Rev. Sem Aspas, Araraquara, v. 12, n. 00, e023008, 2023. e-ISSN: 2358-4238
DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v12i00.16682 1
WERNER SOMBART E A NOOSOCIOLOGIA: UMA ANÁLISE DO ESPÍRITO
ECONÔMICO CAPITALISTA
WERNER SOMBART Y LA NOOSOCIOLOGÍA: UN ANÁLISIS DEL ESPÍRITU
ECONÓMICO CAPITALISTA
WERNER SOMBART AND NOOSOCIOLOGY: AN ANALYSIS OF THE CAPITALIST
ECONOMIC SPIRIT
João Guilherme DAMIANI1
e-mail: j.damiani@unesp.br
Como referenciar este artigo:
DAMIANI, J. G. Werner Sombart e a Noosociologia: Uma
análise do espírito econômico capitalista. Rev. Sem Aspas,
Araraquara, v. 12, n. 00, e023008, 2023. e-ISSN: 2358-4238.
DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v12i00.16682
| Submetido em: 15/04/2022
| Revisões requeridas em: 22/08/2023
| Aprovado em: 11/09/2023
| Publicado em: 18/10/2023
Editor:
Prof. Dr. Carlos Henrique Gileno
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara SP Brasil. Graduando em Ciências Sociais.
Werner Sombart e a Noosociologia: Uma análise do espírito econômico capitalista
Rev. Sem Aspas, Araraquara, v. 12, n. 00, e023008, 2023. e-ISSN: 2358-4238
DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v12i00.16682 2
RESUMO: O conceito de espírito em Werner Sombart foge à lógica economicista na análise
do sistema econômico capitalista, pois, a partir de uma interpretação sociológica da história, o
pensador alemão enfatiza as subjetividades capazes de se verter em arranjos comportamentais,
ocasionando um sistema econômico que se relaciona às atitudes mentais dos indivíduos. Desse
modo, o presente trabalho busca apresentar os principais conceitos e a importância de Werner
Sombart a partir de seus próprios textos e comentadores, visando analisar o desenvolvimento
do capitalismo dentro de um quadro de referência que coloca como endógeno os estudos sobre
economia, sociedade e história a partir da noção de espírito, não reduzindo o capitalismo à
economia, mas incorporando-a para explicar a mentalidade de uma época. Dessa forma, faz o
resgate histórico de um dos conceitos-chave da sociologia a partir de um dos principais
sociólogos do século XX.
PALAVRAS-CHAVE: Espírito capitalista. Sombart. Mentalidade econômica.
RESUMEN: El concepto de espíritu de Werner Sombart escapa a la lógica economista para
el análisis del sistema económico capitalista, porque, a partir de una interpretación
sociológica de la historia, el pensador enfatiza las subjetividades susceptibles de traducirse en
disposiciones comportamentales, provocando un sistema económico que se relaciona con las
actitudes mentales de los individuos. Así, el presente trabajo busca presentar los principales
conceptos e importancia de Werner Sombart a partir de sus propios textos y comentaristas, con
el objetivo de analizar el desarrollo del capitalismo dentro de un marco de referencia que sitúa
los estudios sobre economía, sociedad e historia como endógenos. la noción de espíritu, no
reduciendo el capitalismo a la economía, sino incorporándolo para explicar la mentalidad de
una época. De esta manera, proporcionamos un análisis histórico de uno de los conceptos
clave de la sociología de la mano de uno de los principales sociólogos del siglo XX.
PALABRAS CLAVE: Espíritu capitalista. Sombart. Mentalidad economica.
ABSTRACT: The concept of spirit in Werner Sombart departs from the economistic logic in
analyzing the capitalist economic system. Through a sociological interpretation of history, the
German thinker emphasizes subjectivities capable of shaping behavioral arrangements, giving
rise to a financial system closely related to individuals' mental attitudes. Therefore, this paper
aims to present the main concepts and the significance of Werner Sombart based on his texts
and commentary. It seeks to analyze the development of capitalism within a framework that
considers studies of economics, society, and history as endogenous, grounded in the notion of
spirit. This approach avoids reducing capitalism to economics and instead incorporates it to
explain the prevailing mindset of an era. Thus, it endeavors to provide a historical insight into
one of the critical concepts in sociology, as seen through the perspective of one of the foremost
sociologists of the 20th century.
KEYWORDS: Capitalist spirit. Sombart. Business mentality.
João Guilherme DAMIANI
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Introdução
Werner Sombart produziu, ao longo dos seus 78 anos de vida, um vasto estudo, com
diversas obras publicadas tanto em vida quanto após sua morte, sendo provavelmente o cientista
social mais influente e relevante da Alemanha em sua época. Juntamente com Max Weber,
contribuiu para a noção de espírito em termos sociológicos, possibilitando uma reflexão teórica
e metodológica sobre o desenvolvimento capitalista no contexto de um complexo sistema de
interações sociais.
O presente trabalho busca expor os conceitos e teorias fundamentais de Werner
Sombart, bem como seu entendimento da modernidade e do sistema econômico capitalista.
Trata-se de um estudo qualitativo que se fundamenta na análise dos textos do autor para
aprofundar a compreensão do conceito de espírito capitalista, conforme abordado por Werner
Sombart. Posteriormente, os conceitos e ideias identificados são analisados e contextualizados,
permitindo a construção de uma argumentação que apresenta o conceito, evidenciando suas
características e implicações mais relevantes.
No entanto, é importante mencionar algumas limitações deste artigo, como a focalização
exclusiva no pensamento de Werner Sombart, sem considerar outras perspectivas sobre o
espírito capitalista, bem como a análise centrada em seus textos, o que pode restringir a
compreensão do fenômeno complexo e multifacetado que é o conceito de espírito capitalista.
Em suma, apesar das limitações, o artigo representa uma contribuição significativa para o
entendimento do conceito, conforme concebido por Werner Sombart, fornecendo uma análise
minuciosa dos textos do autor e destacando as principais características e implicações de seu
pensamento.
O trabalho está dividido em três partes. Na primeira, visa-se apresentar o que Sombart
entende como a tarefa da sociologia, qual é o objeto de investigação dessa disciplina e os
caminhos que levam a ele. Na segunda parte, serão expostos os componentes necessários para
a formação de um sistema econômico. Por fim, na terceira parte, será apresentado um resumo
da parte mais fecunda do pensamento sombartiano, que se refere à aplicação do conhecimento
histórico e teórico para a análise da significação cultural do sistema capitalista.
Werner Sombart e a Noosociologia: Uma análise do espírito econômico capitalista
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A Noosociologia de Sombart
O conceito de Noosociologia é central e permeia toda a sociologia de Sombart, uma vez
que expressa o que há de ser humano no “animal humano”, ou seja, o ser humano se diferencia
dos outros animais porque estes últimos agem e se orientam pelos instintos escritos em seu
código genético. O ser humano, por sua vez, se destaca na taxonomia animal por não ser e agir
apenas de forma instintiva, mas realizar as ações com objetivos previamente concebidos. Em
resumo, o ser humano possui o intelecto, que lhe possibilita pensar e orientar suas ações pelo
pensamento, afastando-o da dependência da natureza biológica, onde se encontram as
necessidades, e proporcionando-lhe maior liberdade para poder agir segundo seus valores.
Desta forma, o ser humano, ao orientar suas ações segundo os valores, acaba sentindo a
necessidade de criar formas de linguagem e ideias que o ajudem a compreender aquilo que é
captado pelos sentidos biológicos. Essa captação e criação de sentido e significado são tarefas
estritamente humana e estão presentes na formação do espírito de uma determinada época. Mas
não só isso, o espírito é um conceito que relaciona a ação dos indivíduos e dos grupos sociais,
suas expectativas e vínculos, com as potencialidades de desenvolvimento das atividades de
subsistência próprias de um período histórico (PEREZ FRANCO, 2005, p. 28). Assim, o
mesmo expressa a potência criativa do ser humano, a essência através de forças imanentes:
pulsões, paixões, vontades e intelecto, que o elevam acima da natureza, criando cultura.
Portanto, o espírito é a capacidade humana de criar valor.
Contudo, o espírito não pode ser entendido de forma individual, mas sim de forma
social, logo, recai sobre a sociologia o estudo do mesmo, no sentido de ser uma ciência do
espírito. A sociologia não busca explicar o espírito de forma imutável e natural (SOMBART,
1962, p. 8), pois, como ciência, a sociologia para Sombart tem a tarefa de compreender para
explicar o sentido e o significado do pensar e agir do homem, com base na combinação das
motivações, necessidades, desejos e expectativas, ou seja, os valores que orientam a ação
humana.
Logo, a sociologia, como o estudo e o conhecimento de tudo o que se relaciona à vida
social dos homens, exclui as finalidades relacionadas ao campo do dever ser”, se propondo a
explicar apena o que é e para onde os atos sociais estão sendo projetados. Nesse ínterim, a
sociologia se distingue das ciências naturais no que se refere ao modo de análise do objeto.
Enquanto as ciências da cultura têm a noção de interpretar (verstehen) para explicar, as ciências
naturais têm a noção de compreender (begreifen) para explicar (POVINÃ, 1943, p. 339).
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Enquanto as ciências naturais procuram as causas originárias através da observação, as ciências
do espírito precisam interpretar os valores de um dado período histórico.
Isso ocorre devido ao caráter histórico que o espírito humano possui. Como mencionado
anteriormente, o que diferencia o animal do ser humano é a capacidade deste último de agir
segundo suas motivações, necessidades, desejos e expectativas. Todavia, o conjunto de valores
que se forma a partir disto não são inexoráveis, mas formulados a partir de como o ser humano
está no mundo, que esse possui lógica própria em cada período e espaço histórico. Dessa
forma, que o espírito se diferencia em cada época e em cada formação social, é impossível
criar leis gerais sobre o espírito humano.
Assim, a tarefa de compreender o espírito humano pode ser realizada através da sua
objetificação, isto é, pela cultura, tornando possível colher a essência do homem pelas suas
ações. Para Sombart, a sociologia noológica tem como objetivo investigar a regularidade interna
de sentido de cada cultura ou domínio do espírito, verificando o significado da ação do mesmo
na história (SOMBART, 1962, p. 13). Sua licitude se apresenta como um caráter racional ou
que visa explicar de forma empírico-causal o conjunto das relações e manifestações culturais.
Pois, ao captar esse espírito humano, se está captando o que realmente de humano no ser
humano, de modo que se torna possível entender os motivos da ação desse.
Todavia, a criação da cultura por meio da ação é possível para Sombart devido aos
seres humanos viverem em sociedade e criar vínculos entre si. Essa atitude gregária é comum
a muitas espécies. Isso acontece pelo fato de o ser humano não ser capaz de subsistir isolado.
Os homens, ao viverem em grupos e compartilharem relações sociais, são capazes de exercer
funções que satisfazem as necessidades de todos do grupo. Além disso, eles estão unidos por
um espírito, isto é, eles estão ligados por uma conexão de sentido, formando uma unidade, uma
essência espiritual a qual orienta sua conduta (SOMBART, 1962, p. 47). Dessa forma, a
objetivação do espírito é possível dentro de uma formação social, criando vínculos que
poderão unir os indivíduos, possibilitando a realização de objetivos e, ao mesmo tempo,
gerando contradições que gerarão novas formações sociais.
Porém, para que todas essas formas de cultura e sociabilidade se efetivem, a técnica
compreende uma função essencial. Pois, como define Gallino (2005, p. 615) a técnica
representa “[...] o resultado de um longo e intricado processo de adaptação a condições
específicas do ambiente natural e social, com o fim de enfrentar as mais diversas necessidades
- ou ‘imperativos funcionais’”. Com isso, é a partir dela que o ser humano consegue sobreviver
e alterar a natureza, criando algo novo que a natureza por si só não produz.
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Assim sendo, é possível estabelecer uma relação entre a capacidade humana de criar
novas técnicas e as utilizar como tecnologia, ou seja, o exercício consciente da técnica com um
objetivo. Também, devido a sua capacidade de intelecto, o ser humano consegue se afastar
daquilo que lhe provoca insegurança e medo. Por ter compreendido a morte, o mesmo age sobre
a natureza, buscando eliminar as intempéries que essa representa para seu corpo biológico,
prolongando assim sua expectativa de vida. Com esse intuito, desenvolve remédios, armas
contra oponentes mais fortes e excedentes de provisões para sua subsistência. Todas essas
atividades são agrupadas sob o termo “economia”: “a atividade humana que visa a busca dos
meios de subsistência” (SOMBART, 2014, p. 103, tradução nossa)
.
Observa-se que o que varia nos diferentes tempos históricos é o espírito humano, mas a
natureza do homem é sempre a mesma em toda a história da humanidade: “As realidades
fundamentais da vida humana: nascimento e morte, amor e ódio, fidelidade e traição, mentira e
verdade, fome e sede, pobreza e riqueza permanecem sempre invariáveis (SOMBART, 1972,
p. 16, tradução nossa)
. Assim como a necessidade de realizar atividades que transcendam a
natureza e tragam subsistência, ou seja, as atividades econômicas sempre estão presentes. Por
isso, na história deve ser captado o que de diferente em cada caso, o que confere a cada
momento histórico e cada formação social tenham apenas um único espírito hegemônico, ligado
a um único sistema econômico.
Esse sistema econômico, produto do espírito humano, é composto por uma ordem
econômica, que é a organização que rege todas as operações econômicas; uma técnica, que
engloba procedimentos usados para atingir objetivos, e uma mentalidade econômica que usa a
economia para um fim, estabelecendo-se com base em princípios específicos. Assim, esses três
elementos formam todo o sistema econômico. Em síntese, o sistema econômico é “um modo
de suprir necessidades materiais e imateriais, animado por um espírito específico, regulado e
organizado de acordo com um plano determinado e aplicando um conhecimento técnico
definido” (SOMBART, 2017, p. 5)
.
De forma metafórica, Sombart (1962, p. 13), trata as características relacionadas à
produção material como o corpo econômico, da qual fazem parte as condições externas, e
complementa isso com o espírito econômico”, que incorpora as condições internas, como as
No original: l’attività umana volta alla ricerca dei mezzi di sussistenza.
No original: Las realidades fundamentales de la vida humana: nacimiento y muerte, amor y odio, fidelidad y
traición, mentira y verdad, hambre y sed, pobreza y riqueza permanecen siempre inva riables.
No original: a unitary mode of providing for material wants, animated by a definite spirit, regulated and
organized according to a definite plan, and applying a definite technical knowledge.
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faculdades e atividades psíquicas que interferem na vida econômica, ou seja, os valores que
regulam a conduta do homem. Posto isso, os vários períodos econômicos caracterizam-se pelo
espírito específico que prevaleceu em cada um deles. Portanto, para caracterizar plenamente
uma época econômica é necessário recorrer tanto à estrutura externa do tempo histórico, quanto
à estrutura interna da época. Somente com a relação causal do primeiro com o segundo, se terá
uma visão abrangente de um sistema econômico específico.
Nesse ponto, como bem destaca Bevilacqua e Borrelli (2015, p. 15), se apresenta uma
das maiores fecundidades da análise sombartiana para compreensão do capitalismo. Pois, por
meio de uma interpretação sociológica da história, ele coloca a mentalidade como impulso no
centro de um processo de construção sociocultural do capitalismo, o que ênfase para as
subjetividades capazes de se verter em arranjos comportamentais, ocasionando um sistema
econômico relacionado às atitudes mentais dos indivíduos.
A ideia central aqui é que a origem do capitalismo está intrinsecamente relacionada a
fatores psicológicos e à análise das ações dos agentes econômicos. Nesse contexto, uma
abordagem "compreensiva" das dinâmicas sociais leva em consideração os significados que as
pessoas atribuem às suas próprias ações, incorporando, assim, uma dimensão psicológica à
compreensão econômica. Essa abordagem é vista como uma correção e um complemento às
ideias tradicionais de Marx, como observado por Lenger (1997, p. 156). Essa abordagem, que
combina a compreensão, ou Verstehen, com a perspectiva marxista de pensamento em termos
de sistema econômico, resultou em uma compreensão não calcada apenas no economicismo
material, mas que abarcando fatores culturais dos indivíduos para entender sua ação social.
Sombart e o espírito capitalista
Sombart investigou o capitalismo em seu sentido histórico e social, considerando-o
como uma forma de vida econômica que surgiu a partir das tensões provocadas por um novo
espírito econômico dentro do antigo sistema. Com o passar do tempo, essas contradições foram
produzindo a decadência do antigo para o surgimento do novo. Em outras palavras, um novo
sistema econômico surge quando uma nova subjetividade histórica adquire consciência de si,
com capacidade de ação, colocando suas vontades em oposição às condições de existência do
sistema econômico obsoleto. Isso cria um conflito que visa produzir um novo sistema, e é por
meio desse conflito que o antigo sistema econômico é substituído por um novo.
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O surgimento do espírito da época hodierna está ligado ao espírito do capitalismo.
Sombart usou da investigação histórica para dar sentido e significado às ações, relações sociais,
culturas, organizações e instituições que revelariam onde o fenômeno do capitalismo se origina
historicamente.
Em seu livro “O burguês”, Sombart (1972, p. 33, tradução nossa)
inicia com uma
proposição carregada de significado: “Se não toda a história europeia, pelo menos a do espírito
capitalista teve seu início na luta entre deuses e homens pela posse do desastroso ouro”. Essa
afirmação revela a luta e a paixão pela riqueza, assim como também uma das características
principais do novo espírito que dominaria a Europa e, posteriormente, o mundo: a fantástica
capacidade de dissociação. A frase de Sombart, além disso, expressa a passagem de época onde
os homens, com sua potência, fizeram frente aos “deuses”, criando uma forma de intelecto
profundamente mais potente do que a forma de convivência baseado na vontade substancial e
em certezas metafísicas religiosas.
Contudo, no século XVII, quando a filosofia se desvinculou da teologia, isso não
implicou na negação de Deus ou em uma nova concepção da criação do homem. Em vez disso,
os temas de Deus e da criação foram temporariamente deixados de lado, não sendo contestados
nem incorporados. Isso teve implicações epistemológicas, pois abriu espaço para a
possibilidade de examinar cientificamente o corpo, a alma e até o espírito humano. Inicialmente,
isso foi feito por meio do dualismo, que atribuiu ao corpo a esfera das ciências naturais e à alma
a esfera das ciências humanas. Posteriormente, houve esforços para reconciliar corpo e alma,
buscando uma interconexão que refletisse de forma mais precisa a singularidade do ser humano
em comparação com outras criaturas. Roberta Iannonee (2015, p. 117), em seu estudo
contemporâneo sobre Werner Sombart, salientou que o pensador alemão procurou explorar essa
interconexão não apenas entre disciplinas acadêmicas, mas também entre espírito, alma e corpo,
a fim de compreender melhor a natureza humana.
Portanto, Werner Sombart se empenha na análise do espírito característico de cada
período histórico, com especial foco no nosso tempo, ou seja, o período do capitalismo. Ele
começa sua investigação considerando o que precede o espírito capitalista, já que acredita que
esse espírito é moldado por influências anteriores, adotando uma perspectiva dialética. Sombart
identifica essa fase inicial como o "espírito de aventura". Esse é enfatizado em figuras
impulsionadas por pulsões da psique humana, que empreendiam ações novas, portanto, também
No original: Si no toda la Historia europea, al menos la del espíritu capitalista tuvo su principio en la lucha de
dioses y hombres por la poesión del oro nefasto.
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capazes de romper com o tradicional e criar algo novo na história. Tais ações, que muitas vezes
colocavam a vida da própria figura em risco, eram movidas pela vontade de enriquecimento
para, por meio dela, alcançar reconhecimento e poder em uma ordem social que era estritamente
rígida. O espírito de aventura se revela em figuras como os piratas, corsários, soldados, etc.
Todas essas figuras apresentadas possuem uma característica em comum: realizam suas
ações em grupo e todas têm como objetivo uma vontade unitária: o enriquecimento
(SOMBART, 1972, p. 64). No mais, Sombart sintetiza, mais uma vez de forma metafórica, o
espírito de aventura como “quente”, em oposição ao espírito “frio” do burguês. Ambos os
espíritos contribuíram para a formação do espírito do capitalismo, porém, diferentemente das
figuras quentes que agem por pulsões, o burguês é o primeiro a usar uma técnica de controle
para suas emoções, passando a agir de maneira fria, metódica e racional. O burguês muda a
maneira de estar no mundo, não visando satisfazer necessidades imediatas, pois, sacrifica o
presente pensando no futuro. Age prevendo o que irá acontecer usando o cálculo e a lógica,
escolhendo os meios para atingir o objetivo de maneira mais rápida, eficaz e produtiva.
Pode-se perceber que no espírito do burguês impera uma mentalidade calculista, pois a
economia capitalista se baseia em acordos de troca de serviços e mercadorias. Isso faz com que
tudo seja reduzido a cifras ordenadas em um complexo sistema de despesas e receitas
(SOMBART, 1972, p. 137). Essa mentalidade calculista, presente no espírito do burguês, se
tornará um elemento fundamental para o espírito capitalista.
Logo, o moderno espírito capitalista pode ser entendido como produto da sucessão dos
espíritos expostos acima: o de aventura e o do burguês. O espírito capitalista incorpora impulso
aquisitivo do primeiro com o racionalismo econômico do segundo. Porém, o espírito capitalista
libertou-se para desenvolver livremente sua motivação por lucro, se objetivando dentro de um
sistema econômico com a ordem e uso da técnica orientadas por uma mentalidade que visa o
lucro como um fim em si mesmo.
Tal mentalidade alterou os prazeres e sofrimento do sujeito econômico moderno, que
passaram de reais para abstrações de lucro nos negócios, o que provoca uma drástica mudança
em relação às primeiras épocas do capitalismo, onde o homem deixou de ser parâmetro para
dar lugar ao único desejo possível, a prosperidade de sua empresa. Isso para Sombart (1972, p.
182) acarretará uma simplificação total dos fenômenos psíquicos do sujeito econômico
moderno, aproximando tais noções de valores das ideias infantis: a valorização quantitativa,
aumento da rapidez dos acontecimentos, a atração pelo novo e o realce pelo sentimento de
poder.
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Considerações finais
Nesse trabalho, buscou-se apresentar os principais conceitos e a importância de Werner
Sombart na análise do desenvolvimento do sistema econômico capitalista dentro de um quadro
de referência que coloca como endógenos os estudos sobre economia, sociedade e história a
partir da noção de espírito. Isso implica não reduzir o capitalismo à economia, mas
incorporando-a para explicar a mentalidade de uma época.
O trabalho visou expor os conceitos e teorias fundamentais de Werner Sombart,
juntamente com seu entendimento acerca da modernidade e do sistema econômico capitalista.
A partir de uma análise dos textos do autor, foi possível identificar que Sombart entende a
sociologia como uma ciência do espírito e o significado do pensar e agir do homem, segundo a
combinação das motivações, necessidades, desejos e expectativas, em outro termo, os valores
que orientam a ação humana.
Para Sombart, o espírito humano é histórico e se manifesta de forma diferente em cada
época e formação social. Dessa forma, a sociologia deve se concentrar na análise da cultura,
que é a objetificação do espírito humano, para compreender a essência do homem e os motivos
de sua ação.
Sendo o sistema econômico o que caracteriza um tempo histórico social, esse produto
do espírito humano é composto por três elementos para Sombart: uma ordem econômica, uma
técnica e uma mentalidade econômica. A ordem econômica é a organização a que todas as
operações econômicas estão sujeitas; a técnica é o conjunto de procedimentos usados para
atingir objetivos; e a mentalidade econômica é a forma como o homem se relaciona com a
economia. Sombart entende que o capitalismo é um sistema econômico baseado no espírito do
lucro, caracterizado pela busca incessante de ganhos, pela racionalidade na condução dos
negócios e pela acumulação de capital.
Neste ponto, o trabalho de Sombart possui uma relevância duradoura na compreensão
do capitalismo contemporâneo. O espírito do lucro, essencial para o capitalismo, mantém-se
presente na sociedade atual, embora com modificações em relação à época de Sombart. Mesmo
que, no capitalismo contemporâneo, o espírito do lucro seja alimentado pela globalização, que
deu origem a um mercado global altamente competitivo. Pressionando as empresas a
explorarem novos mercados e a otimizarem custos para maximizar seus ganhos. O avanço
tecnológico também impulsiona o espírito do lucro, abrindo novas oportunidades de negócios.
Obrigando as empresas a se adaptarem constantemente às novas tecnologias, caso contrário,
enfrentam o risco de ficar para trás em relação à concorrência.
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Em suma, apesar das limitações, o trabalho representa uma contribuição significativa
para o entendimento do conceito de espírito capitalista, conforme concebido por Werner
Sombart, retornando a esse autor, que em diversos aspectos, se mantém como contemporâneo.
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Werner Sombart e a Noosociologia: Uma análise do espírito econômico capitalista
Rev. Sem Aspas, Araraquara, v. 12, n. 00, e023008, 2023. e-ISSN: 2358-4238
DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v12i00.16682 12
CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Não aplicável.
Financiamento: Não aplicável.
Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesses.
Aprovação ética: Não aplicável.
Disponibilidade de dados e material: Os dados estão disponíveis.
Contribuições dos autores: João Guilherme Damiani é responsável pela pesquisa, análise
e redação do artigo.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
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DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v12i00.16682 1
WERNER SOMBART AND NOOSOCIOLOGY: AN ANALYSIS OF THE
CAPITALIST ECONOMIC SPIRIT
WERNER SOMBART E A NOOSOCIOLOGIA: UMA ANÁLISE DO ESPÍRITO
ECONÔMICO CAPITALISTA
WERNER SOMBART Y LA NOOSOCIOLOGÍA: UN ANÁLISIS DEL ESPÍRITU
ECONÓMICO CAPITALISTA
João Guilherme DAMIANI1
e-mail: j.damiani@unesp.br
How to reference this paper:
DAMIANI, J. G. Werner Sombart and Noosociology: An
analysis of the capitalist economic. Rev. Sem Aspas,
Araraquara, v. 12, n. 00, e023008, 2023. e-ISSN: 2358-4238.
DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v12i00.16682
| Submitted: 15/04/2022
| Revisions required: 22/08/2023
| Approved: 11/09/2023
| Published: 18/10/2023
Editor:
Prof. Dr. Carlos Henrique Gileno
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
São Paulo State University (UNESP), Araraquara SP Brazil. Undergraduate student in Social Sciences.
Werner Sombart and Noosociology: An analysis of the capitalist economic
Rev. Sem Aspas, Araraquara, v. 12, n. 00, e023008, 2023. e-ISSN: 2358-4238
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ABSTRACT: The concept of spirit in Werner Sombart departs from the economistic logic in
analyzing the capitalist economic system. Through a sociological interpretation of history, the
German thinker emphasizes subjectivities capable of shaping behavioral arrangements, giving
rise to a financial system closely related to individuals' mental attitudes. Therefore, this paper
aims to present the main concepts and the significance of Werner Sombart based on his texts
and commentary. It seeks to analyze the development of capitalism within a framework that
considers studies of economics, society, and history as endogenous, grounded in the notion of
spirit. This approach avoids reducing capitalism to economics and instead incorporates it to
explain the prevailing mindset of an era. Thus, it endeavors to provide a historical insight into
one of the critical concepts in sociology, as seen through the perspective of one of the foremost
sociologists of the 20th century.
KEYWORDS: Capitalist spirit. Sombart. Business mentality.
RESUMO: O conceito de espírito em Werner Sombart foge à lógica economicista na análise
do sistema econômico capitalista, pois, a partir de uma interpretação sociológica da história,
o pensador alemão enfatiza as subjetividades capazes de se verter em arranjos
comportamentais, ocasionando um sistema econômico que se relaciona às atitudes mentais dos
indivíduos. Desse modo, o presente trabalho busca apresentar os principais conceitos e a
importância de Werner Sombart a partir de seus próprios textos e comentadores, visando
analisar o desenvolvimento do capitalismo dentro de um quadro de referência que coloca como
endógeno os estudos sobre economia, sociedade e história a partir da noção de espírito, não
reduzindo o capitalismo à economia, mas incorporando-a para explicar a mentalidade de uma
época. Dessa forma, faz o resgate histórico de um dos conceitos-chave da sociologia a partir
de um dos principais sociólogos do século XX.
PALAVRAS-CHAVE: Espírito capitalista. Sombart. Mentalidade econômica.
RESUMEN: El concepto de espíritu de Werner Sombart escapa a la lógica economista para
el análisis del sistema económico capitalista, porque, a partir de una interpretación
sociológica de la historia, el pensador enfatiza las subjetividades susceptibles de traducirse en
disposiciones comportamentales, provocando un sistema económico que se relaciona con las
actitudes mentales de los individuos. Así, el presente trabajo busca presentar los principales
conceptos e importancia de Werner Sombart a partir de sus propios textos y comentaristas, con
el objetivo de analizar el desarrollo del capitalismo dentro de un marco de referencia que sitúa
los estudios sobre economía, sociedad e historia como endógenos. la noción de espíritu, no
reduciendo el capitalismo a la economía, sino incorporándolo para explicar la mentalidad de
una época. De esta manera, proporcionamos un análisis histórico de uno de los conceptos
clave de la sociología de la mano de uno de los principales sociólogos del siglo XX.
PALABRAS CLAVE: Espíritu capitalista. Sombart. Mentalidad economica.
João Guilherme DAMIANI
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Introduction
Werner Sombart, over his 78 years of life, produced an extensive body of work,
including numerous publications during his lifetime and even posthumously. He was arguably
Germany's most influential and relevant social scientist during his era. Alongside Max Weber,
he contributed to and refined the notion of spirit in sociological terms, enabling a theoretical
and methodological reflection on capitalist development within the context of a complex system
of social interactions.
This paper aims to elucidate the fundamental concepts and theories of Werner Sombart
and his understanding of modernity and the capitalist economic system. It is a qualitative study
grounded in analyzing the author's texts to deepen the comprehension of the concept of the
capitalist spirit, as expounded by Werner Sombart. Subsequently, the identified concepts and
ideas are analyzed and contextualized, facilitating the construction of an argument that presents
the concept, highlighting its most relevant characteristics and implications.
However, it's essential to mention some limitations of this article, such as its exclusive
focus on Werner Sombart's thinking, without considering other perspectives on the capitalist
spirit. Additionally, the analysis centered on his texts, which may limit the understanding of the
complex and multifaceted nature of the concept of the capitalist spirit. In summary, despite
these limitations, the article represents a significant contribution to understanding the concept
conceived by Werner Sombart, providing a meticulous analysis of the author's texts and
emphasizing the main features and implications of his thinking.
The paper is divided into three parts. The first part presents what Sombart understands
as the task of sociology, its object of investigation, and the pathways leading to it. The second
part will expound on the necessary components for forming an economic system. Finally, in
the third part, a summary of the most fertile aspect of Sombart's thought is presented, which
pertains to applying historical and theoretical knowledge to analyze the cultural significance of
the capitalist system.
Sombart's Noosociology
Noosociology is central and permeates all of Sombart's sociology, as it expresses what
is human in the "human animal." In other words, humans differ from other animals because the
latter act and are guided by instincts encoded in their genetic makeup. On the other hand,
humans stand out in the animal taxonomy, not merely acting instinctively but performing
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actions with preconceived objectives. In summary, humans possess intellect, which enables
them to think and guide their actions through thought, distancing themselves from dependence
on their biological nature where needs are found, thereby providing greater freedom to act
according to their values.
In this way, when guiding their actions according to values, humans end up feeling the
need to create forms of language and ideas that help them understand what their biological
senses perceive. This capture and creation of meaning are strictly human tasks and present in
forming a particular era's spirit. However, the spirit is not an individual concept but a social
one; therefore, sociology studies it as a science of the essence. Sociology does not seek to
explain the energy in an immutable and natural manner, as sociology, according to Sombart,
aims to understand and explain the sense and meaning of human thought and action based on
the combination of motivations, needs, desires, and expectations, in other words, the values that
guide human activity.
However, the spirit cannot be understood individually; rather, it must be understood
socially. Therefore, the study of the spirit falls under the domain of sociology in the sense of
being a science of the soul. Sociology does not seek to explain the spirit as unchanging and
natural (Sombart, 1962, p. 8). As a science, Sombart's sociology aims to understand and explain
the meaning and significance of human thought and action based on the combination of
motivations, needs, desires, and expectationsin other words, the values that guide human
action.
Consequently, sociology, as the study and knowledge of everything related to the social
life of humans, excludes purposes related to the realm of "ought to be," proposing to explain
what is and where social actions are projected. In this context, sociology distinguishes itself
from the natural sciences regarding the approach to its subject matter. While the cultural
sciences rely on the concept of interpreting (verstehen) to explain, the natural sciences rely on
the concept of understanding (begreifen) to explain (POVINÃ, 1943, p. 339). Whereas natural
sciences seek the root causes through observation, the social sciences of the spirit need to
interpret the values of a given historical period.
This happens due to the historical nature of the human spirit. As mentioned earlier, what
sets humans apart from animals is their capacity to act according to their motivations, needs,
desires, and expectations. However, the set of values that form from this is not inexorable but
shaped by how humans exist in the world, as it possesses its logic in each historical period and
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space. Thus, since the spirit differs in each era and social formation, it is impossible to create
general laws about the human spirit.
Therefore, understanding the human spirit can be achieved through its objectification,
namely culture, making it possible to grasp the essence of humanity through its actions.
According to Sombart, noological sociology aims to investigate the internal regularity of
meaning in each culture or domain of the spirit, verifying the meaning of its actions in history.
Its legitimacy presents itself as a rational character that seeks to empirically and causally explain
the set of cultural relations and manifestations. By capturing this human spirit, one is grasping
what is human in humans, making it possible to understand the motives behind their actions.
However, creating culture through action is only possible for Sombart because humans
live in society and bond with each other. This gregarious attitude is familiar to many species.
This happens because humans are unable to subsist in isolation. By living in groups and sharing
social relations, people can perform functions that satisfy the needs of everyone in the group.
Additionally, they are united by a spirit, meaning they are connected by a sense of purpose,
forming a unity, a spiritual essence that guides their conduct. Thus, objectifying the spirit is
only possible within a social formation, creating bonds that can unite individuals, enabling
achieving goals while generating contradictions that will lead to new social constructions.
Technique plays an essential role in all these forms of culture and sociability to come
into effect. As Gallino (2005, p. 615, our translation) defines it, technique represents "[...] the
result of a long and intricate process of adaptation to specific conditions of the natural and social
environment to meet the most diverse needs or 'functional imperatives'". Thus, it is through a
technique that humans can survive and alter nature, creating something new that nature alone
does not produce.
Therefore, a relationship can be established between the human ability to create new
techniques and use them as technology, that is, the conscious exercise of technique with a goal.
Also, due to their intellectual capacity, humans can distance themselves from what causes
insecurity and fear. Having understood death, they act upon nature, seeking to eliminate the
elements that threaten their biological bodies, extending their life expectancy. With this
intention, they develop remedies, weapons against more vigorous opponents, and provisions
for their subsistence. All these activities are grouped under the term "economics": "the human
activity that aims to seek the means of subsistence" (SOMBART, 2014, p. 103, our translation)
.
Original text: l’attività umana volta alla ricerca dei mezzi di sussistenza.
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It is evident that what varies across different historical epochs is the human spirit, while
the nature of humanity remains the same throughout human history: "The fundamental realities
of human life: birth and death, love and hate, fidelity and betrayal, truth and falsehood, hunger
and thirst, poverty and wealth, always remain constant" (SOMBART, 1972, p. 16, our
translation)
. Likewise, the need to engage in activities that transcend nature and provide
sustenance, in other words, economic activities, is always present. Therefore, history should
capture what is different in each case, which gives each historical moment and each social
formation a unique hegemonic spirit associated with a specific economic system.
This economic system, born of the human spirit, comprises a financial order, which is
the organization governing all economic operations; a technique encompassing procedures used
to achieve objectives; and an economic mindset that employs the economy for a purpose,
established on specific principles. Thus, these three elements together form the entire financial
system. The economic system is " a unitary mode of providing for material wants, animated by
a definite spirit, regulated and organized according to a definite plan, and applying a definite
technical knowledge " (SOMBART, 2017, p. 5, our translation).
Metaphorically, Sombart (1962, p. 1) treats characteristics related to material production
as the "economic body," encompassing external conditions, and complements this with the
"economic spirit," which includes internal conditions such as faculties and psychic activities
that impact economic life, in other words, the values regulating human behavior. Hence, the
various economic periods are characterized by the specific spirit that prevailed. Therefore, to
fully characterize an economic era, it is necessary to consider both the external structure of the
historical period and the internal structure of that era. We can only gain a comprehensive view
of a specific economic system through the causal relationship between the former and the latter.
As Bevilacqua and Borrelli (2015, p. 15) emphasize, one of the most fruitful aspects of
Sombart's analysis for understanding capitalism comes into play. Through a sociological
interpretation of history, he places mentality at the core of a socio-cultural construction process
of capitalism, emphasizing the subjectivities capable of translating into behavioral
arrangements, giving rise to an economic system closely related to individuals' mental attitudes.
The central idea here is that the origin of capitalism is intrinsically linked to
psychological factors and the analysis of the actions of economic agents. In this context, a
"comprehensive" approach to social dynamics considers the meanings that people attribute to
Original text: Las realidades fundamentales de la vida humana: nacimiento y muerte, amor y odio, fidelidad y
traición, mentira y verdad, hambre y sed, pobreza y riqueza permanecen siempre inva riables.
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their actions, thus incorporating a psychological dimension into economic understanding. This
approach is seen as a correction and a complement to traditional Marxist ideas, as noted by
Lenger (1997, p. 156). This approach, which combines "Verstehen" or understanding with the
Marxist perspective of thinking in terms of an economic system, has resulted in an experience
that goes beyond mere material economic determinism, taking into account cultural factors of
individuals to comprehend their social actions.
Sombart and the Capitalist Spirit
Sombart investigated capitalism in its historical and social context, viewing it as an
economic way of life that emerged from tensions created by a new economic spirit within the
old system. Over time, these contradictions led to the decline of the old system, making way
for the emergence of the unknown. In other words, a new economic system arises when a new
historical subjectivity becomes self-aware, with the capacity for action, putting its will in
opposition to the conditions of existence of the obsolete economic system. This conflict aims
to produce a new system, and it is through this conflict that a new one replaces the old economic
system.
The emergence of the spirit of the contemporary era is linked to the spirit of capitalism.
Sombart used the historical investigation to give meaning and significance to actions, social
relations, cultures, organizations, and institutions that would reveal where the phenomenon of
capitalism originated historically.
In his book "The Bourgeois," Sombart (1972, p. 33, our translation)
begins with a
proposition loaded with meaning: "If not all of European history, at least that of the capitalist
spirit, had its beginning in the struggle between gods and men for the possession of the
disastrous gold." This statement reveals the struggle and passion for wealth and one of the main
characteristics of the new spirit that would dominate Europe and, later, the world: the fantastic
capacity for dissociation. Sombart's statement also expresses the transition of an era in which
humans, with their power, stood up against the "gods," creating a form of intellect significantly
more potent than a way of living based on the substantial will and religious, metaphysical
certainties.
Original text: Si no toda la Historia europea, al menos la del espíritu capitalista tuvo su principio en la lucha de
dioses y hombres por la poesión del oro nefasto.
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However, in the 17th century, when philosophy detached itself from theology, it did not
entail the denial of God or a new conception of human creation. Instead, the themes of God and
creation were temporarily set aside, neither contested nor incorporated. This had
epistemological implications as it opened the possibility of scientifically examining the body,
the soul, and even the human spirit. Initially, this was done through dualism, which assigned
the body to the realm of natural sciences and the soul to the realm of human sciences.
Subsequently, efforts were made to reconcile body and soul, seeking an interconnectedness that
more accurately reflected the uniqueness of the human being compared to other creatures.
Roberta Iannone (2015, p. 117), in her contemporary study of Werner Sombart, emphasized
that the German thinker sought to explore this interconnection between academic disciplines
and spirit, soul, and body to understand human nature better.
Therefore, Werner Sombart analyzes the characteristic spirit of each historical period,
with a particular focus on our time, namely the era of capitalism. He begins his investigation
by considering what precedes the capitalist spirit, as he believes this spirit is shaped by previous
influences, adopting a dialectical perspective. Sombart identifies this initial phase as the 'spirit
of adventure.' This spirit is emphasized in figures driven by impulses of the human psyche, who
undertook new actions, thus capable of breaking with tradition and creating something new in
history. Such actions, often risking the lives of these figures, were motivated by a desire for
enrichment to achieve recognition and power in a strictly rigid social order. The spirit of
adventure is evident in figures such as pirates, privateers, soldiers, etc.
All these presented figures have a common characteristic: they perform their actions in
groups and have a unitary desire: enrichment (SOMBART, 1972, p. 64). Furthermore, Sombart
summarizes the spirit of adventure, once again metaphorically, as 'hot' in contrast to the 'cold'
spirit of the bourgeois. Both spirits contributed to the formation of the spirit of capitalism;
however, unlike the 'hot' figures who act on impulses, the bourgeois is the first to employ a
technique to control their emotions, beginning to act coldly, methodically, and rationally. The
bourgeois changes the way of being in the world, not aiming to satisfy immediate needs but
sacrificing the present in favor of the future. They act by anticipating what will happen, using
calculation and logic, and selecting the means to achieve their goals faster, more efficiently,
and more productively.
In the spirit of the bourgeois, a calculating mentality prevails because the capitalist
economy is based on agreements for the exchange of services and goods. This reduces
everything to figures organized within a complex system of expenses and revenues
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(SOMBART, 1972, p. 137). This calculating mentality, present in the spirit of the bourgeois,
will become a fundamental element of the capitalist spirit.
Therefore, the modern capitalist spirit can be understood as a product of the succession
of the spirits exposed above: the spirit of adventure and that of the bourgeois. The capitalist
spirit incorporates the former's acquisitive drive with the latter's economic rationalism.
However, the capitalist spirit has freed itself to develop its motivation for profit freely,
objectifying itself within a financial system with techniques and orders guided by a mentality
that aims at profit as an end in itself.
This mentality has changed the pleasures and sufferings of the modern economic
subject, shifting them from reality to abstractions of profit in business. This has brought about
a drastic change compared to the earlier stages of capitalism, where man ceased to be the
standard to give way to the only possible desire: the prosperity of his enterprise. This, according
to Sombart (1972, p. 182), will lead to a complete simplification of the psychic phenomena of
the modern economic subject, bringing such notions of values closer to childlike ideas:
quantitative valuation, an increase in the speed of events, an attraction to the new, and an
emphasis on the feeling of power.
Final consideration
In this work, we aimed to present the main concepts and the importance of Werner
Sombart in analyzing the development of the capitalist economic system within a framework
that considers studies of economics, society, and history as endogenous, based on the notion of
spirit. This implies not reducing capitalism to economics but incorporating it to explain the
mentality of an era.
The work aimed to expose the fundamental concepts and theories of Werner Sombart,
along with his understanding of modernity and the capitalist economic system. Through an
analysis of the author's texts, it was possible to identify that Sombart views sociology as a
science of the spirit and the meaning of human thought and action based on the combination of
motivations, needs, desires, and expectations, in other words, the values that guide human
action.
For Sombart, the human spirit is historical and manifests differently in each era and
social formation. Thus, sociology should focus on the analysis of culture, which is the
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objectification of the human spirit, to understand the essence of humanity and the reasons for
its actions.
As the economic system characterizes a social, historical period, this product of the
human spirit consists of three elements for Sombart: a financial order, a technique, and an
economic mentality. The economic order is the organization to which all economic operations
are subject; the method is the set of procedures used to achieve goals, and the economic
mentality is how humans relate to the economy. Sombart understands that capitalism is an
economic system based on the spirit of profit, characterized by the relentless pursuit of gains,
rationality in conducting business, and capital accumulation.
Sombart's work has enduring relevance in understanding contemporary capitalism. The
spirit of profit, essential to capitalism, remains present in today's society, albeit with
modifications compared to Sombart's time. Even in contemporary capitalism, the spirit of profit
is fueled by globalization, which has given rise to a highly competitive global market. This
pressures companies to explore new markets and optimize costs to maximize their profits.
Technological advancements also drive the spirit of profit, opening up new business
opportunities. This compels companies to adapt to new technologies constantly; otherwise, they
risk falling behind the competition.
In summary, despite its limitations, the work represents a significant contribution to the
understanding of the concept of the capitalist spirit, as conceived by Werner Sombart, who, in
various aspects, remains contemporary.
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CRediT Author Statement
Acknowledgments: Not applicable.
Funding: Not applicable.
Conflicts of interest: There are no conflicts of interest.
Ethical approval: Not applicable.
Data and material availability: The data is available.
Authors' contributions: João Guilherme Damiani is responsible for the research, analysis,
and writing of the article.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.