A FORMAÇÃO PROFISSIONALIZANTE EM CONTEXTO QUILOMBOLA: ENTRE O DESENVOLVIMENTO LOCAL E A FORMAÇÃO PARA A VIDA


FORMACIÓN PROFESIONAL EN UN CONTEXTO QUILOMBOLA: ENTRE DESARROLLO LOCAL Y FORMACIÓN PARA LA VIDA


PROFESSIONAL TRAINING IN A QUILOMBOLA CONTEXT: BETWEEN LOCAL DEVELOPMENT AND TRAINING FOR LIFE


Greice Keli SANTOS1 James SANTOS2


RESUMO: A pesquisa em questão analisa as potencialidades do programa Novos Caminhos, que fomenta cursos de formação inicial e continuada para qualificação profissional, via Institutos Federais de Educação. O espaço de pesquisa será a comunidade Quilombola Tabuleiro dos Negros, que para nós, se coloca como espaço social, onde se encontram agentes individuais que podem desenvolver suas atividades sociais, culturais econômicas, por meio do fomento de cursos de formação, que melhorem suas práticas e possibilitem inovação, em relação ao que já praticam. O método teórico é baseado na ideia implícita de capital cultural pela educação formal e a metodologia de coleta de dados em campo (resguardados os protocolos de segurança e autorização de uso de dados) é o grupo focal, feito com jovens da comunidade. O tratamento dos dados será via análise de conteúdo e o meio de intervenção, se tratando de uma pesquisa ação é a formação de um catálogo de cursos, junto com análise de sua aplicabilidade e importância.


PALAVRAS-CHAVE: Quilombolas. Cursos profissionais. Novos caminhos. Cultura.


RESUMEN: La investigación en cuestión analiza el potencial del programa Novos Caminhos, que promueve cursos de formación inicial y continua para la calificación profesional, a través de los Institutos Federales de Educación. El espacio de investigación será en la comunidad Quilombola Tabuleiro dos Negros, que para nosotros es un espacio social, donde hay agentes individuales que pueden desarrollar sus actividades sociales, cultura económica, a través de la promoción de cursos de formación que mejoren sus prácticas. También es posible innovar, en relación a lo que se practica. El método teórico se basa en la idea implícita de capital cultural para la educación formal y en la metodología de recolección de datos en campo (protocolos de seguridad y autorización de uso de datos) y / o un grupo focal, realizado con jóvenes de la comunidad. El tratamiento de dos datos se realizará mediante un análisis de contenido y el método de intervención, en el caso de la investigación y la formación de un catálogo de cursos, junto con un análisis de su aplicabilidad e importancia.


PALABRAS CLAVE: Quilombolas. Cursos profesionales. Nuevas formas. Cultura.


1 Instituto Federal de Alagoas (IFAL), Penedo – AL – Brasil. Especialização em Educação Profissional. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9016-1550. E-mail: greicecruz27@gmail.com

2 Instituto Federal de Alagoas (IFAL), Palmeira dos Índios – AL – Brasil. Professor do curso de Sociologia e da Especialização em Educação Profissional. Doutorado em Ciências Sociais (UNESP). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5491-3716. E-mail: james.was@hotmail.com



ABSTRACT: The research in question analyzes the potential of the Novos Caminhos program, which promotes initial and continuing training courses for professional qualification, via the Federal Institutes of Education. The research space will be the Quilombola community Tabuleiro dos Negros, which for us, is a social space, where individual agents who can develop their social, cultural and economic activities, through the promotion of training courses that improve their practices and enable innovation, in relation to what they already practice can be found. The theoretical method is based on the implicit idea of cultural capital by formal education and the data collection methodology in the field (protected by security protocols and data use authorization) with the focus group, composed by young people from the community. The treatment of data will be via content analysis and the means of intervention, in the case of an action research is the formation of a catalog of courses, along with analysis of its applicability and importance.


KEYWORDS: Quilombolas. Professional courses. New ways. Culture.


Introdução


O objeto de análise deste artigo é o programa Novos Caminhos, que foi criado pelo Governo Federal em 2019 (ligado a formação técnica inicial e continuada – FIC), como meio de inserção da educação profissional em uma comunidade tradicional brasileira (O quilombo Tabuleiro dos Negros, localizado em Penedo-AL). Neste sentido, ser inserido neste modelo de formação, representa, segundo um senso comum fortemente disseminado desde os anos 1990, um importante passo no processo de inclusão social de jovens e adultos e, portanto, um meio estruturalmente dado pela educação formal, para o possível sucesso social (BOURDIEU, 2014).

O intuito do programa Novos Caminhos é promover a inserção de seus estudantes no mercado de trabalho, por meio da qualificação profissional, sem discriminar a parcela de jovens que já foram alcançados pela formação profissional, através do Ensino Médio Integrado nos Institutos Federais (IFs). O objetivo geral é analisar o modelo de ensino FIC, a ser aplicado pelo programa Novos Caminhos, através do IFAL, campus Penedo, possibilitando incluir os quilombolas neste processo. Além disso, como este modelo pode, dentro de uma proposta de transversalidade, não apenas ensinar uma ocupação/profissão, mas promover a ligação entre aluno e comunidade, traçando trocas culturais e modelos de pertencimento (SAHLINS, 2003).

Na relação teoria/método, usaremos neste artigo, de maneira pontual, os seus conceitos de campo e aquisição de capital social e cultural de Bourdieu (2000)3. Aliada a esta teoria,


3 Temos como referência para a realização deste trabalho a teoria crítica de Pierre Bourdieu, que considera a educação como dentro de um campo de relações (Campo Cultural), em que circulam agentes coletivos (como a



temos a teoria das trocas culturais e das assimilações, que é pós estruturalista, relacionada ao sujeito cultural e embasada pela análise etnográfica de Marshall Sahlins (2003, 1990). Estas escolhas teóricas nos levam a consolidação de uma metodologia que é prioritariamente qualitativa, mas que não exclui o uso de dados quantitativos, já expostos em pesquisas sobre o programa Novos Caminhos, bem como os dados sobre as comunidades quilombolas em Alagoas, já coletados e analisados.

No referente às técnicas de pesquisa, estas são baseadas na pesquisa bibliográfica e na etnografia, que é a análise qualitativa de dados, caracterizada por ser indutiva e ter como foco a fidelidade ao universo de vida cotidiano dos sujeitos. Segundo André (1983), a etnografia visa apreender o caráter multidimensional dos fenômenos em sua manifestação natural, bem como captar os diferentes significados de uma experiência vivida, auxiliando a compreensão do indivíduo no seu contexto. Por isso, a ida ao quilombo e a coleta dos relatos sobre a adequação entre a proposta de ensino FIC e as expectativas sociais de quem receberá o serviço é de extrema importância.

A abordagem etnográfica ocorreu por observação participante, regida pela objetivação dos traços culturais e operacionalmente se deu por grupo focal, que ocorreu em forma de um círculo de debate (respeitando todas as normas de proteção e distanciamento contra o coronavírus). Sua aplicação foi antecedida pela criação do roteiro de debate com 5 jovens e adultos da comunidade quilombola (na faixa etária dos 18 aos 25 anos – idade pós ensino médio e própria a vida profissional).

Após coletados os dados, estes foram analisados de forma comparada, tendo em questão os seguintes problemas: quais são as demandas e expectativas da comunidade e quais as possibilidades de fomento de uma ação de qualificação profissional FIC pelo IFAL, diante da comunidade quilombola Tabuleiro dos Negros? Após a análise comparada, se avaliaram as possibilidades de adaptação à realidade, para a aplicação da formação de maneira adequada. O trabalho de campo fora realizado na Comunidade Quilombola Tabuleiro dos Negros no mês de julho de 2021.

Com os resultados desse trabalho, espera-se contribuir com desenvolvimento local e social e a participação efetiva dos estudantes quilombolas nos cursos de formação inicial e continuada, estando aptos a inserção no mercado de trabalho e sendo agentes sociais capazes de efetivarem a construção de suas próprias histórias (ARROYO, 2012). Contudo, a também


instituição IFAL, por exemplo) e os agentes individuais (os jovens que ainda estão fora, na comunidade quilombola em questão, da formação profissional ou os que precisam de complemento a sua formação). O intuito é analisar a relação entre estes dois tipos de agentes e as possibilidades de criação de um espaço de formação via programa Novos Caminhos. Colocando os avanços e os limites desta relação.


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o questionamento quanto a função da educação, como principal componente na construção dos projetos de vida. A ela é atribuído um papel importante na conquista de uma profissão, que venha a possibilitar melhoria pessoal e familiar (aos pais ou parentes mais próximos). Neste sentido, este artigo também contribui para incluir os fatores estruturais dentro desta conta, que são influenciados pela capacidade de geração de oportunidades e direitos por parte do Estado e da iniciativa privada, pontos de incremento e absorção dos trabalhadores qualificados.

Nesta introdução ao trabalho, além do objeto, encontra-se apresentada a justificativa, o problema de pesquisa, os objetivos, o referencial teórico, a metodologia, a população/agentes da pesquisa e instrumento da coleta de dados. Quanto à organização, o artigo está dividido em duas partes, além da introdução e das considerações finais. A primeira, faz uma abordagem sobre a educação profissional/técnica, as expectativas sociais e as comunidades tradicionais, definição do que é formação técnica no Brasil e a relaciona com o programa Novos Caminhos, além de mencionar o alcance de classe que tem este programa e a relação entre carência da oferta desta formação para as comunidades tradicionais e suas expectativas.

A segunda irá relacionar a educação profissional como agência, identificando a existência de um campo de relações sociais, chamado de campo cultural, onde está inserida a formação técnica. Esta por sua vez apresenta o agente coletivo IFAL e como ele “serve” aos agentes individuais quilombolas, membros de uma comunidade tradicional. Segue ainda a apresentação dos limites da agência e as possibilidades estruturais; uma breve análise sobre as demandas apresentadas, comparando às ofertas que podem ser feitas através do programa Novos Caminhos e o resultado da comparação, seguida da solução que pode ser alcançada.

Esta pesquisa consiste em desenvolver um projeto de ação, que visa a inserção do Programa Novos Caminhos, no Campus IFAL - Penedo, incluindo os alunos quilombolas oriundos da comunidade Tabuleiro dos Negros. Assim os quilombolas terão a oportunidade de ingressar na educação profissional e tecnológica, gerando mais oportunidades de emprego e renda, através dos cursos de formação inicial e continuada. Em um cenário de desigualdade, pensar em meios de incluir a população negra no mercado de trabalho é fundamental. No caso das comunidades desfavorecidas economicamente, este processo é dificultado tanto pelas diferenças socioculturais e étnicas, quanto pela necessidade de conciliar o tempo entre a escola e o trabalho.

Busca-se, assim, analisar e compreender como esse processo de inclusão no IFAL, pode ser concretizado e quais os desafios que estão postos para os estudantes quilombolas neste processo de inserção. A primeira motivação para realizar este estudo, vem de minha

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própria vivência como profissional, assistente social e membro da comunidade, em buscar a inclusão da comunidade nas políticas públicas destinadas às comunidades tradicionais, como forma de desenvolvimento social e econômico.


A educação profissional/técnica, as expectativas sociais e a comunidade tabuleiro dos negros


O início da Educação Profissional no Brasil se deu no contexto da lógica assistencialista do século XIX, que tinha como objetivo dar uma profissão aos meninos órfãos e a outros menores desfavorecidos da sociedade (COSTA, 1999; FAUSTO, 1995). Era a formação para “aprendizes de ofício”, a saber: agricultor, cuidador de animais, carpinteiro, marceneiro, pedreiro, padeiro, artesão etc. Esta mesma formação mantinha a base de produção em duas linhas fundamentais: a agricultura e a manufatura. Acompanha este fato, um outro, que é a qualificação do trabalhador enquanto meio de produção e fabricação de coisas, pois “[…] no Brasil, a formação do trabalhador ficou marcada já no início, com o estigma da servidão, por terem sido os índios e os negros escravizados, os primeiros aprendizes de ofício (GARCIA, 2000, p. 1).

Em relação à educação profissional no Brasil, estudos demonstraram, ao longo de sua trajetória, o caráter dual e excludente do seu processo, quando relacionado às classes mais pobres, sendo as escolas profissionalizantes destinadas especialmente a elas. Com isto “[…] o ensino necessário às indústrias, iniciou-se destinado aos silvícolas, depois aos escravos, em seguida aos órfãos e aos mendigos, e mais tarde passou a atender os excluídos, como cegos e os surdos-mudos” (GARCIA, 2000, p. 4).

A educação profissional, geralmente de caráter mais instrumental, era permitida aos filhos das classes populares, que tinham que trabalhar para se manter, enquanto a educação básica de caráter propedêutico4, era dirigida à formação das elites, de modo a chegarem ao ensino superior. No contexto de criação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em 1961, e da relação estabelecida com a educação profissional, foi originada a Reforma Capanema, que normatizava e estruturava a educação brasileira, evidenciando a educação profissional a partir dos ensinos industrial, comercial, agrícola e



4 Em geral, refere-se a uma educação iniciadora para uma especialização posterior. Como característica principal, temos a preparação geral básica capaz de permitir o desdobramento posterior de uma área de conhecimento ou estudo. Neste caso, o desdobramento do aprendizado básico era para o prosseguimento nas carreiras em Ciências Jurídicas, Medicina ou Engenharia Civil, as três áreas clássicas de formação no Brasil Império e República.


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normal, tendo em outro segmento os correspondentes ao então ensino propedêutico colegial clássico e científico.

Em 1978, houve a criação dos CEFETs (Centros Federais de Educação), em substituição às antigas Escolas Técnicas Federais e Escolas Agrotécnicas Federais (1º formação); logo depois em 1982 houve o restabelecimento da modalidade de Educação Geral (equivalência de escolas propedêuticas e profissionalizantes para o ensino superior); o ano de 1996 foi um marco importante na Educação Profissional, a Lei nº 9.394 estabelece a educação profissional como uma modalidade educacional, que perpassa diferentes níveis, etapas e modalidades.

Para Ramos (2014, p. 64) “os anos 90 e o início dos 2000 se constituem, hoje, em realidade a ser superada pela restauração de uma outra ordem, em que o fundo público seja utilizado em benefício público”, em cumprimento às emergências dos trabalhadores e trabalhadoras, como uma forma de organização a um projeto de desenvolvimento econômico e social.

O governo do ex-presidente Lula foi baseado na reconstrução de políticas públicas para o ensino integrado e buscou corrigir distorções do governo anterior. Revogou o decreto nº 2.208/97, que visou “respeitar e construir com os sistemas federal e estaduais de ensino e com a própria sociedade, a quem servem, a implementação de mudanças futuras que podem se consolidar por meio de um instrumento mais apropriado e de natureza mais permanente” (RAMOS, 2004, p. 71). Para continuar com os projetos, o governo Lula criou alguns dispositivos, dentre eles que o ensino integrado fosse elaborado na intenção de reconstrução de princípios e fundamentos da formação dos trabalhadores. Acreditava-se na satisfação e defesa da sociedade, a qual admitia-se a profissionalização como princípio de junção da ciência, do trabalho e da cultura e com isso, esperava-se promover lutas por uma formação mais estrutural da educação brasileira, ou seja, o objetivo era unir o governo a sociedade, para alcançar uma estrutura satisfatória.

De acordo com os dados do MEC o Brasil, de 2007 a 2015, atingiu 1,9 milhão de matrículas na educação profissional técnica de nível médio, conforme figura a seguir:



Figura 1 – Distribuição das matrículas na educação profissional - Brasil - 2007-2015


Fonte: Brasil (2016)


O Plano Nacional de Educação (PNE), com meta de 10 anos, aprovado pela Lei nº 13.005, de 2014, prevê a ampliação das oportunidades de acesso à educação profissional e tecnológica para jovens e trabalhadores, tendo em vista a expansão da educação profissional técnica de nível médio e a integração dos cursos técnicos e de qualificação profissional com a educação de jovens e adultos:


Meta 10: oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) das matrículas de educação de jovens e adultos, nos ensinos fundamental e médio, na forma integrada à educação profissional.

Meta 11: triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% (cinquenta por cento) da expansão no segmento público (BRASIL, 2014).


Além de incentivar a criação de vagas dentro do ensino profissionalizante, “a legislação educacional brasileira mais atual, permite que educadoras e educadores atuem para minimizar as desigualdades étnico-raciais nos espaços educacionais, inclusive os de cunho profissionalizante” (BOTELHO, 2007, p. 37). Junto a isso, a Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, sancionada na época, no governo Lula, já tornava obrigatório também o ensino sobre História e Cultura Afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio (dentro da Educação Básica). Com isso o Conselho Nacional de Educação (CNE) estabeleceu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, dispostas no parecer do Conselho, CNE/CP 003/2004 e CNE/CP. Resolução 1/2004, que versa em seu inciso § 1:



A Educação das Relações Étnico-Raciais tem por objetivo a divulgação e produção de conhecimentos, bem como de atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos quanto à pluralidade étnico-racial, tornando-os capazes de interagir e de negociar objetivos comuns que garantam, a todos, respeito aos direitos legais e valorização de identidade, na busca da consolidação da democracia brasileira (BRASIL, 2004, p. 11).


A inclusão dos estudos afro-brasileiros no currículo é parte de um processo de reconhecimento cultural, que também agrega o acesso ao ensino técnico por comunidades tradicionais, como forma de reforço a integração sociocultural da comunidade Quilombola, formulando uma educação que traga envolvimento com a história desses agentes sociais, para que se reconheçam e queiram ser cada vez mais reconhecidos na sociedade em geral.

Neste contexto, estas leis estabelecem as diretrizes para a educação nacional, ressaltando a importância do apoio às modalidades de ensino e ao ensino da cultura negra, direcionada às escolas. Cabe lembrar que no espaço escolar, o negro sempre foi apontado nas aulas de História como escravo; “nunca é demais esclarecer que o negro africano trazido à força para o Brasil e seus descendentes, não eram escravos como uma condição natural, submissa, preconceituosa e depreciativa, mas sim escravizados” (SANTOS et al., 2018). As determinações apresentadas, estabelecem como devem ser implementadas as políticas públicas educacionais para as comunidades quilombolas, “no caso específico da população remanescente de quilombos, nisso precisamos avançar muito mais, posto que, entre os afro- brasileiros, esse grupo soma os maiores índices de exclusão educacional” (BOTELHO, 2007, p. 35).


Figura 2 – Taxa de jovens brancos, pretos ou pardos cursando ou com diploma do ensino superior entre os anos 2016 a 2018


Fonte: IBGE (2019)



Para Botelho (2007, p. 34), “alguns aspectos da cultura afro-brasileira precisam ser percebidos e explorados por todos e todas que participam do sistema educacional brasileiro”, só assim serão criados mecanismos e estratégias que possibilitem minimizar toda forma de discriminação e preconceito que ainda reinam, atingindo principalmente os negros e negras do nosso país, no campo educacional.

Atualmente a legislação assegura alternativas de reversão do cenário. O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu Artigo 58, garante à criança e ao adolescente o direito de desfrutar de sua herança cultural específica. A Constituição Federal, em seu Artigo 210, estabelece que os conteúdos do Ensino Fundamental (bem como todo o Ensino Básico), devem assegurar o respeito aos valores culturais. A LDB determina que os projetos, programas e currículos assegurem o respeito às diferenças culturais, sociais e individuais de todos aqueles que frequentam a escola, bem como estabelece a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura Afro-Brasileira na Educação Básica.

Segundo o estudo: Acesso ao ensino superior no Brasil: equidade e desigualdade social (ANDRADE, 2002), mais de 50% dos jovens negros sequer atingiu o nível médio e, destes, praticamente a metade não concluiu ao menos o ensino básico. Nesse quadro, os jovens que se autodeclararam não brancos apresentam níveis inferiores de escolaridade em relação aos brancos. Para Botelho (2007, p. 38), “o baixo nível de escolaridade da população negra, retroalimenta sua exclusão no mercado de trabalho”, com isso se faz necessário que políticas públicas educacionais, sejam inseridas nas comunidades Quilombolas, de forma que sua implementação assegure a garantia dos direitos a eles pertencentes, por vezes negados pelas diversas “mudanças advindas do processo antidemocrático de mundialização econômica” (BOTELHO, 2007, p. 38).

Durante a pesquisa que dá base a este artigo, e fazendo uso da técnica de grupo focal, foi interessante e norteador a coleta dos relatos da comunidade quilombola Tabuleiro dos Negros, em Penedo-AL. Durante o grupo focal, foi possível compreender os anseios e os problemas apontados pelas pessoas que participaram (jovens quilombolas, entre 18 e 25 anos de idade). Algumas das falas registradas, estão voltadas para educação, cultura e cursos FIC (de formação inicial e continuada). Com isso, nossa pesquisa construiu uma “ponte analítica”, que liga a formação profissional, com a geração de oportunidades para jovens quilombolas em Alagoas, sem deixar de lado a formação transversal ligada à temática da cultura. Em outras palavras, é aproveitar o impacto dos cursos profissionais, para fomentar o desenvolvimento de técnicas que liguem a cultura popular ao ensino científico e que promovam ao mesmo tempo a possibilidade de uso dos saberes para o desenvolvimento local. Durante a pesquisa in loco



(regida pelos protocolos de segurança e autorizações de uso dos dados via TCLE), obtivemos resposta à pergunta sobre o “leque” de cursos ofertados pelo Programa Novos Caminhos, o interesse que estes despertam nos jovens quanto a sua formação e se o fator inclusão pode ser considerado nesta proposta. Quanto a este ponto, a resposta foi a seguinte:


Eu escolhi condutor de turismo em espaços culturais e locais, porque eu acho que essa ligação direta com a cultura é importante, mas pra gente que é quilombola, eu acho que é mais forte e como eu penso que aqui um dia tenha um espaço, que conte mais sobre a nossa história, sobre o povo quilombola, nossas culturas e nossas tradições, eu acho que é isso uma coisa que me interessa muito (Entrevista em 17/07/2021, com Mariana, grifo nosso).


Neste sentido, o Programa Novos Caminhos em sua perspectiva de formação inicial e continuada, traz uma nova visão de mundo aos jovens inseridos na comunidade Quilombola Tabuleiro dos Negros, pois através da formação, cria-se uma expectativa em se conseguir um emprego, uma renda, podendo ao mesmo tempo continuar em seu local de nascimento e assim contribuir com o desenvolvimento econômico e social local. Por isso é importante lembrarmos das palavras de Carril (2017, p. 539), ao considerar que: “propostas educacionais que partam da etnicidade e da cultura, podem abarcar o contexto e o texto territorial”. A valorização da cultura está totalmente ligada a formação desses jovens, a cultura é um propósito associado ao conhecimento repassado desde os primórdios da educação. “Os quilombolas trazem o território que falam, por meio da história oral, possibilitando uma escuta desses significados” (CARRIL, 2017, p. 539).

Mas há uma dificuldade própria em se trabalhar em espaços de agência, que foram consolidados como pontos de distinção, visto que o próprio termo quilombo, por sua vez, é utilizado para nomear os locais de refúgio e resistência dos negros, que fugiam dos seus senhores durante o período colonial e imperial no Brasil. As comunidades que então se formaram também incluíram, além dos negros escravizados fugidos, indígenas, mestiços e brancos pobres. Em termos de agência, representava resistência, mas ao mesmo tempo segregação em relação a interação no espaço social brasileiro, tendo reconhecimento de igualdade cidadã. Por isso, além da própria violência física, temos neste contexto a chamada violência simbólica (BOURDIEU, 2000).



Figura 3 – Mapeamento das Comunidades Quilombolas de Alagoas


Fonte: ITERAL (2021)


A Constituição Federal de 1988, garantiu o direito à propriedade territorial para essas populações, através do artigo 68, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), que afirma: “Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecido à propriedade definitiva, devendo o Estado emitir os títulos respectivos”.

O processo de certificação de uma comunidade quilombola, se inicia através de uma declaração de autorreconhecimento, em seguida a Fundação Cultural Palmares é a responsável em realizar os trâmites necessários e emitir a certidão. “Este documento é de fundamental importância, na medida em que reconhece os direitos destas comunidades e dá acesso aos programas sociais do Governo Federal “(ALAGOAS, 2015, p. 8). De acordo com dados da Fundação Cultural Palmares, o Quilombo do Povoado Tabuleiro dos Negros, Penedo/AL, foi certificado em 01 de março de 2007, sob o nº do processo na FCP (01420.000138/1998-63), e Portaria Nº (25/2007), tornando-se um exemplo de comunidade remanescente, fundada por escravos e descendentes de povos escravizados.



Figura 4 – Certificação de Comunidades Quilombolas entre 2004 e 2015


Fonte: Alagoas (2015)


Num panorama geral, o Brasil tem mais de duas mil e quatrocentas comunidades quilombolas certificadas pela Fundação Cultural Palmares, distribuídos em 24 Estados brasileiros, possuindo uma forma de organização própria. O Quilombo Tabuleiro dos Negros organiza-se através de Associação de Moradores, voltada para o desenvolvimento e economia local, além de tratar da produtividade agrícola. Dispõe também de uma associação das mães, que desenvolve um trabalho voltado para gerar renda, na forma de artesanato e produção de bolos, doces e salgados; associação de produtores de leite que reúne a produção local, buscando formas de comercialização de laticínios e é vinculada à venda em cooperativas, melhorando a produção leiteira e de criação do rebanho.

Desta forma, estas pessoas vêm paulatinamente avançando na conquista de direitos, entre eles o reconhecimento pelo Estado, da proteção de sua cultura e respeito às suas origens. A partir da formação FIC, ligada às áreas já citadas aqui, estes pontos podem ser potencializados. Além de fortalecer os laços com as instituições educacionais, para além da titulação, gerando reconhecimento e fortalecimento comunitário. No referido caso, a instituição parceira nesta formação seria o Instituto Federal de Alagoas – Campus Penedo. Sabendo que nesta inter-relação, valoriza-se a comunidade quilombola “que se autodefine a partir das relações específicas com a terra, o parentesco, o território, a ancestralidade, as tradições e práticas culturais próprias “(INCRA, 2021), sendo estas mesmas dimensões, ricas em biodiversidade e patrimônio genético. Para além disso:



Ainda apresenta relações territoriais específicas, na medida em que é o território e o vínculo específico que os membros da comunidade têm com o mesmo, que se constitui no fato social total que, ao lado de todas estas outras características, conformam uma comunidade quilombola (INCRA, 2017, p. 5).


O desafio para composição e manutenção deste território em Alagoas é o avanço das fazendas de cana-de-açúcar no entorno, considerado um problema na comunidade. Os moradores consideram que as lavouras de cana- de-açúcar avançaram sobre seu território tradicional, reduzindo as áreas de uso disponíveis para a comunidade. A agricultura é um aspecto importante nos modos de vida e costumes locais, mas atualmente é predominantemente voltada para a subsistência. Apesar das famílias disporem de áreas de roçados, as áreas atualmente disponíveis são consideradas insuficientes, principalmente quando se pensa nas gerações futuras e na produção para as feiras locais.

Alguns moradores ilusoriamente preferem plantar cana-de-açúcar, ao invés de mandioca, feijão, milho e outros, criando a expectativa de crescerem economicamente, como fornecedores alternativos do setor sucroalcooleiro, deixando de produzir alimentos que seriam consumidos na própria comunidade, ou até mesmo, criar uma cooperativa onde parte da produção local (uma vez ampliada), fosse destinada às cidades circunvizinhas para comércio. Contudo, a tradição de plantar grandes lavouras de mandioca permanece. As famílias se articulam e se ajudam, desde o plantio, colheita e preparo da farinha que é vendida na feira da cidade, no chamado “Pavilhão da Farinha”. Neste processo, outros produtos são extraídos da mandioca como: goma de tapioca, beiju, pé de moleque (bolo pagão), mas ainda não são comercializados. Falta incentivo e percepção de crescimento cultural e econômico, a cultura deve ser praticada e mantida para as gerações seguintes entenderem, valorizarem e expandirem dentro de seu território.

Por outro lado, atualmente, os produtores de leite investem em seu negócio e estão produzindo queijo, que é vendido na comunidade e entregue em dois locais na cidade. Dentro do escopo da pesquisa, queríamos saber sobre a importância de um curso de formação profissional dentro do contexto quilombola citado. Com isso, abordamos um produtor leiteiro local, que perguntado sobre a importância da formação profissional, nos deu a seguinte resposta:


Fiz um curso há muitos anos para criar caprinos e ovinos, e nesse curso o instrutor ensinou a fazer queijo de cabra, eu resolvi fazer o teste, não é tudo leite? Então testei, deu certo, estou vendendo, não sei se vou continuar porque o custo é alto, mas por enquanto não estou tendo prejuízos (Entrevista em 17/07/2021, com o Sr. José Lerido).



Dentro desta mesma situação, obtivemos a informação de que a antiga associação dos produtores, acabou perdendo sua efetivação, visto de o tanque de beneficiamento do leite apresentou problemas e por motivos políticos não conseguiram recuperá-lo; diante disso cada produtor procurou individualmente outras associações para entregar a produção de leite, isso é um fator negativo para um possível crescimento econômico local, mas que poderia ser resolvido mediante o concerto técnico, que poderia ser feito por algum membro da comunidade, caso tivesse formação para isso.


A educação profissional como agências e as propostas estruturais


A Educação profissional abre as portas do mercado de trabalho para os jovens e adultos, além de possibilitar hoje, um avanço acadêmico verticalizado (com possibilidades de pós-graduação), para quem desejar avançar na carreira. Para a formação mais elementar em cursos técnicos, temos o Programa Novos Caminhos, que é aplicado a jovens e adultos tanto de áreas urbanas quanto rurais (o que poderia ser o caso da inclusão de jovens e adultos quilombolas), sendo este ensino fomentado por Instituições como o Instituto Federal de Alagoas - IFAL. Na modalidade de Ensino Médio Integrado ao Ensino Técnico, no que se refere a formação profissional e cultural, é possível observar a trajetória histórica da Comunidade Tabuleiro dos Negros e a inter-relação com Instituto Federal – Campus Penedo.

Neste sentido, é possível considerarmos o IFAL, enquanto agente institucional (BOURDIEU, 2014, p.56), voltado para a educação técnica, abrangendo diversos meios: ensino médio integrado ao técnico, como citamos; ensino subsequente – após o ensino médio; educação superior tecnológica e superior em graduação, bem como os cursos de formação curta, inicial e continuada, também chamados de cursos FIC. Estes cursos FIC, são a modalidade que ao nosso ver mais se aplicam ao caso de fomento a formação da comunidade quilombola em questão, servindo como oportunidade de inserção de jovens e adultos no mercado de trabalho. Desta forma, tais cursos devem estar associados às demandas locais, não bastando disponibilizar os cursos, mas ir de encontro às necessidades que a comunidade apresenta.

Dentro do conjunto de cursos ofertados em nível FIC pelo programa Novos Caminhos no IFAL, temos:



Quadro 1 – Cursos ofertados em nível FIC nos campuses do IFAL.


Cursos

Vagas

Agente de desenvolvimento cooperativista

120

Almoxarife

130

Assistente administrativo

130

Assistente de contabilidade

120

Assistente de logística

120

Gestor de microempresa

130

Microempreendedor individual

120

Operador de sistemas de irrigação

60

Produtor de derivados do leite

60

Produtor de frutas, hortaliças e plantas aromáticas

60

Produtor de licores

120

Produtor de queijo

60

Nota: Estes cursos não são ofertados no IFAL - Campus Penedo Fonte: Elaborado pelos autores


Tendo em análise os cursos acima é possível ver que em pelos menos 6 destes cursos: Agente de desenvolvimento cooperativista; Microempreendedor individual; Operador de sistemas de irrigação; Produtor de derivados do leite; Produtor de Hortaliças; Produtor de licores e leite, é possível ver uma integração com as atividades realizadas no Quilombo Tabuleiro dos Negros em Penedo. Curiosamente, o polo Penedo do IFAL, não desenvolveu atividades de cursos FIC, o que não significa que na relação entre agentes (o agente institucional IFAL e os agentes individuais, quilombolas), não haja a necessidade de oferta. Considerando que a dois fatores em questão:


  1. A viabilidade dos cursos ofertados em outros polos e que poderiam ser aproveitados para o polo Penedo;

  2. A junção de novas demandas, emanadas da situação do próprio povo quilombola da referida comunidade.


Por isso há uma necessidade de mostrar os dados do que é ofertado, e por meio de pesquisa de campo in loco (via grupo focal), viabilizar a verificação das ofertas que seriam mais adequadas as condições dos membros do quilombo Tabuleiro dos Negros. A que frisar que para o grupo focal, se privilegiou a participação de um grupo de jovens e adultos (entre 18 a 25 anos - idade economicamente ativa), no intuito de buscar saber a recepção dos cursos existentes e a necessidade de formação de cursos, que poderiam ser aplicados na comunidade, gerando assim a possibilidade mais adiante de proposição de um catálogo específico.

No referente a aplicação da técnica de pesquisa, durante o grupo focal, foi possível identificar as principais inquietações e reivindicações dos jovens, insatisfeitos com a carência



por políticas públicas. Dentro deste panorama, Morgan (1988, p. 25), argumenta que: “o uso do grupo focal é particularmente apropriado, quando o objetivo é explicar como as pessoas consideram uma experiência, uma ideia ou um evento” (...). Assim, foi possível identificar a necessidade de cursos FIC, fundamentados na particularidade dos jovens inseridos na comunidade quilombola Tabuleiro dos Negros. Como proposta de ações afirmativas, estes cursos devem ser analisados como oportunidade de formação apropriada para um público que, mediante suas ocupações cotidianas, teriam o período noturno como alternativa de tempo disponível para sua formação.

Salientando a questão do grupo focal e sua importância, Gatti (2005, p. 7), afirma que “os participantes devem ter alguma vivência com o tema a ser discutido, de tal modo que sua participação possa trazer elementos ancorados em suas experiências cotidianas”, nesse contexto, o grupo focal serve como referência de um contato cultural (SAHLINS, 1990), que envolve a cultura do campo acadêmico (BOURDIEU, 2014), com a cultura nativa quilombola e suas necessidades. O produto deste contato, como já comentado, será um catálogo de cursos que podem ser referenciados para a comunidade Tabuleiro dos Negros, ligando a oferta de cursos a demanda por formação, possibilitando a sua visualização, enquanto proposta, tanto para os quilombolas, quanto pelo próprio IFAL.

Em relação a proposta de ação, a construção do diálogo para a formação do catálogo, começou com a formação do grupo focal. O grupo foi constituído por 5 pessoas (jovens e adultos), oriundos da comunidade quilombola Tabuleiro dos Negros, posicionados em um semicírculo, onde se tinha a visão de uma mesa grande (respeitando o distanciamento e os protocolos de segurança e higienização, bem como os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLEs). O método consistiu em mostrar todos os cursos FIC ofertados pelo IFAL, conforme o quadro 1, e deixá-los dispostos para que os jovens pudessem escolher qual deles seriam mais importantes na sua formação educacional e social. Em concomitância, foram feitas perguntas sobre a expectativa de vida e mercado, bem como de permanência no local de origem e como desenvolvê-lo melhor. Segue de maneira sucinta o rol de perguntas que foram feitas:


  1. Quais as principais identificações entre você e a comunidade em que vive?

  2. Quais atividades econômicas você identifica em sua comunidade e quais você desenvolve ou desejaria desenvolver?

  3. Existe incentivo a formação profissional em sua comunidade?



  4. Existem oportunidades de formação no entorno de sua comunidade que podem ser aproveitadas?

  5. Quais cursos e habilidades de formação profissional você acredita que deveriam ser desenvolvidos e porquê?


A partir destas perguntas, foram sendo tecidas (MILLS, 2009), as relações entre sujeito social e estrutura, nos moldes da relação agente institucional (IFAL), em encontro aos agentes individuais (membros do quilombo), considerando suas expectativas e vontades. A partir disso, a partilha de concepções e as trocas de experiências, puderam ser realizadas, instigando a percepção da realidade social por eles enfrentada. Sobre as demandas citadas pelos jovens quilombolas participantes da pesquisa, seguem as opções de cursos sugeridos individualmente por cada um deles:


Quadro 2 – Cursos propostos no grupo focal


Curso

Proposta geral

Agente de projetos sociais

Elabora e executa projetos sociais. Realiza levantamento de demandas, estabelecimento de metas, ações e estratégias, captação de recursos e prestação

de contas.

Agente de desenvolvimento cooperativista

Auxilia no planejamento, na execução de processos, na prestação de assistência e serviços aos cooperados. Promove e atua na constituição de cooperativas em comunidades locais.


Agente de inclusão digital em centros públicos de acesso à internet

Orienta usuários dos telecentros para o uso democrático e gratuito das tecnologias de informação e comunicação (TIC), dos serviços de governo eletrônico e facilita a produção de conhecimento com o uso das TICs. Capacita o usuário a manusear as ferramentas de pesquisa e nos processos de participação em redes sociais para o desenvolvimento econômico, social, pessoal e da

cidadania. Informa sobre as normas e políticas de segurança da informação e respeito à propriedade intelectual.


Auxiliar pedagógico

Auxilia na elaboração de projetos pedagógicos e planos de cursos. Colabora com a organização didática e metodológica das atividades pedagógicas. Auxilia nos processos de avaliação do ensino e da aprendizagem na educação e na relação pedagógica entre docentes e estudantes. Contribui para o

desenvolvimento de ações integradas no âmbito escolar.


Condutor de turismo em espaços culturais e locais

Conduz visitantes e turistas em sítios e centros históricos existentes na destinação turística. Informa e interpreta sobre o acervo histórico, arquitetônico e cultural, assim como as manifestações artísticas, folclóricas, populares e gastronômicas locais. Contribui para a valorização e conservação do patrimônio material e imaterial, com base na legislação pertinente. Aplica e orienta sobre as técnicas e tecnologias para a visita sustentável dos centros históricos e culturais. Zela pela integridade física e psicológica dos visitantes e turistas. Elabora,

negocia e executa roteiros de visitação em centros históricos e culturais.

Fonte: Elaborado pelos autores


Quando perguntados, sobre o porquê das escolhas e que relação têm com a comunidade local e quais seus anseios frente a comunidade, os jovens justificaram suas escolhas:


Eu escolhi o curso na área de Agente de projetos sociais, é a área que eu me identifico, que eu gosto de participar, de sempre tá em contato com pessoas, auxiliando na forma que seja necessária, então é a área que tá incluída basicamente na área que eu estudo também, então querendo a área mais social e por isso acho bastante interessante e acrescentaria bastante no meu conhecimento (ADRIANO, 17/07/2021, NEGRITO NOSSO).


Eu escolhi o Auxiliar pedagógico, acho que ele é bem parecido com a área que eu quero estudar, eu acho que se eu fizesse ele, iria me auxiliar bastante (KARINY, 17/07/2021, NEGRITO NOSSO).


Eu escolhi Condutor de turismo em espaços culturais e locais, porque eu acho que essa ligação direta com a cultura, mas pra gente que é quilombola, eu acho que é mais forte e como eu penso que aqui um dia tenha um espaço que conte mais sobre a nossa história, sobre o povo quilombola, nossa cultura e nossas tradições, eu acho que é isso uma coisa que me interessa muito, que tá na área que eu tô estudando (Mariana, 17/07/2021, grifo nosso).


Eu escolhi Agente de inclusão digital em centros públicos de acesso à internet, para unir o útil ao agradável, eu creio que aqui no telecentro, uma matéria de início para o acesso à informação, acesso à internet, eu acredito que deveria ser uma matéria que tivesse na grade do município, para ajudar as crianças desde pequenas a ter um acesso consciente à internet e chegar ao ensino médio já com um conhecimento básico, do que usar na internet (Hiago, 17/07/2021, grifo nosso).


Eu escolhi Agente de desenvolvimento cooperativista, porque eu acho que é agora? Que seria melhor pra nossa comunidade, trabalhar o cooperativismo (Michelly, 17/07/2021, grifo nosso).


Analisando as respostas é possível identificar que eles buscam cursos que visam o crescimento pessoal, filiado a economia local; onde os mesmos serão importantes em cada área relacionada, seja ela cultural, educacional ou social. Dentro de cada possibilidade de oferta e procura, podemos inserir os cursos acima e outros do catálogo de cursos FIC do IFAL, que poderão, juntos, serem ofertados como proposta para os jovens e também os adultos da comunidade quilombola Tabuleiro dos Negros. Se considerados os cursos que já estão no catálogo, com os que foram colocados pelos participantes do grupo focal, teríamos a possibilidade de formação inicial continuada (FIC), configurada para a comunidade Tabuleiro dos Negros, da seguinte forma:



Quadro 3 – Proposta de catálogo de cursos para a comunidade quilombola Tabuleiro dos Negros


Cursos

Descrição

Vagas

Agente de desenvolvimento cooperativista

Gerenciar modelos de cooperativismo em comunidades locais.


40

Agente de inclusão digital

Promover a formação básica em TICs.

20

Agente de processos sociais

Promover o desenvolvimento de políticas sociais e econômicas locais.

20

Auxiliar pedagógico

Auxiliar em atividades escolares.

20

Condutor de turismo em espaços culturais e locais

Auxiliar o turismólogo no acesso e atividades culturais ligadas ao turismo e o ecoturismo.

40

Microempreendedor individual

Fomentar a criação de negócios.

20

Operador de sistemas de irrigação

Viabilizar a criação e a manutenção de sistemas irrigados.

20

Produtor de derivados do leite

Promover o processo de beneficiamento do leite.

20

Produtor de frutas, Hortaliças e Plantas aromáticas

Desenvolver a agricultura sustentável e de pequeno porte para comércios locais e subsistência.

20

Produtor de licores

Desenvolver produtos artesanais derivados da cana de açúcar.

20

Produtor de queijo

Promover a produção de derivados do leite beneficiado.

20

Fonte: Elaborado pelos autores


Dentro das demandas projetadas como sugestão de cursos FIC para o IFAL-Penedo, é possível observar cursos do eixo tecnológico, voltados para o crescimento e fortalecimento do empreendedorismo local, como: Agente de desenvolvimento cooperativista e processos sociais; Microempreendedor individual; Produtor de derivados do leite; Produtor de frutas e hortaliças; Produtor de licores e Produtor de queijo, levando-se em conta, que na comunidade já existem produtores de queijo e este negócio poderá se expandir, alcançando mais produtores, futuramente podem fundar uma nova associação ou cooperativa, levando os produtos da comunidade para as demais cidades e regiões circunvizinhas. Na área de formação pedagógica e cultural, temos: Agente de inclusão digital; Auxiliar pedagógico e Condutor de turismo em espaços culturais e locais. E no eixo tecnológico: Operador de Sistemas de Irrigação. Assim podem ser elencadas as formas de atuação da instituição educacional IFAL no fomento de cursos que promovam a integração sociedade/comunidade quilombola.

Lembramos que esta é uma proposição feita com base na prioridade intervenção, já que a pesquisa proposta é uma pesquisa-ação, no intuito metodológico de salientar e mostrar o funcionamento do programa de formação técnica Novos Caminhos, a importância dos cursos FIC e a interligação entre as ofertas de um agente institucional educacional (IFAL), com as demandas de uma comunidade. Isso gerou por sua vez um catálogo de cursos que apesar



simplificado, mostra a importância do fomento de cursos com base na realidade cultural e se coloca como uma possibilidade de intervenção educacional e social.


Considerações finais


Este artigo teve como principal objeto de análise a formação inicial e continuada (FIC) a ser aplicada dentro de uma comunidade quilombola denominada Tabuleiro dos Negros, localizada na cidade de Penedo - AL. Neste sentido, os cursos estão integrados ao programa federal chamado Novos Caminhos, que, de partida, tem o potencial de ser um programa de geração e partilha de conhecimentos, que pode fazer a ponte entre o ensino formal, fomentado por uma instituição educacional e os saberes locais.

Neste sentido, este artigo desenvolve toda uma discussão sobre o papel das comunidades tradicionais quilombolas no Brasil e em Alagoas, resgatando a sua historicidade. Também é localizada a formação específica da comunidade Tabuleiro dos Negros: sua formalização e reconhecimento oficiais, as políticas públicas que fizeram isso ser possível e as principais características de seu desenvolvimento particular. Neste último quesito, pontuamos as bases de formação cultural: comunidade de ex escravos e seus descendentes, sem fazer disso uma condição naturalizada, criticando inclusive, enquanto construto de identidade. Contudo, mas do que o passado, se coloca um presente que pode ser um presente de oportunidades, via resgate da cultura e ligação com a educação formal e profissionalizante.

O sentido aqui é o de disposição dos recursos que a própria comunidade dispõe para o seu desenvolvimento econômico, e que podem ser potencializados via cursos FIC do programa Novos Caminhos. A que saber que a comunidade Tabuleiro dos Negros desenvolve atividades ligadas ao cooperativismo, agricultura, beneficiamento do leite e produção de seus derivados, além de ser potencial para o turismo e o ecoturismo. Neste sentido, a pesquisa ação proposta neste artigo segue alguns passos.

O primeiro foi o de levantar quais os cursos FIC estão disponíveis no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Alagoas – IFAL, dentro do programa Novos Caminhos. Levando em conta os campuses de oferta de cursos, o Campus Penedo, município onde fica localizada a comunidade Quilombola Tabuleiro dos Negros, não teve oferta, o que não nos impossibilita de analisar o que foi ofertado em outros municípios e se a enquadramento da oferta, com a demanda da comunidade em questão. Com isso foram elencados os cursos que foram ofertados pela referida instituição educacional.



O segundo passo foi a iniciativa de pesquisa in loco, através do grupo focal com 5 pessoas da comunidade, entre 18 e 25 anos, idade economicamente ativa, para responderem as perguntas que envolviam basicamente as questões de pertencimento e identificação com a comunidade; oportunidades de desenvolvimento social e econômico comunitários; além de sugestões quanto a cursos e oportunidades que poderiam ser ofertadas. Após o diálogo, chegamos à constatação do que seria viável, enquanto “simbiose” dos cursos já propostos, com as sugestões feitas.

Disso resulta o terceiro e último passo, que foi a criação de um catálogo, que uma vez proposto, foi analisado em vias de sua aplicabilidade e segue como sugestão que unifica em termos práticos e analíticos, as possibilidades de oferta institucional, com a demanda social e local. Esta é uma maneira de propor uma intervenção de nível educacional, como interligada às disposições sociais, culturais e econômicas do povo quilombola.


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Como referenciar este artigo


SANTOS, G. K.; SANTOS, J. A formação profissionalizante em contexto quilombola: entre o desenvolvimento local e a formação para a vida. Rev. Sem Aspas, Araraquara, v. 10, n. 00, e021012, jan./dez. 2021. e-ISSN: 2358-4238. DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v10i00.15473


Submetido em: 05/09/2021 Revisões requeridas: 10/10/2021 Aprovado em: 07/11/2021 Publicado em: 29/12/2021



PROFESSIONAL TRAINING IN A QUILOMBOLA CONTEXT: BETWEEN LOCAL DEVELOPMENT AND TRAINING FOR LIFE


A FORMAÇÃO PROFISSIONALIZANTE EM CONTEXTO QUILOMBOLA: ENTRE O DESENVOLVIMENTO LOCAL E A FORMAÇÃO PARA A VIDA


FORMACIÓN PROFESIONAL EN UN CONTEXTO QUILOMBOLA: ENTRE DESARROLLO LOCAL Y FORMACIÓN PARA LA VIDA


Greice Keli SANTOS1 James SANTOS2


ABSTRACT: The research in question analyzes the potential of the Novos Caminhos program, which promotes initial and continuing training courses for professional qualification, via the Federal Institutes of Education. The research space will be the Quilombola community Tabuleiro dos Negros, which for us, is a social space, where individual agents who can develop their social, cultural and economic activities, through the promotion of training courses that improve their practices and enable innovation, in relation to what they already practice can be found. The theoretical method is based on the implicit idea of cultural capital by formal education and the data collection methodology in the field (protected by security protocols and data use authorization) with the focus group, composed by young people from the community. The treatment of data will be via content analysis and the means of intervention, in the case of an action research is the formation of a catalog of courses, along with analysis of its applicability and importance.


KEYWORDS: Quilombolas. Professional courses. Novos caminhos. Culture.


RESUMO: A pesquisa em questão analisa as potencialidades do programa Novos Caminhos, que fomenta cursos de formação inicial e continuada para qualificação profissional, via Institutos Federais de Educação. O espaço de pesquisa será a comunidade Quilombola Tabuleiro dos Negros, que para nós, se coloca como espaço social, onde se encontram agentes individuais que podem desenvolver suas atividades sociais, culturais econômicas, por meio do fomento de cursos de formação, que melhorem suas práticas e possibilitem inovação, em relação ao que já praticam. O método teórico é baseado na ideia implícita de capital cultural pela educação formal e a metodologia de coleta de dados em campo (resguardados os protocolos de segurança e autorização de uso de dados) é o grupo focal, feito com jovens da comunidade. O tratamento dos dados será via análise de conteúdo e o meio de intervenção, se tratando de uma pesquisa ação é a formação de um catálogo de cursos, junto com análise de sua aplicabilidade e importância.



1 Federal Institute of Alagoas (IFAL), Penedo – AL – Brazil. Specialization in Professional Education. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9016-1550. E-mail: greicecruz27@gmail.com

2 Federal Institute of Alagoas (IFAL), Palmeira dos Índios – AL – Brazil. Professor of the Sociology course and of the Specialization in Professional Education. Doctorate in Social Sciences (UNESP). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5491-3716. E-mail: james.was@hotmail.com


Rev. Sem Aspas, Araraquara, v. 10, n.00, e021012, Jan./Dec. 2021. e-ISSN: 2358-4238



PALAVRAS-CHAVE: Quilombolas. Cursos profissionais. Novos caminhos. Cultura.


RESUMEN: La investigación en cuestión analiza el potencial del programa Novos Caminhos, que promueve cursos de formación inicial y continua para la calificación profesional, a través de los Institutos Federales de Educación. El espacio de investigación será en la comunidad Quilombola Tabuleiro dos Negros, que para nosotros es un espacio social, donde hay agentes individuales que pueden desarrollar sus actividades sociales, cultura económica, a través de la promoción de cursos de formación que mejoren sus prácticas. También es posible innovar, en relación a lo que se practica. El método teórico se basa en la idea implícita de capital cultural para la educación formal y en la metodología de recolección de datos en campo (protocolos de seguridad y autorización de uso de datos) y / o un grupo focal, realizado con jóvenes de la comunidad. El tratamiento de dos datos se realizará mediante un análisis de contenido y el método de intervención, en el caso de la investigación y la formación de un catálogo de cursos, junto con un análisis de su aplicabilidad e importancia.


PALABRAS CLAVE: Quilombolas. Cursos profesionales. Nuevas formas. Cultura.


Introduction


The object of analysis of this article is the Novos Caminhos program, which was created by the Federal Government in 2019 (linked to initial and continued technical formation - FIC), as a means of inserting professional education in a traditional Brazilian community (The quilombo Tabuleiro dos Negros, located in Penedo-AL). In this sense, being inserted in this formation model represents, according to a common sense strongly disseminated since the 1990s, an important step in the process of social inclusion of young people and adults and, therefore, a means structurally given by formal education, for the possible social success (BOURDIEU, 2014).

The purpose of the Novos Caminhos program is to promote the insertion of its students into the job market, through professional qualification, without discriminating against the portion of young people who have already been reached by professional formation, through Integrated High School in Federal Institutes (IFs). The general objective is to analyze the FIC teaching model, to be applied by the Novos Caminhos program, through IFAL, Penedo campus, making it possible to include the quilombolas in this process. Furthermore, as this model can, within a transversality proposal, not only teach an occupation/profession, but also promote the connection between student and community, tracing cultural exchanges and models of belonging (SAHLINS, 2003).


Rev. Sem Aspas, Araraquara, v. 10, n.00, e021012, Jan./Dec. 2021. e-ISSN: 2358-4238



In the theory/method relationship, in this article we will use, in a specific way, Bourdieu's (2000)3 concepts of field and acquisition of social and cultural capital. Allied to this theory, we have the theory of cultural exchanges and assimilations, which is poststructuralist, related to the cultural subject and based on the ethnographic analysis of Marshall Sahlins (2003, 1990). These theoretical choices lead us to consolidate a methodology that is primarily qualitative, but which does not exclude the use of quantitative data, already exposed in research on the Novos Caminhos program, as well as data on quilombola communities in Alagoas, already collected and analyzed.

Regarding research techniques, these are based on bibliographic research and ethnography, which is the qualitative analysis of data, characterized by being inductive and focusing on fidelity to the subjects' everyday life universe. According to André (1983), ethnography aims to apprehend the multidimensional character of phenomena in their natural manifestation, as well as capturing the different meanings of a lived experience, helping the understanding of the individual in his context. Therefore, going to the quilombo and collecting reports on the adequacy between the FIC teaching proposal and the social expectations of those who will receive the service is extremely important.

The ethnographic approach took place through participant observation, governed by the objectification of cultural traits and operationally it was carried out by a focus group, which took place in the form of a debate circle (respecting all the norms of protection and distancing against the coronavirus). Its application was preceded by the creation of a debate script with 5 young people and adults from the quilombola community (aged between 18 and 25 years old – age after high school and of professional life).

After collecting the data, they were analyzed in a comparative way, considering the following problems: what are the demands and expectations of the community and what are the possibilities of promoting an action of professional qualification FIC by IFAL, ahead of the quilombola community Tabuleiro dos Negros? After the comparative analysis, the possibilities of adaptation to reality were evaluated, for the application of formation in an adequate way. Fieldwork was carried out in the Tabuleiro dos Negros Quilombola Community in July 2021.


3 We have as a reference for the realization of this work the critical theory of Pierre Bourdieu, which considers education as within a field of relationships (Cultural Field), in which collective agents (such as the IFAL institution, for example) and individual agents (young people who are still outside, in the quilombola community in question, of professional formation or those who need to complement their formation). The aim is to analyze the relationship between these two types of agents and the possibilities of creating a formative space via the Novos Caminhos program. Placing the advances and limits of this relationship.


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With the results of this work, it is expected to contribute to local and social development and the effective participation of quilombola students in initial and continuing education courses, being able to enter the job market and being social agents capable of building their own stories (ARROYO, 2012). However, there is also the questioning of the role of education, as the main component in the construction of life projects. To this is assigned an important role in the conquest of a profession, which will enable personal and family improvement (to parents or close relatives). In this sense, this article also contributes to including the structural factors within this account, which are influenced by the capacity of the State and the private sector to generate opportunities and rights, points of increase and absorption of skilled workers.

In this introduction to the work, in addition to the object, the justification, research problem, objectives, theoretical framework, methodology, population/research agents and data collection instrument are presented. As for the organization, the article is divided into two parts, in addition to the introduction and final remarks. The first deals with vocational/technical education, social expectations and traditional communities, defining what technical formation is in Brazil and relating it to the Novos Caminhos program, in addition to mentioning the class reach that this program has and the relationship between the lack of provision of this formation for traditional communities and their expectations.

The second will relate professional education as an agency, identifying the existence of a field of social relations, called the cultural field, where technical training is inserted. This in turn presents the collective agent IFAL and how it “serves” individual quilombola agents, members of a traditional community. It also follows the presentation of the limits of the agency and the structural possibilities; a brief analysis of the demands presented, comparing the offers that can be made through the Novos Caminhos program and the result of the comparison, followed by the solution that can be achieved.

This research consists of developing an action project, which aims to insert the Novos Caminhos Program in the IFAL - Penedo Campus, including quilombola students from the Tabuleiro dos Negros community. Thus, quilombolas will have the opportunity to enter vocational and technological education, generating more employment and income opportunities through initial and continuing formation courses. In a scenario of inequality, thinking about ways to include the black population in the labor market is fundamental. In the case of economically disadvantaged communities, this process is hampered both by sociocultural and ethnic differences, and by the need to reconcile time between school and work.

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Thus, we seek to analyze and understand how this process of inclusion in IFAL can be implemented and what challenges are posed for quilombola students in this insertion process. The first motivation to carry out this study comes from my own experience as a professional, social worker and community member, in seeking to include the community in public policies aimed at traditional communities, as a form of social and economic development.


Vocational/technical education, social expectations and the Tabuleiro dos Negros community


The beginning of Vocational Education in Brazil took place in the context of the assistentialist logic of the 19th century, which aimed to give a profession to orphan boys and other disadvantaged minors in society (COSTA, 1999; FAUSTO, 1995). It was formation for “trade apprentices”, namely: farmer, animal caretaker, carpenter, carpenter, bricklayer, baker, artisan, etc. This same formation maintained the production base in two fundamental lines: agriculture and manufacture. This fact accompanies another, which is the qualification of the worker as a means of production and manufacture of things, because “[…] In Brazil, the training of the worker was marked from the beginning, with the stigma of servitude, because the indians and the enslaved blacks were the first apprentices of the trade” (GARCIA, 2000,

p. 1, our translation).

In relation to professional education in Brazil, studies have demonstrated, throughout its trajectory, the dual and excluding character of its process, when related to the poorest classes, with vocational schools being specially designed for them. As a result, “[…] the education necessary for industries started out for the forest people, then for slaves, then for orphans and beggars, and later began to serve the excluded, such as the blind and the deaf- mutes” (GARCIA, 2000, p. 4, our transaltion).

Professional education, generally of a more instrumental nature, was allowed to the children of the popular classes, who had to work to support themselves, while basic education, of a propaedeutic nature4, was aimed at the formation of elites, in order to reach higher education. In the context of the creation of the first Law of Directives and Bases of National Education (LDB), in 1961, and the relationship established with professional education, the Capanema Reform was created, which regulated and structured Brazilian


4 In general, it refers to initiating education for further specialization. As a main feature, we have the basic general preparation capable of allowing the subsequent unfolding of an area of knowledge or study. In this case, the unfolding of basic learning was for the pursuit of careers in Legal Sciences, Medicine or Civil Engineering, the three classic areas of formation in Brazil, the Empire and the Republic..


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education, highlighting professional education from of industrial, commercial, agricultural and normal education, having in another segment those corresponding to the then classical and scientific collegiate propaedeutic education.

In 1978, the CEFETs (Federal Education Centers) were created, replacing the former Federal Technical Schools and Federal Agrotechnical Schools (1st formation); soon after, in 1982, the General Education modality was reestablished (equivalence of propaedeutic and vocational schools for higher education); the year 1996 was an important milestone in Professional Education, Law No. 9,394 establishes professional education as an educational modality, which permeates different levels, stages and modalities.

For Ramos (2014, p. 64, our translation) “the 90s and the beginning of the 2000s are, today, a reality to be overcome by the restoration of another order, in which the public fund is used for public benefit”, in compliance with the emergencies of workers, as a form of organization to a project of economic and social development.

The government of former President Lula was based on the reconstruction of public policies for integrated education and sought to correct distortions of the previous government. Repealed Decree No. 2,208/97, which aimed to “respect and build with the federal and state education systems and with society itself, to whom they serve, the implementation of future changes that can be consolidated through a more appropriate instrument and more permanent nature” (RAMOS, 2004, p. 71, our translation). To continue with the projects, the Lula government created some devices, among them that integrated education was designed with the intention of reconstructing the principles and foundations of workers' formation. It was believed in the satisfaction and defense of society, which admitted professionalization as a principle of joining science, work and culture and with that, it was expected to promote struggles for a more structural formation of Brazilian education, that is, the aim was to unite government and society to achieve a satisfactory structure.

According to MEC data, Brazil, from 2007 to 2015, reached 1.9 million enrollments in high school technical vocational education, as shown in the following figure:



Figure 1 – Distribution of enrollments in vocational education - Brazil - 2007-2015



Source: Brasil (2016)


The National Education Plan (PNE), with a 10-year goal, approved by Law No. secondary education and the integration of technical and professional qualification courses with the education of young people and adults:


Goal 10: offer, at least, 25% (twenty-five percent) of enrollments in youth and adult education, in primary and secondary education, in an integrated manner with professional education.

Goal 11: Triple enrollments in secondary technical vocational education, ensuring the quality of the offer and at least 50% (fifty percent) of expansion in the public sector (BRASIL, 2014, our translation).


In addition to encouraging the creation of vacancies within vocational education, “the most current Brazilian educational legislation allows educators to act to minimize ethnic- racial inequalities in educational spaces, including those of a professional nature” (BOTELHO, 2007, p. 37, our translation). Along with this, Law 10,639, of 9 January 2003, enacted at the time, during the Lula government, also made the teaching of Afro-Brazilian History and Culture mandatory in elementary and high schools (within Basic Education). With this, the National Council of Education (CNE) established the National Curriculum Guidelines for the Education of Ethnic-Racial Relations and for the Teaching of Afro- Brazilian and African History and Culture, set out in the Council's opinion, CNE/CP 003/2004 and CNE/CP. Resolution 1/2004, which provides in its item § 1:


Ethnic-Racial Relations Education aims to disseminate and produce knowledge, as well as attitudes, attitudes and values that educate citizens about ethnic-racial plurality, making them capable of interacting and



negotiating common goals that guarantee, to all, respect for legal rights and valorization of identity, in the search for the consolidation of Brazilian democracy (BRASIL, 2004, p. 11, our translation).


The inclusion of Afro-Brazilian studies in the curriculum is part of a process of cultural recognition, which also adds access to technical education by traditional communities, as a way of reinforcing the sociocultural integration of the Quilombola community, formulating an education that brings involvement with the history of these social agents, so that they recognize themselves and want to be increasingly recognized in society in general.

In this context, these laws establish guidelines for national education, emphasizing the importance of supporting teaching modalities and the teaching of black culture, aimed at schools. It is worth remembering that in the school space, the black was always pointed out in History classes as a slave; “It is never too much to clarify that the African black brought by force to Brazil and his descendants were not slaves as a natural, submissive, prejudiced and derogatory condition, but enslaved” (SANTOS et al., 2018, our translation). The determinations presented establish how public educational policies for quilombola communities should be implemented, “in the specific case of the remaining population of quilombos, we need to advance much more in this, since, among Afro-Brazilians, this group has the highest rates of educational exclusion” (BOTELHO, 2007, p. 35, our translation).


Figure 2 – Rate of white, black or brown young people attending or with a higher education degree between 2016 and 2018


Black or brown

White

Source: IBGE (2019)


For Botelho (2007, p. 34, our translation), “some aspects of Afro-Brazilian culture need to be perceived and explored by everyone who participates in the Brazilian educational



system”, only then will mechanisms and strategies be created that make it possible to minimize all forms of discrimination and prejudice that still reigns, affecting mainly black men and women in our country, in the educational field.

Currently, the legislation ensures alternatives for reversing the scenario. Article 58 of the Child and Adolescent Statute guarantees children and adolescents the right to enjoy their specific cultural heritage. The Federal Constitution, in its Article 210, establishes that the contents of Elementary Education (as well as all Basic Education) must ensure respect for cultural values. The LDB determines that projects, programs and curricula ensure respect for cultural, social and individual differences of all those who attend the school, as well as establishing the mandatory teaching of Afro-Brazilian History and Culture in Basic Education.

According to the study: Access to higher education in Brazil: equity and social inequality (ANDRADE, 2002), more than 50% of young blacks have not even reached high school and, of these, practically half have not completed at least basic education. In this context, young people who declared themselves to be non-white have lower levels of education than whites. For Botelho (2007, p. 38, our translation), “the low level of education of the black population, feeds back their exclusion in the labor market”, with this it is necessary that public educational policies be inserted in the Quilombola communities, so that their implementation ensure the guarantee of the rights belonging to them, sometimes denied by the various “changes arising from the anti-democratic process of economic globalization” (BOTELHO, 2007, p. 38, our translation).

During the research on which this article is based, and using the focus group technique, the collection of reports from the quilombola community Tabuleiro dos Negros, in Penedo-AL, was interesting and guiding. During the focus group, it was possible to understand the anxieties and problems pointed out by the people who participated (young quilombolas, between 18 and 25 years old). Some of the recorded speeches are focused on education, culture and FIC courses (initial and continuing education). With this, our research built an “analytical bridge”, which connects professional formation, with the generation of opportunities for young quilombolas in Alagoas, without leaving aside the transversal formation linked to the theme of culture. In other words, it is to take advantage of the impact of professional courses to encourage the development of techniques that link popular culture to scientific education and that at the same time promote the possibility of using knowledge for local development. During the on-site research (governed by security protocols and authorizations for the use of data via the TCLE), we obtained an answer to the question about



the “range” of courses offered by the Novos Caminhos Program, the interest they arouse in young people regarding their formation and whether the inclusion factor can be considered in this proposal. On this point, the answer was as follows:


I chose a tour guide in cultural and local spaces, because I think this direct connection with culture is important, but for people who are quilombola people, I think it is stronger and as I think that one day there will be a space here, that tell me more about our history, about the quilombola people, our cultures and our traditions, I think this is something that interests me a lot (Interview on17/07/2021, with Mariana, author’s highlights, our translation).


In this sense, the Novos Caminhos Program, in its perspective of initial and continued formation, brings a new vision of the world to young people inserted in the Quilombola community Tabuleiro dos Negros, because through formation, an expectation is created in getting a job, an income, while being able to continue in their birthplace and thus contribute to local economic and social development. That is why it is important to remember the words of Carril (2017, p. 539), when considering that: “educational proposals that start from ethnicity and culture, can encompass the territorial context and text”. The appreciation of culture is totally linked to the formation of these young people, culture is a purpose associated with the knowledge passed on from the beginnings of education. “The quilombolas bring the territory they speak about, through oral history, enabling a listening to these meanings” (CARRIL, 2017, p. 539, our translation).

But there is a difficulty in working in agency spaces, which have been consolidated as points of distinction, since the term quilombo itself, in turn, is used to name the places of refuge and resistance of blacks, who fled from their masters during the colonial and imperial period in Brazil. The communities that were then formed also included, in addition to runaway enslaved blacks, indigenous peoples, mestizos and poor whites. In terms of agency, it represented resistance, but at the same time segregation in relation to interaction in the Brazilian social space, having recognition of citizen equality. Therefore, in addition to physical violence itself, we have in this context the so-called symbolic violence (BOURDIEU, 2000).



Figure 3 – Mapping of Quilombola Communities in Alagoas


MAPPING OF QUILOMBOLA COMMUNITIES IN ALAGOAS

Source: ITERAL (2021)


The 1988 Federal Constitution guaranteed the right to territorial property for these populations, through article 68 of the Transitional Constitutional Provisions Act (ADCT), which states: “To the remnants of the quilombo communities that are occupying their lands, definitive ownership is recognized, and the State must issue the respective titles” (our translation).

The certification process of a quilombola community begins with a declaration of self- recognition, then the Palmares Cultural Foundation is responsible for carrying out the necessary procedures and issuing the certificate. “This document is of fundamental importance, as it recognizes the rights of these communities and gives access to the Federal Government's social programs” (ALAGOAS, 2015, p. 8, our translation). According to data from the Palmares Cultural Foundation, the Quilombo do Povoado Tabuleiro dos Negros, Penedo/AL, was certified on 01 March 2007, under the process number at the FCP (01420.000138/1998-63), and Ordinance no. (25 /2007), becoming an example of a remnant community, founded by slaves and descendants of enslaved peoples.



Figure 4 – Certification of Quilombola Communities between 2004 and 2015


Spurce: Alagoas (2015)


In general, Brazil has more than two thousand four hundred quilombola communities certified by the Palmares Cultural Foundation, distributed in 24 Brazilian states, having their own form of organization. Quilombo Tabuleiro dos Negros is organized through an Association of Residents, focused on development and local economy, in addition to dealing with agricultural productivity. It also has an association of mothers, which develops work aimed at generating income, in the form of handicrafts and production of cakes, sweets and snacks; association of milk producers that brings together local production, seeking ways to commercialize dairy products and is linked to sales in cooperatives, improving milk production and herd breeding.

In this way, these people have been gradually advancing in the conquest of rights, including recognition by the State, the protection of their culture and respect for their origins. From the FIC formation, linked to the areas already mentioned here, these points can be enhanced. In addition to strengthening ties with educational institutions, beyond the degree, generating recognition and community strengthening. In that case, the partner institution in this training would be the Federal Institute of Alagoas – Campus Penedo. Knowing that in this interrelation, the quilombola community is valued “which defines itself based on specific relationships with the land, kinship, territory, ancestry, traditions and cultural practices” (INCRA, 2021), these being same dimensions, rich in biodiversity and genetic heritage. Furthermore:



It still has specific territorial relationships, insofar as it is the territory and the specific bond that community members have with it, which constitutes the total social fact that, alongside all these other characteristics, make up a quilombola community (INCRA, 2017, p. 5, our translation).


The challenge for the composition and maintenance of this territory in Alagoas is the advance of sugarcane farms in the surroundings, considered a problem in the community. Residents consider that sugarcane plantations have advanced over their traditional territory, reducing the areas of use available to the community. Agriculture is an important aspect of local ways of life and customs but is currently predominantly geared towards subsistence. Although families have swidden areas, the areas currently available are considered insufficient, especially when considering future generations and production for local fairs.

Some residents delusionally prefer to plant sugarcane, instead of cassava, beans, corn and others, creating the expectation of growing economically, as alternative suppliers of the sugar and alcohol sector, failing to produce food that would be consumed in the community itself, or even, create a cooperative where part of the local production (once expanded) was destined for the surrounding cities for commerce. However, the tradition of planting large cassava crops remains. Families articulate and help each other, from planting, harvesting and preparing the flour that is sold at the city fair, in the so-called “Pavilhão da Farinha”. In this process, other products are extracted from cassava, such as: tapioca gum, beiju, pé de moleque (pagan cake), but they are not yet commercialized. Lack of incentive and perception of cultural and economic growth, the culture must be practiced and maintained for the following generations to understand, value and expand within their territory.

On the other hand, dairy farmers currently invest in their business and are producing cheese, which is sold in the community and delivered to two locations in the city. Within the scope of the research, we wanted to know about the importance of a professional formation course within the aforementioned quilombola context. With that, we approached a local dairy producer, who, when asked about the importance of professional formation, gave us the following answer:


I took a course many years ago to raise goats and sheep, and in that course the instructor taught how to make goat cheese, I decided to make the test, isn't it all milk? So, I tested it, it worked, I'm selling, I don't know if I'm going to continue because the cost is high, but for now I'm not having losses (Interview in 17/07/2021, with Mr. José Lerido, our translation).

Within this same situation, we obtained information that the former association of producers ended up losing its effectiveness, since the milk processing tank had problems and for political reasons they were unable to recover it; In view of this, each producer individually sought other associations to



deliver the milk production, this is a negative factor for possible local economic growth, but that could be resolved through a technical concert, which could be done by any member of the community, if they had formation for this.


Professional education as agencies and structural proposals


Vocational education opens the doors to the job market for young people and adults, in addition to enabling, today, a vertical academic advancement (with postgraduate possibilities), for those who wish to advance in their careers. For the most basic formation in technical courses, we have the Novos Caminhos Program, which is applied to young people and adults both in urban and rural areas (which could be the case of the inclusion of quilombola young people and adults), and this teaching is promoted by institutions such as the Federal Institute of Alagoas - IFAL. In the modality of High School Integrated to Technical Education, regarding professional and cultural formation, it is possible to observe the historical trajectory of the Tabuleiro dos Negros Community and the interrelation with the Federal Institute - Campus Penedo.

In this sense, it is possible to consider the IFAL, as an institutional agent (BOURDIEU, 2014, p.56), focused on technical education, covering different means: high school education integrated with the technical one, as mentioned; subsequent education – after high school; technological higher education and undergraduate higher education, as well as short, initial and continuing formation courses, also called FIC courses. These FIC courses are the modality that, in our view, are most applicable to the case of promoting the formation of the quilombola community in question, serving as an opportunity for young people and adults to enter the job market. In this way, such courses must be associated with local demands, it is not enough to make the courses available, but to meet the needs that the community presents.

Within the set of courses offered at FIC level by the Novos Caminhos program at IFAL, we have:


Table 1 – Courses offered at FIC level on IFAL campuses


Courses

Vacancies

Cooperative development agent

120

Storekeeper

130

Administrative assistant

130

Accounting assistant

120

Logistic assistant

120

Micro-enterprise manager

130

Individual microentrepreneur

120

Irrigation systems operator

60


Producer of dairy products

60

Producer of fruits, vegetables and aromatic plants

60

Liquor producer

120

Cheese maker

60

Note: These courses are not offered at IFAL - Campus Penedo Source: Devised by the authors


Considering the courses above, it is possible to see that in at least 6 of these courses: Cooperative development agent; Individual micro-entrepreneur; Operator of irrigation systems; Producer of dairy products; Vegetable Producer; Producer of liqueurs and milk, it is possible to see an integration with the activities carried out at Quilombo Tabuleiro dos Negros in Penedo. Interestingly, the Penedo pole of IFAL did not develop FIC course activities, which does not mean that in the relationship between agents (the institutional agent IFAL and the individual agents, quilombolas), there is no need for an offer. Considering the two factors in question:


  1. The feasibility of courses offered in other centers and that could be used for the Penedo center;

  2. The combination of new demands, emanating from the situation of the quilombola people of that community.


Therefore, there is a need to show the data of what is offered, and through field research in loco (via focus group), make it possible to verify the offers that would be most suitable for the conditions of the members of the quilombo Tabuleiro dos Negros. It should be noted that for the focus group, the participation of a group of young people and adults (between 18 and 25 years old - economically active age) was privileged, in order to seek to know the reception of existing courses and the need for formation courses, that could be applied in the community, thus generating the possibility of proposing a specific catalog later on.

Regarding the application of the research technique, during the focus group, it was possible to identify the main concerns and claims of young people, dissatisfied with the lack of public policies. Within this panorama, Morgan (1988, p. 25), argues that: “the use of the focus group is particularly appropriate, when the objective is to explain how people consider an experience, an idea or an event” (...). Thus, it was possible to identify the need for FIC courses, based on the particularity of young people inserted in the quilombola community Tabuleiro dos Negros. As a proposal for affirmative actions, these courses should be analyzed



as an opportunity for appropriate formation for an audience that, through their daily occupations, would have the night shift as an alternative of time available for their formation.

Emphasizing the issue of the focus group and its importance, Gatti (2005, p. 7, our translation), states that “the participants must have some experience with the topic to be discussed, so that their participation can bring elements anchored in their daily experiences” , in this context, the focus group serves as a reference for cultural contact (SAHLINS, 1990), which involves the culture of the academic field (BOURDIEU, 2014), with the native quilombola culture and its needs. The product of this contact, as already mentioned, will be a catalog of courses that can be referred to the Tabuleiro dos Negros community, linking the offer of courses to the demand for formation, enabling its visualization, as a proposal, both for the quilombolas and for the IFAL itself.

Regarding the action proposal, the construction of the dialogue for the formation of the catalog began with the formation of the focus group. The group consisted of 5 people (young people and adults), from the quilombola community Tabuleiro dos Negros, positioned in a semicircle, where there was a view of a large table (respecting the distance and safety and hygiene protocols, as well as the Terms of Free and Informed Consent - ICFs). The method consisted of showing all the FIC courses offered by IFAL, as shown in Table 1, and making them available so that young people could choose which one would be most important in their educational and social formation. Concurrently, questions were asked about life expectancy and the market, as well as staying in the place of origin and how to better develop it. Here is a brief list of questions that were asked:


  1. What are the main identifications between you and the community in which you live?

  2. What economic activities do you identify in your community and which ones do you develop or would you like to develop?

  3. Is there an incentive for professional formation in your community?

  4. Are there formation opportunities around your community that you can take advantage of?

  5. What professional formation courses and skills do you believe should be developed and why?


Based on these questions (MILLS, 2009), the relations between the social subject and the structure were woven, along the lines of the institutional agent relationship (IFAL),

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meeting individual agents (Quilombo members), considering their expectations and wishes. From this, the sharing of conceptions and the exchange of experiences could be carried out, instigating the perception of the social reality faced by them. Regarding the demands cited by the young quilombolas participating in the research, the options for courses suggested individually by each of them are as follows:


Table 2 – Courses proposed in the focus group


Course

General proposal

Social projects agent

Develops and executes social projects. Conducts survey of demands, establishment of goals, actions and strategies, fundraising and accountability.

Cooperative development agent

It assists in planning, in the execution of processes, in the provision of assistance and services to the cooperative members. It promotes and acts in the constitution of cooperatives in local communities.


Digital inclusion agent in public internet access centers

Guides users of telecenters towards the democratic and free use of information and communication technologies (ICT), electronic government services and facilitates the production of knowledge through the use of ICTs. It enables the user to handle research tools and in the processes of participation in social networks for economic, social, personal and citizenship development. Informs about information security rules and policies and respect for intellectual

property.


Pedagogical Assistant

Assists in the elaboration of pedagogical projects and course plans. It collaborates with the didactic and methodological organization of the pedagogical activities. Helps in the processes of evaluation of teaching and learning in education and in the pedagogical relationship between teachers and students. Contributes to the development of integrated actions in the school

environment.


Tour guide in cultural and local spaces

Guides visitors and tourists to sites and historic centers in the tourist destination. Informs and interprets the historical, architectural and cultural collection, as well as the artistic, folkloric, popular and local gastronomic manifestations. Contributes to the enhancement and conservation of material and immaterial heritage, based on the relevant legislation. Applies and guides on techniques and technologies for the sustainable visit of historical and cultural centers. Cares for the physical and psychological integrity of visitors and tourists. Elaborates,

negotiates and executes visitation itineraries in historical and cultural centers.

Source: Devised by the authors


When asked about the reasons for the choices and what relationship they have with the local community and what their aspirations are towards the community, the young people justified their choices:


I chose the course in the area of Social Projects Agent, it is the area that I identify with, that I like to participate in, I am always in contact with people, helping in the way that is necessary, so it is the area that is basically included in the area that I study too, so I wanted the more social area and that's why I find it very interesting and would add a lot to my knowledge (ADRIANO, 17/07/2021, author’s highlights, our translation).



I chose the Pedagogical Assistant, I think it is very similar to the area I want to study, I think that if I did it, it would help me a lot (KARINY, 17/07/2021, author’s highlights, our translation).


I chose Guide of tourism in cultural and local spaces, because I think this direct connection with culture, but for people who are quilombola, I think it is stronger and as I think that one day there will be a space that tells more about our history, about the quilombola people, our culture and our traditions, I think this is something that interests me a lot, which is in the area that I am studying (Mariana, 17/07/2021, author’s highlights, our translation).


I chose Digital Inclusion Agent in public internet access centers, to combine the useful with the pleasant, I believe that here at the telecenter, a beginning subject for access to information, internet access, I believe it should be a subject in the municipal grade, to help children from an early age to have conscious access to the internet and reach high school with a basic knowledge of what to use on the internet (Hiago, 17/07/2021, author’s highlights, our translation).


I chose Cooperative Development Agent, because I think it... That it would be better for our community to work on cooperativism (Michelly, 17/07/2021, author’s highlights, our translation).


Analyzing the answers, it is possible to identify that they seek courses aimed at personal growth, affiliated with the local economy; where they will be important in each related area, be it cultural, educational or social. Within each possibility of supply and demand, we can insert the above courses and others from the IFAL catalog of FIC courses, which can, together, be offered as a proposal for young people and also adults of the quilombola community Tabuleiro dos Negros. If we consider the courses that are already in the catalog, with those that were placed by the participants of the focus group, we would have the possibility of continuing initial formation (FIC), configured for the Tabuleiro dos Negros community, as follows:


Table 3 – Proposal for a catalog of courses for the quilombola community Tabuleiro dos Negros


Courses

Description

Vacancy

Cooperative development agent

Manage cooperative models in local communities.


40

Digital inclusion agent

Promote basic formation in ICTs.

20

Agent of social processes

Promote the development of local social and economic policies.

20

Pedagogical Assistant

Assist in school activities.

20

Tour guide in cultural and local spaces

Assist tourism professionals in accessing and accessing cultural activities related to tourism and ecotourism.

40

Individual microentrepreneur

Foster business creation.

20

Irrigation systems operator

Enable the creation and maintenance of irrigated systems.

20


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Producer of dairy products

Promote the milk processing process.

20

Producer of fruits, vegetables and aromatic plants

Develop sustainable, small-scale agriculture for local businesses and livelihoods.

20

Liquor producer

Develop artisanal products derived from sugar cane.

20

Cheese maker

Promote the production of processed milk derivatives.

20

Source: Devised by the authors


Within the demands projected as a suggestion of FIC courses for IFAL-Penedo, it is possible to observe courses on the technological axis, aimed at the growth and strengthening of local entrepreneurship, such as: Agent of cooperative development and social processes; Individual micro-entrepreneur; Producer of dairy products; Producer of fruits and vegetables; Liqueur Producer and Cheese Producer, taking into account that there are already cheese producers in the community and this business can expand, reaching more producers, in the future they can found a new association or cooperative, taking the products of the community to the others surrounding cities and regions. In the area of pedagogical and cultural formation, we have: Digital inclusion agent; Pedagogical assistant and Tour guide in cultural and local spaces. And on the technological axis: Operator of Irrigation Systems. Thus, the forms of action of the educational institution IFAL can be listed in the promotion of courses that promote the integration of the quilombola society/community.

We remind you that this is a proposition made based on intervention priority, since the proposed research is action research, with the methodological aim of highlighting and showing the functioning of the Novos Caminhos technical formation program, the importance of FIC courses and the interconnection between the offers of an institutional educational agent (IFAL), with the demands of a community. This, in turn, generated a catalog of courses that, despite being simplified, shows the importance of promoting courses based on cultural reality and stands as a possibility for educational and social intervention.


Final considerations


This article had as main object of analysis the initial and continuing education (FIC) to be applied within a quilombola community called Tabuleiro dos Negros, located in the city of Penedo - AL. In this sense, the courses are integrated into the federal program called Novos Caminhos, which, from the outset, has the potential to be a program for generating and sharing knowledge, which can bridge the gap between formal education, promoted by an educational institution and the local knowledge.



In this sense, this article develops a whole discussion about the role of traditional quilombola communities in Brazil and Alagoas, rescuing their historicity. The specific formation of the Tabuleiro dos Negros community is also located: its formalization and official recognition, the public policies that made this possible and the main characteristics of its particular development. In this last question, we punctuate the bases of cultural formation: community of ex-slaves and their descendants, without making it a naturalized condition, even criticizing, as an identity construct. However, more than the past, there is a present that can be a present of opportunities, through the rescue of culture and connection with formal and professional education.

The meaning here is the disposition of resources that the community itself has for its economic development, and which can be leveraged via FIC courses of the Novos Caminhos program. What to know that the Tabuleiro dos Negros community develops activities related to cooperativism, agriculture, milk processing and production of its derivatives, in addition to being potential for tourism and ecotourism. In this sense, the action research proposed in this article follows some steps.

The first was to find out which FIC courses are available at the Federal Institute of Education, Science and Technology of Alagoas – IFAL, within the Novos Caminhos program. Considering the campuses offering courses, Campus Penedo, the municipality where the Quilombola Tabuleiro dos Negros community is located, had no offer, which does not make it impossible for us to analyze what was offered in other municipalities and if the framework of the offer, with the demand of the community in question. With this, the courses that were offered by the aforementioned educational institution were listed.

The second step was the in loco research initiative, through the focus group with 5 people from the community, between 18 and 25 years old, economically active age, to answer questions that basically involved questions of belonging and identification with the community; community social and economic development opportunities; as well as suggestions regarding courses and opportunities that could be offered. After the dialogue, we arrived at the realization of what would be viable, as a “symbiosis” of the courses already proposed, with the suggestions made.

This results in the third and final step, which was the creation of a catalogue, which, once proposed, was analyzed in the way of its applicability and follows as a suggestion that unifies, in practical and analytical terms, the possibilities of institutional offer, with the social and local demand. This is a way of proposing an intervention at an educational level, as interconnected with the social, cultural and economic dispositions of the quilombola people.

Rev. Sem Aspas, Araraquara, v. 10, n.00, e021012, Jan./Dec. 2021. e-ISSN: 2358-4238



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Rev. Sem Aspas, Araraquara, v. 10, n.00, e021012, Jan./Dec. 2021. e-ISSN: 2358-4238



How to reference this article


SANTOS, G. K.; SANTOS, J. Professional training in a quilombola context: between local development and training for life. Rev. Sem Aspas, Araraquara, v. 10, n. 00, e021012, Jan./Dec. 2021. e-ISSN: 2358-4238. DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v10i00.15473


Submitted: 05/09/2021 Required revisions: 10/10/2021 Approved: 07/11/2021 Published: 29/12/2021