JOHN CONSTANTINE Y LA PREGUNTA HOMOAFFECTIVE: UN ANÁLISIS DE LAS REPRESENTACIONES LGBTI+ EN CÓMICS DE SUPERHÉROES Y ANIMACIONES
JOHN CONSTANTINE AND THE HOMOAFFECTIVE QUESTION: AN ANALYSIS OF LGBTI+ REPRESENTATIONS IN SUPERHERO COMICS AND ANIMATIONS
RESUMEN: Este artículo es un análisis de representaciones LGBTI + en cómics, superhéroes y animaciones infantiles. Especialmente, nos acercaremos al personaje de DC Comics John Constantine, bisexual, porque es un héroe de una editorial importante, que aparece junto a Batman, Superman, etc. Nuestra metodología es cualitativa, basada en una amplia contribución que contiene: Michel Foucault, Sarane Alexandrian, James Green, João Trevisan, Dandara Cruz entre otros. Nuestras conclusiones implican ver cómo realmente ha habido un cambio profundo a lo largo del tiempo, desde finales del siglo XX hasta principios del siglo XXI. Si antes este tipo de pregunta no se podía abordar tanto, o no se podía abordar explícitamente, hoy hay una mayor apertura para las representaciones de caracteres LGBTI
+.
PALABRAS CLAVE: LGBTI+. Historietas. Animaciones. John Constantine. Hellblazer.
ABSTRACT: This article is an analysis of LGBTI + representations in comic books, superheroes, and children's animations. In particular, we will approach the character of DC Comics John Constantine, bisexual, because he is a hero of a major publisher, appearing
1 Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO), Rio de Janeiro – RJ – Brasil. Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7158-4371. E-mail: mariojpaiva91@gmail.com
alongside Batman, Superman etc. Our methodology is qualitative, based on a broad contribution containing: Michel Foucault, Sarane Alexandrian, James Green, João Trevisan, Dandara Cruz among others. Our conclusions involve seeing how there has really been a profound change over time. If before this type of question could not be addressed as much, or could not be addressed explicitly, today there is a greater opening for representations of LGBTI + characters.
KEYWORDS: LGBTI+. Comics. Animations. John Constantine. Hellblazer.
Como é conhecido, há representações do universo amoroso não heterossexual desde tempos clássicos. Se nos utilizarmos de Sarane Alexandrian (1993), podemos ver como entre os antigos gregos e romanos haviam expressões de suas sexualidades desde Autokylos (ALEXANDRIAN, 1993, p. 13), passando pela poetisa Safo da ilha de Lesbos (ALEXANDRIAN, 1993. p. 279), até chegarmos ao Satyricon (ALEXANDRIAN, 1993, p. 23; PETRONIAN, 1981), as Sátiras de Juvenaletc. (ALEXANDRIAN, 1993, p. 28).
Como elementos culturais, as formas de representação das relações amorosas não eram totalmente livres, sendo correlacionadas aos elementos da sociedade/cultura, envolvendo disputas, questões históricas e regras. Algo que o próprio Alexandrian (1993, p. 19) trata, ao abordar os códigos de conduta e honra nas relações entre o erastes e o eromenos2. E como se esse código não fosse seguido, haviam zombarias com termos ofensivos, vide cinedes ou katapygones, termos que seriam correlatos ao que hoje se usa quando alguém é chamado de viado, bicha etc.3.
Partindo então dessa base, de que nossas representações culturais não são neutras e estão atreladas aos elementos sociológicos e históricos, o presente artigo faz uma análise da cultura pop atual. E nos referimos as representações LGBTI+ existentes em quadrinhos e animações, nosso personagem chave será John Constantine da DC Comics.
O presente artigo se divide em cinco partes. Começou com a presente Introdução. Passa então para um segundo seguimento, chamado de Representações LGBTI+ e a questão das histórias em quadrinhos, em que abordamos como há perseguições históricas contra a comunidade LGBTI+, sendo o século XX um momento de profundas mudanças. O terceiro seguimento, John Constantine e a bissexualidade, apresenta melhor quem é tal personagem e
2 O primeiro termo, erastes, se refere a um homem adulto que está se relacionando com um adolescente, no caso o eromenos.
como sua bissexualidade foi explorada nos gibis. A quarta parte, Representação LGBTI+ em animações, especifica um pouco de como foi a representação de John em Justice league dark e trata sobre os modos como as questões LGBTI+4 estão sendo abordadas em animações. O artigo fecha com a Conclusão.
Por que tratar de quadrinhos, animações, enfim da cultura pop? Pois como mostra, por exemplo, Slavoj Žižek (2017; 2018): há formas de legitimação simbólica, ideológica, indo desde os filmes que vemos até as músicas que ouvimos.
Os desenhos animados, quadrinhos etc., são parte da cultura. E é isso que o presente artigo almeja: ver então se podemos, através de certos exemplos, perceber as alterações de como são encaradas as questões da comunidade LGBTI+. Houve mudança, por exemplo, dos anos 80 até agora?
Nossa análise é qualitativa, há em primeiro momento uma abordagem mais geral da questão e nos pautamos, mormente, em Dandara Cruz. Para na sequência analisarmos outro aporte acadêmico, que se debruçou mais sobre a personagem Constantine.
Para entendermos Constantine, também lemos algumas histórias da personagem, além de assistirmos o longa animado Justice League Dark e seu filme, Constantine de 2005. O filme não será abordado, pois tal obra pouco nos diz sobre a sexualidade da personagem, sendo uma representação pouco fiel. Também vale ressaltar como o teor do artigo, em mais de um momento, será mais descritivo e isto ocorre por tal texto possuir um intuito introdutório ao tema. Já que esse tipo de discussão sobre quadrinhos, ainda não foi muito apropriada pela academia brasileira, aparentemente.
Por que nos fiarmos mais na personagem John Constantine? Pois além de ser um produto existente em várias mídias, tendo sido apresentado nos quadrinhos, nos cinemas, na TV e em animações, demostrando sua relevância junto aos consumidores, uma cena no longa animado Justice League Dark: Apokolips war5 chamou a atenção do público, recentemente. Demostrando como a sexualidade das personagens é algo que ainda gera: curiosidades, notícias em certos portais na internet etc.
Nos referimos a uma cena, em um clube de luta clandestino, em que há um diálogo entre a personagem Raven6 e Constantine. Tudo muito breve. Constantine, surpreso, diz algo
4 Sabemos que há um debate sobre o uso de tais siglas e não há um consenso final. Assim preferimos LGBTI+, que se refere a Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Transgêneros e Intersexual. Havendo o + que abre espaço para o acréscimo de outras minorias.
5 Longa lançado em 2020 nas plataformas digitais e em 4K, Blu-ray e DVD.
6 Uma bruxa que é membro dos Teen Titans.
como: it´s my ex.7 Então Raven ao olhar na direção que John está observando, acha que ele está se referindo a Arlequina.8 Mas, na verdade, Constantine está falando da personagem do lado da vilã, o King Shark,9 que sorri e lhe dá uma piscadela. Constantine então coloca a mão no pescoço, envergonhado, e olha para o lado. Também sendo interessante como é um mocinho que namorou um vilão.
Até o século XVIII, os homossexuais podiam ser descritos como sodomitas, em uma categoria bastante ampla, que incluía contatos sexuais entre homens, homens e animais, ou homens e mulheres de forma a desafiar a reprodução (NUNAN, 2003, p. 33). Contudo mesmo depois que as ideias religiosas não mais se mostravam como o principal filtro, para se analisar a realidade, isto não significou a aceitação simples de tais grupos. Adriana Nunan (2003, p. 30-31), seguindo a corrente foucaultiana, trata como o homossexual então começou a ser motivo de estudos, junto com, por exemplo, mulheres histéricas.
Em um quadro de avanços e retrocessos, pois se o padrão higiênico burguês colaborou para a extinção dos castigos, por exemplo, do período colonial no Brasil. Isto cobrou seu preço, na criação de um sujeito mais vigiado pelo controle terapêutico, que colocava suas referências como normas científicas. O papel do psiquiatra como também o de um aprimorador do controle sobre pessoas com práticas sexuais consideradas desviantes (TREVISAN, 2018, p. 171).
Trata Nunan (2003, p. 32) de como a psiquiatria vai progressivamente definindo a personalidade do homossexual11 como uma personalidade patológica especial. E se surgiram alguns autores favoráveis à livre expressão de tais minorias, apresentavam certas alegações
7 Colocamos em inglês, pois em português a designação de gênero já iria apontar como ele estava se referindo a um homem. Afinal, traduzido, ficaria algo como: é meu ex-namorado.
8 Vilã do Batman criada nos anos 90 e apresentada, originalmente, como uma namorada do vilão Coringa.
9 Vilão criado nos anos 90 que, grosso modo, é um antagonista do super-herói Aquaman. Tal vilão é uma mistura de tubarão com humano, sendo uma forma híbrida.
10 No Brasil, por exemplo, chocava os cristãos o pecado nefando, pois eles encaravam a sodomia como um dos quatro clamantia peccata da Teologia medieval. Sendo que tais práticas já tinham sido notadas mesmo em 1549 com o padre Manoel da Nóbrega ou em 1587 por Gabriel Soares de Souza (TREVISAN, 2018, p. 63).
11 A palavra homossexualidade propriamente dita, possivelmente, só foi criada em 1869 com o jornalista e advogado húngaro Karol Maria Kertbeny (NUNAN, 2003, p. 34).
O século XX, por sua vez, e início do século XXI, ainda se mostra momento de preconceito contra esses grupos, mas houve certos pontos de corte e avanços na liberdade sexual.
Para demonstrar como as representações dos homossexuais foram mudando, acreditamos que a literatura pode nos ajudar. Se pegarmos O bom criolo (CAMINHA, 2015) do fim do século XIX, e obras como Córidon de André Gide (GIDE, 1985) ou O beijo no asfalto de Nelson Rodrigues (RODRIGUES, 2012), ambas do século XX, vemos que a questão homossexual ainda é dramática13.
Do século XX e XXI, todavia, temos também livros como Me chame pelo seu nome, O terceiro travesseiro, One man guy, os sucessos pop de David Levithan etc., que demonstram alterações. Mesmo a autora J.K. Rowling ter relevado que um dos bruxos mais populares de sua franquia, Harry Potter, era gay, e ter uma boa aceitação do público, não se mostra algo irrelevante (NUMAN, 2003). Nos referimos aqui ao Alvo Dumbledore (GI, 2007).
Tendo em vista então que nos séculos XX e XXI as maneiras sexuais LGBTI+ foram deixando de serem consideradas doenças etc., e marcas começaram a visar, mais abertamente, o público LGBTI+ (NUMAN, 2003). Agora vejamos a questão do mercado dos quadrinhos de super-heróis americanos. Explicitamos tal questão geográfica pois sabemos, por exemplo, que no Japão há eventos diferentes acontecendo, como um forte mercado de mangás14 voltado as representações de amores homossexuais. Mas isto não será tratado no presente artigo.
Se seguirmos a análise de Dandara Cruz (2017), vamos observar como as histórias em quadrinhos de super-heróis estão relacionadas a um público mais masculino e assim representam fantasias imbuídas de características do padrão de heteronormatividade. Mas nas quatro últimas décadas, do fim do século XX ao início do século XXI, o universo LGBTI+ passou a ocupar maior espaço na pauta pública, assim passaram a apontar para algumas discussões sobre inclusão e representatividade. Nos quadrinhos de super-heróis começou a
12 “A caça aos homossexuais envolveu a polícia, juízes e a medicina, que acreditava poder detectar o homossexual por características físicas e morais, surgindo as tentativas de cura aos homossexuais, que passam por práticas como: abstinência forçada, hipnose e, no século XX, tratamentos hormonais e cirúrgicos” (NUNAN, 2003, p. 35).
13 Valendo lembrar do próprio caso do autor Marquês de Sade, que chegou a passar grande parte de sua vida preso.
14 Grosso modo são os quadrinhos japonês.
existir maior visibilidade de tais grupos, algo que termina por criar embates entre leitores mais conservadores (PAIVA, 2019) ou progressistas.
Trata a autora da importância da representação para grupos minoritários (CRUZ, 2017,
p. 16). E aponta os heróis como entes semidivinos, que se entranharam em nosso imaginário, com elementos de masculinidade exagerada e objetificação feminina (CRUZ, 2017, p. 18). Mas graças a certos mudanças, personagens vieram contrapor tal imagem.
A autora aponta a questão imagética e como para reafirmar a masculinidade, certos artistas clássicos muito trabalharam com os homens musculosos, algo relacionado até ao corpo das esculturas greco-romanas. É, por exemplo, o caso dos traços de Tarzan desenhados por Hal Foster, The Spirit15 ou o Flash Gordon de Alex Raymond (CRUZ, 2017, p. 43-44). E há uma desvalorização de possíveis condutas, nesses heróis, do que poderia ser visto como feminino (CRUZ, 2017, p. 43).
Algumas personagens dos anos 30, 40 e 50, do século XX, são consideradas como alusões à homossexualidade, mas as questões são ambíguas (CRUZ, 2017, p. 48). E foi de grande relevância o livro Sedução dos Inocentes de 1954. O autor, Friderick Wertham, acreditava que as histórias em quadrinhos poderiam levar os jovens não só à delinquência, mas também aos distúrbios sexuais, falando do desejo pelas mulheres das histórias e do risco da homossexualidade (CRUZ, 2017, p. 56).
Houve um período de histeria anti-quadrinhos, em 1954, afinal pais e governo ficaram preocupados (CRUZ, 2017, p. 61). Diante da ameaça de um controle estatal, as editoras criaram um próprio meio de autorregularão, o Comics Code Authority, CCA. E a obediência ao código garantia um selo na capa que tranquilizava os responsáveis pelos jovens (CRUZ, 2017, p. 61). Uma das normas envolvia a proibição de representações de perversões sexuais e falava da não representação de anormalidades sexuais (CRUZ, 2017, p. 62).
Mesmo com o CCA em vigor, começaram a surgir mais personagens com evidências de desejos anormais, nos termos dessas leituras. De qualquer forma, continuava discreto e envolvia personagens menores nas tramas (CRUZ, 2017, p. 63).
Com a liberdade sexual aflorada nos anos 60 e 70, vimos mudanças. Os comix escancararam o sexo diante desse molde conservador, mas mesmo que famosos nomes, como Robert Crumb, abordassem fetiches e orgias, a homossexualidade parecia ainda no armário (CRUZ, 2017, p. 64).
15 Personagem criado por Will Eisner, em 1940.
Com os anos 80, ainda havia certa cortina de fumaça e se destaca a personagem do mago Extraño, da DC Comics, visto como implicitamente gay na época. Contudo seus estereótipos foram mal-recebidos, tanto por alas mais tradicionais como pelos próprios membros da comunidade gay (CRUZ, 2017, p. 66).
Como sabemos, extraño pode ser traduzido em inglês por queer e ele era extravagante, mesmo para os padrões de super-heróis. Afeminado, obcecado por seu próprio cabelo e que fazia referências a si próprio como tia. Mesmo assim, com o CCA, ele nunca se assumiu (CRUZ, 2017, p. 67). Também causando polêmica sua morte por HIV, graças a um arranhão de um inimigo (CRUZ, 2017).
A Marvel através das personagens Mística e Sina, vilãs dos X-Men, também trabalhavam com relações implícitas, as duas eram mães adotivas de outra super-heroína, a Vampira (CRUZ, 2017, p. 68).
A autora teria de tratar também de Watchmen, visto como um ponto fora da curva dos anos 80, pelo seu tom diferente (CRUZ, 2017, p. 87)16. Fazendo essa história parte da Invasão britânica, quando autores britânicos, desiludidos com o governo Thatcher, levaram suas visões pessimistas aos quadrinhos norte-americanos (CRUZ, 2017, p. 87)17.
Não podemos esquecer como Neil Gaiman, com o arco A game of you de Sandman (GAIMAN, 2019), e outras produções de Alan Moore, vide V de Vingança (MOORE, 2005) viriam também a abordar mais a questão da existência de personagens LGBTI+. Todavia tais representações eram selos adultos e de linhas menos centrais dos quadrinhos.
Vale menção como a Aliança Gay e Lésbica contra a Difamação, GLAAD19, deu seu primeiro prêmio em 1992 a uma história em quadrinhos, o número 53 da publicação The Flash. Nela o ex-vilão Flautista20 se revela como gay para o Flash (CRUZ, 2017, p. 71)21. É um momento rápido, dura poucas páginas, e não possui relação com o resto da trama, mesmo assim possui importância ao abordar o aparente desconforto inicial de Flash, que, por fim, parece ter superado o problema (CRUZ, 2017, p. 74).
16 Foi publicado em 1986.
17 Tal ponto também é tratado por Carlos Assis (2016).
18 “Haviam também, na trama, suspeitas e insinuações sobre o primeiro vigilante de tal universo, o personagem secundário Justiceiro Encapuzado” (CRUZ, 2017, p. 88).
19 A Gay and Lesbian Alliance against defamation é uma ONG, criada em 1985.
20 “Possuidor de poderes de superaudição e que terminou por desenvolver uma espécie de tecnologia de hipnose sonora” (CRUZ, 2017, p. 71).
21 Famoso herói da DC com super-velocidade.
Acreditamos que valha menção, também, ao gibi Asilo Arkham, de 1989, porque presenciamos um Coringa que apresenta elementos que poderiam indicar homossexualidade ou bissexualidade.
No primeiro encontro do Batman com o vilão, ele chama o herói de docinho e chuchuzinho, perguntando também se ele não é gostoso o bastante para ser comido pelo herói. Para na sequência passar a mão no traseiro do rival, dizendo para ele relaxar. A personagem também faz menção ao Robin, pergunta se ele já se depila, dando a entender que Batman e Robin podem ser um casal. A representação do Coringa, em tal história, envolve salto alto e unhas longas e pintadas de verde.
Houve alterações no roteiro original da história, para amenizar o vilão. Na versão original, na primeira aparição do Coringa, ele estaria fazendo uma pose sedutora, como uma modelo de calendário. Estaria vestido com um collant preto, botas altas e delineadores/cílios falsos. Era um visual inspirado na Madonna, sendo citado no roteiro o videoclipe Open your heart (MORRISON, 2012).
Com o término das restrições do CCA, houve uma nova geração de artistas nos anos 90, vide Todd McFarlane22 e Rob Liefeld, para tratar de questões sexuais, mesmo que de modo apelativo (CRUZ, 2017, p. 83).
Em Gen 13, um dos produtos de 1995 da editora Image, a personagem Sarah Granizo era abertamente bissexual (CRUZ, 2017, p. 84). Mas Cruz (2017, p. 85) analisa tal personagem como um fetiche pela bissexualidade feminina, no sentido de que Granizo era quase exibicionista e adepta do nudismo. E essas representações femininas ostentavam constantemente a posição conhecida como brokeback, que busca, em termos estéticos, ressaltar as nádegas e os seios das personagens.
Dos anos 2000 em diante a autora aponta para uma representação mais positiva. Dialogando com os conflitos existentes e fazendo coro à questão da tolerância (CRUZ, 2017,
p. 92). Nos Novos Vingadores, por exemplo, ganhou destaque o casal Hulkling e Wicanno, que estrearam juntos em 2005 (CRUZ, 2017, p. 93). E que, aos poucos, foram sendo apresentados como um casal para o público.
O primeiro beijo desses só viria a ser publicado em 2010 (CRUZ, 2017, p. 97). É válido relembrar como tal história, ao ser publicada no Brasil, causou polêmica com o prefeito Marcelo Crivella (MACHADO; FRANCO, 2019). Também vale relembrar o famoso beijo
22 Criador da personagem Spawn.
gay entre duas versões alternativas das personagens Wolverine23 e Hércules,24 na décima edição da X-Treme X-Men (CRUZ, 2017, p. 102).
A DC, por sua vez, na reformulação de suas revistas, conhecida como Novos 52, apresentou um Lanterna Verde25 homossexual. Esse em 2012 apareceu beijando seu namorado, na segunda edição de Earth 2. E o roteirista de tal história relatou, também, como muitas das reações negativas, via internet, vieram de leitores brasileiros (CRUZ, 2017, p. 99- 100).
O que parece incomodar mais, certa parcela dos leitores, são as relações homossexuais masculinas, como Cruz (2017) trata. Afinal, há todo um apelo em duas mulheres muito sexualizadas se beijando.
Não nos cabe fazer a genealogia de todas as representações de tais minorias em quadrinhos, mas vemos como houve uma ampliação e mudanças nas formas de representação. Personagens bissexuais ou lésbicas foram aumentando de número: Arlequina (CRUZ,
2017, p. 105), Mulher-Gato (CRUZ, 2017, p. 108), Mulher-Maravilha etc. (CRUZ, 2017, p. 110). Assim como outros personagens masculinos foram saindo do armário, vide uma nova versão do Homem de Gelo (CRUZ, 2017, p. 113). Houve o casamento de uma personagem transgênero na publicação Batgirl (CRUZ, 2017, p. 121-122). Enfim do silêncio e das representações discretas, chegamos ao momento, no qual tais questões podem ser abordadas bastante claramente e com um aprofundamento que sai do humorístico ou do trágico.
Hellblazer foi título lançado em 1988 e foi a publicação mais longeva do selo. Mesmo depois de seu encerramento, a personagem principal, John Constantine, passou a integrar outras histórias de tal universo editorial, apareceu em aventuras do Batman, Superman, Flash e por aí vai (ASSIS, 2016, p. 27).
23 Um dos personagens mais famosos da Marvel.
24 Personagem secundário da Marvel.
25 Outros heróis de grande importância dentro da DC.
26 Selo voltado para publicações mais adultas dentro de tal editora.
Constantine rompe com o estereótipo do mago de capa, rico e/ou possuidor de posição de destaque dentro da sociedade. É um mago da classe trabalhadora (ASSIS, 2016). Evidenciando em suas histórias problemas sociais, políticos e econômicos. Em questões relacionadas à falta de liberdade de expressão das minorias sexuais, por exemplo (ASSIS, 2016, p. 31). O terror e o horror vêm de uma mistura de medo da conjuntura política/social somado aos elementos sobrenaturais (ASSIS, 2016, p. 37).
A ideia de Constantine é ser um mago das ruas, conhecedor do submundo urbano (ASSIS, 2016, p. 40). John é apresentado como vocalista e fundador de uma banda punk. Possuindo como amigos/conhecidos: Ray Monde, um homossexual soropositivo assassinado por um grupo de cristãos; Ali, comerciante paquistanês hostilizado por neonazistas; Chas, um taxista; Marj e Eddy, participantes de um movimento hippie etc. Considerando que tais histórias foram escritas na segunda reeleição de Margaret Thatcher, muitas das medidas do thatcherismo já estavam em vigor e fala o autor da Cláusula 28, que proibia a promoção intencional da homossexualidade (ASSIS, 2016, p. 41-2)27 .
As andanças de Constantine pela cidade são um retrato de abandono. Lixo no chão, mesmo pessoas abandonadas, diante da questão da mendicância etc. (ASSIS, 2016, p. 128). Em outro momento, enquanto a narração da revista fala que há mais de um caminho que leva ao inferno, a vitória de Thatcher é anunciada na televisão, que a personagem está assistindo (ASSIS, 2016, p. 142-143). E há semelhanças entre o caso britânico e os Estados Unidos, no governo Reagan.
Constantine surgiu e se manteve muito tempo como um personagem contestador e marginal. Passando a figurar em histórias de heróis maiores, como Batman e Superman, era de se esperar mudanças. Mesmo que em algumas histórias, como Batman: Maldito, também de um selo voltado para um público mais adulto, ainda vejamos Constantine imerso em um universo sujo e decadente.
A bissexualidade da personagem não parece algo que estava presente desde sua origem. É um elemento adicionado com o escritor Brian Azzarello (SMEE, 2019). Ou seja, se
27 Seção 28 ou Cláusula 28 se refere à uma medida do Local Government Act 1988, a qual só foi encerrada em 21 de Junho de 2000.
28 Tratar de Kerouac é tratar da geração beat, assim Assis (2016, p. 101) os associa as camadas mais pobres e de uma estética agressiva.
passam muitos anos entre a criação da personagem e sua declaração de bissexualidade, pois Hellblazer número 164 saiu no ano de 2001.
É no arco Inferno na Prisão, de Hellblazer, que acompanhamos sua bissexualidade. Vemos uma história, na qual Constantine está preso e se tornar a mulher de um prisioneiro mais forte. Então de um ponto inicial, de grave violência sexual, esse elemento terminou ressurgindo em outras histórias. Como no arco final de Azzarello, Cinzas e Pó na Cidade dos Anjos, no qual Constantine seduz um rico dono de uma boate sadomasoquista (SMEE, 2019). Ou no encadernado Fantasmas do passado, pois acompanhamos uma cena, em que Constantine vai a um bar e ao encontrar um homem que lhe atraiu, começa a flertar com o desconhecido (ARAÚJO, 2018).
Como é a representação de Constantine em Justice league dark: Apokolips war? Para começarmos, vale entender que os longas animados recentes da DC Comics estão a apostar em histórias mais violentas e adultas. Assim surgiu uma animação do clássico Piada mortal de Alan Moore, em que se acrescentou até uma cena de sexo entre o Batman e a Batgirl.29 Mas também é mais violento e sexual animação como Assalto ao Arkhan. Comparemos estas duas animações com Batman: A máscara do Fantasma, dos anos 90, e a diferença ficará nítida.
Na trama de Justice League Dark Constantine se torna um membro da Liga da Justiça.30 Já inicia o longa com uma piada de que não irá colocar capa de super-herói. Mas depois de uma batalha frustrada contra o vilão Darkside,31 a terra é conquistada por dois anos pelo invasor alienígena.
Nas imagens que vemos de tal confronto, já existe um clima de maior violência, pois aparecem heróis despedaçados e mortos em tal confronto. Estelar,32 por exemplo, aparece cortada ao meio com tripas, sangue e ossos para fora. E mesmo em outras cenas a violência continua: Raven, por sua vez, em certo momento da trama ia tentar o suicídio; Batgirl é devorada viva; quebram o pescoço do Superboy, matando-o etc.
Constantine na batalha inicial, de forma nada heroica, foge do combate, deixando os outros entregues à própria sorte. A primeira vez que revemos Constantine, depois dessa
29 Personagem clássica, vista, geralmente, como uma ajudante do Batman.
30 Clássico grupo de super-heróis dos quadrinhos, somando Superman, Batman etc.
31 Visto como um dos vilões mais poderosos da DC, tendo um nível de força comparável ao do Superman.
32 Personagem membro dos Teen Titans.
derrota, ele está bêbado, barbado e cambaleante. Em outro momento ele está fumando, algo pouco comum para os heróis atuais igualmente.
Se os heróis já foram representados como semideuses, os heróis atualmente podem aparecer em representações menos idealizadas. É o próprio caso do filme Batman v Superman ou da série The boys.
Ao receber a visita de Superman e Raven, Constantine recusa, inicialmente, o convite para salvar o mundo, acha que o plano não vai dar certo. Depois de aceitar se juntar ao grupo, acontece a cena entre ele e o King Shark. Como a revelação da homossexualidade do ex-vilão Flautista, não é algo que esteja envolvido diretamente com a trama de salvar o mundo.
Como em outros casos, não há nenhuma cena que demonstre o afeto mais profundo entre esses dois seres. Não há beijo, abraço ou qualquer coisa do gênero. Então vemos que mesmo dentro de um padrão mais adulto, as animações da DC ainda não estão investindo em demonstrações mais explícitas de homoafetividade.
Justice league dark não é caso isolado, há mais animações com personagens da comunidade LGBTI+ também. Não é nosso objetivo realizar uma lista, no presente artigo, de todas essas representações. Mas como no caso dos quadrinhos, é válido realizar um corte entre as animações com perfil mais adulto e as mais voltadas para um público bem jovem.
Assim séries animadas como South Park, já abordavam personagens homossexuais desde sua primeira temporada, com a personagem Big Gay Al, por exemplo. The Simpsons também possuiu uma personagem, Waylon Smithers, que todos já suspeitavam de sua homossexualidade, mas esse ficou no armário por muitos anos, até se revelar depois de vinte e sete temporadas do desenho. Do mesmo modo, Family Guy possui uma personagem, primo do cão falante Brian, que é assumidamente gay (UOL, 2017).
BoJack Horseman trabalhou com a trama de um personagem gay, Herb Kazzaz, que ao ser revelado ao grande público, perde seu emprego, em uma grande emissora de TV, e chega a pensar em suicídio. O programa possui igualmente um personagem assexual, Todd, um dos melhores amigos de BoJack.
Nos anos 2000 podemos detectar certos personagens de desenhos infantis que apresentaram traços que poderiam os identificar com minorias sexuais, porém como a personagem Extraño não são assumidos. Por exemplo, o vilão Ele do desenho Meninas superpoderosas, pois tal ente possui elementos femininos, como sua voz fina e a vestimenta. Outro exemplo mais pontual: em um episódio do desenho animado O laboratório de Dexter,
do canal Cartoon Network, vemos uma paródia do Surfista prateado33. A personagem é chamada de Colher Prateada e causou polêmica por ser um gay estereotipado (UOL, 2017).
A recente novidade então parece ser representações LGBTI+ em animações voltadas mais para o público infanto-juvenil de forma aberta.
No desenho The Loud House um dos melhores amigos da personagem principal possui dois pais (VEJA, 2016). Em Avatar: A lenda de Korra, a personagem principal se apresenta, no último episódio, como bissexual, ao dar a mão a outra personagem feminina, Asami. Os autores da série vieram confirmar que se tratava de um relacionamento amoroso (UOL, 2017). Para os criadores da série terem de vir confirmar tal envolvimento, já nos explicita que foi algo discreto e dúbio. Algo similar a representação da homossexualidade de Alvo Dumbledore no filme Animais fantásticos 2.
No desenho Steven Universe duas personagens femininas, Rubi e Safira, possuem um relacionamento (UOL, 2017). Em que vale citar dois casos que trataram disto de modo mais claro: A hora da aventura e Star vs as forças do mal.
No fim de A hora da aventura se dá coisa similar. As personagens Marceline e Princesa Jujuba se beijam, depois de vencerem uma ameaça juntas. Em que há uma diferença: em A hora da aventura é um casal muito importante dentro da trama, ambas queridas pelo público.
O presente artigo foi sobre as representações LGBTI+ existentes em desenhos animados e quadrinhos, demos principal destaque para a personagem John Constantine, que chamou certa atenção do público e da mídia, recentemente, ao relevar um ex-namorado, em uma animação chamada Justice league dark: Apokolips war.
Como vimos na década de 80, do século XX, já havia certas discussões sobre a sexualidade da personagem Extraño e da vilã Mística, dos X-Men, mas a representação
33 Vilão clássico da Marvel, geralmente aparecendo nas histórias do Quarteto Fantástico.
34 E no fim da série uma das personagens principais da animação, Jackie, apareceu com uma possível namorada.
continuava velada. Tirando histórias de quadrinhos mais adultas, como Watchmen, Sandman, V de vingança etc. Foi nos anos 90 que surgiu maior liberdade nos quadrinhos.
Dos anos 2000 em diante a representatividade aumentou. Aqui se pode pensar em uma série de casos: um casal gay em Novos Vingadores, um Homem de Gelo que saiu do armário, um beijo gay do Wolverine etc. No que tange ao Constantine, sua apresentação como bissexual também ocorreu no começo dos anos 2000.
Sobre sua sexualidade apresentada na animação Justice League Dark: Apokolips war, como vimos, é algo rápido e discreto. Não há cenas de grande afeto entre a personagem Constantine e King Shark.
Sobre as animações, elas parecem, no caso americano, terem demorado mais para assimilarem a questão da representatividade LGBTI+. Mesmo assim, houve personagens gays em animações adultas, como South Park ou Family Guy.
Na década de 10, do século XXI, há representações abertas então nos desenhos. Exemplos disso são: The Loud House, Avatar, A hora da aventura, Star vs as forças do mal etc. E este último exemplo apresentou um beijo gay polêmico em um dos seus episódios. Além disso, se A hora da aventura deixou para revelar no fim da série o relacionamento lésbico de suas personagens, isso pode envolver o fato de que se houvesse alguma tentativa de boicote ao programa ou polêmica, a série já teria acabado, assim não ameaçaria tanto sua audiência, por exemplo.
A representação da comunidade LGBTI+ é variável com o tempo, envolve, entre outras coisas, o quanto a sociedade se mostra aberta ou não para as minorias sexuais.
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JOHN CONSTANTINE E A QUESTÃO HOMOAFETIVA: UMA ANÁLISE SOBRE REPRESENTAÇÕES LGBTI+ EM QUADRINHOS DE SUPER-HERÓIS E ANIMAÇÕES
JOHN CONSTANTINE Y LA PREGUNTA HOMOAFFECTIVE: UN ANÁLISIS DE LAS REPRESENTACIONES LGBTI+ EN CÓMICS DE SUPERHÉROES Y ANIMACIONES
RESUMO: O presente artigo é uma análise das representações LGBTI+ em revistas de super-heróis e animações. Abordaremos mais a personagem da DC Comics John Constantine, bissexual, por ele ser um herói de uma grande editora, aparecendo junto ao Batman, Superman etc. Nossa metodologia é qualitativa, se pautando em uma análise inicial do campo de estudos e na sequência em uma análise mais aprofundada da própria personagem Constantine. Possuímos um aporte teórico que envolve, entre outros autores: Michel Foucault, Sarane Alexandrian e Dandara Cruz. Nossas conclusões envolvem ver como realmente houve uma mudança profunda ao longo do tempo, do fim do século XX ao começo do século XXI. Se antes esse tipo de questão não podia ser tão abordada, ou não podia ser abordada explicitamente, hoje há uma abertura maior para representações de personagens LGBTI+.
PALAVRAS-CHAVE: LGBTI+. Quadrinhos. Animações. John Constantine. Hellblazer.
RESUMEN: Este artículo es un análisis de representaciones LGBTI + en cómics, superhéroes y animaciones infantiles. Especialmente, nos acercaremos al personaje de DC Comics John Constantine, bisexual, porque es un héroe de una editorial importante, que aparece junto a Batman, Superman, etc. Nuestra metodología es cualitativa, basada en una
1 Pontifical Catholic University of Rio de Janeiro (PUC-RIO), Rio de Janeiro – RJ – Brazil. Doctorate Student in Social Sciences. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7158-4371. E-mail: mariojpaiva91@gmail.com
amplia contribución que contiene: Michel Foucault, Sarane Alexandrian, James Green, João Trevisan, Dandara Cruz entre otros. Nuestras conclusiones implican ver cómo realmente ha habido un cambio profundo a lo largo del tiempo, desde finales del siglo XX hasta principios del siglo XXI. Si antes este tipo de pregunta no se podía abordar tanto, o no se podía abordar explícitamente, hoy hay una mayor apertura para las representaciones de caracteres LGBTI
+.
PALABRAS CLAVE: LGBTI+. Historietas. Animaciones. John Constantine. Hellblazer.
As it is known, there are representations of the non-heterosexual love universe since classical times. If we use Sarane Alexandrian (1993), we can see how among the ancient Greeks and Romans there were expressions of their sexualities since Autokylos (ALEXANDRIAN, 1993, p. 13), passing through the poetess Sappho of the island of Lesbos (ALEXANDRIAN, 1993. p. 279), until we get to the Satyricon (ALEXANDRIAN, 1993, p. 23; PETRONIAN, 1981), the Satires of Juvenaletc (ALEXANDRIAN, 1993, p. 28).
As cultural elements, the ways of representing love relationships were not totally free, being correlated to the elements of society/culture, involving disputes, historical issues and rules. Something that Alexandrian himself (1993, p. 19) deals with, when addressing the codes of conduct and honor in the relations between erastes and eromenos2. And as if this code was not followed, there were mockery with offensive terms, vide cinedes or katapygones, terms that would be correlated to what is used today when someone is called a fag, queer etc3.
On this basis, that our cultural representations are not neutral and are linked to sociological and historical elements, this paper will analyze current pop culture. And we refer to the LGBTI+ representations existing in comics and animations, our key character will be John Constantine from DC Comics.
The present article is divided into five parts. It started with the present Introduction. It then moves on to a second follow-up, called LGBTI+ Representations and the issue of comics, in which we address how there are historical persecutions against the LGBTI+ community, with the 20th century being a time of profound changes. The third follow-up, John Constantine and bisexuality, further presents who such a character is and how his
2 The first term, erastes, refers to an adult man who is in a relationship with an adolescent, in this case eromenos. 3 A question that Michel Foucault (20102010, p. 245), in turn, further elaborated on. Even if he also deals with the mockery that existed about the relationships between two made men.
bisexuality has been explored in comics. The fourth part, LGBTI+ Representation in Animations, specifies a bit of how John's representation was in Justice league dark and deals with the ways LGBTI+ issues4 are being addressed in animations. The article closes with the Conclusion.
Why deal with comics, animation, pop culture? Because as Slavoj Žižek (2017; 2018) shows, for example: there are forms of symbolic, ideological legitimation, ranging from the movies we watch to the music we listen to.
Cartoons, comics, etc. are part of culture. And that is what this article is about: to see if we can, through certain examples, understand the changes in how the issues of the LGBTI+ community are viewed. Has there been a change, for example, from the 1980s until now?
Our analysis is qualitative, there is at first a more general approach to the issue and we focus mainly on Dandara Cruz. Then we will analyze another academic contribution, which focused more on the character Constantine.
To understand Constantine, we also read some stories of the character, and watched the animated feature Justice League Dark and its movie, Constantine from 2005. The movie will not be discussed, since it tells us little about the sexuality of the character, being an inaccurate representation. It is also worth mentioning how the content of the article, in more than one moment, will be more descriptive and this occurs because this text has an introductory intent to the theme. Since this type of discussion about comics has not yet been very appropriate by the Brazilian academia, apparently.
Why do we rely more on the character John Constantine? Because besides being an existing product in several media, having been presented in comics, movies, TV and animation, demonstrating its relevance to consumers, a scene in the animated featureJustice League Dark: Apokolips war5 recently caught the public's attention. Demonstrating how the sexuality of the characters is something that still generates: curiosities, news in certain portals on the internet etc.
We refer to a scene, in an underground fight club, in which there is a dialogue between the character Raven6 and Constantine. All very brief. Constantine, surprised, says something
4 We know that there is a debate about the use of such acronyms and there is no final consensus. So we prefer LGBTI+, which refers to Lesbian, Gay, Bisexual, Transvestite, Transsexual, Transgender, and Intersex. There being the + that makes room for the addition of other minorities.
5 Feature released in 2020 on digital platforms and on 4K, Blu-ray and DVD.
6 A witch who is a member of the Teen Titans.
like: it's my ex. 7Then Raven, looking in the direction John is observing, thinks he is referring to Harlequin8. But, in fact, Constantine is talking about the character on the villain's side, King Shark9, who smiles and gives her a wink. Constantine then puts his hand on his neck, embarrassed, and looks away. Also being interesting as he is a good guy who has dated a villain.
Until the 18th century, homosexuals could be described as sodomites, in a very broad category that included sexual contacts between men, men and animals, or men and women in ways that defied reproduction (NUNAN, 2003, p. 33). However even after religious ideas no longer showed themselves as the main filter, for analyzing reality, this did not mean simple acceptance of such groups. Adriana Nunan (2003, p. 30-31), following the Foucauldian current, treats how the homosexual then began to be the subject of studies, along with, for example, hysterical women.
In a framework of advances and setbacks, for if the bourgeois hygienic standard collaborated to the extinction of punishments, for example, in the colonial period in Brazil. This has taken its toll, in the creation of a subject more closely watched by the therapeutic control, which placed its references as scientific standards. The role of the psychiatrist as also that of an enhancer of control over people with sexual practices considered deviant (TREVISAN, 2018, p. 171).
7 We put it in English, because in Portuguese the gender designation would already indicate that he was referring to a man. After all, translated, it would look something like: he is my ex-boyfriend.
8 Batman villain created in the 1990s and originally introduced as a girlfriend of the villainous Joker.
9 A villain created in the 1990s that is roughly an antagonist of the superhero Aquaman. Such a villain is a mixture of shark and human, being a hybrid form.
10 In Brazil, for example, the Christians were shocked by the nefarious sin, because they faced sodomy as one of the four clamantia peccata of medieval theology. Being that such practices had already been noticed even in 1549 with Father Manoel da Nóbrega or in 1587 by Gabriel Soares de Souza (TREVISAN, 2018, p. 63).
Nunan (2003, p. 32) deals with how psychiatry progressively defined the personality of the homosexual11 as a special pathological personality. And if some authors favorable to the free expression of such minorities appeared, presenting certain positive claims in the eyes of the time, the speeches were mostly loaded with prejudice (NUNAN, 2003, p. 34)12.
The 20th century, and the beginning of the 21st century, is still a time of prejudice against these groups, but there have been certain cut-off points and advances in sexual freedom.
To demonstrate how representations of homosexuals have been changing, we believe that literature can help us. If we take O bom criolo (CAMINHA, 2015) from the end of the 19th century, and works like Córidon by André Gide (GIDE, 1985) or O beijo no asfalto by Nelson Rodrigues (RODRIGUES, 2012), both from the 20th century, we see that the homosexual issue is still dramatic13.
From the 20th and 21st century, however, we also have books like Call Me by Your Name, The Third Pillow, One Man Guy, David Levithan's pop hits etc., that show changes. Even if author J.K. Rowling revealed that one of the most popular wizards in her franchise, Harry Potter, was gay, and had a good acceptance from the public, this is not irrelevant (NUMAN, 2003). We refer here to Target Dumbledore (GI, 2007).
Considering then that in the 20th and 21st centuries LGBTI+ sexual ways were no longer considered diseases etc., and brands started to target, more openly, the LGBTI+ public (NUMAN, 2003). Now let's look at the issue of the American superhero comics market. We explain this geographic issue because we know, for example, that in Japan there are different events happening, such as a strong manga market14 focused on the representations of homosexual love. But this will not be dealt with in this article.
If we follow the analysis of Dandara Cruz (2017), we will observe how superhero comics are related to a more masculine audience and thus represent fantasies imbued with characteristics of the heteronormativity standard. But in the last four decades, from the end of the 20th century to the beginning of the 21st century, the LGBTI+ universe started to occupy
11 The word homosexuality itself was possibly only created in 1869 by the Hungarian journalist and lawyer Karol Maria Kertbeny (NUNAN, 2003, p. 34).
12 "The hunt for homosexuals involved the police, judges, and medicine, which believed it could detect the homosexual by physical and moral characteristics, and attempts to cure homosexuals emerged, going through practices such as: forced abstinence, hypnosis, and, in the 20th century, hormone and surgical treatments" (NUNAN, 2003, p. 35, our translation).
13 It is worth remembering the very case of the author Marquis de Sade, who spent a large part of his life in prison.
14 Roughly speaking, these are Japanese comics.
more space in the public agenda, so they started to point to some discussions about inclusion and representativity. In superhero comics there started to be more visibility of such groups, something that ends up creating clashes between more conservative (PAIVA, 2019) or progressive readers.
The author deals with the importance of representation for minority groups (CRUZ, 2017, p. 16). And points to the heroes as semi-divine beings, who have become entrenched in our imagination, with elements of exaggerated masculinity and female objectification (CRUZ, 2017, p. 18). But thanks to certain changes, characters have come to counter such an image.
The author points out the imagery issue and how to reaffirm masculinity, certain classical artists worked a lot with muscular men, something related even to the body of Greco-Roman sculptures. It is, for example, the case of Tarzan's features drawn by Hal Foster, The Spirit15 or Alex Raymond's Flash Gordon (CRUZ, 2017, p. 43-44). And there is a devaluation of possible conduct, in these heroes, of what could be seen as feminine (CRUZ, 2017, p. 43).
Some characters from the 1930s, 40s, and 50s, of the 20th century, are considered as allusions to homosexuality, but the issues are ambiguous (CRUZ, 2017, p. 48). And of great relevance was the 1954 book Seduction of the Innocents. The author, Friderick Wertham, believed that comics could lead young people not only to delinquency, but also to sexual disorders, talking about the desire for the women in the stories and the risk of homosexuality (CRUZ, 2017, p. 56).
There was a period of anti-comics hysteria in 1954, after all parents and government were worried (CRUZ, 2017, p. 61). Faced with the threat of state control, publishers created their own means of self-regulation, the Comics Code Authority, CCA. And obedience to the code guaranteed a stamp on the cover that reassured those responsible for young people (CRUZ, 2017, p. 61). One of the rules involved the prohibition of depictions of sexual perversions and spoke of no depiction of sexual abnormalities (CRUZ, 2017, p. 62).
Even with the CCA in place, more characters with evidence of abnormal desires began to emerge, in the terms of these readings. In any case, it was still discreet and involved minor characters in the plots (CRUZ, 2017, p. 63).
With the sexual freedom that flourished in the 60s and 70s, we saw changes. Comix made sex open in the face of this conservative mold, but even though famous names like
15 Character created by Will Eisner, in 1940.
Robert Crumb addressed fetishes and orgies, homosexuality still seemed to be in the closet (CRUZ, 2017, p. 64).
With the 1980s, there was still a certain smokescreen and the character of the wizard Extraño, from DC Comics, seen as implicitly gay at the time, stands out. However his stereotypes were ill-received, both by more traditional wings and by members of the gay community themselves (CRUZ, 2017, p. 66).
As we know, "extraño" can be translated in English as "queer" and he was flamboyant, even by superhero standards. Affeminate, obsessed with his own hair, and who made references to himself as an aunt. Still, with CCA, he never came out (CRUZ, 2017, p. 67). Also causing controversy was his death from HIV, thanks to a scratch from an enemy (CRUZ, 2017).
Marvel through the characters Mystique and Sina, villains of the X-Men, also worked with implicit relationships, the two were adoptive mothers of another superheroine, Vampira (CRUZ, 2017, p. 68).
The author would also have to deal with Watchmen, seen as a point outside the curve of the 1980s, for its different tone (CRUZ, 2017, p. 87)16. Making this story part of the British Invasion, when British authors, disillusioned with the Thatcher government, brought their pessimistic views to American comics (CRUZ, 2017, p. 87)17.
We cannot forget how Neil Gaiman, with Sandman's A game of you arc (GAIMAN, 2019), and other productions by Alan Moore, vide V for Revenge (MOORE, 2005) would also come to further address the issue of the existence of LGBTI+ characters. However such representations were adult stamps and from less central lines of comics.
It is worth mentioning how the Gay and Lesbian Alliance Against Defamation, GLAAD19 , gave its first award in 1992 to a comic book, issue #53 of the publication The Flash. In it the former villain Pied Piper20 reveals himself as gay to Flash (CRUZ, 2017, p.
16 It was published in 1986.
17 Such a point is also addressed by Carlos Assis (2016).
18 "There were also, in the plot, suspicions and insinuations about the first vigilante of such a universe, the secondary character Hooded Punisher" (CRUZ, 2017, p. 88).
19 The Gay and Lesbian Alliance against defamation is an NGO, established in 1985.
20 "Possessed powers of superhearing and who ended up developing a kind of sound hypnosis technology" (CRUZ, 2017, p. 71).
71)21. It is a quick moment, lasting only a few pages, and unrelated to the rest of the plot, yet it has importance in addressing Flash's apparent initial discomfort, who ultimately seems to have overcome the problem (CRUZ, 2017, p. 74).
We believe that the 1989 Arkham Asylum comic book is also worth mentioning, because we witnessed a Joker that presents elements that could indicate homosexuality or bisexuality.
In Batman's first encounter with the villain, he calls the hero sweetie and chuchuzinho, also asking if he is not tasty enough to be eaten by the hero. He then proceeds to put his hand on his rival's ass, telling him to relax. The character also mentions Robin, asking him if he shaves, hinting that Batman and Robin could be a couple. The representation of the Joker, in such a story, involves high heels and long green painted nails.
There have been changes to the original story line to tone down the villain. In the original version, in the Joker's first appearance, he would be striking a seductive pose, like a calendar model. He would be dressed in a black tights, high boots, and fake eyeliner/eyelashes. It was a Madonna inspired look, with the Open your heart music video (MORRISON, 2012) being cited in the script.
As the CCA restrictions ended, there was a new generation of artists in the 1990s, vide Todd McFarlane22 and Rob Liefeld, to address sexual issues, even if in an appealing way (CRUZ, 2017, p. 83).
In Gen 13, one of the 1995 products of the publisher Image, the character Sarah Granizo was openly bisexual (CRUZ, 2017, p. 84). But Cruz (2017, p. 85) analyzes such a character as a fetish for female bisexuality, in the sense that Granizo was almost exhibitionist and adept at nudism. And these female representations constantly boasted the position known as brokeback, which seeks, in aesthetic terms, to highlight the buttocks and breasts of the characters.
From the 2000s on, the author points to a more positive representation. Dialoguing with the existing conflicts and making chorus to the issue of tolerance (CRUZ, 2017, p. 92). In the New Avengers, for example, the couple Hulkling and Wicanno, who debuted together in 2005, gained prominence (CRUZ, 2017, p. 93). And that, little by little, were being presented as a couple to the public.
21 Famous DC hero with super-speed.
22 Creator of the character Spawn.
The first such kiss would only come to be published in 2010 (CRUZ, 2017, p. 97). It is worth recalling how such story, when published in Brazil, caused controversy with the mayor Marcelo Crivella (MACHADO; FRANCO, 2019). It is also worth recalling the famous gay kiss between two alternative versions of the characters Wolverine23and Hercules24, in the tenth issue of X-Treme X-Men (CRUZ, 2017, p. 102).
DC, for its part, in the reformulation of its magazines, known as New 52, presented a homosexual Green Lantern25. This in 2012 appeared kissing his boyfriend, in the second issue of Earth 2. And the scriptwriter of such story reported, also, how many of the negative reactions, via internet, came from Brazilian readers (CRUZ, 2017, p. 99-100).
What seems to bother most, a certain portion of readers, are the male homosexual relationships, as Cruz (2017) addresses. After all, there is a whole appeal in two very sexualized women kissing.
It is not our place to genealogize all the representations of such minorities in comics, but we see how there has been an expansion and changes in the forms of representation.
Bisexual or lesbian characters were increasing in number: Harlequina (CRUZ, 2017, p. 105), Catwoman (CRUZ, 2017, p. 108), Wonder Woman etc. (CRUZ, 2017, p. 110). Just as other male characters have been coming out of the closet, see a new version of Ice Man (CRUZ, 2017, p. 113). There was the marriage of a transgender character in the Batgirl publication (CRUZ, 2017, p. 121-122). Finally, from the silence and discrete representations, we reach the moment when such issues can be addressed quite clearly and with a depth that goes beyond the humorous or the tragic.
Hellblazer was a title released in 1988 and was the longest-running publication of the seal. Even after its closure, the main character, John Constantine, went on to integrate other
23 One of Marvel's most famous characters.
24 Marvel's secondary character.
25 Other heroes of great importance within DC.
26 A label geared toward more adult publications within such a publishing house.
stories of such editorial universe, appeared in adventures of Batman, Superman, Flash and so on (ASSIS, 2016, p. 27).
Constantine breaks with the stereotype of the cape magician, wealthy and/or possessing a prominent position within society. He is a working-class magician (ASSIS, 2016). Evidencing in his stories social, political, and economic problems. In issues related to the lack of freedom of expression of sexual minorities, for example (ASSIS, 2016, p. 31). The terror and horror come from a mixture of fear of the political/social conjuncture added to the supernatural elements (ASSIS, 2016, p. 37).
Constantine's wanderings through the city are a portrait of abandonment. Garbage on the ground, even abandoned people, faced with the issue of begging etc. (ASSIS, 2016, p. 128). In another moment, while the narration of the magazine talks about there being more than one way that leads to hell, Thatcher's victory is announced on television, which the character is watching (ASSIS, 2016, p. 142-143). And there are similarities between the British case and the United States, under the Reagan government.
Constantine emerged and remained for a long time a disruptive, marginal character. Starting to appear in stories of bigger heroes, such as Batman and Superman, changes were to be expected. Even if in some stories, such as Batman: Curse, also from a label aimed at a more adult audience, we still see Constantine immersed in a dirty and decadent universe.
27 Section 28 or Clause 28 refers to a measure in the Local Government Act 1988, which was not closed until June 21, 2000.
28 To deal with Kerouac is to deal with the beat generation, thus Assis (2016, p. 101) associates them with the poorer classes and an aggressive aesthetic.
The character's bisexuality doesn't seem like something that was present from her origin. It is an element added with writer Brian Azzarello (SMEE, 2019). In other words, many years pass between the creation of the character and her declaration of bisexuality, as Hellblazer issue 164 came out in the year 2001.
It is in Hellblazer's Hell in Prison arc that we follow her bisexuality. We see one story, in which Constantine is imprisoned and becomes the wife of a stronger prisoner. So from an initial point, of severe sexual violence, this element ended up resurfacing in other stories. Like in Azzarello's final arc, Ashes and Dust in the City of Angels, in which Constantine seduces a wealthy sadomasochistic nightclub owner (SMEE, 2019). Or in the bound Ghosts of the Past, as we follow a scene, in which Constantine goes to a bar and upon meeting a man who attracted him, starts flirting with the stranger (ARAÚJO, 2018).
In Justice League Dark Constantine becomes a member of the Justice League30. He already starts the feature with a joke that he will not put on a superhero cape. But after a foiled battle against the villain Darkside31, the earth is conquered for two years by the alien invader.
In the images we see of such a confrontation, there is already an atmosphere of greater violence, as heroes appear torn to pieces and killed in such a confrontation. Stellar,31 for example, appears cut in half with guts, blood, and bones sticking out. And even in other scenes the violence continues: Raven, in turn, at a certain point of the plot was going to attempt suicide; Batgirl is devoured alive; they break Superboy's neck, killing him etc.
29 Classic character, usually seen as a sidekick to Batman.
30 Classic comic book superhero group, adding Superman, Batman etc.
31 Seen as one of DC's most powerful villains, having a level of strength comparable to Superman's. 31
Character member of the Teen Titans.
Constantine in the initial battle, in an unheroic manner, runs away from the fight, leaving the others to their fate. The first time we see Constantine again, after this defeat, he is drunk, bearded and staggering. In another moment he is smoking, something uncommon for today's heroes as well.
If heroes were once represented as demigods, heroes today can appear in less idealized representations. This is the very case of the movie Batman v Superman or the series The boys. Upon receiving a visit from Superman and Raven, Constantine initially refuses the invitation to save the world, thinking the plan won't work. After he accepts to join the group, the scene between him and King Shark takes place. Like the revelation of the homosexuality of the former Pied Piper villain, it is not something that is directly involved with the plot of
saving the world.
As in other cases, there is no scene that shows the deepest affection between these two beings. There is no kissing, hugging, or anything of the sort. So we see that even within a more adult standard, DC animations are still not investing in more explicit demonstrations of homo-affectivity.
Justice league dark is not an isolated case, there are more animations with characters from the LGBTI+ community as well. It is not our goal to make a list, in this article, of all these representations. But as in the case of comics, it is valid to make a cut between the animations with a more adult profile and those more aimed at a very young audience.
So animated series like South Park, already dealt with homosexual characters since its first season, with the character Big Gay Al, for example. The Simpsons also had a character, Waylon Smithers, who everyone already suspected of his homosexuality, but he stayed in the closet for many years, until he revealed himself after twenty-seven seasons of the cartoon. Similarly, Family Guy has a character, cousin of the talking dog Brian, who is openly gay (UOL, 2017).
BoJack Horseman worked with the plot of a gay character, Herb Kazzaz, who, when he is revealed to the general public, loses his job, at a major TV station, and even thinks about suicide. The show also has an asexual character, Todd, one of BoJack's best friends.
In the 2000s we can detect certain children's cartoon characters that presented traits that could identify them as sexual minorities, but, like the character Extraño, are not assumed. For example, the villain Ele from the cartoon Girls Super Powerful, because such an entity has feminine elements, such as his thin voice and clothing. Another more specific example: in an episode of the Cartoon Network cartoon Dexter's Laboratory, we see a parody of the Silver
Surfer32. The character is called the Silver Spoon and caused controversy for being a stereotypical gay man (UOL, 2017).
The recent news then seems to be LGBTI+ representations in animations aimed more at children and teenagers in an open way.
In The Loud House one of the main character's best friends has two parents (SEE, 2016). In Avatar: The Legend of Korra, the main character presents herself, in the last episode, as bisexual, by holding hands with another female character, Asami. The writers of the series came to confirm that this was a love relationship (UOL, 2017). For the creators of the series to have to come to confirm such involvement, already makes it explicit to us that it was something discrete and dubious. Something similar to the representation of homosexuality of Target Dumbledore in the movie Fantastic Beasts 2.
In the Steven Universe cartoon two female characters, Ruby and Sapphire, have a relationship (UOL, 2017). In which it is worth mentioning two cases that dealt with this more clearly: The hour of adventure and Star vs the forces of evil.
A similar thing happens at the end of Time for Adventure. The characters Marceline and Princess Jujube kiss, after overcoming a threat together. There is a difference: in The Adventure Hour they are a very important couple within the plot, both beloved by the audience.
This article was about LGBTI+ representations in cartoons and comics, with the main focus on the character John Constantine, who recently drew some public and media attention by revealing an ex-boyfriend in an animation called Justice league dark: Apokolips war.
As we saw in the 80's, in the 20th century, there were already certain discussions about the sexuality of the character Extraño and the villain Mystique, from the X-Men, but the
32 Classic Marvel villain, usually appearing in the Fantastic Four stories.
33 And at the end of the series one of the main characters in the animation, Jackie, showed up with a possible girlfriend.
representation was still veiled. Apart from more adult comics, such as Watchmen, Sandman, V for Revenge etc. It was in the 90s that more freedom emerged in comics.
From the 2000s on, representation has increased. Here you can think of a number of cases: a gay couple in New Avengers, an Ice Man who came out of the closet, a gay kiss from Wolverine etc. As far as Constantine is concerned, his presentation as bisexual also occurred in the early 2000s.
About his sexuality presented in the animation Justice League Dark: Apokolips war, as we have seen, is something quick and discreet. There are no scenes of great affection between the character Constantine and King Shark.
Regarding animations, they seem, in the American case, to have taken longer to assimilate the issue of LGBTI+ representation. Even so, there have been gay characters in adult animations, such as South Park or Family Guy.
In the 10's, of the 21st century, there are open representations then in the drawings. Examples are: The Loud House, Avatar, The Adventure Hour, Star vs the Forces of Evil etc. And this last example featured a controversial gay kiss in one of its episodes. Also, if The Adventure Hour left to reveal at the end of the series the lesbian relationship of its characters, this may involve the fact that if there was some attempt to boycott the show or controversy, the series would have already ended, so it would not threaten its audience so much, for example.
The representation of the LGBTI+ community is variable over time, it involves, among other things, how open or not society is to sexual minorities.
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