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Consumo e distinção social no espaço digital
Rev. Sem Aspas
,
Araraquara, v.
11, n.
esp.
1, e022019
,
2022
.
e
-
ISSN
2358
-
4238
DOI:
https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.17040
1
CONSUMO E DISTINÇÃO SOCIAL NO ESPAÇO DIGITAL
CONSUMO Y DIFERENCIACIÓN SOCIAL EN EL ESPACIO DIGITAL
CONSUMPTION AND SOCIAL DISTINCTION IN THE DIGITAL SPACE
Ana Lúcia de CASTRO
1
Marina Kuranaga SILVA
2
RESUMO
:
Partindo do pressuposto de que o consumo
-
como um dos
principais modos
pelos
quais o habitus pode ser expressado
-
carrega uma dimensão distintiva, na medida em que indica
fronteiras simbólicas e elos de pertença entre os grupos sociais, este artigo
busca
contribuir para
a reflexão sobre algumas dinâmica de distinção na configuração social brasileira
contemporânea. Para tanto, toma como universo empírico dois espaços recortados nas redes
sociais: um grupo de
Facebook
relacionado à compra e venda de produto
s na 25 de março,
famosa rua de comércio popular na cidade de São Paulo, e o perfil no
Instagram
de uma digital
influencer da área de moda e estilo, Maju Trindade.
PALAVRAS
-
CHAVE
:
Antropologia
. Consumo. Redes sociais. Classes sociais.
Distinção.
RESUMEN
: Asumiendo que el consumo
-
como una de las principales formas en que se puede
expresar el habitus
-
tiene una dimensión distintiva, en la medida en que indica fronteras
simbólicas y lazos de pertenencia entre grupos sociales, este artíc
ulo busca contribuir a la
reflexión sobre algunas dinámicas de distinción en la configuración social brasileña
contemporánea. Para ello, toma como universo empírico dos espacios recortados en las redes
sociales: un grupo de Facebook relacionado con la comp
ra y venta de productos en 25 de
Março, famosa calle comercial popular de la ciudad de São Paulo, y el Perfil de Instagram de
una influencer digital del área de moda y estilo, Maju Trindade.
PALABRAS CLAVE
:
Antropologia
. Consumo. Redes sociales.
Clases sociales. Distinción.
ABSTRACT
: Assuming that consumption
-
as one of the main ways in which habitus can be
expressed
-
carries a distinctive dimension, insofar as it indicates symbolic boundaries and
bonds of belonging between social groups, this
article seeks to contribute to the reflection on
some dynamics of distinction in the contemporary Brazilian social configuration. In order to
do so, it takes as an empirical universe two spaces cut out in social networks: a Facebook group
related to the p
urchase and sale of products on 25 de Março, a famous popular shopping street
in the city of São Paulo, and the Instagram profile of a digital influencer. from the fashion and
style area, Maju Trindade.
KEYWORDS
:
Anthropology
. Consumption. Social medias.
Social class. Distinction.
1
Universidade Estadual
Paulista
(
UNESP
)
, Araraquara
–
SP
–
Brasil
.
Professora do
Programa de Pós
-
graduação
em Ciências Sociais
.
ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
6165
-
7722
.
E
-
mail:
ana.castro@unesp.br
2
Universidade Estadual Paulista
(
UNESP
)
, Araraquara
–
SP
–
Brasil
. Graduada em Ciências Sociais. ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
78
15
-
1007
. E
-
mail: marinakuranaga@gmail.com
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Ana Lúcia de CASTRO e Marina Kuranaga SILVA
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Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019
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2
Introdução
O reconhecimento de Pierre Bourdieu nas ciências sociais pode ser entendido tanto pela
amplitude temática e fertilidade de suas obras, como também pela sua capacidade de articulação
de articulação das três matrizes clássicas (Marx, Weber e Durkheim), formu
lando uma proposta
teórico
-
metodológica inovadora em um momento de crise paradigmática no campo das
Ciências sociais. Em
A Distinção
(2007), Bourdieu parte de ampla pesquisa sobre o gosto no
contexto francês, buscando compreender seus condicionantes sociai
s e sua característica
distintiva, ao ser expressivo de classificações sociais, hierarquizantes e hierarquizadas,
operadas pelas diferentes frações de classe.
A reflexão suscitada pelo autor, sobre o gosto e os estilos de vida, é ponto de partida
para a d
iscussão proposta neste artigo, por mostrar caminhos pelos quais se pode extrair deles
muito mais do que análises individualizadas e individualizantes. Ou seja, à medida em que
Bourdieu nos demonstra os modos pelos quais o gosto é socialmente formatado, el
e apresenta
também que esse não se configura como indiscutível e pertinente exclusivamente ao domínio
da individualidade e, sim, como algo construído pelas trajetórias dos agentes nos campos
sociais.
Por que gostamos do que gostamos? Por que rejeitamos o
que rejeitamos? As
respostas para tais questões são reveladoras da tensão entre concepções
opostas sobre a formação do gosto, ora entendido "como engajamento
criativo, espontâneo com um objeto cultural", ora visto como "algo cujo
resultado é pré
-
determin
ado" (Stewart, 2013, p 3). Esse elemento tensionador
estrutura os debates nas Ciências Sociais que, contrariando a noção de senso
comum segundo a qual gosto não se discute, tem buscado o tematizar os
condicionantes sociais do gosto e o seu lugar nos proces
sos de produção de
desigualdades, na construção de fronteiras sociais e simbólicas e na formação
de grupos. Uma rápida passada pelos debates sociológicos travados
recentemente sobre o tema indica haver uma profunda discordância entre as
abordagens quanto à
individualização ou ao contrário a persistente
diferenciação e estratificação dos gostos e estilos de vida (BERTONCELO
;
MIRA, 2019, p.
19)
Neste sentido, os gostos representam, para além do que é apenas visível e aparente (o
que depositado e disposto no
s corpos), uma forma de expressar o campo social em que se
inserem os agentes e o habitus que portam.
Ressalta
-
se aqui a relevância do conceito de habitus, que pode ser entendido como
“estrutura estruturante e estruturada”, que opera como matriz de percep
ção e ação, geradora de
estratégias para as práticas e que orienta tendencialmente as ações e condutas dos agentes, e,
simultaneamente, é produzido ou formatado pelos capitais adquiridos desde a origem, durante
as trajetórias dos indivíduos.
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O conceito de habitus, central na reflexão bourdiana, foi formulado em busca
da superação da dicotomia entre objetividade e subjetividade, preocupação
central na construção de seu arcabouço teórico, como aponta o próprio autor
(BOURDIEU, 1987) e comentador
es de sua obra (Ortiz, 1983; Peters, 2013
).
Em
sua formulação, Bourdieu considera o filtro subjetivo do agente, ao
apontá
-
lo como estruturante, sem, contudo, desconsiderar a objetividade da
estrutura social que o formata (CASTRO, 2019, p. 54)
.
[...] o ha
bitus constitui
-
se em estrutura estruturante que organiza as práticas e
a percepção das práticas, o habitus é também estrutura estruturada; o princípio
da divisão das classes lógicas que organiza a percepção do mundo social, é
por sua vez o produto da inco
rporação da divisão em classes sociais
(BOURDIEU, 2007, p.
164).
Nessa perspectiva, o agente não é mero reprodutor de estruturas fixas, como também
não é portador de uma consciência autônoma para coordenar as ações sem regras e estratégias
dispostas previ
amente em sua trajetória social. O que nos leva a perceber que os atores sociais
são produto e também produtores da estrutura social, em uma dinâmica constante de
retroalimentação
A cultura, portanto, é entendida nessa visão como dimensão privilegiada par
a que se
compreenda os processos de hierarquização, disputas de poder e distinções entre as classes,
tendo em vista que apenas a visão economicista não comportaria a análise dos aspectos
simbólicos das ações dos indivíduos que são produto e produtores da e
strutura social.
Na concepção de Bourdieu as distinções organizam o sistema simbólico, o que se
demonstra nos gostos, nos estilos de vida, no modo pelos quais os agentes dispõem e depositam
em seus corpos os objetos culturais que expressam posições e rel
ações. Nesse sentido, partindo
do pressuposto de que a compreensão sobre as relações e a dinâmica que configuram o mundo
social não se reduz ao econômico, o autor elabora o conceito de “capital cultural”, evidenciando
a ênfase na dimensão simbólica, entend
ida como essencial para a reflexão sobre classes e
hierarquias:
Um dos principais legados da obra de Bourdieu é a concepção de Cultura
como um capital, suscetível de ser acumulado, transmitido e convertido em
outros capitais, sendo, para isso, o
recurso nas lutas em torno da (re)produção
de fronteiras sociais e simbólicas (LAMONT; MOLNAR, 2002).
Originalmente empregado por Bourdieu (1982b) e colaboradores em suas
pesquisas sobre educação para explicar as taxas diferenciais do sucesso
escolar entre
as crianças de origens sociais
privilegiadas (em função da
transmissão familiar das disposições e competências que facilitavam
entendimento da linguagem pedagógica, a satisfação das exigências de
avaliação e a apropriação dos conteúdos escolares) o conceito de capital
cultural passou a
ser empregado posteriormente tanto como um princípio
autônomo de diferenciação social ao lado do capital econômico
(multidimensionalidade do espaço social) quanto como disposições para
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apropriação (entendida como) legítima dos bens e práticas mais legítimo
s (ou
seja, daquilo que é visto como digno de ser apropriado) (BERTONCELO
;
MIRA, 2019, p. 24).
Neste sentido, o consumo
-
modo pelo qual o habitus pode ser
expresso
, bem como os
capitais cultural, econômico podem ser explicitados
–
carrega, dentre outras
, uma dimensão
distintiva
-
se tomamos como referência que todas as práticas delimitam nosso espaço dentro
do campo social
-
e o gosto é a forma pela qual se transforma os objetos em símbolos distintos
e distintivos (geralmente impulsionado pelo habitus).
Em consequência desse aspecto, o gosto
–
evidenciado, principalmente, pelo universo do consumo
-
é o que acaba por expressar
simbolicamente o nosso habitus e as nossas características de classe.
A ideia de gosto, tipicamente burguesa, já que supõe a liberdade absoluta da
escolha, é tão estreitamente associada à liberdade que é difícil conceber os
paradoxos do gosto da necessidade: ou por sua abolição pura e simples,
transformando a prática em um p
roduto direto da necessidade econômica
-
os
operários comem feijão por não disporem de recursos para comprar outro
alimento
-
e ignorando que, na maior parte do tempo, a necessidade só é
satisfeita porque os agentes têm propensão a satisfazê
-
la por terem o
gosto
daquilo a que, de qualquer modo, estão condenados; ou por sua transformação
em gosto de liberdade, esquecendo os condicionantes de que ele é o produto
e, assim, por sua redução a uma preferência patológica e mórbida para as
coisas de
-
primeira
-
ne
cessidade, uma espécie de indigência congênita,
pretexto para a prática de um racismo de classe que associa o povo ao que é
gordo e gorduroso, ao vinho tinto forte, aos enormes tamancos, aos trabalhos
pesados, à gargalhada estrondosa, às piadas, ao bom sen
so um tanto
rudimentar e às pilhérias grosseiras. O gosto é amor fati, escolha do destino,
embora forçada, produzida por condições de existência que ao excluir
qualquer outra possibilidade como se tratasse de puro devaneio, deixa como
única escolha o gosto
pelo necessário (BOURDIEU, 2007, p.
169)
.
Na análise bourdiana, o gosto das classes subalternas se pautaria, sobretudo, pelo senso
de necessidade, levaria a um sentimento de resignação, a uma “falta de cuidado consigo
mesmos”, expressando um senso estéti
co funcional preso às urgências do cotidiano, com o qual
as classes populares potencialmente passariam a priorizar o “ser” ao “parecer” no momento do
consumo.
(....) E a inversão da importância atribuída à alimentação e ao vestuário nas
classes populares
-
que consagram a prioridade ao ser
-
, enquanto as classes
médias manifestam a preocupação com o parecer, é o indício de uma
reviravolta de toda a visão do mundo. As classes populares transformam o
vestuário em uso realista ou, se preferirmos, funcionalis
ta. Ao privilegiar a
substância e a função em relação à forma, eles desejam a devida compensação,
se assim pode dizer, para seu gasto, escolhendo algo que “pode durar muito
tempo” (BOURDIEU, 2007, p.
190)
.
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Canclini (2009), apoiado no trabalho de Grignon e
Passeron (
apud
CANCLINI, 2009),
atenua a ideia de que as classes subalternas, orientadas pela necessidade, não imprimiriam um
sentido estético às suas escolhas.
Ainda que os setores subalternos nãos disponham do tempo nem dos recursos
econômicos da burguesia para se entregarem a uma estilização da sua vida,
não vivem uma vida sem estilo
[
...
]
A teoria da legitimidade cultural, que
reduz as diferenças a faltas, as
alteridades a defeitos, não consegue ver a
estilização que se imprime a diferentes partes da casa, tudo aquilo que os
adolescentes populares cultivam nos enfeites do seu corpo, na roupa e na
cosmética, nos seus automóveis e motocicletas, no ambiente de seu
s quartos
ou lugares de diversão (CANCLINI, 2009, p
.
90)
.
Diante do exposto, cabe voltarmos o olhar para a configuração social brasileira
contemporânea e questionar sobre os modos pelos quais os grupos buscam distinção,
estabelecendo fronteiras simbólicas
e criando elos de pertença entre si. Para tanto, tomaremos
como universo empírico dois espaços recortados nas redes sociais: Um grupo de Facebook
relacionado à compra e venda de produtos na 25 de março, famosa rua de comércio popular na
cidade de São Paul
o e o perfil da influencer Maju Trindade.
Considerações metodológicas
Propor uma pesquisa de cunho etnográfico em ambientes digitais coloca vários desafios.
O primeiro deles
é eleger
quais “ambientes” digitais seriam os mais propícios para os objetivo
s
da pesquisa. Para tanto, tomamos como inspiração o trabalho de Leitão e Gomes (2017), que
sugerem:
tratar as plataformas digitais como ‘ambientes’ foi um passo decisivo,
considerando o fato de que um ambiente se define como tal por estar associado
à pr
ópria ideia de vida, tornando
-
se inevitável definir o gênero de vida que
trataríamos (LEITÃO
;
GOMES, 2017, p. 42)
.
Com base nesse argumento das plataformas digitais como “ambientes” relacionados a
ideias e gêneros de vida, buscou
-
se encontrar plataforma
s que ao mesmo tempo demonstrassem
práticas de consumo (compra, venda, divulgações e afins), assim como os discursos sobre essas
ações. As redes sociais, nesse sentido, se encaixaram nos parâmetros do campo mais adequado
para a realização das observações.
Instagram
e
Facebook
foram as escolhas de plataformas por
abrirem espaços tanto para as grandes campanhas publicitárias, como para os pequenos
anúncios, às compras e vendas dos mais diversos bens e objetos, bem como para as discussões
e fóruns em grupos e nichos de perfis e p
essoas sobre assuntos específicos e variados.
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Os conceitos de “perambulações”, “acompanhamentos” e “imersões” (LEITÃO
;
GOMES, 2017) também serviram de base para o trabalho etnográfico, uma vez que a medida
em que os atores observados (influenciadores e seus seguidores no Instagram e os perfis que
interagem nos grupos do
Facebook
) não ficam fixos a uma só plataforma ou pág
ina, foi
necessário acompanhar o trânsito entre ambientes para melhor compreender os discursos e
discussões levantadas por eles.
Um exemplo disso, foi a necessidade de assistir a vídeos na plataforma
Youtube
, ligados
ao perfil da influenciadora Maju Tri
ndade, acompanhada mais sistematicamente pelo seu
perfil
no
Instagram
. Ademais, as interações via “seguir”, “
likes
”/“curtidas”, o “clicar” em
links
, o
“salvar
post
” e a “visualização”, também foram modos de possibilitar o acompanhamento.
Tendo em vista a
s dimensões da pesquisa em ambiente digital e a dificuldade de
conseguir contatar diretamente alguns atores (como os grandes influenciadores ou
administradores de grandes páginas), o método de captação de discursos e seus conteúdos se
deu de forma indireta
. Ou seja, apenas com base no que era postado publicamente. Portanto, foi
de grande importância o acompanhamento contínuo e por diferentes meios para que se pudesse
observar por diversos ângulos. Para tanto, foi criada uma conta (um perfil) na
plataforma
I
nstagram
, para seguir e interagir com os perfis selecionados anteriormente. Para a
entrada nos grupos na plataforma
Facebook
optou
-
se pelo uso do perfil pessoal para facilitar as
permissões de acesso aos conteúdos neles postados.
Para escolher os influen
ciadores que seriam seguidos no
Instagram
foi feita uma lista
com cerca de 15 nomes de perfis. O número de seguidores, a descrição do perfil, a qual nicho
pertence (moda, estilo de vida, cosméticos e maquiagem, comédia, música e outros), histórico
e parcer
ia com marcas, canais e perfis em outras plataformas e seus alcances, bem como notícias
e reportagens sobre os influenciadores foram pesquisados e colocados em lista dividida por
categorias (“Influenciadores da categoria beleza com cosméticos de baixo cust
o”,
“Influenciadores da categoria beleza com cosméticos de baixo e alto custo”, “Influenciadores
que ligam sua imagem a produtos de alto custo”, “Influenciadores de moda streetwear” e
“Influenciadores de moda consciente”). Com base nos dados listados, fora
m escolhidos três
perfis para dar início aos acompanhamentos. Foram eles
Hyped Content
, Maju Trindade
e Viih Rocha.
Para efeitos deste artigo, enfocaremos especificamente o perfil de Maju Trindade,
influenciadora ligada à moda e ao estilo de vida, que co
meçou a fazer sucesso com as suas
postagens de vídeos curtos sobre o cotidiano nas plataformas
Snapchat
e
Vine
, além de “
vlogs
”
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no
Youtube
e postagens no
Instagram
. Atualmente conta com 6,1 milhões
3
de seguidores
no
Instagram
e tinha cerca de 17 milhões
de visualizações em seus vídeos no canal do
Youtube
4
.
Além de ser influenciadora, Maju também é modelo.
Quanto aos grupos do
Facebook
, a escolha foi feita por
palavras
-
chave
e número de
participantes. Foram encontrados grupos como “Lojas do Brás” (9,4 m
il membros),
“Maquiagem 25 de março” (3,8 mil membros) e “Cosméticos em atacado no Brás e 25 de
março” (4,4 mil membros)
5
. Com a permissão de acesso aos conteúdos, o primeiro grupo se
demonstrou mais propício para observações já que contém postagens mais
voltadas à
divulgação, compra e venda, diferentemente dos outros que acabam por conter postagens de
outros tipos misturadas ao conteúdo de vendas (como posts religiosos e outros).
A análise, portanto, desenvolveu
-
se a partir da observação das postagens,
comentários
e interações que se apresentam, tanto pelos membros dos grupos quanto pelos
influencers
e seus
seguidores no
Instagram
. Foram feitas capturas de tela das postagens e dos comentários feitos,
como forma de registrar os dados. Ademais, estão regis
trados em diário de campo aspectos
relevantes nos discursos e detalhes de imagens para a melhor compreensão dos dados e
informações coletadas, bem como para auxiliar na formulação dos relatórios sobre a pesquisa.
A rua 25 de março nos grupos de Faceboo
k
No tocante às questões sobre o consumo e a sua dimensão simbólica e a análise sobre o
tema no ambiente digital, é necessário compreender que as redes sociais e a internet são espaços
de trocas simbólicas, seja por meio de bens e objetos ou ideias e ima
gens. Conceber, portanto,
o digital como ambiente que possibilita a análise dos sentidos do consumo é também entendê
-
lo como “associado à própria ideia de vida” (LEITÃO
;
GOMES, 2017).
Em decorrência dessa noção, é necessário compreender como é regida a “v
ida” no
ambiente digital, principalmente naquilo que diz respeito ao tema central desta pesquisa, que
são os sentidos do consumo na cultura contemporânea.
As observações realizadas nos grupos do Facebook relacionados à compra e venda de
produtos da famosa
25 de março, na cidade de São Paulo, aponta
que mesmo que as classes
populares busquem os espaços de consumo de menor custo, há sempre a busca pela marca
3
Disponível em:
https://www.instagram.com/majutrindade/?hl=pt.
Acesso
em
:
22
jul.
2022.
4
Disponível em:
https://www.youtube.com/c/majuthings/about.
Acesso
em
:
22
jul.
2022
.
5
Disponível em
:
respectivamente
:
https://www.facebook.com/groups/1252936514819847
.
Acesso
em
:
22
jul.
2022
;
Disponível em
:
https://www.facebook.com/groups/886799731740423.
Acesso
em
:
22
jul.
2022
;
Disponível
em
:
https://www.facebook.com/groups/187218858489222.
Acesso
em
:
22
jul.
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.
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(mesmo que em uma réplica), pela imagem e até pela ostentação. Percebemos a divulgação
massiva de peç
as que estampam nomes de marcas e grifes como
Givenchy, Louis Vuitton,
Versace, Gucci, Dulce & Gabbana, Adidas, Nike, Vans, Fila, Tommy Hilfiger
, dentre tantos
outros que demonstram a busca por produtos relacionados a bens de consumo legitimados pelas
classes médias altas, reproduzindo a lógica da distinção. Neste sentido, identificamos discursos
como
“ter a cara de rica”, ser “fina e rica”, dentre outros, indicativos da intencionalidade de
expressar um lugar social ou uma imagem associados aos grupos d
ominantes, supostamente
portadores do “gosto legítimo”. Como apontou Bourdieu, os gastos com aparência
–
ao lado do
consumo alimentar e consumo cultural
-
configura
-
se em uma das principais estratégias de
denotar distinção e a análise do material levantado
aponta nesta direção, lembrando que,
especialmente no Brasil, o desejo de aceitação social passa pela apresentação pessoal, pelas
disposições estéticas, pelo vestuário e uso de cosméticos.
Ademais, ainda pensando em contrapontos nos modos das classes soci
ais no contexto
brasileiro em relação ao contexto francês analisado por Bourdieu, é interessante trazer à
memória os chamados “cosplay de pobres” (ALANIZ, 2018). A palavra “
cosplay
” é uma junção
das palavra “
costume
” (fantasia) com “
roleplay
” (atuação, int
erpretação, brincadeira), e é
popularmente utilizada entre os fãs de animes e mangás para definir um tipo de entretenimento
no qual algumas pessoas passam a se fantasiar de personagens que gostam em eventos
relacionados aos temas. A ideia, porém, do termo
“cosplay de pobre” não se conecta com o
universo dos animes e mangás
–
apesar de haver um termo parecido dentro dele que representa
a confecção de fantasias de maneira precária, os chamados “
cospobres
” ou “
cheap
cosplays
”.
O termo “cosplay de pobre” é popu
lar entre estudantes de baixa renda que adentraram
universidades públicas brasileiras, principalmente os que dependem de políticas de
permanência estudantil, para designar estudantes (em sua maioria de classe média) que são
sustentados pela renda dos pais,
que optam por “interpretar o papel de pobres” através do
vestuário (roupas de grife com aparência envelhecida ou puída) e outros aspectos como forma
de lamentar sobre as “dificuldades financeiras” da vida universitária e como modo de sugerir
suposta
"soli
dariedade" com as dificuldades das classes menos abastadas.
Portanto, o que se nota é que em cada contexto se colocam sentidos e significados
diferentes ao que se consome. O caráter simbólico das práticas de consumo se altera a depender
de quais atores e,
principalmente, de qual espaço social se observa. O desejo
de imitação
ocorre
entre as classes e a distinção se coloca nos modos apresentados nas disposições e consumo de
bens. E, por mais que as classes populares busquem se aproximar das mais altas, semp
re há
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algo distintivo, seja em capitais cultural, econômico e/ou social
-
este último tão relevante nas
relações sociais brasileiras.
A observação dos grupos, na plataforma
Facebook
, voltados para propagandas, compra
e venda de produtos mais populares vin
culados aos comércios da rua 25 de março são mais
explícitos no seu objetivo de comercialização de produtos. Ou seja, são raras as postagens de
compra e venda que tentam vender uma ideia antes de um produto, na maior parte das vezes
são
expostas
os produto
s e seus valores, as formas de adquiri
-
los e possíveis contatos para que
se possa fazer as encomendas. Nos grupos se nota a existência de postagens diversas de
produtos de vestuário e cosméticos diversos, sempre com esse padrão de estrutura.
A intenção di
stintiva expressa pela compra evidencia
-
se no interesse pelas
réplicas,
divulgadas
nos grupos de
Facebook
massivamente e, sabidamente, marca registrada de espaços
de consumo como a 25 de março na cidade de São Paulo. Nestes grupos, as postagens são
diretas
, expondo os produtos e seus preços, sem conteúdos que remetam a comportamento ou
estilo de vida, supostamente devido ao fato de
que os
internautas que acessam estes ambientes
buscam na aquisição do produto em si a expressão de um estilo distintivo. A iden
tificação com
determinado grupo ou estilo de vida seria materializada pela posse do produto, no caso, das
réplicas de roupas e acessórios de grifes.
Nesse sentido, não haveria a necessidade de pautar a construção de estilos de vida
naquele espaço, voltado
apenas para a troca. Pode ser que em alguns momentos seja citado o
nome de uma celebridade que ficou muito reconhecida por fazer uso de determinada peça com
o intuito de alavancar as vendas. Ainda assim, essa ação se coloca com vistas, exclusivamente,
à c
omercialização de vestuários, acessórios e cosméticos.
Em geral, nos grupos do
Facebook
relacionados ao interesse pelo comércio da rua 25
de março e do Brás, as postagens normalmente apresentam legendas descritivas sobre os
produtos e a formas pelas quais
se pode adquiri
-
los. Nas imagens dos produtos podem ser
observadas as falsificações e réplicas de marcas renomadas, evidenciando a busca por
marcadores simbólicos ligados ao consumo de determinados bens. A observação das postagens
indicou o interesse, nas
réplicas e falsificações de mais baixo custo. A Figura abaixo é
ilustrativa desta ideia:
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Ana Lúcia de CASTRO e Marina Kuranaga SILVA
Rev. Sem Aspas
,
Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019
,
2022.
e
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ISSN 2358
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4238
DOI:
https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.17040
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Figura 1
–
Publicação de divulgação de produtos retirado do Grupo “Lojas do Brás”
Fonte: Grupo do Facebook “Lojas do Brás”
Se nos grupos de facebook
os integrantes expõem
-
se diretamente, postando imagens e
comentários horizontalmente, espaços como Instagram e Youtube pressupõem a figura do
digital
influencer,
que vai desempenhar um papel de mediador simbólico entre os consumidores
e a marca,
performan
do tanto um papel “pedagógico” na “educação dos gostos”, como de
“promotor de vendas”, na divulgação de marcas e produtos. Nestes espaços, com a presença
dos
influencers
, a divulgação de imagens, bens e objetos, na maior parte das vezes, não são
feitas de
modo explícito e direto, caracterizando
-
se por ser mais sutil e indireta, como
demonstraremos no tópico a seguir.
Influenciadores digitais: o caso da Maju Trindade
O papel dos influenciadores digitais é de suma importância para a compreensão das
dinâmi
cas de consumo na cultura contemporânea, pois é a partir desses atores que muito do que
acontece relacionado ao consumo na internet e fora dela se molda e ganha significação.
Os
influenciadores podem ser entendidos como “novos perfis profissionais que reor
ganizam
dinâmicas no mercado da Comunicação
-
desde o jornalismo até a publicidade” (KARHAWI,
2016, p. 41). Estes profissionais têm modos de agir e de divulgar ações, bens, gostos e estilos
de maneira que aqueles que “consomem” os conteúdos criados por ele
s atribuam valor e sentido
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Consumo e distinção social no espaço digital
Rev. Sem Aspas
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Araraquara, v.
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ao que divulgado. Extremamente dependente da própria imagem, os influenciadores monetizam
por aquilo que Karhawi (2016) chama de “Eu como uma commodity”, ou seja, a partir da
transformação do próprio indivíduo (“Eu”) em mercadori
a.
O papel desses atores nos sentidos atribuídos ao consumo de modo geral, está atrelado
a sua eficiência publicitária, sua capacidade de influência sobre os consumidores, já que por
seu discurso pessoalizado e próximo daqueles que consomem seus conteúdos
faz com que
sejam vistos como mais confiáveis do que as celebridades em propagandas tradicionais.
Karhawi demonstra também a possibilidade de interpretar a construção da influência, da
reputação e confiabilidade dos influenciadores digitais pela perspecti
va bourdiana.
Outra perspectiva teórica para entender a construção de reputação no ambiente
digital é a partir de estudos de Bourdieu sobre o capital social, econômico e
cultural. Pedrone identificou, na blogosfera de moda italiana, que “as
blogueiras usam o capital cul
tural acumulado pela educação formal e
autodidatismo
’ (2015, p. 189, tradução nossa); que o capital econômico está
relacionado à possibilidade de se sustentar ou não apenas com os ganhos do
blog. O capital social completa a tríade ‘[...] como um fator que fortalece o
poder de alguém em um campo. Ele consist
e nas redes de relacionamento do
agente [blogueira] e seu grupo social” (PEDRONI, 2015, p. 190
apud
KARHAWI, 2016, p.
44
-
45
, tradução nossa
)
Ademais, pensando no que foi dito sobre a construção da própria imagem por parte dos
influenciadores, refletir so
bre a construção da aparência tanto destes atores quanto de outras (a
exemplo dos seguidores e consumidores) é um fator relevante.
Como apontam Jordão e Mendonça (2016
, p. 149
):
A aparência é a primeira
-
e às vezes a única
-
informação que se pode ter
de
uma pessoa desconhecida em um espaço público. Podemos pensar que ela se
divide em dois aspectos: o imediato, que é a imagem estética da pessoa, que
envolve pele, cabelos, roupas, acessórios, enfim, objetos consumidos; e a
conduta, que diz respeito à pos
tura, aos gestos, ao modo de falar, andar etc
.
Nesse sentido, para buscar os sentidos atribuídos ao consumo no ambiente digital é
essencial que se pense o papel dos influenciadores nas redes sociais e a sua relação com os
modos de consumir bens/objetos e
estilos de vida.
A influenciadora digital aqui analisada, Maju Trindade, iniciou seus trabalhos nas
plataformas digitais ainda muito jovem e além de influenciadora, também trabalha como
modelo. Em se tratar de estilo de postagens, vestimentas e afins, a i
nfluenciadora não se
diferencia do estilo de abordagem de outras figuras de seu ramo, apesar de sempre buscar um
estilo diferenciado dentro do ramo da moda massificada nas redes sociais.
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Ana Lúcia de CASTRO e Marina Kuranaga SILVA
Rev. Sem Aspas
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A influenciadora parece inspirar
-
se em celebridades da música como o
rap
e do
indie
rock
, por exemplo. Esse aspecto é demonstrado na sua forma de vestir, já que acaba por usar
muitas peças em tons mais neutros, com estampas mais específicas de um estilo romântico e
urbano e que demonstram uma tendência mais
Street Style/ca
sual
.
Ao fazer as observações sobre o perfil da influenciadora Maju Trindade, o que ficou
mais evidente foi o comportamento tipicamente correspondente à sua profissão. A sutileza na
forma de divulgar produtos e marcas em momentos do cotidiano, esquematiza
ção de postagens
com fotos e vídeos que trazem engajamento
-
não apenas pelo produto divulgado ou pela marca
que patrocina o “
post
”, mas principalmente pela postura, eloquência e as características próprias
da influenciadora que acabam por aproximá
-
la cada
vez mais de seus seguidores.
A influenciadora também é modelo e sua trajetória como modelo parece influir muito
nos moldes das fotos e vídeos que faz nas redes sociais. A maior parte das postagens que se
encontram no seu perfil do Instagram são muito bem
“cuidadas”, ou seja, o cenário, a
iluminação, as poses, a distribuição espacial entre a figura da influenciadora e o(s) produto(s)
a ser(em) divulgada(s) são milimetricamente organizados para ao mesmo tempo demonstrarem
o profissionalismo e a proximidade
com aqueles que interagem devido a "simplicidade" da
postagem. Sobre o aspecto da proximidade e da credibilidade Karhawi (2016
, p. 46
-
47
) aponta:
Este ponto é crucial quando se pensa em reputação e influenciadores digitais: o
Eu. A diferença entre um inf
luenciador digital e uma celebridade é justamente
o sujeito, o Eu. O influenciador digital, digital influencer, ou a denominação
vigente que for, é um sujeito que preserva o seu Eu. Enquanto uma celebridade
está distante, sob holofotes, traçando um caminho
de sucesso que parece muito
distante de quem os assiste no cinema ou na televisão, os influenciadores
digitais estão no Facebook, no Instagram, no Snapchat, em outros espaços
ocupados por ‘pessoas comuns’ com quem dialogam em igualdade. É por esse
motivo,
também, que revistas e sites de veículos tradicionais de mídia não têm
a mesma reputação que os influenciadores digitais. A proximidade desses
sujeitos de seus públicos, de sua rede, a partir da escrita íntima, do uso da
primeira pessoa (no caso dos blogs
, Instagram, Twitter) e da pessoalidade cria
uma aproximação entre o criador de conteúdo e seus públicos. É nessa
sustentação que se ergue o capital simbólico dos blogueiros e, muito
fortemente, das blogueiras de moda que são encaradas como melhores amigas
de suas leitoras
.
A forma de fazer a publicidade no ramo dos influenciadores digitais é pela via da
demonstração dos usos no cotidiano, o que significa que não basta se fale o nome ou a marca e
o valor do produto, é necessário que se demonstre a escolha
do influenciador por aquele
determinado produto, o modo como costuma utilizá
-
lo e suas impressões. Em decorrência disso,
o que acaba por acontecer é a criação de conteúdos que servem como resenhas de produtos e
marcas, “
stories
” e “
posts
” com apresentação
sutil de produtos e unboxings.
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Consumo e distinção social no espaço digital
Rev. Sem Aspas
,
Araraquara, v.
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esp.
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O perfil do
Instagram
e a conta do
Youtube
da influenciadora observada contém diversas
postagens que abarcam principalmente esses dois últimos tipos de propaganda citados
anteriormente. Por colocar conteúdos de forma mais su
til e ser patrocinada por marcas e grifes
mais valorizadas, a influenciadora passa uma ideia de estilo de vida mais “fino”, apesar de ser
uma influencer que também ficou conhecida por criar vídeos humorísticos no início da sua
carreira nas plataformas digi
tais.
Como apontado anteriormente, há um modo de divulgação típico das influenciadores
digitais mais tradicionais que é baseado numa forma sutil de mostrar produtos e marcas nas
ações da vida pessoal cotidiana, estratégia essa que é muito bem quista pelas
marcas que buscam
parcerias publicitárias e é vantajosa para os influenciadores, já que o “mostrar o dia
-
a
-
dia” e as
suas opiniões sobre produtos durante o uso pode gerar mais engajamento do que uma
publicidade do tipo mais tradicional (a apresentação do
produto pelo produto/pela marca).
Maju Trindade, neste sentido, se demonstra uma típica influenciadora digital que
divulga produtos e marcas na sua vida cotidiana, induzindo o consumo de determinados bens e
objetos por sua “qualidade” (seja pela beleza, p
elo status da marca, pela resistência e
durabilidade do produto e outros). As Figuras 2, 3 e 4 ilustram essa ideia:
Figura 2
-
Publicação de prática de exercício com roupa da marca NIKE no dia 11
de janeiro
de
2021
Fonte: Perfil do Instagram da influenciadora Maju trindade
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Figura 3
–
Publicação de prática de exercício com roupa da marca NIKE no dia 12
de janeiro
de
2021
Fonte: Perfil do Instagram da influenciadora Maju trindade
Figura 4
-
Publicação de
prática de exercício com tênis da marca NIKE no dia 13
de janeiro
de
2021
Fonte: Perfil do Instagram da influenciadora Maju trindade
Nas três imagens a influenciadora mostra a logomarca da NIKE em suas peças de
vestuário para fazer exercícios físicos. Nessas imagens em específico, em momento algum é
colocado algum tipo de marcação ou hashtag indicando a marca, porém a demonstração do us
o
da marca é recorrente. Outras marcas utilizadas pela influenciadora são marcadas pelos nomes
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Consumo e distinção social no espaço digital
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Araraquara, v.
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de usuário da conta do
Instagram
ou por
hashtags
, mas normalmente não são marcadas com
letras garrafais e, sim, miúdas. Ou seja, se trata de uma divulgação sutil
de produtos e marcas,
evidenciando a diferença da forma de divulgação de bens e objetos nestas plataformas,
comparativamente aos grupos de facebook. Contudo, a intenção distintiva, revelada pela
exposição de grifes reconhecidas e pelas dicas de comportame
nto e estilo de vida, é também
claramente percebida neste ambiente digital.
Considerações finais
Este artigo buscou colaborar para a reflexão sobre o consumo de bens simbólicos
referentes à construção da aparência numa perspectiva que colocam em jogo a
s relações entre
as classes, no interior do ambiente virtual, das redes sociais e plataformas digitais. Os perfis e
grupos observados foram capazes de revelar características próprias das classes e grupos a que
pertencem, assim como revelaram regras e padr
ões próprios do campo em que atuam na
internet.
As plataformas digitais e abertura para formação de grupos por interesses em comum
configura
-
se num espaço em que os internautas, ao participarem destes ambientes, são inseridos
em uma atmosfera totalmente v
oltada ao interesse indicado. Nesse sentido, se torna profícuo
pensar nos modos pelos quais os gostos também são influenciados pela própria rede que articula
os perfis direcionando
-
os por palavras
-
chave, tipos de conteúdo, engajamento e reações, e não
apen
as pelas figuras dos influenciadores e/ou das propagandas de produtos.
Estudar redes sociais, portanto, é estudar os padrões de conexões expressos no
ciberespaço. É explorar uma metáfora estrutural para compreender elementos
dinâmicos e de
composição dos grupos sociais (RECUERO, 2009, p. 22)
.
Por fim, cabe ressaltar a atualidade da contribuição de Pierre Bourdieu para a
compreensão sobre os mecanismos de distinção. No entanto, é necessário atentar para para os
modos segundo os quais as tra
jetórias desses agentes se formatam em contexto diverso e bem
mais complexo daquele observado por Bourdieu, sobretudo quando levamos em conta a
ascensão das redes sociais e os estilos de vida que dela derivam.
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Ana Lúcia de CASTRO e Marina Kuranaga SILVA
Rev. Sem Aspas
,
Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019
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2022.
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ISSN 2358
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DOI:
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Consumo e distinção social no espaço digital
Rev. Sem Aspas
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Araraquara, v.
11, n.
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ISSN
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sabe
-
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que
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e
-
cosplay/. Acesso em: 22 jul. 202
2.
Como referenciar este artigo
CASTRO, A. L.; SILVA, M. K
.
Consumo e distinção social no espaço digital
.
Rev. Sem Aspas
,
Araraquara, v.
11, n.
esp.
1, e022019,
2022. e
-
ISSN: 2358
-
4238. DOI:
https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.17040
Submetido em
:
29/07/2022
Revisões requeridas
em
:
12/08/2022
Aprovado em
:
19/10/2022
Publicado em
:
26/12/2022
Processamento e edição: Editora Ibero
-
Americana de Educação.
Correção, formatação, normalização e tradução.
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Consumption and social distinction in the digital space
Rev. Sem Aspas
,
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1
CONSUMPTION AND SOCIAL DISTINCTION IN THE DIGITAL SPACE
CONSUMO E DISTINÇÃO SOCIAL NO ESPAÇO DIGITAL
CONSUMO Y DIFERENCIACIÓN SOCIAL EN EL ESPACIO DIGITAL
Ana Lúcia de CASTRO
1
Marina Kuranaga SILVA
2
ABSTRACT
: Assuming that consumption
-
as one of the main ways in which habitus can be
expressed
-
carries a distinctive dimension, insofar as it indicates symbolic boundaries and
bonds of belonging between social groups, this article seeks to contribute to the ref
lection on
some dynamics of distinction in the contemporary Brazilian social configuration. In order to do
so, it takes as an empirical universe two spaces cut out in social networks: a Facebook group
related to the purchase and sale of products on 25 de M
arço, a famous popular shopping street
in the city of São Paulo, and the Instagram profile of a digital influencer. from the fashion and
style area, Maju Trindade.
KEYWORDS
: Anthropology. Consumption. Social medias.
Social class. Distinction.
RESUMO
:
Partindo do pressuposto de que o consumo
-
como um dos principais modos pelos
quais o habitus pode ser expressado
-
carrega uma dimensão distintiva, na medida em que
indica fronteiras simbólicas e elos de pertença entre os grupos sociais, este artigo busca
contribuir para a reflexão sobre algumas dinâmica de distinção na configuração social
brasileira contemporânea.
Para tanto, toma como universo empírico dois espaços recortados
nas redes sociais: um grupo de Facebook relacionado à compra e venda de produtos na 25 de
março, famosa rua de comércio popular na cidade de São Paulo, e o perfil no Instagram de
uma digital i
nfluencer da área de moda e estilo, Maju Trindade.
PALAVRAS
-
CHAVE
: Antropologia. Consumo. Redes sociais. Classes sociais. Distinção.
RESUMEN
: Asumiendo que el consumo
-
como una de las principales formas en que se puede
expresar el habitus
-
tiene una di
mensión distintiva, en la medida en que indica fronteras
simbólicas y lazos de pertenencia entre grupos sociales, este artículo busca contribuir a la
reflexión sobre algunas dinámicas de distinción en la configuración social brasileña
contemporánea. Para e
llo, toma como universo empírico dos espacios recortados en las redes
sociales: un grupo de Facebook relacionado con la compra y venta de productos en 25 de
Março, famosa calle comercial popular de la ciudad de São Paulo, y el Perfil de Instagram de
una in
fluencer digital del área de moda y estilo, Maju Trindade.
PALABRAS CLAVE
: Antropologia. Consumo. Redes sociales.
Clases sociales. Distinción.
1
São Paulo State University
(
UNESP
)
, Araraquara
–
SP
–
Brazil
.
Professor of the Postgraduate Program in Social
Sciences
.
ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
6165
-
7722
.
E
-
mail:
ana.castro@unesp.br
2
São Paulo State University
(
UNESP
)
, Araraquara
–
SP
–
Brazil
.
Graduated in Social Sciences
. ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
7815
-
1007
. E
-
mail: marinakuranaga@gmail.com
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Ana Lúcia de CASTRO
and
Marina Kuranaga SILVA
Rev. Sem Aspas
,
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Introduction
Pierre Bourdieu's recognition in the social sciences can be understood both by the
thematic breadth and fertility of his works, as well as by his ability to articulate the three classic
matrices (Marx, Weber and Durkheim), formulating an innovative theoret
ical
-
methodological
proposal in a moment of paradigmatic crisis in the field of social sciences. In
Distinction
(2007),
Bourdieu starts from extensive research on taste in the French context, seeking to understand
its social constraints and its distinctive
characteristic, as it is expressive of social, hierarchical
and hierarchical classifications, operated by different class fractions.
The reflection raised by the author on taste and lifestyles is the starting point for the
discussion proposed in this arti
cle, as it shows ways in which much more can be extracted from
them than individualized and individualizing analyses. That is, as Bourdieu demonstrates the
ways in which taste is socially shaped, he also shows that it is not indisputable and pertinent
excl
usively to the domain of individuality, but rather as something constructed by the
trajectories of agents in social fields.
Why do we like what we like? Why do we reject what we reject? The answers
to such questions reveal the tension between
opposing conceptions about the
formation of taste, sometimes understood "as a creative, spontaneous
engagement with a cultural object", sometimes seen as "something whose
result is predetermined" (Stewart, 2013, p. 3). This tensioning element
structures th
e debates in Social Sciences which, contrary to the commonsense
notion according to which taste is not discussed, has sought to thematize the
social determinants of taste and its place in the processes of production of
inequalities, in the construction of
social borders and symbolic and in the
formation of groups. A quick look at the recent sociological debates on the
subject indicates that there is a profound disagreement between the approaches
regarding individualization or, on the contrary, the persisten
t differentiation
and stratification of tastes and lifestyles (BERTONCELO; MIRA, 2019, p.
19,
our translation)
.
In this sense, tastes represent, beyond what is only visible and apparent (what is
deposited and arranged in bodies), a way of expressing the social field in which agents are
inserted and the
habitus
they carry.
The relevance of the concept of
habitus
is e
mphasized here, which can be understood
as a “structuring and structured structure”, which operates as a matrix of perception and action,
generating strategies for practices and which tends to guide the actions and conduct of agents,
and, simultaneously, i
s produced or formatted by capital acquired from the beginning, during
the trajectories of individuals.
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Consumption and social distinction in the digital space
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,
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The concept of
habitus
, central to Bourdian reflection, was formulated in
search of overcoming the dichotomy between objectivity and subjectivity, a
c
entral concern in the construction of his theoretical framework, as pointed
out by the author himself (BOURDIEU, 1987) and commentators of his work
(Ortiz, 1983; Peters, 2013). In his formulation, Bourdieu considers the
subjective filter of the agent, poin
ting to it as structuring, without, however,
disregarding the objectivity of the social structure that shapes it (CASTRO,
2019, p. 54, our translation)
.
[...] the
habitus
constitutes a structuring structure that organizes practices and
the perception of p
ractices, the
habitus
is also a structured structure; the
principle of the division of logical classes that organizes the perception of the
social world, is in turn the product of the incorporation of the division into
social classes (BOURDIEU, 2007, p.
16
4, our translation).
In this perspective, the agent is not a mere reproducer of fixed structures, nor is he the
bearer of an autonomous conscience to coordinate actions without rules and strategies
previously arranged in his social trajectory. This leads
us to realize that social actors are both
products and producers of the social structure, in a constant dynamic of feedback.
Culture, therefore, is understood in this view as a privileged dimension for
understanding hierarchization processes, power dispute
s and distinctions between classes,
bearing in mind that the economicist view alone would not support the analysis of the symbolic
aspects of the actions of individuals who they are the product and producers of the social
structure.
In Bourdieu's
conception, distinctions organize the symbolic system, which is
demonstrated in tastes, in lifestyles, in the way in which agents dispose and deposit cultural
objects that express positions and relationships in their bodies. In this sense, based on the
ass
umption that the understanding of the relationships and dynamics that configure the social
world cannot be reduced to the economic, the author elaborates the concept of “cultural capital”,
highlighting the emphasis on the symbolic dimension, understood as
essential for the reflection
on classes and hierarchies:
One of the main legacies of Bourdieu's work is the conception of Culture as a
capital, susceptible of being accumulated, transmitted and converted into other
capitals, being, for that, the resource
in the fights around the (re)production of
social and symbolic frontiers (LAMONT; MOLNAR, 2002). Originally used
by Bourdieu (1982b) and collaborators in their research on education to
explain the differential rates of school success among children from pr
ivileged
social backgrounds (as a function of the family transmission of the
dispositions and competences that facilitated understanding of the
pedagogical language, the satisfaction of the demands of evaluation and
appropriation of school contents) the co
ncept of cultural capital came to be
used later both as an autonomous principle of social differentiation alongside
economic capital (multidimensionality of social space) and as provisions for
(understood as) legitimate appropriation of goods and more legi
timate
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Ana Lúcia de CASTRO
and
Marina Kuranaga SILVA
Rev. Sem Aspas
,
Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019
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practices (that is, what is seen as worthy of being appropriated)
(BERTONCELO; MIRA, 2019, p. 24, our translation).
In this sense, consumption
-
the way in which the
habitus
can be expressed, as well as
the cultural and economic capital can be made explicit
-
carries, among others, a distinctive
dimension
-
if we take as a reference that all practices delimit our space within the social field
-
and taste is the way in which o
bjects are transformed into distinct and distinctive symbols
(generally driven by
habitus
). As a result of this aspect, taste
–
evidenced, mainly, by the
universe of consumption
–
is what ends up symbolically expressing our
habitus
and our class
characteri
stics.
The idea of taste, typically bourgeois, since it presupposes absolute freedom
of choice, is so closely associated with freedom that it is difficult to conceive
the paradoxes of the taste of necessity: either by its abolition pure and simple,
transf
orming practice into a direct product of economic need
-
the workers eat
beans because they do not have the resources to buy another food
-
and
ignoring that, most of the time, the need is only satisfied because the agents
have a propensity to satisfy it b
ecause they taste what they either way, they
are doomed; or by its transformation into a taste for freedom, forgetting the
constraints of which it is the product and, thus, by its reduction to a
pathological and morbid preference for things of
-
first
-
ne
cessity, a kind of
congenital indigence, pretext for the practice of a class racism that associates
the people with what is fat and greasy, with strong red wine, with huge clogs,
with heavy work, with thunderous laughter, with jokes, with somewhat
rudiment
ary common sense and coarse jokes. Taste is
amor fati
, a choice of
fate, albeit forced, produced by conditions of existence that, by excluding any
other possibility as if it were pure daydreaming, leave the taste for the
necessary as the only choice (BOURD
IEU, 2007, p.
169, our translation)
.
In the Bourdian
analysis, the taste of the subaltern classes would be guided, above all,
by the sense of need, would lead to a feeling of resignation, to a “lack of care for themselves”,
expressing a functional aesthetic sense attached to the urgencies of everyday life,
with which
the popular classes would potentially start to prioritize “being” over “seeming” at the moment
of consumption.
[
...
]
And the inversion of the importance attributed to food and clothing in the
popular classes
-
which consecrate the priority to b
eing
-
, while the middle
classes manifest the concern with the appearance, is the indication of a
reversal of the whole vision of the world. The popular classes transform
clothing into realistic use or, if you prefer, functionalist. By privileging
substanc
e and function over form, they want due compensation, so to speak,
for their expense, choosing something that “can last a long time”
(BOURDIEU, 2007, p. 190, our translation)
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Consumption and social distinction in the digital space
Rev. Sem Aspas
,
Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019
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Canclini (2009), based on the work of Grignon and Passeron (
apud
CANCLINI, 2009)
,
attenuates the idea that subordinate classes, driven by need, would not impart an aesthetic sense
to their choices.
Even if the subordinate sectors do not have the time or the economic resources
of the bourgeoisie to dedicate themselves to a stylization of their lives, they
do not live a life without style
[
...
]
The theory of cultural legitimacy, which
reduces differenc
es to faults, alterities to defects, it fails to see the stylization
that is printed to different parts of the house, everything that popular teenagers
cultivate in the decorations of their bodies, in clothes and cosmetics, in their
cars and motorcycles, i
n the atmosphere of their rooms or fun places
(CANCLINI, 2009, p. 90, our translation)
.
Given the above, it is worth looking back at the contemporary Brazilian social
configuration and questioning the ways in which groups seek distinction, establishing sy
mbolic
boundaries and creating links of belonging to each other. To do so, we will take as an empirical
universe two spaces cut out in social networks: A Facebook group related to the purchase and
sale of products on
25 de Março
, a famous street of popular
commerce in the city of São Paulo,
and the profile of the influencer Maju Trindade.
Methodological considerations
Proposing ethnographic research in digital environments poses several challenges. The
first is to choose which digital “environments” would be the most conducive to the research
objectives. To do so, we take as inspiration the work of Leitão and Gomes (201
7
, p. 42, our
translation
), who suggest:
treating digital platforms as 'environments' was a decisive step, considering
the fact that an environment is defined as such because it is associated with
the very idea of life, making it inevitable to define the
kind of life we would
deal with
.
Based on this argument of digital platforms as “environments” related to ideas and
genres of life, we sought to find platforms that at the same time demonstrate consumption
practices (buying, selling, disclosures and the l
ike), as well as the discourses on these actions.
Social networks, in this sense, fit the parameters of the most appropriate field for carrying out
the observations. Instagram and Facebook were the platform choices for opening up spaces for
both large adve
rtising campaigns and small advertisements, purchases and sales of the most
diverse goods and objects, as well as for discussions and forums in groups and niches of profiles
and people on specific and varied subjects.
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Ana Lúcia de CASTRO
and
Marina Kuranaga SILVA
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The concepts of “wandering”, “accompan
iment” and “immersion” (LEITÃO; GOMES,
2017) also served as the basis for the ethnographic work, since the extent to which the observed
actors (influencers and their followers on Instagram and profiles who interact in Facebook
groups) are not fixed to a si
ngle platform or page, it was necessary to monitor the transit
between environments to better understand the speeches and discussions raised by them.
An example of this was the need to watch videos on the YouTube platform, linked to
the profile of the influencer Maju Trindade, followed more systematically by her profile on
Instagram. In addition, interactions via “follow”, “likes”, “clicking” on links,
“saving posts”
and “viewing”, were also ways of enabling follow
-
up.
In view of the dimensions of research in a digital environment and the difficulty of
directly contacting some actors (such as major influencers or administrators of large pages), the
metho
d of capturing speeches and their contents was indirect. That is, just based on what was
publicly posted. Therefore, continuous follow
-
up using different means was of great importance
so that it could be observed from different angles. For this purpose, an
account (a profile) was
created on the Instagram platform, to follow and interact with the previously selected profiles.
To enter groups on the Facebook platform, a personal profile was used to facilitate access
permissions to the content posted there.
To
choose the influencers who would be followed on Instagram, a list of around 15
profile names was made. The number of followers, description of the profile, which niche it
belongs to (fashion, lifestyle, cosmetics and makeup, comedy, music and others), his
tory and
partnership with brands, channels and profiles on other platforms and their reach, as well as
news and reports about influencers were researched and placed in a list divided by categories
(“Influencers in the beauty category with low cost cosmetic
s”, “Influencers in the beauty
category with low and high cost cosmetics”, “Influencers who link their image to products high
-
cost brands”, “Streetwear fashion influencers” and “Conscious fashion influencers”). Based on
the data listed, three profiles were
chosen to start the follow
-
ups. They were HypedContent,
MajuTrindade and ViihRocha.
For the purposes of this article, we will focus specifically on the profile of Maju
Trindade, an influencer linked to fashion and lifestyle, who began to be successful wit
h her
posts of short videos about everyday life on Snapchat and Vine platforms, as well as “vlogs”
on Youtube and Instagram posts. She currently has 6.1 million
3
followers on Instagram and had
3
Available:
https://www.instagram.com/majutrindade/?hl=pt.
Access
:
22
July
2022.
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7
around 17 million views on her videos on her YouTube channel
4
. In addition to being an
influencer, Maju is also a model.
As for Facebook groups, the choice was made by keywords and number of participants.
Groups such as “
Lojas do Brás
” (9.4 thousand members), “
Maquiagem 25 de março
” (3.8
thousand members) and “
Cosmé
ticos em atacado no Brás e 25 de março
” (4.4 thousand
members)
5
were found. With permission to access the contents, the first group proved to be
more conducive to observations since it contains posts more focused on dissemination, buying
and selling, unli
ke the others that end up containing posts of other types mixed with sales
content (such as religious posts and others).
The analysis, therefore, was developed from the observation of the posts, comments and
interactions that appear, both by the members of
the groups and by the influencers and their
followers on Instagram. Screenshots of the posts and comments made were taken as a way of
recording the data. In addition, relevant aspects in the speeches and details of images are
recorded in a field diary for
a better understanding of the data and information collected, as well
as to assist in the formulation of research reports.
Rua 25 de Março
in Facebook groups
Regarding questions about consumption and its symbolic dimension and the analysis of
the subje
ct in the digital environment, it is necessary to understand that social networks and the
internet are spaces for symbolic exchanges, whether through goods and objects or ideas and
images. Conceiving, therefore, the digital environment as an environment th
at enables the
analysis of the meanings of consumption is also understanding it as “associated with the very
idea of life” (LEITÃO; GOMES, 2017).
As a result of this notion, it is necessary to understand how “life” is governed in the
digital environment, e
specially regarding the central theme of this research, which are the
meanings of consumption in contemporary culture.
The observations carried out in the Facebook groups related to the purchase and sale of
products on the famous
25 de março
, in the city o
f São Paulo, point out that even if the popular
classes seek the lowest cost consumption spaces, there is always a search for the brand (even
than in a replica), for the image and even for the ostentation. We noticed the massive
4
Available:
https://www.youtube.com/c/majuthings/about.
Access:
22
July
2022
.
5
Available:
https://www.facebook.com/groups/1252936514819847.
Access:
22
July
2022
.;
Available:
https://www.facebook.com/groups/886799731740423.
Access:
22
July
2022
;
Available
:
https://www.facebook.com/groups/187218858489222.
Access:
22
July
2022
.
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dissemination of pieces tha
t bear the names of brands and brands such as
Givenchy, Louis
Vuitton, Versace, Gucci, Dulce & Gabbana, Adidas, Nike, Vans, Fila, Tommy Hilfiger
, among
many others that demonstrate the search for products related to goods of consumption
legitimized by the
upper middle classes, reproducing the logic of distinction. In this sense, we
identified discourses such as “looking rich”, being “fine and rich”, among others, indicative of
the intention to express a social place or an image associated with dominant grou
ps, supposedly
carriers of “legitimate taste”. As Bourdieu pointed out, spending on appearance
–
alongside
food consumption and cultural consumption
–
is one of the main strategies for denoting
distinction and the analysis of the material raised points in
this direction, remembering that,
especially in Brazil, the desire for acceptance Social includes personal presentation, aesthetic
dispositions, clothing and the use of cosmetics.
Furthermore, still thinking about counterpoints in the modes of social class
es in the
Brazilian context in relation to the French context analyzed by Bourdieu, it is interesting to
bring to mind the so
-
called “cosplay of poor people” (ALANIZ, 2018). The word “cosplay” is
a combination of the word “costume” (fantasy) and “roleplay”
(acting, acting, playing), and is
popularly used among anime and manga fans to define a type of entertainment in which some
people spend to dress up as characters they like in events related to the themes. The idea,
however, of the term “cosplay of poor p
eople” does not connect with the universe of anime and
manga
–
although there is a similar term within it that represents precariously making costumes,
the so
-
called “
cospobres
(
cospoor
)” or “cheap cosplays”. The term “poor's cosplay” is popular
among low
-
income students who have entered Brazilian public universities, especially those
who depend on student permanence policies, to designate students (mostly from the middle
class) who are supported by the income of their parents, who choose to “play the role
of the
poor” through clothing (designer clothes with an aged or frayed appearance) and other aspects
as a way of complaining about the “financial difficulties” of university life and as a way of
suggesting supposed “solidarity” with the difficulties of the
less affluent classes.
Therefore, what can be noticed is that in each context different senses and meanings are
given to what is consumed. The symbolic character of consumption practices changes
depending on which actors and, mainly, which social
space is observed. The desire for imitation
occurs between classes and the distinction is placed in the ways presented in the disposition and
consumption of goods. And, as much as the popular classes seek to approach the higher classes,
there is always som
ething distinctive, whether in cultural, economic and/or social capital
-
the
latter being so relevant in Brazilian social relations.
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Consumption and social distinction in the digital space
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The observation of the groups, on the Facebook platform, aimed at advertising, buying
and selling the most popular product
s linked to the shops on Rua 25 de Março are more explicit
in their objective of selling products. That is, buying and selling posts that try to sell an idea
before a product are rare, most of the time the products and their values are exposed, the ways
to
acquire them and possible contacts so that orders can be placed. In the groups, it is possible
to notice the existence of different posts of different clothing and cosmetics products, always
with this structure pattern.
The distinctive intention expressed
by the purchase is evident in the interest in the
replicas, massively publicized in Facebook groups and, known to be a trademark of
consumption spaces such as 25 de Março in the city of São Paulo. In these groups, the posts are
direct, exposing the produc
ts and their prices, without content that refers to behavior or lifestyle,
supposedly due to the fact that Internet users who access these environments seek the expression
of a distinctive style in the acquisition of the product itself. The identification
with a certain
group or lifestyle would be materialized by the possession of the product, in this case, the
replicas of clothing and accessories from brands.
In this sense, there would be no need to guide the construction of lifestyles in that space,
focus
ed only on exchange. It may be that at times the name of a celebrity is mentioned who was
very recognized for using a certain piece with the intention of boosting sales. Even so, this
action is aimed exclusively at the sale of clothing, accessories and cos
metics.
In general, in the Facebook groups related to the interest in commerce on
Rua 25 de
Março
and
Rua do Brás
, the posts usually have descriptive captions about the products and the
ways in which they can be purchased. In the images of the products, co
unterfeits and replicas
of renowned brands can be seen, evidencing the search for symbolic markers linked to the
consumption of certain goods. Observation of posts indicated interest in lower cost replicas and
counterfeits. The figure below illustrates thi
s idea:
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10
Figur
e
1
–
Publication of products withdrawn from the Group
“
Lojas do Brás
”
Source
:
Facebook group
“
Lojas do Brás
”
If in facebook
groups the members expose themselves directly, posting images and
comments horizontally, spaces like Instagram and Youtube presuppose the figure of the digital
influencer, who will play a role of symbolic mediator between consumers and the brand,
performi
ng both a role " pedagogical” in the “education of tastes”, as a “sales promoter”, in the
dissemination of brands and products. In these spaces, with the presence of influencers, the
dissemination of images, goods and objects, in most cases, is not done ex
plicitly and directly,
being characterized by being more subtle and indirect, as we will demonstrate in the next topic.
Digital influencers: the case of Maju Trindade
The role of digital influencers is of paramount importance for understanding the
dynamics of consumption in contemporary culture, as it is from these actors that much of what
happens related to consumption on the internet and outside it is shaped and takes
on meaning.
Influencers can be understood as “new professional profiles that reorganize dynamics in the
Communication market
-
from journalism to advertising” (KARHAWI, 2016, p. 41, our
translation). These professionals have ways of acting and disseminati
ng actions, goods, tastes
and styles so that those who “consume” the contents created by them attribute value and
meaning to what is disclosed. Extremely dependent on their own image, influencers monetize
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for what Karhawi (2016) calls “I as a commodity”, t
hat is, from the transformation of the
individual (“I”) into a commodity.
The role of these actors in the meanings attributed to consumption in general is linked
to their advertising efficiency, their ability to influence consumers, since their personal
di
scourse and proximity to those who consume their content makes them to be seen as more
reliable than celebrities in traditional advertisements. Karhawi also demonstrates the possibility
of interpreting the construction of influence, reputation and trustwor
thiness of digital
influencers from the Bourdian perspective.
Another theoretical perspective to understand the construction of reputation in
the digital environment is based on Bourdieu's studies on social, economic and
cultural capital. Pedrone identified, in the Italian fashion blogosphere, that
“bloggers use the
cultural capital accumulated by formal education and self
-
education” (2015, p. 189, our translation); that economic capital is related to
the possibility of sustaining oneself or not just with blog earnings. Social capital
completes the triad ‘[...] as a f
actor that strengthens one’s power in a field. It
consists of the agent’s [blogger] relationship networks and his social group”
(PEDRONI, 2015, p. 190
apud
KARHAWI, 2016, p.
44
-
45
,
our translation
)
.
Furthermore, thinking about what was said about the cons
truction of their own image
by influencers, reflecting on the construction of the appearance of both these actors and others
(such as followers and consumers) is a relevant factor.
As Jordão and Mendonça point out
(2016
, p. 149, our translation
):
Appearance is the first
-
and sometimes the only
-
information you can get about
an unknown person in a public space. We can think that it is divided into two
aspects: the immediate, which is the aesthetic image of the person, which
involves skin, hair, cl
othes, accessories, in short, consumed objects; and
conduct, which concerns posture, gestures, the way of speaking, walking etc.
In this sense, to seek the meanings attributed to consumption in the digital environment,
it is essential to think about the
role of influencers in social networks and their relationship with
the ways of consuming goods/objects and lifestyles.
The digital influencer analyzed here, Maju Trindade, started her work on digital
platforms at a very young age and, in addition to being
an influencer, she also works as a model.
When it comes to the style of posts, clothing and the like, the influencer does not differ from
the approach style of other figures in her field, despite always looking for a different style within
the field of mas
s fashion on social networks.
The influencer seems to be inspired by music celebrities such as rap and indie rock, for
example. This aspect is demonstrated in the way she dresses, as she ends up wearing many
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pieces in more neutral tones, with prints that a
re more specific to a romantic and urban style
and that demonstrate a more Street Wear/casual trend.
When making observations about the influencer Maju Trindade's profile, what became
more evident was the behavior typically corresponding to her profession.
The subtlety in the
way of publicizing products and brands in everyday moments, layout of posts with photos and
videos that bring engagement
-
not only for the advertised product or for the brand that sponsors
the “post”, but mainly for the posture, eloqu
ence and the characteristics of the influencer that
end up bringing her closer to her followers.
The influencer is also a model and her trajectory as a model seems to have a lot of
influence on the molds of the photos and videos she takes on social network
s. Most of the posts
found on her Instagram profile are very well “kept”, that is, the setting, lighting, poses, spatial
distribution between the influencer figure and the product(s) to be disclosed are millimetrically
organized to at the same time demonst
rate professionalism and proximity to those who interact
due to the "simplicity" of the post. On the aspect of proximity and credibility Karhawi (2016)
points out:
This point is crucial when thinking about reputation and digital influencers: the
Self. The
difference between a digital influencer and a celebrity is precisely the
subject, the Self. The digital influencer, digital influencer, or whatever current
name it may be, is a subject who preserves her Self. While a celebrity is far
away, under the spotl
ight, tracing a path of success that seems far away from
those who watch them in cinema or television, digital influencers are on
Facebook, Instagram, Snapchat, in other spaces occupied by 'common people'
with whom they dialogue on equal terms. It is for t
his reason, too, that
magazines and websites of traditional media vehicles do not have the same
reputation as digital influencers. The proximity of these subjects to their
audiences, their network, based on intimate writing, the use of the first person
(in
the case of blogs, Instagram, Twitter) and personality, creates an
approximation between the content creator and their audiences. It is in this
support that the symbolic capital of bloggers is built and, very strongly, of
fashion bloggers who are seen as
the best friends of their readers
(KARHAWI,
2016, p. 46
-
47
, our translation
)
.
The way to advertise in the field of digital influencers is by demonstrating uses in
everyday life, which means that it is not enough to mention the name or brand and the value of
the product, it is necessary to demonstrate the influencer's choice by that
particular product,
how you usually use it and your impressions. As a result, what ends up happening is the creation
of content that serves as product and brand reviews, “stories” and “posts” with a subtle
presentation of products and unboxings.
The observ
ed influencer's Instagram profile and YouTube account contain several posts
that mainly cover the last two types of advertising mentioned above. By placing content in a
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Consumption and social distinction in the digital space
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more subtle way and being sponsored by more valued brands, the influencer conveys an id
ea
of a “finer” lifestyle, despite being an influencer who was also known for creating humorous
videos at the beginning of her career in digital platforms.
As previously mentioned, there is a typical mode of dissemination of more traditional
digital influe
ncers that is based on a subtle way of showing products and brands in the actions
of everyday personal life, a strategy that is very popular with brands that seek advertising
partnerships and is advantageous for influencers, since “showing the day
-
to
-
day l
ife” and their
opinions about products during use can generate more engagement than more traditional
advertising (the presentation of the product by the product/by the brand).
Maju Trindade, in this sense, proves to be a typical digital influencer who prom
otes
products and brands in her daily life, inducing the consumption of certain goods and objects
due to their “quality” (be it beauty, brand status, resistance and durability of the product).
product and others). Figures 2, 3 and 4 illustrate this idea:
Figur
e
2
–
Post of exercising in NIKE clothing on 11 January 2021
Source
:
Instagram profile of influencer Maju trindade
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Ana Lúcia de CASTRO
and
Marina Kuranaga SILVA
Rev. Sem Aspas
,
Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019
,
2022.
e
-
ISSN 2358
-
4238
DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.17040
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Figur
e
3
–
Post of exercising in NIKE clothing on12 January 2021
Source
Instagram profile of influencer Maju trindade
Figur
e
4
–
NIKE
-
branded exercise practice post on 13 January 2021
Source
:
Instagram profile of influencer Maju trindade
In the three images, the influencer shows the NIKE logo on her clothes to do physical
exercises. In these specific images, at no time is there any type of tag or hashtag indicating the
brand, but the demonstration of the use of the brand is recurrent. Othe
r brands used by the
influencer are marked by the usernames of the Instagram account or by hashtags, but they are
usually not marked with large letters, but small ones. In other words, it is a subtle promotion of
products and brands, highlighting the diffe
rence in the way goods and objects are disclosed on
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Consumption and social distinction in the digital space
Rev. Sem Aspas
,
Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019
,
2022.
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ISSN 2358
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DOI:
https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.17040
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these platforms, compared to facebook groups. However, the distinctive intention, revealed by
the exposure of recognized brands and by the behavior and lifestyle tips, is also clearly
perceived in this di
gital environment.
Final considerations
This article sought to contribute to the reflection on the consumption of symbolic goods
related to the construction of appearance in a perspective that put into play the relations between
classes, within the virt
ual environment, social networks and digital platforms. The observed
profiles and groups were able to reveal characteristics of the classes and groups to which they
belong, as well as revealing rules and standards specific to the field in which they operat
e on
the internet.
Digital platforms and openness to the formation of groups based on common interests
configure a space in which Internet users, when participating in these environments, are inserted
in an atmosphere totally focused on the indicated inter
est. In this sense, it becomes fruitful to
think about the ways in which tastes are also influenced by the network itself that articulates
the profiles directing them by keywords, types of content, engagement and reactions, and not
just by the figures of i
nfluencers and/or product advertisements.
Studying social networks, therefore, is studying the patterns of connections
expressed in cyberspace. It is to explore a structural metaphor to understand
dynamic elements and composition of social groups (RECUERO
, 2009, p. 22,
our translation).
Finally, it is worth highlighting the relevance of Pierre Bourdieu's contribution to
understanding the mechanisms of distinction. However, it is necessary to pay attention to the
ways in which the trajectories of these age
nts are shaped in a context that is different and much
more complex than that observed by Bourdieu, especially when we take into account the rise
of social networks and the lifestyles that derive from them.
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How to reference this article
CASTRO, A. L.; SILVA, M. K
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Consumption and social distinction in the digital space
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Rev.
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ISSN: 2358
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4238.
DOI:
https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.17040
Submitted
:
29/07/2022
Required revisions
:
12/08/2022
Approved
:
19/10/2022
Published
:
26/12/2022
Processing and Editing
: Editora
Ibero
-
Americana de Educação.
Correction, formatting, normalization and translation
.