ENSINO REMOTO E QUALIDADE DE VIDA DOCENTE EM CENÁRIO DE PANDEMIA


ENSEÑANZA A DISTANCIA Y CALIDAD DE VIDA DOCENTE EN ESCENARIO DE PANDEMIA


REMOTE EDUCATION AND TEACHING STATUS IN PANDEMIC SCENARIO


Eduardo Benincá CUQUETTO1 Ellen Maria Santos PORTELA2

Yolanda Aparecida de Castro Almeida VIEIRA3


RESUMO: Esse trabalho objetiva descrever a percepção de docentes universitários sobre qualidade de vida (QV) a partir de domínios físicos, psicológicos, sociais e ambientais em cenário pandêmico. O estudo se caracterizou como descritivo e transversal, no qual se avaliou a amostra composta por professores universitários dos cursos de licenciatura no município de Teixeira de Freitas (BA). Justifica-se essa pesquisa por compreender que, ao considerar as percepções dos docentes em isolamento social, contribuirá para intervenção na promoção da saúde destes profissionais, oferecendo também subsídios para pesquisas futuras. A análise das respostas ocorreu a partir da aplicação do questionário WHOQOL-bref. Os resultados mostraram que, de maneira geral, os professores referiram como positiva a percepção de sua QV (63,3%). No entanto, alguns questionamentos merecem uma atenção maior, como o psicológico, que apresentou que 90% dos professores demonstrou, em algum momento, um estado emocional negativo, como ansiedade e depressão durante o isolamento social.


PALAVRAS-CHAVE: Ensino. COVID-19. Docente. Qualidade de vida.


RESUMEN: Este trabajo pretende describir la percepción de docentes universitarios sobre calidad de vida (QV) a partir de dominios físicos, psicológicos, sociales y ambientales en escenario pandémico. El estudio se caracterizó como descriptivo y transversal, en el que se evaluó la muestra compuesta por profesores universitarios de los cursos de licenciatura. Se justifica por comprender que esta investigación, al considerar las percepciones de los docentes en aislamiento social, contribuirá a la intervención en la promoción de la salud de estos profesionales, ofreciendo también subsidios para investigaciones futuras. El análisis de las respuestas se realizó a partir de la aplicación del cuestionario WHOQOL-bref. Los resultados han señalado que, de manera general, los profesores refirieron como positiva la percepción de su QV (63,3%). Sin embargo, algunos cuestionamientos merecen una atención


1 Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Teixeira de Freitas – BA – Brasil. Departamento de Educação. Graduando em Ciências Biológicas. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8941-7835. E-mail: eduardo.b.c.nv@hotmail.com

2 Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Teixeira de Freitas – BA – Brasil. Departamento de Educação. Graduada em Ciências Biológicas. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5228-2669. E-mail: ellenmariaportela@gmail.com

3 Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Teixeira de Freitas – BA – Brasil. Professora adjunta. Departamento de Educação. Doutora em Tratamento da Informação Espacial (PUCMinas). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6717-0616. E-mail: yalmeida@uneb.br




mayor, como el psicológico donde más del 90% de los profesores en algún momento demostraron un estado emocional negativo, como ansiedad y depresión durante el aislamiento social.


PALABRAS CLAVE: Enseñanza. COVID-19. Docente. Calidad de vida.


ABSTRACT: The objective here is to describe the perception of university professors about quality of life (Qol) from physical, psychological, social and environmental domains in a pandemic scenario. This study was characterized as descriptive and cross-sectional, where the sample composed of university professors of undergraduate courses was evaluated. It is justified to understand that this research, when considering the perceptions of teachers in social isolation, will contribute to intervention in the promotion of the health of these professionals, also offering subsidies for future research. The analysis of the responses was based on the application of the WHOQOL-bref questionnaire. The results showed that, in general, teachers reported as positive the perception of their Qol (63.3%). However, some questions deserve greater attention, such as the psychological one where more than 90% of teachers at some point demonstrated a negative emotional state, such as anxiety and depression during social isolation.


KEYWORDS: Teaching. COVID-19. Teacher. Quality of life.


Introdução


Por necessitar constantemente de ponderações, a discussão sobre o trabalho docente deve ser tema de debates. É fato que os professores contribuem para a formação crítica e intelectual de novos atores sociais. Todavia, pouco se sabe sobre a qualidade de vida (QV) desses profissionais, o que indica que essa discussão deveria ser mais efetiva, uma vez que o trabalho docente carrega uma carga de estressores psicossociais. Esta reflexão se tornou ainda mais necessária a partir do final do ano de 2019, quando a China admitiu um surto por uma nova espécie de Coronavírus.

Além de todas as questões inerentes ao trabalho docente, uma nova realidade trouxe mudanças nunca imaginadas a nível mundial. No Brasil, toda a esfera social foi modificada, sendo os impactos sentidos de forma contundente pela comunidade educacional brasileira. Diante disso, após as primeiras medidas de controle do vírus e fechamentos das instituições de ensino, emergiu a necessidade de dar continuidade às aulas, objetivando não prejudicar o processo de ensino e aprendizagem.

Diante da nova conjuntura, o Ministério da Educação (MEC) publicou a portaria nº 343, de 17 de março de 2020 (BRASIL, 2020), que dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas online, enquanto permanecesse a pandemia da COVID-19, considerando




o alto risco de contágio nestes ambientes, seguindo, portanto, protocolos da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Estas medidas fizeram com que uma parcela significativa de professores passasse a trabalhar de forma remota em suas residências. Novas condições de trabalho, a partir da presença significativa do uso de tecnologias digitais, impeliram o improviso de ambientes para realização de práticas acadêmicas. Estes profissionais se viram forçados a dividir o ambiente familiar com esta nova modalidade de ensino.

Diante do exposto, este trabalho objetiva descrever a percepção de docentes universitários sobre QV a partir de domínios físicos, psicológicos, sociais e ambientais em cenário pandêmico. Justifica-se por compreender que esta pesquisa, ao considerar as percepções dos docentes em isolamento social, contribuirá para intervenção na promoção da saúde destes profissionais, oferecendo também subsídios para pesquisas futuras.

Este trabalho está estruturado da seguinte forma: na seção 1, apresenta-se a introdução; na seção 2, discorre-se sobre os métodos utilizados nesta pesquisa; na seção 3, são discutidos os resultados encontrados que, por fim, são apresentados com as conclusões na seção 4.


Métodos


A pesquisa foi realizada com docentes da Educação Superior no município de Teixeira de Freitas (BA). Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal (GIL, 2002). O processo de amostragem iniciou-se com a obtenção de uma lista junto ao departamento de Recursos Humanos da Instituição de Ensino Superior contendo o número de professores da Universidade, atualizada no ano de 2019.

No cenário de estudo havia 88 professores, sendo 12 professores auxiliares, 33 assistentes, 12 adjuntos, sete titulares, um pleno e 23 substitutos. Conforme o Currículo Lattes, 34 são doutores, 45 mestres e oito especialistas e uma graduada. Foram excluídos da pesquisa os docentes que estavam afastados por motivos particulares, licença maternidade, férias, licença para tratamento de saúde, cursando pós-graduação, pós-doutorado ou que não concordaram com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

O método utilizado para a coleta dos dados foi a aplicação de um questionário fechado denominado WHOQOL-bref, instrumento criado pelo grupo de QV da OMS, abreviado a partir do WHOQOL-100 (W-100). O WHOQOL- bref é composto por 26 questões denominadas facetas, relacionadas à qualidade dos domínios físicos, psicológicos, relações




sociais e meio ambiente. As respostas para todas as facetas são obtidas através da escala do tipo Likert, variando de 1 (0%) a 5 (100%), sendo 1 a condição de pior escore e 5 o melhor.

A coleta de dados foi iniciada no mês de dezembro do ano de 2020, findando em março de 2021. Ressalta-se que nesse período do mês de março o Brasil estava no início de operacionalização da vacinação contra a covid-19. Devido à pandemia e à consequente introdução de aulas no modelo remoto, realizou-se o encaminhamento do questionário, elaborado na plataforma Google Forms, para os endereços eletrônicos dos docentes.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado da Bahia (CAAE: 36497520.0.0000.0057). A participação no estudo foi voluntária e as respostas foram recebidas em formato anônimo.


Resultados e discussões


Conforme exposto na metodologia, foram enviados os questionários para 88 professores. Destes, responderam à pesquisa 30 docentes da IES, lotados em diferentes colegiados dos seguintes cursos de licenciatura: Ciências Biológicas, Educação Física, História, Letras - Língua Inglesa e Literaturas, Letras - Língua Portuguesa e Literaturas, Matemática e Pedagogia. Embora não seja possível compreender as causas da evasão dos respondentes, acredita-se que motivos como cansaço, desânimo e angústia podem ter colaborado para um número significativo do não retorno. Após perceber um percentual considerável na não devolutiva, novamente foi enviado o questionário. É necessário dizer que esta amostra foi possível ao segundo envio.

Quanto à variável gênero, os dados indicam uma participação maior das mulheres na pesquisa (n=22), fato associado a uma grande predominância do gênero no quadro funcional da IES, representando 65% do corpo docente. Quanto à variável idade, consiste em um intervalo de 27 a 65 anos. Analisando-o, constata-se que 43,33% estão na faixa etária entre 27 a 39 anos (n=13), 36,66% no intervalo de 40 a 51 anos (n=11), 16,66% na faixa dos 52 aos 63 anos (n=5) e 3,33% acima de 64 anos (n=1). Quanto à formação acadêmica, um participante se identificou com titulação graduação, outros 6,66% com título de especialização (n=2), 43,33% a nível mestrado (n=13), 40% a grau de doutorado (12) e 6,66% com pós-doutorado (n=2).




Domínio físico


A faceta “dor e desconforto” revela que 13,3% dos participantes pressupõem que a dor física prejudica bastante o cotidiano, impedindo-os de realizar alguma atividade. Embora em porcentagem não se apresente de forma expressiva, é necessário analisar que 33,33% alegaram que a dor os prejudica “mais ou menos”. Ora, usar esta expressão para classificar de que forma a dor incomoda é considerar que, pelo menos na metade do seu cotidiano, sente algum desconforto. Em contrapartida, 53,3% declararam em “nada” ou “muito pouco” sobre a dor física causar algum tipo de impedimento.

Ainda que a faceta anterior tenha demonstrado que a dor física é presente em grande parte dos integrantes da pesquisa, ao responderem sobre a mobilidade, observa-se pouco grau de variação nas respostas. Assim, 86,7% representa a avaliação conjunta como “muito bom” e “bom” sobre a capacidade de se locomover. Outros 6,7% avaliaram “nem muito ruim nem muito bom” e 6,7% também se dizem capazes de locomover de forma “ruim”.

A faceta “energia e fadiga” evidencia que 33,3% possuem energia suficiente para o dia a dia e 56,7% possuem média quantidade de energia para as atividades e 10% dizem não possuir energia suficiente ou possuem pouca.

A faceta “sono e repouso” aponta que 63,3% estão satisfeitos ou muito satisfeitos com sono. Entretanto, 26,7% estão insatisfeitos ou muito insatisfeitos e 10% não estão satisfeitos nem insatisfeitos. É notável a relação das facetas “energia e fadiga” e “sono e repouso” quando o grau de intensidade se apresenta insatisfatório.

A privação de sono, segundo Miranda Neto (2001), tende a tornar a pessoa mais tensa, ansiosa e irritável. Além disso, uma noite nos ideais saudáveis de sono contribui positivamente à atuação de hormônios a provoca uma elevação no metabolismo celular, aumentando, portanto, a disponibilidade de energia para as atividades. Assim, a faceta de sono tem influência direta sobre outros aspectos neste domínio, além da energia e fadiga, como influenciar na capacidade de trabalho e gerar dependência de medicamentos para alcançar a tão desejada noite ideal de sono.

A faceta sobre “atividades da vida cotidiana” revela que 66,6% estão satisfeitos ou muito satisfeitos com a capacidade de desempenhar as atividades do dia a dia. Em contrapartida, 16,6% se dizem insatisfeitos ou muito insatisfeitos com sua capacidade de desempenho. Outros 16,7% não estão satisfeitos nem insatisfeitos.

A faceta “capacidade de trabalho” questiona sobre o grau de satisfação sobre a

capacidade de trabalho. Dos participantes, 70% dizem estar satisfeitos ou muito satisfeitos e




outros 20% não estão satisfeitos nem insatisfeitos. Entretanto, 10% estão insatisfeitos ou muito insatisfeitos. É difícil mensurar ao certo um fator específico que explique tal insatisfação. Entretanto, com a realidade do ensino remoto, uma das possibilidades são os desafios frente às novas tecnologias e adaptações metodológicas nesta modalidade de ensino. Devido às dificuldades tecnológicas dos discentes e docentes e fatores externos, como internet, equipamentos e softwares, a percepção sobre capacidade de trabalho pode ter se dado de forma negativa neste sentido.

Por fim, a última faceta deste domínio, denominada “dependência de medicação ou de tratamentos”, revela que 60% dizem não precisar ou precisam muito pouco, de algum tipo de tratamento para levar a vida diária. Contudo, 13,3% dizem precisar bastante de algum tipo de tratamento médico no cotidiano e 26,7% necessitam mais ou menos de tratamento.


Domínio psicológico


O ensino emergencial remoto levou o sistema educacional a adotar novas medidas de ensino. Assim, os professores universitários se adaptaram a atividades não presenciais, uma mudança repentina que gerou um misto de sentimentos, impactando diretamente sua saúde mental (SANTOS; SILVA; BELMONTE, 2021). Ao serem questionados a respeito da frequência de sentimentos negativos como mau humor, desespero, ansiedade e depressão, 70% da classe trabalhista responderam que esses sentimentos estiveram presentes algumas vezes, 20% afirmaram ser frequente e/ou muito frequente, 6,7% sempre e 3,3% nunca.

As respostas indicam para uma necessidade de atenção nesta faceta, pois mais de 90% dos professores, em algum momento, demonstraram um estado emocional negativo. Todavia, reconhece-se esse resultado como esperado, levando em conta a situação atípica de pandemia mundial. Um estudo realizado por Torales et al. (2021) a respeito do efeito da COVID -19 na saúde mental da população global, revela que a circulação de notícias sobre o Coronavírus, principalmente relacionadas aos casos de mortes e a restrição da companhia de pessoas antes presente, causaram um pico de estresse, conflitos interpessoais e exaustão dos cidadãos, todo esse comportamento foi motivado pelo medo.

Ao mesmo tempo, ao serem perguntados sobre a aceitação pessoal, 73,3% afirmaram que estão satisfeitos e/ou muito satisfeitos, 16,6% intermediário e 10% insatisfeitos. Assim, é possível afirmar que, embora haja essa frequência de sentimentos desfavoráveis, eles podem estar associados a questões externas do sujeito. Quando se analisam os resultados relacionados ao sentido da vida, percebe-se que 73,3% relatam que a vida possui bastante e/ou




extremamente sentido, 23,3% mais ou menos e 3,3% muito pouco. Embora a resposta geral seja positiva, é de se referir que mais de ¼ dos professores relatam que a vida possui pouco sentido.

Por conseguinte, com relação ao domínio psicológico, pode-se observar que muitos docentes relataram não aproveitar muito a vida: 46,7% responderam que mais ou menos, 6,7% muito pouco, porém 46,7% dos respondentes disseram que estão aproveitando bastante. Apesar do isolamento social não ter permitido encontros presenciais, Guinancio et al. (2020) apontam que outras atividades ganharam força, ressignificado e promoveram distrações como os encontros virtuais e os shows on-line, diminuindo a tensão trazida pelo vírus.

No que diz respeito à pergunta relacionada à autoestima “você é capaz de aceitar sua aparência física”, 66,6% estão muito e/ou completamente, enquanto 26,7% mais ou menos e 6,7% muito pouco. Castelo-Branco e Pereira (2001) associa a autoestima e aceitação pessoal ao bem-estar dos professores, agente inerente ao desempenho e produtividade. Por fim, no quesito concentração “o quanto você consegue se concentrar” 50% afirmaram que mais ou menos, 43,3% bastante e 6,7% muito pouco.


Domínio das relações sociais


O domínio de Relações Sociais abrange apenas três facetas, com escalas de intensidades em que: (1) representava muito insatisfeito, (2) insatisfeito, (3) nem satisfeito nem insatisfeito, (4) satisfeito e (5) muito satisfeito.

A faceta “relações pessoais” questiona sobre o nível de satisfação com as relações pessoais (amigos, parentes, colegas, conhecidos). Dessa forma, 70% disseram estar satisfeitos ou muito satisfeitos quanto as suas relações, 13,3% responderam estarem insatisfeitos e 16,7% nem satisfeitos nem insatisfeitos. Tais porcentagens podem ser interpretadas como consequência das medidas restritivas de isolamento e da grande sobrecarga de trabalho durante este cenário, diminuindo relações de contato e comunicação, antes feita presencialmente.

Quando questionados sobre a faceta “Atividade sexual”, 53,3% se dizem satisfeitos ou muito satisfeitos. Tal valor representa um pouco mais da metade quanto ao grau de satisfação. Devido às limitações do questionário fechado, poucas são as reflexões possíveis para averiguar algum tipo de relação com a faceta. Ademais, 20% dizem estar insatisfeitos ou muito insatisfeitos com a atividade sexual, enquanto 26,7% mostraram indiferença, nem satisfeitos nem insatisfeitos.




Por fim, a faceta “Suporte (apoio) pessoal” que faz referência à satisfação do apoio que recebe de amigos, os resultados foram bastante positivos. Assim, 80% disseram estar satisfeitos ou muito satisfeitos, 13,3% indiferentes e 6,7% insatisfeitos.


Domínio meio ambiente


Ao serem questionados sobre as facetas correspondentes ao meio ambiente, cada professor deveria marcar uma opção em uma escala de frequência que variava de 1 a 5, em que (1) representava nada, (2) muito pouco, (3) médio, (4) muito e (5) completamente.

A primeira faceta correspondia à segurança pessoal: “quão seguro(a) você se sente em sua vida diária”. Com isso, 53,3% responderam que se sentem mais ou menos seguros, 33,3% bastante e 13,3% muito pouco. Em relação à questão financeira, quando questionados com “você tem dinheiro suficiente para satisfazer suas necessidades”, 53,4% dos professores responderam que possuem muito e/ou completamente condições que atendam às suas necessidades, 43,3% responderam que médio, e uma pequena parcela (3,3%) disseram muito pouco.

Sobre o acesso às informações: “quão disponíveis para você estão as informações que precisa no seu dia a dia”, 70% responderam que muito e/ou completamente e 30% médio. A grande representatividade desta resposta de certa forma se justifica considerando a rápida circulação das informações nos veículos midiáticos, principalmente pela internet e telejornais. Entretanto, apesar da disponibilidade das informações, houve um aumento de disseminação de notícias falsas referentes à pandemia, especialmente quanto à eficácia de medidas preventivas (uso de máscaras, lockdown) e o uso de farmacêuticos (MATOS, 2020).

Analisando o quesito lazer com o questionamento: “em que medida você tem oportunidades de atividade de lazer”, 43,3% dos profissionais de educação responderam a escala 2 (muito pouco), 36,7% médio e 20% falaram que possuem muito e/ou completamente oportunidade. Versiani (2020) associa o fator da baixa expressividade do lazer por parte dos docentes ao isolamento social, as atribuições de trabalho se limitaram ao ambiente doméstico, não havendo espaço para as atividades de lazer como deslocamento pela cidade, viagens, encontros com amigos em bares e restaurantes e afins. Este teórico ainda ressalta que o trabalho do professor foi redobrado, pois houve a necessidade de se adequar ao novo modelo de ensino.




Cada respondente poderia marcar uma opção de 1 a 5, em que (1) representa muito insatisfeito, (2) insatisfeito, (3) nem satisfeito nem insatisfeito (4) satisfeito e (5) muito satisfeito.

Sobre as condições de moradia, “quão satisfeito(a) você está com as condições do local onde mora”, 90% disseram que muito satisfeitos e/ou satisfeitos, 6,6% insatisfeitos e/ou muito insatisfeitos e 3,3% nem satisfeitos nem insatisfeitos. Observou-se que os profissionais estavam bastante satisfeitos em relação ao meio de transporte. Ao serem perguntados “quão satisfeito(a) você está com o seu meio de transporte”, 83,4% responderam que estavam satisfeitos e/ou muito satisfeitos, 10% nem satisfeitos nem insatisfeitos e 6,6% muito insatisfeitos e/ou insatisfeitos.

Sobre a saúde, ao serem indagados: “quão satisfeito(a) você está com o seu acesso aos serviços de saúde”, 53,3% responderam estarem satisfeitos e/ou muito satisfeitos, 33,3% insatisfeitos e/ou muito insatisfeitos e 13,3% nem satisfeitos nem insatisfeitos. Vale aqui salientar que a crise sanitária gerada pela COVID-19 impactou o atendimento ao Sistema Único de Saúde (SUS) e aos planos em hospitais privados, pois com a situação de emergência, recursos orçamentários, atendimentos, leitos e Unidades de Tratamentos Intensivos (UTIs) precisaram ser priorizados e ampliados para atendimento aos pacientes infectados (COSTA et al., 2020).

Quando questionados sobre a satisfação com o meio ambiente no atual momento, “quão saudável é o seu ambiente físico (clima, barulho, poluição, atrativos)”, 80% dos professores afirmaram estarem satisfeitos e/ou muito satisfeitos com o ambiente, 16,7% nem satisfeitos nem insatisfeitos e 3,3% insatisfeitos. De acordo com Oliveira, Campos e Siqueira (2020), o isolamento social propiciou a redução de emissões de gases atmosféricos com a baixa circulação de carros, atenuação da geração de CO2, diminuição na geração de resíduos e da poluição sonora.


Conclusão


Observou-se que, de maneira geral, a maior parte dos professores considerou de forma positiva sua QV, com 76,6% classificando-a como boa ou muito boa, além da satisfação com os níveis de saúde (63,3%). Com relação aos domínios de QV analisados, o domínio psicológico apresentou os melhores resultados, apesar de demonstrarem constantes pensamentos negativos.





Os resultados apresentados neste estudo corroboram com o estudo de Alvarenga et al. (2020), em que foram estudados 35 professores aplicando o questionário do Whoqol breve. Os achados desse estudo também mostram que os professores vêm sofrendo com a pandemia e que, por sua vez, o domínio ambiental apresentou os piores resultados, principalmente relacionados às atividades de lazer e cuidado com a saúde.

Em consideração a isso, é indispensável a atenção na compreensão dos aspectos ambientais, psicológicos, sociais e físicos relacionados a QV, haja vista a importância dos professores para a sociedade. Desta maneira, é necessário que pesquisas como esta possam subsidiar estratégias para a melhoria da QV dos educadores, sobretudo quanto à assistência médica e apoio psicossocial, principalmente nesse momento de pandemia. Para mais, é necessária a busca por estratégias que visem à redução da sobrecarga intelectual, física e social, além de incentivar atividade física através de programas educativos promovidos pela universidade.

Este estudo apresenta algumas limitações, a destacar o fato de não ser possível associar as relações de causa e efeito nas variáveis estudadas. Todavia, as questões aqui levantadas merecem a devida atenção dos pesquisadores, como auxílio em estratégias de melhoria na QV desses indivíduos.


REFERÊNCIAS


ALVARENGA, R. et al. Percepção da qualidade de vida de professores das redes públicas e privadas frente à pandemia do covid-19. Revista CPAQV–Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida, v. 12, n. 3, p. 1-8, 2020. Disponível em: http://www.cpaqv.org/revista/CPAQV/ojs- 2.3.7/index.php?journal=CPAQV&page=article&op=view&path%5B%5D=538. Acesso em: 10 mar. 2021.


BRASIL. Portaria n. 343, de 17 de março de 2020. Dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia do Novo Coronavírus-Covid-19. Brasília, DF: MEC, 2020. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Portaria/PRT/Portaria%20n%C2%BA%20343-20- mec.htm. Acesso em: 12 out. 2021.


COSTA, D. C. A. R. et al. Oferta pública e privada de leitos e acesso aos cuidados à saúde na pandemia de Covid-19 no Brasil. Saúde em Debate, v. 44, n. esp. 4, p. 232-247, dez. 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sdeb/a/39jsyjTLxGZHFQXrs4VVMRS/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 10 fev. 2021.


GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.




GUINANCIO, J. C. et al. COVID – 19: Desafios do cotidiano e abordagem de enfrentamento frente ao isolamento social. Research, Society and Development, v. 9, n. 8, e259985474, 2020. Disponível em:


MATOS, Rafael Christian. Fake news frente a pandemia de COVID-19. Vigilância Sanitária em Debate: Sociedade, Ciência & Tecnologia, v. 8, n. 3, p. 78-85, 2020. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/download/5474/4789/26501. Acesso em: 10 ago. 2021.


MIRANDA NETO, M. H. M. Reflexões sobre a importância do sono e dos sonhos para a aprendizagem. Arquivos Apadec, v. 5, n. 2, p. 7-11, 2001. Disponível em: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ArqMudi/article/view/17438/9289. Acesso em: 7 jul. 2021.


OLIVEIRA, M. N.; CAMPOS, M. A. S.; SIQUEIRA, T. D. A. Coronavírus: globalização e seus reflexos no meio ambiente. BIUS-Boletim Informativo Unimotrisaúde em Sociogerontologia, v. 20, n. 14, p. 1-12, jul. 2020. Disponível em: https://www.periodicos.ufam.edu.br/index.php/BIUS/article/view/7859. Acesso em: 10 maio 2021.


CASTELO-BRANCO, M. C. A. S. H.; PEREIRA, A. M. S. A auto‑estima, a satisfação com a

imagem corporal e o bem‑estar docente. Psicologia Cognitiva, v. 5, n. 2, p. 335-346, 2001. Disponível em: http://pec.ispgaya.pt/edicoes/2001/PEC2001N2/index.html. Acesso em: 27 set. 2021.


SANTOS, G. M. R. F.; SILVA, M. E.; BELMONTE, B. R. COVID-19: ensino remoto

emergencial e saúde mental de docentes universitários. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, v. 21, supl. 1, p. S245-S251, fev. 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbsmi/a/b3TVbVHcCZRxkVZPFPK6PHF/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 21 ago. 2021.


TORALES, J. et al. O surto do coronavírus COVID-19 e seu impacto na saúde mental global. Jornal Internacional de Psiquiatria Social, v. 66, n. 4, p. 317-320, 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32233719/. Acesso em: 25 mar. 2021.


VERSIANI, I. V. L. Lazer e pandemia: desafios e perspectivas a partir do desenvolvimento social. LICERE-Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 23, n. 4, p. 554-588, 2020. Disponível em:

https://periodicos.ufmg.br/index.php/licere/article/view/26879. Acesso em: 07 jul. 2021.


WHOQOL GROUP. The World Health Organization quality of life assessment (WHOQOL): position paper from the World Health Organization. Social science & medicine, v. 41, n. 10,

p. 1403-1409, 1995. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/027795369500112K#!. Acesso em: 20 abr. 2021.




Como referenciar este artigo


CUQUETTO, E. B.; PORTELA, E. S.; VIEIRA, Y. A. C. A. Ensino remoto e qualidade de vida docente em cenário de pandemia. Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022003, jan./dez. 2022. e-ISSN: 2526-3471. DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.15883


Submetido em: 22/11/2021

Revisões Requeridas em: 15/02/2022 Aprovado em: 27/03/2022 Publicado em: 30/06/2022




REMOTE EDUCATION AND TEACHING STATUS IN PANDEMIC SCENARIO


ENSINO REMOTO E QUALIDADE DE VIDA DOCENTE EM CENÁRIO DE PANDEMIA


ENSEÑANZA A DISTANCIA Y CALIDAD DE VIDA DOCENTE EN ESCENARIO DE PANDEMIA


Eduardo Benincá CUQUETTO1 Ellen Maria Santos PORTELA2

Yolanda Aparecida de Castro Almeida VIEIRA3


ABSTRACT: The objective here is to describe the perception of university professors about quality of life (Qol) from physical, psychological, social and environmental domains in a pandemic scenario. This study was characterized as descriptive and cross-sectional, where the sample composed of university professors of undergraduate courses was evaluated. It is justified to understand that this research, when considering the perceptions of teachers in social isolation, will contribute to intervention in the promotion of the health of these professionals, also offering subsidies for future research. The analysis of the responses was based on the application of the WHOQOL-bref questionnaire. The results showed that, in general, teachers reported as positive the perception of their Qol (63.3%). However, some questions deserve greater attention, such as the psychological one where more than 90% of teachers at some point demonstrated a negative emotional state, such as anxiety and depression during social isolation.


KEYWORDS: Teaching. COVID-19. Teacher. Quality of life.


RESUMO: Esse trabalho objetiva descrever a percepção de docentes universitários sobre qualidade de vida (QV) a partir de domínios físicos, psicológicos, sociais e ambientais em cenário pandêmico. O estudo se caracterizou como descritivo e transversal, no qual se avaliou a amostra composta por professores universitários dos cursos de licenciatura no município de Teixeira de Freitas (BA). Justifica-se essa pesquisa por compreender que, ao considerar as percepções dos docentes em isolamento social, contribuirá para intervenção na promoção da saúde destes profissionais, oferecendo também subsídios para pesquisas futuras. A análise das respostas ocorreu a partir da aplicação do questionário WHOQOL-bref. Os resultados mostraram que, de maneira geral, os professores referiram como positiva a percepção de sua QV (63,3%). No entanto, alguns questionamentos merecem uma atenção maior, como o psicológico, que apresentou que 90% dos professores demonstrou, em algum momento, um estado emocional negativo, como ansiedade e depressão durante o isolamento social.


PALAVRAS-CHAVE: Ensino. COVID-19. Docente. Qualidade de vida.


1 Bahia State University (UNEB), Teixeira de Freitas – BA – Brazil. Department of Education. Graduating in Biological Sciences. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8941-7835. E-mail: eduardo.b.c.nv@hotmail.com

2 Bahia State University (UNEB), Teixeira de Freitas – BA – Brazil. Department of Education. Graduated in Biological Sciences. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5228-2669. E-mail: ellenmariaportela@gmail.com

3 Bahia State University (UNEB), Teixeira de Freitas – BA – Brazil. Adjunct professor. Department of Education. PhD in Spatial Information Treatment (PUCMinas). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6717-0616. E-mail: yalmeida@uneb.br




RESUMEN: Este trabajo pretende describir la percepción de docentes universitarios sobre calidad de vida (QV) a partir de dominios físicos, psicológicos, sociales y ambientales en escenario pandémico. El estudio se caracterizó como descriptivo y transversal, en el que se evaluó la muestra compuesta por profesores universitarios de los cursos de licenciatura. Se justifica por comprender que esta investigación, al considerar las percepciones de los docentes en aislamiento social, contribuirá a la intervención en la promoción de la salud de estos profesionales, ofreciendo también subsidios para investigaciones futuras. El análisis de las respuestas se realizó a partir de la aplicación del cuestionario WHOQOL-bref. Los resultados han señalado que, de manera general, los profesores refirieron como positiva la percepción de su QV (63,3%). Sin embargo, algunos cuestionamientos merecen una atención mayor, como el psicológico donde más del 90% de los profesores en algún momento demostraron un estado emocional negativo, como ansiedad y depresión durante el aislamiento social.


PALABRAS CLAVE: Enseñanza. COVID-19. Docente. Calidad de vida.


Introduction


Because it constantly requires consideration, the discussion about teaching work should be the subject of debates. It is a fact that teachers contribute to the critical and intellectual formation of new social actors. However, little is known about the quality of life (QoL) of these professionals, which indicates that this discussion should be more effective, since the teaching work carries a load of psychosocial stressors. This reflection became even more necessary from the end of 2019, when China admitted an outbreak by a new species of Coronavirus.

In addition to all the issues inherent to teaching work, a new reality has brought changes never imagined worldwide. In Brazil, the social sphere has been modified, and the impacts are felt in a strong way by the Brazilian educational community. Therefore, after the first measures of virus control and closures of educational institutions, the need to continue the classes emerged, aiming not to harm the teaching and learning process.

In view of the new conjuncture, the Ministry of Education (MEC) published Ordinance No. 343 of March 17, 2020 (BRASIL, 2020), which provides for the replacement of classroom classes by online classes, while the COVID-19 pandemic remained, considering the high risk of contagion in these environments, thus following protocols of the World Health Organization (WHO).

These measures caused a significant proportion of teachers to work remotely in their homes. New working conditions, based on the significant presence of the use of digital technologies, impelled the improvisation of environments to perform academic practices. These professionals were forced to share the family environment with this new modality of teaching.





Given the above, this work aims to describe the perception of university professors about QoL from physical, psychological, social and environmental domains in a pandemic scenario. It is justified by understanding that this research, when considering the perceptions of teachers in social isolation, will contribute to intervention in the health promotion of these professionals, also offering subsidies for future research.

This work is structured as follows: in section 1, the introduction is presented; in section 2, we discuss the methods used in this research; in section 3, the results found are discussed, which are finally presented with the conclusions in section 4.


Methods


The research was carried out with teachers from Superior Education in the municipality of Teixeira de Freitas (BA). This is a descriptive cross-sectional study (GIL, 2002). The sampling process began with obtaining a list from the Human Resources department of the Higher Education Institution containing the number of teachers of the University, updated in 2019.

In the study scenario there were 88 teachers, 12 auxiliary teachers, 33 assistants, 12 assistants, seven holders, one full and 23 substitutes. According to Lattes Curriculum, 34 are doctors, 45 masters and eight specialists and one graduated. Teachers who were away for private reasons, maternity leave, vacation, health care leave, post-graduate, postdoctoral studies or who did not agree with the Free and Informed Consent Period were excluded from the study. The method used for data collection was the application of a closed questionnaire called WHOQOL-bref, an instrument created by the WHO QoL group, abbreviated to the WHOQOL- 100 (W-100). The WHOQOL-bref is composed of 26 questions called facets, related to the quality of physical, psychological, social relations and environment domains. The answers for all facets are obtained through the Likert scale, ranging from 1 (0%) to 5 (100%), with 1 being

the worst score and 5 being the best.

Data collection began in December 2020, ending in March 2021. It is said that in this period of March, Brazil was at the beginning of operationalization of vaccination against COVID-19. Due to the pandemic and the consequent introduction of classes in the remote model, the questionnaire was forwarded, elaborated on the Google Forms platform, to the teachers' e-mail addresses.




This study was approved by the Research Ethics Committee of the State University of Bahia (CAAE: 36497520.0.0000.0057). Participation in the study was voluntary and the answers were received in anonymous format.


Results and discussions


As stated in the methodology, questionnaires were sent to 88 teachers. Of these, 30 professors from IES, who were working in different collegiates of the following undergraduate courses, Biological Sciences, Physical Education, History, Letters - English Language and Literatures, Letters - Portuguese Language and Literatures, Mathematics and Pedagogy, answered the research. Although it is not possible to understand the causes of the respondents' evasion, it is believed that reasons such as tiredness, discouragement and anguish may have contributed to a significant number of non-return. After noticing a considerable percentage in the non-return, the questionnaire was sent again. It must be said that this sample was possible for the second shipment.

Regarding the gender variable, the data indicate a greater participation of women in the research (n=22), a fact associated with a great predominance of gender in the functional framework of the IES, representing 65% of the faculty. As for the variable age, it consists of an interval of 27 to 65 years. Analyzing this, it was observed that 43.33% are in the age group between 27 and 39 years (n=13), 36.66% in the range of 40 to 51 years (n=11), 16.66% in the 52 to 63 years (n=5) and 3.33% over 64 years (n=1). Regarding academic education, one participant identified himself with an undergraduate degree, another 6.66% with a specialization degree (n=2), 43.33% at master's level (n=13), 40% for a doctorate degree (12) and 6.66% with postdoctoral studies (n=2).


Physical domain


The facet "pain and discomfort" reveals that 13.3% of the participants assume that physical pain greatly impairs their daily lives, preventing them from performing any activity. Although in percentage it is not expressive, it is necessary to analyze that 33.33% claimed that pain harms them "more or less". Now, to use this expression to classify how pain bothers you is to consider that, at least halfway through your daily life, you feel some discomfort. On the other hand, 53.3% declared "nothing" or "very little" about physical pain causing some kind of impediment.




Although the previous facet demonstrated that physical pain is present in most of the research members, when answering about mobility, there is little degree of variation in the answers. Thus, 86.7% represents the joint assessment as "very good" and "good" on the ability to move around. Another 6.7% rated "neither too bad nor too good" and 6.7% also said they were able to move in a "bad" way.

The facet "energy and fatigue" shows that 33.3% have enough energy for daily life and 56.7% have an average amount of energy for activities and 10% say they do not have enough energy or have little energy.

The "sleep and rest" facet points out that 63.3% are satisfied or very satisfied with sleep. However, 26.7% are unsatisfied or very unsatisfied and 10% are not satisfied or unsatisfied. The relationship of the facets "energy and fatigue" and "sleep and rest" when the degree of intensity is unsatisfactory is remarkable.

Sleep deprivation, according to Miranda Neto (2001), tends to make the person more tense, anxious and irritable. In addition, a night in healthy sleep ideals contributes positively to the action of hormones to causes an increase in cellular metabolism, thus increasing the availability of energy for activities. Thus, the sleep facet has a direct influence on other aspects in this domain, besides energy and fatigue, such as influencing work capacity and generating dependence on medications to achieve the much-desired ideal night's sleep.

The facet on "activities of everyday life" reveals that 66.6% are satisfied or very satisfied with the ability to perform the day-to-day activities. On the other hand, 16.6% say they are unsatisfied or very unsatisfied with their performance capacity. Another 16.7% are not satisfied or unsatisfied.

The "work ability" facet questions the degree of satisfaction about work ability. Of the participants, 70% say they are satisfied or very satisfied and another 20% are not satisfied or unsatisfied. However, 10% are unsatisfied or very unsatisfied. It is difficult to measure for sure a specific factor that explains such dissatisfaction. However, with the reality of remote teaching, one of the possibilities are the challenges facing new technologies and methodological adaptations in this type of teaching. Due to the technological difficulties of students and teachers and external factors, such as internet, equipment and software, the perception of work capacity may have been negative in this sense.

Finally, the last facet of this domain, called "dependence on medication or treatments", reveals that 60% say they do not need or need very little, some kind of treatment to lead daily life. However, 13.3% say they need some type of medical treatment in their daily lives and 26.7% need more or less treatment.



Psychological domain


Remote emergency education led the educational system to adopt new teaching measures. Thus, university professors adapted to non-face-to-face activities, a sudden change that generated a mixture of feelings, directly impacting their mental health (SANTOS; SILVA, U.S.; BELMONTE, 2021). When asked about the frequency of negative feelings such as bad mood, despair, anxiety and depression, 70% of the labor class answered that these feelings were present a few times, 20% said they were frequent and/or very frequent, 6.7% always and 3.3% never.

The answers indicate a need for attention in this facet, because more than 90% of teachers, at some point, demonstrated a negative emotional state. However, this result is recognized as expected, taking into account the atypical situation of the global pandemic. A study by Torales et al. (2021) regarding the effect of COVID-19 on the mental health of the global population, reveals that the circulation of news about Coronavirus, mainly related to cases of deaths and the restriction of the company of people previously present, caused a peak of stress, interpersonal conflicts and exhaustion of citizens, all this behavior was motivated by fear.

At the same time, when asked about personal acceptance, 73.3% stated that they are satisfied and/or very satisfied, 16.6% intermediate and 10% unsatisfied. Thus, it is possible to affirm that, although there is this frequency of unfavorable feelings, they may be associated with external issues of the subject. When analyzing the results related to the meaning of life, it is noticed that 73.3% report that life has enough and/or extremely significant meaning, 23.3% more or less and 3.3% very little. Although the general response is positive, it should be noted that more than 1/4 of the teachers report that life has little meaning.

Therefore, with regard to the psychological domain, it can be observed that many teachers reported not taking advantage of life: 46.7% answered that more or less, 6.7% very little, but 46.7% of the respondents said they are taking advantage of a lot. Although social isolation did not allow face-to-face meetings, Guinancio et al. (2020) point out that other activities have gained strength, meaning and promoted distractions such as virtual gatherings and online shows, reducing the tension brought by the virus.

With regard to the question related to self-esteem "you are able to accept your physical appearance", 66.6% are very and/or completely, while 26.7% more or less and 6.7% very little. Castelo-Branco and Pereira (2001) associate self-esteem and personal acceptance to the well- being of teachers, an agent inherent to performance and productivity. Finally, in the




concentration item "how much you can concentrate" 50% stated that more or less, 43.3% enough and 6.7% very little.


Social relations dominion


The domain of Social Relations covers only three facets, with scales of intensities in which: (1) represented very unsatisfied, (2) unsatisfied, (3) neither satisfied nor unsatisfied, (4) satisfied and (5) very satisfied.

The "personal relationships" facet questions the level of satisfaction with personal relationships (friends, relatives, colleagues, acquaintances). Thus, 70% said they were satisfied or very satisfied about their relationships, 13.3% said they were unsatisfied and 16.7% were neither satisfied nor unsatisfied. Such percentages can be interpreted as a consequence of restrictive measures of isolation and the great work overload during this scenario, reducing contact and communication relationships, previously done in person.

When asked about the "Sexual activity" facet, 53.3% say they are satisfied or very satisfied. This value represents a little more than half as to the degree of satisfaction. Due to the limitations of the closed questionnaire, there are few possible reflections to ascertain some kind of relationship with the facet. In addition, 20% said they were unsatisfied or very unsatisfied with sexual activity, while 26.7% showed indifference, neither satisfied nor unsatisfied.

Finally, the facet "Support (support) personal" that refers to the satisfaction of the support you receive from friends, the results were very positive. Thus, 80% said they were satisfied or very satisfied, 13.3% indifferent and 6.7% unsatisfied.


Environment dominion


When asked about the facets corresponding to the environment, each teacher should mark an option on a frequency scale ranging from 1 to 5, in which (1) represented nothing, (2) very little, (3) medium, (4) a lot and (5) completely.

The first facet corresponded to personal safety: "how safe you feel in your daily life." With this, 53.3% answered that they feel more or less safe, 33.3% quite and 13.3% very little. Regarding the financial question, when asked with "you have enough money to meet your needs", 53.4% of the teachers answered that they have very and/or completely conditions that meet their needs, 43.3% answered that average, and a small portion (3.3%) said very little.




About access to information: "how much available to you is the information you need in your day to day", 70% answered that much and/or completely and 30% average. The great representativeness of this response is justified in a certain way considering the rapid circulation of information in media vehicles, mainly through the Internet and television news. However, despite the availability of information, there was an increase in the dissemination of false news related to the pandemic, especially regarding the effectiveness of preventive measures (use of masks, lockdown) and the use of pharmacists (MATOS, 2020).

Analyzing the leisure question with the question: "to what extent do you have opportunities for leisure activity", 43.3% of the education professionals answered scale 2 (very little), 36.7% average and 20% said they have much and/or completely opportunity. Versiani (2020) associates the factor of low expressiveness of leisure by teachers with social isolation, work assignments were limited to the domestic environment, with no space for leisure activities such as commuting around the city, travel, meetings with friends in bars and restaurants and the like. This theoretician also points out that the teacher's work was redoubled, because there was a need to adapt to the new teaching model.

Each respondent could mark an option from 1 to 5, in which (1) represents very unsatisfied, (2) unsatisfied, (3) neither satisfied nor unsatisfied (4) satisfied and (5) very satisfied.

About housing conditions, "how satisfied you are with the conditions of the place where you live", 90% said that very satisfied and /or satisfied, 6.6% unsatisfied and/or very unsatisfied and 3.3% neither satisfied nor unsatisfied. It was observed that the professionals were quite satisfied with the means of transport. When asked "how satisfied you are with your means of transport", 83.4% answered that they were satisfied and/or very satisfied, 10% neither satisfied nor unsatisfied and 6.6% very unsatisfied and/or unsatisfied.

About health, when asked: "how satisfied you are with your access to health services", 53.3% answered that they were satisfied and/or very satisfied, 33.3% unsatisfied and/or very unsatisfied and 13.3% were neither satisfied nor unsatisfied. It is worth noting that the health crisis generated by COVID-19 impacted the care of the Unified Health System (SUS) and plans in private hospitals, because with the emergency situation, budget resources, care, beds and Intensive Care Units (ICUs) needed to be prioritized and expanded to care for infected patients (COSTA et al., 2020).

When asked about satisfaction with the environment at the present time, "how healthy is their physical environment (climate, noise, pollution, attractions)", 80% of teachers said they were satisfied and/or very satisfied with the environment, 16.7% neither satisfied nor



unsatisfied and 3.3% unsatisfied. According to Oliveira, Campos and Siqueira (2020), social isolation led to the reduction of atmospheric gas emissions with the low circulation of cars, attenuation of CO2 generation, decrease in waste generation and noise pollution.


Conclusion


It was observed that, in general, most teachers consider their QoL or positively, with 76.6% classifying it as good or very good, in addition to satisfaction with health levels (63.3%). Regarding the QoL domains analyzed, the psychological domain presented the best results, despite demonstrating constant negative thoughts.

The results presented in this study corroborate the study by Alvarenga et al. (2020), in which 35 teachers were studied applying the brief WHOQoL questionnaire. The findings of this study also show that teachers are suffering from the pandemic and that, in turn, the environmental domain presented the worst results, mainly related to leisure activities and health care.

In view of this, attention is indispensable in understanding the environmental, psychological, social and physical aspects related to QoL, given the importance of teachers for society. Thus, it is necessary that studies such as this can support strategies for improving the QoL of educators, especially regarding medical care and psychosocial support, especially in this moment of pandemic. Moreover, it is necessary to search for strategies aimed at reducing intellectual, physical and social overload, in addition to encouraging physical activity through educational programs promoted by the university.

This study has some limitations, highlighting the fact that it is not possible to associate cause and effect relationships in the variables studied. However, the issues raised here deserve the due attention of researchers, as an aid in strategies to improve the QoL of these individuals.


REFERENCES


ALVARENGA, R. et al. Percepção da qualidade de vida de professores das redes públicas e privadas frente à pandemia do covid-19. Revista CPAQV–Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida, v. 12, n. 3, p. 1-8, 2020. Available: http://www.cpaqv.org/revista/CPAQV/ojs- 2.3.7/index.php?journal=CPAQV&page=article&op=view&path%5B%5D=538. Access: 10

Mar. 2021.


BRASIL. Portaria n. 343, de 17 de março de 2020. Dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia do Novo




Coronavírus-Covid-19. Brasília, DF: MEC, 2020. Available: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Portaria/PRT/Portaria%20n%C2%BA%20343-20- mec.htm. Access: 12 Oct. 2021.


COSTA, D. C. A. R. et al. Oferta pública e privada de leitos e acesso aos cuidados à saúde na pandemia de Covid-19 no Brasil. Saúde em Debate, v. 44, n. esp. 4, p. 232-247, dez. 2020. Available: https://www.scielo.br/j/sdeb/a/39jsyjTLxGZHFQXrs4VVMRS/?format=pdf&lang=pt.

Access: 10 Feb. 2021.


GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.


GUINANCIO, J. C. et al. COVID – 19: Desafios do cotidiano e abordagem de enfrentamento frente ao isolamento social. Research, Society and Development, v. 9, n. 8, e259985474, 2020. Available:


MATOS, Rafael Christian. Fake news frente a pandemia de COVID-19. Vigilância Sanitária em Debate: Sociedade, Ciência & Tecnologia, v. 8, n. 3, p. 78-85, 2020. Available: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/download/5474/4789/26501. Access: 10 Aug.

2021.


MIRANDA NETO, M. H. M. Reflexões sobre a importância do sono e dos sonhos para a aprendizagem. Arquivos Apadec, v. 5, n. 2, p. 7-11, 2001. Available: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ArqMudi/article/view/17438/9289. Access: 7 July 2021.


OLIVEIRA, M. N.; CAMPOS, M. A. S.; SIQUEIRA, T. D. A. Coronavírus: globalização e seus reflexos no meio ambiente. BIUS-Boletim Informativo Unimotrisaúde em Sociogerontologia, v. 20, n. 14, p. 1-12, jul. 2020. Available: https://www.periodicos.ufam.edu.br/index.php/BIUS/article/view/7859. Access: 10 May 2021.


CASTELO-BRANCO, M. C. A. S. H.; PEREIRA, A. M. S. A auto‑estima, a satisfação com a

imagem corporal e o bem‑estar docente. Psicologia Cognitiva, v. 5, n. 2, p. 335-346, 2001. Available: http://pec.ispgaya.pt/edicoes/2001/PEC2001N2/index.html. Access: 27 Sep. 2021.


SANTOS, G. M. R. F.; SILVA, M. E.; BELMONTE, B. R. COVID-19: ensino remoto

emergencial e saúde mental de docentes universitários. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, v. 21, supl. 1, p. S245-S251, fev. 2021. Available: https://www.scielo.br/j/rbsmi/a/b3TVbVHcCZRxkVZPFPK6PHF/?format=pdf&lang=pt. Access: 21 Aug. 2021.


TORALES, J. et al. O surto do coronavírus COVID-19 e seu impacto na saúde mental global.

Jornal Internacional de Psiquiatria Social, v. 66, n. 4, p. 317-320, 2020. Available:

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32233719/. Access: 25 Mar. 2021.


VERSIANI, I. V. L. Lazer e pandemia: desafios e perspectivas a partir do desenvolvimento social. LICERE-Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 23, n. 4, p. 554-588, 2020. Available:

https://periodicos.ufmg.br/index.php/licere/article/view/26879. Access: 07 July 2021.



WHOQOL GROUP. The World Health Organization quality of life assessment (WHOQOL): position paper from the World Health Organization. Social science & medicine, v. 41, n. 10,

p. 1403-1409, 1995. Available: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/027795369500112K#!. Access: 20 Apr. 2021.


How to refer to this article


CUQUETTO, E. B.; PORTELA, E. S.; VIEIRA, Y. A. C. A. Remote education and teaching status in pandemic scenario. Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022003, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 2526-3471. DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.15883


Submitted: 22/11/2021 Revisions required: 15/02/2022 Approved: 27/03/2022 Published: 30/06/2022