O PAPEL DA MULHER NA EDUCAÇÃO: UMA COMPARAÇÃO ENTRE PESTALOZZI E FROEBEL


EL PAPEL DE LA MUJER EN LA EDUCACIÓN: UNA COMPARACIÓN ENTRE PESTALOZZI Y FROEBEL


THE ROLE OF WOMEN IN EDUCATION: AN COMPARISON BETWEEN PESTALOZZI AND FROEBEL


Letícia Tsukada de ARAUJO1 Eduardo Donizeti GIROTTO2


RESUMO: O artigo tem como base as pedagogias de Johann Pestalozzi e Friedrich Froebel, tendo em vista o papel da mulher e da mãe em ambas. Desse modo, apresenta-se de modo sucinto e resumido suas contribuições à pedagogia para então buscar entender como tais autores enxergam o papel da mulher na educação da criança pequena. A delimitação de uma atribuição ao papel da mulher na educação da criança teve como base a construção social da mãe como amável e gentil, o que resultou em um aprisionamento da mulher dentro de estereótipos. Pestalozzi e Froebel, apesar de cruciais para entender a pedagogia atual e que foram essenciais na mudança da escola tradicional, contribuíram para a visão limitada da mulher e da mãe e seu papel não apenas na educação, mas na sociedade como um todo.


PALAVRAS-CHAVE: Pestalozzi. Froebel. Educação. Mulher.


RESUMEN: El artículo tiene como base las pedagogías de Johann Pestalozzi y Friedrich Froebel, a la vista el papel de la mujer en ambas. Así, presentamos de modo resumido sus contribuciones a la pedagogía y luego buscamos entender cómo los autores ven el papel de la mujer en la educación de los niños. La atribución del rol de la mujer en la educación de los niños teve cómo base la construcción social de la mamá como amable y gentil, lo que consagró en un aprisionamiento de la mujer en estereotipos. Pestalozzi y Froebel, a pesar de importantísimos para comprender la pedagogía actual y que fueran esenciales en lo cambiante de la escuela tradicional, contribuyeron a una visión limitada de la mujer y de la mamá y su rol no solo en la educación, como en la sociedad.


PALABRAS CLAVE: Pestalozzi. Froebel. Educación. Mujer.


ABSTRACT: This article aims to discuss the role of women and the mother in the pedagogies of Johann Pestalozzi and Friedrich Froebel. To do so, we first summed up their contributions to pedagogy to then comprehend how such authors see the role of women in the education of the children. The delimitation of an assignment to the role of women in the education of the

1 Universidade de São Paulo (USP), São Paulo – SP – Brasil. Graduanda em Geografia. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8659-8565. E-mail: ltsukada@usp.br

2 Universidade de São Paulo (USP), São Paulo – SP – Brasil. Professor do Departamento de Geografia. Coordenador do Laboratório de Ensino e Material Didático (LEMADI). Doutorado em Geografia (USP). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9870-6188. E-mail: egirotto@usp.br



children was based on the social construct of the mother as amable and gentle, which resulted in an imprisonment of women in stereotypes. Although crucial in the understanding of the current pedagogy and in the change of traditional schools, Pestalozzi and Froebel also contributed to the limited vision of women and mother not only in education, but also in the society as a whole.


KEYWORDS: Pestalozzi. Froebel. Education. Women.


Introdução


O período entre 1789-1848 foi nomeado de ‘era das revoluções’ pelo historiador Eric Hobsbawm. Neste contexto, a educação, as teorias pedagógicas e as escolas não poderiam deixar de ser influenciadas. Desse modo, as pedagogias, estudos e práticas acerca da educação desse momento podem ser considerados como propostas de renovação educacional, que criticavam o modelo tradicional existente até então e propunham novos modos de educar.

Johann Pestalozzi (1746-1827) e Friedrich Froebel (1782-1852) viveram esse período. Suas ideias são consideradas entre as principais expoentes da história educacional. Pestalozzi está vinculado a todos os movimentos de reforma da educação do século XIX, enquanto que Froebel foi um dos primeiros educadores preocupados com a educação de crianças pequenas.

Quando conhecemos a história das ideias pedagógicas, podemos começar a entender não apenas as questões pedagógicas atuais, mas também a sociedade como um todo. Isto posto, a problemática central desse artigo é o papel da mulher na educação, buscando entender como tais autores enxergam a questão e como foi causa e consequência da atribuição dos papéis sociais atuais que vemos atribuídos às mulheres e às mães.

Para o desenvolvimento das principais ideias e argumentos que sustentam a análise aqui apresentada, foram usados textos traduzidos dos próprios autores, assim como a pesquisa da pedagoga brasileira Alessandra Arce e do francês Michel Soëtard. A obra de Froebel escolhida foi “A educação do homem”, por se tratar de uma de seus principais escritos teóricos acerca de sua pedagogia. Os textos de John Pestalozzi se encontravam já reunidos na obra que leva seu nome da Coleção Educadores do MEC. Essa obra reúne os principais escritos, tanto obras em si como “Como Gertrudes ensina seus filhos”, como cartas dirigidas a amigos e colegas em que ele discorre sobre suas ideias acerca da educação.

Antes da escolha das obras, houve a escolha de autores. Pestalozzi e Froebel foram dois grandes pedagogos cujos estudos influenciam a educação até os dias atuais. Suas ideias não devem ser ignoradas por quem se interessa pela educação ou por quem quer se formas



enquanto educador. Em especial quando se fala da criança pequena, ambos autores foram fundamentais para a constituição de como as educamos atualmente.

A educação, no entanto, não é algo despolitizado ou cujas consequências estão fora da sociedade, em um campo teórico exclusivo da educação. Isto é, influencia a sociedade. Desse modo, é fundamental entender qual o papel atribuído a esses autores à mulher, não apenas na educação, mas também na sociedade.

Para apresentar tal discussão, o presente texto se organiza de modo a iniciar apresentando as ideias gerais de Pestalozzi acerca da educação, afunilando no pensamento que se consolida enquanto seu método. Logo, se aborda mais especificamente o papel da mulher e da mãe para Pestalozzi. Passamos, então, para as ideias gerais de Froebel e logo avançamos na sua criação principal, o Kindergarten. Ao abordar tal assunto, não é possível deixar de tratar do papel da mulher, ou da jardineira, como será explicado. Com as pedagogias de ambos os autores expostas e debatido como viam o papel da mulher, chega-se à conclusão do artigo.


A criança no centro, em Pestalozzi


O século XVI foi o da descoberta da tipografia. Assim, os livros passaram a ser impressos, levando a uma criação de estrutura de ensino que não existia até então: a estrutura de colégios. Anteriormente, os processos educativos aconteciam na casa dos professores, com crianças de diferentes idades sendo educadas no mesmo ambiente. O colégio é uma estrutura que veio para rivalizar com a universidade, isto é, um modelo de ensino pautado na ideia de seriação, de gradualidade dos aprendizados. Assim, divide as crianças por níveis, séries e idades. Cria uma estrutura de tempo e espaço peculiar, com a ideia de professor que dá aula para todos os alunos como se fossem um só, num modelo chamado de tradicional.

Nesse modelo, os diferentes alunos são dispostos em uma turma em que os saberes supostamente são homogêneos e em que há a utilização de livros didáticos. Essa escola moderna tem duas etapas: do século XVI ao XVIII temos a constituição do método. Já do século XVIII em diante é a “dinâmica” política na educação. Ou seja, a Revolução Francesa precisava ser prolongada pela população, o que deveria ser feito através da escola.

A escola não pode ser entendida fora de seu contexto histórico-político-social. Assim, nesse primeiro período após a descoberta da tipografia, do fim do Renascimento e que abrange o Iluminismo, a escola foi estruturada com ampla utilização do livro didático. A escola tradicional surge com características que se mantém até os dias atuais. Em oposição ao



pessimismo antropológico da Idade Média, a constituição do nosso método tem como base o otimismo realista, que entende que “o homem é capaz de aprender e pode ser educado” (GADOTTI, 2003, p. 80). O momento histórico do predomínio da razão ainda foi fundamental para a tentativa dos pedagogos de criar uma ciência de educação.

A partir da Revolução Francesa, temos então o avanço do método, que passa a se entranhar com uma dinâmica política de formação do cidadão. A ideia da construção do novo ser humano passa por uma dimensão política da escolarização, de formar esse novo homem como ser humano. Desse modo, a escola seria o local corretor das desigualdades, vista como estratégia de igualdade de oportunidades. Atualmente tem o nome de meritocracia, segundo a qual irão progredir aqueles que forem mais talentosos, que tiverem maior mérito. No entanto, essa ideia esconde um lado perverso: seu método é organizado à luz de exame, sendo classificatório e também eliminatório. Configurou-se com a modernidade e acabou por estruturar a forma escolar de socialização, irradiando por todo o mundo e se constituindo como a maneira moderna de educar.

Pestalozzi foi ele próprio um aluno formado nesta estrutura e que questionou a escola, contra esse modelo de escolarização, e por isso se propôs a transformá-lo. Sua prática pedagógica se vincula “a todos os movimentos de reforma da educação do século XIX” (SOËTARD, 2010, p. 11). Foi um aluno medíocre, problemático. Buscando mudar o método tradicional, cria sua primeira escola na propriedade rural de sua família. Lá, reunia crianças de ambos os sexos e usava da tecelagem, agricultura e leitura/escritura para ensinar. Acreditava que o produto do trabalho das crianças poderia ser vertido para financiar a educação das próprias crianças. Nesse momento, ele ainda não transgride a educação tradicional, combinando-a com o trabalho manual. No entanto, logo vê o problema desse método. Segundo Soëtard (2010), “ele quer dar a cada criança os instrumentos de sua autonomia e se vê constantemente forçado a impor a essas mesmas crianças as exigências da rentabilidade” (p. 15).



Leonardo e Gertrudes


Após essa primeira experiência fracassada, Pestalozzi passa por grandes mudanças que o levam a mudar, também, seu modo de ver a educação3. Quem antes via na educação um objetivo de formar o homem (livre) e o cidadão (utilizável) passa a encontrar nela “seu sentido no projeto de autonomia” (SOËTARD, 2010, p. 18), isto é, “uma forma de ação que permita a cada um fazer-se a si mesmo” (IDEM). “A ação educativa permite, deste modo, superar o paradoxo de Rousseau que estabelecia a impossibilidade de formar ao mesmo tempo o homem e o cidadão” (SOËTARD, 2010, p. 19).

Podemos então entender a educação em Pestalozzi ao ver em um sentido amplo “O ‘método’ [Pestalozzi], sem dúvida alguma, é o projeto pedagógico de toda a obra de Pestalozzi em seus três institutos” (SOËTARD, 2010, p. 21). No centro do processo da pedagogia se articulam três elementos: coração, cabeça e mãos. A educação integral deveria desenvolver equilibradamente todas as potencialidades do ser humano. Representam as instâncias afetiva, intelectual e física. Se faz necessária uma educação que fosse ao mesmo tempo as três: “três pontos de vista sobre uma mesma e única humanidade em ação de autonomia” (SOËTARD, 2010, p. 24). A cabeça é o poder da pessoa para a reflexão, de se separar do mundo sensível. O coração, requisito da sensibilidade para dominar a natureza e fazendo isso por meio do trabalho. Por fim, a mão é a solução do conflito entre a cabeça e o coração. A pessoa pode fazer por si mesma por meio do trabalho.

Assim o trabalho é incluído no meio pedagógico. Precisa-se saber manter o equilíbrio entre os três e aplicá-los em cada etapa pedagógica, em cada “disciplina” as 3 dimensões para “estimular o desenvolvimento da força autônoma” (SOËTARD, 2010, p. 25). Conciliar a inteligência com a sensibilidade por meio do trabalho. Pestalozzi, assim, pensa em uma pedagogia ou ciência da educação capaz de estruturar uma nova forma de educar as crianças.

Nesse sentido, o autor dá ênfase no papel do vínculo afetivo na educação. A escola seria evolução da célula familiar, mas sem ser “simples prolongação da ordem familiar, nem simples lugar de reprodução da ordem social, a escola deverá manifestar sua ordem própria através da obra pedagógica: este será todo o sentido do Método” (SOËTARD, 2010, p. 20).

Ele escreveu “Leonardo e Gertrudes”, uma novela pedagógica que descreve o povo popular com mudanças provocadas pela Gertrudes. Ela era uma mulher iletrada que foi muito bem-sucedida na educação de seus filhos. Assim, conquistou a vizinhança com suas ideias e transformou a aldeia com o método de ensino que viesse a regenerar toda a sociedade.


3 ver SOËTARD, 2010, “O educador enquanto educador”.


Rev. Sem Aspas, Araraquara, v. 11, n. 00, e022003, jan./dez. 2022. e-ISSN: 2358-4238



Pestalozzi procurava uma nova ordem social, buscava trabalhar o sistema educativo tendo em vista uma mudança na sociedade. Foi um professor que pretendia acabar com o que a escola tradicional tinha de verbalismo: trabalhar a educação quase exclusivamente pela exposição. Ele criticava o modelo suíço, que era considerado o melhor sistema educativo europeu de sua época.

De suas experiências pedagógicas, articula um meio de desenvolvimento mental que ficou conhecido como ensino intuitivo. Cria uma possibilidade de fazer com que o aluno se tornasse protagonista do ato de aprender. Pensava que não adiantaria tratar dos assuntos escolares como se eles fossem abstratos, assim envolveria a percepção e a intuição. A criança aprenderia pela lição das coisas e poderia aprender o ato de abstrair. Abre uma escola de formação de professores, em que procurava multiplicar seu método ensinando para os outros. Nela, estagiam Herbart e Froebel.

Em 1801, com a obra “Como Gertrudes ensina seus filhos” há uma retomada da novela, mostrando como Gertrudes fazia para trabalhar os conteúdos do saber com seus filhos, ela que não tinha conhecimento letrado. É um conjunto de 24 cartas sobre a educação elementar (escola primária).

Seu grande projeto pedagógico tem a originalidade não nos métodos, mas por criar um espírito de renovação, um ensino que partisse da intuição, uma aula que se estabelecesse como uma lição de coisas. Assim deveria ter o contato do aluno com a coisa em si antes de partir para a abstração. Sua fragilidade está no fato de que jamais conseguiu separar a história da sua vida dos princípios do seu método. Sua existência era ligada às suas experiências. Apesar disso, seu modelo era aplicável na prática, tinha o valor educativo do trabalho manual e pregava que o ensino fosse atividade fácil e pudesse ser realizada pelas pessoas mais humildes. O ideal de um livro didático seria um que poderia ser utilizado por todos, um livro deveria ser composto de tal modo que até para um professor pouco letrado ele seria ensinado. Isto é, um livro que propõe ensinar o professor a ensinar. Desse modo, o livro didático se destinaria principalmente ao professor, não aos alunos.

Em Pestalozzi, a criança e seu desenvolvimento passam a ser o centro. A educação precisava ser ativa, substituindo a disciplina exterior da escola tradicional expositiva por uma disciplina interior. Logo, a educação é um processo que deveria seguir a natureza e a pedagogia deveria ser intuitiva pautada em impressões sensoriais e na relação entre pessoas e pessoas e natureza. Mais do que a mera aquisição do saber, o aprendizado é um processo ativo e de fundamento do conhecimento. Seu ensino intuitivo contrasta com o verbalismo e tem como base uma psicologia que era desconhecida no trabalho pedagógico até então.



O papel da mãe na educação


Um ponto central da pedagogia de Pestalozzi é a ênfase no papel do vínculo afetivo na educação. Nesse sentido, o autor entende que o professor precisaria incorporar uma visão em certa medida materna, para trazer o afeto. A mãe Gertrudes seria o exemplo e o professor deveria tentar ensinar pelo modo como a mãe ensina, para que o professor mobilizasse em si o que teria sido o conhecimento da mãe. “Como Gertrudes ensina seus filhos [...] é, em verdade, a primeira e completa exposição das doutrinas pedagógicas de Pestalozzi” (SOËTARD, 2010, p. 43).

Além da obra Como Gertrudes ensina seus filhos, o livro Cartas sobre educação infantil é essencial para entendermos a contribuição de Pestalozzi para a pedagogia, e é composto por uma série de 34 cartas redigidas nos anos de 1818 e 1819. “Na primeira carta [...] Pestalozzi explica o propósito das cartas encomendada para expor suas ideias sobre o desenvolvimento da alma infantil” (SOËTARD, 2010, p. 44).

De início, ao analisarmos os títulos das cartas4 percebemos a importância dada à mãe. Isso ocorre tanto pelo papel central que é dado à mãe, e não aos pais, na educação e desenvolvimento de seus filhos, além da magnitude do afeto. "A maioria das cartas têm a mãe como figura principal para o autor apresentar seus pensamentos educacionais” (ARCE, 2001, p. 14).

Assim como a obra de Pestalozzi não pode ser desvinculada de sua vida, não se pode entender sem analisar o tempo em que viveu, isto é, a “Era das Revoluções”, como diria Hobsbawm. De modo resumido e simplificado, a Revolução Francesa, que aspirava à liberdade, igualdade e fraternidade nunca foi completada, pois a burguesia, ao chegar no poder, tornou-se conservadora. Consolidou-se a separação entre as esferas pública e privada, atribuindo papéis sociais a cada. Desse modo, as mulheres estariam restritas ao âmbito privado, doméstico, e a elas cabia os cuidados da casa e das crianças.

Alinhados ao momento histórico estava o pensamento filosófico e educacional. Em “Leonardo e Gertrudes”, a mulher aparece como a esposa e mãe ideal, uma figura associada à moral religiosa, delicada e angelical. Gertrudes era “esposa de moral inabalável e na mãe educadora perspicaz e nata para a primeira infância, sendo o amor angelical/maternal e a temperança os alicerces de sua personalidade” (ARCE, 2001, p. 13).

Logo, podemos ver ao longo das obras de Pestalozzi, tanto na novela quanto em suas cartas, que sua pedagogia e educação da criança pequena tem como ator central a mãe. Suas


4 vide Soëtard (2010, p. 44-46)


Rev. Sem Aspas, Araraquara, v. 11, n. 00, e022003, jan./dez. 2022. e-ISSN: 2358-4238



ideias de integração entre o coração, a cabeça e a mão, o ensino intuitivo e ensino prático que levariam à autonomia da criança, todos esses ideais tem como base o papel da mulher enquanto mãe e educadora da criança pequena.


Ao pensar que estaria libertando e enaltecendo a mulher como grande progenitora e guardiã da humanidade, acabou colaborando para incutir-lhe um ideal opressor e capaz de proceder a uma descaracterização da mulher e de seu papel na sociedade, ao naturalizar esta maternidade angelical quase sobrenatural (ARCE, 2001, p. 13).


Pestalozzi busca mudar a educação, afastá-la dos moldes tradicionais. No entanto, como muito bem resume Arce (2001, p. 15), Pestalozzi,


Ao referir-se à mulher como educadora, a liberdade e igualdade apresentadas em sua metodologia se desmancham no aprisionamento sem saída alternativa da mulher no papel fundamental que ela deve desempenhar: o de mãe.


Friedrich Froebel e a educação da criança pequena


Após as Revoluções Francesa e Inglesa, houve, em conjunto com as diversas transformações sociais e econômicas, uma mudança na educação. Isto é, a educação ganha destaque, já que passa a significar o triunfo dos méritos sobre o nascimento. Desse modo, países passam a criar sistemas nacionais de educação.

Froebel viveu de 1782 a 1852 no que viria a ser a Alemanha (após a unificação, em 1871). De família protestante, sua mãe morreu pouco após ele nascer e seu pai trabalhava muito. Dizem que passa a buscar essa figura maternal para todas as crianças que se encontram na mesma situação que ele passou. Como mencionado anteriormente, estudou com Pestalozzi, sofrendo sua influência quanto a forma como ele pensa a infância e a educação. No entanto, rompe com o Pestalozzi, principalmente em relação as metodologias para o ensino da escrita, que considerada restritivas. Além disso, considera supérfluas as questões sociais e políticas, que estão presentes em Pestalozzi.

Ao longo de sua carreira, tem como grande marca a fundação do “kindergarten”, isto é, o jardim de infância. Eles se espalham pela futura Alemanha, mas passam a ser proibidos quando Froebel é acusado de ateísta e comunista. Seu entendimento do desenvolvimento infantil passa pelos conceitos de interiorização e exteriorização. Em outras palavras, ele vê a criança como pureza, não portadora de instintos animais. Para ele, criança é só espiritualidade e sua índole seria boa, ou seja, nasce essencialmente boa. Para conhecer essa criança, é necessário ver quais coisas dentro dela são próprias. Isso é possível pois ela as exterioriza pela



manipulação de objetos, colocando para fora o que tem no interior. No momento em que a criança exterioriza, ela compreende o que ela é, ela se conhece e se descobre. E nesse mesmo processo de autoconhecimento ela altera seu interior, sendo fundamental para o desenvolvimento infantil.

O processo ocorre de modo natural, desde que mantenha a criança ocupada. Assim, a criança deve manipular objetos. Ele ocorre na sua forma mais perfeita no contato com a natureza, porque assim ela também se reconhece e reconhece seu exterior como obra divina. Desse modo, para Froebel o desenvolvimento infantil tem um fundo inatista. O professor não seria capaz de mudar o indivíduo, apenas de potencializar. Logo, seu papel é de interferir apenas caso algo apareça que vá desvirtuar o que há de bom na criança.

Para Froebel, a criança deve estar sempre em movimento, sempre ocupada, pois o pensamento é movido pela ação. Ou seja, a criança só consegue pensar e desenvolver o pensamento quando está agindo sobre o mundo.

O educador entende o mundo como uma unidade vital entre Deus, a humanidade e a natureza. Nessa tríade, a humanidade e a natureza estão na base, e Deus está no topo, e a infância seria o período mais fértil para essa harmonização. Portanto, ele procura trazer a harmonização dessa tríade em sua concepção de educação e infância.

Froebel se distancia da escola tradicional no sentido em que via a educação seguindo o desenvolvimento. Assim, dissemina a ideia de uma autoeducação livre, visto que em nenhum momento terá o professor a conduzir o processo de aprendizagem, mas que esse processo deve ser conduzido pela própria criança. Então, o educador concebe os “dons”, brinquedos que tem como característica a perfeição das formas geométricas. Para ele, a perfeição se encontrava nas formas geométricas e como a criança é perfeita, deve estar cercada de perfeição. Os “dons” seriam então brinquedos pedagógicos destinados para crianças menores de 6 anos. São formas que devem ser exploradas livremente pelas crianças e se iniciam de cubos para a construção de formas geométricas cada vez mais complexas. Podemos ver então o ideal de ir do simples para o complexo, do concreto para o abstrato. Essa característica se assemelha à Pestalozzi, que concebia ir da prática para o abstrato no ensino da criança, como explorado na educação dos filhos de Gertrudes. Para Froebel, no processo de interiorização e exteriorização, expressando através dos dons, a criança revela e descobre quais são seus talentos.

Podemos compreender, portanto, que o ensino não deveria ser forçado, mas que ele ocorre naturalmente. Pondo em contato com a natureza e com os dons, a criança vai pedindo e



à medida que ela vai pedindo o professor deve ir mostrando a ela. Assim, a educação se desenvolve espontaneamente na prática, o que seria comparável à intuição em Pestalozzi.

O autor parte do princípio que a educação deve propiciar à criança momentos de liberdade, em que ela vá atrás do que lhe interessa. Seria o princípio da educação livre. Desse modo, a criança vai naturalmente se autoeducar, basta que a deixe agir nesse mundo. Os princípios da autoeducação livre desencadeiam o autogoverno. Assim a criança irá aprender fazendo, aprender a aprender e busca pelo conhecimento. Sua ideia de disciplina tem influência de Pestalozzi, em que é algo que cultiva internamente, sendo do interior ao exterior. Assim, pela educação livre há o auto-centramento da criança, o encontro dela com ela mesma.


Kindergarten e o papel da mulher


Para Froebel, a educação não era algo à parte da criança, que se inicia quando ela vai à escola e se limita naquele espaço. Assim, a família é a primeira educadora e deve continuar a educar ao longo da vida, mas é importante que ela conheça os princípios educacionais. É importante destacar que de modo geral, quando se fala em família, o autor se refere à mulher, à mãe, e não ao homem. Isto porque a mulher seria responsável pela educação das crianças e guardiã da pureza infantil.

O kindergarten seria o lugar de cultivo da infância, podendo entender o nome de jardim de infância. Nele, a criança viria a florescer. Seguindo a analogia, cada planta tem suas necessidades e interesses, e a criança também. O papel do jardineiro (ou como veremos, da jardineira) seria o de, através da observação do crescimento natural, entender as necessidades de cada planta, ou criança, e a partir daí ir educando. Logo, deve estar adaptado às necessidades infantis, desde o mobiliário até brinquedos para que possa exteriorizar (os “dons”). Deve ser um ambiente agradável e que propicie o contato com a natureza.

O aconchego deve ser propiciado pela jardineira. Por essa questão, Froebel vê como um local de trabalho da mulher. Isto se dava porque não é da natureza do homem trabalhar com crianças pequenas, mas sim o papel da mãe, da mulher, que traz esse aconchego e esse carinho. Nesse momento já é possível perceber a mistura entre o público e o privado e a consequente confusão da figura da professora infantil, que exerce o papel de mãe, mas não é seu próprio filho. Essa confusão é gerada já na concepção de jardim de infância. Além disso, podemos ver que essa visão se perpetua até os dias de hoje, visto que a maioria dos educadores de crianças pequenas são mulheres e é vista como uma profissão feminina.



O princípio básico do kindergarten são os trabalhos manuais, o agir constante, porque a ação leva ao pensamento. Esse é um ponto de oposição com Pestalozzi, visto que no kindergarten a ocupação se dava através dos jogos, uma atividade não séria, em oposição ao trabalho, que era produtivo. Para Froebel, o jogo não é supérfluo, sendo a principal linguagem da criança pequena e fundamental no processo de interiorização e exteriorização. “O jogo, em princípio, não é outra coisa que vida natural” (FROEBEL, 2001, p. 47). Várias de suas práticas estão presentes até hoje, desde trabalhos manuais até a presença das formas geométricas.

A concepção do jardim de infância está alicerçada na figura da jardineira, que se assemelha à figura da mãe. Desse modo, Froebel prescreve papéis da mulher na educação da infância. Arce (2002, p. 67), ao explicar o kindergarten criado por Froebel diz:


Este recanto deveria ser entregue às mulheres, que com coração de mãe eram as únicas capazes de cultivarem nas criancinhas todos os seus talentos e todos os germes da perfeição humana unida a Deus.


O autor escreve um livro destinado ao trabalho no jardim de infância, nomeado de O livro de músicas da mãe, que, como o título já deixa explícito, é em diálogo com a mulher/mãe. Nele, Froebel (2001) reforça a ideia de que faz parte da natureza da mulher a educação e o trabalho com as crianças. O autor diz, em outra obra, “também a mãe cuidadosa conhece, por instinto, o valor do canto para as crianças pequenas” (p. 54).

Ainda, ao falar da educação da criança na família diz: “Isso é o que o coração sensível da mãe faz espontaneamente, sem necessidade de aprendizagem ou doutrina” (FROEBEL, 2001, p. 51). O autor reforça, entretanto, que a mãe deve ter consciência do que faz, e a partir disso é capaz de confiar em seus instintos. “Ele dedica o Jardim de Infância aos cuidados desta personagem, possuidora dos atributos naturais e inatos para cuidar e educar a infância” (ARCE, 2002, p. 85-86).

No capítulo intitulado “O menino” (FROEBEL, 2001), o autor associa diversos momentos de aprendizagem da criança à mãe, indicando como esse processo é natural dela e que o faz seguindo sua intuição. "Assim, o amor materno vai ampliando, pouco a pouco, o pequeno mundo exterior da criança” (FROEBEL, 2001, p. 52). Nesse mesmo capítulo, Froebel associa os aprendizados da criança com o pai no tocante ao seu trabalho, “Qualquer que seja o emprego ou o trabalho do pai, poderá servir de ponto de partida para todos os conhecimentos humanos” (2001, p. 65). Desse modo, percebemos como à mulher é atribuído o âmbito privado, doméstico, enquanto ao homem, o público. Ao homem é concedido o direito de permear ambos espaços, ocupando e também sendo responsável, em menor medida,



pela educação da criança. No entanto, à mulher, por sua natureza, cabe o papel doméstico e de cuidado e educação dos filhos. Por vezes Froebel (2001) diz exclusivamente sobre o papel da mãe “A mãe não deve deixá-lo nomeá-las [...]” (p. 61), por vezes o destaca, como em “Deve, então, a mãe, ou as outras pessoas, unir a cada coisa a palavra correspondente [...]” (p. 61). Cabe a ela, ainda, o papel de estimular a relação da criança com a família: “Não se esqueça a mãe carinhosa de despertar na criança o sentimento de sua relação com o pai e os irmãos” (FROEBEL, 2001, p. 54).


Considerações finais


Johann Pestalozzi e Friedrich Froebel foram pensadores da pedagogia que puseram em prática suas ideias de educação da criança. Vivendo no mesmo período e com histórias cruzadas, há semelhanças em suas pedagogias. Com trabalhos notórios na história educacional, a influência de suas ideias não se limitou a esse âmbito, assim como foram influenciados pelo momento em que viveram.

De Pestalozzi, Froebel incorpora não apenas pontos da pedagogia como a importância da percepção, como que “a mulher, mais especificamente a mãe, teria um papel decisivo na educação infantil” (ARCE, 2002, p. 43). Pestalozzi,


Ao referir-se à mulher como educadora, a liberdade e igualdade apresentadas em sua metodologia se desmancham no aprisionamento sem saída alternativa da mulher no papel fundamental que ela deve desempenhar: o de mãe. (ARCE, 2001, p. 15).


No entanto, “Froebel levaria ainda mais longe a defesa dessa centralidade do papel educativo da mulher na primeira infância, ao considerar a mulher como educadora nata” (ARCE, 2002, p. 43).

Ao analisar a pedagogia de Pestalozzi e Froebel, dando foco às suas percepções do papel da mulher, em especial da mãe, os autores tiveram contribuição na disseminação da imagem idealizada da mulher enquanto mãe. Ainda, é possível entender esse papel da mãe na educação como auxiliar no processo de aprisionamento da mulher dentro do âmbito privado e doméstico. “O papel de mãe passa a determinar o lugar da mulher na sociedade” (ARCE, 2002, p. 57).

Esse estudo configura uma breve introdução e comparação do papel da mulher nas pedagogias de Pestalozzi e Froebel. É possível ir além, destrinchando variados textos de cada autor individualmente, para se ter uma visão mais completa do papel da mulher-mãe por eles



delimitada e suas intenções iniciais. Ainda, é possível ampliar a discussão abrangendo mais autores clássicos da pedagogia, buscando entender as diferentes contribuições de cada autor.

Retomando a ideia apresentada na introdução, ao conhecer a história da pedagogia e da educação, podemos entender a sociedade como um todo. Sendo causa e consequência, o papel da mulher atribuído pelos autores na educação teve impacto nos papéis sociais atuais que vemos impostos às mulheres e às mães. Assim, se entende como fundamental entender tais pedagogos para que possa criticá-los, e propor novos métodos que ressignifiquem o papel da mulher na educação e na sociedade.


REFERÊNCIAS


ARCE, A. A imagem da mulher nas ideias educacionais de Pestalozzi: O aprisionamento ao âmbito privado (doméstico) e à maternidade angelical. Rio de Janeiro: ANPEd, 2001.

Disponível em: https://www.anped.org.br/sites/default/files/gt02_04.pdf. Acesso em: 22 abr. 2021.


ARCE, A. Friedrich Froebel: o pedagogo dos jardins de infância. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.


GADOTTI, M. História das ideias pedagógicas. São Paulo: Editora Ática, 2003. FROEBEL, F. A. A educação do homem. Passo Fundo, RS: UPF, 2001.

SOËTARD, M. J. P. Coleção Educadores MEC. Recife, PE: Fundação Joaquim Nabuco/Editora Massangana, 2010.


Como referenciar este artigo


TSUKADA, L.; GIROTTO, E. D. O papel da mulher na educação: Uma comparação entre Pestalozzi e Froebel. Rev. Sem Aspas, Araraquara, v. 11, n. 00, e022003, jan./dez. 2022. e- ISSN: 2358-4238. DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v11i00.15365


Submetido em: 11/08/2022

Revisões requeridas em: 26/09/2021 Aprovado em: 13/11/2021 Publicado em: 30/06/2022



THE ROLE OF WOMEN IN EDUCATION: A COMPARISON BETWEEN PESTALOZZI AND FROEBEL


O PAPEL DA MULHER NA EDUCAÇÃO: UMA COMPARAÇÃO ENTRE PESTALOZZI E FROEBEL


EL PAPEL DE LA MUJER EN LA EDUCACIÓN: UNA COMPARACIÓN ENTRE PESTALOZZI Y FROEBEL


Leticia Tsukada of ARAUJO1 Eduardo Donizeti GIROTTO2


ABSTRACT: This article aims to discuss the role of women and the mother in the pedagogies of Johann Pestalozzi and Friedrich Froebel. To do so, we first summed up their contributions to pedagogy to then comprehend how such authors see the role of women in the education of the children. The delimitation of an assignment to the role of women in the education of the children was based on the social construct of the mother as amable and gentle, which resulted in an imprisonment of women in stereotypes. Although crucial in the understanding of the current pedagogy and in the change of traditional schools, Pestalozzi and Froebel also contributed to the limited vision of women and mother not only in education, but also in the society as a whole.


KEYWORDS: Pestalozzi. Froebel. Education. Women.


RESUMO: O artigo tem como base as pedagogias de Johann Pestalozzi e Friedrich Froebel, tendo em vista o papel da mulher e da mãe em ambas. Desse modo, apresenta-se de modo sucinto e resumido suas contribuições à pedagogia para então buscar entender como tais autores enxergam o papel da mulher na educação da criança pequena. A delimitação de uma atribuição ao papel da mulher na educação da criança teve como base a construção social da mãe como amável e gentil, o que resultou em um aprisionamento da mulher dentro de estereótipos. Pestalozzi e Froebel, apesar de cruciais para entender a pedagogia atual e que foram essenciais na mudança da escola tradicional, contribuíram para a visão limitada da mulher e da mãe e seu papel não apenas na educação, mas na sociedade como um todo.


PALAVRAS-CHAVE: Pestalozzi. Froebel. Educação. Mulher.


RESUMEN: El artículo tiene como base las pedagogías de Johann Pestalozzi y Friedrich Froebel, a la vista el papel de la mujer en ambas. Así, presentamos de modo resumido sus contribuciones a la pedagogía y luego buscamos entender cómo los autores ven el papel de la mujer en la educación de los niños. La atribución del rol de la mujer en la educación de los

1 University of São Paulo (USP), São Paulo – SP – Brazil. Graduating in Geography. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8659-8565. Email: ltsukada@usp.br

2 University of São Paulo (USP), São Paulo – SP – Brazil. Professor, Department of Geography. Coordinator of the Teaching Laboratory and Didactic Material (LEMADI). PhD in Geography (USP). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9870-6188. Email: egirotto@usp.br



niños teve cómo base la construcción social de la mamá como amable y gentil, lo que consagró en un aprisionamiento de la mujer en estereotipos. Pestalozzi y Froebel, a pesar de importantísimos para comprender la pedagogía actual y que fueran esenciales en lo cambiante de la escuela tradicional, contribuyeron a una visión limitada de la mujer y de la mamá y su rol no solo en la educación, como en la sociedad.


PALABRAS CLAVE: Pestalozzi. Froebel. Educación. Mujer.


Introduction


The period between 1789-1848 was named the 'age of revolutions' by historian Eric Hobsbawm. In this context, education, pedagogical theories and schools could not fail to be influenced. Thus, pedagogies, studies and practices about education at that time can be considered as proposals of educational renewal, which criticized the traditional model existing until then and proposed new ways of educating.

Johann Pestalozzi (1746-1827) and Friedrich Froebel (1782-1852) lived this period. His ideas are considered among the main exponents of educational history. Pestalozzi is linked to all the education reform movements of the 19th century, while Froebel was one of the first educators concerned with the education of young children.

When we know the history of pedagogical ideas, we can begin to understand not only current pedagogical issues, but also society as a whole. This said, the central problem of this article is the role of women in education, seeking to understand how these authors see the issue and how it was the cause and consequence of the attribution of the current social roles we see attributed to women and mothers.

For the development of the main ideas and arguments that support the analysis presented here, translated texts of the authors themselves were used, as well as the research of the Brazilian pedagogue Alessandra Arce and the French Michel Soëtard. Froebel's chosen work was "The education of man", because it is one of his main theoretical writings about his pedagogy. The texts of John Pestalozzi were already gathered in the work that bears his name from the MEC Educators Collection. This work brings together the main writings, both works in themselves and "How Gertrudes teaches his children", as letters addressed to friends and colleagues in which he discusses his ideas about education.

Before the choice of works, there was the choice of authors. Pestalozzi and Froebel were two great pedagogues whose studies influence education to this day. Your ideas should not be ignored by those who are interested in education or those who want to form as


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educators. Especially when talking about the small child, both authors were fundamental to the constitution of how we currently educate them.

Education, however, is not something depoliticized or whose consequences are outside society, in an exclusive theoretical field of education. That is, it influences society. Thus, it is essential to understand the role attributed to these authors to women, not only in education, but also in society.

To present such a discussion, this text is organized in order to begin by presenting Pestalozzi's general ideas about education, tapering in the thought that is consolidated as his method. Therefore, the role of woman and mother for Pestalozzi is more specifically addressed. We then move on to Froebel's general ideas and then move on to his main creation, kindergarten. When addressing this subject, it is not possible to fail to deal with the role of the woman, or the gardener, as will be explained. With the pedagogies of both authors exposed and debated as they saw the role of women, one arrives at the conclusion of the article.


The child in the center in Pestalozzi


The 16th century was the discovery of typography. Thus, the books began to be printed, leading to a creation of teaching structure that did not exist until then: the structure of colleges. Previously, educational processes took place in the teachers' homes, with children of different ages being educated in the same environment. The college is a structure that came to rival the university, that is, a teaching model based on the idea of serialization, of graduality of learning. Thus, it divides children by levels, grades and ages. It creates a structure of time and peculiar space, with the idea of a teacher who teaches all students as if they were one, in a model called traditional.

In this model, the different students are arranged in a class in which the knowledge is supposed to be homogeneous and in which there is the use of textbooks. This modern school has two stages: from the sixteenth to the eighteenth century, we have the constitution of the method. Already from the eighteenth century onwards is the political "dynamic" in education. That is, the French Revolution needed to be prolonged by the population, which should be done through school.

The school cannot be understood outside its historical-political-social context. Thus, in this first period after the discovery of typography, of the end of the Renaissance and covering the Enlightenment, the school was structured with extensive use of the textbook. The traditional school comes with characteristics that remains to the present day. In opposition to



the anthropological pessimism of the Middle Ages, the constitution of our method is based on realistic optimism, which understands that "man is capable of learning and can be educated" (GADOTTI, 2003, p. 80). The historical moment of the predominance of reason was still fundamental for the attempt of pedagogues to create an educational science.

From the French Revolution, we then have the advance of the method, which begins to be entrenched with a political dynamic of citizen formation. The idea of the construction of the new human being goes through a political dimension of schooling, of forming this new man as a human being. Thus, the school would be the place to correct inequalities, seen as an equal opportunities’ strategy. It is currently called meritocracy, according to which those who are most talented, who have the greatest merit will progress. However, this idea hides a perverse side: its method is organized in the light of examination, being classificatory and also eliminatory. It was configured with modernity and ended up structuring the school form of socialization, radiating throughout the world and constituting itself as the modern way of educating.

Pestalozzi was himself a student graduated in this structure and who questioned the school, against this model of schooling, and therefore set out to transform it. His pedagogical practice is linked "to all movements of 19th century education reform" (SOËTARD, 2010, p. 11). He was a mediocre, troubled student. Seeking to change the traditional method, he creates his first school on his family's rural property. There, he gathered children of both sexes and used weaving, farming, and reading/writing to teach. He believed that the proceeds of children's work could be shed to fund the education of children themselves. At this point, it still does not transgress traditional education, combining it with manual labor. However, you soon see the problem of this method. According to Soëtard (2010), "he wants to give each child the instruments of his autonomy and is constantly forced to impose on these same children the demands of profitability" (p. 15).


Leonardo and Gertrudes


After this first failed experience, Pestalozzi undergoes major changes that lead him to change, too, his way of seeing education3. Those who once saw in education an objective of forming man (free) and the citizen (usable) find in it "their meaning in the project of autonomy" (SOËTARD, 2010, p. 18, our translation), that is, "a form of action that allows each one to make him himself" (IDEM). "The educational action thus allows us to overcome


3 see SOËTARD, 2010, "The educator as an educator".


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Rousseau's paradox that implied the impossibility of forming man and citizen at the same time" (SOËTARD, 2010, p. 19, our translation).

We can then understand Pestalozzi's education by seeing in a broad sense "The 'method' [Pestalozzi], without a doubt, is the pedagogical project of Pestalozzi's entire work in his three institutes" (SOËTARD, 2010, p. 21, our translation). At the heart of the pedagogy process are three elements: heart, head and hands. Integral education should develop all the potential of the human being in a balanced way. They represent affective, intellectual and physical instances. It is necessary an education that was at the same time the three: "three points of view on the same and only humanity in action of autonomy" (SOËTARD, 2010, p. 24, our translation). The head is the power of the person for reflection, to separate himself from the sensitive world. The heart, sensitivity requirement to dominate nature and doing so through work. Finally, the hand is the solution to the conflict between the head and the heart. One can do it for himself through work.

Thus, the work is included in the pedagogical environment. It is necessary to know how to maintain the balance between the three and apply them in each pedagogical stage, in each "discipline" the 3 dimensions to "stimulate the development of autonomous force" (SOËTARD, 2010, p. 25, our translation). Reconciling intelligence with sensitivity through work. Pestalozzi, thus, thinks of a pedagogy or science of education capable of structuring a new way of educating children.

In this sense, the author emphasizes the role of affective bonding in education. The school would be evolution of the family cell, but without being "simple prolongation of the family order, nor a simple place of reproduction of the social order, the school must manifest its own order through the pedagogical work: this will be the whole meaning of the Method" (SOËTARD, 2010, p. 20, our translation).

He wrote "Leonardo and Gertrudes", a pedagogical novel that describes the popular people with changes brought about by Gertrudes. She was an uneducated woman who was very successful in the education of her children. Thus, he conquered the neighborhood with his ideas and transformed the village with the teaching method that would regenerate the whole society. Pestalozzi sought a new social order, sought to work the educational system with a view to a change in society. It was a teacher who intended to end what the traditional school had of verbalism: to work education almost exclusively by exposure. He criticized the Swiss model, which was considered the best European educational system of its time.

From his pedagogical experiences, he articulates a means of mental development that became known as intuitive teaching. It creates a possibility to make the student the



protagonist of the act of learning. I thought it wouldn't do any good to deal with school affairs as if they were abstract, so it would involve perception and intuition. The child would learn from the lesson of things and could learn the act of abstracting. It opens a teacher training school, in which he sought to multiply his method by teaching to others. In it, Herbart and Froebel interned.

In 1801, with the work "How Gertrudes teaches the children" there is a resumption of the novel, showing how Gertrudes made to work the contents of knowledge with his children, she who had no literate knowledge. It is a set of 24 letters on elementary education (elementary school).

His great pedagogical project has originality not in methods, but by creating a spirit of renewal, a teaching that departed from intuition, a class that was established as a lesson in things. So, you should have the student's contact with the thing itself before going into abstraction. His frailty lies in the fact that he has never been able to separate the history of his life from the principles of his method. His existence was linked to his experiences. Nevertheless, its model was applicable in practice, had the educational value of manual work and preached that teaching was an easy activity and could be performed by the humblest people. The ideal of a textbook would be one that could be used by everyone, a book should be composed in such a way that even for an unliterate teacher it would be taught. That is, a book that proposes to teach the teacher to teach. Thus, the textbook would be intended primarily for the teacher, not the students.

In Pestalozzi, the child and his development become the center. Education needed to be active, replacing the outer discipline of the traditional exhibition school with an inner discipline. Therefore, education is a process that should follow nature and pedagogy should be intuitive based on sensory impressions and the relationship between people and people and nature. More than the mere acquisition of knowledge, learning is an active process and the foundation of knowledge. Its intuitive teaching contrasts with verbalism and is based on a psychology that was unknown in pedagogical work until then.


The role of the mother in education


A central point of Pestalozzi's pedagogy is the emphasis on the role of affective bonding in education. In this sense, the author understands that the teacher would need to incorporate a vision to a certain maternal extent, to bring affection. Mother Gertrudes would be the example and the teacher should try to teach by the way the mother teaches, so that the



teacher would mobilize in himself what would have been the mother's knowledge. "How Gertrudes teaches his children [...] it is, in fact, the first and complete exposition of Pestalozzi's pedagogical doctrines" (SOËTARD, 2010, p. 43, our translation).

In addition to the work How Gertrudes teaches his children, the book Letters on early childhood education is essential to understand Pestalozzi's contribution to pedagogy, and consists of a series of 34 letters written in the years 1818 and 1819. "In the first letter [...] Pestalozzi explains the purpose of the letters commissioned to expose his ideas on the development of the child's soul" (SOËTARD, 2010, p. 44, our translation).

At first, when we analyze the titles of the letters4, we realize the importance given to the mother. This is both due to the central role that is given to the mother, and not to parents, in the education and development of their children, in addition to the magnitude of affection. "Most letters have the mother as the main figure for the author to present his educational thoughts" (ARCE, 2001, p. 14, our translation).

Just as Pestalozzi's work cannot be detached from his life, one cannot understand without analyzing the time in which he lived, that is, the "Age of Revolutions", as Hobsbawm would say. In a summarized and simplified way, the French Revolution, which aspired to freedom, equality and fraternity was never completed, because the bourgeoisie, upon coming to power, became conservative. The separation between the public and private spheres was consolidated, assigning social roles to each. Thus, women would be restricted to the private, domestic sphere, and they were given the care of the home and children.

Aligned with the historical moment was philosophical and educational thought. In "Leonardo and Gertrudes", the woman appears as the ideal wife and mother, a figure associated with religious, delicate and angelic morals. Gertrudes was "a wife of unshakable morals and an insightful and born-in-school mother, and angelic/maternal love and temperance are the foundations of her personality" (ARCE, 2001, p. 13, our translation).

Therefore, we can see throughout Pestalozzi's works, both in the novel and in his letters, that his pedagogy and education of the small child has as a central actor the mother. Her ideas of integration between the heart, the head and the hand, the intuitive teaching and practical teaching that would lead to the autonomy of the child, all these ideals are based on the role of the woman as mother and educator of the small child.



4 see Soëtard (2010, 44-46)


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Thinking that she would be releasing and pleading praise for women as a great mother and guardian of humanity, she collaborated to instill in her an oppressive ideal capable of mischaracterizing women and her role in society by naturalizing this almost supernatural angelic motherhood (ARCE, 2001,

p. 13, our translation).


Pestalozzi seeks to change education, to move it away from traditional ways.

However, as well summarizes Arce (2001, p. 15, our translation), Pestalozzi,


When referring to women as educators, the freedom and equality presented in their methodology are dismantled in the women's dead-end imprisonment in the fundamental role she must play: that of mother.


Friedrich Froebel and the education of the small child


After the French and English Revolutions, there was, together with the various social and economic transformations, a change in education. That is, education gains prominence, since it comes to mean the triumph of merits over birth. In this way, countries start to create national education systems.

Froebel lived from 1782 to 1852 in what would become Germany (after unification in 1871). From a Protestant family, his mother died shortly after he was born and his father worked hard. They say he goes on to get this maternal figure for all the children who are in the same situation he went through. As mentioned earlier, he studied with Pestalozzi, suffering his influence as to how he thinks of childhood and education. However, it breaks with the Pestalozzi, mainly in relation to the methodologies for the teaching of writing, which it considered restrictive. In addition, he considers the social and political issues that are present in Pestalozzi superfluous.

Throughout his career, he has as great brand the foundation of the "kindergarten", that is, kindergarten. They spread across future Germany, but are banned when Froebel is accused of atheist and communist. His understanding of child development involves the concepts of interiorization and exteriorization. In other words, he sees the child as purity, not carrying animal instincts. For him, a child is just spirituality and his nature would be good, that is, it is born essentially good. To know this child, it is necessary to see what things within it are proper. This is possible because it externalizes them by manipulating objects, putting out what is inside. The moment the child externalizes, she understands what she is, she meets and discovers herself. And in this same process of self-knowledge, it alters its interior, being fundamental for child development.



The process occurs naturally, as long as it keeps the child busy. Thus, the child must manipulate objects. It occurs in its most perfect form in contact with nature, because thus it also recognizes itself and recognizes its exterior as a divine work. Thus, for Froebel, child development has an innate background. The teacher would not be able to change the individual, just to potentiate. Therefore, its role is to interfere only if something appears that will misstate what is good in the child.

For Froebel, the child must always be on the move, always busy, because thought is moved by action. That is, the child can only think and develop thought when he is acting on the world.

The educator understands the world as a vital unity between God, humanity and nature. In this triad, humanity and nature are at the base, and God is at the top, and childhood would be the most fertile period for this harmonization. Therefore, he seeks to bring the harmonization of this triad in his conception of education and childhood.

Froebel distances herself from the traditional school in the sense that she saw education following development. Thus, it disseminates the idea of a free self-education, since at no time will the teacher lead the learning process, but that this process must be conducted by the child himself. Then, the educator conceives the "gifts", toys that have as characteristic the perfection of geometric shapes. For him, perfection was in geometric shapes and as the child is perfect, it must be surrounded by perfection. The "gifts" would then be pedagogical toys intended for children under 6 years. They are forms that must be explored freely by children and start from cubes for the construction of increasingly complex geometric shapes. We can then see the ideal of going from the simple to the complex, from concrete to abstract. This characteristic resembles the Pestalozzi, who conceived going from practice to the abstract in the teaching of the child, as explored in the education of Gertrudes’ children. For Froebel, in the process of internalization and exteriorization, expressing through gifts, the child reveals and discovers what his talents are.

We can understand, therefore, that teaching should not be forced, but that it occurs naturally. Putting in touch with nature and gifts, the child goes asking and as she goes asking the teacher should go showing her. Thus, education develops spontaneously in practice, which would be comparable to Pestalozzi’s intuition.

The author assumes that education should provide the child with moments of freedom, in which he goes after what interests him. It would be the principle of free education. In this way, the child will naturally educate himself, just let him or her act in this world. The principles of free self-education trigger self-government. So, the child will learn by doing,



learning to learn and searching for knowledge. His idea of discipline has the influence of Pestalozzi, in which it is something he cultivates internally, being from the inside to the outside. Thus, through free education there is the self-centering of the child, her encounter with herself.


Kindergarten and the role of woman


For Froebel, education was not something apart from the child, which begins when she goes to school and is limited in that space. Thus, the family is the first educator and should continue to educate throughout life, but it is important that it knows the educational principles. It is important to highlight that in general, when talking about the family, the author refers to the woman, the mother, and not the man. This is because the woman would be responsible for the education of children and guardian of child purity.

Kindergarten would be the place of childhood cultivation, and could understand the name of kindergarten. In it, the child would flourish. Following the analogy, each plant has its needs and interests, and the child as well. The role of the gardener (or as we shall see, of the gardener) would be to, through the observation of natural growth, understand the needs of each plant, or child, and from there go on educating. Therefore, it must be adapted to children's needs, from furniture to toys so that you can externalize (the "gifts"). It must be a pleasant environment and that provides contact with nature.

The coziness must be provided by the gardener. For that matter, Froebel sees it as a woman's workplace. This was because it is not in the nature of man to work with small children, but rather the role of the mother, of the woman, who brings this warmth and affection. At this moment it is already possible to perceive the mixture between the public and the private and the consequent confusion of the figure of the child teacher, who plays the role of mother, but is not her own child. This confusion is already generated in the conception of kindergarten. In addition, we can see that this vision is perpetuated to this day, since most educators of young children are women and is seen as a female profession.

The basic principle of kindergarten is manual labor, constant acting, because action leads to thought. This is a point of opposition with Pestalozzi, since in kindergarten the occupation took place through games, a non-serious activity, as opposed to work, which was productive. For Froebel, the game is not superfluous, being the main language of the small and fundamental child in the process of interiorization and exteriorization. "Gambling, in



principle, is nothing other than natural life" (FROEBEL, 2001, p. 47). Several of his practices are present to this day, from manual work to the presence of geometric shapes.

The conception of the kindergarten is based on the figure of the gardener, which resembles the figure of the mother. Thus, Froebel prescribes women's roles in childhood education. Arce (2002, p. 67, our translation), in explaining the kindergarten created by Froebel says:


This nook should be given to women, who with a mother's heart were the only ones capable of cultivating in little children all their talents and all the germs of human perfection united with God.


The author writes a book intended for work in kindergarten, named the mother's song book, which, as the title already makes explicit, is in dialogue with the woman/mother. In it, Froebel (2001) reinforces the idea that education and work with children are part of the woman's nature. The author says, in another work, "the careful mother also knows, by instinct, the value of singing for young children" (p. 54, our translation).

Still, when talking about the child's education in the family, he says: "This is what the mother's sensitive heart does spontaneously, without the need for learning or doctrine" (FROEBEL, 2001, p. 51, our translation). The author stresses, however, that the mother should be aware of what she does, and from this is able to rely on her instincts. "He dedicates kindergarten to the care of this character, possessing the natural and innate attributes to care for and educate childhood" (ARCE, 2002, p. 85-86, our translation).

In the chapter entitled "The boy" (FROEBEL, 2001), the author associates several moments of learning from the child to the mother, indicating how this process is natural to her and doing so following her intuition. "Thus, maternal love gradually enlarges the child's small outside world" (FROEBEL, 2001, p. 52, our translation). In this same chapter, Froebel associates the child's learning with the father regarding his/her work, "Whatever the employment or work of the father, it may serve as a starting point for all human knowledge" (2001, p. 65, our translation). Thus, we perceive how the woman is assigned the private, domestic sphere, while to the man, the public. Man is granted the right to permeate both spaces, occupying and also being responsible, to a lesser extent, for the education of the child. However, the woman, by its nature, has the domestic role and care and education of the children. Sometimes Froebel (2001) says exclusively about the role of the mother "The mother should not let him name them [...]" (p. 61), sometimes highlights it, as in "Must, then, the mother, or other people, unite to each thing the corresponding word [...]" (p. 61). It is also



up to her to stimulate the child's relationship with the family: "Do not forget the loving mother to awaken in the child the feeling of her relationship with her father and siblings" (FROEBEL, 2001, p. 54, our translation).


Final considerations


Johann Pestalozzi and Friedrich Froebel were pedagogy thinkers who put into practice their ideas of child education. Living in the same period and with cross histories, there are similarities in their pedagogies. With works notorious in educational history, the influence of their ideas was not limited to this scope, as they were influenced by the moment they lived.

From Pestalozzi, Froebel incorporates not only points of pedagogy but also the importance of perception, but also that "women, more specifically their mother, would have a decisive role in early childhood education" (ARCE, 2002, p. 43, our translation). Pestalozzi


By referring to women as educators, the freedom and equality presented in their methodology are dismantled in the women's dead-end imprisonment in the fundamental role she must play: that of mother. (ARCE, 2001, p. 15) (Our translation).


However, "Froebel would take even further the defense of this centrality of the educational role of women in early childhood, considering women as a born educator" (ARCE, 2002, p. 43, our translation).

By analyzing the pedagogy of Pestalozzi and Froebel, focusing on their perceptions of the role of women, especially the mother, the authors contributed to the dissemination of the idealized image of women as a mother. Furthermore, it is possible to understand this role of the mother in education as an aid in the process of imprisonment of women within the private and domestic spheres. "The role of mother begins to determine the place of women in society" (ARCE, 2002, p. 57, our translation).

This study constitutes a brief introduction and comparison of the role of women in the pedagogies of Pestalozzi and Froebel. It is possible to go further, unraveling various texts of each author individually, to have a more complete view of the role of the mother woman delimited by them and their initial intentions. Furthermore, it is possible to broaden the discussion by covering more classical authors of pedagogy, seeking to understand the different contributions of each author.

Returning to the idea presented in the introduction, by knowing the history of pedagogy and education, we can understand society as a whole. As a cause and consequence,



the role of women attributed by authors in education had an impact on the current social roles we see imposed on women and mothers. Thus, it is understood as fundamental to understand such pedagogues so that they can criticize them, and propose new methods that resign the role of women in education and society.


REFERENCES


ARCE, A. A imagem da mulher nas ideias educacionais de Pestalozzi: O aprisionamento ao âmbito privado (doméstico) e à maternidade angelical. Rio de Janeiro: ANPEd, 2001.

Available: https://www.anped.org.br/sites/default/files/gt02_04.pdf. Access: 22 Abr. 2021.


ARCE, A. Friedrich Froebel: o pedagogo dos jardins de infância. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.


GADOTTI, M. História das ideias pedagógicas. São Paulo: Editora Ática, 2003. FROEBEL, F. A. A educação do homem. Passo Fundo, RS: UPF, 2001.

SOËTARD, M. J. P. Coleção Educadores MEC. Recife, PE: Fundação Joaquim.


How to reference this article


TSUKADA, L.; GIROTTO, E. D. The role of women in education: A comparison between Pestalozzi and Froebel. Rev. No Quotes, Araraquara, v. 11, n. 00, e022003, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 2358-4238. DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v11i00.15365


Submitted: 11/08/2022 Revisions required: 26/09/2021 Approved: 13/11/2021 Published: 30/06/2022