiza a necessidade
de ensinar competências de verificação de fontes on-line e de responsabilização pela sua
aprendizagem.
O reconhecimento da mudança na influência dos professores sobre a estratégia
epistemológica dos alunos é simultaneamente o reconhecimento da transformação do papel do
professor num papel cada vez mais auxiliar.
Durante a pandemia, os docentes das universidades tiveram que transferir materiais
didáticos, textos de trabalhos para a Internet, o que literalmente levou a uma nova volta de
reprodutividade técnica, quando os alunos tiveram a oportunidade de fazer capturas de tela,
anotações, trocar materiais e replicá-los entre eles. Esta prática de “substituir” a personalidade
do professor por conteúdos educativos prontos é acompanhada por um declínio acentuado na
partilha de conhecimento implícito, que é transmitido exclusivamente através de interações ao
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vivo entre professor e aluno; e, respectivamente, por um crescimento na percentagem de
conhecimento explícito (objetificado).
A digitalização prenuncia a melhoria da experiência educacional para os usuários,
enquanto para os educadores significa dominar uma ampla gama de instrumentos educacionais
digitais, além da manutenção de cursos mais demorada, de responder perguntas assíncronas dos
alunos, de editar apresentações, de redirecionar palestras para formato de conferência on-line,
de gravar palestras em vídeo.
Isto acarreta um aumento da carga horária específica, o que não permite que os
educadores prestem a devida atenção a uma revisão aprofundada do conteúdo do curso. Ao
mesmo tempo, verifica-se um aumento da ansiedade dos educadores, associada a uma utilização
crescente da inteligência artificial (IA) para automatizar o sistema de avaliação e gerar
relatórios sobre os pontos fortes e fracos dos alunos.
A digitalização do ensino esclareceu a oportunidade de otimizar o acompanhamento de
provas e, até mesmo, a realização de exames, o que permite a demissão de alguns docentes e,
consequentemente, a redução dos custos do processo educativo.
Assim, em cursos abertos massivos a IA é utilizada para facilitar o trabalho dos
auxiliares de ensino: por exemplo, a assistente virtual JillWatson é utilizada para responder
perguntas repetitivas (AUDRAS et al., 2022).
Transformação Digital
A pandemia serviu como catalisador dessas tendências, que têm sido frequentemente
previstas em diferentes artigos futuristas (KARPOV, 2018; NIKOLAEVA; SHCHELKUNOV,
2015; PLOTNIKOVA; BORISOVA, 2017). A repentina catapulta para o futuro, que se tornou
comum desde 2020, mudou significativamente o cenário de desenvolvimento do ensino
superior. Como vivemos numa posição condicional pós-pandemia, torna-se possível analisar
aquelas previsões que o se justificaram, bem como aquelas transformações que trouxeram
acentos qualitativos fundamentalmente novos ao processo educativo e ao mesmo tempo
revelaram os seus lados “obscuros”.
A publicação de K. Pelletier et al. (2022) fornece uma análise crítica das principais
tendências no desenvolvimento da educação. Como tendência geral, os autores traçam a
transição para um formato híbrido e de normalização da aprendizagem on-line, que permite aos
alunos uma abordagem mais personalizada, e também contribui para a recolha de Big Data,
que, por sua vez, permite melhorar a supervisão e as ferramentas de inteligência artificial. Os
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estabelecimentos de ensino estão empenhados na procura de instrumentos de longo prazo para
aumentar a eficácia dos métodos de ensino on-line e híbridos, bem como de formas de potenciar
o interesse dos alunos na obtenção de microcertificados e de estratégias que permitam reduzir
a necessidade de aumento físico da sala de aula.
Na prática, contudo, deparamo-nos com contradições que surgem no processo de
implementação da transição para a aprendizagem híbrida. Se considerarmos o contexto da
pandemia, a motivação para a transição para o formato on-line foi exclusivamente humanística
– salvar vidas e a saúde das pessoas.
No entanto, hoje em dia esta motivação não é definitiva, pois motivos como a
viabilidade econômica e a conveniência ganham destaque nos processos de digitalização. O
componente tecnológico passa a ser dominante nas transformações digitais, determinando a sua
essência para a maioria dos participantes neste processo. Os especialistas em HSE formularam
sete tarefas para a digitalização da educação russa. Eles acreditam que “a essência da
transformação digital é aplicar de forma eficaz e flexível as tecnologias mais recentes para
avançar em direção a um processo educacional personalizado e orientado para resultados”. Ao
mesmo tempo, todas as sete tarefas possuem conteúdo exclusivamente tecnológico
(PERVUKHIN; SEDOVA; KIRYANOVA, 2021).
Vale notar que tal posição revela-se de natureza particular, uma vez que desaparecem de
vista aquelas metamorfoses pelas quais passam os principais participantes do processo
educativo. Tal como a recolha seletiva de resíduos não pode resolver os problemas ambientais,
equipar o processo educativo com tecnologias digitais não pode levar ao surgimento instantâneo
de um professor e de um aluno com um novo formato.
O trabalho de pesquisadores americanos (JOOSTEN et al., 2021) centra-se em quatro
dialéticas do ensino híbrido, que, quando sobrepostas à realidade de vivenciar a pandemia,
podem ser interpretadas por nós da seguinte forma:
1. Tecnológico. Por um lado, o formato blended learning implica a natureza multimídia
dos recursos utilizados no curso, por outro lado, a variedade de formatos depende da escolha e
capacidades do professor e, muitas vezes, acaba por ser introduzida sob a forma de única opção,
como vídeos gravados (hospedagem de vídeo no YouTube), aulas on-line (por exemplo, Zoom,
Microsoft Teams), gravações de áudio, etc.
2. Temporal. A interação entre alunos e professores pode ocorrer de forma síncrona (em
tempo real, os alunos se conectam à transmissão da aula) ou de forma assíncrona (cada um
realiza uma tarefa ou estuda materiais de forma independente, conforme horário flexível).
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3. Espacial. Está em curso uma revisão do paradigma da referência geográfica e a
participação no processo educativo exclusivamente sob a forma de presença pessoal perde o
carácter de imperativo. O estado de saúde, a necessidade de cumprimento das medidas de
quarentena e o autoisolamento são compensados pela presença virtual na sala de aula.
4. Pedagógico. Esse tipo de dialética, segundo pesquisadores americanos, é da maior
importância crítica para a aprendizagem. Assim, o curso é determinado prioritariamente pela
pedagogia, e não pela tecnologia, pelo que o formato de blended learning ou a utilização global
de tecnologias on-line funcionam como soluções complementares para a implementação de
práticas de aprendizagem ativa. Porém, para otimizar o processo educativo, o professor é
obrigado a reduzir sua própria presença no espaço de educação e, como consequência, vivenciar
o efeito da alienação do cotidiano pessoal e profissional.
Conclusão
A digitalização da educação pode ser conceituada como hiperobjeto, uma vez que os
processos que atualmente se desenrolam na educação e são comumente chamados assim
demonstram a desorientação de educadores e alunos na compreensão da essência e da escala
desse processo e de como se conectar a ele. Observa-se a incompreensão dos efeitos profundos
que a dimensão digital tem sobre todos os participantes da comunicação educativa. Estes efeitos
atuam como lados “obscuros” da educação digital e permanecem latentes para uma reflexão
racional.
Os participantes do processo educativo, abrangidos pela introdução ativa das
tecnologias digitais, não raro experimentam a desorientação total e a perda de sentido que
lugar a uma forma “obscura”, “noturna” de compreender a realidade, nada tendo a ver com o
pensamento crítico, que, por sua vez, parece ser em si reflexivo do sistema. O problema de
definir as formas de desenvolver o pensamento crítico na realidade digital torna-se cada vez
mais agudo.
Deveríamos, seguindo a ideia de Sócrates, que acreditava que uma pessoa é má apenas
porque não sabe o que é o bem, deveríamos apresentar aos alunos o raciocínio lógico ou, em
vez disso, mergulhá-los em estudos de casos problemáticos? Deparamo-nos com a tarefa de
utilizar ferramentas pedagógicas (incluindo as baseadas em tecnologias digitais) para “mover”
o aluno de uma posição de ignorância ética e lógica para um ponto onde ele será capaz de pensar
de forma independente sobre questões morais, distinguir entre manipulações e tomar decisões
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ideais e responsáveis. Esta, a nosso ver, é a tarefa mais significativa que precisa ser resolvida;
caso contrário corremos o risco de obter educação digital sem educação.
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DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27i00.18527 11
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301460334.html. Acesso em: 10 mar. 2023.
CRediT Author Statement
Agradecimentos: Não aplicável.
Financiamento: Este artigo foi financiado pelo Programa de Liderança Acadêmica
Estratégica da Universidade Federal de Kazan (Prioridade-2030).
Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse.
Aprovação ética: Não aplicável.
Disponibilidade de dados e materiais: Os dados e materiais utilizados na obra estão
disponíveis para acesso.
Contribuição dos autores: Todos os autores contribuíram igualmente para este trabalho,
fornecendo revisão teórica, pesquisa de campo, coleta de dados, análise de dados e revisão
final.
Processamento e edição: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
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https://doi.org/10.22633/rpge.v27i00.18527
| Submitted: 21/03/2023
| Revisions required: 05/05/2023
| Approved: 11/07/2023
| Published: 28/05/2023
Editor:
Prof. Dr. Sebastião de Souza Lemes
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Kazan (Volga region) Federal University (KFU), Kazan Russia. Professor at the Institute of Social and
Philosophical Sciences and Mass Communications.
2
Kazan (Volga region) Federal University (KFU), Kazan Russia. Professor at the Institute of Social and
Philosophical Sciences and Mass Communications.
3
Kazan (Volga region) Federal University (KFU), Kazan Russia. Professor at the Institute of Social and
Philosophical Sciences and Mass Communications.
Revisiting traditional educational practices in the age of digitalization
RPGE Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 27, n. 00, e023057, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v27i00.18527 2
ABSTRACT: During the period of lockdown both students and teachers experienced
immersion in the digital environment to the full, what allowed actualizing the so-called “dark
sides of organization of the educational process; those metamorphoses, which traditional roles
of a student and a teacher are currently getting exposed to. Post-pandemic realities of education
within the contour of Timothy Morton’s dark ecology theory are considered in the present paper.
The authors make use of a “hyperobject” concept while studying the introduction of
digitalization in the field of education, submitting to extrapolate Morton’s optics to
comprehension of educational practices, mediated by digital environment. It is shown in the
study, that absorption of traditional educational practices proves to be a limited discourse, where
the technological component of digitalization is being merely actualized and the essence of
educational process is being simultaneously discredited.
KEYWORDS: Pedagogy. COVID-19. Digitalization of education. Critical thinking. Modern
education.
RESUMO: Durante o período de bloqueio tanto estudantes como professores experimentaram
a imersão total no ambiente digital, o que permitiu atualizar os chamados lados "escuros" da
organização do processo educativo; essas metamorfoses, às quais os papéis tradicionais de um
estudante e de um professor estão expostos atualmente. As realidades pós-pandêmicas da
educação dentro do contorno da teoria ecológica obscura de Timothy Morton são consideradas
no presente artigo. Os autores fazem uso de um conceito de "hiperobjeto" enquanto estudam a
introdução da digitalização no campo da educação, submetendo-se a extrapolar a ótica de
Morton para a compreensão das práticas educativas, mediadas pelo ambiente digital. O estudo
demonstra que a absorção das práticas educativas tradicionais se revela um discurso limitado,
onde a componente tecnológica da digitalização está a ser meramente atualizada e a essência
do processo educativo é, simultaneamente, desacreditada.
PALAVRAS-CHAVE: Pedagogia. COVID-19. Digitalização da educação. Pensamento
crítico. Educação moderna.
RESUMEN: Durante el período de confinamiento, tanto estudiantes como docentes
experimentaron una inmersión total en el entorno digital, lo que permitió actualizar los
llamados lados “oscuros” de la organización del proceso educativo; esas metamorfosis, a las
que actualmente se exponen los roles tradicionales de un estudiante y un maestro. En el
presente documento se consideran las realidades de la educación posteriores a la pandemia
dentro del contorno de la teoría de la ecología oscura de Timothy Morton. Los autores hacen
uso de un concepto de “hiperobjeto” al estudiar la introducción de la digitalización en el
campo de la educación, sometiéndose a extrapolar la óptica de Morton a la comprensión de
las prácticas educativas, mediadas por el entorno digital. Se muestra en el estudio, que la
absorción de prácticas educativas tradicionales resulta ser un discurso limitado, donde el
componente tecnológico de la digitalización está siendo meramente actualizado y la esencia
del proceso educativo está siendo simultáneamente desacreditada.
PALABRAS CLAVE: Pedagogía. COVID-19. Digitalización de la educación. Pensamiento
crítico. Educación moderna.
Evgeniya NIKOLAEVA; Polina KOTLIAR and Mikhail NIKOLAEV
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Introduction
The past decades are associated with active introduction of digital technologies into
different spheres of human interaction. Parallel to this process, the replication of personal
sensations is taking place: one may watch, read, or listen to hundreds of podcasts, blogs, video
broadcasts and single out the common patterns, “random” users of digital media have gone
through.
Thereby crystallizes a set of certain invariant trails in each of thematic gaps, represented
in digital media space.
What is reproduction of repetitive behavioral patterns predetermined by? Is that a
necessity and a desire of joining a position of conditional universality or a manifestation of
epistemological relativism? Attempting to answer these questions, we offer choosing a sphere
of education (either secondary or higher) which a common trend of focusing the students on
independence of their informational-explorative research is inherent to. At the same time,
noticing the positive aspects of developing students’ independence, we cannot but ask the
question of whether the promotion of individual cognitive autonomy in cognition affects the
development of a critically-thinking subject?
For instance, preparation for passing the Unified State Examination (USE) implies
forming your own cognitive strategy. For this purpose, schoolchildren look for ready-made
assignments, study with tutors online or in person, buy and watch recorded webinars. At first
glance, such practice demonstrates autonomous navigation, thanks to which the skills of
independent search activity develop. However, in our opinion, such activity happens in an
overly narrow, particular discourse, aimed at mastering a certain algorithm, which ensures a
successful passing of USE. Thereby the essence of the whole educational path of a student, his
formation as critically thinking subject, except for subject-specific knowledge, is leveled out.
It is noteworthy that critical thinking necessarily implies an ability of questioning one’s ideas
and actions and reflect upon the ethic character of decisions being made. As a result, we come
across a range of questions, the answers to which a choice of a particular strategy depends upon.
What are the attributes of critical thinking and in what way can digital instruments contribute
to their development? What is the meaning of a given mark for a student and in what way can
it influence his future choice of a cognitive position?
Teaching is simultaneously undergoing substantial transformations. The teacher has new
functions, mediated by digitalization processes and at the same time the share of his presence
in educational process goes down. Apart from that, present-day universities as well as teachers,
Revisiting traditional educational practices in the age of digitalization
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being its basic structural units, are forced to experience competition from actively developing
alternative ways and programs of studying. As a bright example one may draw BootCamps
short-term intensive educational programs with full immersion, which take students away from
traditional educational establishments since they create an environment for learning fast, often
at lower costs. According to Technavio, the world market of educational courses on coding has
grown by 14% in 2021, with 41% of the projected growth between 2021 and 2025 falls on
North America (TECHNAVIO, 2022).
Methods
For this study, authors have conducted a comprehensive literature search using relevant
academic databases such as Web of Science and Scopus. The search included keywords related
to dark ecology, education, object-oriented ontology, digitalization, educational programs with
full immersion, cognition and etc. These databases were chosen for their comprehensive
coverage of articles, books, and other relevant sources in the fields of education, digitalization,
and philosophy.
The material retrieved from the databases was evaluated based on its relevance to the
research objectives and its contribution to the understanding of post-pandemic education and
the integration of digitalization. The evaluation process involved carefully reading and
analyzing each source to assess its quality, depth of analysis, and alignment with the study's
theoretical framework.
In the context of this study, it is important to highlight the foundational work of English
philosopher Timothy Morton, who is credited with introducing the concept of dark ecology.
Morton’s philosophy develops within the confines of object-oriented ontology:
There is no such a thing, like a space, independent from objects…What is
called the Universe is a large object, containing such objects, as black holes
and pigeon racing. Likewise, there is no such thing as an environment:
wherever we look for it, we find omnifarious objects biomes, ecosystems,
hedges, sewers and human flesh. In a similar sense, there is no such thing as
Nature. I saw penguins, plutonium, pollution and pollen. But I have never seen
Nature (I use this word with a capital letter to emphasize its deceptive
artificiality) (MORTON, 2013a, p. 53).
For Morton, nature exists regardless of our actions. At the same time, visible nature is
by no means the whole of nature: much remains invisible and unforeseen. For instance, we
cannot perceive global warming, radiation, black holes and pandemics in our direct experience.
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All of this is of an abstract character for a person and resides in a “dark” zone. For indicating
invisible nature Morton introduces the notion “hyperobject”. In the work “Hyperobjects.
Philosophy and Ecology after the End of the World” (MORTON, 2013b) philosopher submits
a concept of denying a standard way of thinking of “hyperobjects”, hence traditional ethical
and political methods of fighting for the environment have reached a dead end today. As it
turned out to be, humanity and environment have a distorted form of interactions. As a result,
the surrounding world, according to Morton, becomes a space of existential horror for a person.
By drawing on Morton's concepts and theories, this study seeks to extend his perspective
to the realm of education and the impact of digitalization. The integration of Morton's dark
ecology theory and the analysis of digitalization in education aim to shed light on the
transformations experienced in the post-pandemic educational landscape and the implications
for students, teachers, and educational institutions.
Results and Discussion
Dark issues
Within Morton’s logic, traditional discourse of education, implying its consideration as
a process, which is influenced by teachers and parents, and which effectiveness is measured by
practices, allowing increasing or decreasing certain indicators, is unproductive.
This discourse looks like a limited cut of contact with reality, demonstrating absorption
of educational practices by digital environment. The logic of “transfer” continues to be
reproduced within its framework, therefore, a teacher, demonstrating a card with an image for
clarity and illustrating this image on the screen of a smart device, is practically, one and the
same thing. At the same time, even making use of all the tools available to the user today, for
example, in the process of creating a 3D animated film for a lesson, a teacher is not capable of
complying with the logic of the digitalization process, which is carried out regardless of his
actions, just as with Morton, nature exists regardless of what the person undertakes.
Representatives of the sphere of education, undergoing the digitalization process, first
came across it as a hyperobject during pandemic. Undoubtedly, up until 2020 digitalization of
education was being articulated as a problem in rational pedagogic discourse, however, the
position of control over this process proved to be an illusion.
The use of multimedia equipment, conversion of educational materials and yearbooks
into digital form, etc. – are only extrinsic manifestations of digitalization that fail revealing its
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essential dimension. As a result, digital environment appears as a space of horror, total
uncertainty, unpredictability and hyperobjectivity of digital architecture is predominantly
aimed at absorption and transformation of human thinking human ability to act. The forced
transition to the format of distance teaching showed that without a number of components of
traditional education, the entire pedagogical practice, mediated by the “digit”, is untenable.
Pandemic made pedagogic crisis conspicuous, when teachers have necessarily started
rethinking one’s professional role, targets of learning and methods of their attainment.
Paradigm of classic approach, which may possibly be indicated as a “God point”, when
a teacher practices a “top-down” teaching method and his authority relies on a presumption of
a single source of information, while students are considered as passive “empty vessels” which
have to be forced to active interaction and filled in with ready-made informational formulae,
proves to be dysfunctional. Nowadays students prefer carrying out a search of information
themselves, what actualizes the need of teaching the skills of verifying online-sources and
creating responsibility for one’s learning.
Recognition of the change in the influence of teachers upon epistemological strategy of
students is simultaneously recognition of the transformation of the teachers role into an
increasingly auxiliary one.
During the pandemic teaching staff of universities had to move educational materials,
texts of assignments to the Internet, what literally lead to a new lap of technical reproductivity,
when students got the opportunity of taking screenshots, notes, exchanging materials and
replicating them among those, who do not have them. Such practice of “replacing” teachers
personality with ready-made educational content is accompanied by a sharp decline in the share
of implicit knowledge, which is exclusively transmitted through live teacher-student
interactions; and respectively, by a growth in the share of explicit (objectified) knowledge.
Digitalization adumbrates the improvement of educational experience for users,
whereas for educators it means mastering a wide scope of digital educational instruments, more
time-consuming course maintenance, answering asynchronous students’ questions, editing
presentations, repurposing lectures for online conference format, recording video lectures.
This entails an increase in the specific work load, which does not allow educators paying
enough attention to an in-depth revision of the course content. At the same time, there is an
increase in educators’ anxiety, associated with a growing use of artificial intelligence (AI) in
order to automate the assessment system and generate reports on students’ strengths and
weaknesses.
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Digitalization of education has clarified the opportunity of optimizing test monitoring
and even holding exams, which makes it possible to make some faculty members redundant
and, consequently, to lower the cost of educational process.
Thus, in mass open courses AI is used for facilitating the work of teaching assistants:
for instance, virtual assistant JillWatson is used for answering repetitive questions (AUDRAS
et al., 2022).
Digital Transformation
Pandemic served as a catalyst of those tendencies, which have been frequently predicted
in different futuristic papers (KARPOV, 2018; NIKOLAEVA; SHCHELKUNOV, 2015;
PLOTNIKOVA; BORISOVA, 2017). The sudden catapult into the future, which has become
commonplace since 2020, has significantly changed the scenario for the development of higher
education. Since we are residing in a conditional post-pandemic position, it becomes possible
to analyze those forecasts, that did not justify themselves as well as those transformations, that
brought fundamentally new qualitative accents to the educational process and at the same time
revealed its “dark” sides. The publication of K. Pelletier et al. (2022) provides a critical analysis
of the main trends in the development of education. As a general trend, the authors outline the
transition to a hybrid format and normalization of online learning, which allows students to get
a more personalized approach, and also contributes to the collection of Big Data, which, in turn,
allows improving proctoring and artificial intelligence tools. Educational establishments are
taken up with the search of long-term instruments for raising effectiveness of online and hybrid
methods of teaching as well as the ways of boosting students’ interest in obtaining
microcertificates and strategies, allowing reducing the need for a physical increase in the
classroom fund.
However, in practice we come across contradictions, appearing within the process of
implementing the transition to hybrid learning. If we consider the context of the pandemic, the
motivation for the transition to the online format was exclusively humanistic saving lives and
health of people.
However, nowadays this motivation does not happen to be definitive, for such motives
as economic feasibility and convenience come to the fore in digitalization processes.
Technological component happens to be a dominant of digital transformations, determining
their essence for the majority of participants of this process. HSE experts have formulated seven
tasks for the digitalization of Russian education. They believe that “the essence of digital
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transformation is to effectively and flexibly apply the latest technologies for moving towards a
personalized and results-oriented educational process”. At the same time, all seven tasks have
technological content exclusively (PERVUKHIN; SEDOVA; KIRYANOVA, 2021).
It is worth noticing that such position proves to be particular in its nature, since those
metamorphoses that the main participants in the educational process undergo, drop out of sight.
Just as separate waste collection cannot solve environmental problems, equipping the
educational process with digital technologies cannot lead to the instant emergence of a teacher
and student of a new format.
The work of American researchers (JOOSTEN et al., 2021) focuses on four dialectics
of blended learning, which, when superimposed on the reality of experiencing the pandemic,
can be interpreted by us as follows:
1. Technological. On the one hand, blended learning format implies the multimedia
nature of the resources used in the course; on the other hand, the variety of formats depends on
the choice and capabilities of the teacher and often turns out to be introduced in the form of the
only option, such as recorded videos (YouTube video hosting), online classes (for example,
Zoom, Microsoft Teams), audio recordings, etc.
2. Temporal. The interaction between students and teachers can occur synchronously (in
real time, students connect to the broadcast of the lesson) or asynchronously (each performs a
task or studies materials independently, according to a flexible schedule).
3. Spatial. Revision of the paradigm of geographical reference is happening, and
participation in the educational process exclusively in the form of personal presence loses the
character of an imperative. The state of health, the need of complying with quarantine measures
and self-isolation are compensated by the virtual presence in the classroom.
4. Pedagogical. This type of dialectic, according to American researchers, is of the
greatest critical importance for learning. Thus, the course is determined primarily by pedagogy,
and not by technology, so the format of blended learning or the global use of online technologies
act as complementary solutions for the implementation of active learning practice. However, in
order to optimize the educational process, the teacher is forced to reduce his own presence in
the space of education and, as a result, experience the effect of alienation from personal
professional everyday life.
Evgeniya NIKOLAEVA; Polina KOTLIAR and Mikhail NIKOLAEV
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Conclusion
Digitalization of education might be conceptualized as hyperobject, since the processes,
which are currently unfolding in education and are commonly referred to as digitization,
demonstrate disorientation of educators and students in comprehension of the essence and scale
of this process and how to connect to it. Incomprehension of those deep effects, which digital
dimension has upon all the participants of educational communication is observed. These
effects are presently acting as “dark” sides of digital education and remain latent for rational
reflection.
Participants of the educational process, covered by the active introduction of digital
technologies, are not infrequently experiencing total disorientation and the loss of meaning
which gives way to a “dark”, “nocturnal” way of comprehending reality, having nothing to do
with critical thinking, which, in turn, appears to be system-reflexive in itself. The problem of
defining the ways to develop critical thinking in digital reality is becoming increasingly acute.
Should we, following the idea of Socrates, who believed that a person is evil only because he
does not know what good is, should we introduce students to logical reasoning or instead
immerse them in problematic case studies? We are faced with the task of using pedagogical
tools (including those based on digital technologies) to “move” the student from a position of
ethical, logical ignorance to a point where he will be able to independently think about moral
issues, distinguish between manipulations, and make optimal and responsible decisions. This,
to our mind, is the most significant task that requires being solved; otherwise, we are at risk of
obtaining digital education without education.
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CRediT Author Statement
Acknowledgements: Not applicable.
Funding: This paper has been supported by the Kazan Federal University Strategic
Academic Leadership Program (Priority-2030).
Conflicts of interest: There are no conflicts of interest.
Ethical approval: Not applicable.
Data and material availability: The data and materials used in the work available for
access.
Authors' contributions: All authors have contributed equally to this work by providing
theoretical review, field research, data collection, data analysis and final revision.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.