image/svg+xmlConsumo e distinção social no espaço digitalRev. Sem Aspas,Araraquara, v.11, n.esp.1, e022019,2022. e-ISSN2358-4238DOI:https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.170401CONSUMO E DISTINÇÃO SOCIAL NO ESPAÇO DIGITALCONSUMO Y DIFERENCIACIÓN SOCIAL EN EL ESPACIO DIGITALCONSUMPTION AND SOCIAL DISTINCTION IN THE DIGITAL SPACEAna Lúcia de CASTRO1Marina Kuranaga SILVA2RESUMO: Partindo do pressuposto de que o consumo -como um dos principais modospelos quais o habitus pode ser expressado -carrega uma dimensão distintiva, na medida em que indica fronteiras simbólicas e elos de pertença entre os grupos sociais, este artigobuscacontribuir para a reflexão sobre algumas dinâmica de distinção na configuração social brasileira contemporânea. Para tanto, toma como universo empírico dois espaços recortados nas redes sociais: um grupo de Facebookrelacionado à compra e venda de produtos na 25 de março, famosa rua de comércio popular na cidade de São Paulo, e o perfil no Instagramde uma digital influencer da área de moda e estilo, Maju Trindade. PALAVRAS-CHAVE: Antropologia. Consumo. Redes sociais. Classes sociais. Distinção.RESUMEN: Asumiendo que el consumo -como una de las principales formas en que se puede expresar el habitus-tiene una dimensión distintiva, en la medida en que indica fronteras simbólicas y lazos de pertenencia entre grupos sociales, este artículo busca contribuir a la reflexión sobre algunas dinámicas de distinción en la configuración social brasileña contemporánea. Para ello, toma como universo empírico dos espacios recortados en las redes sociales: un grupo de Facebook relacionado con la compra y venta de productos en 25 de Março, famosa calle comercial popular de la ciudad de São Paulo, y el Perfil de Instagram de una influencer digital del área de moda y estilo, Maju Trindade.PALABRAS CLAVE: Antropologia. Consumo. Redes sociales. Clases sociales. Distinción.ABSTRACT: Assuming that consumption -as one of the main ways in which habitus can be expressed -carries a distinctive dimension, insofar as it indicates symbolic boundaries and bonds of belonging between social groups, thisarticle seeks to contribute to the reflection on some dynamics of distinction in the contemporary Brazilian social configuration. In order to do so, it takes as an empirical universe two spaces cut out in social networks: a Facebook group related to the purchase and sale of products on 25 de Março, a famous popular shopping street in the city of São Paulo, and the Instagram profile of a digital influencer. from the fashion and style area, Maju Trindade. KEYWORDS: Anthropology. Consumption. Social medias. Social class. Distinction.1Universidade Estadual Paulista(UNESP), AraraquaraSP Brasil.Professora doPrograma de Pós-graduaçãoem Ciências Sociais.ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6165-7722.E-mail:ana.castro@unesp.br2Universidade Estadual Paulista (UNESP), AraraquaraSP Brasil. Graduada em Ciências Sociais. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7815-1007. E-mail: marinakuranaga@gmail.com
image/svg+xmlAna Lúcia de CASTRO e Marina Kuranaga SILVARev. Sem Aspas,Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019,2022. e-ISSN 2358-4238DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.170402IntroduçãoO reconhecimento de Pierre Bourdieu nas ciências sociais pode ser entendido tanto pela amplitude temática e fertilidade de suas obras, como também pela sua capacidade de articulação de articulação das três matrizes clássicas (Marx, Weber e Durkheim), formulando uma proposta teórico-metodológica inovadora em um momento de crise paradigmática no campo das Ciências sociais. Em A Distinção(2007), Bourdieu parte de ampla pesquisa sobre o gosto no contexto francês, buscando compreender seus condicionantes sociais e sua característica distintiva, ao ser expressivo de classificações sociais, hierarquizantes e hierarquizadas, operadas pelas diferentes frações de classe. A reflexão suscitada pelo autor, sobre o gosto e os estilos de vida, é ponto de partida para a discussão proposta neste artigo, por mostrar caminhos pelos quais se pode extrair deles muito mais do que análises individualizadas e individualizantes. Ou seja, à medida em que Bourdieu nos demonstra os modos pelos quais o gosto é socialmente formatado, ele apresenta também que esse não se configura como indiscutível e pertinente exclusivamente ao domínio da individualidade e, sim, como algo construído pelas trajetórias dos agentes nos campos sociais. Por que gostamos do que gostamos? Por que rejeitamos oque rejeitamos? As respostas para tais questões são reveladoras da tensão entre concepções opostas sobre a formação do gosto, ora entendido "como engajamento criativo, espontâneo com um objeto cultural", ora visto como "algo cujo resultado é pré-determinado" (Stewart, 2013, p 3). Esse elemento tensionador estrutura os debates nas Ciências Sociais que, contrariando a noção de senso comum segundo a qual gosto não se discute, tem buscado o tematizar os condicionantes sociais do gosto e o seu lugar nos processos de produção de desigualdades, na construção de fronteiras sociais e simbólicas e na formação de grupos. Uma rápida passada pelos debates sociológicos travados recentemente sobre o tema indica haver uma profunda discordância entre as abordagens quanto àindividualização ou ao contrário a persistente diferenciação e estratificação dos gostos e estilos de vida (BERTONCELO; MIRA, 2019, p.19) Neste sentido, os gostos representam, para além do que é apenas visível e aparente (o que depositado e disposto nos corpos), uma forma de expressar o campo social em que se inserem os agentes e o habitus que portam. Ressalta-se aqui a relevância do conceito de habitus, que pode ser entendido como “estrutura estruturante e estruturada”, que opera como matriz de percepção e ação, geradora de estratégias para as práticas e que orienta tendencialmente as ações e condutas dos agentes, e, simultaneamente, é produzido ou formatado pelos capitais adquiridos desde a origem, durante as trajetórias dos indivíduos.
image/svg+xmlConsumo e distinção social no espaço digitalRev. Sem Aspas,Araraquara, v.11, n.esp.1, e022019,2022. e-ISSN2358-4238DOI:https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.170403O conceito de habitus, central na reflexão bourdiana, foi formulado em busca da superação da dicotomia entre objetividade e subjetividade, preocupação central na construção de seu arcabouço teórico, como aponta o próprio autor (BOURDIEU, 1987) e comentadores de sua obra (Ortiz, 1983; Peters, 2013). Emsua formulação, Bourdieu considera o filtro subjetivo do agente, ao apontá-lo como estruturante, sem, contudo, desconsiderar a objetividade da estrutura social que o formata (CASTRO, 2019, p. 54).[...] o habitus constitui-se em estrutura estruturante que organiza as práticas e a percepção das práticas, o habitus é também estrutura estruturada; o princípio da divisão das classes lógicas que organiza a percepção do mundo social, é por sua vez o produto da incorporação da divisão em classes sociais (BOURDIEU, 2007, p.164).Nessa perspectiva, o agente não é mero reprodutor de estruturas fixas, como também não é portador de uma consciência autônoma para coordenar as ações sem regras e estratégias dispostas previamente em sua trajetória social. O que nos leva a perceber que os atores sociais são produto e também produtores da estrutura social, em uma dinâmica constante de retroalimentação A cultura, portanto, é entendida nessa visão como dimensão privilegiada para que se compreenda os processos de hierarquização, disputas de poder e distinções entre as classes, tendo em vista que apenas a visão economicista não comportaria a análise dos aspectos simbólicos das ações dos indivíduos que são produto e produtores da estrutura social. Na concepção de Bourdieu as distinções organizam o sistema simbólico, o que se demonstra nos gostos, nos estilos de vida, no modo pelos quais os agentes dispõem e depositam em seus corpos os objetos culturais que expressam posições e relações. Nesse sentido, partindo do pressuposto de que a compreensão sobre as relações e a dinâmica que configuram o mundo social não se reduz ao econômico, o autor elabora o conceito de “capital cultural”, evidenciando a ênfase na dimensão simbólica, entendida como essencial para a reflexão sobre classes e hierarquias: Um dos principais legados da obra de Bourdieu é a concepção de Cultura como um capital, suscetível de ser acumulado, transmitido e convertido em outros capitais, sendo, para isso, o recurso nas lutas em torno da (re)produção de fronteiras sociais e simbólicas (LAMONT; MOLNAR, 2002). Originalmente empregado por Bourdieu (1982b) e colaboradores em suas pesquisas sobre educação para explicar as taxas diferenciais do sucesso escolar entreas crianças de origens sociaisprivilegiadas (em função da transmissão familiar das disposições e competências que facilitavam entendimento da linguagem pedagógica, a satisfação das exigências de avaliação e a apropriação dos conteúdos escolares) o conceito de capital cultural passou a ser empregado posteriormente tanto como um princípio autônomo de diferenciação social ao lado do capital econômico (multidimensionalidade do espaço social) quanto como disposições para
image/svg+xmlAna Lúcia de CASTRO e Marina Kuranaga SILVARev. Sem Aspas,Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019,2022. e-ISSN 2358-4238DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.170404apropriação (entendida como) legítima dos bens e práticas mais legítimos (ou seja, daquilo que é visto como digno de ser apropriado) (BERTONCELO;MIRA, 2019, p. 24). Neste sentido, o consumo -modo pelo qual o habitus pode ser expresso, bem como os capitais cultural, econômico podem ser explicitados carrega, dentre outras, uma dimensão distintiva -se tomamos como referência que todas as práticas delimitam nosso espaço dentro do campo social -e o gosto é a forma pela qual se transforma os objetos em símbolos distintos e distintivos (geralmente impulsionado pelo habitus). Em consequência desse aspecto, o gosto evidenciado, principalmente, pelo universo do consumo -é o que acaba por expressar simbolicamente o nosso habitus e as nossas características de classe. A ideia de gosto, tipicamente burguesa, já que supõe a liberdade absoluta da escolha, é tão estreitamente associada à liberdade que é difícil conceber os paradoxos do gosto da necessidade: ou por sua abolição pura e simples, transformando a prática em um produto direto da necessidade econômica -os operários comem feijão por não disporem de recursos para comprar outro alimento -e ignorando que, na maior parte do tempo, a necessidade só é satisfeita porque os agentes têm propensão a satisfazê-la por terem ogosto daquilo a que, de qualquer modo, estão condenados; ou por sua transformação em gosto de liberdade, esquecendo os condicionantes de que ele é o produto e, assim, por sua redução a uma preferência patológica e mórbida para as coisas de -primeira -necessidade, uma espécie de indigência congênita, pretexto para a prática de um racismo de classe que associa o povo ao que é gordo e gorduroso, ao vinho tinto forte, aos enormes tamancos, aos trabalhos pesados, à gargalhada estrondosa, às piadas, ao bom senso um tanto rudimentar e às pilhérias grosseiras. O gosto é amor fati, escolha do destino, embora forçada, produzida por condições de existência que ao excluir qualquer outra possibilidade como se tratasse de puro devaneio, deixa como única escolha o gostopelo necessário (BOURDIEU, 2007, p.169).Na análise bourdiana, o gosto das classes subalternas se pautaria, sobretudo, pelo senso de necessidade, levaria a um sentimento de resignação, a uma “falta de cuidado consigo mesmos”, expressando um senso estético funcional preso às urgências do cotidiano, com o qual as classes populares potencialmente passariam a priorizar o “ser” ao “parecer” no momento do consumo. (....) E a inversão da importância atribuída à alimentação e ao vestuário nas classes populares-que consagram a prioridade ao ser -, enquanto as classes médias manifestam a preocupação com o parecer, é o indício de uma reviravolta de toda a visão do mundo. As classes populares transformam o vestuário em uso realista ou, se preferirmos, funcionalista. Ao privilegiar a substância e a função em relação à forma, eles desejam a devida compensação, se assim pode dizer, para seu gasto, escolhendo algo que “pode durar muito tempo” (BOURDIEU, 2007, p.190).
image/svg+xmlConsumo e distinção social no espaço digitalRev. Sem Aspas,Araraquara, v.11, n.esp.1, e022019,2022. e-ISSN2358-4238DOI:https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.170405Canclini (2009), apoiado no trabalho de Grignon ePasseron (apudCANCLINI, 2009), atenua a ideia de que as classes subalternas, orientadas pela necessidade, não imprimiriam um sentido estético às suas escolhas. Ainda que os setores subalternos nãos disponham do tempo nem dos recursos econômicos da burguesia para se entregarem a uma estilização da sua vida, não vivem uma vida sem estilo [...]A teoria da legitimidade cultural, que reduz as diferenças a faltas, as alteridades a defeitos, não consegue ver a estilização que se imprime a diferentes partes da casa, tudo aquilo que os adolescentes populares cultivam nos enfeites do seu corpo, na roupa e na cosmética, nos seus automóveis e motocicletas, no ambiente de seus quartos ou lugares de diversão (CANCLINI, 2009, p.90).Diante do exposto, cabe voltarmos o olhar para a configuração social brasileira contemporânea e questionar sobre os modos pelos quais os grupos buscam distinção, estabelecendo fronteiras simbólicase criando elos de pertença entre si. Para tanto, tomaremos como universo empírico dois espaços recortados nas redes sociais: Um grupo de Facebook relacionado à compra e venda de produtos na 25 de março, famosa rua de comércio popular na cidade de São Paulo e o perfil da influencer Maju Trindade.Considerações metodológicasPropor uma pesquisa de cunho etnográfico em ambientes digitais coloca vários desafios. O primeiro deles é elegerquais “ambientes” digitais seriam os mais propícios para os objetivos da pesquisa. Para tanto, tomamos como inspiração o trabalho de Leitão e Gomes (2017), que sugerem: tratar as plataformas digitais como ‘ambientes’ foi um passo decisivo, considerando o fato de que um ambiente se define como tal por estar associado à própria ideia de vida, tornando-se inevitável definir o gênero de vida que trataríamos (LEITÃO;GOMES, 2017, p. 42).Com base nesse argumento das plataformas digitais como “ambientes” relacionados a ideias e gêneros de vida, buscou-se encontrar plataformas que ao mesmo tempo demonstrassem práticas de consumo (compra, venda, divulgações e afins), assim como os discursos sobre essas ações. As redes sociais, nesse sentido, se encaixaram nos parâmetros do campo mais adequado para a realização das observações. Instagram e Facebook foram as escolhas de plataformas por abrirem espaços tanto para as grandes campanhas publicitárias, como para os pequenos anúncios, às compras e vendas dos mais diversos bens e objetos, bem como para as discussões e fóruns em grupos e nichos de perfis e pessoas sobre assuntos específicos e variados.  
image/svg+xmlAna Lúcia de CASTRO e Marina Kuranaga SILVARev. Sem Aspas,Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019,2022. e-ISSN 2358-4238DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.170406Os conceitos de “perambulações”, “acompanhamentos” e “imersões” (LEITÃO;GOMES, 2017) também serviram de base para o trabalho etnográfico, uma vez que a medida em que os atores observados (influenciadores e seus seguidores no Instagram e os perfis que interagem nos grupos do Facebook) não ficam fixos a uma só plataforma ou página, foi necessário acompanhar o trânsito entre ambientes para melhor compreender os discursos e discussões levantadas por eles.   Um exemplo disso, foi a necessidade de assistir a vídeos na plataforma Youtube, ligados ao perfil da influenciadora Maju Trindade, acompanhada mais sistematicamente pelo seu perfil noInstagram. Ademais, as interações via “seguir”, “likes”/“curtidas”, o “clicar” em links, o “salvar post” e a “visualização”, também foram modos de possibilitar o acompanhamento.  Tendo em vista as dimensões da pesquisa em ambiente digital e a dificuldade de conseguir contatar diretamente alguns atores (como os grandes influenciadores ou administradores de grandes páginas), o método de captação de discursos e seus conteúdos se deu de forma indireta. Ou seja, apenas com base no que era postado publicamente. Portanto, foi de grande importância o acompanhamento contínuo e por diferentes meios para que se pudesse observar por diversos ângulos. Para tanto, foi criada uma conta (um perfil) na plataforma Instagram, para seguir e interagir com os perfis selecionados anteriormente. Para a entrada nos grupos na plataforma Facebook optou-se pelo uso do perfil pessoal para facilitar as permissões de acesso aos conteúdos neles postados.  Para escolher os influenciadores que seriam seguidos no Instagram foi feita uma lista com cerca de 15 nomes de perfis. O número de seguidores, a descrição do perfil, a qual nicho pertence (moda, estilo de vida, cosméticos e maquiagem, comédia, música e outros), histórico e parceria com marcas, canais e perfis em outras plataformas e seus alcances, bem como notícias e reportagens sobre os influenciadores foram pesquisados e colocados em lista dividida por categorias (“Influenciadores da categoria beleza com cosméticos de baixo custo”, “Influenciadores da categoria beleza com cosméticos de baixo e alto custo”, “Influenciadores que ligam sua imagem a produtos de alto custo”, “Influenciadores de moda streetwear” e “Influenciadores de moda consciente”). Com base nos dados listados, foram escolhidos três perfis para dar início aos acompanhamentos. Foram eles Hyped Content, Maju Trindade e Viih Rocha.  Para efeitos deste artigo, enfocaremos especificamente o perfil de Maju Trindade, influenciadora ligada à moda e ao estilo de vida, que começou a fazer sucesso com as suas postagens de vídeos curtos sobre o cotidiano nas plataformas Snapchat e Vine, além de “vlogs
image/svg+xmlConsumo e distinção social no espaço digitalRev. Sem Aspas,Araraquara, v.11, n.esp.1, e022019,2022. e-ISSN2358-4238DOI:https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.170407no Youtube e postagens no Instagram.  Atualmente conta com 6,1 milhões3de seguidores no Instagram e tinha cerca de 17 milhões de visualizações em seus vídeos no canal do Youtube4. Além de ser influenciadora, Maju também é modelo.  Quanto aos grupos do Facebook, a escolha foi feita por palavras-chavee número de participantes. Foram encontrados grupos como “Lojas do Brás” (9,4 mil membros), “Maquiagem 25 de março” (3,8 mil membros) e “Cosméticos em atacado no Brás e 25 de março” (4,4 mil membros)5. Com a permissão de acesso aos conteúdos, o primeiro grupo se demonstrou mais propício para observações já que contém postagens mais voltadas à divulgação, compra e venda, diferentemente dos outros que acabam por conter postagens de outros tipos misturadas ao conteúdo de vendas (como posts religiosos e outros).  A análise, portanto, desenvolveu-se a partir da observação das postagens, comentários e interações que se apresentam, tanto pelos membros dos grupos quanto pelos influencers e seus seguidores no Instagram. Foram feitas capturas de tela das postagens e dos comentários feitos, como forma de registrar os dados. Ademais, estão registrados em diário de campo aspectos relevantes nos discursos e detalhes de imagens para a melhor compreensão dos dados e informações coletadas, bem como para auxiliar na formulação dos relatórios sobre a pesquisa.  A rua 25 de março nos grupos de FacebookNo tocante às questões sobre o consumo e a sua dimensão simbólica e a análise sobre o tema no ambiente digital, é necessário compreender que as redes sociais e a internet são espaços de trocas simbólicas, seja por meio de bens e objetos ou ideias e imagens. Conceber, portanto, o digital como ambiente que possibilita a análise dos sentidos do consumo é também entendê-lo como “associado à própria ideia de vida” (LEITÃO;GOMES, 2017). Em decorrência dessa noção, é necessário compreender como é regida a “vida” no ambiente digital, principalmente naquilo que diz respeito ao tema central desta pesquisa, que são os sentidos do consumo na cultura contemporânea. As observações realizadas nos grupos do Facebook relacionados à compra e venda de produtos da famosa25 de março, na cidade de São Paulo, apontaque mesmo que as classes populares busquem os espaços de consumo de menor custo, há sempre a busca pela marca 3Disponível em: https://www.instagram.com/majutrindade/?hl=pt. Acessoem:22jul. 2022.4Disponível em: https://www.youtube.com/c/majuthings/about. Acessoem:22jul. 2022.5Disponível em:respectivamente: https://www.facebook.com/groups/1252936514819847.Acessoem:22jul. 2022; Disponível em:https://www.facebook.com/groups/886799731740423. Acessoem:22jul. 2022; Disponível em:https://www.facebook.com/groups/187218858489222. Acessoem:22jul. 2022.
image/svg+xmlAna Lúcia de CASTRO e Marina Kuranaga SILVARev. Sem Aspas,Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019,2022. e-ISSN 2358-4238DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.170408(mesmo que em uma réplica), pela imagem e até pela ostentação. Percebemos a divulgação massiva de peças que estampam nomes de marcas e grifes como Givenchy, Louis Vuitton, Versace, Gucci, Dulce & Gabbana, Adidas, Nike, Vans, Fila, Tommy Hilfiger, dentre tantos outros que demonstram a busca por produtos relacionados a bens de consumo legitimados pelas classes médias altas, reproduzindo a lógica da distinção. Neste sentido, identificamos discursos como“ter a cara de rica”, ser “fina e rica”, dentre outros, indicativos da intencionalidade de expressar um lugar social ou uma imagem associados aos grupos dominantes, supostamente portadores do “gosto legítimo”. Como apontou Bourdieu, os gastos com aparência ao lado do consumo alimentar e consumo cultural -configura-se em uma das principais estratégias de denotar distinção e a análise do material levantadoaponta nesta direção, lembrando que, especialmente no Brasil, o desejo de aceitação social passa pela apresentação pessoal, pelas disposições estéticas, pelo vestuário e uso de cosméticos.Ademais, ainda pensando em contrapontos nos modos das classes sociais no contexto brasileiro em relação ao contexto francês analisado por Bourdieu, é interessante trazer à memória os chamados “cosplay de pobres” (ALANIZ, 2018). A palavra “cosplay” é uma junção das palavra “costume” (fantasia) com “roleplay” (atuação, interpretação, brincadeira), e é popularmente utilizada entre os fãs de animes e mangás para definir um tipo de entretenimento no qual algumas pessoas passam a se fantasiar de personagens que gostam em eventos relacionados aos temas. A ideia, porém, do termo “cosplay de pobre” não se conecta com o universo dos animes e mangás apesar de haver um termo parecido dentro dele que representa a confecção de fantasias de maneira precária, os chamados “cospobres” ou “cheapcosplays”.O termo “cosplay de pobre” é popular entre estudantes de baixa renda que adentraram universidades públicas brasileiras, principalmente os que dependem de políticas de permanência estudantil, para designar estudantes (em sua maioria de classe média) que são sustentados pela renda dos pais,que optam por “interpretar o papel de pobres” através do vestuário (roupas de grife com aparência envelhecida ou puída) e outros aspectos como forma de lamentar sobre as “dificuldades financeiras” da vida universitária e como modo de sugerir suposta"solidariedade" com as dificuldades das classes menos abastadas. Portanto, o que se nota é que em cada contexto se colocam sentidos e significados diferentes ao que se consome. O caráter simbólico das práticas de consumo se altera a depender de quais atores e,principalmente, de qual espaço social se observa. O desejo de imitaçãoocorre entre as classes e a distinção se coloca nos modos apresentados nas disposições e consumo de bens. E, por mais que as classes populares busquem se aproximar das mais altas, sempre há
image/svg+xmlConsumo e distinção social no espaço digitalRev. Sem Aspas,Araraquara, v.11, n.esp.1, e022019,2022. e-ISSN2358-4238DOI:https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.170409algo distintivo, seja em capitais cultural, econômico e/ou social -este último tão relevante nas relações sociais brasileiras. A observação dos grupos, na plataformaFacebook, voltados para propagandas, compra e venda de produtos mais populares vinculados aos comércios da rua 25 de março são mais explícitos no seu objetivo de comercialização de produtos. Ou seja, são raras as postagens de compra e venda que tentam vender uma ideia antes de um produto, na maior parte das vezes são expostasos produtos e seus valores, as formas de adquiri-los e possíveis contatos para que se possa fazer as encomendas. Nos grupos se nota a existência de postagens diversas de produtos de vestuário e cosméticos diversos, sempre com esse padrão de estrutura. A intenção distintiva expressa pela compra evidencia-se no interesse pelas réplicas, divulgadasnos grupos de Facebookmassivamente e, sabidamente, marca registrada de espaços de consumo como a 25 de março na cidade de São Paulo. Nestes grupos, as postagens são diretas, expondo os produtos e seus preços, sem conteúdos que remetam a comportamento ou estilo de vida, supostamente devido ao fato de que osinternautas que acessam estes ambientes buscam na aquisição do produto em si a expressão de um estilo distintivo. A identificação com determinado grupo ou estilo de vida seria materializada pela posse do produto, no caso, das réplicas de roupas e acessórios de grifes. Nesse sentido, não haveria a necessidade de pautar a construção de estilos de vida naquele espaço, voltadoapenas para a troca. Pode ser que em alguns momentos seja citado o nome de uma celebridade que ficou muito reconhecida por fazer uso de determinada peça com o intuito de alavancar as vendas. Ainda assim, essa ação se coloca com vistas, exclusivamente, à comercialização de vestuários, acessórios e cosméticos. Em geral, nos grupos do Facebookrelacionados ao interesse pelo comércio da rua 25 de março e do Brás, as postagens normalmente apresentam legendas descritivas sobre os produtos e a formas pelas quaisse pode adquiri-los. Nas imagens dos produtos podem ser observadas as falsificações e réplicas de marcas renomadas, evidenciando a busca por marcadores simbólicos ligados ao consumo de determinados bens. A observação das postagens indicou o interesse, nasréplicas e falsificações de mais baixo custo. A Figura abaixo é ilustrativa desta ideia:
image/svg+xmlAna Lúcia de CASTRO e Marina Kuranaga SILVARev. Sem Aspas,Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019,2022. e-ISSN 2358-4238DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.1704010Figura 1 Publicação de divulgação de produtos retirado do Grupo “Lojas do Brás”Fonte: Grupo do Facebook “Lojas do Brás”Se nos grupos de facebookos integrantes expõem-se diretamente, postando imagens e comentários horizontalmente, espaços como Instagram e Youtube pressupõem a figura do digitalinfluencer,que vai desempenhar um papel de mediador simbólico entre os consumidores e a marca,performando tanto um papel “pedagógico” na “educação dos gostos”, como de “promotor de vendas”, na divulgação de marcas e produtos. Nestes espaços, com a presença dos influencers, a divulgação de imagens, bens e objetos, na maior parte das vezes, não são feitas de modo explícito e direto, caracterizando-se por ser mais sutil e indireta, como demonstraremos no tópico a seguir. Influenciadores digitais: o caso da Maju TrindadeO papel dos influenciadores digitais é de suma importância para a compreensão das dinâmicas de consumo na cultura contemporânea, pois é a partir desses atores que muito do que acontece relacionado ao consumo na internet e fora dela se molda e ganha significação.Os influenciadores podem ser entendidos como “novos perfis profissionais que reorganizam dinâmicas no mercado da Comunicação -desde o jornalismo até a publicidade” (KARHAWI, 2016, p. 41). Estes profissionais têm modos de agir e de divulgar ações, bens, gostos e estilos de maneira que aqueles que “consomem” os conteúdos criados por eles atribuam valor e sentido
image/svg+xmlConsumo e distinção social no espaço digitalRev. Sem Aspas,Araraquara, v.11, n.esp.1, e022019,2022. e-ISSN2358-4238DOI:https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.1704011ao que divulgado. Extremamente dependente da própria imagem, os influenciadores monetizam por aquilo que Karhawi (2016) chama de “Eu como uma commodity”, ou seja, a partir da transformação do próprio indivíduo (“Eu”) em mercadoria. O papel desses atores nos sentidos atribuídos ao consumo de modo geral, está atrelado a sua eficiência publicitária, sua capacidade de influência sobre os consumidores, já que por seu discurso pessoalizado e próximo daqueles que consomem seus conteúdosfaz com que sejam vistos como mais confiáveis do que as celebridades em propagandas tradicionais. Karhawi demonstra também a possibilidade de interpretar a construção da influência, da reputação e confiabilidade dos influenciadores digitais pela perspectiva bourdiana. Outra perspectiva teórica para entender a construção de reputação no ambiente digital é a partir de estudos de Bourdieu sobre o capital social, econômico e cultural. Pedrone identificou, na blogosfera de moda italiana, que “as blogueiras usam o capital cultural acumulado pela educação formal e autodidatismo’ (2015, p. 189, tradução nossa); que o capital econômico está relacionado à possibilidade de se sustentar ou não apenas com os ganhos do blog. O capital social completa a tríade ‘[...] como um fator que fortalece o poder de alguém em um campo. Ele consiste nas redes de relacionamento do agente [blogueira] e seu grupo social” (PEDRONI, 2015, p. 190 apudKARHAWI, 2016, p.44-45, tradução nossa) Ademais, pensando no que foi dito sobre a construção da própria imagem por parte dos influenciadores, refletir sobre a construção da aparência tanto destes atores quanto de outras (a exemplo dos seguidores e consumidores) é um fator relevante. Como apontam Jordão e Mendonça (2016, p. 149): A aparência é a primeira -e às vezes a única -informação que se pode ter de uma pessoa desconhecida em um espaço público. Podemos pensar que ela se divide em dois aspectos: o imediato, que é a imagem estética da pessoa, que envolve pele, cabelos, roupas, acessórios, enfim, objetos consumidos; e a conduta, que diz respeito à postura, aos gestos, ao modo de falar, andar etc.Nesse sentido, para buscar os sentidos atribuídos ao consumo no ambiente digital é essencial que se pense o papel dos influenciadores nas redes sociais e a sua relação com os modos de consumir bens/objetos e estilos de vida. A influenciadora digital aqui analisada, Maju Trindade, iniciou seus trabalhos nas plataformas digitais ainda muito jovem e além de influenciadora, também trabalha como modelo. Em se tratar de estilo de postagens, vestimentas e afins, a influenciadora não se diferencia do estilo de abordagem de outras figuras de seu ramo, apesar de sempre buscar um estilo diferenciado dentro do ramo da moda massificada nas redes sociais.
image/svg+xmlAna Lúcia de CASTRO e Marina Kuranaga SILVARev. Sem Aspas,Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019,2022. e-ISSN 2358-4238DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.1704012A influenciadora parece inspirar-se em celebridades da música como orap e do indie rock, por exemplo. Esse aspecto é demonstrado na sua forma de vestir, já que acaba por usar muitas peças em tons mais neutros, com estampas mais específicas de um estilo romântico e urbano e que demonstram uma tendência mais Street Style/casual. Ao fazer as observações sobre o perfil da influenciadora Maju Trindade, o que ficou mais evidente foi o comportamento tipicamente correspondente à sua profissão. A sutileza na forma de divulgar produtos e marcas em momentos do cotidiano, esquematização de postagens com fotos e vídeos que trazem engajamento -não apenas pelo produto divulgado ou pela marca que patrocina o “post”, mas principalmente pela postura, eloquência e as características próprias da influenciadora que acabam por aproximá-la cadavez mais de seus seguidores. A influenciadora também é modelo e sua trajetória como modelo parece influir muito nos moldes das fotos e vídeos que faz nas redes sociais. A maior parte das postagens que se encontram no seu perfil do Instagram são muito bem“cuidadas”, ou seja, o cenário, a iluminação, as poses, a distribuição espacial entre a figura da influenciadora e o(s) produto(s) a ser(em) divulgada(s) são milimetricamente organizados para ao mesmo tempo demonstrarem o profissionalismo e a proximidade com aqueles que interagem devido a "simplicidade" da postagem. Sobre o aspecto da proximidade e da credibilidade Karhawi (2016, p. 46-47) aponta: Este ponto é crucial quando se pensa em reputação e influenciadores digitais: o Eu. A diferença entre um influenciador digital e uma celebridade é justamente o sujeito, o Eu. O influenciador digital, digital influencer, ou a denominação vigente que for, é um sujeito que preserva o seu Eu. Enquanto uma celebridade está distante, sob holofotes, traçando um caminhode sucesso que parece muito distante de quem os assiste no cinema ou na televisão, os influenciadores digitais estão no Facebook, no Instagram, no Snapchat, em outros espaços ocupados por ‘pessoas comuns’ com quem dialogam em igualdade. É por esse motivo,também, que revistas e sites de veículos tradicionais de mídia não têm a mesma reputação que os influenciadores digitais. A proximidade desses sujeitos de seus públicos, de sua rede, a partir da escrita íntima, do uso da primeira pessoa (no caso dos blogs, Instagram, Twitter) e da pessoalidade cria uma aproximação entre o criador de conteúdo e seus públicos. É nessa sustentação que se ergue o capital simbólico dos blogueiros e, muito fortemente, das blogueiras de moda que são encaradas como melhores amigasde suas leitoras.A forma de fazer a publicidade no ramo dos influenciadores digitais é pela via da demonstração dos usos no cotidiano, o que significa que não basta se fale o nome ou a marca e o valor do produto, é necessário que se demonstre a escolha do influenciador por aquele determinado produto, o modo como costuma utilizá-lo e suas impressões. Em decorrência disso, o que acaba por acontecer é a criação de conteúdos que servem como resenhas de produtos e marcas, “stories” e “posts” com apresentação sutil de produtos e unboxings.
image/svg+xmlConsumo e distinção social no espaço digitalRev. Sem Aspas,Araraquara, v.11, n.esp.1, e022019,2022. e-ISSN2358-4238DOI:https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.1704013O perfil do Instagrame a conta do Youtubeda influenciadora observada contém diversas postagens que abarcam principalmente esses dois últimos tipos de propaganda citados anteriormente. Por colocar conteúdos de forma mais sutil e ser patrocinada por marcas e grifes mais valorizadas, a influenciadora passa uma ideia de estilo de vida mais “fino”, apesar de ser uma influencer que também ficou conhecida por criar vídeos humorísticos no início da sua carreira nas plataformas digitais. Como apontado anteriormente, há um modo de divulgação típico das influenciadores digitais mais tradicionais que é baseado numa forma sutil de mostrar produtos e marcas nas ações da vida pessoal cotidiana, estratégia essa que é muito bem quista pelasmarcas que buscam parcerias publicitárias e é vantajosa para os influenciadores, já que o “mostrar o dia-a-dia” e as suas opiniões sobre produtos durante o uso pode gerar mais engajamento do que uma publicidade do tipo mais tradicional (a apresentação do produto pelo produto/pela marca). Maju Trindade, neste sentido, se demonstra uma típica influenciadora digital que divulga produtos e marcas na sua vida cotidiana, induzindo o consumo de determinados bens e objetos por sua “qualidade” (seja pela beleza, pelo status da marca, pela resistência e durabilidade do produto e outros). As Figuras 2, 3 e 4 ilustram essa ideia:Figura 2 -Publicação de prática de exercício com roupa da marca NIKE no dia 11de janeiro de 2021Fonte: Perfil do Instagram da influenciadora Maju trindade
image/svg+xmlAna Lúcia de CASTRO e Marina Kuranaga SILVARev. Sem Aspas,Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019,2022. e-ISSN 2358-4238DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.1704014Figura 3 Publicação de prática de exercício com roupa da marca NIKE no dia 12de janeiro de 2021Fonte: Perfil do Instagram da influenciadora Maju trindadeFigura 4 -Publicação de prática de exercício com tênis da marca NIKE no dia 13de janeiro de 2021Fonte: Perfil do Instagram da influenciadora Maju trindadeNas três imagens a influenciadora mostra a logomarca da NIKE em suas peças de vestuário para fazer exercícios físicos. Nessas imagens em específico, em momento algum é colocado algum tipo de marcação ou hashtag indicando a marca, porém a demonstração do uso da marca é recorrente. Outras marcas utilizadas pela influenciadora são marcadas pelos nomes
image/svg+xmlConsumo e distinção social no espaço digitalRev. Sem Aspas,Araraquara, v.11, n.esp.1, e022019,2022. e-ISSN2358-4238DOI:https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.1704015de usuário da conta do Instagramou porhashtags, mas normalmente não são marcadas com letras garrafais e, sim, miúdas. Ou seja, se trata de uma divulgação sutilde produtos e marcas, evidenciando a diferença da forma de divulgação de bens e objetos nestas plataformas, comparativamente aos grupos de facebook. Contudo, a intenção distintiva, revelada pela exposição de grifes reconhecidas e pelas dicas de comportamento e estilo de vida, é também claramente percebida neste ambiente digital.Considerações finaisEste artigo buscou colaborar para a reflexão sobre o consumo de bens simbólicos referentes à construção da aparência numa perspectiva que colocam em jogo as relações entre as classes, no interior do ambiente virtual, das redes sociais e plataformas digitais. Os perfis e grupos observados foram capazes de revelar características próprias das classes e grupos a que pertencem, assim como revelaram regras e padrões próprios do campo em que atuam na internet. As plataformas digitais e abertura para formação de grupos por interesses em comum configura-se num espaço em que os internautas, ao participarem destes ambientes, são inseridos em uma atmosfera totalmente voltada ao interesse indicado. Nesse sentido, se torna profícuo pensar nos modos pelos quais os gostos também são influenciados pela própria rede que articula os perfis direcionando-os por palavras-chave, tipos de conteúdo, engajamento e reações, e não apenas pelas figuras dos influenciadores e/ou das propagandas de produtos. Estudar redes sociais, portanto, é estudar os padrões de conexões expressos no ciberespaço. É explorar uma metáfora estrutural para compreender elementos dinâmicos e de composição dos grupos sociais (RECUERO, 2009, p. 22).Por fim, cabe ressaltar a atualidade da contribuição de Pierre Bourdieu para a compreensão sobre os mecanismos de distinção. No entanto, é necessário atentar para para os modos segundo os quais as trajetórias desses agentes se formatam em contexto diverso e bem mais complexo daquele observado por Bourdieu, sobretudo quando levamos em conta a ascensão das redes sociais e os estilos de vida que dela derivam.
image/svg+xmlAna Lúcia de CASTRO e Marina Kuranaga SILVARev. Sem Aspas,Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019,2022. e-ISSN 2358-4238DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.1704016REFERÊNCIASALANIZ, A. G. G. Cosplay de pobre. Blog Compartilhando Histórias. [S.l.], 02 jun. 2018. Disponível em: https://compartilhandohistorias.wordpress.com/2018/06/02/cosplay-de-pobre/. Acesso em: 22 jul. 2022.APPADURAI, A. A vida social das coisas. Rio de Janeiro, Ed. UFF, 2008.BERTONCELO, E. R.; MIRA, M. C. Apresentação. Para além da distinção? Desafios à abordagem bourdieusiana da formação social do gosto. Revista Estudos de Sociologia, Araraquara, v.24, n.46, p.19-43. jan./jun. 2019. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/estudos/article/view/12802/8382. Acesso em: 22 jul. 2022.BOURDIEU, P. A distinção: Crítica social do julgamento. São Paulo: EDUSP;Porto Alegre: Zouk, 2007. CANCLINI, N. G. Diferentes, desiguais e desconectados: Mapas da interculturalidade. Rio de Janeiro, Ed. UFRJ, 2009. CASTRO, A. L. Condicionantes sociais e trajetórias singulares: Habituscomo chave analítica em processos de constituição de elos de pertença e fronteiras simbólicas. Revista Estudos de Sociologia, Araraquara, v.24, n.46, p.45-63, jan./jun. 2019. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/estudos/article/view/12249/8384. Acesso em: 22 jul. 2022.DOUGLAS, M.; ISHERWOOD, B. O mundo dos bens:Para uma antropologia do consumo.Rio de Janeiro:UFRJ, 2006. GOMES, L. G.; LEITÃO, D. K. Etnografias em ambientes digitais: perambulações, acompanhamentos e imersões. Revista Antropolítica, Niterói, n. 42, p.41-65, 2017. Disponível em: https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/41884/pdf. Acesso em: 22 jul. 2022.JORDÃO, J. V. P.; MENDONÇA, M. L. M. Pode a aparência falar? Classes sociais e a periferia da estática. Cadernos de Estudos Culturais, Campo Grande, v. 8, n. 16, p. 147-164, 2016. Disponível em: https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/4238. Acesso em: 22 jul. 2022.KARHAWI, I. Influenciadores digitais: o Eu como mercadoria. In: Tendências em comunicação digital. São Paulo:ECA-USP, 2016. p. 38-58. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/315114355_Influenciadores_digitais_o_Eu_como_mercadoria. Acesso em: 22 jul. 2022.NUNES, D. Cosplay de pobre: Crítica a crítica crítica. 2018. Disponível em: https://medium.com/@paramimmesma/cosplay-de-pobre-c73b8bff5133. Acesso em: 22 jul. 2022.RECUERO, R. Redes sociais na Internet. Porto Alegre: Sulina, 2009. Disponível em: http://wiki.stoa.usp.br/images/c/c6/Recuero-cap1.pdf. Acesso em: 22 jul. 2022.
image/svg+xmlConsumo e distinção social no espaço digitalRev. Sem Aspas,Araraquara, v.11, n.esp.1, e022019,2022. e-ISSN2358-4238DOI:https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.1704017SUKI DESU. Você sabe o que é cosplay?2016. Disponível em: https://skdesu.com/voce-sabe-o-que-e-cosplay/. Acesso em: 22 jul. 2022.Como referenciar este artigoCASTRO, A. L.; SILVA, M. K. Consumo e distinção social no espaço digital.Rev. Sem Aspas, Araraquara, v.11, n.esp.1, e022019,2022. e-ISSN: 2358-4238. DOI:https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.17040Submetido em:29/07/2022Revisões requeridasem:12/08/2022Aprovado em:19/10/2022Publicado em:26/12/2022Processamento e edição: Editora Ibero-Americana de Educação.Correção, formatação, normalização e tradução.
image/svg+xmlConsumption and social distinction in the digital spaceRev. Sem Aspas,Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019,2022. e-ISSN 2358-4238DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.170401CONSUMPTION AND SOCIAL DISTINCTION IN THE DIGITAL SPACECONSUMO E DISTINÇÃO SOCIAL NO ESPAÇO DIGITALCONSUMO Y DIFERENCIACIÓN SOCIAL EN EL ESPACIO DIGITALAna Lúcia de CASTRO1Marina Kuranaga SILVA2ABSTRACT: Assuming that consumption -as one of the main ways in which habitus can be expressed -carries a distinctive dimension, insofar as it indicates symbolic boundaries and bonds of belonging between social groups, this article seeks to contribute to the reflection on some dynamics of distinction in the contemporary Brazilian social configuration. In order to do so, it takes as an empirical universe two spaces cut out in social networks: a Facebook group related to the purchase and sale of products on 25 de Março, a famous popular shopping street in the city of São Paulo, and the Instagram profile of a digital influencer. from the fashion and style area, Maju Trindade. KEYWORDS: Anthropology. Consumption. Social medias. Social class. Distinction.RESUMO: Partindo do pressuposto de que o consumo -como um dos principais modos pelos quais o habitus pode ser expressado-carrega uma dimensão distintiva, na medida em que indica fronteiras simbólicas e elos de pertença entre os grupos sociais, este artigo busca contribuir para a reflexão sobre algumas dinâmica de distinção na configuração social brasileira contemporânea. Para tanto, toma como universo empírico dois espaços recortados nas redes sociais: um grupo de Facebook relacionado à compra e venda de produtos na 25 de março, famosa rua de comércio popular na cidade de São Paulo, e o perfil no Instagram de uma digital influencer da área de moda e estilo, Maju Trindade. PALAVRAS-CHAVE: Antropologia. Consumo. Redes sociais. Classes sociais. Distinção.RESUMEN: Asumiendo que el consumo -como una de las principales formas en que se puede expresar el habitus-tiene una dimensión distintiva, en la medida en que indica fronteras simbólicas y lazos de pertenencia entre grupos sociales, este artículo busca contribuir a la reflexión sobre algunas dinámicas de distinción en la configuración social brasileña contemporánea. Para ello, toma como universo empírico dos espacios recortados en las redes sociales: un grupo de Facebook relacionado con la compra y venta de productos en 25 de Março, famosa calle comercial popular de la ciudad de São Paulo, y el Perfil de Instagram de una influencer digital del área de moda y estilo, Maju Trindade.PALABRAS CLAVE: Antropologia. Consumo. Redes sociales. Clases sociales. Distinción.1São Paulo State University(UNESP), AraraquaraSP Brazil.Professor of the Postgraduate Program in Social Sciences.ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6165-7722.E-mail:ana.castro@unesp.br2São Paulo State University(UNESP), AraraquaraSP Brazil. Graduated in Social Sciences. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7815-1007. E-mail: marinakuranaga@gmail.com
image/svg+xmlAna Lúcia de CASTRO andMarina Kuranaga SILVARev. Sem Aspas,Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019,2022. e-ISSN 2358-4238DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.170402IntroductionPierre Bourdieu's recognition in the social sciences can be understood both by the thematic breadth and fertility of his works, as well as by his ability to articulate the three classic matrices (Marx, Weber and Durkheim), formulating an innovative theoretical-methodological proposal in a moment of paradigmatic crisis in the field of social sciences. In Distinction(2007), Bourdieu starts from extensive research on taste in the French context, seeking to understand its social constraints and its distinctivecharacteristic, as it is expressive of social, hierarchical and hierarchical classifications, operated by different class fractions.The reflection raised by the author on taste and lifestyles is the starting point for the discussion proposed in this article, as it shows ways in which much more can be extracted from them than individualized and individualizing analyses. That is, as Bourdieu demonstrates the ways in which taste is socially shaped, he also shows that it is not indisputable and pertinent exclusively to the domain of individuality, but rather as something constructed by the trajectories of agents in social fields.Why do we like what we like? Why do we reject what we reject? The answers to such questions reveal the tension between opposing conceptions about the formation of taste, sometimes understood "as a creative, spontaneous engagement with a cultural object", sometimes seen as "something whose result is predetermined" (Stewart, 2013, p. 3). This tensioning element structures the debates in Social Sciences which, contrary to the commonsense notion according to which taste is not discussed, has sought to thematize the social determinants of taste and its place in the processes of production of inequalities, in the construction of social borders and symbolic and in the formation of groups. A quick look at the recent sociological debates on the subject indicates that there is a profound disagreement between the approaches regarding individualization or, on the contrary, the persistent differentiation and stratification of tastes and lifestyles (BERTONCELO; MIRA, 2019, p.19, our translation).In this sense, tastes represent, beyond what is only visible and apparent (what is deposited and arranged in bodies), a way of expressing the social field in which agents are inserted and the habitusthey carry.The relevance of the concept of habitusis emphasized here, which can be understood as a “structuring and structured structure”, which operates as a matrix of perception and action, generating strategies for practices and which tends to guide the actions and conduct of agents, and, simultaneously, is produced or formatted by capital acquired from the beginning, during the trajectories of individuals.
image/svg+xmlConsumption and social distinction in the digital spaceRev. Sem Aspas,Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019,2022. e-ISSN 2358-4238DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.170403The concept of habitus, central to Bourdian reflection, was formulated in search of overcoming the dichotomy between objectivity and subjectivity, a central concern in the construction of his theoretical framework, as pointed out by the author himself (BOURDIEU, 1987) and commentators of his work (Ortiz, 1983; Peters, 2013). In his formulation, Bourdieu considers the subjective filter of the agent, pointing to it as structuring, without, however, disregarding the objectivity of the social structure that shapes it (CASTRO, 2019, p. 54, our translation).[...] the habitusconstitutes a structuring structure that organizes practices and the perception of practices, the habitusis also a structured structure; the principle of the division of logical classes that organizes the perception of the social world, is in turn the product of the incorporation of the division into social classes (BOURDIEU, 2007, p.164, our translation).In this perspective, the agent is not a mere reproducer of fixed structures, nor is he the bearer of an autonomous conscience to coordinate actions without rules and strategies previously arranged in his social trajectory. This leads us to realize that social actors are both products and producers of the social structure, in a constant dynamic of feedback.Culture, therefore, is understood in this view as a privileged dimension for understanding hierarchization processes, power disputes and distinctions between classes, bearing in mind that the economicist view alone would not support the analysis of the symbolic aspects of the actions of individuals who they are the product and producers of the social structure.In Bourdieu's conception, distinctions organize the symbolic system, which is demonstrated in tastes, in lifestyles, in the way in which agents dispose and deposit cultural objects that express positions and relationships in their bodies. In this sense, based on the assumption that the understanding of the relationships and dynamics that configure the social world cannot be reduced to the economic, the author elaborates the concept of “cultural capital”, highlighting the emphasis on the symbolic dimension, understood as essential for the reflection on classes and hierarchies:One of the main legacies of Bourdieu's work is the conception of Culture as a capital, susceptible of being accumulated, transmitted and converted into other capitals, being, for that, the resource in the fights around the (re)production of social and symbolic frontiers (LAMONT; MOLNAR, 2002). Originally used by Bourdieu (1982b) and collaborators in their research on education to explain the differential rates of school success among children from privileged social backgrounds (as a function of the family transmission of the dispositions and competences that facilitated understanding of the pedagogical language, the satisfaction of the demands of evaluation and appropriation of school contents) the concept of cultural capital came to be used later both as an autonomous principle of social differentiation alongside economic capital (multidimensionality of social space) and as provisions for (understood as) legitimate appropriation of goods and more legitimate
image/svg+xmlAna Lúcia de CASTRO andMarina Kuranaga SILVARev. Sem Aspas,Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019,2022. e-ISSN 2358-4238DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.170404practices (that is, what is seen as worthy of being appropriated) (BERTONCELO; MIRA, 2019, p. 24, our translation).In this sense, consumption -the way in which the habituscan be expressed, as well as the cultural and economic capital can be made explicit -carries, among others, a distinctive dimension -if we take as a reference that all practices delimit our space within the social field -and taste is the way in which objects are transformed into distinct and distinctive symbols (generally driven by habitus). As a result of this aspect, taste evidenced, mainly, by the universe of consumption is what ends up symbolically expressing our habitusand our class characteristics.The idea of taste, typically bourgeois, since it presupposes absolute freedom of choice, is so closely associated with freedom that it is difficult to conceive the paradoxes of the taste of necessity: either by its abolition pure and simple, transforming practice into a direct product of economic need -the workers eat beans because they do not have the resources to buy another food -and ignoring that, most of the time, the need is only satisfied because the agents have a propensity to satisfy it because they taste what they either way, they are doomed; or by its transformation into a taste for freedom, forgetting the constraints of which it is the product and, thus, by its reduction to a pathological and morbid preference for things of -first -necessity, a kind of congenital indigence, pretext for the practice of a class racism that associates the people with what is fat and greasy, with strong red wine, with huge clogs, with heavy work, with thunderous laughter, with jokes, with somewhat rudimentary common sense and coarse jokes. Taste is amor fati, a choice of fate, albeit forced, produced by conditions of existence that, by excluding any other possibility as if it were pure daydreaming, leave the taste for the necessary as the only choice (BOURDIEU, 2007, p.169, our translation).In the Bourdiananalysis, the taste of the subaltern classes would be guided, above all, by the sense of need, would lead to a feeling of resignation, to a “lack of care for themselves”, expressing a functional aesthetic sense attached to the urgencies of everyday life, with which the popular classes would potentially start to prioritize “being” over “seeming” at the moment of consumption.[...]And the inversion of the importance attributed to food and clothing in the popular classes -which consecrate the priority to being -, while the middle classes manifest the concern with the appearance, is the indication of a reversal of the whole vision of the world. The popular classes transform clothing into realistic use or, if you prefer, functionalist. By privileging substance and function over form, they want due compensation, so to speak, for their expense, choosing something that “can last a long time” (BOURDIEU, 2007, p. 190, our translation)
image/svg+xmlConsumption and social distinction in the digital spaceRev. Sem Aspas,Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019,2022. e-ISSN 2358-4238DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.170405Canclini (2009), based on the work of Grignon and Passeron (apudCANCLINI, 2009), attenuates the idea that subordinate classes, driven by need, would not impart an aesthetic sense to their choices.Even if the subordinate sectors do not have the time or the economic resources of the bourgeoisie to dedicate themselves to a stylization of their lives, they do not live a life without style [...]The theory of cultural legitimacy, which reduces differences to faults, alterities to defects, it fails to see the stylization that is printed to different parts of the house, everything that popular teenagers cultivate in the decorations of their bodies, in clothes and cosmetics, in their cars and motorcycles, in the atmosphere of their rooms or fun places (CANCLINI, 2009, p. 90, our translation).Given the above, it is worth looking back at the contemporary Brazilian social configuration and questioning the ways in which groups seek distinction, establishing symbolic boundaries and creating links of belonging to each other. To do so, we will take as an empirical universe two spaces cut out in social networks: A Facebook group related to the purchase and sale of products on 25 de Março, a famous street of popularcommerce in the city of São Paulo, and the profile of the influencer Maju Trindade.Methodological considerationsProposing ethnographic research in digital environments poses several challenges. The first is to choose which digital “environments” would be the most conducive to the research objectives. To do so, we take as inspiration the work of Leitão and Gomes (2017, p. 42, our translation), who suggest:treating digital platforms as 'environments' was a decisive step, considering the fact that an environment is defined as such because it is associated with the very idea of life, making it inevitable to define the kind of life we would deal with.Based on this argument of digital platforms as “environments” related to ideas and genres of life, we sought to find platforms that at the same time demonstrate consumption practices (buying, selling, disclosures and the like), as well as the discourses on these actions. Social networks, in this sense, fit the parameters of the most appropriate field for carrying out the observations. Instagram and Facebook were the platform choices for opening up spaces for both large advertising campaigns and small advertisements, purchases and sales of the most diverse goods and objects, as well as for discussions and forums in groups and niches of profiles and people on specific and varied subjects.
image/svg+xmlAna Lúcia de CASTRO andMarina Kuranaga SILVARev. Sem Aspas,Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019,2022. e-ISSN 2358-4238DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.170406The concepts of “wandering”, “accompaniment” and “immersion” (LEITÃO; GOMES, 2017) also served as the basis for the ethnographic work, since the extent to which the observed actors (influencers and their followers on Instagram and profiles who interact in Facebook groups) are not fixed to a single platform or page, it was necessary to monitor the transit between environments to better understand the speeches and discussions raised by them.An example of this was the need to watch videos on the YouTube platform, linked to the profile of the influencer Maju Trindade, followed more systematically by her profile on Instagram. In addition, interactions via “follow”, “likes”, “clicking” on links, “saving posts” and “viewing”, were also ways of enabling follow-up.In view of the dimensions of research in a digital environment and the difficulty of directly contacting some actors (such as major influencers or administrators of large pages), the method of capturing speeches and their contents was indirect. That is, just based on what was publicly posted. Therefore, continuous follow-up using different means was of great importance so that it could be observed from different angles. For this purpose, anaccount (a profile) was created on the Instagram platform, to follow and interact with the previously selected profiles. To enter groups on the Facebook platform, a personal profile was used to facilitate access permissions to the content posted there.Tochoose the influencers who would be followed on Instagram, a list of around 15 profile names was made. The number of followers, description of the profile, which niche it belongs to (fashion, lifestyle, cosmetics and makeup, comedy, music and others), history and partnership with brands, channels and profiles on other platforms and their reach, as well as news and reports about influencers were researched and placed in a list divided by categories (“Influencers in the beauty category with low cost cosmetics”, “Influencers in the beauty category with low and high cost cosmetics”, “Influencers who link their image to products high-cost brands”, “Streetwear fashion influencers” and “Conscious fashion influencers”). Based on the data listed, three profiles werechosen to start the follow-ups. They were HypedContent, MajuTrindade and ViihRocha.For the purposes of this article, we will focus specifically on the profile of Maju Trindade, an influencer linked to fashion and lifestyle, who began to be successful with her posts of short videos about everyday life on Snapchat and Vine platforms, as well as “vlogs” on Youtube and Instagram posts. She currently has 6.1 million3followers on Instagram and had 3Available: https://www.instagram.com/majutrindade/?hl=pt. Access:22July 2022.
image/svg+xmlConsumption and social distinction in the digital spaceRev. Sem Aspas,Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019,2022. e-ISSN 2358-4238DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.170407around 17 million views on her videos on her YouTube channel4. In addition to being an influencer, Maju is also a model.As for Facebook groups, the choice was made by keywords and number of participants. Groups such as “Lojas do Brás” (9.4 thousand members), “Maquiagem 25 de março” (3.8 thousand members) and “Cosméticos em atacado no Brás e 25 de março” (4.4 thousand members)5were found. With permission to access the contents, the first group proved to be more conducive to observations since it contains posts more focused on dissemination, buying and selling, unlike the others that end up containing posts of other types mixed with sales content (such as religious posts and others).The analysis, therefore, was developed from the observation of the posts, comments and interactions that appear, both by the members ofthe groups and by the influencers and their followers on Instagram. Screenshots of the posts and comments made were taken as a way of recording the data. In addition, relevant aspects in the speeches and details of images are recorded in a field diary fora better understanding of the data and information collected, as well as to assist in the formulation of research reports.Rua 25 de Marçoin Facebook groupsRegarding questions about consumption and its symbolic dimension and the analysis of the subject in the digital environment, it is necessary to understand that social networks and the internet are spaces for symbolic exchanges, whether through goods and objects or ideas and images. Conceiving, therefore, the digital environment as an environment that enables the analysis of the meanings of consumption is also understanding it as “associated with the very idea of life” (LEITÃO; GOMES, 2017).As a result of this notion, it is necessary to understand how “life” is governed in the digital environment, especially regarding the central theme of this research, which are the meanings of consumption in contemporary culture.The observations carried out in the Facebook groups related to the purchase and sale of products on the famous 25 de março, in the city of São Paulo, point out that even if the popular classes seek the lowest cost consumption spaces, there is always a search for the brand (even than in a replica), for the image and even for the ostentation. We noticed the massive 4Available: https://www.youtube.com/c/majuthings/about. Access:22July 2022.5Available: https://www.facebook.com/groups/1252936514819847.Access:22July 2022.; Available: https://www.facebook.com/groups/886799731740423. Access:22July 2022; Available: https://www.facebook.com/groups/187218858489222. Access:22July 2022.
image/svg+xmlAna Lúcia de CASTRO andMarina Kuranaga SILVARev. Sem Aspas,Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019,2022. e-ISSN 2358-4238DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.170408dissemination of pieces that bear the names of brands and brands such as Givenchy, Louis Vuitton, Versace, Gucci, Dulce & Gabbana, Adidas, Nike, Vans, Fila, Tommy Hilfiger, among many others that demonstrate the search for products related to goods of consumption legitimized by the upper middle classes, reproducing the logic of distinction. In this sense, we identified discourses such as “looking rich”, being “fine and rich”, among others, indicative of the intention to express a social place or an image associated with dominant groups, supposedly carriers of “legitimate taste”. As Bourdieu pointed out, spending on appearance alongside food consumption and cultural consumption is one of the main strategies for denoting distinction and the analysis of the material raised points in this direction, remembering that, especially in Brazil, the desire for acceptance Social includes personal presentation, aesthetic dispositions, clothing and the use of cosmetics.Furthermore, still thinking about counterpoints in the modes of social classes in the Brazilian context in relation to the French context analyzed by Bourdieu, it is interesting to bring to mind the so-called “cosplay of poor people” (ALANIZ, 2018). The word “cosplay” is a combination of the word “costume” (fantasy) and “roleplay”(acting, acting, playing), and is popularly used among anime and manga fans to define a type of entertainment in which some people spend to dress up as characters they like in events related to the themes. The idea, however, of the term “cosplay of poor people” does not connect with the universe of anime and manga although there is a similar term within it that represents precariously making costumes, the so-called “cospobres (cospoor)” or “cheap cosplays”. The term “poor's cosplay” is popular among low-income students who have entered Brazilian public universities, especially those who depend on student permanence policies, to designate students (mostly from the middle class) who are supported by the income of their parents, who choose to “play the role of the poor” through clothing (designer clothes with an aged or frayed appearance) and other aspects as a way of complaining about the “financial difficulties” of university life and as a way of suggesting supposed “solidarity” with the difficulties of theless affluent classes.Therefore, what can be noticed is that in each context different senses and meanings are given to what is consumed. The symbolic character of consumption practices changes depending on which actors and, mainly, which social space is observed. The desire for imitation occurs between classes and the distinction is placed in the ways presented in the disposition and consumption of goods. And, as much as the popular classes seek to approach the higher classes, there is always something distinctive, whether in cultural, economic and/or social capital -the latter being so relevant in Brazilian social relations.
image/svg+xmlConsumption and social distinction in the digital spaceRev. Sem Aspas,Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019,2022. e-ISSN 2358-4238DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.170409The observation of the groups, on the Facebook platform, aimed at advertising, buying and selling the most popular products linked to the shops on Rua 25 de Março are more explicit in their objective of selling products. That is, buying and selling posts that try to sell an idea before a product are rare, most of the time the products and their values are exposed, the ways toacquire them and possible contacts so that orders can be placed. In the groups, it is possible to notice the existence of different posts of different clothing and cosmetics products, always with this structure pattern.The distinctive intention expressedby the purchase is evident in the interest in the replicas, massively publicized in Facebook groups and, known to be a trademark of consumption spaces such as 25 de Março in the city of São Paulo. In these groups, the posts are direct, exposing the products and their prices, without content that refers to behavior or lifestyle, supposedly due to the fact that Internet users who access these environments seek the expression of a distinctive style in the acquisition of the product itself. The identification with a certain group or lifestyle would be materialized by the possession of the product, in this case, the replicas of clothing and accessories from brands.In this sense, there would be no need to guide the construction of lifestyles in that space, focused only on exchange. It may be that at times the name of a celebrity is mentioned who was very recognized for using a certain piece with the intention of boosting sales. Even so, this action is aimed exclusively at the sale of clothing, accessories and cosmetics.In general, in the Facebook groups related to the interest in commerce on Rua 25 de Marçoand Rua do Brás, the posts usually have descriptive captions about the products and the ways in which they can be purchased. In the images of the products, counterfeits and replicas of renowned brands can be seen, evidencing the search for symbolic markers linked to the consumption of certain goods. Observation of posts indicated interest in lower cost replicas and counterfeits. The figure below illustrates this idea:
image/svg+xmlAna Lúcia de CASTRO andMarina Kuranaga SILVARev. Sem Aspas,Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019,2022. e-ISSN 2358-4238DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.1704010Figure1 Publication of products withdrawn from the GroupLojas do BrásSource: Facebook groupLojas do BrásIf in facebookgroups the members expose themselves directly, posting images and comments horizontally, spaces like Instagram and Youtube presuppose the figure of the digital influencer, who will play a role of symbolic mediator between consumers and the brand, performing both a role " pedagogical” in the “education of tastes”, as a “sales promoter”, in the dissemination of brands and products. In these spaces, with the presence of influencers, the dissemination of images, goods and objects, in most cases, is not done explicitly and directly, being characterized by being more subtle and indirect, as we will demonstrate in the next topic.Digital influencers: the case of Maju TrindadeThe role of digital influencers is of paramount importance for understanding the dynamics of consumption in contemporary culture, as it is from these actors that much of what happens related to consumption on the internet and outside it is shaped and takeson meaning. Influencers can be understood as “new professional profiles that reorganize dynamics in the Communication market -from journalism to advertising” (KARHAWI, 2016, p. 41, our translation). These professionals have ways of acting and disseminating actions, goods, tastes and styles so that those who “consume” the contents created by them attribute value and meaning to what is disclosed. Extremely dependent on their own image, influencers monetize
image/svg+xmlConsumption and social distinction in the digital spaceRev. Sem Aspas,Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019,2022. e-ISSN 2358-4238DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.1704011for what Karhawi (2016) calls “I as a commodity”, that is, from the transformation of the individual (“I”) into a commodity.The role of these actors in the meanings attributed to consumption in general is linked to their advertising efficiency, their ability to influence consumers, since their personal discourse and proximity to those who consume their content makes them to be seen as more reliable than celebrities in traditional advertisements. Karhawi also demonstrates the possibility of interpreting the construction of influence, reputation and trustworthiness of digital influencers from the Bourdian perspective.Another theoretical perspective to understand the construction of reputation in the digital environment is based on Bourdieu's studies on social, economic and cultural capital. Pedrone identified, in the Italian fashion blogosphere, that “bloggers use the cultural capital accumulated by formal education and self-education” (2015, p. 189, our translation); that economic capital is related to the possibility of sustaining oneself or not just with blog earnings. Social capital completes the triad ‘[...] as a factor that strengthens one’s power in a field. It consists of the agent’s [blogger] relationship networks and his social group”(PEDRONI, 2015, p. 190 apudKARHAWI, 2016, p.44-45, our translation).Furthermore, thinking about what was said about the construction of their own image by influencers, reflecting on the construction of the appearance of both these actors and others (such as followers and consumers) is a relevant factor.As Jordão and Mendonça point out(2016, p. 149, our translation): Appearance is the first -and sometimes the only -information you can get about an unknown person in a public space. We can think that it is divided into two aspects: the immediate, which is the aesthetic image of the person, which involves skin, hair, clothes, accessories, in short, consumed objects; and conduct, which concerns posture, gestures, the way of speaking, walking etc.In this sense, to seek the meanings attributed to consumption in the digital environment, it is essential to think about the role of influencers in social networks and their relationship with the ways of consuming goods/objects and lifestyles.The digital influencer analyzed here, Maju Trindade, started her work on digital platforms at a very young age and, in addition to being an influencer, she also works as a model. When it comes to the style of posts, clothing and the like, the influencer does not differ from the approach style of other figures in her field, despite always looking for a different style within the field of mass fashion on social networks.The influencer seems to be inspired by music celebrities such as rap and indie rock, for example. This aspect is demonstrated in the way she dresses, as she ends up wearing many
image/svg+xmlAna Lúcia de CASTRO andMarina Kuranaga SILVARev. Sem Aspas,Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019,2022. e-ISSN 2358-4238DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.1704012pieces in more neutral tones, with prints that are more specific to a romantic and urban style and that demonstrate a more Street Wear/casual trend.When making observations about the influencer Maju Trindade's profile, what became more evident was the behavior typically corresponding to her profession.The subtlety in the way of publicizing products and brands in everyday moments, layout of posts with photos and videos that bring engagement -not only for the advertised product or for the brand that sponsors the “post”, but mainly for the posture, eloquence and the characteristics of the influencer that end up bringing her closer to her followers.The influencer is also a model and her trajectory as a model seems to have a lot of influence on the molds of the photos and videos she takes on social networks. Most of the posts found on her Instagram profile are very well “kept”, that is, the setting, lighting, poses, spatial distribution between the influencer figure and the product(s) to be disclosed are millimetrically organized to at the same time demonstrate professionalism and proximity to those who interact due to the "simplicity" of the post. On the aspect of proximity and credibility Karhawi (2016) points out:This point is crucial when thinking about reputation and digital influencers: the Self. Thedifference between a digital influencer and a celebrity is precisely the subject, the Self. The digital influencer, digital influencer, or whatever current name it may be, is a subject who preserves her Self. While a celebrity is far away, under the spotlight, tracing a path of success that seems far away from those who watch them in cinema or television, digital influencers are on Facebook, Instagram, Snapchat, in other spaces occupied by 'common people' with whom they dialogue on equal terms. It is for this reason, too, that magazines and websites of traditional media vehicles do not have the same reputation as digital influencers. The proximity of these subjects to their audiences, their network, based on intimate writing, the use of the first person (inthe case of blogs, Instagram, Twitter) and personality, creates an approximation between the content creator and their audiences. It is in this support that the symbolic capital of bloggers is built and, very strongly, of fashion bloggers who are seen as the best friends of their readers(KARHAWI, 2016, p. 46-47, our translation).The way to advertise in the field of digital influencers is by demonstrating uses in everyday life, which means that it is not enough to mention the name or brand and the value of the product, it is necessary to demonstrate the influencer's choice by that particular product, how you usually use it and your impressions. As a result, what ends up happening is the creation of content that serves as product and brand reviews, “stories” and “posts” with a subtle presentation of products and unboxings.The observed influencer's Instagram profile and YouTube account contain several posts that mainly cover the last two types of advertising mentioned above. By placing content in a
image/svg+xmlConsumption and social distinction in the digital spaceRev. Sem Aspas,Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019,2022. e-ISSN 2358-4238DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.1704013more subtle way and being sponsored by more valued brands, the influencer conveys an idea of a “finer” lifestyle, despite being an influencer who was also known for creating humorous videos at the beginning of her career in digital platforms.As previously mentioned, there is a typical mode of dissemination of more traditional digital influencers that is based on a subtle way of showing products and brands in the actions of everyday personal life, a strategy that is very popular with brands that seek advertising partnerships and is advantageous for influencers, since “showing the day-to-day life” and their opinions about products during use can generate more engagement than more traditional advertising (the presentation of the product by the product/by the brand).Maju Trindade, in this sense, proves to be a typical digital influencer who promotes products and brands in her daily life, inducing the consumption of certain goods and objects due to their “quality” (be it beauty, brand status, resistance and durability of the product). product and others). Figures 2, 3 and 4 illustrate this idea:Figure2 Post of exercising in NIKE clothing on 11 January 2021Source: Instagram profile of influencer Maju trindade
image/svg+xmlAna Lúcia de CASTRO andMarina Kuranaga SILVARev. Sem Aspas,Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019,2022. e-ISSN 2358-4238DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.1704014Figure3 Post of exercising in NIKE clothing on12 January 2021SourceInstagram profile of influencer Maju trindadeFigure4 NIKE-branded exercise practice post on 13 January 2021Source: Instagram profile of influencer Maju trindadeIn the three images, the influencer shows the NIKE logo on her clothes to do physical exercises. In these specific images, at no time is there any type of tag or hashtag indicating the brand, but the demonstration of the use of the brand is recurrent. Other brands used by the influencer are marked by the usernames of the Instagram account or by hashtags, but they are usually not marked with large letters, but small ones. In other words, it is a subtle promotion of products and brands, highlighting the difference in the way goods and objects are disclosed on
image/svg+xmlConsumption and social distinction in the digital spaceRev. Sem Aspas,Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019,2022. e-ISSN 2358-4238DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.1704015these platforms, compared to facebook groups. However, the distinctive intention, revealed by the exposure of recognized brands and by the behavior and lifestyle tips, is also clearly perceived in this digital environment.Final considerationsThis article sought to contribute to the reflection on the consumption of symbolic goods related to the construction of appearance in a perspective that put into play the relations between classes, within the virtual environment, social networks and digital platforms. The observed profiles and groups were able to reveal characteristics of the classes and groups to which they belong, as well as revealing rules and standards specific to the field in which they operate on the internet.Digital platforms and openness to the formation of groups based on common interests configure a space in which Internet users, when participating in these environments, are inserted in an atmosphere totally focused on the indicated interest. In this sense, it becomes fruitful to think about the ways in which tastes are also influenced by the network itself that articulates the profiles directing them by keywords, types of content, engagement and reactions, and not just by the figures of influencers and/or product advertisements.Studying social networks, therefore, is studying the patterns of connections expressed in cyberspace. It is to explore a structural metaphor to understand dynamic elements and composition of social groups (RECUERO, 2009, p. 22, our translation).Finally, it is worth highlighting the relevance of Pierre Bourdieu's contribution to understanding the mechanisms of distinction. However, it is necessary to pay attention to the ways in which the trajectories of these agents are shaped in a context that is different and much more complex than that observed by Bourdieu, especially when we take into account the rise of social networks and the lifestyles that derive from them.REFERENCESALANIZ, A. G. G. Cosplay de pobre. Blog Compartilhando Histórias, 02 jun. 2018. Available: https://compartilhandohistorias.wordpress.com/2018/06/02/cosplay-de-pobre/. Access: 22 July 2022.APPADURAI, A. A vida social das coisas. Rio de Janeiro, Ed. UFF, 2008.
image/svg+xmlAna Lúcia de CASTRO andMarina Kuranaga SILVARev. Sem Aspas,Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019,2022. e-ISSN 2358-4238DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.1704016BERTONCELO, E. R.; MIRA, M. C. Apresentação. Para além da distinção? Desafios à abordagem bourdieusiana da formação social do gosto. Revista Estudos de Sociologia, Araraquara, v.24, n.46, p.19-43. jan./jun. 2019. Available: https://periodicos.fclar.unesp.br/estudos/article/view/12802/8382. Access: 22 July2022.BOURDIEU, P. A distinção: Crítica social do julgamento. São Paulo: EDUSP;Porto Alegre: Zouk, 2007. CANCLINI, N. G. Diferentes, desiguais e desconectados: Mapas da interculturalidade. Rio de Janeiro, Ed. UFRJ, 2009. CASTRO, A. L. Condicionantes sociais e trajetórias singulares: Habitus como chave analítica em processos de constituição de elos de pertença e fronteiras simbólicas. Revista Estudos de Sociologia, Araraquara, v.24, n.46, p.45-63, jan./jun. 2019. Available: https://periodicos.fclar.unesp.br/estudos/article/view/12249/8384. Access: 22 July2022.DOUGLAS, M.; ISHERWOOD, B. O mundo dos bens:Para uma antropologia do consumo.Rio de Janeiro:UFRJ, 2006. GOMES, L. G.; LEITÃO, D. K. Etnografias em ambientes digitais: perambulações, acompanhamentos e imersões. Revista Antropolítica, Niterói, n. 42, p.41-65, 2017. Available: https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/41884/pdf. Access: 22 July 2022.JORDÃO, J. V. P.; MENDONÇA, M. L. M. Pode a aparência falar? Classes sociais e a periferia da estática. Cadernos de Estudos Culturais, Campo Grande, v. 8, n. 16, p. 147-164, 2016. Available: https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/4238. Access: 22 July 2022.KARHAWI, I. Influenciadores digitais: o Eu como mercadoria. In: Tendências em comunicação digital. São Paulo:ECA-USP, 2016. p. 38-58. Available: https://www.researchgate.net/publication/315114355_Influenciadores_digitais_o_Eu_como_mercadoria. Access: 22 July 2022.NUNES, D. Cosplay de pobre: Crítica a crítica crítica. 2018. Available: https://medium.com/@paramimmesma/cosplay-de-pobre-c73b8bff5133.Access: 22 July 2022.RECUERO, R. Redes sociais na Internet. Porto Alegre: Sulina, 2009. Available: http://wiki.stoa.usp.br/images/c/c6/Recuero-cap1.pdf. Access: 22 July2022.SUKI DESU. Você sabe o que é cosplay?2016. Available: https://skdesu.com/voce-sabe-o-que-e-cosplay/. Access: 22 July2022.
image/svg+xmlConsumption and social distinction in the digital spaceRev. Sem Aspas,Araraquara, v. 11, n. esp. 1, e022019,2022. e-ISSN 2358-4238DOI: https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.1704017How to reference this articleCASTRO, A. L.; SILVA, M. K. Consumption and social distinction in the digital space.Rev. Sem Aspas, Araraquara, v.11, n.esp.1, e022019,2022. e-ISSN: 2358-4238. DOI:https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.17040Submitted:29/07/2022Required revisions:12/08/2022Approved:19/10/2022Published:26/12/2022Processing and Editing: Editora Ibero-Americana de Educação.Correction, formatting, normalization and translation.