RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023034, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19731 1
A UNIVERSIDADE EM TENSÃO: DAS FUNÇÕES MISSIONAIS A UM ETHOS DE
RESPONSABILIDADE SOCIAL NA PESQUISA “SOCIAL”
LA UNIVERSIDAD EN TENSIN: DE LAS FUNCIONES MISIONALES A UN ETHOS
DE LA RESPONSABILIDAD SOCIAL EN LA INVESTIGACIN “SOCIAL”
THE UNIVERSITY IN TENSION: FROM MISSION FUNCTIONS TO AN ETHOS OF
SOCIAL RESPONSIBILITY IN "SOCIAL" RESEARCH
Andrea Catalina MARTINEZ-LOZADA1
e-mail: amartinez368@unab.edu.co
Germán A. CORTES2
e-mail: gcortes138@unab.edu.co
Julio E. BENAVIDES-CAMPOS3
e-mail: jbenavides@unab.edu.co
Como referenciar este artigo:
MARTINEZ-LOZADA, A, C.; CORTES, G. A.; BENAVIDES-
CAMPOS, J. E. A universidade em tensão: das funções missionais
a um ethos de responsabilidade social na pesquisa “social”. Revista
on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00,
e023034, 2024. e-ISSN: 1519-9029. DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19731
| Enviado em: 07/10/2024
| Revisões requeridas em: 12/11/2024
| Aprovado em: 18/11/2024
| Publicado em: 13/12/2024
Editor:
Prof. Dr. Sebastião de Souza Lemes
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Universidade Autônoma de Bucaramanga (UNAB), Bucaramanga Santander Colômbia. Decano. Faculdade
de Economia e Negócios.
2
Universidade Autônoma de Bucaramanga (UNAB), Bucaramanga Santander Colômbia. Professor
pesquisador. Faculdade de Saúde.
3
Universidade Autônoma de Bucaramanga (UNAB), Bucaramanga Santander Colômbia. Professor
pesquisador. Faculdade de Ciências Sociais, Humanas e Artísticas.
A universidade em tensão: das funções missionais a um ethos de responsabilidade social na pesquisa “social”
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 24, n. 00, e023034, 2024. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19731 2
RESUMO: Discute-se o papel da universidade como entidade produtora de conhecimento e
reflete-se sobre sua responsabilidade social no contexto dos desafios econômicos, políticos e
sociais a nível global e local. A universidade tem estado desvinculada dos problemas cotidianos
e locais, desenvolvendo projetos de pesquisa com uma abordagem instrumental e soluções
impostas sem considerar contextos e saberes locais. Essa abordagem limita a eficácia e a
sustentabilidade das intervenções, gerando desconfiança e falta de compromisso nas
comunidades. Assim, propõe-se a necessidade de repensar o papel da universidade e sua
articulação com a pesquisa, o ensino e a extensão, alinhada às demandas constantes da
sociedade. Apresenta-se um estudo de caso de um projeto na Colômbia que adota uma
abordagem participativa e promove a apropriação social de conhecimentos científicos para a
co-construção de soluções de desenvolvimento territorial, desafiando a tradição instrumental
dos projetos universitários.
PALAVRAS-CHAVE: Pesquisa social. Ética. Universidade.
RESUMEN: Se discute el papel de la universidad como entidad productora de conocimiento
y reflexiona sobre su responsabilidad social en el contexto de los desafíos económicos, políticos
y sociales a nivel global y local. La universidad ha estado desvinculada de los problemas
cotidianos y locales, desarrollando proyectos de investigación con un enfoque instrumental y
soluciones impuestas sin contextos y saberes locales. Este enfoque limita la eficacia y
sostenibilidad de las intervenciones, generando desconfianza y falta de compromiso en las
comunidades. Así, se plantea la necesidad de re-pensar el rol de la universidad y su
articulación con la investigación, la docencia y la extensión, en línea con las demandas
constantes de la sociedad. Presenta un caso de estudio de un proyecto en Colombia que adopta
un enfoque participativo y promueve la apropiación social de conocimientos científicos para
la co-construcción de soluciones de desarrollo territorial, desafiando la tradición instrumental
de los proyectos universitarios.
PALABRAS CLAVE: Investigación social. Ética. Universidad.
ABSTRACT: This article addresses the university's role as a producer of knowledge and
reflects on its social responsibility in the context of economic, political, and social challenges
at the global and local levels. Traditionally, the university has been detached from daily and
local problems, developing research projects with an instrumental approach and imposing
solutions without considering local contexts and knowledge. This approach limits the
effectiveness and sustainability of interventions, generating distrust and a lack of commitment
in communities. In this way, the article highlights the need to rethink the university's role and
its articulation with research, teaching, and extension, in line with the constant demands of
society. It presents a case study of a project in Colombia that adopts an action research and
participatory approach that promotes the social appropriation of scientific knowledge for the
co-construction of territorial development solutions, challenging the instrumental tradition of
university projects. The article concludes by highlighting the importance of the university as an
ethical and active actor in social transformation through interdisciplinary research with an
outreach approach.
KEYWORDS: Social research. Ethics. University.
Andrea C. MARTINEZ-LOZADA; Germán A. CORTES; Julio E. BENAVIDES-CAMPOS
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023034, 2024. e-ISSN: 1519-9029
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Introdução
A universidade tem sido tradicionalmente vista como uma instituição geradora de
conhecimento, muitas vezes desconectada dos problemas e conhecimentos cotidianos.
Historicamente, projetos de pesquisa interdisciplinares que desenvolvem atividades em
territórios têm sido desenhados a partir de uma perspectiva instrumental, na qual especialistas
externos impõem soluções sem considerar adequadamente os contextos e conhecimentos locais.
Identificou-se que essa abordagem limita a efetividade e a sustentabilidade das ações, gerando
desconfiança e falta de comprometimento por parte das comunidades envolvidas. O objetivo
deste artigo é refletir, de forma crítica, sobre a responsabilidade social universitária, suas
concepções, ações e intenções, em tempos em que parecem ser relatadas tensões econômicas,
políticas e econômicas, tanto global quanto localmente, que preocupam a Universidade de
diversas formas como institucionalidade e como cenário de construção do conhecimento. Essa
reflexão, embora estabeleça um lugar para a Universidade no que diz respeito às mudanças e
dinâmicas que as sociedades empreendem, implica também em toda uma consideração sobre a
articulação de seus três elementos constituintes (Pesquisa, Ensino e Extensão) com as
constantes demandas que as comunidades, instituições e o meio ambiente em geral sugerem.
Aqui, analisamos o caso de um projeto de pesquisa que está sendo implementado na Colômbia,
América do Sul e que desafia a tradição instrumental dos projetos ao promover uma abordagem
participativa e a apropriação social do conhecimento científico para a co-construção de soluções
para as necessidades de desenvolvimento territorial. Reflete sobre o papel da universidade
quando implementa pesquisas interdisciplinares com extensão, destacando como esse trabalho
implica uma postura ética e uma reconcepção da própria instituição universitária como sujeito
ativo de transformação social.
Problematização e contexto
Ao longo da história, a universidade implementou várias estratégias em pesquisa,
extensão e IC, no entanto, persiste uma lacuna entre os interesses institucionais e as
necessidades das comunidades locais. Isso se deve a tensões históricas e debates sobre o papel
da universidade, desde a relevância de seus programas até sua relação com realidades concretas,
muitas vezes criando um "divórcio explícito" das necessidades sociais (Chacín et al., 2007).
A Reforma Universitária de Córdoba de 1918 (Buchbinder, 2012) propôs um desafio
para conectar a universidade com questões de justiça social e desenvolvimento comunitário,
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conceito que na Colômbia se concretiza na Lei 30 de 1992, que define a função social da
universidade e seu compromisso com a melhoria das condições de vida das comunidades. A
UNESCO (1998) e a ASCUN (2007) reforçam essa abordagem, promovendo a redução dos
problemas sociais. No entanto, a universidade enfrenta dificuldades em harmonizar ensino,
pesquisa e extensão, com a crítica de que busca impor "verdades absolutas" sem reconhecer a
incerteza como um elemento cotidiano (Montserrat, 1993).
Na Colômbia, a "Missão dos Sábios" ressaltou a necessidade de um ecossistema de
conhecimento que integre tanto a ciência produzida pelas universidades quanto o conhecimento
das comunidades, para resolver problemas sociais (Governo da Colômbia, 2019). A
universidade destaca-se como um direito fundamental de toda pessoa (ONU, 1948), cuja função
é formar cidadãos que promovam valores democráticos e convivência respeitosa, o que coloca
desafios para sua práxis na sociedade contemporânea.
Em termos de suas funções missionárias (ensino, pesquisa e extensão), a universidade
tradicionalmente centrou sua resposta social em conteúdos acadêmicos específicos, o que
limitou sua capacidade de abordar outras formas de engajamento com a sociedade. Isso tem
levado ao questionamento dos interesses institucionais e sua conexão com as macroestruturas
econômicas e políticas, gerando uma crise de legitimidade devido à distância entre a "produção
universitária" e as demandas do contexto social (Runge Peña, 2005; Vélez, 2019).
O debate ético nesse contexto questiona se a universidade é uma estrutura que mantém
o status quo (Gramsci, 1977) ou se pode ser um motor de mudança e gerador de novas formas
de organização social (Núñez, 1974). A universidade precisa responder às demandas da
sociedade por meio de mudanças epistemológicas e conceituais que permitam uma relação mais
próxima e colaborativa com territórios e comunidades (Guedón, 2011). Além disso, deve
promover a pluralidade, o diálogo aberto e a construção de conhecimentos compartilhados,
respeitando as diferenças e direitos culturais (Fuenmayor, 2002).
Andrea C. MARTINEZ-LOZADA; Germán A. CORTES; Julio E. BENAVIDES-CAMPOS
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Responsabilidade Social Universitária - RSU. Estado da arte
Talvez repensar e redirecionar a pesquisa, o ensino e a extensão de uma universidade
envolvam entender em que consiste a RSC e sua implementação. A RSU implica que as
universidades se preocupam com o mundo presente e futuro e são atores participantes na
solução dos problemas mais agudos de nossa sociedade (Vallaeys, 2018). A RSU não pode ser
reduzida à existência de um escritório que atende às necessidades das pessoas, mas é um
exercício de profunda reflexão ética sobre a práxis universitária, seus impactos e o
conhecimento gerado pelas instituições.
Ao analisar os dois principais objetivos da universidade, que são: (i) a formação humana
e profissional (academia) e (ii) o desenvolvimento de novos conhecimentos (pesquisa),
entendemos que sua inter-relação é íntima na medida em que é por meio da pesquisa que novos
conhecimentos são gerados, para serem posteriormente transferidos aos alunos durante sua
formação e que estes, por sua vez, eles podem usar esse conhecimento para produzir algum
impacto em seu ambiente. Por isso, as universidades não podem ficar longe de refletir sobre o
que significa exercer sua responsabilidade social, porque são corresponsáveis pela formação
das futuras gerações de trabalhadores, dos futuros cidadãos que deverão promover
democraticamente os direitos humanos e dos futuros funcionários públicos que serão
responsáveis pelo bem comum em nosso mundo globalizado. É por isso que hoje, ao promover
e praticar a IC, a universidade deve reconhecer seu papel como formadora integral de seus
membros, e que essa tarefa não se faz assumindo a função de ser mais uma organização que
"ajuda a outra" sem esperar nada em troca, mas sim se constitui como parceira para que juntos,
formando comunidades de aprendizagem onde são realizadas atividades acadêmicas e de
pesquisa.
É por isso que o desenvolvimento de uma organização universitária, que responda às
necessidades do ambiente e se adapte às novas exigências da sociedade, deve ser orientado para
a consolidação de um sistema aberto, um sistema que interaja permanentemente com a
sociedade. Nessa perspectiva, as universidades seriam entendidas como "abertas" e
"dependentes" dos fluxos que estabelecem com o meio ambiente; é o ambiente que molda e
sustenta a organização (Scott; Davis, 2015). Dessa forma, entender uma universidade como um
sistema aberto implica que seus participantes estabeleçam coalizões de acordo com suas
conveniências, criando laços afetivos com outros membros e buscando se identificar com os
valores, crenças e normas dos atores do ambiente ao qual pertencem. A universidade pode ser
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entendida como mais um membro da sociedade, com fortes laços com todos os membros, e
nesse sentido suas ações impactam na evolução desse ambiente.
A pesquisa interdisciplinar como estratégia para a ASC
Nesse ponto, faz-se necessário coletar alguns aspectos que funcionam como contexto
para o desenvolvimento desta seção e que constituem uma referência para a discussão e
elaboração de propostas voltadas para a construção da responsabilidade social universitária
(RSU). Especificamente, aborda-se a análise do caso colombiano, onde a prática de pesquisa
serve de palco para a análise do desenvolvimento de uma das funções missionárias da
universidade.
Um primeiro aspecto é o da própria definição de RSU, que Vallaeys descreve, em
poucas palavras, como a "gestão justa e sustentável dos impactos universitários" (Vallaeys,
2014. pp 107). Esses impactos estão relacionados, segundo o autor, à existência da universidade
em suas diferentes dimensões: em termos organizacionais, no que é o compromisso com a
formação dos estudantes, em seus fundamentos e no conhecimento que constrói, e na forma
como se relaciona com o meio territorial.
Um segundo aspecto é o da Política Nacional de Apropriação Social do Conhecimento
(Minciencias, 2021) da Colômbia. Define que a universidade é responsável por assumir o papel
de ator constituinte no desenvolvimento da política e, como tal, responsável por entrar em
diálogo com a sociedade civil, consubstanciada em atores territoriais, imersa em um "modelo
democrático (que implica) experiências de promoção da participação pública na ciência e
tecnologia, sua produção, aplicação e transformação, e que envolve vários atores, além da
comunidade científica" (Minciencias, 2021, p. 18).
Um terceiro aspecto, ligado aos dois anteriores, é como, a partir da experiência concreta
em processos de pesquisa, pode ser moldada uma prática de pesquisa vinculada à ideia de
assumir a IC além da extensão. A partir da RSU e de acordo com a política da ASCTeI, é
necessária uma reorientação, com o objetivo de gerar um vínculo diferente com a sociedade, no
qual a instituição se localiza não como um centro, não como um eixo, não de fora, mas como
parte do tecido social pelo qual é tão responsável quanto os demais atores sociais. respeitando
cada um dos espaços que ocupam, sem se substituir (muito menos fingir que a universidade
substitui o Estado), participando e promovendo ao mesmo tempo, a construção de um projeto
social consensual (Beltrán-Llevador et al., 2014, p. 8).
Andrea C. MARTINEZ-LOZADA; Germán A. CORTES; Julio E. BENAVIDES-CAMPOS
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023034, 2024. e-ISSN: 1519-9029
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A título de síntese e neste país, esses elementos configuram um quadro que convoca a
universidade a pensar em si mesma, não como um espaço fechado em que se dá a formação de
profissionais, onde se produz pesquisa e conhecimento, e a partir do qual se estende o manto da
ciência à sociedade. mas como um ator que faz parte da sociedade e que constrói laços fazendo
parte dela. A IC envolve a construção de um ethos institucional, portanto, o que se expõe é uma
abordagem dessa atitude ética nos atores envolvidos (pesquisadores) e nas instituições
responsáveis pela produção do conhecimento (no caso, a universidade).
Quando falamos de IC no campo da pesquisa, estamos falando desse esforço necessário
para responder aos tempos e a interdisciplinaridade é uma forma de resposta do nível
institucional. Abordá-lo neste artigo tem como pretexto um projeto de pesquisa vinculado à
política pública de Apropriação Social do Conhecimento da qual participam os abaixo-
assinados, cuja encenação implica a necessidade de assumir os processos de pesquisa em um
novo contexto: o de enfrentar a produção de conhecimento em reconhecimento mútuo e um
diálogo que na troca elabora uma forma de conhecimento da realidade que se vincula ao
cotidiano e à que reforce as capacidades das diferentes comunidades para assumir o seu próprio
desenvolvimento, bem como que tenha a capacidade de convocar "todos os atores sociais a
participar em práticas de intercâmbio, diálogo, análise, reflexão e negociação; práticas que
promovam a compreensão e intervenção de seus contextos" (Minciencias, 2021, p. 20).
A iniciativa do projeto Comunidade com Consciência
O projeto denominado Comunidad Con-ciencia, cujo objetivo e horizonte de trabalho é
a construção de um ecossistema de inovação social que vincule de forma ativa e responsável as
comunidades na base da pirâmide da cidade de Bucaramanga e sua área metropolitana. Esta
iniciativa colaborativa e situada é um exemplo de investigação interdisciplinar que está
atualmente em curso e que tem como principal objetivo promover a utilização diária da Ciência,
Tecnologia e Inovação (CTeI) para a co-construção de soluções que respondam às necessidades
de desenvolvimento territorial. O projeto é liderado por um grupo de instituições que incluem
universidades (Universidade Autônoma de Bucaramanga (UNAB), Corporação Uniminuto) e
organizações da sociedade civil (Fundação Fé e Aliança das Irmãs da Apresentação).
O projeto é implementado através de uma metodologia que segue diferentes etapas e
convida à participação dos atores locais: (i) mapeamento das necessidades locais onde são
identificados problemas e recursos na comunidade; (ii) co-construção de soluções através da
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colaboração com os habitantes do território para projetar soluções baseadas em CTeI; (iii)
promoção do uso diário de CT&I por meio da integração da ciência e da tecnologia no cotidiano
da comunidade; e (iv) avaliação contínua com a qual a estratégia de ação é monitorada e
ajustada para garantir a sustentabilidade e escalabilidade do modelo.
A implementação do projeto Comunidad Con-ciencia envolve a encenação de
metodologias participativas e o uso de ferramentas como o mapeamento social que facilitam o
diálogo e a colaboração entre os atores locais, para a compreensão das questões territoriais e o
desenvolvimento coletivo de estratégias e ações para dinamizar e melhorar o cotidiano diverso.
Com isso, o projeto Comunidad Con-ciencia dois pilares que sustentam seu senso estratégico;
por um lado, reconhecer na comunidade sua capacidade de agência de transformação
(Nussbaum, 2012) e, por outro, reconhecer seus repertórios coletivos para o fortalecimento de
sua dinâmica cotidiana, utilizando a ciência como plataforma de trabalho. Tudo isso, a fim de
consolidar um ecossistema de desenvolvimento comunitário que possibilite tanto o diálogo dos
atores locais, quanto a criação de uma plataforma para a gestão consensual de projetos
comunitários que se tornem referência para a região e especialmente para a área metropolitana
de Bucaramanga.
Os resultados preliminares mostram que a constituição de espaços comunitários onde se
incentiva a integração de atores comunitários para a co-construção de soluções através do
recurso à inovação social, tem aumentado os níveis de interesse dos atores locais na promoção
do bem-estar comum dos seus territórios, na consecução de uma melhor comunidade e no
trabalho ombro a ombro com especialistas externos. que não necessariamente moram lá. Esta
abordagem participativa colocou ênfase especial na importância do conhecimento local para a
concepção dos projetos que serão promovidos para o desenvolvimento territorial. No entanto,
também provocou reflexão dentro das universidades participantes, pois as dinâmicas
tradicionais de ensino e pesquisa não respondem articuladamente às necessidades da sociedade
em termos dos tempos a serem atendidos, dos resultados a serem obtidos e dos objetivos que
são estabelecidos em um projeto acadêmico que não responde necessariamente às necessidades
das comunidades onde o trabalho é realizado.
Essa experiência, que, por suas estratégias de diálogo e trabalho colaborativo, marca um
horizonte diferencial e, se quiser, não convencional do que significa a ação comunitária para a
transformação dos territórios, baseia-se nos princípios da apropriação social do conhecimento,
como a reflexão crítica, a identificação do contexto, o diálogo de saberes com caráter autônomo,
Autogerido e cocriado, tornou-se hoje uma referência regional para processos participativos
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localizados que tendem a construir cenários possíveis para a transformação e dignificação da
vida nos territórios.
Discussão e reflexão
A apresentação anterior do caso colombiano suscita uma discussão que ultrapassa os
limites territoriais e envolve diretamente a universidade como instituição social. Essa discussão
coloca uma tensão, não apenas no que diz respeito à dinâmica institucional e à temporalidade
da lógica de trabalho por projetos, mas também implica uma mudança no lugar de enunciação
dos atores, entendendo que estamos nos referindo a um "lugar antropológico" (Augé, 1993),
onde se tende a construção de relações e em que o diálogo implica diálogo entre comunidades
(universitárias e locais-territoriais).
Nesse sentido, se falarmos do "lugar acadêmico", seguindo Augé (1993), uma equipe
interdisciplinar oferece uma riqueza potencial, torna-se uma possibilidade de diálogo, em meio
a um mundo cuja complexidade social torna seus problemas incompreensíveis a partir de uma
única abordagem. A capacidade abrangente das disciplinas científicas exige perspectivas em
diálogo, além dos limites e, ao mesmo tempo, assumindo-se como habitantes da fronteira: estou
aqui e estou lá. Isso faz parte de um ethos que reflete o propósito do
de construir uma ponte dinâmica entre a universidade e a sociedade a que pertence, sem a qual
o sentido do trabalho da universidade acaba por ser regido pelo princípio da competitividade e
não pelo da cooperação; pela reflexão egocêntrica e não pela comunicação (Urrea Restrepo,
2013, p. 250).
A interdisciplinaridade supõe que o conhecimento não é um conteúdo informativo,
como um artefato produzido e traduzido em informação; trata-se de sujeitos que se interrogam
sobre a realidade, que compartilham seus pontos de vista e constroem epistemes que compõem
um mundo de significados, e que ritualizam o que fazem no cenário da pesquisa como prática
cultural. Isso fica evidente no encontro entre aqueles que lidam com a linguagem de uma
disciplina.
Com a interdisciplinaridade, a primeira prática é a do diálogo entre habitantes de
mundos diferenciados que fazem parte do universo da ciência e que habitam o mesmo território,
o do campus universitário. Como habitantes de um universo heterogêneo e com a necessidade
de responder como comunidade para estabelecer um diálogo para a objeto, mas vínculos com
outras comunidades, o imperativo aparece para definir um Nós como um sentido compartilhado,
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em termos de agir em conjunto dentro dessa prática investigativa que reitera que não é uma
relação entre sujeito-objeto, mas de sujeito para sujeito e, como expresso acima, apelando para
uma citação de Fals Borda (2008, citado em Colmenares E., 2012), "entre pessoas sencientes"
(p. 104).
É outra forma de propor uma convivência para "habitar o conhecimento" e fazer uso
dele como universidade. Como consequência de uma linguagem comum, uma forma de
significar o que fazemos como pesquisadores na prática e de configurar esses rituais para que
reafirmem "uma forma de diálogo (projetos), lugares de enunciação (disciplinas ou campos de
conhecimento) e formas de inter-relação (as linguagens de cada disciplina ou campo de
conhecimento)" (Benavides-Campos et al., 2023).
O que aparece implicitamente na proposta de construção de um ethos em torno da
pesquisa no âmbito da Apropriação Social do Conhecimento e da IC vai na direção do que está
descrito no documento de política da ASCTI (Minciencias, 2021) onde
afirma que o ASCTeI é um objeto de fronteira, porque "não há no campo uma
definição aceita por todos, mas cada ator que a usa a preenche de significado
e a constrói de acordo com seus interesses, sem poder impor sua interpretação
aos outros" (pp. 53-54). Portanto, " uma pluralidade de apropriações"
(Franco-Avellaneda & Pérez-Bustos, 2010) que dependem de quem promove
os processos, das negociações que ali ocorrem, do conhecimento que é
colocado em jogo e dos cenários em que isso ocorre.
Novamente, a diferença, um produto da pluralidade existente. Os cientistas se reúnem
em meio às suas diferenças, é isso que os separa dentro de um grupo de pesquisadores que se
reúnem para pensar, projetar, planejar a execução e avaliar o desenvolvimento de um projeto,
mas o elo não é o projeto, este último é apenas um pré-texto para o contato, é um elemento
funcional para o encontro. O que é que o salto qualitativo para estabelecer os bens comuns
(da comunidade)?
À guisa de conclusão
Com o objetivo de transformar experiência em experiência, elaboraremos um tipo de
história que seja a narrativa básica para construir aprendizagens e gerar os reencontros
necessários nesse caminho para se constituir como comunidade acadêmica a partir da diferença.
Uma primeira questão prende-se com o facto de investigadores de diferentes disciplinas
se exporem no espaço do comum, em que é mais claro o que nos separa do que o que nos une;
falamos línguas diferentes e temos o mesmo pretexto: um projeto e um propósito comum. Este
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último nos concentra em gerar a capacidade de estabelecer diálogo com outras comunidades.
uma primeira ideia que consideramos útil para definir esse cenário em que cada pesquisador
se expõe a estranhos, é a proposta por Giannini (s.d.), que trabalha em torno de uma ética da
proximidade.
Aqui está uma atitude que pode ser altamente perigosa: colocar em jogo essas minhas
ideias, pelas quais posso viver ou pelas quais digo a mim mesmo todos os dias que o que faço
é bom e justo; colocá-los em jogo, expô-los imprudentemente à eficácia das ideias de meu
oponente e, assim, arriscar que eles me confundam, que desapareçam; e despojado deles, para
ficar à mercê de ideias vorazes - ideias estrangeiras - que lutam para se enraizar em minha
própria alma. Esse é o risco (apud Segura Alarcón, 2023, p. 10-11).
Essa exposição constante ao risco pode gerar o silêncio de quem analisa a partir da
segurança de sua força disciplinar, diante do que o outro diz e faz sobre o projeto, nossa
referência comum. E será esse pré-texto que funcionará inicialmente como um pivô que articula
as trocas e que torna visível a presença da diversidade de vozes, daqueles que passam a habitar
aquele espaço para além dos muros de cada fortaleza, narrativizando o lugar, e que vão
construindo uma linguagem naquela zona desabitada. aquele que está além dos limites de cada
disciplina.
Essas fronteiras serão o lugar a partir do qual serão tecidas pontes identitárias em
encenações sucessivas que "narram" esse espaço entre os sujeitos participantes que se
constroem como comunidade a partir do outro e com o outro, de modo sentido-pensante, pois
"para que uma comunidade exista deve haver emoções compartilhadas" (Mejía Escobar, 2019,
41) na medida em que definem o caráter das experiências que ocorrem na formação e
consolidação da comunidade. O acúmulo de experiências deve nos levar a poder estabelecer
um "ritual" para o diálogo de saberes. Isso faz parte do trabalho que as instituições universitárias
devem empreender para ter a capacidade de responder à construção de uma sociedade mais
justa, eticamente falando.
O desenvolvimento do projeto com as comunidades também permitiu destacar a
insuficiente articulação que o conhecimento da universidade tem com o conhecimento das
comunidades e que evidencia uma tradicional transferência de conhecimento de um remetente
para um receptor. De modo geral, observa-se que a universidade, como produtora de
conhecimento, desenvolve suas atividades sendo alheia e pouco conhecedora do conhecimento
cotidiano da comunidade. Além disso, não promove um diálogo entre pessoas de diferentes
A universidade em tensão: das funções missionais a um ethos de responsabilidade social na pesquisa “social”
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níveis de ensino onde se privilegia a partilha do conhecimento de todos os atores envolvidos,
de modo a que esse conhecimento seja integrado e permita a co-construção de soluções.
O caso do projeto Comunidad Con-ciencia exemplifica, por sua dinâmica e valores
colaborativos associados, uma maneira pela qual a universidade pode desempenhar um papel
transformador por meio da pesquisa interdisciplinar e do diálogo direto e responsável com as
comunidades. Ao integrar saberes locais e processos participativos, a universidade torna-se um
agente ativo na transformação social, respondendo de forma eficaz e sustentável às
necessidades da sociedade, que não são apenas plurais, mas muitas vezes imprevisíveis e até
incertas devido à sua própria dinâmica. Portanto, essa abordagem, que nada mais é do que uma
alternativa à práxis tradicional de IC, extensão universitária e pesquisa, não melhora os
indicadores de produção de conhecimento e aqueles associados ao desenvolvimento territorial,
mas também fortalece o sentimento de pertencimento, participação e apropriação comunitária
nos territórios. estabelecer, entre outras coisas, um modelo que possa ser replicado em outros
contextos com outras demandas e expectativas. Daí a necessidade de construir um ethos que
articule as visões que são mantidas dentro das comunidades (acadêmicas), a fim de falar uma
linguagem comum no relacionamento que é construído com outras comunidades.
Nesse cenário, surgem algumas questões que, estrategicamente, podem levar ao
redirecionamento e ressignificação de formas de diálogo e à construção de alternativas,
adequadas à melhoria das condições de vida das comunidades com as quais contato. Nesse
sentido, vale considerar, para repensar possíveis cenários de troca e articulação, aquelas tensões
inerentes a serem, além de executores de projetos, participantes diretos da experiência, o que
muitas vezes resulta em relações de dependência e até mesmo em expressões ou manifestações
de uma certa hierarquia naturalizada na troca.
Embora o enquadramento destas experiências comunitárias aluda ao interesse
sustentável e até autodeterminado das próprias comunidades, os processos apresentam, muitas
vezes, intermitência e fragmentação típicas das lógicas dos projetos universitários e da
assistência e intervenção das diferentes entidades, o que acaba por problematizar as relações
construídas e as agendas que podem ser alargadas de forma colaborativa ao longo do tempo.
Essa questão tem impacto direto no sentido da integração dos atores e sua articulação
estratégica, processos que matizam abertamente os desenvolvimentos organizacionais e
associativos que transversalizam toda experiência comunitária.
Por outro lado, a presença ativa das universidades, seus grupos de pesquisa e gestão
comunitária, suas práticas profissionais e todas as outras ações de integração social em devir,
Andrea C. MARTINEZ-LOZADA; Germán A. CORTES; Julio E. BENAVIDES-CAMPOS
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exigem a geração de roteiros de trabalho "roteiros" ou "guias de trabalho" que, sob o convênio
e apoio direto das comunidades, permite consolidar tudo o que acontece e procede em termos
de saber o que é conhecido e até mesmo o que não é conhecido e esperado. Em termos
comunicativos, isso implica que os processos de informação (entendidos como disseminação)
estão inscritos em estratégias comunicativas de articulação de sentidos e ações, como potenciais
atributos identitários do cenário de diálogo de saberes, na medida em que nos referimos ao
conhecimento como uma co-construção. Por fim, como tarefa transversal do projeto, espera-se
compartilhar cada uma das gramáticas de leitura e escrita da realidade sobre o território,
vinculadas ao uso cotidiano da ciência.
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CRediT Author Statement
Agradecimentos: Agradecemos às instituições aliadas, como a comunidade das Irmãs da
Apresentação, a Corporação Universitária Uniminuto e a Fundação Fé e Alegría.
Financiamento: Os fundos que financiaram esta pesquisa foram obtidos do Fundo Nacional
do Sistema Geral de Royalties da Colômbia.
Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse.
Aprovação ética: O trabalho foi supervisionado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade UNAB.
Disponibilidade de dados e material: Os dados e materiais utilizados no trabalho estão
disponíveis para acesso a qualquer momento, exceto aqueles que têm a ver com dados
pessoais de indivíduos que participaram da pesquisa.
Contribuições dos autores: Andrea Catalina Martínez atuou como investigadora principal
e líder do projeto Comunidad Con-ciencia. Sua experiência em design organizacional foi o
conhecimento que ele trouxe para o projeto. O pesquisador Germán Cortés foi co-
investigador do projeto e contribuiu para a construção de mecanismos para a melhoria da
participação cidadã das comunidades no projeto Comunidad Con-ciencia. O investigador
Julio Benavides foi co-investigador do projeto e contribuiu para os mecanismos de melhoria
da comunicação dentro das comunidades com as quais trabalhámos Comunidad Con-
ciencia.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
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LA UNIVERSIDAD EN TENSIN: DE LAS FUNCIONES MISIONALES A UN
ETHOS DE LA RESPONSABILIDAD SOCIAL EN LA INVESTIGACIN “SOCIAL”
A UNIVERSIDADE EM TENSÃO: DAS FUNÇÕES MISSIONAIS A UM ETHOS DE
RESPONSABILIDADE SOCIAL NA PESQUISA “SOCIAL”
THE UNIVERSITY IN TENSION: FROM MISSION FUNCTIONS TO AN ETHOS OF
SOCIAL RESPONSIBILITY IN "SOCIAL" RESEARCH
Andrea Catalina MARTINEZ-LOZADA1
e-mail: amartinez368@unab.edu.co
Germán A. CORTES2
e-mail: gcortes138@unab.edu.co
Julio E. BENAVIDES-CAMPOS3
e-mail: jbenavides@unab.edu.co
Cómo hacer referencia a este artículo:
MARTINEZ-LOZADA, A, C.; CORTES, G. A.; BENAVIDES-
CAMPOS, J. E. La universidad en tensin: de las funciones
misionales a un ethos de la responsabilidad social en la
investigacin “social”. Revista on line de Política e Gestão
Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023034, 2024. e-ISSN:
1519-9029. DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v28i00.19731
| Presentado en: 07/10/2024
| Revisiones requeridas en: 12/11/2024
| Aprobado en: 18/11/2024
| Publicado en: 13/12/2024
Editor:
Prof. Dr. Sebastião de Souza Lemes
Editor Adjunto Ejecutivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Universidad Autonoma de Bucaramanga (UNAB), Bucaramanga Santander Colombia. Decana. Facultad de
Economía y negocios.
2
Universidad Autonoma de Bucaramanga (UNAB), Bucaramanga Santander Colombia. Docente investigador.
Facultad de Salud.
3
Universidad Autonoma de Bucaramanga (UNAB), Bucaramanga Santander Colombia. Docente investigador.
Facultad de ciencias sociales, humanidades y artes.
La universidad en tensin: de las funciones misionales a un ethos de la responsabilidad social en la investigacin “social”
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RESUMEN: Se discute el papel de la universidad como entidad productora de conocimiento y
reflexiona sobre su responsabilidad social en el contexto de los desafíos económicos, políticos
y sociales a nivel global y local. La universidad ha estado desvinculada de los problemas
cotidianos y locales, desarrollando proyectos de investigación con un enfoque instrumental y
soluciones impuestas sin contextos y saberes locales. Este enfoque limita la eficacia y
sostenibilidad de las intervenciones, generando desconfianza y falta de compromiso en las
comunidades. Así, se plantea la necesidad de re-pensar el rol de la universidad y su articulación
con la investigación, la docencia y la extensión, en línea con las demandas constantes de la
sociedad. Presenta un caso de estudio de un proyecto en Colombia que adopta un enfoque
participativo y promueve la apropiación social de conocimientos científicos para la co-
construcción de soluciones de desarrollo territorial, desafiando la tradición instrumental de los
proyectos universitarios.
PALABRAS CLAVE: Investigación social. Ética. Universidad.
RESUMO: Discute-se o papel da universidade como entidade produtora de conhecimento e
reflete-se sobre sua responsabilidade social no contexto dos desafios econômicos, políticos e
sociais a nível global e local. A universidade tem estado desvinculada dos problemas cotidianos
e locais, desenvolvendo projetos de pesquisa com uma abordagem instrumental e soluções
impostas sem considerar contextos e saberes locais. Essa abordagem limita a eficácia e a
sustentabilidade das intervenções, gerando desconfiança e falta de compromisso nas
comunidades. Assim, propõe-se a necessidade de repensar o papel da universidade e sua
articulação com a pesquisa, o ensino e a extensão, alinhada às demandas constantes da
sociedade. Apresenta-se um estudo de caso de um projeto na Colômbia que adota uma
abordagem participativa e promove a apropriação social de conhecimentos científicos para a
co-construção de soluções de desenvolvimento territorial, desafiando a tradição instrumental
dos projetos universitários.
PALAVRAS-CHAVE: Pesquisa social. Ética. Universidade.
ABSTRACT: This article addresses the university's role as a producer of knowledge and
reflects on its social responsibility in the context of economic, political, and social challenges
at the global and local levels. Traditionally, the university has been detached from daily and
local problems, developing research projects with an instrumental approach and imposing
solutions without considering local contexts and knowledge. This approach limits the
effectiveness and sustainability of interventions, generating distrust and a lack of commitment
in communities. In this way, the article highlights the need to rethink the university's role and
its articulation with research, teaching, and extension, in line with the constant demands of
society. It presents a case study of a project in Colombia that adopts an action research and
participatory approach that promotes the social appropriation of scientific knowledge for the
co-construction of territorial development solutions, challenging the instrumental tradition of
university projects. The article concludes by highlighting the importance of the university as an
ethical and active actor in social transformation through interdisciplinary research with an
outreach approach.
KEYWORDS: Social research. Ethics. University.
Andrea C. MARTINEZ-LOZADA; Germán A. CORTES; Julio E. BENAVIDES-CAMPOS
RPGE Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 28, n. 00, e023034, 2024. e-ISSN: 1519-9029
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Introducción
La universidad ha sido tradicionalmente vista como una institución generadora de
conocimiento, a menudo desconectada de los problemas y saberes cotidianos. Históricamente,
los proyectos de investigación interdisciplinares que desarrollan actividades en los territorios
han sido diseñados desde una perspectiva instrumental, en la que los expertos externos imponen
soluciones sin considerar adecuadamente los contextos y conocimientos locales. Ha sido
identificado que este enfoque limita la efectividad y sostenibilidad de las actuaciones,
generando desconfianza y falta de compromiso por parte de las comunidades involucradas. El
presente artículo tiene como finalidad reflexionar, de manera crítica, sobre la responsabilidad
social universitaria, sus concepciones, acciones e intencionalidades, en tiempos en los que
parecen reportarse tensiones económicas, políticas y económicas, tanto a nivel global como
local, que atañen de diversas maneras a la Universidad como institucionalidad y como escenario
de construcción de conocimiento. Dicha reflexión, que si bien le establece un lugar a la
Universidad respecto a los cambios y las dinámicas que las sociedades emprenden, implica
además toda una consideración respecto a la articulación de sus tres elementos constitutivos
(Investigación, Docencia y Extensión) con las demandas constantes que las comunidades, las
instituciones y el entorno en general le sugieren. Aquí, se analiza el caso de un proyecto de
investigación que está siendo implementado en Colombia, Suramérica y que desafía la tradición
instrumental de los proyectos al promover un enfoque participativo y de apropiación social de
conocimientos científicos para la co-construcción de soluciones a necesidades de desarrollo
territorial. Se reflexiona sobre el papel de la universidad cuando implementa investigación
interdisciplinaria con extensión, destacando cómo esta labor implica una postura ética y una
reconcepción de la misma institución universitaria como sujeto activo de la transformación
social.
Problematización y contexto
A lo largo de la historia, la universidad ha implementado diversas estrategias en
investigación, extensión y RSU, sin embargo, persiste una brecha entre los intereses
institucionales y las necesidades de las comunidades locales. Esto se debe a tensiones históricas
y debates sobre el papel de la universidad, desde la pertinencia de sus programas hasta su
relación con realidades concretas, creando a menudo un divorcio explícito con las
necesidades sociales (Chacín et al., 2007).
La universidad en tensin: de las funciones misionales a un ethos de la responsabilidad social en la investigacin “social”
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La Reforma Universitaria de Córdoba de 1918 (Buchbinder, 2012) supuso un desafío
para conectar a la universidad con temas de justicia social y desarrollo comunitario, concepto
que en Colombia se concreta en la Ley 30 de 1992, que define la función social de la universidad
y su compromiso con mejorar las condiciones de vida de las comunidades. La UNESCO (1998)
y ASCUN (2007) refuerzan este enfoque, promoviendo la reducción de problemáticas sociales.
No obstante, la universidad enfrenta dificultades para armonizar docencia, investigación y
extensin, con la crítica de que pretende imponer “verdades absolutas” sin reconocer la
incertidumbre como un elemento cotidiano (Montserrat, 1993).
En Colombia, la “Misin de Sabios” ha subrayado la necesidad de un ecosistema de
conocimiento que integre tanto la ciencia producida por las universidades como los saberes de
las comunidades, para solucionar problemas sociales (Gobierno de Colombia, 2019). La
universidad se destaca como un derecho fundamental de toda persona (ONU, 1948), cuya
función es educar ciudadanos que impulsen valores democráticos y convivencia respetuosa, lo
que plantea retos para su praxis en la sociedad contemporánea.
En cuanto a sus funciones misionales (docencia, investigación y extensión), la
universidad tradicionalmente ha centrado su respuesta social en contenidos académicos
específicos, lo que ha limitado su capacidad de abordar otras formas de compromiso con la
sociedad. Esto ha llevado a cuestionar los intereses institucionales y su conexión con
macroestructuras económicas y políticas, generando una crisis de legitimidad por la distancia
entre la "producción universitaria" y las demandas del contexto social (Runge Peña, 2005;
Vélez, 2019).
El debate ético en este contexto se pregunta si la universidad es una estructura que
mantiene el statu quo (Gramsci, 1977) o si puede ser un motor de cambio y generadora de
nuevas formas de organización social (Núñez, 1974). La universidad necesita responder a las
demandas de la sociedad a través de giros epistemológicos y conceptuales que permitan una
relación más cercana y colaborativa con los territorios y comunidades (Guedón, 2011). Además,
debe promover la pluralidad, el diálogo abierto y la construcción de conocimiento compartido,
respetando las diferencias y derechos culturales (Fuenmayor, 2002).
Andrea C. MARTINEZ-LOZADA; Germán A. CORTES; Julio E. BENAVIDES-CAMPOS
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Responsabilidad social universitaria - RSU. Estado de la cuestión
Tal vez repensar y redirigir la investigación, la docencia y la extensión de una
universidad, pasa por la comprensión de lo que consiste la RSU y su implementación. La RSU
implica a las universidades preocuparse por el mundo presente y futuro y ser actores partícipes
de la solución de los más agudos problemas de nuestra sociedad (Vallaeys, 2018). La RSU no
se puede reducir a la existencia de una oficina que atienda necesidades de las personas sino que
es un ejercicio de profunda reflexión ética de la praxis universitaria, sus impactos y de los
conocimientos generados por las instituciones.
Al analizar los dos principales objetivos que tiene la universidad que son: (i) la
formación humana y profesional (academia) y (ii) el desarrollo de nuevo conocimiento
(investigación), comprendemos que su interrelación es íntima en la medida en que es a través
de la investigación que se genera nuevo conocimiento, para ser luego transferido a los
estudiantes durante su formación y que estos, a su vez, puedan usar ese conocimiento para
producir algún impacto en su entorno. Por esto, las universidades no pueden quedarse alejadas
de la reflexión sobre lo que significa el ejercicio de su responsabilidad social, porque ellas son
corresponsables de la formación de las futuras generaciones de trabajadores, de los futuros
ciudadanos que tendrán que promover democráticamente los derechos humanos y de los futuros
funcionarios que tendrán a su cargo el bien común en nuestro mundo globalizado. Es por eso
que hoy en día, al promover y practicar la RSU, la universidad debe reconocer su rol de
formadora integral de su miembros, y que esta tarea no se hace asumiendo la función de ser una
organizacin más que “ayuda al otro” sin esperar nada a cambio, sino que se constituye en socio
para que en conjunto, conforme comunidades de aprendizaje donde se lleven a buen término
actividades académicas e investigativas.
Es por esto que el desarrollo de una organización universitaria, que responda a las
necesidades del entorno y se adapte a las nuevas exigencias de la sociedad, debe orientarse
hacia la consolidación de un sistema abierto, un sistema que interactúe permanentemente con
la sociedad. Desde esta perspectiva, se entendería a las universidades como “abiertas a” y
“dependientes de” los flujos que establezcan con el entorno; es el ambiente el que moldea y
soporta la organización (Scott; Davis, 2015). De esta manera, entender una universidad como
un sistema abierto implica que los participantes de ella establecen coaliciones de acuerdo a sus
conveniencias creando lazos afectivos con otros miembros y buscando identificarse con los
valores, las creencias y las normas de los actores en el entorno al que pertenecen. La universidad
La universidad en tensin: de las funciones misionales a un ethos de la responsabilidad social en la investigacin “social”
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puede ser entendida como un miembro más de la sociedad, con lazos fuertes con todos los
miembros, y en ese sentido su accionar tiene un impacto en la evolución de ese entorno.
La investigación interdisciplinaria como estrategia para la ASC
Llegado a este punto se hace necesario recoger algunos aspectos que operan a modo de
contexto para el desarrollo de este acápite y que constituyen un referente para discutir y elaborar
propuestas orientadas hacia la construcción de la responsabilidad social universitaria (RSU).
De manera específica se aborda el análisis del caso colombiano en donde la práctica
investigativa sirve como escenario para el análisis del desarrollo de una de las funciones
misionales de la universidad.
Un primer aspecto es el de la propia definición de la RSU, que Vallaeys describe, en
pocas palabras, como la “gestin justa y sostenible de los impactos universitarios” (Vallaeys,
2014. pp 107). Estos impactos se relacionan, siguiendo al autor, con la existencia de la
universidad en sus distintas dimensiones: en términos organizacionales, en lo que es el
compromiso con la formación de los estudiantes, en sus fundamentos y los conocimientos que
construye, y en el modo como se relaciona con el entorno territorial.
Un segundo aspecto, es el de la Política Nacional de Apropiación Social del
Conocimiento (Minciencias, 2021) de Colombia. En ella se define que a la universidad le
compete asumir el ser actor constitutivo en el desarrollo de la política y como tal responsable
de entrar en diálogo con la sociedad civil, plasmada en actores territoriales, inmerso en un
“modelo democrático (que conlleve) experiencias de fomento de la participación pública en
ciencia y tecnología, su producción, aplicación y transformación, y que involucra diversos
actores, más allá de la comunidad científica” (Minciencias, 2021, p. 18).
Un tercer aspecto, ligado a los dos anteriores, es cómo, desde la experiencia concreta en
procesos de investigación, se puede dar forma a una práctica investigativa ligada a la idea de
asumir la RSU más allá de la extensión. Desde la RSU y en concordancia con la política de
ASCTeI se hace necesario un reenfoque, con el propósito de generar un vínculo distinto con la
sociedad, en el que se ubica a la institución no como centro, no como eje, no desde afuera sino
como parte del entramado social sobre el cual es tan responsable como los otros actores sociales,
respetando cada uno de los espacios que estos ocupan, sin sustituirse unos a otros (mucho menos
pretender que la universidad sustituya al Estado), participando y promoviendo a la vez, la
construcción de un proyecto social consensuado (Beltrán-Llevador et al., 2014, p. 8).
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A modo de síntesis y en este país, estos elementos configuran un marco que emplaza a
la universidad para que se piense, no como un recinto cerrado en el cual tienen lugar la
formación de profesionales, en donde se investiga y se produce conocimiento, y desde el cual
se extiende el manto de la ciencia a la sociedad, sino como un actor que forma parte de la
sociedad y que construye vínculos al formar parte de esta. La RSU comporta la construcción de
un ethos institucional, por lo tanto, lo que se expone es acercamiento a esa actitud ética en los
actores comprometidos (investigadores) y en las instituciones responsables de la producción
del conocimiento (en este caso, la universidad).
Cuando se habla de RSU en el ámbito de la investigación, se habla de este necesario
esfuerzo por responder a los tiempos y la interdisciplinariedad es una forma de respuesta desde
lo institucional. Abordarla en este artículo tiene cómo pre-texto un proyecto de investigación
ligado a la política pública de Apropiación Social del Conocimiento del cual participamos los
suscritos, cuya puesta en escena conlleva la necesidad de asumir los procesos de investigación
en un nuevo contexto: el de encarar la producción de conocimiento en reconocimiento mutuo y
un diálogo que en el intercambio elabore una forma de conocimiento de la realidad que se
engarce en lo cotidiano y que potencie las capacidades de las distintas comunidades para asumir
su propio desarrollo, así como que tenga la capacidad de convocar “a todos los actores sociales
a participar de prácticas de intercambio, diálogo, análisis, reflexión y negociación; prácticas
que promueven la comprensin e intervencin de sus contextos” (Minciencias, 2021, p. 20).
La iniciativa del proyecto Comunidad con-ciencia
El proyecto denominado Comunidad Con-ciencia, cuya pretensión y horizonte de
trabajo es la construcción de un ecosistema de innovación social que vincule activa y
responsablemente a las comunidades de la base de la pirámide de la ciudad de Bucaramanga y
su área metropolitana. Esta iniciativa colaborativa y situada es un ejemplo de investigación
interdisciplinaria que actualmente se encuentra en curso y que tiene por objetivo principal
promover el uso cotidiano de la Ciencia, Tecnología e Innovación (CTeI) para la co-
construcción de soluciones que atiendan necesidades de desarrollo territorial. El proyecto es
liderado por un grupo de instituciones entre las cuales se encuentran universidades (Universidad
Autónoma de Bucaramanga (UNAB), Corporación Uniminuto) y organizaciones de la sociedad
civil (Fundación Fe y Alegría y Congregación de Hermanas de la Presentación).
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El proyecto se implementa mediante una metodología que sigue diferentes etapas e
invitan a la participación de actores locales: (i) mapeo de necesidades locales donde se hace la
identificación de problemas y recursos en la comunidad; (ii) co-construcción de soluciones
mediante la colaboración con los habitantes del territorio para diseñar soluciones basadas en
CTeI; (iii) promoción del uso cotidiano de la CTeI por medio de la integración de la ciencia y
la tecnología en la vida diaria de la comunidad; y (iv) evaluación continua con la cual se
monitorea y ajusta la estrategia de actuación para asegurar la sostenibilidad y escalabilidad del
modelo.
La implementación del proyecto Comunidad Con-ciencia implica la puesta en escena
de metodologías participativas y el uso de herramientas como la cartografía social que facilitan
el diálogo y la colaboración entre actores locales, para la comprensión de asuntos territoriales
y elaboración colectiva de estrategias y acciones para dinamizar y mejorar las cotidianidades
diversas. Con esto se establecen, para el proyecto Comunidad Con-ciencia dos pilares que
fundamentan su sentido estratégico; por un lado reconocer en la comunidad su capacidad de
agenciamiento para la transformación (Nussbaum, 2012), y por otro reconocer sus repertorios
colectivos para el fortalecimiento de sus dinámicas cotidianas, utilizando la ciencia como
plataforma de trabajo. Todo esto, en función de consolidar un ecosistema de desarrollo
comunitario que posibilite tanto la interlocución de actores locales, así como la creación de una
plataforma de gestión consensuada de proyectos comunitarios que se conviertan en referente
para la región y especialmente para el área metropolitana de Bucaramanga.
Los resultados preliminares muestran que la constitución de espacios comunitarios
donde se propicia la integración de actores de la comunidad para la co-construcción de
soluciones mediante el uso de la innovación social, ha incrementado los niveles de interés de
los actores locales por el fomento del bienestar común de sus territorios, por el logro de una
mejor comunidad y por trabajar hombro a hombro con expertos externos, que no
necesariamente viven allí. Este enfoque participativo ha hecho especial énfasis en la
importancia que el conocimiento local tiene para el diseño de los proyectos que vayan a
fomentar para el desarrollo territorial. Sin embargo, también ha suscitado una reflexión al
interior de las universidades participantes porque las dinámicas tradicionales de la docencia y
de la investigación no responden articuladamente a las necesidades de la sociedad en términos
de los tiempos a cumplir, de los resultados a obtener y de los objetivos que se establecen en un
proyecto académico que no necesariamente responde a las necesidades de las comunidades
donde se realizan los trabajos.
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Esta experiencia que, por sus estrategias de interlocución y trabajo colaborativo, marca
un horizonte diferencial y si se quiere, no convencional de lo que significa la acción comunitaria
para la transformación de los territorios, está basada en los principios de la apropiación social
del conocimiento, como lo son la reflexión crítica, la identificación del contexto, el diálogo de
saberes con carácter autonómo, autogestionado y co-creado, se convierte hoy en un referente
regional para procesos participativos localizados que propenden por la construcción de
escenarios posibles de transformación y dignificación de la vida en los territorios.
Discusión y reflexión
La precedente presentación del caso colombiano plantea una discusión que va más allá
de los límites territoriales y que involucra directamente a la universidad como institución social.
Dicha discusión plantea una tensión, no solo respecto a las dinámicas institucionales y la
temporalidad propia de la lógica de trabajar por proyectos, sino que implica un cambio en el
lugar de enunciación de los actores, entendiendo que nos referimos a un “lugar antropolgico”
(Augé, 1993), en donde se propende por la construcción de relaciones y en el que la
interlocución implica diálogo entre comunidades (universitaria y local-territorial).
En este sentido, si hablamos del “lugar académico”, siguiendo a Augé (1993), un equipo
interdisciplinar ofrece una potencial riqueza, se convierte en posibilidad para el diálogo, en
medio de un mundo cuya complejidad en lo social hace que sus problemáticas sean
inaprehensibles desde un único abordaje. La capacidad comprensiva de las disciplinas
científicas demanda miradas en diálogo, más allá de los límites y a la vez, asumiéndose como
habitante de frontera: estoy aquí y estoy allá. Esto se inscribe en un ethos que recoja el propósito
de tender un puente dinámico entre universidad y la sociedad a la que pertenece, sin el cual el
sentido del quehacer universitario termina por regirse por el principio de la competitividad y no
por el de cooperación; por el de la reflexión ensimismada y no por el de la comunicación (Urrea
Restrepo, 2013, p. 250).
La interdisciplinariedad supone que el conocimiento no es un contenido informativo, a
modo de artefacto producido y traducido en información; es un asunto de sujetos que se
preguntan acerca de la realidad, que comparten sus puntos de vista y construyen epistemes que
conforman un mundo de significados, y que ritualizan lo que hacen en el escenario de la la
investigación como una práctica cultural. Esto se evidencia en el encuentro entre quienes
manejan el lenguaje propio de una disciplina.
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Con la interdisciplinariedad, la primera práctica es la del diálogo entre habitantes de
mundos diferenciados que forman parte del universo de las ciencias y que habitamos el mismo
territorio, el del campus universitario. Como habitantes de un universo heterogéneo y con la
necesidad de responder como comunidad para establecer una interlocución para la construcción
de vínculos con otras comunidades, aparece el imperativo de definir un Nosotros como un
sentido compartido, en términos de obrar en concierto al interior de esa práctica investigativa
que reitera que no se trata de una relación entre sujeto-objeto, sino de sujeto a sujeto, y, como
se expresara líneas arriba, apelando a una cita de Fals Borda (2008, citado en Colmenares E.,
2012), “entre personas sentipensantes” (p. 104).
Es una forma otra de proponer una convivencia para “habitar en el conocimiento” y
hacer uso del mismo como universidad. Como consecuencia de un lenguaje común, aparece
una forma de significar lo que hacemos como investigadores en la práctica y de configurar
dichos rituales para que reafirmen “una forma de interlocucin (proyectos), unos lugares de
enunciación (las disciplinas o campos de conocimiento) y unas formas de interrelacionarse (los
lenguajes propios de cada disciplina o campo de conocimiento)” (Benavides-Campos et al.,
2023).
Lo que de manera implícita aparece en la propuesta de construcción de un ethos en torno
a la investigación en el marco de la Apropiación Social del Conocimiento y la RSU va en la
dirección de lo que describe el documento de la política de ASCTI (Minciencias, 2021) en
donde se
afirma que la ASCTeI es un objeto de frontera , porque “no hay en el campo
una definición aceptada por todo el mundo, pero cada actor que la utiliza la
llena de sentido y la construye según sus intereses, sin lograr imponer su
interpretacin sobre las demás” (pp. 53-54). Por tanto, "existe una pluralidad
de apropiaciones” Franco-Avellaneda y Pérez-Bustos, 2010) que dependen de
quién promueva los procesos, las negociaciones que allí tienen lugar, los
conocimientos que se ponen en juego y los escenarios en los que esto ocurre.
Nuevamente, la diferencia, producto de la pluralidad existente. Los científicos se juntan
en medio de sus diferencias, eso es lo que separa dentro de un grupo de investigadores que se
juntan a pensar, diseñar, planificar la ejecución y evaluar el desarrollo de un proyecto, pero, el
vínculo no es el proyecto, este último es solo un pre-texto para el contacto, es un elemento
funcional para el encuentro. ¿Qué es lo que hace que se el salto cualitativo para establecer
lo común (de la comunidad)?
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A modo de conclusión
Con el ánimo de convertir la vivencia en experiencia elaboraremos una suerte de relato
que sea la narrativa de base para construir aprendizajes y generar esos necesarios re-encuentros
en ese camino a constituirse como comunidad académica desde la diferencia.
Una primera cuestión se relaciona con el hecho de que los investigadores de distintas
disciplinas nos exponemos en el espacio de lo común, en el que es más claro lo que nos separa
que lo que nos une; hablamos distintos lenguajes y contamos con el mismo pre-texto: un
proyecto y un propósito común. Esto último nos enfoca a generar la capacidad de establecer
interlocución con otras comunidades. Hay una primera idea que consideramos útil para definir
ese escenario en el que cada investigador se expone ante desconocidos, es la que propone
Giannini (s/f)), quien trabaja en torno a una ética de la proximidad.
He aquí una actitud que puede resultar altamente peligrosa: poner en juego estas ideas
mías, por las que tal vez vivo o por las que me digo a mí mismo todos los días que lo que hago
es bueno y justo; poner en juego, exponerlas imprudentemente a la eficacia de las ideas de mi
contrincante, y arriesgar, así, que se me confundan, que se esfumen; y desposeído de ellas,
quedar a merced de ideas voraces las ideas foráneas que pugnan por echar raíces en mi propia
alma. Tal es el riesgo (apud Segura Alarcón, 2023, p. 10-11).
Esa exposición constante al riesgo, puede generar el silencio propio de quien atisba
desde la seguridad de su fortaleza disciplinar, frente a lo que el otro dice y hace respecto del
proyecto, nuestra referencia común. Y será ese pre-texto el que funcionará inicialmente a
manera de un pivote que articula los intercambios y que visibiliza la presencia de la diversidad
de voces, de quienes empiezan a habitar ese espacio más allá de los muros de cada fortaleza,
narrativizando el lugar, y que van construyendo un lenguaje en esa zona no habitada, la que
está más allá de los límites de cada disciplina.
Serán estas fronteras el lugar desde el cual se tejerán puentes identitarios en sucesivas
puestas en escena que “narrativicen” ese espacio entre los sujetos participantes que se
construyen como comunidad a partir del otro y con el otro, de manera sentipensante, porque
“para que exista una comunidad tiene que haber emociones compartidas” (Mejía Escobar, 2019,
41) en tanto definen el carácter de las experiencias que tienen lugar en la conformación y
consolidación de la comunidad. El acumulado de experiencias debe conducirnos a poder
establecer un “ritual” para el diálogo de saberes. Esto es parte de la labor que las instituciones
universitarias deben emprender para tener la habilidad de responder a la construcción de una
sociedad más justa, éticamente hablando.
La universidad en tensin: de las funciones misionales a un ethos de la responsabilidad social en la investigacin “social”
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El desarrollo del proyecto con las comunidades también ha permitido evidenciar la
insuficiente articulación que los saberes de la universidad tienen con los saberes de las
comunidades y que hace patente una tradicional transferencia de conocimientos desde un
emisor hacia un receptor. En general se observa que la universidad, como productora de
conocimiento, desarrolla sus actividades siendo ajena y poco conocedora de los saberes
cotidianos comunitarios. Adicionalmente, poco propicia un diálogo entre personas de diferentes
niveles de educación donde se privilegie un compartir de los conocimientos de todos los actores
involucrados, de tal manera que esos saberes se integren y permitan la co-construcción de
soluciones.
El caso del proyecto Comunidad Con-ciencia ejemplifica, por su dinámica y sus valores
colaborativos asociados, una manera de cómo la universidad puede desempeñar un papel
transformador mediante la investigación interdisciplinaria y la interlocución directa y
responsable con las comunidades. Al integrar conocimientos locales y procesos participativos,
la universidad se convierte en un agente activo en la transformación social, respondiendo de
manera efectiva y sostenible a las necesidades de la sociedad, las cuales no solo resultan plurales
sino muchas veces imprevisibles e incluso inciertas por su dinámica misma. Por lo tanto, este
enfoque, que no es otra cosa que una apuesta alternativa a la praxis tradicional de la RSU, de la
extensión universitaria y de la investigación, no solo mejora los indicadores de producción del
conocimiento y los asociados al desarrollo territorial, sino que también fortalece el sentido de
pertenencia, participación y apropiación comunitaria en los territorios, estableciendo, entre
otras cosas, un modelo posiblemente replicable en otros contextos con otras demandas y
expectativas. De ahí la necesidad de la construcción de un ethos que articule las visiones que
se tienen al interior de las comunidades (académicas) para hablar un lenguaje común en la
relación que se construya con otras comunidades.
En este escenario surgen algunas cuestiones que, estratégicamente, pueden conducir al
redireccionamiento y a la resignificación de formas de interlocución y de construcción de
alternativas, que resulten idóneas para mejorar las condiciones de vida de las comunidades con
las que se tiene contacto. En este sentido, vale poner en consideración, para repensar escenarios
posibles de intercambio y articulación, esas tensiones propias de ser, además de ejecutores de
proyectos, participantes directos de la experiencia, lo cual, muchas veces redunda en relaciones
de dependencia e incluso en expresiones o manifestaciones de cierta jerarquización naturalizada
en el intercambio.
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Si bien, el marco de dichas experiencias comunitarias hace alusión al interés sostenible
e incluso autodeterminado de las mismas comunidades, los procesos presentan, muchas veces,
intermitencia y fragmentación propias de las lógicas de los proyectos universitarios y de la
asistencia e intervención de las distintas entidades, lo que termina problematizando las
relaciones construidas y las agendas que colaborativamente se pueden extender en el tiempo.
Dicho asunto repercute directamente sobre el sentido de la integración de actores y de su
articulación estratégica, procesos que abiertamente matizan los desarrollos organizativos y
asociativos que transversalizan toda experiencia comunitaria.
Por otro lado, la presencia activa de las universidades, de sus grupos de investigación y
de gestión comunitaria, de sus prácticas profesionales y de todas las demás acciones propias del
devenir integrador con lo social, requieren de la generación de unas rutas de trabajo “libretos”
o “guías de trabajo” que, bajo la concertacin y el respaldo directo de las comunidades,
posibilite consolidar todo aquello que tenga lugar y que proceda en términos de conocer lo que
se sabe e incluso lo que no se sabe y se espera. En términos comunicativos, esto implica que
los procesos de información (entendidos como divulgación) estén inscritos en estrategias
comunicativas de vinculación de significados y acciones, como potenciales atributos
identitarios de la escena de diálogo de saberes, en tanto nos referimos al conocimiento como
una co-construcción. Finalmente, como tarea transversal del proyecto, se espera compartir cada
una de las gramáticas de lectura y escritura de la realidad sobre el territorio, ligadas al uso
cotidiano de la ciencia.
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CRediT Author Statement
Reconocimientos: Agradecemos a las instituciones aliadas como la comunidad de
Hermanas de la Presentación, la Corporación Universitaria Uniminuto y la Fundación Fe y
Alegría
Financiación: Los fondos que financiaron esta investigación se obtuvieron del Fondo
Nacional del Sistema General de Regalías de Colombia.
Conflictos de intereses: No existen conflictos de interés.
Aprobación ética: El trabajo estuvo vigilado por el Comité de Etica de la Investigación de
la Universidad UNAB.
Disponibilidad de datos y material: Los datos y materiales utilizados en el trabajo están
disponibles para acceso en cualquier momento a excepción de aquellos que tengan que ver
con datos personales de individuos que participaron en la investigación.
Contribuciones de los autores: Andrea Catalina Martínez se desempeñó como
investigadora principal y líder del proyecto Comunidad Conciencia. Su experticia alrededor
de diseño de organizaciones fue el conocimiento que aportó al proyecto. El investigador
Germán Cortés fue coinvestigador del proyecto y contribuyó a la construcción de los
mecanismos para el mejoramiento de la participación ciudadana de las comunidades en el
proyecto Comunidad Con-ciencia. El investigador Julio Benavides fue coinvestigador del
proyecto y contribuyó con los mecanismos para el mejoramiento de la comunicación al
interior de las comunidades con las que se trabajó en Comunidad Conciencia.
Procesamiento y edición: Editora Iberoamericana de Educación - EIAE.
Corrección, formateo, normalización y traducción.