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A culinária e o cuidado: “A Festa de Babette” em processo pedagógico para estudantes de
nutrição
Temas em Educ. e Saúde,
Araraquara, v. 18, n. 00, e022008, 2022 e-ISSN 2526-3471
DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.16189
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A CULINÁRIA E O CUIDADO: “A FESTA DE BABETTE” EM PROCESSO
PEDAGÓGICO PARA ESTUDANTES DE NUTRIÇÃO
COCINA Y CUIDADO: “EL FESTÍN DE BABETTE” EN UN PROCESO PEDAGÓGICO
PARA ESTUDIANTES DE NUTRICIÓN
CULINARY AND CARE: "BABETTE’S FEAST” IN A
PEDAGOGICAL PROCESS FOR
NUTRITION STUDENTS
Isabella Rodrigues
MINGUZZI
1
Joverlany Pessoa de ALBUQUERQUE
2
Julicristie Machado de OLIVEIRA
3
RESUMO
:
O objetivo deste trabalho foi avaliar um processo pedagógico, alicerçado em “A
Festa de Babette”, para estudantes de Nutrição, da Universidade Estadual de Campinas.
Primeiramente, analisou-
se o conto “A Festa de Babette”, de Karen Blixen, e o filme homônim
o,
de Gabriel Axel, com base em conceitos e obras de referência. Posteriormente, foi elaborado,
aplicado e analisado um processo pedagógico na disciplina Educação Alimentar e Nutricional.
Na coleta de dados, foram realizados dois grupos focais com sete estudantes voluntárias e
discutidos os principais temas identificados: o choque de cultura entre a alimentação francesa e
as práticas restritivas religiosas, a dedicação de Babette ao jantar e a relevância da comensalidade.
Em conclusão, a culinária e o cuidado, atrelados ao cozinhar e ao comer, fomentaram rotas para
a compreensão de conceitos trabalhados na disciplina, a sensibilização sobre essas dimensões e
as possibilidades de atuação profissional que considerem outros matizes da vida social.
PALAVRAS-CHAVE
: Alimentação. Cultura. Educação. Literatura. Cinema.
RESUMEN
:
El objetivo de este trabajo fue evaluar un proceso pedagógico, basado en “El
festín de Babette
”, para estudiantes de Nutrición, de la Universidad Estatal de Campinas. El
cuento “El festín de Babette”, de Karen Blixen, y la película homónima, de Gabriel Axel, fueron
analizados a partir de conceptos y obras de referencia. Posteriormente, fue desarrollado,
aplicado y analizado un proceso pedagógico en la disciplina Educación Alimentaria y
Nutricional. Para la recolección de datos, se realizaron dos grupos focales con siete
estudiantes voluntarias y se discutieron los principales temas: el choque cultural entre la
comida francesa y las prácticas religiosas restrictivas, la dedicación de Babette a la cena y la
relevancia de la comensalidad. La cocina y el cuidado, vinculados al cocinar y al comer,
propiciaron la comprensión de los conceptos trabajados en la disciplina, sensibilizando sobre
1
Universidade Estadual de Campinas (FCA/UNICAMP), Limeira
–
SP
–
Brasil. Graduada em Nutrição. Bolsista
Pibic/CNPq. ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-8799-4436. E-mail: isabella.minguzzi@gmail.com
2
Universidade Estadual de Campinas (FCA/UNICAMP), Limeira
–
SP
–
Brasil. Doutoranda em Alimentos e
Nutrição. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8528-226X. E-mail: joverlany@gmail.com
3
Universidade Estadual de Campinas (FCA/UNICAMP), Limeira
–
SP
–
Brasil. Docente do Curso de Graduação
em Nutrição e do Programa de Pós-graduação em Ciências da Nutrição e do Esporte e Metabolismo. Doutora em
Nutrição em Saúde Pública (FSP/USP). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5823-238X. E-mail:
julicr@unicamp.br
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Isabella Rodrigues
MINGUZZI; Joverlany Pessoa de ALBUQUERQUE e Julicristie Machado de OLIVEIRA
Temas em Educ. e Saúde,
Araraquara, v. 18, n. 00, e022008, 2022 e-ISSN 2526-3471
DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.16189
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estas dimensiones y posibles actuaciones profesionales que contemplan otros matices de la
vida social.
PALABRAS CLAVE
: Alimentación. Cultura. Educación. Literatura. Cine.
ABSTRACT
:
The aim of this study was to evaluate a pedagogical process, based on “Babette’s
feast”, for Nutrition students, from the University of Campinas. Firstly, the “Babette’s feast”
short story, by Karen Blixen, and the homonymous film, by Gabriel Axel, were analysed based
on concepts and reference studies. Subsequently, a pedagogical process of Food and Nutrition
Education course was elaborated, applied and analysed. Data collection was carried out
through two focus groups with seven volunteer students and the main identified topics were:
the culture clash between French food and restrictive religious practices, Babette's dedication
to the dinner and the relevance of commensality. Culinary and care, linked to cooking and
eating, were able to foster routes to understand the concepts discussed during the course,
raising awareness about the preponderance of these dimensions and encouraging professional
practice that considers other shades of social life.
KEYWORDS
: Food. Culture. Education. Literature. Cinema.
Introdução
O ser humano, ao comer, não apenas se alimenta. Além de suprir suas necessidades
biológicas, comer é um ato permeado por cultura (TOSCANO, 2012). A cozinha é um dos
principais cenários das relações sociais, pois é um espelho da sociedade e é ocupada por
simbologias, intimidades, vínculos afetivos, relações de gênero, geracionais e de cuidado
(SANTOS, 2005). A extensão das relações sociais que encontram espaço na cozinha abarca
também o momento de comer, ao expressar-se na comensalidade (CARNEIRO, 2005). Assim,
há construções de relações sociais e vínculos afetivos ao redor da mesa, que influenciam,
provocam e propiciam trocas de olhares, de palavras e de gestos (LIMA; NETO; FARIAS,
2015).
Os modos de cozinhar e comer estão em constantes mudanças (AZEVEDO, 2017a).
Os
estilos de vida sofreram inflexões importantes com as alterações no papel social da mulher, que
passou a acumular atividades ao trabalhar também fora do lar, as desigualdades de gênero nas
responsabilidades pelo cuidado alimentar doméstico, além da expansão da indústria de
alimentos e outras mudanças sociais e tecnológicas. Dessa forma, comer alimentos
industrializados ou fora do lar tornaram-se mais comuns e, por consequência, a prática culinária
e as relações sociais envolvidas no preparo da comida perderam espaço. O comer tende a se
individualizar, pois cada membro da família pode fazer a refeição que deseja e no horário que
lhe for mais pertinente, suprimindo-se a prática da comensalidade (MOREIRA, 2010).
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A culinária e o cuidado: “A Festa de Babette” em processo pedagógico para estudantes de
nutrição
Temas em Educ. e Saúde,
Araraquara, v. 18, n. 00, e022008, 2022 e-ISSN 2526-3471
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É importante mencionar que a compreensão dos sentidos da comensalidade remete a
outros âmbitos das relações, como a prática do cuidado, pois a escolha do que cozinhar, o ato
de preparar a comida, o servir as refeições são meios de demonstrá-lo, culminando na partilha
e atitude zelosa a quem a come. Ademais, pelo cuidado alimentar e nutricional as relações
sociais e afetivas são fortalecidas, disparam-se emoções, formam-se marcas e criam-se
memórias. Portanto, situam-se no âmbito do sensível, da constituição de humanidade e são
elementos essenciais da vida social. Nesse sentido, na relação comida e cuidado, a literatura e
o cinema podem ser recursos potencializadores de suas compreensões e construções.
A literatura pode ser substrato para análise da vida social e sua complexidade, o que
também envolve a alimentação. Por meio da trama, suas metáforas e descrições detalhadas, é
possível expressar e aproximar o comer e o sentir. Assim, com a literatura é possível distanciar-
se do cientificismo e tecnicismo que dificultam a compreensão do sensível e do homem em
relação às questões alimentares (PINTO; MEDEIROS, 2011). No mesmo sentido, o cinema,
considerado como dispositivo pensante, contribui para a educação, ao estimular sensações,
interpretações da realidade, criatividade e criticidade (ALMEIDA, 2017),
com possibilidades
amplificadas também para o campo da alimentação e nutrição.
Tendo em vista as inter-relações apresentadas, o objetivo deste trabalho foi avaliar um
processo pedagógico alicerçado no conto “A Festa de Babette”, de Karen Blix
en (2014), e no
filme homônimo, de Gabriel Axel (1987), para estudantes de graduação em Nutrição, da
Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA), da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Material e Métodos
Primeiramente, foi realizada uma etapa teórica, essencial para a elaboração do processo
pedagógico proposto, na qual foram analisados o conto “A Festa de Babette”, de Karen Blixen
(2014) e o filme homônimo, de Gabriel Axel (1987).
O conto “A Festa de Babette” é uma narrativa sobre a história de uma f
rancesa forasteira
que é abrigada por duas irmãs já senhoras, Martine e Philippa, filhas de um deão protestante e
moradoras de um vilarejo da região costeira da Noruega. Recomendada por Papin, um amigo
das senhoras, Babette é aceita e, em troca, realiza atividades domésticas relacionadas à culinária
e ao cuidado. Ao receber a notícia que fora sorteada na loteria, Babette decide usar o prêmio
para preparar um banquete, um jantar festivo, para a comunidade do vilarejo como forma de
retribuir o acolhimento e homenagear o já falecido deão. Entre receios, mágoas, desavenças,
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MINGUZZI; Joverlany Pessoa de ALBUQUERQUE e Julicristie Machado de OLIVEIRA
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surpresas e afetos, mudanças nas relações interpessoais e sociais são deflagradas a partir da
comensalidade e da partilha dos sabores desse banquete (BLIXEN, 2014).
O conto foi lido e analisado em profundidade, com registro de trechos, contextos e
identificação de elementos relacionados à comida, ao comer, à comensalidade, à culinária e ao
cuidado. Obras de referência do campo de estudos em alimentação formaram um arcabouço
teórico que embasou as análises, por meio de sua leitura e fichamento, como: Literatura e
Alimentação, de Pinto e Medeiros (2011), Comida como cultura, Montanari (2013), Comer: a
alimentação de franceses, outros europeus e americanos, de Fischler e Masson (2010), e O gosto
como experiência, de Perullo (2013).
Para o cuidado, as análises foram embasadas na proposta
de compreensão sociológica de Contatore, Malfitano e Barros (2018, 2019).
Após essa primeira etapa teórica, foi elaborado um processo pedagógico constituído por
planos de aulas que contaram com os seguintes itens: conteúdo, carga horária, conceitos,
objetivos, critérios metodológicos e avaliativos (NASCIMENTO, 2008).
O processo pedagógico foi aplicado na disciplina NT512 Educação Alimentar e
Nutricional (43 estudantes matriculados em 2018) do curso de Nutrição da FCA/UNICAMP.
Em 20 de março de 2018, a professora responsável pela disciplina instruiu os estudantes quanto
à leitura do conto “A Festa de Babette” (BLIXEN, 2014). Foram acordados 14 dias para leitura
e a discussão em sala agendada para três de abril. Ao final da discussão, os estudantes foram
convidados para participação voluntária na pesquisa. A professora responsável apresentou seus
objetivos, esclareceu que tal participação não interferiria na média final da disciplina e que o
número de voluntários a serem recrutados seria de sete a 11. Sete estudantes, todas mulheres,
entraram em contado com a professora por e-mail e se voluntariaram a participar. No dia 10 de
abril, o filme “A Festa de Babette” (BLIXEN,
2014)
foi exibido na sala de cinema da
FCA/UNICAMP e, ao final da exibição, os estudantes foram orientados a elaborarem uma
análise crítica sobre o conto e o filme e entregarem na semana seguinte.
Após a exibição do filme e a finalização das orientações, as sete estudantes
permaneceram na sala e as duas pesquisadoras (professora responsável pela disciplina e
orientadora, JMO, e a orientanda de Iniciação Científica, IRM) mediaram as discussões do
primeiro grupo focal, seguindo as recomendações de Trad (2009). Antes de iniciar a coleta de
dados, todas as estudantes leram e assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido
(TCLE), avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Unicamp, no dia
nove de outubro de 2017 (Nº. 72453617.0.0000.5404). Uma das pesquisadoras fazia uma das
perguntas do roteiro previamente elaborado e deixava livre para que as estudantes
respondessem, com respeito aos longos silêncios para que todas se sentissem confortáveis a
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opinar. Quando todas estudantes já haviam participado, as pesquisadoras perguntavam se
alguém ainda gostaria de acrescentar algum comentário e, então, a pergunta seguinte era
realizada e assim por diante. O primeiro grupo focal durou aproximadamente quarenta minutos
e o áudio foi gravado com o auxílio de um smartphone.
No dia 17 de abril de 2018, a análise crítica individual foi entregue e os estudantes foram
orientados a formarem grupos de três a quatro pessoas, para os quais foram distribuídas as 14
perguntas para cada grupo, sendo elas: “Quais cen
as do filme pode-se associar com a Nutrição?
Quais diferenças culturais entre a Babette e as irmãs são percebidas? Como a Babette melhora
a vida daquelas pessoas? Sobre a vida de Babette, quais pontos te chamaram atenção? Qual a
relação de Babette com a comida? Qual a relação das irmãs com a comida? Para você, quais os
pontos chamaram atenção no jantar? Quais razões levaram Babette a fazer o jantar? Porque o
papel do general Loewenhielm é importante na história? Quais cenas demonstram o ato de
cuidado? Qual o significado do jantar para Babette e para os seguidores do deão? O que mudou
antes e depois do jantar para os personagens? Há diferenças entre filme e conto que te chamaram
atenção? Há algo que você só compreendeu com o filme ou com o conto?”.
Para essa atividade, foram disponibilizados aproximadamente 40 minutos da aula. Ao
final do tempo acordado, cada grupo respondeu para o restante da sala somente a questão
definida pela professora, após cada pergunta a professora abria para discussão geral, caso outros
estudantes tivessem comentários a acrescentar e, assim, transcorreu o restante da atividade. A
discussão foi orientada para que houvesse a compreensão de conceitos e elementos como a
comida, o comer, a comensalidade, a culinária e o cuidado, por meio de uma mediação entre
definições da literatura e as interpretações realizadas pelos próprios estudantes.
No dia 26 de julho de 2018, próximo ao encerramento da disciplina, foi realizado o
segundo grupo focal com as mesmas sete estudantes. A dinâmica funcionou do mesmo modo
que o grupo focal anterior e, novamente, a discussão foi gravada e durou aproximadamente 30
minutos. Após a realização dos dois grupos focais, os áudios foram transcritos e, nessa etapa,
seguiu-se as recomendações de Azevedo
et al
. (2017b). Para manter anônima a identidade das
estudantes, cada uma recebeu o nome de uma flor. Os áudios dos dois grupos focais foram
transcritos, os discursos foram analisados e compreendidos com base na análise do conto, do
filme e do arcabouço teórico citado anteriormente.
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Isabella Rodrigues
MINGUZZI; Joverlany Pessoa de ALBUQUERQUE e Julicristie Machado de OLIVEIRA
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Resultados e Discussão
Para melhor compreensão, os discursos registrados nos grupos focais foram divididos
em duas categorias: “Percepções sobre o conto e o filme”, as quais incluem os conceitos que as
estudantes apreenderam, e “Percepções sobre o processo pedagógico”, as quais incluem os
comentários referentes à escolha pela literatura e cinema como recursos utilizados em sala de
aula e sobre a dinâmica do processo.
No primeiro grupo focal, as estudantes demonstravam timidez e, por vezes, se
entreolhavam após a pergunta e permaneciam em silêncio por alguns segundos até que uma se
disponibilizasse dar início a discussão com alguma risada envergonhada. Houve momentos de
descontração e riso. Por vezes, se complementavam ou sussurravam concordando com a fala
da outra. No segundo grupo focal, as estudantes demonstraram estar confortáveis, demoravam
menos para responder, os silêncios eram breves, por vezes o entusiasmo e concordância entre
as opiniões uma das outras fazia com que falassem ao mesmo tempo; eram menos receosas em
seus discursos, mais seguras e os momentos de risadas eram mais frequentes. Apesar das
perguntas serem as mesmas nos dois grupos focais, as estudantes abordaram temas diferentes
em suas respostas, o que contribuiu para o adensamento dos elementos de reflexão.
Em seus discursos, as estudantes frequentemente citavam suas próprias experiências e
sentimentos pessoais, como suas famílias e suas relações com a comida. Durante os grupos
focais, as moderadoras evitaram comentar as perguntas ou respostas para não influenciarem as
opiniões e a discussão das estudantes.
Percepções sobre o conto e o filme
Comida, Culinária e Cuidado
Quando questionadas sobre os conceitos observados no conto e no filme, as estudantes
destacaram a comida como expressão de afeto:
[...] a comida como forma de afeto, como tocar pessoas de uma forma
diferente, que ela [Babette] traz quando as pessoas jantam, eles percebem
assim: um mundo, uma explosão de sentimentos, sabe? [...] uma das coisas
que mais me marcou [...] como a comida pode tocar as pessoas de maneiras
diferentes (Girassol, Grupo Focal 1).
Ah e também tem o fato de cozinhar ser uma forma de mostrar carinho, né?
Então acho que acaba que ela [Babette] que quis mostrar, meio que
agradecendo as duas irmãs, uma forma de carinho que é a comida, cai muito
no que elas [outras estudantes] falaram, de a comida ser muito mais que um
produto (Lírio, Grupo Focal 2).
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A culinária e o cuidado: “A Festa de Babette” em processo pedagógico para estudantes de
nutrição
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Com essas duas falas, percebe-se que houve a compreensão os significados atribuídos à
comida por quem a cozinha ou quem a come. Babette despertou nas estudantes a valorização
da culinária e do cozinhar, não somente pela prática do cuidado e por proporcionar prazer em
quem come, mas pela sensação de bem-estar causada também em quem cozinha. Ou seja, um
cuidar de si mesmo ao cuidar do outro, um autocuidado:
E também o que me chamou atenção, tipo, foi a mulher [Babette] fazer a comida
não tanto pra, sei lá, “vou, ai, eu quero muito agradar eles”, mas porque ela sabe
que aquilo, que ela tá fazendo, também faz bem pra ela. (Jasmim, Grupo Focal
1).
Outra estudante complementa:
[...] ela [Babette] resgata a identidade dela, que a gente comentou na aula, que
tipo, ela usa a comida pra relembrar quem que ela foi quando ela era cozinheira
no Café Anglais, então tipo, ela usa a comida não só pros outros realmente,
mas usa aquela culinária e aqueles pratos que ela conhecia pra relembrar quem
ela era, se resgatar (Orquídea, Grupo Focal 1).
Nesse último trecho, observa-se também a apreensão do conceito de comida na
perspectiva da cultura ao associarem o cozinhar e a comida de Babette como marcas de sua
identidade. Essa constatação remete à Montanari (2013, p. 16) que considera a comida como
cultura quando produzida, preparada e ainda:
[...] quando consumida, porque o homem, embora podendo comer de tudo, ou
talvez justamente por isso, na verdade não come qualquer coisa, mas escolhe
a própria comida, com critérios ligados tanto às dimensões econômicas e
nutricionais do gesto quanto aos valores simbólicos de que a própria comida
se reveste. Por meio de tais percursos, a comida se apresenta como elemento
decisivo da identidade humana e como um dos mais eficazes instrumentos
para comunicá-la (MONTANARI, 2013).
Percebe-se que a história de Babette ilustrou e exemplificou os conceitos que haviam
sido trabalhados de modo teórico em sala de aula. Como são conceitos que envolvem vivências,
despertam sentimentos e deflagram memórias, a exposição teórica pode ser insuficiente para
uma compreensão aprofundada. Assim, o contato com a narrativa do conto desperta outras
rotas, um jogo constante de olhar para si e para o outro, o que potencializa o aprendizado.
A maior identificação com a história está no âmbito das considerações que a Babette faz
da culinária, sua ligação com o cuidado e o carinho para com os outros e para consigo mesma.
Várias estudantes fizeram relatos pessoais de quando retornam para casa de seus pais e do
prazer que sentem ao cozinhar para toda família, independente do trabalho que dê. Segundo
elas, assim como a Babette, o prazer gerado para si mesmas e para o outro supera o cansaço:
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MINGUZZI; Joverlany Pessoa de ALBUQUERQUE e Julicristie Machado de OLIVEIRA
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Eu acho que também o fato de eu, é, enxergar como que eu posso melhorar,
ajudar a pessoa na necessidade dela, através da comida assim, porque as vezes
você acha que cozinhar é só cozinhar, mas NÃO, as vezes você percebe que a
pessoa tá triste ou que tá passando por um problema de doença tudo mais e
que se você preparar uma comida daquela forma ou daquele gosto que ela tem,
VAI melhorar, vai ajudar de alguma forma, né? E a Babette, acho que ela
percebe que as pessoas têm necessidades e ajuda nisso, porque todo mundo
“tava” brigado antes, “tava” discutindo e ela traz essa necessidade deles de se
sentirem mais felizes e compartilhar mais juntos, né? O alimento (Rosa, Grupo
Focal 2).
O ato de cozinhar para quem se gosta, como mencionado pelas estudantes, é coerente
com as impressões dos franceses e italianos, mencionadas por Fischler e Masson (2010). Os
autores consideram que a refeição é ato de entrega literal do anfitrião que a preparou, um
autossacrifício dedicado aos comensais. Essa afirmação somada às percepções das estudantes,
evidencia “a relação entre cuidado e sociedade”, pois o cuidado e seus benefícios não advêm
somente da aplicação da técnica ou uso de tecnológica da assistência à saúde (CONTATORE;
MALFITANO; BARROS, 2019). Nesse sentido, as redes e relações sociais, os laços de
solidariedade e apoio entre as pessoas são elementos cruciais para a efetividade do cuidado
(CONTATORE; MALFITANO; BARROS, 2018, 2019).
Assim, as estudantes demonstraram habilidades em relacionar os conceitos das
exposições teóricas em aula com a história Babette e com suas próprias vivências pessoais. Essa
intersecção de teoria, ficção e experiência pessoal é potencialmente facilitadora do exercício
profissional de nutricionistas que podem se tornar mais competentes para identificarem a
influência da comensalidade, da memória gustativa e da compreensão sociológica do cuidado
no próprio cuidado técnico nutricional.
Comensalidade, comida e cultura
As estudantes identificaram ainda o conceito de comensalidade na potencialidade da
comida em promover a reconciliação dos comensais, como fez Babette. Observou-se no conto
e no filme o quanto as relações entre os comensais estavam fragilizadas por mágoas e
desavenças e, ao partilharem o jantar, ao se unirem para comer, sentiram uma abertura afetiva
para o perdão e a reconciliação.
Faz-se necessário ressaltar que o comer e a comida não só aproximam, há também a
possibilidade de distanciamento entre as pessoas, especialmente quando se considera as
diferenças culturais. No jantar, foi possível observar e compreender essa dualidade:
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aproximação e distância. Quanto à potencialidade de aproximar pela prática da comensalidade,
algumas estudantes citaram:
E eram pessoas diferentes que acabaram [...], no momento eram todas iguais,
todas comendo, aproveitando o momento (Orquídea, Grupo Focal 1).
Uma delas exemplifica a ideia da quebra da distância com o fato de que, apesar de
somente o general conhecer aqueles pratos, todos os comensais conseguiram superar as
barreiras para se conectarem uns aos outros de algum modo pelo jantar. Foi nesse sentido que
algumas se identificaram com a história:
Eu me identifiquei bastante com a parte da comensalidade, porque quando eu
vim pra faculdade eu percebi o quanto isso era importante, comer com as
pessoas, porque eu na minha casa eu sempre almocei e jantei, tomei café da
manhã, com minha família inteira, e aqui as vezes eu não tenho isso, eu como
sozinha e eu percebo o como isso faz diferença, porque agora as vezes eu
como, eu tô no celular e é MUITO diferente, você não PRESTA atenção no
que você tá comendo, é muito diferente você tá com a presença da sua família
comendo (Violeta, Grupo Focal 1).
O destaque que deram ao “comer junto” é algo valorizado pelos franceses, como
mostrou o estudo de Fischler e Masson (2010), pois as palavras-chaves que podem resumir suas
relações com a alimentação são “prazer e convivialidade”, sendo elas complementares e
necessárias: para haver sensação prazerosa faz-se necessário o socializar-se. Pode-se acreditar
que Babette, como cozinheira francesa, considerou esses elementos quando propôs o jantar.
Assim, a comensalidade fomentada por Babette foi capaz de tocar as estudantes e despertar suas
próprias memórias.
O conceito de comida como cultura também foi discutido. Uma das estudantes
exemplificou o pré-julgamento que as irmãs fizeram do jantar de Babette:
Eu vi tanto no filme quanto, no livro, é ... como a gente deve respeitar a cultura
do outro, [...] respeitar tanto cultura quanto conhecimento prévio que o paciente
tem [...] (Lírio, Grupo Focal 1).
Maciel (2005) explica que a comida expressa símbolos e pertencimento, ou seja, uma
identidade (dinâmica) que considera processos histórico-culturais. Nesse contexto, está o ponto
da obra que mais causou incomodo às estudantes: as privações alimentares das irmãs e o
preconceito em relação a uma alimentação diferente da delas, matizada pelas questões
religiosas. Ou seja, ficou óbvia a tensão entre a temperança e a gula.
No segundo grupo focal, foi discutida a tristeza que a cozinheira deve ter sentido por
estar afastada da comida do seu país, uma vez que era algo de grande valor em sua vida:
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MINGUZZI; Joverlany Pessoa de ALBUQUERQUE e Julicristie Machado de OLIVEIRA
Temas em Educ. e Saúde,
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Porque a comida pra mim ela é MUITO ligada com prazer, com alegria, né?
Então deixar de comer uma coisa que a pessoa gosta de comer, pra mim é
muito triste, ou proibir um alimento que a pessoa gosta de comer é uma
VIOLÊNCIA com a pessoa, na minha opinião. [...] para mim a Babette
naquela situação seria um fator de muita tristeza não poder comer as comidas
que ela tá acostumada [...] (Orquídea, Grupo Focal 2).
A experiência alimentar prazerosa deve ser estimulada, uma vez que é algo genuíno.
Como cita Perullo (2013), as referências mais apaixonadas de contato com o alimento são por
vezes a comida de avó. Não parece certo proibir ou culpabilizar um paciente em cuidado
alimentar e nutricional, por exemplo, por desejar e comer um bolo ou um doce que lhe é
familiar. A tensão entre serem preparações calóricas, gordurosas e açucaradas diante das
normas dietéticas, se contrapõe ao fato de serem prazerosas, afetivas e ligadas às memórias
gustativas. Ao nutricionista cabe, então, não só auxiliar o paciente a lidar com essa tensão, mas
aprender a trabalhar com ela em sua prática e consigo mesmo.
O prazer em comer envolve símbolos, memórias e relaciona-se com as escolhas
alimentares, o termo “violência” utilizado pela estudante é forte, mas é coerente com essa
definição, pois privar o prazer alimentar é romper com o próprio ser.
Contribuição para formação
Quando questionadas sobre a contribuição do conto e do filme para a disciplina e para
sua formação como nutricionistas, as estudantes destacaram principalmente o respeito que se
deve ter quanto à alimentação e seus significados para um paciente em cuidado alimentar e
nutricional, por exemplo:
[...] bem nessa questão do respeito, da empatia também, porque na nutrição
agora a gente tem muito terrorismo, a gente conversa muito sobre isso nas
aulas, que uma hora tá demonizando o ovo [riu], e na outra, cada hora é um
alimento que ninguém pode comer. E as pessoas vem pro consultório com essa
ideia, de que elas tão proibidas de comer alguma coisa que faz parte da cultura
delas, do hábito delas, da identidade delas. Então, a gente tem que ter essa
noção também, sabe, de respeitar essa cultura, esse hábito, essa identidade,
que a gente não pode pegar um alimento e excluir completamente da vida da
pessoa, se ele faz parte da vida dela, entende? Tá associado a memória, tá
associado ao o que ela entende pela alimentação, então é uma coisa que a gente
tem que levar também ... na nossa prática da nutrição (Orquídea, Grupo Focal
1).
Com o discurso acima, percebe-se que as estudantes conseguiram conferir sentido ao
aprendizado ao remeter às prováveis situações futuras da prática como nutricionistas.
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A culinária e o cuidado: “A Festa de Babette” em processo pedagógico para estudantes de
nutrição
Temas em Educ. e Saúde,
Araraquara, v. 18, n. 00, e022008, 2022 e-ISSN 2526-3471
DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.16189
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Valorizaram a importância das questões culturais arraigadas no comer e na prática da
comensalidade, e que essas são imprescindíveis para que a atuação seja significativa. Ao longo
da discussão, nota-se que compreenderam que se o profissional desconsiderar esses pontos e
adotar uma postura prescritiva, por meio de uma dieta puramente baseada em cálculos e
diretrizes nutricionais, com várias restrições, a adesão do paciente ao plano alimentar e ao
tratamento será comprometida, pois desvalorizam elementos essenciais da vida social.
Segundo Contatore, Malfitano e Barros (2019, p. 3), é necessário visibilizar a "dimensão
sociológica do cuidado para problematizar sua transposição de fator necessário à vida social
para uma ação técnica de saúde", pois os componentes da vida social, como o zelo e a
solidariedade, transbordam e podem ser legitimados como elementos do cuidado em saúde.
Nesse sentido, o conto e o filme "A festa de Babette" tornaram-se recursos que
possibilitaram às estudantes refletirem sobre a transposição da compreensão da culinária e do
cozinhar como modos de cuidado de dimensão sociológica para seus enquadramentos como
componentes cruciais no cuidado alimentar e nutricional. Ou seja, uma ação técnica em nutrição
que, nesse caso, legitima e incorpora a alimentação como elemento a ela indispensável.
Ademais, o processo pedagógico fomentou uma percepção mais acurada do quanto o cuidado
pela culinária e pelo cozinhar antecedem o nutricional e sem esses não há de fato uma ação
técnica em nutrição promotora da saúde. Portanto, as dimensões da culinária e do cozinhar são
constituintes, são alicerce da nutrição, mesmo que essa ciência se resigne em assumir que esses
conhecimentos tácitos e de experiência, apesar de marginalizados, desempenham de fato papeis
preponderantes.
As estudantes por diversas vezes aplicavam com destreza os conceitos e cenas do filme
em situações da prática profissional. Conseguiram relacionar a importância de conceitos como:
comer, comensalidade, culinária e cuidado e outros significados diante do contexto atual da
nutrição, permeado por angústias alimentares, restrições, tecnicismo e dietas da moda:
Às vezes já tem uma coisa muito pronta, assim escrita, tipo, uma alimentação
base, que tem que ter, é aquela porcentagem de carboidrato, aquela de
proteína, mas as vezes não é isso que aquela pessoa precisa, tem que ver uma
coisa muito mais individual (Rosa, Grupo Focal 1).
A história de Babette foi capaz de provocar reflexões sobre a alimentação das próprias
estudantes:
E aí eu percebi o quanto eu não presto atenção no que eu como, sabe? (Jasmim,
Grupo Focal 2).
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Isabella Rodrigues
MINGUZZI; Joverlany Pessoa de ALBUQUERQUE e Julicristie Machado de OLIVEIRA
Temas em Educ. e Saúde,
Araraquara, v. 18, n. 00, e022008, 2022 e-ISSN 2526-3471
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Essa indiferença em relação à refeição e ao sabor da comida, comum em decorrência da
agitação do dia-a-dia, é representada pela relação de desinteresse de Martine e Philippa por
motivos religiosos.
A comida, ela não tinha todo esse significado, como tem pra Babette, de prazer,
de alegria e de um momento de reunir, era só uma necessidade (Orquídea,
Grupo Focal 2)
As estudantes apreenderam que o ato de comer vai além da necessidade fisiológica,
como tratavam as personagens Martine e Philippa, pois é carregado de sentidos. Nos grupos
focais, citaram que quando os significados do comer e da comida são explorados para cada
paciente, o plano alimentar pode ser muito mais eficiente e promover saúde em sua totalidade,
pois:
[...] a alimentação, ela é MUITO complexa, ela é muito mais complexa do que
só, sabe, encher de nutriente, alguma coisa desse tipo, e a Festa de Babette ajuda
a perceber isso também (Orquídea, Grupo Focal 2).
Citaram, ainda, que os nutricionistas devem estimular a prática da culinária e da
comensalidade, exatamente como fez a Babette:
E acho que tanto o filme quanto a disciplina fez a gente pensar como a gente
vai trabalhar o comer com a pessoa, não só passar a dieta (Violeta, Grupo Focal
2).
Percepções sobre o processo pedagógico
Quando questionadas em relação à preferência entre o conto e o filme, as estudantes
preferiram o conto. Relataram que a leitura foi fácil, permitiu que imaginassem toda história,
possibilitou conhecerem mais detalhes da trama. Contudo, apesar da preferência, julgaram o
conto e o filme como complementares no processo pedagógico. O filme contribuiu para a
visualização de expressões e sentimentos, da complexidade do preparo do jantar que não
imaginaram com o conto, a variedade, a magnitude dos ingredientes e melhor contextualização
da época.
As estudantes também foram questionadas se teria sido suficiente abordar os conceitos
trabalhados de forma convencional, ou seja, por aula expositiva, em vez do uso do conto e do
filme. As respostas foram todas negativas, pois julgaram muito relevantes e complementares os
usos da literatura e do cinema para a disciplina:
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A culinária e o cuidado: “A Festa de Babette” em processo pedagógico para estudantes de
nutrição
Temas em Educ. e Saúde,
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Porque as aulas também, elas são SÓ expositivas, então a gente tem um papel
muito passivo, a gente não dá muito a nossa opinião, a gente não é estimulado
a pensar eu acho, então acho que esse tipo de coisa [ferramentas audiovisuais]
proporciona (Violeta, Grupo Focal 1).
“A Festa de Babette” (BLIXEN, 2014; AXEL, 1987) estimu
lou a reflexão para que
compreendessem as complexidades da alimentação e a nutrição no cotidiano, exemplificado na
vida das personagens. A proposta simples promoveu surpresa e estimulou o senso crítico, o
“
pensar fora da caixa
”, como disse uma estudante, p
ois, segundo ela, contribuiu para criar a
mentalidade que se pode aprender além da sala de aula, com um livro ou filme:
E é como elas falaram, que a gente, meio que é forçado a desenvolver um
pensamento crítico, a gente não tá olhando a matéria e tá reproduzindo numa
folha de papel, numa prova, não, depois que a gente ... a gente também não
sabia o motivo de você ter dado o livro pra gente ler [risadas e vozes] “Ai que
será que isso tem a ver com nutrição?”, ai chega na aula e você pergunta pra
gente “que que teve a ver com a matéria?”
Aí a gente meio que é obrigada a
pensar nisso e desenvolver esse pensamento crítico, de lembrar dos conceitos,
o que que significa isso, que que significa comensalidade, todas essas coisas
(Rosa, Grupo Focal 1).
Segundo Pinto e Medeiros (2011), o desafio da formação em nutrição no século atual é
reunir o conhecimento de forma a incentivar o pensamento crítico para estimular a autonomia.
Com o discurso das estudantes, percebe-se que a combinação entre a literatura e o cinema foi
elemento pedagógico e reflexivo em seus processos de formação.
As estudantes relataram também que as ferramentas usadas contribuíram para
memorizarem e compreenderem melhor os conceitos, que são difíceis de guardar quando só
apresentados na aula expositiva, principalmente tratando-se da disciplina em questão, a
Educação Alimentar e Nutricional, que não envolve cálculos e exercícios:
[...] a gente fica aprendendo meio que em uma ideia muito de contar calorias
e nutrientes, e essas coisas, e quando a gente vê alguma matéria que é um outro
lado assim, mais humano assim, a gente não tem uma forma. Realmente,
audiovisual, que seja uma coisa que toque a gente, a gente vai falar “é só uma
matéria”, como se fosse, sei lá, qualquer outra, só que não, é tão im
portante
quanto a gente ficar contando caloria, então eu acho que, realmente, provocar
a reflexão faz a gente perceber que é importante ter os dois lados mais
equilibrados (Jasmim, Grupo Focal 2).
No segundo grupo focal as estudantes trataram a obra como um exemplo, uma
ilustração, da matéria que viram durante todo o semestre. Com base nos depoimentos, pode-se
acreditar que a história de Babette foi pano de fundo para as estudantes que tiveram a
oportunidade de se prepararem para lidar com situações reais que encontrarão na profissão.
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Isabella Rodrigues
MINGUZZI; Joverlany Pessoa de ALBUQUERQUE e Julicristie Machado de OLIVEIRA
Temas em Educ. e Saúde,
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Uma estudante assimilou, ainda, a literatura e o cinema como recursos interessantes para
Educação Alimentar e Nutricional com pacientes:
Eu acho muito legal assim usar filmes e livros pra complementar a aula, acho
que aproxima mais do cotidiano, porque você vê que é uma história baseado,
como se fosse, né? Na gente, três mulheres, então assim, a pessoa quando lê
isso, consegue pôr a teoria que vê na aula mais pra vida cotidiana. E até acho
que isso é interessante até pra gente quando formados passar pro nosso
paciente, a gente tem outros auxílios, não é só a gente sentar e conversar, a
gente pode utilizar outras coisas pra auxiliar no plano alimentar (Cravo, Grupo
Focal 2).
A sugestão feita para Educação Alimentar e Nutricional concorda com Pinto e Medeiros
(2011)
que se opõem a uma metodologia prefixada, normativa e biologicista, ao defenderem
uma educação que compreende o ser humano como todo e, para isso, o cinema e a literatura
podem ser ferramentas
interessantes. O processo pedagógico foi capaz de “aguçar” a
sensibilidade das estudantes em relação ao comer:
[...] complementou a disciplina e mostrou como que isso pode, como que toda
teoria que a gente viu, pode acontecer de verdade, assim... e eu acho que pra
formação da gente além da gente perceber o que é importante, é a gente
começar a prestar mais atenção na gente mesmo, no nosso corpo, no nosso
comer, pra depois a gente conseguir passar isso pros outros (Rosa, Grupo
Focal 2).
As estudantes também foram questionadas sobre a contribuição da intersecção das
Ciências Humanas e Sociais para compreensão da alimentação. Todas a valorizaram:
E alimentação ela é HUMANA, né? Não dá pra gente, se for pensar assim
realmente, não dá pra gente estudar a alimentação, ser realmente bons
nutricionistas só vendo quadradinho, vendo as calorias, vendo dietas, você tem
que ver pelo lado humano, porque a alimentação faz parte da vida das pessoas,
ela é humana, né? Ela é CULTURA, ela é identidade, ela é tudo essas coisas
(Orquídea, Grupo Focal 2).
O processo pedagógico contribuiu para a articulação do “técnico e científico” com o
“sensível” em relação à alimentação:
Trata-se, e aqui falo da área da saúde em especial, de desenvolver uma
formação que seja capaz de articular racionalidade científica, prática reflexiva
e sensibilidade. De lançar sobre a saúde humana um olhar capaz de perceber
a frente como complemento do verso, ou, em outras palavras, entender razão
e sensibilidade como duas faces de uma mesma moeda, [...] (PINTO;
MEDEIROS, 2011, p. 49).
Ainda nesse sentido, Contatore, Malfitano e Barros (2018) discutem o limite do uso da
técnica e da tecnologia, pois são insuficientes para sustentar o cuidado em saúde. Outros
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A culinária e o cuidado: “A Festa de Babette” em processo pedagógico para estudantes de
nutrição
Temas em Educ. e Saúde,
Araraquara, v. 18, n. 00, e022008, 2022 e-ISSN 2526-3471
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elementos, como a acolhida, a atenção solidária e a postura empática são fundamentais na
atuação profissional. Desse modo, as relações dos profissionais com os pacientes podem ser
potencializadas quando são adotadas estratégias de construção de autonomia, sem intenção
controladora e com atenção às demandas subjetivas. Os autores ainda reforçam a necessidade
de se recuperar a origem etimológica do cuidado como zelo, ou seja, o cuidar como uma ação
zelosa e afetiva em favor da vida (CONTATORE; MALFITANO; BARROS, 2018).
Acredita-se que alguns pontos podem ter influenciado os resultados observados, pois as
estudantes foram voluntárias que estavam cursando uma disciplina com uma das autoras deste
trabalho como professora. Então, imagina-se que essas estudantes possam ter sido as mais
interessadas e dedicadas à disciplina e/ou ao tema, tornando, assim, as discussões tão
consistentes e que podem não representar as percepções de todos os estudantes matriculados
que cursaram a Educação Alimentar e Nutricional em 2018.
Considerações finais
O conto “A Festa de Babette”, de Karen Blixen (2014), e o filme, de Gabriel Axel
(1987), foram recursos interessantes para a aprendizagem sobre a comida, o comer, a
comensalidade, a culinária e o cuidado por estudantes da disciplina Educação Alimentar e
Nutricional, da graduação em Nutrição. O processo pedagógico foi considerado exitoso ao
ilustrar, evidenciar e atrelar a culinária e o cuidado como elementos da vida social essenciais à
ação técnica em Nutrição, além de sensibilizar a futura atuação como nutricionistas. As
estudantes demonstraram habilidade ao relacionarem a narrativa da “Festa de Babette” com a
prática profissional sensível e crítica ao modelo biologicista, normativo e centrado em
nutrientes. Os resultados sugerem, então, que práticas pedagógicas não convencionais em
cursos de saúde, que considerem a literatura e o cinema, podem ser estimuladas. Assim, há
possibilidade de contribuírem para a formação de profissionais com habilidades e competências
para atuarem não somente balizados pelos parâmetros técnicos e científicos, mas também
capazes de considerar outros matizes da vida social, como a comida, o comer, a comensalidade,
a culinária e o cuidado.
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Isabella Rodrigues
MINGUZZI; Joverlany Pessoa de ALBUQUERQUE e Julicristie Machado de OLIVEIRA
Temas em Educ. e Saúde,
Araraquara, v. 18, n. 00, e022008, 2022 e-ISSN 2526-3471
DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.16189
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em: 05 maio 2022.
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Isabella Rodrigues
MINGUZZI; Joverlany Pessoa de ALBUQUERQUE e Julicristie Machado de OLIVEIRA
Temas em Educ. e Saúde,
Araraquara, v. 18, n. 00, e022008, 2022 e-ISSN 2526-3471
DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.16189
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Como referenciar este artigo
MINGUZZI, I. R.; ALBUQUERQUE, J. P.; OLIVEIRA, J.
M. A culinária e o cuidado: “A Festa
de Babette” em processo pedagógico para estudantes de
nutrição.
Temas em Educ. e Saúde
,
Araraquara, v. 18, n. 00, e022008, 2022. e-ISSN 2526-3471. DOI:
https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.16189
Submetido em
: 15/06/2022
Revisões requeridas em
: 21/08/2022
Aprovado em
: 26/09/2022
Publicado em
: 30/11/2022
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
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Culinary and care
: "Babette’s Feast”
in a pedagogical process for nutrition students
Temas em Educ. e Saúde,
Araraquara, v. 18, n. 00, e022008, 2022 e-ISSN 2526-3471
DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.16189
1
CULINARY AND CARE: "BABETTE’S FEAST” IN A PEDAGOGICAL PROCESS
FOR NUTRITION STUDENTS
A CULINÁRIA E O CUIDADO: “A FESTA DE BABETTE” EM PROCESSO
PEDAGÓGICO PARA ESTUDANTES DE NUTRIÇÃO
COCINA Y CUIDADO: “EL FESTÍN DE BABETTE” EN UN
PROCESO PEDAGÓGICO
PARA ESTUDIANTES DE NUTRICIÓN
Isabella Rodrigues
MINGUZZI
1
Joverlany Pessoa de ALBUQUERQUE
2
Julicristie Machado de OLIVEIRA
3
ABSTRACT
:
The aim of this study was to evaluate a pedagogical process, based on “Babette’s
feast”, for Nutrition students, from the University of Campinas. Firstly, the “Babette’s feast”
short story, by Karen Blixen, and the homonymous film, by Gabriel Axel, were analysed based
on concepts and reference studies. Subsequently, a pedagogical process of Food and Nutrition
Education course was elaborated, applied and analysed. Data collection was carried out through
two focus groups with seven volunteer students and the main identified topics were: the culture
clash between French food and restrictive religious practices, Babette's dedication to the dinner
and the relevance of commensality. Culinary and care, linked to cooking and eating, were able
to foster routes to understand the concepts discussed during the course, raising awareness about
the preponderance of these dimensions and encouraging professional practice that considers
other shades of social life.
KEYWORDS
: Food. Culture. Education. Literature. Cinema.
RESUMO
:
O objetivo deste trabalho foi avaliar um processo pedagógico, alicerçado em “A
Festa de Babette”, para estudantes de Nutrição, da Universidade Estadual de Campinas.
Primeiramente, analisou-
se o conto “A Festa de Babette”, de Karen Blixen, e o filme ho
mônimo,
de Gabriel Axel, com base em conceitos e obras de referência. Posteriormente, foi elaborado,
aplicado e analisado um processo pedagógico na disciplina Educação Alimentar e Nutricional.
Na coleta de dados, foram realizados dois grupos focais com sete estudantes voluntárias e
discutidos os principais temas identificados: o choque de cultura entre a alimentação francesa
e as práticas restritivas religiosas, a dedicação de Babette ao jantar e a relevância da
comensalidade. Em conclusão, a culinária e o cuidado, atrelados ao cozinhar e ao comer,
fomentaram rotas para a compreensão de conceitos trabalhados na disciplina, a sensibilização
1
State University of Campinas (FCA/UNICAMP), Limeira
–
SP
–
Brazil. Graduated in Nutrition. Pibic/CNPq
Scholarship Holder. ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-8799-4436. E-mail: isabella.minguzzi@gmail.com
2
State University of Campinas (FCA/UNICAMP), Limeira
–
SP
–
Brazil. PhD in Food and Nutrition. ORCID:
https://orcid.org/0000-0001-8528-226X. E-mail: joverlany@gmail.com
3
State University of Campinas (FCA/UNICAMP), Limeira
–
SP
–
Brazil. Professor of the Undergraduate Course
in Nutrition and the Graduate Program in Nutrition Sciences and Sports and Metabolism. PhD in Nutrition in
Public Health (FSP/USP). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5823-238X. E-mail: julicr@unicamp.br
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Isabella Rodrigues
MINGUZZI; Joverlany Pessoa de ALBUQUERQUE and Julicristie Machado de OLIVEIRA
Temas em Educ. e Saúde,
Araraquara, v. 18, n. 00, e022008, 2022 e-ISSN 2526-3471
DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.16189
2
sobre essas dimensões e as possibilidades de atuação profissional que considerem outros matizes
da vida social.
PALAVRAS-CHAVE
: Alimentação. Cultura. Educação. Literatura. Cinema.
RESUMEN
:
El objetivo de este trabajo fue evaluar un proceso pedagógico, basado en “El
festín de Babette
”, para estudiantes de Nutrición, de la Universidad Estatal de Campinas. El
cuento “El festín de Babette”, de Karen Blixen, y la película homónima, de Gabriel Axel, fueron
analizados a partir de conceptos y obras de referencia. Posteriormente, fue desarrollado,
aplicado y analizado un proceso pedagógico en la disciplina Educación Alimentaria y
Nutricional. Para la recolección de datos, se realizaron dos grupos focales con siete
estudiantes voluntarias y se discutieron los principales temas: el choque cultural entre la
comida francesa y las prácticas religiosas restrictivas, la dedicación de Babette a la cena y la
relevancia de la comensalidad. La cocina y el cuidado, vinculados al cocinar y al comer,
propiciaron la comprensión de los conceptos trabajados en la disciplina, sensibilizando sobre
estas dimensiones y posibles actuaciones profesionales que contemplan otros matices de la
vida social.
PALABRAS CLAVE
: Alimentación. Cultura. Educación. Literatura. Cine.
Introduction
The human being, when eating, not only feeds. In addition to meeting their biological
needs, eating is an act permeated by culture (TOSCANO, 2012). Cooking is one of the main
scenarios of social relations, as it is a mirror of society and is occupied by symbology,
intimacies, affective bonds, gender, generational and care relationships (SANTOS, 2005). The
extent of social relationships that find space in the kitchen also encompasses the moment of
eating, when expressing itself in dinner (CARNEIRO, 2005). Thus, there are constructions of
social relations and affective bonds around the table, which influence, provoke and facilitate
exchanges of looks, words and gestures (LIMA; NETO; FARIAS, 2015).
The ways of cooking and eating are constantly changing (AZEVEDO, 2017a).
Lifestyles suffered significant inflections with changes in the social role of women, who began
to accumulate activities while also working outside the home, gender inequalities in
responsibilities for domestic food care, in addition to the expansion of the food industry and
other social and technological changes. Thus, eating industrialized or out-of-home foods
became more common and, consequently, the culinary practice and social relationships
involved in the preparation of food have lost space. Eating tends to be individualized, because
each family member can make the meal they want and at the time that is most pertinent to them,
suppressing the practice of commensality (MOREIRA, 2010).
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Culinary and care
: "Babette’s Feast”
in a pedagogical process for nutrition students
Temas em Educ. e Saúde,
Araraquara, v. 18, n. 00, e022008, 2022 e-ISSN 2526-3471
DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.16189
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It is important to mention that the understanding of the meanings of commensality refers
to other areas of relationships, such as the practice of care, because the choice of what to cook,
the act of preparing food, serving meals are means of demonstrating it, culminating in the
sharing and zealous attitude to those who eat it. Moreover, by food and nutritional care, social
and affective relationships are strengthened, emotions are triggered, marks are formed and
memories are created. Therefore, they are situated within the context of the sensitive, the
constitution of humanity and are essential elements of social life. In this sense, in the
relationship between food and care, literature and cinema can be potentiating resources of their
understandings and constructions.
The literature can be a substrate for the analysis of social life and its complexity, which
also involves food. Through the plot, its metaphors and detailed descriptions, it is possible to
express and approximate eating and feeling. Thus, with literature, it is possible to distance
ourselves from scientific perspective and technicality that make it difficult to understand the
sensitive and man in relation to food issues (PINTO; MEDEIROS, 2011). In the same sense,
cinema, considered as a thinking device, contributes to education, by stimulating sensations,
interpretations of reality, creativity and criticality (ALMEIDA, 2017), with possibilities
amplified also for the field of food and nutrition.
In view of the interrelations presented, the objective of this work was to evaluate a
pedagogical process based on the short story "The Feast of Babette" by Karen Blixen (2014),
and in the film of the same name, by Gabriel Axel (1987), for undergraduate students in
Nutrition, from the Faculty of Applied Sciences (FCA), of the State University of Campinas
(UNICAMP).
Material and Methods
First, a theoretical stage was performed, essential for the elaboration of the proposed
pedagogical process, in which the short story "The Feast of Babette" by Karen Blixen (2014)
and the film of the same name by Gabriel Axel (1987) were analyzed.
The short story "The Feast of Babette" is a narrative about the story of a French man
who is sheltered by two sisters, Martine and Philippa, daughters of a Protestant dean and
residents of a village in the coastal region of Norway. Recommended by Papin, a friend of the
ladies, Babette is accepted and, in return, performs domestic activities related to cooking and
care. Upon receiving the news that had been drawn in the lottery, Babette decides to use the
prize to prepare a banquet, a festive dinner, for the village community as a way to repay the
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Isabella Rodrigues
MINGUZZI; Joverlany Pessoa de ALBUQUERQUE and Julicristie Machado de OLIVEIRA
Temas em Educ. e Saúde,
Araraquara, v. 18, n. 00, e022008, 2022 e-ISSN 2526-3471
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welcome and honor the deceased dean. Among fears, sorrows, disagreements, surprises and
affections, changes in interpersonal and social relationships are triggered from the
commensality and the sharing of the flavors of this banquet (BLIXEN, 2014).
The short story was read and analyzed in depth, with records of excerpts, contexts and
identification of elements related to food, eating, dinner, cooking and care. Reference works of
the field of studies in food formed a theoretical framework that supported the analyses, through
its reading and registration, such as: Literature and Food, by Pinto and Medeiros (2011), Food
as culture, Montanari (2013), Eating: the food of French, other Europeans and Americans, by
Fischler and Masson (2010), and the taste as experience, Perullo (2013). For care, the analyses
were based on the proposal of sociological understanding of Contatore, Malfitano and Barros
(2018, 2019).
After this first theoretical stage, a pedagogical process was elaborated consisting of
lesson plans that had the following items: content, workload, concepts, objectives,
methodological and evaluative criteria (NASCIMENTO, 2008).
The pedagogical process was applied in the discipline NT512 Food and Nutrition
Education (43 students enrolled in 2018) of the Nutrition course of FCA/UNICAMP. On March
20, 2018, the teacher in charge of the discipline instructed students to read the short story "The
Feast of Babette" (BLIXEN, 2014). 14 days were agreed for reading and the discussion in the
room scheduled for April 3. At the end of the discussion, the students were invited to volunteer
participation in the research. The teacher responsible presented her objectives, clarified that
such participation would not interfere in the final average of the discipline and that the number
of volunteers to be recruited would be from seven to 11. Seven students, all women, contacted
the teacher by e-mail and volunteered to participate. On April 10, the film "The Babette's Party"
(BLIXEN, 2014) was screened in the FCA/UNICAMP movie theater and, at the end of the
screening, students were instructed to prepare a critical analysis of the short story and the film
and deliver the following week.
After the screening of the film and the completion of the orientations, the seven students
remained in the room and the two researchers (professor responsible for the discipline and
advisor, JMO, and the Scientific Initiation Guide, IRM) mediated the discussions of the first
focus group, following the recommendations of Trad (2009). Before starting data collection, all
students read and signed the Informed Consent Form (TCLE), evaluated and approved by the
Research Ethics Committee (CEP) of Unicamp, on October 9, 2017 (No.
72453617.0.0000.5404). One of the researchers asked one of the questions of the previously
elaborated script and left it free for the students to answer, with respect to the long silences so
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: "Babette’s Feast”
in a pedagogical process for nutrition students
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that everyone would feel comfortable giving their opinions. When all students had already
participated, the researchers asked if anyone would still like to add some comment, and then
the next question was asked and so on. The first focus group lasted approximately forty minutes
and the audio was recorded with the aid of a smartphone.
On April 17, 2018, individual critical analysis was delivered and students were
instructed to form groups of three to four people, for whom the 14 questions were distributed
to each group, including: "What scenes from the film can be associated with Nutrition? What
cultural differences between Babette and her sisters are perceived? How does Babette make
those people's lives better? About Babette's life, what points caught your eye? What's Babette's
relationship with food? What's the sisters' relationship with food? For you, what do you do at
dinner? What reasons led Babette to make dinner? Why is the role of General Loewenhielm
important in history? What scenes show the act of care? What does dinner mean for Babette
and the dean's followers? What changed before and after dinner for the characters? Are there
differences between film and story that caught your eye? Is there anything you only understood
with the film or the tale?"
For this activity, approximately 40 minutes of the class were made available. At the end
of the agreed time, each group answered to the rest of the room only the question defined by
the teacher, after each question the teacher opened for general discussion, if other students had
comments to add and, thus, the rest of the activity took place. The discussion was oriented so
that there was an understanding of concepts and elements such as food, eating, dinner, cooking
and care, through a mediation between definitions of literature and the interpretations made by
the students themselves.
On July 26, 2018, near the end of the course, the second focus group was held with the
same seven students. The dynamics worked in the same way as the previous focus group and,
again, the discussion was recorded and lasted approximately 30 minutes. After the two focus
groups, the audios were transcribed and, at this stage, the recommendations of Azevedo
et al.
(2017b) were followed. To keep the identity of the students anonymous, each was named after
a flower. The audios of the two focus groups were transcribed, the discourses were analyzed
and understood based on the analysis of the short story, the film and the theoretical framework
mentioned above.
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Isabella Rodrigues
MINGUZZI; Joverlany Pessoa de ALBUQUERQUE and Julicristie Machado de OLIVEIRA
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Results and Discussion
For better understanding, the discourses recorded in the focus groups were divided into
two categories: "Perceptions about the tale and the film", which include the concepts that the
students apprehended, and "Perceptions about the pedagogical process", which include
comments referring to the choice by literature and cinema as resources used in the classroom
and about the dynamics of the process.
In the first focus group, the students showed shyness and sometimes looked at each other
after the question and remained silent for a few seconds until one made available to start the
discussion with some embarrassed laughter. There were moments of relaxed and laughter.
Sometimes they complemented each other or whispered in agreement with each other's speech.
In the second focus group, the students showed to be comfortable, took less time to respond,
the silences were brief, sometimes the enthusiasm and agreement between the opinions of each
other made them speak at the same time; were less afraid in their speeches, safer and moments
of laughter were more frequent. Although the questions were the same in both focus groups,
the students addressed different themes in their answers, which contributed to the deepening of
the elements of reflection.
In their speeches, the students often cited their own personal experiences and feelings,
such as their families and their relationships with food. During the focus groups, the moderators
avoided commenting on the questions or answers so as not to influence the students' opinions
and discussion.
Insights into the tale and the film
Food, Cooking and Care
When asked about the concepts observed in the short story and in the film, the students
highlighted food as an expression of affection:
[...] food as a form of affection, like touching people in a different way, that
she [Babette] brings when people have dinner, they realize it like this: a world,
an explosion of feelings, you know? [...] one of the things that most marked
me [...] how food can touch people in different ways (Sunflower, Focal Group
1) (our translation).
Oh, and also has the fact that cooking is a way to show affection, right? So, I
think it turns out that she [Babette] wanted to show, kind of thanking the two
sisters, a form of affection that is food, falls a lot into what they [other
students] said, that food is much more than a product (Lily, Focal Group 2)
(our translation).
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With these two statements, it is perceived that there was an understanding of the
meanings attributed to food by those who cook it or who eats it. Babette awakened in the
students the appreciation of cooking and cooking, not only for the practice of care and for
providing pleasure in those who eat, but by the feeling of well-being also caused in those who
cook. That is, one taking care of oneself while caring for the other, a self-care:
And also, what caught my attention, like, was the woman [Babette] making the
food not so much for, I don't know, "I'm going, then, I really want to please
them", but because she knows that what she's doing is also good for her.
(Jasmine, Focal Group 1, our translation).
Another student adds:
[...] she [Babette] rescues her identity, which we commented on in class,
which, like, she uses the food to remember who she was when she was a cook
at Café Anglais, so, like, she uses food not only for others really, but uses that
cuisine and those dishes she knew to remember who she was, (Orchid, Focal
Group 1, our translation).
In this last passage, we also observe the apprehension of the concept of food from the
perspective of culture by associating the cooking and food of Babette as marks of their identity.
This finding refers to Montanari (2013, p. 16, our translation) which considers food as a culture
when produced, prepared and still:
[...] when consumed, because man, although he can eat everything, or perhaps
precisely for this reason, does not actually eat anything, but chooses his own
food, with criteria linked both to the economic and nutritional dimensions of
the gesture and to the symbolic values that the food itself is in. Through such
pathways, food is a decisive element of human identity and as one of the most
effective tools to communicate it.
It is perceived that Babette's story illustrated and exemplified the concepts that had been
worked theoretically in the classroom. As they are concepts that involve experiences, arouse
feelings and trigger memories, the theoretical exposition may be insufficient for an in-depth
understanding. Thus, contact with the narrative of the tale awakens other routes, a constant
game of looking at one another, which enhances learning.
The greatest identification with the story is within the scope of Babette's considerations
of cooking, its connection with care and affection for others and for itself. Several students have
made personal accounts of when they return home from their parents and the pleasure they feel
when cooking for the whole family, regardless of the work they do. According to them, like
Babette, the pleasure generated for themselves and for the other overcomes tiredness:
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I think also the fact that I, is, see how I can improve, help the person in need
of it, through food like that, because sometimes you think cooking is just
cooking, but NOT, sometimes you realize that the person is sad or that is going
through a disease problem everything else and that if you prepare a food like
that or that taste that she has, i
t’s going to get better, it's going to help
somehow, right? And Babette, I think she realizes that people have needs and
help in this, because everyone "was" fighting before, was arguing and she
brings this need for them to feel happier and share more together, right? The
food (Rosa, Focal Group 2, our translation).
The act of cooking for those who like themselves, as mentioned by the students, is
consistent with the impressions of the French and Italians, mentioned by Fischler and Masson
(2010). The authors consider that the meal is an act of literal delivery of the host who prepared
it, a self-sacrifice dedicated to diners. This statement, added to the students' perceptions,
evidences "the relationship between care and society", because care and its benefits do not come
only from the application of the technique or use of technological health care (CONTATORE;
MALFITANO; BARROS, 2019). In this sense, social networks and relationships, bonds of
solidarity and support between people are crucial elements for the effectiveness of care
(CONTATORE; MALFITANO; BARROS, 2018, 2019).
Thus, the students demonstrated skills in relating the concepts of theoretical exhibitions
in class with Babette history and with their own personal experiences. This intersection of
theory, fiction and personal experience is potentially facilitating the professional practice of
nutritionists who can become more competent to identify the influence of commensality, taste
memory and sociological understanding of care in nutritional technical care itself.
Dinner, food and culture
The students also identified the concept of dinner in the potential of food in promoting
the reconciliation of diners, as Babette did. It was observed in the short story and in the film
how fragile the relationships between the diners were by sorrow and disagreement, and as they
shared dinner, as they came together to eat, they felt an affective openness to forgiveness and
reconciliation.
It is necessary to emphasize that eating and food not only approach, there is also the
possibility of distancing between people, especially when considering cultural differences. At
dinner, it was possible to observe and understand this duality: approximation and distance.
Regarding the potential to approach by the practice of commissioning, some students
mentioned:
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And they were different people who ended up [...], at the time they were all
the same, all eating, enjoying the moment (Orchid, Focal Group 1, our
translation).
One of them exemplifies the idea of breaking the distance with the fact that, although
only the general knows those dishes, all the diners managed to overcome the barriers to connect
each other in some way by dinner. It was in this sense that some identified themselves with the
story:
I identified a lot with the commensality part, because when I came to college
I realized how important this was, eating with people, because I in my house
I always had lunch and dinner, i had breakfast, with my whole family, and
here sometimes I don't have it, I eat alone and I realize how it makes a
difference, because now I eat, I'm on the phone and it's VERY different, you
do not PAY attention to what you are eating, it is very different you are with
the presence of your family eating (Violeta, Focal Group 1, our translation).
The highlight they gave to "eating together" is something valued by the French, as
shown by the study by Fischler and Masson (2010), because the keywords that can summarize
their relations with food are "pleasure and user-friendliness", which are complementary and
necessary: to be a pleasurable sensation it is necessary to socialize. It can be believed that
Babette, as a French cook, considered these elements when she proposed dinner. Thus, the
dinner promoted by Babette was able to touch the students and awaken their own memories.
The concept of food as a culture was also discussed. One of the students exemplified
the sisters' pre-trial of Babette's dinner:
And you saw both in the movie and, in the book, is ... how we must respect the
culture of the other, [...] respect both culture and previous knowledge that the
patient has [...] (Lily, Focal Group 1, our translation).
Maciel (2005) explains that food expresses symbols and belonging, that is, an identity
(dynamic) that considers historical-cultural processes. In this context, there is the point of the
work that most caused the students to be, the food deprivations of the sisters and the prejudice
towards a different diet from theirs, nuanced by religious issues. In other words, the tension
between temperance and gluttony became obvious.
In the second focus group, it was discussed the sadness that the cook must have felt for
being away from the food of her country, since it was something of great value in her life:
Because the food for me is VERY connected with pleasure, with joy, right?
So not eating something that the person likes to eat, for me is very sad, or
banning a food that the person likes to eat is a VIOLENCE with the person, in
my opinion. [...] for me Babette in that situation would be a factor of great
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sadness not being able to eat the foods she is used to [...] (Orchid, Focal Group
2, our translation).
The pleasurable eating experience should be stimulated, since it is something genuine.
As Perullo (2013) quotes, the most passionate references of food contact are sometimes
grandmother's food. It does not seem right to prohibit or blame a patient in food and nutritional
care, for example, for wanting and eating a cake or a sweet that is familiar to him. The tension
between being caloric, fatty and sugary preparations in the face of dietary norms, is opposed to
the fact that they are pleasurable, affective and linked to taste memories. The nutritionist is then
responsible for not only helping the patient to deal with this tension, but learning to work with
it in his practice and with himself.
The pleasure of eating involves symbols, memories and relates to food choices, the term
"violence" used by the student is strong, but is consistent with this definition, because to deprive
food pleasure is to break with one's own being.
Contribution to training
When asked about the contribution of the tale and film to the discipline and to its
formation as nutritionists, the students highlighted mainly the respect that should be had
regarding food and its meanings for a patient in food and nutritional care, for example:
[...] well in this issue of respect, empathy too, because in nutrition now we
have a lot of terrorism, we talk a lot about it in class, that one hour is
demonizing the egg [laughed], and the next, every hour is a food that no one
can eat. And people come to the office with this idea, that they are so forbidden
to eat something that is part of their culture, their habit, their identity. So, we
have to have this notion too, you know, to respect this culture, this habit, this
identity, that we can't take a food and completely exclude from the person's
life, if it's part of their life, you know? It's associated with memory, it's
associated with what it understands by food, so it's something that we have to
take too ... in our nutrition practice (Orchid, Focal Group 1, our translation).
With the above discourse, it is perceived that the students were able to make sense of
learning by referring to the probable future situations of the practice as nutritionists. They
valued the importance of cultural issues rooted in eating and the practice of eating and in the
practice of eating, and that these are essential for the performance to be significant. Throughout
the discussion, it is noted that if the professional disregards these points and adopts a
prescriptive posture, through a diet purely based on calculations and nutritional guidelines, with
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various restrictions, the patient's support to the food plan and treatment will be compromised,
as they devalue essential elements of social life.
According to Contatore, Malfitano and Barros (2019, p. 3, our translation), it is
necessary to visualize the "sociological dimension of care to problematize its transposition as a
factor necessary to social life for a technical action of health", because the components of social
life, such as zeal and solidarity, overflow and can be legitimized as elements of health care.
In this sense, the short story and the film "The Feast of Babette" became resources that
allowed students to reflect on the transposition of the understanding of cooking and cooking as
modes of care of sociological dimension for their frameworks as crucial components in food
and nutritional care. That is, a technical action in nutrition that, in this case, legitimizes and
incorporates food as an indispensable element. Moreover, the pedagogical process fostered a
more accurate perception of how much care for cooking and cooking precede the nutritional
and without these there is in fact a technical action in health-promoting nutrition. Therefore,
the dimensions of cooking and cooking are constituent, they are the foundation of nutrition,
even if this science is resigned to assume that this tacit and experience knowledge, although
marginalized, actually plays preponderant roles.
The students repeatedly applied the concepts and scenes of the film in situations of
professional practice. They were able to relate the importance of concepts such as: eating,
commensality, cooking and care and other meanings in the current context of nutrition,
permeated by food anxieties, restrictions, technicality and fashion diets:
Sometimes there's a very ready thing, so written, like, a basic feed, which you
have to have, is that percentage of carbohydrate, that of protein, but sometimes
that's not what that person needs, you have to see something much more
individual (Rosa, Focal Group 1, our translation).
Babette's story was able to provoke reflections on the feeding of the students themselves:
And I realize how much I don't pay attention to what I eat, you know? (Jasmine,
Focal Group 2, our translation).
This indifference to the meal and the taste of food, common due to the daily agitation,
is represented by the relationship of disinterest of Martine and Philippa for religious reasons.
The food, she did not have all this meaning, as it has for Babette, of pleasure,
joy and a moment of gathering, it was only a necessity (Orchid, Focal Group 2,
our translation).
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The students seized that the act of eating goes beyond the physiological need, as they
treated the characters Martine and Philippa, because it is loaded with senses. In the focus
groups, they mentioned that when the meanings of eating and food are explored for each patient,
the food plan can be much more efficient and promote health in its entirety, because:
[...] the food, it is VERY complex, it is much more complex than just, you know,
fill with nutrient, something like that, and the Babette Party helps to realize this
too (Orchid, Focal Group 2, our translation).
They also mentioned that nutritionists should stimulate the practice of cooking and
dinner, just as Babette did:
And I think that both the film and the discipline made us think about how we
will work eating with the person, not just passing the diet (Violeta, Focal Group
2, our translation).
Perceptions about the pedagogical process
When asked about the preference between the short story and the film, the students
preferred the tale. They reported that the reading was easy, allowed them to imagine the whole
story, made it possible to know more details of the plot. However, despite their preference, they
judged the short story and the film as complementary in the pedagogical process. The film
contributed to the visualization of expressions and feelings, the complexity of preparing the
dinner that they did not imagine with the tale, the variety, the magnitude of the ingredients and
better contextualization of the time.
The students were also asked whether it was enough to approach the concepts worked
in a conventional way, that is, by exhibition class, instead of the use of the short story and the
film. The answers were all negative, because they judged the uses of literature and cinema for
the discipline to be very relevant and complementary:
Because the classes too, they are ONLY exhibition, so we have a very passive
role, we do not give much our opinion, we are not encouraged to think I think,
so I think that this kind of thing [audiovisual tools] provides (Violeta, Focal
Group 1, our translation).
"The Feast of Babette" (BLIXEN, 2014; AXEL, 1987) stimulated reflection to
understand the complexities of food and nutrition in everyday life, exemplified in the lives of
the characters. The simple proposal promoted surprise and stimulated critical sense, the
"
thinking outside the box", as one student said, because, according to
her, she contributed to
create the mentality that can be learned beyond the classroom, with a book or film:
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And it's like they said, that we, kind of forced to develop a critical thought,
we're not looking at the matter and it's reproducing on a sheet of paper, in a
proof, no, after we ... we also didn't know why you gave the book to read
[laughs and voices] "What does this have to do with nutrition?" Then we kind
of are forced to think about it and develop this critical thinking, to remember
the concepts, what that means, which means commensality, all these things
(Rosa, Focal Group 1, our translation).
According to Pinto and Medeiros (2011), the challenge of nutrition training in the
current century is to gather knowledge in order to encourage critical thinking to stimulate
autonomy. With the students' discourse, it is perceived that the combination between literature
and cinema was a pedagogical and reflective element in their formation processes.
The students also reported that the tools used contributed to memorize and better
understand the concepts, which are difficult to keep when only presented in the exhibition class,
especially when it comes to the discipline in question, Food and Nutrition Education, which
does not involve calculations and exercises:
[...] we learn kind of in a very idea of counting calories and nutrients, and
these things, and when we see some matter that is another side like this, more
human like that, we don't have a way. Really, audiovisual, that is something
that touches us, we will say "it's just a matter", as if it were, I don't know, any
other, only not, it's as important as us to be counting calories, so I think, really,
provoke reflection makes us realize that it is important to have both sides more
balanced (Jasmine, Focal Group 2, our translation).
In the second focus group, the students treated the work as an example, an illustration,
of the subject they saw throughout the semester. Based on the statements, it can be believed
that Babette's story was the backdrop for students who had the opportunity to prepare to deal
with real situations they will encounter in the profession. A student also assimilated literature
and cinema as interesting resources for Food and Nutritional Education with patients:
I think it's really cool to use movies and books to complement the class, I think
it gets closer to everyday life, because you see that it's a story based, as if it
were, right? In us, three women, so, when you read this, you can put the theory
you see in class more for everyday life. And I even think that this is interesting
even for us when we formed pass to our patient, we have other aids, it is not
just us to sit and talk, we can use other things to help in the food plan (Cravo,
Focal Group 2, our translation).
The suggestion made for Food and Nutrition Education agrees with Pinto and Medeiros
(2011) who oppose a prefixed, normative and biologist methodology, by advocating an
education that understands the human being as a whole and, for this, cinema and literature can
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Isabella Rodrigues
MINGUZZI; Joverlany Pessoa de ALBUQUERQUE and Julicristie Machado de OLIVEIRA
Temas em Educ. e Saúde,
Araraquara, v. 18, n. 00, e022008, 2022 e-ISSN 2526-3471
DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.16189
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be interesting tools. The pedagogical process was able to "sharpen" the sensitivity of the
students in relation to eating:
[...] complemented the discipline and showed how that can, as that every
theory that we saw, can happen for real, so... and I think that for the formation
of us besides us to realize what is important, is to start paying more attention
to the same, in our body, in our eating, and then we can pass this on to others
(Rosa, Focal Group 2, our translation).
The students were also asked about the contribution of the intersection of human and
social sciences to understand food. All valued it:
And feed she's HUMAN, right? You can't think like that, you can't really study
food, be really good nutritionists just seeing squares, seeing calories, seeing
diets, you have to see from the human side, because food is part of people's
lives, it's human, right? And it is CULTURE, she is identity, she is all these
things (Orchid, Focal Group 2, our translation).
The pedagogical process contributed to the articulation of the "technical and scientific"
with the "sensitive" in relation to food:
It is, and here I speak of the area of health in particular, of developing a
formation that is capable of articulating scientific rationality, reflexive
practice and sensitivity. To cast on human health a look capable of perceiving
the front as a complement to the verse, or, in other words, understand reason
and sensitivity as two sides of the same coin, [...] (PINTO; MEDEIROS, 2011,
p. 49, our translation).
Also in this sense, Contatore, Malfitano and Barros (2018) discuss the limit of the use
of technique and technology, because they are insufficient to sustain health care. Other
elements, such as welcoming, solidarity care and empathic posture are fundamental in
professional performance. Thus, the relationships of professionals with patients can be
enhanced when strategies for the construction of autonomy are adopted, without controlling
intention and with attention to subjective demands. The authors also reinforce the need to
recover the etymological origin of care as zeal, that is, care as a zealous and affective action in
favor of life (CONTACTOR; MALFITANO; BARROS, 2018).
It is believed that some points may have influenced the observed results, because the
students were volunteers who were attending a course with one of the authors of this work as a
teacher. Thus, it is imagined that these students may have been the most interested and
dedicated to the discipline and/or the meme, thus making the discussions so consistent and that
they may not represent the perceptions of all enrolled students who attended Food and Nutrition
Education in 2018.
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Culinary and care
: "Babette’s Feast”
in a pedagogical process for nutrition students
Temas em Educ. e Saúde,
Araraquara, v. 18, n. 00, e022008, 2022 e-ISSN 2526-3471
DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.16189
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Final considerations
The short story "The Feast of Babette", by Karen Blixen (2014), and the film, by Gabriel
Axel (1987), were interesting resources for learning about food, eating, eating, cooking and
care by students of the discipline Food and Nutrition Education, of the graduation in Nutrition.
The pedagogical process was considered successful in illustrating, showing and linking cooking
and care as elements of social life essential to technical action in Nutrition, besides sensitizing
future performance as nutritionists. The students demonstrated skill in relating the narrative of
the "Babette's Party" with the sensitive and critical professional practice to the biological,
normative and nutrient-centered model. The results suggest, then, that unconventional
pedagogical practices in health courses, which consider literature and cinema, can be
stimulated. Thus, it is possible to contribute to the training of professionals with skills and
competences to act not only guided by technical and scientific parameters, but also capable of
considering other shades of social life, such as food, eating, commensality, cooking and care.
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Submitted
: 15/06/2022
Revisions required
: 21/08/2022
Approved
: 26/09/2022
Published
: 30/11/2022
Processing and publication by the Editora Ibero-Americana de Educação.
Correction, formatting, standardization and translation.