RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 1
DITADURA, FUTEBOL E LITERATURA: POR UMA EDUCAÇÃO ANTIFASCISTA
DICTADURA, FÚTBOL Y LITERATURA: POR UNA EDUCACIÓN ANTIFASCISTA
DICTATORSHIP, FOOTBALL AND LITERATURE: FOR AN ANTIFASCIST
EDUCATION
Perolina Souza TELES1
e-mail: perolinasouza@hotmail.com
Elder Silva CORREIA2
e-mail: eldercorreia21@gmail.com
Fabio ZOBOLI3
e-mail: zobolito@gmail.com
Como referenciar este artigo:
TELES, P. S.; CORREIA, E. S.; ZOBOLI, F. Ditadura, futebol e
literatura: Por uma educação antifascista. Revista on line de
Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021,
2024. e-ISSN: 1519-9029. DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485
| Submetido em: 20/06/2024
| Revisões requeridas em: 08/07/2024
| Aprovado em: 14/07/2024
| Publicado em: 19/08/2024
Editor:
Prof. Dr. Sebastião de Souza Lemes
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Universidade Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão SE Brasil. Doutoranda em Educação.
2
Universidade Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão SE Brasil. Professor do Departamento de Educação
Física (DEF).
3
Universidade Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão SE Brasil. Professor do programa de Pós-graduação
em Educação (PPGED).
Ditadura, futebol e literatura: Por uma educação antifascista
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 2
RESUMO: Este ensaio tem como objetivo interpelar futebol e literatura, com a intenção de
reflexionar a história e a memória, tensionando questões que possam desnaturalizar e combater
o pensamento fascista. Deste modo, o presente escrito se propõe pensar o futebol pelo viés
antifascista e democrático. Para tal, traz ao palco a literatura e o esporte, aqui ancorado na
poesia e no futebol. Sob esta mirada, foram trazidos dois ex-jogadores ligados a história do
Clube de Regatas do Flamengo (Sócrates Brasileiro e Adriano Imperador) para fazer
convergência com dois personagens da poesia latino-americana (Manoel de Barros e Pablo
Neruda). A partir da exposição de duas crônicas, que relacionam futebol e poesia, acredita-se
na possibilidade de acompanhar a inscrição de um desejo “não-fascista”, que deve orientar toda
e qualquer forma de pensamento educativo, que envolve o ensinar e o aprender, através da
leitura.
PALAVRAS-CHAVE: Futebol. Fascismo. Ditadura Militar. Literatura. Educação antifascista.
RESUMEN: Este ensayo pretende interpelar al fútbol y la literatura, con la intención de
reflexionar sobre la historia y la memoria, planteando interrogantes que puedan desnaturalizar
y combatir el pensamiento fascista. De esta manera, este escrito propone pensar el fútbol desde
una perspectiva antifascista y democrática. Para ello, lleva al escenario la literatura y el
deporte, aquí anclados en la poesía y el fútbol. Bajo esta mirada se trajo a dos exjugadores
vinculados a la historia del Clube de Regatas do Flamengo (Sócrates Brasileiro y Adriano
Imperador) para converger con dos personajes de la poesía latinoamericana (Manoel de
Barros y Pablo Neruda). A partir de la exposición de dos crónicas, que relacionan fútbol y
poesía, creemos en la posibilidad de acompañar la inscripción de un deseo “no fascista”, que
debe guiar todas y cada una de las formas de pensamiento educativo, que implica enseñar y
aprender, a través de la lectura.
PALABRAS CLAVE: Fútbol. Fascismo. Dictadura militar. Literatura. Educación antifascista.
ABSTRACT: This essay aims to explore football and literature with the intention of reflecting
the history and memory, addressing issues that can help denaturalize and combat fascist
thinking. In this manner, this writing proposes to think about football through an antifascist
and democratic lens. In order to do this, we bring literature and sports into the spotlight,
anchored here in poetry and football. From this perspective, two former players associated
with the history of the Clube de Regatas do Flamengo (Sócrates Brasileiro and Adriano
Imperador) are brought here to converge with two characters from Latin American poetry
(Manoel de Barros and Pablo Neruda). By exposing two chronicles related to football and
poetry, it is believed that it is possible to witness the inscription of a "non-fascist" desire, which
should guide all forms of educational thinking that involve teaching and learning through
reading.
KEYWORDS: Football. Fascism. Military Dictatorship. Literature. Antifascist Education.
Perolina Souza TELES; Elder Silva CORREIA e Fabio ZOBOLI
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 3
Introdução
Em nossa recente história, mais precisamente desde a Copa do Mundo de 2014,
realizada no Brasil, foi possível observar o avanço de manifestações de cunho fascista na
sociedade brasileira. A emblemática camisa amarela da seleção foi apropriada como símbolo
dos militantes da extrema-direita brasileira, que tinham como principal mote “A nossa bandeira
jamais será vermelha”, para eles vestirem a amarelinha era uma forma de reafirmar suas
intenções. Foi das vaias destinadas à presidenta Dilma Rousseff, emitidas nos estádios de
futebol durante a Copa, que brotou a semente do golpe de 2016.
Este é apenas um dos diversos exemplos que demonstram que o fascismo é uma
manifestação política totalitária que tem na sua base o nacionalismo, desse modo, é contra as
liberdades e manifestações individuais em nome de uma pureza nacionalista. Portanto, o
fascismo é um regime autoritário, por consequência, antidemocrático. Por ser autoritário, prega
a restrição das liberdades e o aniquilamento de seus opositores.
Além da exacerbação do sentimento nacionalista e da censura de seus opositores, o
fascismo também é pautado na centralidade do poder nas mãos de um líder; a associação de
seus valores alinhavados às crenças religiosas; ca aos opositores mediada pela prisão, tortura
e muitas vezes a morte; o militarismo como dispositivo de controle; a censura dos meios de
comunicação e das artes, música, cinema, literatura, dentre outros.
Fascismo é sinônimo de violência, de extermínio, de aniquilamento da diferença. A
história vergonhosamente tem exemplos de regimes totalitários em torno do mundo: a Itália
(1922-1943) de Benito Mussolini, a Alemanha nazista (1933-1945) de Adolf Hitler, a Espanha
sanguinária (1939-1975) de Francisco Franco; o golpe civil-militar do Brasil que instaurou a
ditadura de 1964 a 1985; o Chile (1973-1990) do General Augusto José Ramón Pinochet
Ugarte. Infelizmente a lista é infinitamente maior. O fascismo na atualidade se reinventa,
fazendo com que potências mundiais continuem flertando com regimes fascistas e
antidemocráticos.
Deste modo, o presente ensaio se propõe antifascista e democrático. Para tal, traz ao
palco a literatura e o esporte, aqui ancorado na poesia e no futebol. Vale lembrar que tanto o
futebol como a literatura são dispositivos por onde o fascismo opera e por onde ele também
resiste. Nelson Rodrigues tinha razão quando afirmou que “Muitas vezes é a falta de caráter
que decide uma partida. o se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos”
(Rodrigues, 2024, on-line).
Ditadura, futebol e literatura: Por uma educação antifascista
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 4
O escrito é fruto de um projeto de extensão intitulado “Urubu de letra”, que tem como
objetivo narrar, via crônica
4
, a paixão pelo Clube de Regatas do Flamengo. Porém, essa
narrativa tem como finalidade ir além de um mero dissertar sobre o ardor futebolístico, ela
pretende acercar o Flamengo às temáticas ligadas ao âmbito das ciências humanas e dos estudos
culturais, sob as lentes da literatura. Deste modo, este texto propõe, através de um recorte do
projeto, vincular escritos que ligam o Flamengo e seus personagens históricos a partir de uma
abordagem democrática tensionando dois poetas com dois jogadores.
As intenções contidas neste projeto perpassam pela compreensão de que a literatura,
enquanto produção sociocultural da humanidade, pode construir pontes entre o conhecimento
acadêmico e histórias de vida, aproximando, de alguma forma, a academia da sociedade, pela
via da formação educacional. É nesse campo que entendemos a prática da escrita, relacionando
esporte, poesia e arte, como uma instalação que possui potência pedagógica para evadir dos
muros da universidade e alcançar leitores para além dos bancos de instituições de ensino. De
acordo com Sarah Ipiranga (2019, p. 106):
Os textos literários representam um repositório dos saberes experienciados
pela humanidade e ressignificados pela linguagem. Neles, desenham-se
comportamentos, perfis, modos de vida que nos descortinam os processos,
muitas vezes tortuosos, de “ocupação” humana e oferecem subsídios para
refletir sobre nosso presente e as condições em que pretendemos colocar nosso
futuro.
Em consonância com nossa intenção, Jorge Larrosa (2019) sugere ao leitor a criação de
uma etapa poética marcada pela observação e despersonalização do objeto fruto da
contemplação e da disciplina formal. Fazendo com que a leitura de um poema transcenda a
intimidade do poeta, tornando a mesma um momento de contemplação à distância que se adere
ao leitor de forma independente. A sugestão do autor é que a leitura é um exercício de escuta e
que, por si, é capaz de levar o leitor a pensar sobre o que foi lido.
A partir desse foco, neste ensaio, foram trazidos dois ex-jogadores ligados à história do
Clube de Regatas do Flamengo, fazendo convergência com dois personagens da poesia latino-
americana. Neste sentido, Sócrates Brasileiro e Adriano Imperador contracenam com dois dos
maiores expoentes da literatura latino-americana: Manoel de Barros e Pablo Neruda. A
4
As duas crônicas que apresentamos a seguir foram publicadas no portal “Ludopédio” o maior portal de futebol
da América Latina. Este portal tem um escopo político ligado ao futebol e a democracia. É uma mídia que luta
contra o preconceito de gênero e raça no campo esportivo, além de preservar a memória esportiva futebolística.
Perolina Souza TELES; Elder Silva CORREIA e Fabio ZOBOLI
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 5
escalação desses personagens para o “jogo” deste escrito visa atacar o fascismo e ir contra toda
forma de antidemocracia propagada por essa ideologia política.
Deste modo, o presente ensaio tem como objetivo interpelar futebol e literatura com a
intenção de reflexionar a história e a memória tensionando questões que possam dar base a uma
educação antifascista. É pelo caminho da leitura que ousamos apresentar a palavra como uma
lição, conforme afirma Jorge Larrosa (2019), uma lição é um convite à leitura. De alguma
forma, as crônicas aqui apresentadas denotam a importância da disponibilidade de quem
escreve e da receptividade do leitor. Para esse autor, esse processo educativo de ensinar e
aprender se dá dentro de uma “Mútua entrega: condição em um duplo devir(Larrosa, 2019, p.
174).
É nesse ínterim que figuram o jogador Sócrates, um dos expoentes da democracia
corintiana, na troca de passes com Manoel de Barros, tendo em comum a perseguição de ambos
durante a ditadura brasileira. Em seguida, Adriano Imperador é destacado para, junto com o
chileno Pablo Neruda, refletir sobre o amor e a diferença. Antes disso, no próximo tópico, será
discutida a análise que a filosofia de Gilles Deleuze e Félix Guattari realiza sobre o fenômeno
do fascismo.
Por uma vida não-fascista
Como fazer para não vir a ser fascista mesmo quando (sobretudo quando)
se crê ser um militante revolucionário?
(Foucault em “Anti-Édipo: uma introdução à vida não-fascista”, 1977)
Ao escrever o prefácio
5
para a versão estadunidense de “Anti-Édipo”, de Deleuze e
Guattari, Foucault sinaliza o fascismo como o adversário ou o inimigo maior da referida obra.
No entanto, insiste Foucault (1977), este fascismo o qual o projeto do “Anti-Édipo” traça um
combate, não se trata apenas do fascismo histórico de Mussolini e de Hitler, mas principalmente
o fascismo que está em todos nós, que atravessa nossas condutas cotidianas. Em outras palavras,
trata-se do fascismo não apenas como forma de governo institucionalizado, mas do fascismo
enquanto um modo de vida. Daí parte a interpretação de Foucault (1977) em considerar a obra
Deleuzo-Guattariana como sendo uma introdução à vida não-fascista.
Para entendermos o que possibilita Foucault realizar tal afirmação, é necessário
empreender dois movimentos os quais serão apresentados no desenvolvimento deste tópico, a
5
FOUCAULT, M. Preface. In: DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Anti-Oedipus: Capitalism and Schizophrenia.
New York: Viking Press, 1977.
Ditadura, futebol e literatura: Por uma educação antifascista
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 6
saber: 1) compreender como Deleuze e Guattari elencam o desejo como elemento fundamental
para a compreensão do fascismo; 2) como a articulação entre micropolítica e macropolítica
possibilita compreender tanto a produção do fascismo como o combate contra ele próprio.
No pensamento de Deleuze e Guattari (2010, 2012), o fascismo é abordado mediante o
questionamento de como as massas podem ir contra seus próprios interesses, isto é, do porquê
seres humanos suportam a exploração por tanto tempo, a ponto de querer a exploração para si
mesmo e para os outros. Neste sentido, Deleuze e Guattari (2010) sinalizam que o fascismo não
se trata de uma questão meramente racional no sentido de que as massas foram enganadas, e
por isso se entregam aos poderes, mas que as massas desejaram, em certos momentos, em
determinadas circunstâncias, o fascismo, e que é isso que precisa ser explicado, o fascismo em
termos de desejo.
Isso se na medida em que Deleuze e Guattari (2010) entendem o desejo não como
falta, mas como produção. O que isso significa? o desejo não é falta, ele não é carente de um
objeto exterior a ele. Inspirados em Spinoza, os autores concebem o desejo como o esforço ou
inclinação por algo que seja útil ao próprio desejo, por isso, nesta perspectiva, segundo Deleuze
e Guattari (2012) baseado em Spinoza, não desejamos algo porque ele é bom, mas ele é bom
porque o desejamos. O desejo é produção do real, em que fundamentalmente a produção social
é antes de tudo produção desejante.
Assim, o desejo que circula nos sujeitos não é fechado em si, nem estagnado, mas
modificado a partir dos encontros que esse um sujeito faz. Isso quer dizer que o desejo é gerido
socialmente, na medida em que ele é ampliado ou constrangido a depender das coisas (outros
sujeitos, o trabalho, as músicas que ouve, os livros que lê, etc.) com que o sujeito se relaciona
e como ele estabelece suas relações.
Neste veio argumentativo, todo modo de produção social, é um modo de circulação e
produção do desejo (2010; 2012), de tal modo que a sociedade se trata fundamentalmente de
um circuito de produção desejante. A relação disso com o fascismo é que toda forma de
submissão não se exclusivamente pela força, pelo poder, mas pela captura desse desejo.
Assim sendo, toda questão se passa, dizem Deleuze e Guattari (2012), na análise da qualidade
do desejo, isto é, quais modalidades de sociabilidade determinados desejos encadeiam, bem
como quais subjetividades são investidas nessas formas de relações sociais.
Isso não implica que Deleuze e Guattari desconsiderem a materialidade da produção
social, situada no nível macropolítico em detrimento do desejo, entendido como uma
micropolítica. Não há oposição entre micropolítica e macropolítica, mas sim uma interconexão,
Perolina Souza TELES; Elder Silva CORREIA e Fabio ZOBOLI
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 7
de modo que todo o tecido social, para Deleuze e Guattari (2012), é simultaneamente molar
(macro) e molecular (micro). No nível molar ou macropolítico, o social é compreendido a partir
de uma dimensão binária e opositiva, como as categorias de classe social, sexo ou posição
política (esquerda ou direita). No entanto, essas mesmas categorias, no nível molecular ou
micropolítico, são distribuídas de maneira que forçam sua própria desconstrução, abrindo
espaço para novas experiências além dos binarismos, gerando paradoxos dentro delas.
Nesse sentido, toda forma social, inclusive o fascismo, é simultaneamente molar e
molecular, macropolítica e micropolítica. Se ambos os níveis são igualmente valorizados, é
porque Deleuze e Guattari (2012) entendem que as experiências que ocorrem no nível
molecular e micropolítico têm efeito na medida em que são capazes de, de algum modo,
redistribuir as organizações binárias do nível molar e macropolítico. Portanto, uma análise
efetiva do fascismo só pode ser realizada por meio da articulação entre os níveis micropolítico
e macropolítico.
Desse modo, uma coexistência entre o nível macropolítico e micropolítico, ou entre
o social e o desejo, sendo essa a chave de leitura que Deleuze e Guattari (2012) nos oportunizam
para a compreensão do fenômeno do fascismo. Ao propor o desejo como elemento fundamental
desta análise, os autores sinalizam que o desejo é a condição tanto para os sujeitos desejarem
sua servidão, em direção a um fascismo, como possibilidade para o seu combate.
É fundamental enfatizar, retomando o prefácio de Foucault (1977), que o desejo é
condição tanto para o fascismo quanto para uma vida não fascista. Trata-se, portanto, do mesmo
processo, que pode mobilizar diferentes modos de vida. A questão central reside na necessidade
de uma percepção aguçada, capaz de compreender quais modos de vida estão implicados em
nossas práticas sociais. Se o fascismo é, em sua essência, um desejo, como indicaram Deleuze
e Guattari (2010; 2012), torna-se relevante analisar quais desejos orientam nossas formas de
sociabilidade, considerando que todo modo de produção social é uma forma de inscrição do
desejo. Cabe, portanto, a nós, perseguir aqueles modos que apontam para uma “arte de viver
não-fascista”, conforme desejava Foucault (1977).
Diante disso, acreditamos que tanto a poesia quanto o futebol apresentam possibilidades
de acompanhar a inscrição de um desejo “não-fascista”, sendo ambos espaços privilegiados
para a compreensão da interseção entre a produção social e a produção desejante. Nos tópicos
seguintes, propomos a análise de duas crônicas que abordam o futebol e a poesia, buscando
demonstrar a viabilidade do combate ao fascismo a partir das experiências particulares
proporcionadas por essas duas artes (sim, o futebol também é arte!).
Ditadura, futebol e literatura: Por uma educação antifascista
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 8
Sócrates e Manoel de Barros: ou sobre poemas e um jogador concebidos sem pecado
6
- E as palavras, têm vida?
- Palavras para eles têm carne, aflição, pentelhos e a cor do êxtase”
Manoel de Barros em “O guardador de águas” (Barros, 2010, p. 249)
Manoel de Barros (1916-2014), um dos mais ilustres poetas brasileiros, também
conhecido por ser “o poeta das coisas insignificantes”, lançou sua primeira obra em 1937, o
livro Poemas concebidos sem pecado. Manoel surgiu, então, como um trovador das coisas
simples, exaltando em seus versos a grandeza dos acontecimentos cotidianos. Em 1972, 35 anos
depois, pelo Botafogo de Ribeirão Preto, era “concebido sem pecados” um dos maiores
jogadores da história do futebol mundial: Sócrates Brasileiro (1954-2011), que forjou sua vida
sob a virtude da luta. Quanto a nós, pecadores assumidos, recorremos a Manoel de Barros
quando este afirma Não tenho mecanismos para santo” (Barros, 2010, p. 311), para arriscar
dizer que o maior pecado da vida de Sócrates foi ter jogado tão pouco tempo com a camisa do
Flamengo.
Por sua amizade com Zico, com quem foi fiel parceiro na seleção brasileira, Sócrates
chegou ao Flamengo no final de 1985, saindo precocemente no início de 1987. “Sou um
privilegiado. Primeiro, o Corinthians, agora, o Flamengo. Isso é tudo o que um jogador pode
ambicionar em sua carreira”, afirmou Sócrates em certa ocasião. Com as cores do rubro-negro,
Sócrates jogou apenas uma vez ao lado de Zico. Esse encontro ocorreu na vitória do Flamengo
sobre o Fluminense por 4x1, quando Zico silenciou a torcida tricolor que o chamou de
“bichado” por estar retornando de mais uma lesão no joelho. Naquela partida, Zico marcou três
gols, mostrando à torcida do clube das Laranjeiras que Lugar sem comportamento é o
coração” (Barros, 2010, p. 309).
Sócrates atuou pouco pelo Flamengo, somando apenas 25 jogos e três gols. Contudo,
foi o suficiente para conquistar um título com o time da Gávea, integrando a equipe que venceu
o Campeonato Carioca de 1986. Ainda que Sócrates tivesse jogado apenas uma vez pelo
Flamengo, continuaria merecendo uma homenagem em forma de texto, afinal, para escrever
sobre ele, é preciso evocar a poesia: Não quero a boa razão das coisas. Quero o feitiço das
palavras” (Barros, 2010, p. 370). Por isso, ao dialogar com um dos personagens mais líricos do
6
Esta crônica foi publicada no site Ludopédio no dia 28 de junho de 2023 (Zoboli; Souza, 2023). Disponível em:
https://ludopedio.org.br/arquibancada/socrates-e-manoel-de-barros-ou-sobre-poemas-e-um-jogador-concebidos-
sem-pecado/. Acesso em: 10 jul. 2024.
Perolina Souza TELES; Elder Silva CORREIA e Fabio ZOBOLI
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 9
futebol brasileiro, escolhemos o poeta que define a poesia como “O mel das palavras” (Barros,
2010, p. 370).
Assim, escalamos para este diálogo o distinto membro da seleção de poetas brasileiros,
Manoel Wenceslau Leite de Barros, nascido em Cuiabá, em dezembro de 1916. Ao longo de
sua vida, Manoel, junto à sua esposa, Stella Leite, teve três filhos e faleceu em Campo Grande,
aos 97 anos, em 2014. Sua infância, que permeia seus versos, foi vivida no Pantanal, onde seu
pai, João Venceslau Barros, possuía uma propriedade. Na juventude, mudou-se para a capital
de seu estado natal para estudar em um colégio interno e, posteriormente, para o Rio de Janeiro,
onde cursou Direito e se filiou ao Partido Comunista. Embora tenha se afastado da militância
partidária, Manoel de Barros jamais se desvinculou dos preceitos comunistas, transformando
essa ideologia em um norte para sua vida. Como ele mesmo escreveu: “A fome não é invenção
de comunistas, titio” (Barros, 2010, p. 30).
Com essa obra, Manoel de Barros iniciou a publicação de suas poesias e reflexões, que
em grande parte versavam sobre elementos cotidianos e observações íntimas da natureza. Sua
escrita, embora frequentemente coloquial, destacava-se pela vanguarda presente na valorização
da vida corriqueira e na criação de neologismos sobre o trivial. Esse feito, embora complexo,
era apresentado por Manoel de forma acessível e despretensiosa. Ele mesmo afirmou que, sobre
o nada, tinha profundidades. Sou um apanhador de desperdícios: Amo os restos como as boas
moscas. Queria que a minha voz tivesse um formato de canto. Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática. uso a palavra para compor meus silêncios (Barros, 2024, on-
line).
Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira
7
nasceu em Belém do Pará,
mas ainda criança mudou-se com sua família para Ribeirão Preto, em São Paulo. Seu nome,
Sócrates, foi escolhido por seu pai, amante da filosofia e da literatura, que homenageou um de
seus filósofos preferidos. Sob o fascínio das letras, o pai de Sócrates acreditava que Achava
que a partir de ser inseto o homem poderia entender melhor a metafísica (Barros, 2010, p.
323). Em 1964, após o golpe militar, Sócrates, então com apenas 10 anos, testemunhou seu pai
ateando fogo em seus amados livros, um evento que marcaria profundamente sua vida. Como
refletiu mais tarde: Eu sou muitas pessoas destroçadas(Barros, 2010, p. 313). Esse episódio
contribuiu para que Sócrates desenvolvesse uma paixão pelas obras literárias, usando-as para
alimentar sua sede de conhecimento e liberdade. Quem anda no trilho é trem de ferro. Sou
água que corre entre pedras: liberdade caça jeito (Barros, 2010, p. 156).
7
Sócrates se casou 4 vezes. De seus casamentos foram gerados seis filhos, e um deles se chama Fidel Castro.
Ditadura, futebol e literatura: Por uma educação antifascista
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 10
Em 1972, Sócrates ingressou nas categorias de base do Botafogo de Ribeirão Preto (SP)
e, simultaneamente, iniciou seus estudos na Faculdade de Medicina. Em 1977, conquistou o
campeonato paulista pelo time da Pantera da Mogiana e formou-se médico pela USP de
Ribeirão Preto. Manoel de Barros, cuja obra frequentemente abordava a infância, poderia ter
dedicado esses versos a Sócrates: “O menino hoje é um homem douto que trata com física
quântica. Mas tem nostalgia das latas. Tem saudades de puxar por um barbante sujo umas latas
tristes” (Barros, 2010, p. 367). Entre o saber médico e a nostalgia de brincar com a bola,
Sócrates escolheu a paixão de menino: o futebol.
Em 1978, Sócrates se despede do Botafogo e vai jogar no Corinthians
8
, onde se
consagrou como um dos grandes ídolos da história do clube. Além do Botafogo de Ribeirão
Preto e do Corinthians, Sócrates também atuou pelo Flamengo, pela Fiorentina, na Itália (1984-
1985), e pelo Santos, seu time de infância (1988-1989). No entanto, foi no Botafogo de Ribeirão
Preto que ele encerrou sua carreira, vestindo novamente as cores do time que o lançou (1989).
Além da alcunha de “Doutor”, conferida por sua formação em Medicina, Sócrates
também recebeu o apelido de “Magrão”, devido à sua elevada estatura e físico esguio. Como
descreve Barros: “Não fui fabricado de pé” (Barros, 2010, p. 306). Devido aos pés pequenos,
desproporcionais à sua altura, Sócrates desenvolveu uma habilidade característica com os
calcanhares, sendo descrito como “um poste mal fincado” (Barros, 2010, p. 316). Na meia
cancha, entretanto, Sócrates mostrava-se um gênio, capaz de combinar a técnica futebolística
com a leveza poética descrita por Manoel de Barros. Ele jogava com uma elegância rara,
fazendo o complexo parecer simples. Com seu corpo longilíneo e domínio da bola, Sócrates
transformava as tardes de futebol em espetáculos de graça e beleza. Sou capaz de inventar uma
tarde a partir de uma garça” (Barros, 2010, p. 360).
Para além da poesia, expressa por Manoel de Barros com lápis e papel, e por Sócrates
com a bola e o calcanhar, o que une essas duas figuras lendárias é a sua perspectiva “voltada
para baixo”. Ambos compartilhavam um ideário que defendia a igualdade e a justiça social,
mantendo-se atentos às minorias oprimidas, como se evidencia em Retrato do artista quando
coisa:
Aprendo com abelhas do que com aeroplanos. É um olhar para baixo que eu
nasci tendo. É um olhar para o ser menor, para o insignificante que eu me criei
tendo. O ser que na sociedade é chutado como uma barata cresce de
importância para o meu olho. Ainda não entendi por que herdei esse olhar para
baixo. Sempre imagino que venha de ancestralidades machucadas. Fui criado
8
Pelo Corinthians, Sócrates atuou em 298 jogos, marcou 172 gols e conquistou três títulos de campeão paulista
(1979-1982-1983).
Perolina Souza TELES; Elder Silva CORREIA e Fabio ZOBOLI
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 11
no mato e aprendi a gostar das coisinhas do chão antes que das coisas
celestiais. Pessoas pertencidas de abandono me comovem: tanto quanto as
soberbas coisas ínfimas (Barros, 2010, p. 361).
Aos 18 anos, durante uma de suas atividades militantes, Manoel de Barros pichou uma
estátua na capital carioca com a frase “Viva o comunismo”. No dia seguinte, a polícia foi até a
pensão onde ele estava hospedado, com a intenção de prendê-lo. Contudo, a proprietária do
estabelecimento falou tão bem do caráter bondoso do jovem que os policiais se sensibilizaram
e o deixaram livre. No entanto, confiscaram seus livros e arquivos, incluindo o rascunho de sua
primeira obra não publicada, Nossa Senhora de minha escuridão.
Assim como Manoel de Barros, o Doutor Sócrates também enfrentou dissabores sob o
regime fascista instaurado pela ditadura militar no Brasil. Sócrates, junto com outros jogadores,
como Casagrande, Wladimir e Zenon, protagonizou, em 1983, a criação do movimento
conhecido como “Democracia Corinthiana”. Esse movimento tinha como objetivo não apenas
a oposição à ditadura militar que persistia desde o golpe de 1964, mas também a promoção da
campanha “Diretas Já”, que defendia o retorno das eleições presidenciais diretas e
democráticas.
Além disso, no âmbito interno do Corinthians, o movimento político estabeleceu uma
nova forma de gestão democrática, em que as decisões importantes do clube, como contratações
e o regimento interno, eram tomadas coletivamente pelos jogadores, pelo técnico, pelo roupeiro
e por outros membros da equipe, com todos tendo o mesmo peso em suas decisões.
Dessa forma, Sócrates, como cidadão e jogador, utilizou suas palavras e sua influência
para marcar sua luta em prol da democracia, contribuindo significativamente para traçar uma
nova trajetória na história do Brasil. A gente gostava das palavras quando elas perturbavam o
sentido normal das ideias afirma Manoel (Barros, 2010, p. 450). Por sua luta e significância
dentro e fora das “quatro linhas”, Sócrates é digno de toda a licença poética de Manoel de
Barros. No seu Livro das ignorãças, Manoel menciona que Um girassol se apropriou de Deus:
foi em Van Gogh(Barros, 2010, p. 301). Deste modo, para dar cifras finais a este escrito,
proclamamos em forma de paráfrase: Um jogador se apropriou de Deus: foi em Sócrates.
Ditadura, futebol e literatura: Por uma educação antifascista
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 12
De Neruda para o Imperador... Alguns poemas de amor
9
Que dirão de minha poesia os que não tocaram meu sangue?
Pablo Neruda em “Livro das perguntas” (Neruda, 2009a, p. 27)
De que é feito os grandes poetas, senão de uma emoção que está quase sempre à flor da
pele, um corte, capaz de expelir sangue pelos poros expondo suas paixões. Para esta sessão do
texto, que é tão visceral, escalamos o poeta chileno Pablo Neruda (1904-1973) para declarar
nosso amor ao grande Imperador rubro-negro, Adriano Imperador (1982). Na sua vasta obra,
Neruda tem vários livros dedicados a cantar o amor em forma de poema. Hoje, vamos conhecer
fragmentos deles enquanto narramos a trajetória de Adriano no Flamengo.
O poeta chileno nasceu com o nome Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto e, mais
tarde, criou o pseudônimo
10
Pablo Neruda, que passou a ser também seu nome civil. “Há algo
mais tolo na vida que chamar-se Pablo Neruda?” (Neruda, 2009a, p. 71). O jogador rubro-negro
nasceu com o nome de Adriano Leite Ribeiro e durante uma temporada avassaladora, entre os
anos de 2003 e 2004, atuando pela Inter de Milão no futebol italiano, foi proclamado
“imperador”. “Onde está o menino que fui, segue dentro de mim ou se foi? (Neruda, 2009a, p.
95).
As semelhanças entre eles não param por aí. Neruda não chegou a ser imperador, mas
foi eleito Senador no Chile por um mandato (1945-1948), pelo Partido Comunista. No mesmo
ano em que foi eleito, Neruda veio a São Paulo para uma homenagem ao líder político João
Carlos Prestes, e neste dia Pablo leu para um Pacaembu com mais de 100 mil espectadores.
Adriano, por sua vez, não chegou a ser poeta, mas fez um sem-fim de poemas com a bola nos
pés. Para nós flamenguistas, os mais bonitos foram os “versos e rimas” que compôs com
Petkovic na conquista do brasileirão de 2009
11
. “É sem dúvida estrelado tudo que te devo, o
que te devo é como um poço de uma zona silvestre onde guardou o tempo relâmpagos errantes”
(Neruda, 2009b, p. 54).
Neruda começou precoce sua carreira de poeta, com apenas 13 anos. Sua escrita é
composta por uma rica variedade de estilos: desde poemas de amor acalorados, poesia
9
Esta crônica foi publicada no site Ludopédio no dia 22 de julho de 2022 (Zoboli; Correia, 2022). Disponível em:
https://ludopedio.org.br/arquibancada/de-neruda-para-o-imperador-alguns-poemas-de-amor/.
10
Os pseudônimos são nomes “fictícios” adotados por autores para assinar obras sem fazer uso dos seus nomes
civis. A função dos pseudônimos é a de preservar a identidade do autor ou até mesmo para “fazer charme”.
Importante mencionar que esse recurso não é restrito e exclusivo do mercado editorial. Também são utilizados por
jornalistas com a finalidade de preservar a identidade e a segurança de suas fontes na produção de reportagens.
11
Em 2009, além do título de campeão brasileiro, Adriano também foi artilheiro da competição juntamente com
Diego Tardelli, com 19 gols cada.
Perolina Souza TELES; Elder Silva CORREIA e Fabio ZOBOLI
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 13
surrealista, até escritos e manifestos políticos. Com apenas 17 anos, iniciou seus estudos na
Universidade do Chile, sua universidade Alma Mater. Em 1965, recebeu o título de Doutor
Honoris Causa da Universidade Britânica de Oxford. Em outubro de 1971, a consagração:
Pablo Neruda é condecorado com o Prêmio Nobel de Literatura. Por conta das comemorações
do centenário de seu nascimento, em 2004, foi instituído o Prêmio Iberoamericano de Poesia
Pablo Neruda.
Adriano também inicia sua carreira de jogador com pouca idade. Aos 9 anos, ingressa
nas categorias de base do futsal do Flamengo e na sequência vai para o futebol de campo.
Estreou no profissional do Flamengo no ano de 1999 e até sua saída, em 2001, conquistou dois
campeonatos cariocas (2000-2001) e a Supercopa dos campeões de 2001. “Meu amor tem duas
vidas para amar-te. Por isso te amo quando não te amo e por isso te amo quando te amo
(Neruda, 2009b, p. 54). No entanto, sua habilidade com a pelota o levou rapidamente para a
Europa, ainda em 2001, Adriano é vendido para a Inter de Milão. Antes de se firmar em 2004,
no clube milanês, Adriano foi emprestado a Fiorentina e ao Parma.
No exterior, seu grande clube foi a Internazionalle, onde conquistou quatro títulos
nacionais: duas Supercopa italiana e duas Copa Itália. Em 2006, em decorrência da morte de
seu pai, Didico (apelido de família) sua carreira declinar. Tristeza, depressão e envolvimento
com álcool vão dando os tons de “uma canção desesperada” à vida do imperador. Tentou
soníferos verdes e álcoois extravagantes, nadou em espuma de cerveja, recorreu a médicos, leu
farmacopeias e almanaques, escolheu o amor a essa hora, porém tudo resultou inútil... (Neruda,
2009c, p. 71).
Além de poeta, Neruda foi um grande intelectual da política e sempre se mostrou
comprometido com questões sociais e humanitárias do Chile e da América Latina. Pablo Neruda
participou ativamente do Partido Comunista e foi forçado ao exílio várias vezes devido a
perseguições políticas. Em 1970, ele retirou sua candidatura à presidência chilena para apoiar
Salvador Allende, que venceu as eleições naquele ano. No entanto, em 11 de setembro de 1973,
Allende sofreu um golpe de Estado liderado pelo general Augusto Pinochet. Dias após o golpe,
em 23 de setembro, Neruda faleceu. As causas de sua morte permanecem incertas: alguns
atribuem-na à tristeza resultante do golpe, enquanto outros acreditam que foi em decorrência
de um câncer de próstata.
Ditadura, futebol e literatura: Por uma educação antifascista
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 14
Depois do golpe, Pinochet mandou saquear a casa de Pablo (La Chascona
12
), na capital
chilena Santiago, e ordenou que queimassem seus livros. “Nesse instante terminaram os livros,
a amizade, os tesouros sem trégua acumulados, a casa transparente que tu e eu construímos:
tudo deixou de ser, menos teus olhos” (Neruda, 2009b, p. 106).
Em 2008, Adriano volta ao Brasil tentando recuperar o desejo de jogar futebol, fica seis
meses no São Paulo e retorna de empréstimo novamente para a Itália. No entanto, mesmo
melhor, o imperador não consegue repetir sua boa fase no time de Milão. Em maio de 2009,
Didico decide voltar ao Flamengo, seu amor de infância “E fui como um ferido pelas ruas até
que compreendi que havia encontrado amor, meu território de beijos e vulcões” (Neruda, 2009b,
p. 13). Após 8 anos, Adriano retorna à Gávea para vestir a 10 de Zico “Quero fazer contigo, o
que a primavera faz com as cerejas” (Neruda, 2006, p. 15).
Na quarta rodada do campeonato, o Imperador estreia contra o Atlético Paranaense e
faz um dos gols da vitória (2x1). O certo é que tremeu a noite pavorosa, a aurora encheu todas
as taças com seu vinho e o sol estabeleceu sua presença celeste” (Neruda, “Cem sonetos de
amor”). Pela sétima rodada, o Flamengo bate o invicto Internacional com uma goleada de
4x0”. Adriano faz 3, um deles de falta, lembrando o lendário Galinho. Também com gol de
Adriano, o Flamengo vence o Botafogo no reencontro depois do tri carioca vencido em cima
do rival naquele ano. “Passam por mim seus corações bêbados de vinho e de sonhar. Sou uma
ponte imóvel entre o coração e a eternidade” (Neruda, 2009d, p. 77).
Na décima primeira rodada do primeiro turno, o Flamengo empatou em casa por 1x1
contra o Barueri, e a torcida se despediu do técnico Cuca. No jogo seguinte, sob a liderança do
técnico e ídolo Andrade, o Flamengo conquistou uma vitória sobre o Santos na Vila Belmiro.
“Recordarás talvez aquele homem afilado que da escuridão saiu com uma faca e, antes de que
soubéssemos, sabia: viu a fumaça e decidiu que vinha do fogo” (Neruda, 2009b, p. 86).
No segundo turno, Adriano e Pet crescem. Adriano desembesta a fazer gol e vai se
firmando como artilheiro do campeonato. Pet brinca de fazer gols olímpicos, um contra o
Palmeiras (0x2 Fla) e outro contra o Atlético Mineiro (1x3 Fla). O Flamengo pula para a terceira
colocação a quatro rodadas do final e entra na briga pelo título. “Sou eu, meu amor, quem
golpeia a tua porta” (Neruda, 2006, p. 44). Na penúltima rodada, após vencer o Corinthians por
“2x0” o Flamengo assume pela primeira vez a liderança do campeonato. “Tudo era dos outros
12
No ano de 1953, Neruda constrói uma casa em Santiago para se encontrar com sua amante Matilde. Essa casa
foi apelidada de La Chascona. Matilde foi uma das esposas de Neruda, a ela ele dedicou a obra “Os Versos do
Capitão” – um lindo livro de poesias de amor.
Perolina Souza TELES; Elder Silva CORREIA e Fabio ZOBOLI
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 15
e de ninguém, até que tua beleza e tua pobreza de dádivas encheram o outono” Cem sonetos
de amor (Neruda, 2009b, p. 52).
Em uma partida dramática, na última rodada, o Flamengo venceu o Grêmio de virada
por 2x1 e se consagrou hexacampeão brasileiro. O Imperador, Adriano, chorou diante de 85 mil
torcedores no Maracanã. “Sucedeu neste mês e nesta pátria. Foi tão inesperado o que aconteceu,
mas assim foi: de um dia ao outro dia aquele país se encheu de cerejas” (Neruda, 2006, p. 64).
Em 2010, após fundar o Império do Amor” com o atacante Wagner Love, Adriano se despediu
do Flamengo de maneira conturbada. Embora tenha tentado retornar e jogar outras duas vezes
pelo clube, seu desempenho não foi notável. Em 2011, ele conquistou um título brasileiro pelo
Corinthians. Atualmente, o Imperador está aposentado dos campos e frequentemente expressa
seu amor pelo Flamengo em suas aparições públicas e nas redes sociais.
Pablito é rei da poesia, um intelectual de esquerda. Aqui um intervalo para um litígio:
“Existe intelectuais de direita?” “Percebeste que o outono é como uma vaca amarela?” (Neruda,
2009a, p. 41). Neruda foi amigo de Vinícius de Moraes, um declarado botafoguense. Acho que
por vergonha, Vinícius nunca levou Neruda ao estádio para ver o Botafogo. “Se Pablo Neruda
tivesse ido ao Maraca em dia de jogos do Flamengo, seus poemas seriam ainda melhores”.
Considerações finais
Como dito na introdução deste ensaio, tanto as artes como o esporte são alvos do
investimento do regime fascista. Este esforço pode ser tanto para a promoção e propaganda do
pensamento fascista ou, pelo contrário, para censurar e apagar pensamentos divergentes ao
movimento. No caso específico do futebol, todo esse contexto se potencializa considerando seu
alcance sociocultural. Como podemos observar nos versos de Carlos Drummond de Andrade,
“Futebol se joga no estádio? Futebol se joga na praia, futebol se joga na rua, futebol se joga na
alma. A bola é a mesma: forma sacra para craques e pernas-de-pau. Mesma a volúpia de chutar
na delirante copa-mundo ou no árido espaço do morro” (Recanto do poeta, 2024).
As ditaduras latino-americanas descritas nas crônicas sobre o Brasil e o Chile também
tiveram outras vítimas literárias, além de Manoel de Barros e Pablo Neruda. No Brasil,
escritores e romancistas como Jorge Amado, Nelson Rodrigues, Érico Veríssimo, Rubem
Fonseca e Maria da Conceição Tavares não escaparam da censura imposta pelo regime militar.
Da mesma forma, no Chile, o regime de Augusto Pinochet também cerceou a liberdade de
expressão de vários escritores. O romancista Luís Sepúlveda (1949) foi preso após o golpe de
Ditadura, futebol e literatura: Por uma educação antifascista
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 16
1973, e Roberto Bolaño (19532003), defensor de ideologias de esquerda, sofreu represálias de
Pinochet por ter apoiado o movimento revolucionário de Salvador Allende.
No futebol chileno, a história de Carlos Caszely é emblemática. Jogador de um dos times
mais populares do Chile, o Colo-Colo, Caszely recusou o aperto de mão de Pinochet pouco
antes da seleção chilena embarcar para a Copa do Mundo de 1974, realizada na então Alemanha
Oriental. Esse ato de desobediência teve graves consequências; enquanto Caszely disputava a
Copa, sua mãe foi sequestrada e torturada pelo regime de Pinochet. Carlos soube do sequestro
de sua mãe somente quando retornou ao Chile após La Roja
13
ser eliminada da Copa.
No ano de 1988 durante o plebiscito que definiria ou não a permanência dos militares
no poder, Caszely fez campanha contra os ditadores. Ele gravou um vídeo ao lado de sua mãe
fazendo campanha pelo “não” a ditadura. A revelação da tortura da mãe do El rey del metro
cuadrado
14
, emocionou a população. Tal episódio até então tinha ficado reservado a família a
alguns poucos amigos.
Muitos creditam a esse vídeo o fim da ditadura. Impossível confirmar. Mas os
atos de El rey delmetro cuadrado, tanto em 1973, ao negar a mão a Pinochet,
e em 1988, ao fazer o depoimento ao lado da mãe, certamente emprestaram
dignidade ao futebol e ao povo chileno em um dos períodos mais cinzentos de
sua história (Jardim, 2020, p. 104).
No Brasil, além dos companheiros de Sócrates na democracia corintiana, os citados
Casagrande, Wladimir e Zenon, também vale menção outros jogadores que também lutaram
conta a milícia do golpe militar: Reinaldo e Afonsinho.
Reinaldo quando criaa viu seu vizinho e amigo da família ser preso pela ditadura sob
a acusação de ser simpatizante do ideário comunista. Anos mais tarde ele se politizava lendo
livros considerados “subversivos” pelo governo antidemocrático. Dessas leituras, ele
materializou o gesto que passou a utilizar para comemorar os seus gols a partir de 1976: o braço
direito erguido com punho cerrado. Da boca do Rei Reinaldo “Passei a dar uma conotação
política à comemoração. Uma coisa meio Black Power, que era dos negros norte-americanos
15
(Jardim, 2020, p. 140). Por conta de seu posicionamento político, José Reinando de Lima (1957)
13
La Roja A vermelha é o apodo da seleção chilena. A cor faz menção as cores da camisa da escrete chilena
de Futebol.
14
El rey del metro cuadrado o rei do metro quadrado era o apelido de Carlos Humberto Caszely Garrido
(1950). A sua facilidade de driblar e dominar a bola lhe rendeu esse emblemático apodo.
15
“Reinaldo cita o movimento dos Panteras Negras, que surgiu no final dos anos 60 nos EUA para lutar contra a
segregação racial. O gesto ficou mundialmente famoso quando dois atletas negros, Tommie Smith e Jonh Carlos,
ambos ligados ao grupo, ergueram seus braços para comemorar a conquista das medalhas de ouro e bronze nos
200m nos Jogos Olímpicos da Cidade do México, em 1968” (Jardim, 2020, p.140).
Perolina Souza TELES; Elder Silva CORREIA e Fabio ZOBOLI
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 17
teve convocações a seleção vetadas, no entanto, chegou a disputar a Copa de 1978 na Argentina,
país que estava também em plena ditadura. O maior ídolo da história do Atlético Mineiro conta
que os militares infiltrados na seleção brasileira aconselhavam ele a comemorar com os dois
braços erguidos e a não misturar política e futebol.
Afonso Celso Garcia Reis, o Afonsinho é conhecido no futebol por ter conseguido o
“passe livre”. No Botafogo começou a ser deixado de lado pelo então técnico Mário Jorge Lobo
Zagallo por seu posicionamento político. O time de General Severiano não o utilizava, mas
também não o negociava, ele ficou preso a esse imbróglio até enfim conseguir sua alforria na
justiça em maio de 1971. Sua barba e cabelos compridos eram repelidos no clube, um dos
dirigentes (da cúpula dos militares) chegou a dizer que ele tinha mais cara de guitarrista cantor
de do que de jogador de futebol. Por conta de seu posicionamento político, Afonsinho
ficou de fora da Copa de 1978. Em entrevista ao UOL esportes, ele menciona que guarda uma
mágoa por não ter sido convocado no auge de sua carreira, porém, alega que jamais mudaria
suas atitudes para conseguir isso. Ter sido jogador da seleção teria sido muito bom, mas foi
melhor ter assumido as posições que eu assumi. Pelo menos, eu me sinto mais íntegro (Gentile;
Lima, 2020).
Ao seleto grupo de defensores da democracia, pode-se incluir o técnico João Saldanha,
que comandava a seleção brasileira até um ano antes da Copa de 1970. Saldanha recusou-se a
acatar as orientações do então presidente General Emílio Garrastazu Médici para a convocação
da seleção, resultando em sua demissão do cargo. Devido à sua coragem e integridade em não
seguir as imposições do presidente, João Saldanha ficou conhecido como “O João Sem Medo”.
Em seu lugar, foi escolhido o técnico que se mostrou mais conformista, Mário Zagallo.
Além disso, o irmão mais velho de Zico, Nando, que fora filósofo e professor fora dos
campos de futebol, também foi um dos ex-jogadores perseguidos pela ditadura militar de 1964.
Fernando Antunes Coimbra:
Estudante de filosofia, aos 18 anos teve a “audácia” de fazer parte, ao lado da
irmã Zezé, do Plano Nacional de Alfabetização, sob a coordenação do
educador Paulo Freire, em 1963. Com o golpe militar, no ano seguinte, por ter
participado da empreitada “revolucionária”, Nando foi considerado
subversivo e teve de deixar os gramados após ser escanteado por times do
Brasil e de Portugal, país que também vivia sob ditadura. Na volta ao Rio,
chegou a ser preso e passar dois dias e duas noites em pé, com os braços
erguidos e com um mosquetão apontado para as costas (Jardim, 2020, p. 22).
Retomando o objetivo deste ensaio, que foi interpelar futebol e literatura com a intenção
de refletir sobre a história e a memória, tensionando questões que possam desnaturalizar e
Ditadura, futebol e literatura: Por uma educação antifascista
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 18
combater o pensamento fascista, considera-se que ambas as artes podem ser espaços
privilegiados para a análise e combate ao fascismo. Isso se deve ao fato de que possibilitam a
percepção da inscrição social do desejo e dos modos de vida moldados por esse desejo.
Ao apostar na educação para além da escolarização, como meio de produção de modos
de vida mais potentes e alinhados com as premissas de uma sociedade democrática e
republicana, a problemática do fascismo, tal como abordada aqui, leva à compreensão de que
seu combate não se dá apenas por meio de uma tomada de consciência. Em vez disso, requer a
produção social de desejos que sejam distintos daqueles que sustentam o fascismo. Isso implica
que a educação, embora não exclusivamente responsável, também tem o compromisso de lutar
contra tudo o que visa o aniquilamento e a repressão das múltiplas formas de vida que permeiam
o tecido social, assim como contra os fascismos que se encontram profundamente enraizados
na experiência corpórea.
Contudo, além de adotar um tom crítico, é necessário que a educação também assuma
um tom ético. Como nos lembra Foucault (1977), não é preciso ser triste para ser militante,
mesmo que o objeto de nossa luta, como é o caso do fascismo, seja abominável. Nesse sentido,
tanto o futebol quanto a poesia podem ser instrumentos de uma luta alegre e ativa contra o
fascismo, uma vez que, como insiste Foucault (1977), é a conexão do desejo com a realidade
que possui uma força revolucionária. Assim, ambas as artes podem nos colocar em contato com
uma experiência educativa vinculada à crueza do real.
Diante disso, conclui-se que as crônicas citadas, ao relacionarem jogadores, literatura,
futebol e poetas, promovem uma aprendizagem significativa por meio da leitura. Esse
movimento é simbolizado pela bola, que, conforme afirma João Cabral de Melo Neto, possui
diversas representações: “A bola não é a inimiga como o touro, numa corrida; e, embora seja
um utensílio caseiro e que se usa sem risco, não é o utensílio impessoal, sempre manso, de gesto
usual: é um utensílio semivivo, de reações próprias como bicho” (Melo; Neto, 2024, on-line).
Da mesma forma, a palavra em um texto se comporta enquanto aguarda seu leitor.
Segundo Larrosa (2019, p. 175), a leitura é uma experiência que envolve tanto o ensino
quanto a aprendizagem, estando intrinsecamente relacionada às formas de estabelecer conexões
consigo mesmo e com o outro. A experiência com a palavra nunca ocorre de maneira isolada,
assim como os processos educativos, ler, escrever, interpretar, aprender e ensinar, são práticas
que exigem trocas e podem gerar múltiplos significados. “Por isso, dar o texto é oferecê-lo
como um dom e, nesse mesmo oferecimento, abrir uma dívida e uma tarefa da leitura, a dívida
Perolina Souza TELES; Elder Silva CORREIA e Fabio ZOBOLI
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 19
que se salda assumindo a responsabilidade da leitura, a tarefa que se cumpre no
movimento de ler”.
REFERÊNCIAS
BARROS, M. de. Poema: O apanhador de desperdícios Manoel de Barros Com gabarito.
Armazém de textos, Barra do Garças, MT, 7 dez. 2018. Disponível em:
https://armazemdetexto.blogspot.com/2018/03/poema-o-apanhador-de-desperdicios.html
Acesso em: 9 jul. 2024.
BARROS, M. de. Poesia completa: Manoel de Barros. São Paulo: Leya, 2010.
DELEUZE, G.; GUATTARI, F. O Anti-Édipo: capitalismo e esquizifrenia. São Paulo:
Editora 34, 2010.
DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil Platôs: Capitalismo e esquizofrenia. São Paulo: Editora
34, 2012. v. 3
FOUCAULT, M. Preface. In: DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Anti-Oedipus: Capitalism and
Schizophrenia. New York: Viking Press, 1997.
GENTILE, B.; LIMA, V. O primeiro jogador livre: Afonsinho conta como desafiou sistema
para ser primeiro jogador livre do futebol brasileiro em plena ditadura. UOL ESPORTES, 1
maio 2020. Disponível em: https://www.uol.com.br/esporte/reportagens-especiais/afonsinho-
liga-jejum-apos-copa-de-1970-da-selecao-com-a-ditadura-comissoes-tecnicas-tinham-
intervencao/#cover. Acesso em: 13 abr. 2024.
IPIRANGA, S. O papel da literatura na BNCC: ensino, leitor, leitura e escola. Revisa de
Letras, [S. l.], v. 1, n. 38, jan./jun. 2019. Disponível em:
https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/49493/1/2019_art_sdsipiranga.pdf Acesso em: 10 jul.
2024.
JARDIM, R. Democracia Fútbol Club: o jogo de bola além das quatro linhas. São Paulo:
Editorial Ludopédio, 2020.
LARROSA, J. Pedagogia profana: danças, piruetas e mascaradas. 6. ed. Belo Horizonte:
Autêntica Editora, 2019.
MELO NETO, J. C. de M. Futebol e poesia: 11 poemas sobre o esporte. Recanto do poeta.
Disponível em: https://recantodopoeta.com/futebol-e-poesia-11-poemas-sobre-o-esporte/
Acesso em: 05 maio 2024.
NERUDA, P. Presente de um poeta. Cotia: Vergara & Riba Editoras, 2006.
NERUDA, P. Livro das perguntas. 2. ed. Porto Alegre: L&PM, 2009a.
NERUDA, P. Cem sonetos de amor. 2 ed. Porto Alegre: L&PM, 2009b.
Ditadura, futebol e literatura: Por uma educação antifascista
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 20
NERUDA, P. O coração amarelo. 2 ed. Porto Alegre: L&PM, 2009c.
NERUDA, P. Crepusculário. 2 ed. Porto Alegre: L&PM, 2009d.
RODRIGUES, N. Futebol e poesia: 11 poemas sobre o esporte. Recanto do poeta, Balsas,
MA, 22 fev. 2022. Disponível em: https://recantodopoeta.com/futebol-e-poesia-11-poemas-
sobre-o-esporte/ Acesso em: 05 maio 2024.
ZOBOLI, F.; SOUZA, P. Sócrates e Manoel de Barros ou sobre poemas e um jogador
concebidos sem pecado. Ludopédio, São Paulo, v. 168, n. 28, 2023. Disponível em:
https://ludopedio.org.br/arquibancada/socrates-e-manoel-de-barros-ou-sobre-poemas-e-um-
jogador-concebidos-sem-pecado/. Acesso em: 7 maio 2024.
ZOBOLI, F; CORREIA, E. S. De Neruda para o Imperador… alguns poemas de amor.
Ludopédio, São Paulo, v. 157, n. 4, 2022. Disponível em:
https://ludopedio.org.br/arquibancada/de-neruda-para-o-imperador-alguns-poemas-de-amor/
Acesso em: 07 maio 2024.
Perolina Souza TELES; Elder Silva CORREIA e Fabio ZOBOLI
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 21
CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Não aplicável.
Financiamento: Este ensaio foi apoiado com recursos do Programa de Pós-Graduação em
Educação da Universidade Federal de Sergipe PPGED/UFS, do Programa de apoio ao
Pesquisador à Pós-Graduação PROAP 3-2024
Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse.
Aprovação ética: Não aplicável.
Disponibilidade de dados e material: Não aplicável.
Contribuições dos autores: Perolina Souza Teles: Redação do artigo; Autora da crônica
1; Revisão Crítica do conteúdo intelectual importante. Elder Silva Correia: Redação do
artigo; Autor da crônica 2; Revisão Crítica do conteúdo intelectual importante. Fabio
Zoboli: Redação do artigo; Autor das duas crônicas; Revisão Crítica do conteúdo
intelectual importante. Todos os autores leram e aprovaram a versão final do manuscrito.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 1
DICTATORSHIP, FOOTBALL AND LITERATURE: FOR AN ANTIFASCIST
EDUCATION
DITADURA, FUTEBOL E LITERATURA: POR UMA EDUCAÇÃO ANTIFASCISTA
DICTADURA, FÚTBOL Y LITERATURA: POR UNA EDUCACIÓN ANTIFASCISTA
Perolina Souza TELES1
e-mail: perolinasouza@hotmail.com
Elder Silva CORREIA2
e-mail: eldercorreia21@gmail.com
Fabio ZOBOLI3
e-mail: zobolito@gmail.com
How to reference this paper:
TELES, P. S.; CORREIA, E. S.; ZOBOLI, F. Dictatorship, football
and literature: For an antifascist education. Revista on line de
Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021,
2024. e-ISSN: 1519-9029. DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485
| Submitted: 20/06/2024
| Revisions required: 08/07/2024
| Approved: 14/07/2024
| Published: 19/08/2024
Prof. Dr. Sebastião de Souza Lemes
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Federal University of Sergipe (UFS), São Cristóvão SE Brazil. Doctoral degree candidate in Education.
2
Federal University of Sergipe (UFS), São Cristóvão SE Brazil. Professor, Department of Physical Education
(DEF).
3
Federal University of Sergipe (UFS), São Cristóvão SE Brazil. Professor, Graduate Program in Education
(PPGED).
Dictatorship, football and literature: For an antifascist education
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 2
ABSTRACT: This essay aims to explore football and literature with the intention of reflecting
the history and memory, addressing issues that can help denaturalize and combat fascist
thinking. In this manner, this writing proposes to think about football through an antifascist and
democratic lens. In order to do this, we bring literature and sports into the spotlight, anchored
here in poetry and football. From this perspective, two former players associated with the
history of the Clube de Regatas do Flamengo (Sócrates Brasileiro and Adriano Imperador) are
brought here to converge with two characters from Latin American poetry (Manoel de Barros
and Pablo Neruda). By exposing two chronicles related to football and poetry, it is believed that
it is possible to witness the inscription of a "non-fascist" desire, which should guide all forms
of educational thinking that involve teaching and learning through reading.
KEYWORDS: Football. Fascism. Military Dictatorship. Literature. Antifascist Education.
RESUMO: Este ensaio tem como objetivo interpelar futebol e literatura, com a intenção de
reflexionar a história e a memória, tensionando questões que possam desnaturalizar e
combater o pensamento fascista. Deste modo, o presente escrito se propõe pensar o futebol
pelo viés antifascista e democrático. Para tal, traz ao palco a literatura e o esporte, aqui
ancorado na poesia e no futebol. Sob esta mirada, foram trazidos dois ex-jogadores ligados a
história do Clube de Regatas do Flamengo (Sócrates Brasileiro e Adriano Imperador) para
fazer convergência com dois personagens da poesia latino-americana (Manoel de Barros e
Pablo Neruda). A partir da exposição de duas crônicas, que relacionam futebol e poesia,
acredita-se na possibilidade de acompanhar a inscrição de um desejo “não-fascista”, que deve
orientar toda e qualquer forma de pensamento educativo, que envolve o ensinar e o aprender,
através da leitura.
PALAVRAS-CHAVE: Futebol. Fascismo. Ditadura Militar. Literatura. Educação
antifascista.
RESUMEN: Este ensayo pretende interpelar al fútbol y la literatura, con la intención de
reflexionar sobre la historia y la memoria, planteando interrogantes que puedan desnaturalizar
y combatir el pensamiento fascista. De esta manera, este escrito propone pensar el fútbol desde
una perspectiva antifascista y democrática. Para ello, lleva al escenario la literatura y el
deporte, aquí anclados en la poesía y el fútbol. Bajo esta mirada se trajo a dos exjugadores
vinculados a la historia del Clube de Regatas do Flamengo (Sócrates Brasileiro y Adriano
Imperador) para converger con dos personajes de la poesía latinoamericana (Manoel de
Barros y Pablo Neruda). A partir de la exposición de dos crónicas, que relacionan fútbol y
poesía, creemos en la posibilidad de acompañar la inscripción de un deseo “no fascista”, que
debe guiar todas y cada una de las formas de pensamiento educativo, que implica enseñar y
aprender, a través de la lectura.
PALABRAS CLAVE: Fútbol. Fascismo. Dictadura militar. Literatura. Educación antifascista.
Perolina Souza TELES; Elder Silva CORREIA and Fabio ZOBOLI
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 3
Introduction
In our recent history, more precisely since the 2014 World Cup held in Brazil, we have
witnessed the rise of fascist demonstrations within Brazilian society. The iconic yellow jersey
of the national soccer team was appropriated as a symbol by the militants of the Brazilian far-
right, whose main slogan was "Our flag will never be red." For them, wearing the yellow jersey
was a way to reaffirm their intentions. The boos directed at President Dilma Rousseff in the
football stadiums during the World Cup planted the seed of the 2016 coup.
This is just one of many examples that demonstrate that fascism is a totalitarian political
movement fundamentally based on nationalism. It opposes individual freedoms and expressions
in the name of nationalist purity. Therefore, fascism is an authoritarian regime and, as a
consequence, anti-democratic. As it is authoritarian, it advocates for the restriction of freedoms
and the annihilation of its opponents.
In addition to the exacerbation of nationalist sentiment and the suppression of its
opponents, fascism also revolves around the centralization of power in the hands of a leader;
the alignment of its values with religious beliefs; the persecution of opponents, often through
imprisonment, torture, and sometimes death; the use of militarism as a control mechanism; and
the censorship of the media, arts, music, cinema, literature, and others.
Fascism is synonymous with violence, extermination, and the obliteration of
differences. History, shamefully, offers numerous examples of totalitarian regimes around the
world: Benito Mussolini's Italy (1922-1943), Adolf Hitler's Nazi Germany (1933-1945),
Francisco Franco's bloody Spain (1939-1975); Brazil's civil-military coup that installed the
dictatorship from 1964 to 1985; Chile under General Augusto José Ramón Pinochet Ugarte
(1973-1990). Unfortunately, the list is much longer. Fascism today reinvents itself, allowing
world powers to continue flirting with fascist and anti-democratic regimes.
Thus, this essay positions itself as both antifascist and democratic. To this end, it brings
literature and sports, anchored in poetry and football, into the discussion. It is worth noting that
both football and literature are platforms through which fascism operates, but also through
which resistance to it emerges. Nelson Rodrigues was right when he stated, "Many times it is a
lack of character that decides a match. One does not create literature, politics, or football with
good intentions" (Rodrigues, 2024, our translation).
Dictatorship, football and literature: For an antifascist education
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 4
The following writing is the result of an extension project titled Urubu de letra, which
aims to narrate, through chronicles
4
, the passion for Clube de Regatas do Flamengo. However,
this narrative seeks to go beyond a mere discussion of football fervor; it intends to connect
Flamengo with themes related to the humanities and cultural studies, through the lens of
literature. Thus, this text proposes, by focusing on a segment of the project, to link writings that
connect Flamengo and its historical figures from a democratic perspective, juxtaposing two
poets with two players.
The intentions behind this project involve the understanding that literature, as a
sociocultural production of humanity, can build bridges between academic knowledge and life
stories, thereby bringing academia closer to society through educational formation. It is in this
context that we see the practice of writing, relating sport, poetry, and art, as a medium with the
pedagogical potential to break free from the walls of the university and reach readers beyond
the confines of educational institutions. According to Sarah Ipiranga (2019, p. 106, our
translation):
Literary texts represent a repository of knowledge experienced by humanity
and re-signified through language. In them, behaviors, profiles, and ways of
life are outlined, revealing the often tortuous processes of human 'occupation,'
and offering insights to reflect on our present and the conditions under which
we wish to shape our future.
In alignment with our intent, Jorge Larrosa (2019) suggests that the reader creates a
poetic stage marked by observation and the depersonalization of the object of contemplation
and formal discipline. This allows the reading of a poem to transcend the poet's intimacy,
turning it into a moment of distant contemplation that adheres to the reader independently. The
author's suggestion is that reading is an exercise in listening and that, in itself, it can lead the
reader to reflect on what has been read.
From this perspective, this essay brings forth two former players associated with the
history of Clube de Regatas do Flamengo, converging with two figures from Latin American
poetry. In this context, Sócrates Brasileiro and Adriano Imperador share the stage with two of
the greatest exponents of Latin American literature: Manoel de Barros and Pablo Neruda. The
4
The two chronicles that we present below were published on the portal Ludopédio the largest football portal
in Latin America. This portal has a political scope linked to football and democracy. It is a media outlet that fights
against gender and racial prejudice in the sports field, in addition to preserving the sports memory of football.
Perolina Souza TELES; Elder Silva CORREIA and Fabio ZOBOLI
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 5
selection of these figures for the “game” of this writing is intended to challenge fascism and
oppose all forms of antidemocratic ideologies propagated by this political ideology.
Thus, the present essay aims to intertwine football and literature with the intention of
reflecting on history and memory, addressing issues that can form the foundation for antifascist
education. It is through the path of reading that we dare to present the word as a lesson, as Jorge
Larrosa (2019) asserts, a lesson is an invitation to reading. In some way, the chronicles
presented here underscore the importance of the writer’s availability and the reader’s
receptiveness. For this author, this educational process of teaching and learning occurs within
a Mútua entrega: condição em um duplo devir
5
” (Larrosa, 2019, p. 174, our translation).
It is in this context that Sócrates, one of the key figures of the Corinthian democracy,
exchanges passes with Manoel de Barros, both having in common the persecution they faced
during the Brazilian dictatorship. Following this, Adriano Imperador is highlighted alongside
the Chilean Pablo Neruda to reflect on love and difference. Before that, in the next section, the
analysis of the fascism phenomenon through the philosophy of Gilles Deleuze and Félix
Guattari will be discussed.
For a Non-Fascist Life
How does one avoid becoming a fascist, especially when (and even more so when)
one believes oneself to be a revolutionary militant?
(Foucault in Anti-Oedipus: Capitalism and Schizophrenia”, 1977, our translation)
In writing the preface
6
for the American edition of "Anti-Oedipus" by Deleuze and
Guattari, Foucault highlights fascism as the central adversary or primary enemy of the work.
However, Foucault (1977) insists that the fascism which the project of "Anti-Oedipus" combats
is not solely the historical fascism of Mussolini and Hitler but, more importantly, the fascism
that resides within all of us, permeating our everyday behaviors. In other words, fascism is not
only an institutionalized form of government but also a way of life. From this perspective,
Foucault (1977) interprets the Deleuzian-Guattarian work as an introduction to a non-fascist
life.
To understand what allows Foucault to make such a claim, two key movements must be
undertaken, which will be presented in the development of this section: 1) understanding how
5
Mutual surrender: a condition in a double becoming.
6
FOUCAULT, M. Preface. In: DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Anti-Oedipus: Capitalism and Schizophrenia.
New York: Viking Press, 1977.
Dictatorship, football and literature: For an antifascist education
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 6
Deleuze and Guattari position desire as a fundamental element for comprehending fascism; and
2) how the articulation between micropolitics and macropolitics enables us to grasp both the
production of fascism and the means to combat it.
In the thought of Deleuze and Guattari (2010, 2012), fascism is addressed by
questioning how the masses can act against their interests, that is, why human beings endure
exploitation for so long, to the point of desiring exploitation for themselves and others. In this
sense, Deleuze and Guattari (2010) indicate that fascism is not merely a rational issue, in the
sense that the masses were deceived and thus surrendered to power, but rather that the masses,
at certain moments and under certain circumstances, have desired fascism. This is what needs
to be explained, fascism in terms of desire.
This perspective arises from Deleuze and Guattari’s (2010) understanding of desire not
as a lack, but as production. What does this mean? Desire is not a lack; it is not deficient in
some external object. Inspired by Spinoza, the authors conceive desire as the effort or
inclination toward something useful to the desire itself. Thus, from this perspective, according
to Deleuze and Guattari (2012), based on Spinoza, we do not desire something because it is
good; rather, it is good because we desire it. Desire is the production of reality, whereas
fundamentally, social production is, first and foremost, desiring-production.
Therefore, the desire circulating within subjects is neither self-contained nor stagnant
but is modified by the encounters a subject has. This means that desire is socially managed, in
that it is either expanded or constrained depending on the things (other subjects, work, music
one listens to, books one reads, etc.) with which the subject interacts and how these relationships
are established.
Within this line of reasoning, every mode of social production is a mode of circulation
and production of desire (2010; 2012), such that society is fundamentally a circuit of desiring-
production. The connection to fascism lies in the fact that all forms of submission do not occur
exclusively through force or power but through the capture of this desire. Consequently, the
key issue, according to Deleuze and Guattari (2012), is the analysis of the quality of desire, that
is, what forms of sociability certain desires generate, as well as what subjectivities are invested
in these forms of social relations.
This does not imply that Deleuze and Guattari disregard the materiality of social
production, situated at the macropolitical level, in favor of desire, understood as micropolitics.
There is no opposition between micropolitics and macropolitics, but rather an interconnection,
such that the entire social fabric, for Deleuze and Guattari (2012), is simultaneously molar
Perolina Souza TELES; Elder Silva CORREIA and Fabio ZOBOLI
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 7
(macro) and molecular (micro). At the molar or macropolitical level, society is understood in
binary and oppositional terms, such as categories of social class, gender, or political position
(left or right). However, these same categories, at the molecular or micropolitical level, are
distributed in ways that force their deconstruction, opening space for new experiences beyond
binarism and generating paradoxes within them.
In this sense, every social form, including fascism, is simultaneously molar and
molecular, macropolitical and micropolitical. If both levels are equally valued, it is because
Deleuze and Guattari (2012) understand that experiences occurring at the molecular and
micropolitical level only have an effect insofar as they are capable of, in some way,
redistributing the binary organizations of the molar and macropolitical level. Therefore, an
effective analysis of fascism can only be carried out through the articulation between
micropolitical and macropolitical levels.
Thus, there is a coexistence between the macropolitical and micropolitical levels, or
between the social and desire, which is the key interpretive framework that Deleuze and
Guattari (2012) provide for understanding the phenomenon of fascism. By proposing desire as
a fundamental element of this analysis, the authors indicate that desire is the condition both for
subjects to desire their servitude, moving toward fascism, and for the possibility of combating
it.
It is essential to emphasize, revisiting Foucault’s preface (1977), that desire is the
condition for both fascism and a non-fascist life. It is, therefore, the same process, capable of
mobilizing different ways of life. The central issue lies in the need for a keen perception, one
capable of understanding which modes of life are implicated in our social practices. If fascism
is, in its essence, a desire, as indicated by Deleuze and Guattari (2010; 2012), it becomes
relevant to analyze which desires guide our forms of sociability, considering that every mode
of social production is a form of desire inscription. It is up to us, therefore, to pursue those
modes that point toward an “art of non-fascist living,” as Foucault (1977) envisioned.
In light of this, we believe that both poetry and football present opportunities to
accompany the inscription of a “non-fascist” desire, as both are privileged spaces for
understanding the intersection between social production and desiring-production. In the
following sections, we propose an analysis of two chronicles that address football and poetry,
seeking to demonstrate the viability of combating fascism through the particular experiences
provided by these two arts (yes, football is also art!).
Dictatorship, football and literature: For an antifascist education
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 8
Sócrates and Manoel de Barros: On Poems and a Sinless Player
7
- And the words, do they have life?
- Words to them have flesh, affliction, pubic hairs and the color of ecstas
Manoel de Barros in O guardador de águas(Barros, 2010, p. 249, our translation)
Manoel de Barros (1916-2014), one of Brazil’s most illustrious poets, also known as
“the poet of insignificant things,” released his first work in 1937, Poemas concebidos sem
pecado
8
. Manoel emerged as a troubadour of simple things, exalting the grandeur of everyday
occurrences in his verses. In 1972, 35 years later, one of the greatest players in the history of
world football, Sócrates Brasileiro (1954-2011), was “conceived without sin” while playing for
Botafogo de Ribeirão Preto, forging his life through the virtue of struggle. As for us, self-
proclaimed sinners, we turn to Manoel de Barros when he asserts, “I have no mechanisms for
sainthood” (Barros, 2010, p. 311, our translation), and dare to say that the greatest sin of
Sócrates’ life was having played so little time wearing Flamengo’s jersey.
Due to his friendship with Zico, with whom he had been a loyal teammate on the
Brazilian national team, Sócrates joined Flamengo at the end of 1985 but left prematurely at
the beginning of 1987. “I am privileged. First Corinthians, now Flamengo. This is everything a
player could aspire to in their career,” Sócrates once remarked. Wearing Flamengo’s red and
black colors, Sócrates only played alongside Zico once. This encounter occurred in Flamengo’s
4-1 victory over Fluminense, where Zico silenced the rival fans who had called him “crippled”
as he was returning from yet another knee injury. In that match, Zico scored three goals,
showing the Fluminense crowd that A place without behavior is the heart” (Barros, 2010, p.
309, our translation).
Sócrates played only a handful of games for Flamengo, totaling 25 appearances and
scoring three goals. However, it was enough to secure a title with the Gávea team, as he was
part of the squad that won the 1986 Campeonato Carioca. Even if Sócrates had only played
once for Flamengo, he would still deserve a tribute in written form. After all, to write about
him, one must evoke poetry: “I do not want the good reason of things. I want the enchantment
of words” (Barros, 2010, p. 370, our translation). Therefore, in engaging with one of the most
7
This chronicle was published on the Ludopédio website on June 28, 2023 (Zoboli; Souza, 2023). Available at:
https://ludopedio.org.br/arquibancada/socrates-e-manoel-de-barros-ou-sobre-poemas-e-um-jogador-concebidos-
sem-pecado/. Accessed on: July 10, 2024.
8
Poems Conceived Without Sin.
Perolina Souza TELES; Elder Silva CORREIA and Fabio ZOBOLI
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 9
lyrical figures in Brazilian football, we have chosen the poet who defines poetry as “The honey
of words” (Barros, 2010, p. 370, our translation).
Thus, we enlist for this dialogue the distinguished member of the Brazilian poets’
selection, Manoel Wenceslau Leite de Barros, born in Cuiabá in December 1916. Throughout
his life, Manoel, together with his wife, Stella Leite, had three children and passed away in
Campo Grande at the age of 97 in 2014. His childhood, which permeates his verses, was spent
in the Pantanal, where his father, João Venceslau Barros, owned property. In his youth, he
moved to the capital of his home state to study at a boarding school and later to Rio de Janeiro,
where he studied Law and joined the Communist Party. Although he distanced himself from
party activism, Manoel de Barros never severed his connection to communist principles, turning
this ideology into a guiding force in his life. As he himself wrote: “Hunger is not a communist
invention, uncle” (Barros, 2010, p. 30, our translation).
With this work, Manoel de Barros began the publication of his poetry and reflections,
which largely focused on everyday elements and intimate observations of nature. His writing,
though often colloquial, stood out for its avant-garde approach, valuing the ordinary and
creating neologisms around the trivial. This accomplishment, though complex, was presented
by Manoel in an accessible and unpretentious manner. He himself stated that, regarding
nothingness, he had profound insights. “I am a picker of waste: I love leftovers like good flies.
I wanted my voice to have the shape of a song. Because I do not belong to information
technology: I belong to inventionology. I only use words to compose my silences” (Barros,
2024, our translation).
Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira was born in Belém do Pará,
but as a child, he moved with his family to Ribeirão Preto, São Paulo. His name, Sócrates, was
chosen by his father, a lover of philosophy and literature, who paid homage to one of his favorite
philosophers. Under the influence of letters, Sócrates’ father believed that “From the
perspective of being an insect, man might better understand metaphysics” (Barros, 2010, p. 323,
our translation). In 1964, following the military coup, Sócrates, then only 10 years old,
witnessed his father setting fire to his beloved books, an event that would deeply mark his life.
As he later reflected: “I am many shattered people(Barros, 2010, p. 313, our translation). This
episode contributed to Sócrates developing a passion for literary works, using them to fuel his
thirst for knowledge and freedom. Who walks the track is an iron train. I am water running
between stones: freedom finds a way” (Barros, 2010, p. 156, our translation).
Dictatorship, football and literature: For an antifascist education
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 10
In 1972, Sócrates joined the youth team of Botafogo de Ribeirão Preto (SP) while
simultaneously beginning his studies at the Faculty of Medicine. In 1977, he won the São Paulo
state championship with the Pantera da Mogiana team and graduated as a doctor from the
University of São Paulo in Ribeirão Preto. Manoel de Barros, whose work frequently touched
on childhood, might have dedicated these verses to Sócrates: “The boy is now a learned man
who deals with quantum physics. But he longs for the cans. He misses pulling by a dirty string
some sad cans” (Barros, 2010, p. 367, our translation). Between medical knowledge and the
nostalgia of playing with a ball, Sócrates chose his childhood passion: football.
In 1978, Sócrates bid farewell to Botafogo and joined Corinthians
9
, where he became
one of the greatest idols in the club’s history. Besides Botafogo de Ribeirão Preto and
Corinthians, Sócrates also played for Flamengo, Fiorentina in Italy (1984-1985), and Santos,
his childhood team (1988-1989). However, it was at Botafogo de Ribeirão Preto that he ended
his career, once again wearing the colors of the team that launched him (1989).
In addition to the nickname “Doctor,” earned due to his medical degree, Sócrates was
also known as Magrão” because of his tall stature and slim physique. As Barros describes: “I
was not made from the feet up” (Barros, 2010, p. 306, our translation). Due to his tiny feet,
disproportionate to his height, Sócrates developed a distinctive skill with his heels, often being
described as “a poorly planted post” (Barros, 2010, p. 316, our translation). On the midfield,
however, Sócrates displayed his genius, capable of combining footballing technique with the
poetic lightness that Manoel de Barros often described. He played with rare elegance, making
the complex seem simple. With his lanky frame and masterful ball control, Sócrates turned
football afternoons into spectacles of grace and beauty. I am capable of inventing an afternoon
from a heron” (Barros, 2010, p. 360, our translation).
Beyond the poetry expressed by Manoel de Barros with pencil and paper, and by
Sócrates with a ball and heel, what unites these two legendary figures is their “downward gaze.”
Both shared an ideology that championed equality and social justice, always keeping an eye on
the oppressed minorities, as reflected in Retrato do artista quando coisa
10
:
I learn more from bees than from airplanes. I was born with this downward
gaze. I grew up with this vision of the smaller being, the insignificant. The
fact that society kicks around like a cockroach grows in importance to my
eyes. I still do not understand why I inherited this downward gaze. I always
9
For Corinthians, Sócrates played 298 games, scored 172 goals, and won three São Paulo championship titles
(1979-1982-1983).
10
Portrait of the Artist as a Thing.
Perolina Souza TELES; Elder Silva CORREIA and Fabio ZOBOLI
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 11
imagine it comes from wounded ancestries. I was raised in the wild and
learned to love the little things on the ground before the celestial ones.
Abandoned people move me as much as the superbly insignificant things
(Barros, 2010, p. 361, our translation).
At the age of 18, during one of his militant activities, Manoel de Barros defaced a statue
in the capital city of Rio de Janeiro with the phrase “Long live communism.” The next day, the
police arrived at the boarding house where he was staying, intending to arrest him. However,
the establishment owner spoke so highly of the young man’s good character that the officers
were moved and let him go. Nevertheless, they confiscated his books and files, including the
manuscript of his unpublished first work, Nossa Senhora de minha escuridão
11
.
Like Manoel de Barros, Dr. Sócrates also faced hardships under the fascist regime of
the military dictatorship in Brazil. Along with other players such as Casagrande, Wladimir, and
Zenon, Sócrates played a leading role in the creation of the movement known as “Corinthians
Democracy” in 1983. This movement aimed not only to oppose the military dictatorship that
had persisted since the coup of 1964 but also to promote the Diretas campaign, which
advocated for the return of direct and democratic presidential elections.
Furthermore, within the internal management of Corinthians, the political movement
established a new form of democratic governance in which significant decisions for the club,
such as signings and internal regulations, were made collectively by the players, the coach, the
kit manager, and other team members, with everyone having an equal say in the decision-
making process.
Thus, Sócrates, as a citizen and a player, used his words and influence to make his mark
in the fight for democracy, contributing significantly to shaping a new chapter in Brazil’s
history. “We liked words when they disturbed the normal sense of ideas,says Manoel (Barros,
2010, p. 450). For his struggle and significance both on and off the field, Sócrates is worthy of
all the poetic license granted by Manoel de Barros. In his Livro das ignorãças, Manoel Manoel
mentions that “A sunflower appropriated God: it was in Van Gogh” (Barros, 2010, p. 301, our
translation). Therefore, to conclude this writing, we proclaim in paraphrase: A player
appropriated God: it was in Sócrates.
11
Our Lady of My Darkness.
Dictatorship, football and literature: For an antifascist education
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 12
From Neruda to the Emperor... Some Love Poems
12
What will those who haven’t touched my blood say of my poetry?
Pablo Neruda in Livro das perguntas” (Neruda, 2009a, p. 27, our translation)
What are great poets made of, if not an emotion that is almost always on the surface, a
cut capable of expelling blood through the pores, exposing their passions? For this visceral part
of the text, we have summoned the Chilean poet Pablo Neruda (1904-1973) to declare our love
for the great rubro-negro Emperor, Adriano Imperador (1982). In his vast body of work, Neruda
has several books dedicated to singing love in the form of poetry. Today, we will explore
fragments of those poems as we narrate Adriano’s trajectory at Flamengo.
The Chilean poet was born with the name Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto and
later created the pseudonym
13
Pablo Neruda, which eventually became his legal name. Is there
anything more foolish in life than being called Pablo Neruda?” (Neruda, 2009a, p. 71, our
translation). The rubro-negro player was born with the name Adriano Leite Ribeiro and during
a devastating season between 2003 and 2004, playing for Inter Milan in Italian football, he was
proclaimed “Emperor.” “Where is the boy I once was? Does he still live within me, or has he
gone?” (Neruda, 2009a, p. 95, our translation).
The similarities between them don’t stop there. Neruda never became an emperor, but
he was elected Senator in Chile for a term (1945-1948) under the Communist Party. In the same
year, he was elected, Neruda came to São Paulo to pay tribute to the political leader João Carlos
Prestes, and on that day, Pablo read to a packed Pacaembu stadium of over 100,000 spectators.
Adriano, on the other hand, never became a poet, but he crafted endless poems with the ball at
his feet. For us Flamengo supporters, the most beautiful were the “verses and rhymes” he
composed with Petkovic in the 2009 Brazilian Championship victory
14
. “Without a doubt,
everything I owe you is starred, what I owe you is like a well in a wild zone where time stored
wandering lightning” (Neruda, 2009b, p. 54, our translation).
Neruda began his career as a poet at an early age, at just 13 years old. His writing
encompasses a rich variety of styles: from passionate love poems to surrealist poetry and even
12
This article was published on the Ludopédio website on July 22, 2022 (Zoboli; Correia, 2022). Available at:
https://ludopedio.org.br/arquibancada/de-neruda-para-o-imperador-alguns-poemas-de-amor/.
13
Pseudonyms are “fictitious” names adopted by authors to sign works without using their civil names. The
function of pseudonyms is to preserve the author’s identity or even to “look charming”. It is important to mention
that this resource is not restricted to and exclusive to the publishing market. They are also used by journalists to
preserve the identity and security of their sources when producing reports.
14
In 2009, in addition to the title of Brazilian champion, Adriano was also the top scorer in the competition, along
with Diego Tardelli, with 19 goals each.
Perolina Souza TELES; Elder Silva CORREIA and Fabio ZOBOLI
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 13
political writings and manifestos. At only 17, he started his studies at the University of Chile,
his Alma Mater. In 1965, he was awarded the title of Doctor Honoris Causa by the British
University of Oxford. In October 1971, he received his greatest accolade: Pablo Neruda was
awarded the Nobel Prize in Literature. In 2004, in celebration of the centenary of his birth, the
Ibero-American Poetry Prize Pablo Neruda was established in his honor.
Adriano also began his career as a player at a young age. At 9, he joined Flamengo’s
futsal youth divisions and soon transitioned to football. He made his professional debut for
Flamengo in 1999, and by the time he left in 2001, he had won two Campeonato Carioca titles
(2000-2001) and the 2001 Supercopa dos Campeões. “My love has two lives to love you. That
is why I love you when I do not love you, and that is why I love you when I do” (Neruda, 2009b,
p. 54, our translation). However, his skill with the ball quickly took him to Europe, and in 2001,
Adriano was sold to Inter Milan. Before establishing himself at the Milanese club in 2004,
Adriano was loaned to Fiorentina and Parma.
Abroad, his most excellent club was Internazionale, where he won four national titles:
two Italian Super Cups and two Coppa Italia titles. In 2006, following the death of his father,
Didico (a family nickname) saw his career decline. Sadness, depression, and involvement with
alcohol turned the emperor’s life into the tones of “a desperate song.” “He tried green sleeping
pills and extravagant alcohols, swam in beer foam, sought doctors, read pharmacopeias and
almanacs, chose love at that hour, but everything proved futile...” (Neruda, 2009c, p. 71, our
translation).
In addition to being a poet, Neruda was a significant intellectual in politics and was
always committed to social and humanitarian issues in Chile and Latin America. Pablo Neruda
was actively involved in the Communist Party and was forced into exile multiple times due to
political persecution. In 1970, he withdrew his candidacy for the Chilean presidency to support
Salvador Allende, who won the election that year. However, on September 11, 1973, Allende
was overthrown in a coup led by General Augusto Pinochet. Just days after the coup, on
September 23, Neruda passed away. The cause of his death remains uncertain: some attribute
it to the sadness resulting from the coup, while others believe it was due to prostate cancer.
After the coup, Pinochet ordered the looting of Pablo’s house (La Chascona
15
), in the
Chilean capital of Santiago and commanded that his books be burned. “At that moment, books
15
In 1953, Neruda built a house in Santiago to meet his lover Matilde. This house was nicknamed La Chascona.
Matilde was one of Neruda’s wives, and he dedicated his work “The Captain’s Verses” to her a beautiful book
of love poems.
Dictatorship, football and literature: For an antifascist education
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 14
ended, the friendship ended, the tirelessly accumulated treasures, the transparent house you and
I built: everything ceased to be, except your eyes” (Neruda, 2009b, p. 106, our translation).
In 2008, Adriano returned to Brazil, attempting to regain his passion for playing
football. He spent six months in São Paulo before returning to Italy on loan. However, despite
some improvement, the Emperor was unable to replicate his good form at the Milan club. In
May 2009, Didico decided to return to Flamengo, his childhood love. “And I wandered like a
wounded man through the streets until I realized that I had found love, my territory of kisses
and volcanoes” (Neruda, 2009b, p. 13, our translation). After eight years, Adriano returned to
Gávea to wear Zico’s iconic number 10 shirt. “I want to do with you what spring does to the
cherries” (Neruda, 2006, p. 15, our translation).
In the fourth round of the championship, the Emperor made his debut against Atlético
Paranaense and scored one of the goals in the victory (2-1). “What is certain is that the dreadful
night trembled, the dawn filled all the cups with its wine, and the sun established its celestial
presence” (Neruda, “One Hundred Love Sonnets”). In the seventh round, Flamengo defeated
the undefeated Internacional with a 4-0 rout. Adriano scored three goals, one of them from a
free kick, reminiscent of the legendary Galinho. With another goal from Adriano, Flamengo
beat Botafogo in the rematch after winning the Carioca tri-championship over their rival earlier
that year. “Their hearts drunk with wine and dreams pass by me. I am a still bridge between the
heart and eternity” (Neruda, 2009d, p. 77, our translation).
In the eleventh round of the first half of the season, Flamengo drew 1-1 at home against
Barueri, and the fans bid farewell to coach Cuca. In the following match, under the leadership
of coach and idol Andrade, Flamengo secured a victory over Santos at Vila Belmiro. “You may
recall that sharp man who emerged from the darkness with a knife, and before we knew it, he
understood: he saw the smoke and decided it came from the fire” (Neruda, 2009b, p. 86, our
translation).
In the second half of the season, Adriano and Petkovic excelled. Adriano started scoring
goals prolifically and established himself as the top scorer of the championship. Petkovic played
with flair, scoring two Olympic goalsone against Palmeiras (0-2 Fla) and another against
Atlético Mineiro (1-3 Fla). Flamengo jumped to third place with four rounds remaining and
entered the title race. “It is I, my love, who knocks on your door” (Neruda, 2006, p. 44). In the
penultimate round, after defeating Corinthians 2-0, Flamengo took the lead in the championship
for the first time. “Everything belonged to others and to no one, until your beauty and your
scarcity of gifts filled the autumn” (Neruda, 2009b, p. 52, our translation).
Perolina Souza TELES; Elder Silva CORREIA and Fabio ZOBOLI
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 15
In a dramatic match in the final round, Flamengo came from behind to beat Grêmio 2-1
and was crowned Brazilian champions for the sixth time. The Emperor, Adriano, cried in front
of 85,000 spectators at Maracanã. “It happened this month and in this homeland. What
happened was so unexpected, but it was this way: from one day to the next, that country was
filled with cherries” (Neruda, 2006, p. 64, our translation). In 2010, after founding the “Empire
of Love” with forward Wagner Love, Adriano left Flamengo under turbulent circumstances.
Although he attempted to return and play for the club twice more, his performance was not
remarkable. In 2011, he won a Brazilian title with Corinthians. Currently, the Emperor is retired
from football and frequently expresses his love for Flamengo in his public appearances and on
social media.
Pablito is the king of poetry, a leftist intellectual. Here’s a pause for a litigious question:
“Are there right-wing intellectuals?” “Did you notice that autumn is like a yellow cow?”
(Neruda, 2009a, p. 41, our translation). Neruda was friends with Vinícius de Moraes, a declared
Botafogo supporter. I believe out of embarrassment, Vinícius never took Neruda to the stadium
to see Botafogo. “If Pablo Neruda had gone to Maracanã on a Flamengo game day, his poems
would have been even better.”
Final considerations
As stated in the introduction of this essay, both the arts and sports are targets of
investment by fascist regimes. This effort can be either to promote and propagate fascist
ideology or, conversely, to censor and erase dissenting thoughts. In the specific case of Football,
this context is intensified by its sociocultural reach. As we can observe in the verses of Carlos
Drummond de Andrade, “Football is played in the stadium? Football is played on the beach,
Football is played on the street, and Football is played in the soul. The ball is the same: sacred
form for stars and amateurs alike. The same thrill of kicking in the delirious World Cup or in
the arid space of the hill” (Recanto do poeta, 2024, our translation).
The Latin American dictatorships described in chronicles about Brazil and Chile also
had other literary victims, beyond Manoel de Barros and Pablo Neruda. In Brazil, writers and
novelists such as Jorge Amado, Nelson Rodrigues, Érico Veríssimo, Rubem Fonseca, and
Maria da Conceição Tavares did not escape the censorship imposed by the military regime.
Similarly, in Chile, Augusto Pinochet’s regime also curtailed the freedom of expression of
various writers. Novelist Luís Sepúlveda (1949) was imprisoned after the 1973 coup, and
Dictatorship, football and literature: For an antifascist education
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 16
Roberto Bolaño (19532003), a supporter of leftist ideologies, faced reprisals from Pinochet
for his support of Salvador Allende’s revolutionary movement.
In Chilean Football, Carlos Caszely’s story is emblematic. A player for one of Chile’s
most popular teams, Colo-Colo, Caszely refused to shake hands with Pinochet shortly before
the Chilean national team departed for the 1974 World Cup, held in what was then East
Germany. This act of defiance had severe consequences; while Caszely was competing in the
World Cup, his mother was abducted and tortured by Pinochet’s regime. Carlos only learned of
his mother’s abduction upon returning to Chile after La Roja
16
was eliminated from the World
Cup.
In 1988, during the plebiscite that would determine whether the military would remain
in power, Caszely campaigned against the dictators. He recorded a video alongside his mother
campaigning for a “no” vote against the dictatorship. The revelation of the torture of the mother
of El Rey del Metro Cuadrado
17
, deeply moved the public. This episode, which had until then
been known only to the family and a few close friends, was brought to light.
Many attribute the end of the dictatorship to this video. While it is impossible
to confirm, El Rey del Metro Cuadrado’s actions, both in 1973 when he
refused to shake hands with Pinochet and in 1988 when he made the statement
alongside his mother, certainly lent dignity to football and the Chilean people
during one of the darkest periods in their history (Jardim, 2020, p. 104, our
translation).
In Brazil, in addition to Sócrates’ companions in the Corinthians Democracy
Casagrande, Wladimir, and Zenonother players who also fought against the military coup
include Reinaldo and Afonsinho.
As a child, Reinaldo witnessed his neighbor and family friend being arrested by the
dictatorship under the accusation of being a communist sympathizer. Years later, he became
politically aware by reading books deemed “subversive” by the antidemocratic government.
From these readings, he developed a gesture that he began using to celebrate his goals from
1976 onward: raising his right arm with a clenched fist. In the words of King Reinaldo, “I started
giving a political connotation to the celebration. It was somewhat like the Black Power salute,
16
La Roja The Red One is the nickname of the Chilean national team. The color refers to the colors of the
Chilean national football team's jersey.
17
El rey del metro Quadrado the king of the square meter was the nickname of Carlos Humberto Caszely
Garrido (1950). His ability to dribble and control the ball earned him this emblematic nickname.
Perolina Souza TELES; Elder Silva CORREIA and Fabio ZOBOLI
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 17
which was used by African Americans
18
(Jardim, 2020, p. 140, our translation). Due to his
political stance, José Reinaldo de Lima (1957) had his national team convocations blocked.
However, he did participate in the 1978 World Cup in Argentina, a country that was also under
dictatorship at the time. The greatest idol in Atlético Mineiro’s history recounts that military
personnel infiltrated the Brazilian national team and advised him to celebrate with both arms
raised and not to mix politics with football.
Afonso Celso Garcia Reis, known as Afonsinho, is recognized in football for having
achieved the “free pass.” At Botafogo, he began to be sidelined by the then coach, Mário Jorge
Lobo Zagallo, due to his political stance. The team from General Severiano neither used him
nor negotiated him, leaving him trapped in this predicament until he finally secured his freedom
in court in May 1971. His long beard and hair were unwelcome at the club; one of the executives
(from the military leadership) even remarked that he looked more like a ’60s pop musician than
a football player. Due to his political stance, Afonsinho was left out of the 1978 World Cup. In
an interview with UOL Sports, he mentioned that he harbors resentment for not being selected
at the peak of his career, but he claims he would never have changed his actions to achieve it.
“Being a national team player would have been very good, but it was better to have taken the
positions I did. At least I feel more integral” (Gentile; Lima, 2020, our translation).
Among the select group of defenders of democracy, one can include coach João
Saldanha, who led the Brazilian national team until a year before the 1970 World Cup. Saldanha
refused to comply with the directives of then-President General Emílio Garrastazu Médici
regarding the team’s selection, which led to his dismissal from the position. Due to his courage
and integrity in not adhering to the president’s demands, João Saldanha became known as “João
Without Fear.” He was replaced by the more compliant coach, Mário Zagallo.
Additionally, Zico’s older brother, Nando, who was a philosopher and professor outside
of football fields, was also one of the former players persecuted by the military dictatorship of
1964. Fernando Antunes Coimbra:
A philosophy student, at the age of 18, had the "audacity" to participate,
alongside his sister Zezé, in the National Literacy Plan, coordinated by
educator Paulo Freire, in 1963. Following the military coup the following
year, due to his involvement in the "revolutionary" endeavor, Nando was
deemed subversive and had to leave the football fields after being sidelined
by teams in Brazil and Portugal, which were also under dictatorship. Upon
18
Reinaldo cites the Black Panther movement, which emerged in the late 1960s in the United States to fight
against racial segregation. The gesture became world famous when two black athletes, Tommie Smith and John
Carlos, both linked to the group, raised their arms to celebrate winning the gold and bronze medals in the 200m at
the 1968 Mexico City Olympic Games” (Jardim, 2020, p.140).
Dictatorship, football and literature: For an antifascist education
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 18
returning to Rio, he was arrested and spent two days and two nights standing,
with his arms raised and a rifle pointed at his back (Jardim, 2020, p. 22, our
translation).
Returning to the aim of this essay, which is to interrogate football and literature with the
intention of reflecting on history and memory, challenging issues that might de-naturalize and
combat fascist thought, it is considered that both arts can be privileged spaces for the analysis
and fight against fascism. This is because they enable the perception of the social inscription of
desire and the ways of life shaped by that desire.
By investing in education beyond mere schooling as a means of producing more
powerful ways of life aligned with the principles of a democratic and republican society, the
issue of fascism, as addressed here, leads to the understanding that its combat is not merely a
matter of raising awareness. Instead, it requires the social production of desires distinct from
those that sustain fascism. This implies that education, while not exclusively responsible, also
bears the commitment to fight against all that aims to annihilate and repress the multiple forms
of life that permeate the social fabric and against fascism deeply rooted in corporeal experience.
However, education must also take an ethical stance beyond adopting a critical tone. As
Foucault (1977) reminds us, it is not necessary to be sad to be an activist, even if the object of
our struggle, as is the case with fascism, is abhorrent. In this sense, both football and poetry can
be instruments of a joyful and active struggle against fascism, since, as Foucault (1977) insists,
it is the connection of desire with reality that possesses revolutionary force. Thus, both arts can
connect us with an educational experience linked to the harshness of reality.
In light of this, it is concluded that the cited chronicles, by relating players, literature,
football, and poets, promote meaningful learning through reading. This movement is
symbolized by the ball, which, as João Cabral de Melo Neto asserts, has various representations:
“The ball is not an enemy like the bull in a bullfight; and, although it is a domestic object used
without risk, it is not the impersonal, always gentle tool of usual gesture: it is a semi-living tool,
with reactions of its own like a creature” (Melo; Neto, 2024, our translation). Similarly, the
word in a text behaves while awaiting its reader.
According to Larrosa (2019, p. 175), reading is an experience that involves both
teaching and learning, intrinsically related to establishing connections with oneself and with
others. The experience with words never occurs in isolation, just as educational processes
reading, writing, interpreting, learning, and teachingare practices that require exchanges and
can generate multiple meanings. “Therefore, giving the text is to offer it as a gift and, in that
Perolina Souza TELES; Elder Silva CORREIA and Fabio ZOBOLI
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 19
very offering, to create a debt and a task of reading, the debt that can only be settled by assuming
the responsibility of reading, and the task that can only be fulfilled through the act of reading.”
REFERENCES
BARROS, M. de. Poema: O apanhador de desperdícios Manoel de Barros Com gabarito.
Armazém de textos, Barra do Garças, MT, 7 dez. 2018. Available at:
https://armazemdetexto.blogspot.com/2018/03/poema-o-apanhador-de-desperdicios.html
Accessed in: 9 July 2024.
BARROS, M. de. Poesia completa: Manoel de Barros. São Paulo: Leya, 2010.
DELEUZE, G.; GUATTARI, F. O Anti-Édipo: capitalismo e esquizifrenia. São Paulo:
Editora 34, 2010.
DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil Platôs: Capitalismo e esquizofrenia. São Paulo: Editora
34, 2012. v. 3
FOUCAULT, M. Preface. In: DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Anti-Oedipus: Capitalism and
Schizophrenia. New York: Viking Press, 1997.
GENTILE, B.; LIMA, V. O primeiro jogador livre: Afonsinho conta como desafiou sistema
para ser primeiro jogador livre do futebol brasileiro em plena ditadura. UOL ESPORTES, 1
maio 2020. Available at: https://www.uol.com.br/esporte/reportagens-especiais/afonsinho-
liga-jejum-apos-copa-de-1970-da-selecao-com-a-ditadura-comissoes-tecnicas-tinham-
intervencao/#cover. Accessed in: 13 Apr. 2024.
IPIRANGA, S. O papel da literatura na BNCC: ensino, leitor, leitura e escola. Revisa de
Letras, [S. l.], v. 1, n. 38, jan./jun. 2019. Available at:
https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/49493/1/2019_art_sdsipiranga.pdf Accessed in: 10
July 2024.
JARDIM, R. Democracia Fútbol Club: o jogo de bola além das quatro linhas. São Paulo:
Editorial Ludopédio, 2020.
LARROSA, J. Pedagogia profana: danças, piruetas e mascaradas. 6. ed. Belo Horizonte:
Autêntica Editora, 2019.
MELO NETO, J. C. de M. Futebol e poesia: 11 poemas sobre o esporte. Recanto do poeta.
Available at: https://recantodopoeta.com/futebol-e-poesia-11-poemas-sobre-o-esporte/
Accessed in: 05 May 2024.
NERUDA, P. Presente de um poeta. Cotia: Vergara & Riba Editoras, 2006.
NERUDA, P. Livro das perguntas. 2. ed. Porto Alegre: L&PM, 2009a.
NERUDA, P. Cem sonetos de amor. 2 ed. Porto Alegre: L&PM, 2009b.
Dictatorship, football and literature: For an antifascist education
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 20
NERUDA, P. O coração amarelo. 2 ed. Porto Alegre: L&PM, 2009c.
NERUDA, P. Crepusculário. 2 ed. Porto Alegre: L&PM, 2009d.
RODRIGUES, N. Futebol e poesia: 11 poemas sobre o esporte. Recanto do poeta, Balsas,
MA, 22 fev. 2022. Available at: https://recantodopoeta.com/futebol-e-poesia-11-poemas-
sobre-o-esporte/ Accessed in: 05 may 2024.
ZOBOLI, F.; SOUZA, P. Sócrates e Manoel de Barros ou sobre poemas e um jogador
concebidos sem pecado. Ludopédio, São Paulo, v. 168, n. 28, 2023. Available at:
https://ludopedio.org.br/arquibancada/socrates-e-manoel-de-barros-ou-sobre-poemas-e-um-
jogador-concebidos-sem-pecado/. Accessed in: 7 May 2024.
ZOBOLI, F; CORREIA, E. S. De Neruda para o Imperador… alguns poemas de amor.
Ludopédio, São Paulo, v. 157, n. 4, 2022. Available at:
https://ludopedio.org.br/arquibancada/de-neruda-para-o-imperador-alguns-poemas-de-amor/
Accessed in: 07 May 2024.
Perolina Souza TELES; Elder Silva CORREIA and Fabio ZOBOLI
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19485 21
CRediT Author Statement
Acknowledgement: Not applicable.
Funding: This essay was supported by resources from the Graduate Program in Education
at the Federal University of Sergipe PPGED/UFS, and the Researcher Support Program
for Graduate Studies PROAP 3-2024.
Conflicts of interest: No conflicts of interest.
Ethical approval: Not applicable.
Availability of data and material: Not applicable.
Author contributions: Perolina Souza Teles: Drafting of the article; Author of Chronicle
1; Critical review of significant intellectual content. Elder Silva Correia: Drafting of the
article; Author of Chronicle 2; Critical review of significant intellectual content. Fabio
Zoboli: Drafting of the article; Author of both chronicles; Critical review of significant
intellectual content. All authors have read and approved the final version of the manuscript.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.