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Dossiê:
A sociologia engajada, reflexiva e praxiológica
de Pierre Bourdieu: Atualidades e potencialidades nos estudos brasileiros
Rev. Sem
Aspas
,
Araraquara
, v.
11
, n.
esp. 1
,
e022015, 2022.
e
-
ISSN 2358
-
4238
DOI:
https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.17630
1
DOSSIÊ: A SOCIOLOGIA ENGAJADA, REFLEXIVA E PRAXIOLÓGICA DE
PIERRE BOURDIEU: ATUALIDADES E POTENCIALIDADES NOS ESTUDOS
BRASILEIROS
DOSSIER: LA SOCIOLOGÍA COMPROMETIDA, REFLEXIVA Y PRAXIOLÓGICA DE
PIERRE BOURDIEU:
ACTUALIZACIONES Y POTENCIALIDADES EN LOS
ESTUDIOS BRASILEÑOS
DOSSIER: THE ENGAGED, REFLECTIVE AND PRAXIOLOGICAL SOCIOLOGY OF
PIERRE BOURDIEU: UPDATES AND POTENTIAL IN BRAZILIAN STUDIES
Maria Chaves JARDIM
1
Pierre Bourdieu foi um dos maiores sociólogos do final do século XX, senão o
maior.
Com uma obra ousada, que inevitavelmente coloca o leitor para refletir, ao mesmo
tempo em que o convida para se sentir parte da fabricação cotidiana da sociedade, Pierre
Bo
urdieu é, sem dúvida, um autor que pode gerar amor e/ou ódio, mas jamais a indiferença.
Disposto a mirar as armas para si mesmo e também para seus pares, Bourdieu é um combatente
das palavras, mas também da ação, como mostram suas diversas iniciativas nos
movimentos
grevistas de 1995, na França, contra a política neoliberal (greves dos trabalhadores do setor
público e privado, luta contra a reforma da previdência proposta por Alain Juppé, luta ao lado
dos imigrantes
sans
-
papiers
etc).
A partir da sua obra, Pierre Bourdieu
denunciou a miséria social, cultural e moral,
provocada pela imposição das relações de poder, que por sua vez, geram a reprodução da
desigualdade e da distribuição de capitais (econômico, social, cultural, simbólico) n
o mundo
social.
Para
o
autor,
é
no
campo
da
educação
onde
ocorre
a
face
mais
perversa
dessa
dominação,
pois,
apesar
da
promessa
de
mobilidade
social
e
melhoria
de
vida
trazida
pela
educação,
a
escola
promove
dominação,
expressa
na
defasagem
da
posse
do
cap
ital
valorizado
por
essas
instituições
junto
aos
filhos
do
povo,
o
que
apenas
reforça
as
diferenças
sociais.
Essa
discussão
pode
ser
encontrada
ao
longo
de
toda
sua
obra,
sobretudo
nos
livros
Os
Herdeiros
(
1967)
e
A
Reprodução
(1970),
os
quais
tratam
de
de
svelar
os
mecanismos
de
dominação,
principalmente
em
sociedades
muito
injustas
e
desiguais
,
que são aquelas em que alguns grupos se perpetuam
no poder em detrimento de toda sociedade.
1
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara
–
SP
–
Brasil.
Professora Livre Docente do Departamento
de Ciências
Sociais. ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0001
-
5715
-
1430. E
-
mail: majardim@fclar.unesp.br
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Maria Chaves JARDIM
Rev. Sem Aspas
,
Araraquara
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2
No
clássico
A
Distinção,
1979,
Bourdieu
transformou
um
assunto
dito
prosaico
e
do
senso
comum,
ou
seja,
o
gosto
como
algo
de
foro
íntimo,
em
uma
arma
de
guerra
simbólica.
Por
meio
de
extensa
pesquisa
de
campo,
mostra
o
papel
da
educação
e
da
cultura
na
promoção
do
gosto
e
na
const
rução
daquilo
que
se
convencionou
chamar
de
gosto
legítimo
e
gosto
vulgar,
revelando
a
mágica
social
existente
por
traz
da
cultura
e
da
educação
que
,
de
forma
arbitrária,
transforma
o
gosto
legítimo
em
classificador
de
poder
e
o
seu
oposto,
o
“mal
gosto”
e
m
um
marcador
de
desclassificação.
Por outro lado, quando aborda a "violência simbólica", um tema que passa por toda a
sua obra, Bourdieu afirma que esse tipo de violência, doce e suave, só se exerce através do jogo
e da cumplicidade dos agentes sociais do
minados, e não apenas como uma instrumentação ao
serviço da classe dominante. Nesse sentido, reelabora toda discussão sobre dominação existente
na literatura das ciências sociais, desde os clássicos, quando coloca o agente social como parte
ativa e cúmplic
e da dominação a qual está submetida.
Nos últimos anos de vida, Pierre Bourdieu denunciou a chegada do neoliberalismo
econômico, por meio de diversas obras, com destaque para o livro
A Miséria do Mundo
(1997),
no qual o autor argumentou que a visão "matem
ática" e pretensiosamente neutra da ciência
econômica, introduz uma utopia que domina completamente o campo político. Esse livro
engajado lhe valeu um imenso sucesso de livraria.
O mesmo argumento, sobre os limites da
teoria econômica, também pode ser enco
ntrado em outro livro
As Estruturas Sociais da
economia
, de 2000, quando estuda a construção do mercado da casa na França.
Ao longo de sua obra, Bourdieu buscou superar a falsa oposição entre indivíduo e
sociedade, além de superar a oposição entre teorias
que compreendem a prática como
exclusivamente subjetiva, conforme expresso no individualismo metodológico e ontológico e
teorias que entendem a prática como exclusivamente estruturada, tal como ocorre no
Estruturalismo de Lévi
-
Strauss. Portanto, além do es
truturalismo, virou as armas simbólicas
para a Fenomenologia de Sartre e o Interacionismo Simbólico vigente nos Estados Unidos, o
qual, segundo o autor, dava mais liberdade ao agente social, do que este de fato tinha.
Com uma sociologia inquieta, refletiva e engajada,
Bourdieu recolocou a Sociologia no
centro do debate acadêmico, não apenas na França, mas ao redor do mundo e, com ela, a
centralidade do simbólico, ou ainda, do poder simbólico. Sua sociologia atravessa as
fronteiras
das disciplinas e dos países, sendo que seus principais conceitos, construídos ao longo de suas
pesquisas empíricas, tais como
habitus
, campo, violência simbólica, capitais, mágica social,
espaço social etc
.
, fazem parte de um vocabulário manej
ado pelos cientistas sociais que se
querem atualizados na contemporaneidade.
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Dossiê:
A sociologia engajada, reflexiva e praxiológica
de Pierre Bourdieu: Atualidades e potencialidades nos estudos brasileiros
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Nessa quebra de fronteira, Bourdieu também comprou uma briga virulenta com o campo
do feminismo, quando publicou o livro
A Dominação Masculina,
em 1998.
Essa pesquisa incide
diret
amente na "lógica da dominação" (sexual, racial, econômica etc.) em geral, mas
escrutinando o caso particular das relações homens
-
mulheres. Nesse livro, Bourdieu convida
os leitores a ultrapassarem a alternativa clássica presente nos trabalhos sobre a domi
nação,
especialmente vindo das leituras feministas, entre "coação" e "consentimento", e considerarem
que a dominação masculina se perpetua porque as mulheres são educadas para interpretarem o
mundo com os esquemas e as categorias sociais incorporadas do pe
nsamento masculino.
Constrangendo e surpreendendo as teorias da época, Bourdieu colocou a centralidade da mulher
no processo de reprodução da
doxa
androcêntrica
e,
portanto, da dominação masculina.
O inegável papel ativo das mulheres, inclusive na reproduç
ão do machismo, deve
-
se ao
fato que, em sua teoria, o agente social é um obreiro da sociedade e por isso está visceralmente
engajado no mundo social, experimentando com certa regularidade situações de conforto e de
desconforto.
Portanto, em alguma medida,
Bourdieu devolve o poder de transformação ao
agente social, que, a partir de uma tomada de posição e em um “campo dos possíveis”, pode ser
protagonista de uma revolução simbólica.
Dessa forma,
através da sua teoria da prática,
conseguiu introduzir um dinam
ismo que nem mesmo a sociologia clássica alcançou, já que para
o autor, as estruturas simbólicas só ganham significado quando são postas em prática pelos
agentes
,
que escolhem, não necessariamente de forma consciente, reproduzir ou alterar o tecido
social
.
É
também nesse sentido que a sociologia de Pierre Bourdieu é uma sociologia
combatente, no sentido que o agente social é ativo em todo processo.
É importante de dizer, ainda, que Bourdieu colocou em destaque a pesquisa de campo
em sua obra, uma vez que t
odos seus conceitos foram resultados de intenso contato com o
espaço empírico; e também retomou o ensinamento dos clássicos da sociologia
-
com especial
inspiração em Durkheim, de quem era leitor confesso
-
ao defender o uso complementar do
método qualitat
ivo (etnografia, aplicação de questionário, observação participante, análise de
trajetórias e de biografias, elaboração de prosopografia e análise de discurso, dentre outros)
e
quantitativo (estatística descritiva, análises de correspondência e análise de
correspondência
múltipla).
A atualidade e a potencialidade de seu método, deve
-
se não apenas a inegável força da
sua sociologia, mas também a formação de uma escola de herdeiros ao redor do mundo, que
segue na mediação e atualização de seu programa de est
udo e de seu método, operacionalizando
sua sociologia para temas do século XXI, sem ignorar o contexto digital, que Pierre Bourdieu
não teve tempo de estudar. Por fim, é importante enfatizar que os livros citados nessa
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Araraquara
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apresentação são meramente ilustrativ
os do vigor da sociologia de Pierre Bourdieu, mas estão
longe de expressar o total da sua larga produção.
Diante da centralidade do método de Pierre Bourdieu, 20 anos após sua morte, o objetivo
desse Dossiê
“
A
sociologia engajada, reflexiva e praxiológica de Pierre Bourdieu
:
Atualidades e potencialidades nos estudos brasileiros”
é celebrar a atualidade e a vivacidade
do autor, por meio de pesquisas que aplicam o seu método. A seguir, apresentamos os nove
trabalh
os selecionados para compor esse dossiê.
O primeiro texto do dossiê mostra o diálogo que a obra de Pierre Bourdieu faz com a
antropologia e especialmente com a antropologia política. Em
“
O problema fundamental da
política: Olhares antropológicos e o senso
político”
, Alexandre Aparecido dos Santos e Renata
Medeiros Paoliello se aproximam de estudos antropológicos que se dedicaram a questões
próprias ao universo político e as reflexões sobre as práticas políticas e seus modos de produção
presentes na obra de
Pierre Bourdieu, gerando as
seguintes conclusões:
i) os modos de produção
das práticas políticas permitem entender a existência de uma lógica própria a um possível
campo político com regras e pensamentos definidos e legitimamente reconhecidos; ii) os modos
de produção das práticas políticas revelam a existência de outras lógicas, outras regras e outros
modos de pensar sobre a política e seu funcionamento que não são reconhecidos e, por isso, não
são legitimados socialmente.
O segundo texto
“
Bourdieu e a est
atística
”
é de autoria de Marcela Purini Belém, autora
que revisita as análises estatísticas presentes nos trabalhos do autor e apresenta como essa
técnica se dissemina no Brasil, a partir de estudos oriundos especialmente da sociologia
econômica e com for
te protagonismo de jovens pesquisadores brasileiros, estudiosos do método
de Pierre Bourdieu. A autora defende que as técnicas de Análises de Correspondência (AC) e
Análise de Correspondência Múltipla (ACM) são ferramentas que ajudam a objetivar a teoria
d
e Pierre Bourdieu, em diálogo com seus métodos qualitativos, como o estudo de trajetória e a
prosopografia.
O terceiro artigo, de Maria Chaves Jardim e Márcio Rogério da Silva, intitulado
“Os
capitais detidos por ministros e ministras dos governos Cardoso
e Lula: Mapeando a
distinção”
,
justamente aplica a ACM discutida no texto de Belém. Nesse, os autores buscam
objetivar os capitais detidos pelos ministros e ministras do Estado dos períodos Cardoso e Lula,
especificando o lugar que estes ocupam no espaço s
ocial. Após aplicar a ACM em um banco de
trajetória, os autores concluem
que os ministros do governo Cardoso, do ponto de vista da
posição, tem capitais culturais, econômicos e simbólicos mais elevados sob a ótica do
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A sociologia engajada, reflexiva e praxiológica
de Pierre Bourdieu: Atualidades e potencialidades nos estudos brasileiros
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mainstream
econômico, configurando um
habitus
de elite; ao passo que o os ministros
de
Lula
possuem menor capital econômico, cultural e simbólico, constituindo um
habitus
mais popular.
O quarto artigo, de Ana Lúcia de Castro e
Marina Kuranaga Silva, intitulado
“
Cons
umo
e distinção social no espaço digital”
,
elege como tema de pesquisa a noção de distinção
presente em Pierre Bourdieu e
a
encara por meio
de dois espaços empíricos recortados nas redes
sociais, a saber: um grupo de
Facebook
relacionado à compra e venda d
e produtos na 25 de
março, famosa rua de comércio popular na cidade de São Paulo e o perfil no
Instagram
de uma
digital influencer da área de moda e estilo, Maju Trindade.
Os resultados da pesquisa indicam
que o gosto também tem sido influenciado, não apenas pelas figuras dos influenciadores e/ou
das propagandas de produtos, mas ainda e sobretudo, por meio da própria rede que articula os
perfis direcionando
-
os por palavras
-
c
have, tipos de conteúdo, engajamento e reações.
O quinto texto
“
Entre o mainstream e o underground: Origens, trajetórias e capitais
nos dois polos do rock brasileiro dos anos 1980”
,
de autoria de
Tiago Rosa,
também trata do
tema da distinção
e o poder sim
bólico de uma elite, por meio de um estudo comparativo entre
duas vertentes do rock brasileiro dos anos 1980, o
mainstream
e o
underground,
empreendido
por meio do estudo da trajetória individual e coletiva dos roqueiros brasileiros do período, em
diálogo
com conceitos de Pierre Bourdieu, buscando identificar os capitais detidos pelos
expoentes do rock que receberam a preferência da indústria fonográfica do período, em
comparação com um segundo grupo, que ficou à margem da indústria da música, os
undergroun
ds
.
O sexto artigo,
“
A contribuição de Pierre Bourdieu para os estudos sobre elites no
Brasil
”
, de
Gabriela Lanza Porcionato, Paulo José de Carvalho Moura e Mateus Tobias Vieira,
aprofunda um tema que aparece no artigo anterior, sobre elite.
Os
autores apresentam
um
interessante panorama da influência de Pierre Bourdieu nos estudos sobre elite no Brasil. Para
tanto, os autores realizam uma sistemática revisão bibliográfica, indicando a "primeira geração"
de brasileiros que importaram o pensamento
de Bourdieu para o Brasil, dando destaque ao
surgimento do tema “elites” nessa agenda de pesquisa, assim como a reprodução de uma
"segunda geração" de herdeiros
de Bourdieu, que também passa a ocupar espaços de debates
nacionais em congressos e nas univer
sidades. Os resultados indicam o potencial de Pierre
Bourdieu para os estudos de elites no Brasil, com forte reprodução da rede de pesquisadores
que se dedicam ao tema.
O sétimo artigo
é um texto coletivo, assinado
por Janaina de
Oliveira, Natália
Casagra
nde e Maria Teresa Miceli Kerbauy, intitulado
“Uma análise sobre a financeirização
do ensino superior e os efeitos da produção do diploma como um signo de distinção social”
.
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Maria Chaves JARDIM
Rev. Sem Aspas
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Araraquara
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Inspiradas no arcabouço teórico
-
metodológico de Pierre Bourdieu, o artigo defende
que com a
expansão e financeirização do ensino superior nos anos 2000, cresce o número de empresas
educacionais no mercado as quais, apesar de oferecer um ensino de baixa qualidade, passam a
competir com as instituições públicas e passam a
comercializar a
educação como um signo de
distinção
.
O
oitavo
artigo,
“
Revisão bibliográfica da perspectiva teórica de Bourdieu na
educação matemática
”
,
de autoria de
Julia Beatriz Giaccheto Barbieri,
trata da apropriação da
teoria de Pierre Bourdieu pela educação matemát
ica, por meio de um levantamento na
plataforma Sucupira, quando foi analisado
como o autor é abordado na Educação Matemática
e quais são suas possíveis implicações e contribuições para a área, bem como quais são os
conceitos de Bourdieu mais
utilizados pelos pesquisadores de Educação Matemática. Os dados
indicam que Pierre Bourdieu é pouco conhecido e adotado na área de Educação Matemática,
tanto pela baixa representatividade quantitativa desses estudos, quanto pelo número ainda
menor de pesqu
isas que adotam seu modo de trabalho. O artigo cumpre o papel de difundir
Pierre Bourdieu junto a essa área, onde ainda existe necessidade de divulgação de seu
pensamento.
O
nono
artigo é de autoria de Bruno Fonseca, intitulado
“Pandemia e habitus de classe:
Análise de práticas sociais de autocuidado durante a pandemia de Covid
-
19 na região
metropolitana do Recife”
.
Por meio de etnografias e biografia sociológica realizada com Jib
oia
–
um membro da classe
popular brasileira
–
,
o autor argumenta que diante do contexto
pandêmico, a utilização de máscaras, a realização do isolamento social, a vacinação e
higienização, não foram apenas respaldadas pelas condições objetivas de vida, mas
também,
pelos condicionantes subjetivos de existência quando estes estão associados à
desigualdade
existencial.
Para sua argumentação, o autor se baseia centralmente no conceito
Habitus,
de
Pierre Bourdieu, argumentando que o
habitus
de classe foi determi
nante nas tomadas de posição
durante a pandemia.
Por fim, o
décimo
e último artigo
“O programa Minha Casa, Minha Vida e a
sociologia relacional de Pierre Bourdieu: A construção social de um mercado”
, de
James
Santos e Nathália Teixeira.
Nesse, os autores
têm
como objeto de pesquisa o
Programa
habitacional Minha Casa, Minha Vida,
implantado pelos governos Lula e Dilma (2009
-
2016)
e busca identificar o papel do Estado na construção social desse mercado a partir do município
de Palmeira dos
Índios
–
AL. Para tanto, inspiram
-
se na ideia de construção social de mercados,
de Pierre Bourdieu.
Os dados indicam parcerias entre diversos agentes e instituições
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A sociologia engajada, reflexiva e praxiológica
de Pierre Bourdieu: Atualidades e potencialidades nos estudos brasileiros
Rev. Sem
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Araraquara
, v.
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, n.
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,
e022015, 2022.
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ISSN 2358
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DOI:
https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.17630
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(empreiteiros, construtoras, bancos, prefeituras entorno do Estado), além de avanços e limi
tes
do programa.
Como referenciar este artigo
JARDIM, M. C
.
Dossiê: A sociologia engajada, reflexiva e praxiológica de Pierre Bourdieu:
Atualidades e potencialidades nos estudos brasileiros
.
Rev. Sem Aspas
, Araraquara, v.
11, n.
esp.
1,
e022015,
2022. e
-
ISSN: 2358
-
4238.
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https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.17630
Submetido em
:
20/09/2022
Revisões requeridas
em
:
16/10/2022
Aprovado em
:
27/11/2022
Publicado em
:
26/12/2022
Processamento e edição:
Editora Ibero
-
Americana de Educação.
Correção, formatação, normalização e tradução.
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Dossier:
The
engaged, reflective and praxiological sociology of Pierre Bourdieu: Updates and potential in
Brazilian studies
Rev. Sem Aspas
,
Araraquara
, v.
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, n.
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,
e
022015
,
2022
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ISSN 2358
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4238
DOI:
https://doi.org/10.29373/sas.v11iesp.1.17630
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DOSSIER: THE ENGAGED, REFLECTIVE AND PRAXIOLOGICAL SOCIOLOGY
OF PIERRE BOURDIEU: UPDATES AND POTENTIAL IN BRAZILIAN STUDIES
DOSSIÊ: A SOCIOLOGIA ENGAJADA, REFLEXIVA E PRAXIOLÓGICA DE PIERRE
BOURDIEU: ATUALIDADES E
POTENCIALIDADES NOS ESTUDOS BRASILEIROS
DOSSIER: LA SOCIOLOGÍA COMPROMETIDA, REFLEXIVA Y PRAXIOLÓGICA DE
PIERRE BOURDIEU: ACTUALIZACIONES Y POTENCIALIDADES EN LOS
ESTUDIOS BRASILEÑOS
Maria Chaves JARDIM
1
Pierre Bourdieu was one of the greatest sociologists of the late 20th century, if not the
greatest. With a daring work, which inevitably makes the reader reflect, at the same time that
invites him to feel part of the daily fabrication of society, Pierre Bo
urdieu is, without a doubt,