Werner Sombart e a Noosociologia: Uma análise do espírito econômico capitalista
Rev. Sem Aspas, Araraquara, v. 12, n. 00, e023008, 2023. e-ISSN: 2358-4238
DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v12i00.16682 4
A Noosociologia de Sombart
O conceito de Noosociologia é central e permeia toda a sociologia de Sombart, uma vez
que expressa o que há de ser humano no “animal humano”, ou seja, o ser humano se diferencia
dos outros animais porque estes últimos agem e se orientam pelos instintos escritos em seu
código genético. O ser humano, por sua vez, se destaca na taxonomia animal por não ser e agir
apenas de forma instintiva, mas realizar as ações com objetivos previamente concebidos. Em
resumo, o ser humano possui o intelecto, que lhe possibilita pensar e orientar suas ações pelo
pensamento, afastando-o da dependência da natureza biológica, onde se encontram as
necessidades, e proporcionando-lhe maior liberdade para poder agir segundo seus valores.
Desta forma, o ser humano, ao orientar suas ações segundo os valores, acaba sentindo a
necessidade de criar formas de linguagem e ideias que o ajudem a compreender aquilo que é
captado pelos sentidos biológicos. Essa captação e criação de sentido e significado são tarefas
estritamente humana e estão presentes na formação do espírito de uma determinada época. Mas
não só isso, o espírito é um conceito que relaciona a ação dos indivíduos e dos grupos sociais,
suas expectativas e vínculos, com as potencialidades de desenvolvimento das atividades de
subsistência próprias de um período histórico (PEREZ FRANCO, 2005, p. 28). Assim, o
mesmo expressa a potência criativa do ser humano, a essência através de forças imanentes:
pulsões, paixões, vontades e intelecto, que o elevam acima da natureza, criando cultura.
Portanto, o espírito é a capacidade humana de criar valor.
Contudo, o espírito não pode ser entendido de forma individual, mas sim de forma
social, logo, recai sobre a sociologia o estudo do mesmo, no sentido de ser uma ciência do
espírito. A sociologia não busca explicar o espírito de forma imutável e natural (SOMBART,
1962, p. 8), pois, como ciência, a sociologia para Sombart tem a tarefa de compreender para
explicar o sentido e o significado do pensar e agir do homem, com base na combinação das
motivações, necessidades, desejos e expectativas, ou seja, os valores que orientam a ação
humana.
Logo, a sociologia, como o estudo e o conhecimento de tudo o que se relaciona à vida
social dos homens, exclui as finalidades relacionadas ao campo do “dever ser”, se propondo a
explicar apena o que é e para onde os atos sociais estão sendo projetados. Nesse ínterim, a
sociologia se distingue das ciências naturais no que se refere ao modo de análise do objeto.
Enquanto as ciências da cultura têm a noção de interpretar (verstehen) para explicar, as ciências
naturais têm a noção de compreender (begreifen) para explicar (POVINÃ, 1943, p. 339).