PSICOPEDAGOGÍA TRANSDISCIPLINAR: DESTACAR LOS BENEFICIOS BASADOS EN LA TEORÍA DE SISTEMAS
TRANSDISCIPLINARY PSYCHOPEDAGOGY: HIGHLIGHTING THE BENEFITS BASED ON SYSTEMS THEORY
Simone Martins de Caires PALARO2 José Anderson SANTOS CRUZ3
RESUMEN: La Psicopedagogía Transdisciplinar entiende al individuo como un todo, basándose en la teoría de los sistemas. Debemos investigar cómo se encuentran el organismo, el cuerpo, el deseo y la inteligencia, que integran la estructura vital del sujeto, ya
1 De acordo com Bassedas et al. (1996) o sistema pode ser entendido como um conjunto de elementos que dependem reciprocamente um dos outros (família), a fim de formar um todo organizado. Para tal, é de extrema importância, analisarmos o sistema no entorno de seu ambiente, averiguando a relação existente entre o próprio sistema e o ambiente em que se encontra inserido.
que son partes del individuo e interfieren en el proceso de aprendizaje. En psicopedagogía, el diagnóstico basado en la teoría transdisciplinar pretende orientar a los psicopedagogos a tener una mirada diferente durante la evaluación de sus pacientes. Así, este informe de experiencia se basó en una investigación bibliográfica cualitativa y descriptiva para dilucidar este diagnóstico en el contexto clínico, con el propósito de orientar a los psicopedagogos para una mirada diferenciada. Los resultados señalaron que cuando entendemos esta mirada como un todo, sin dejar de lado las partes que conforman el sistema en el que se inserta este individuo, dilucidamos todo el proceso de diagnóstico y tratamiento psicopedagógico para este sujeto. Así, realizamos un trabajo con apoyos y, en cierto modo, comprendimos todo el proceso en el que se constituyó este sujeto en la escuela y fuera de ella, realizando algunas sesiones de intervenciones individuales para presentar a este sujeto que es capaz de aprender.
PALABRAS CLAVE: Psicopedagogía transdisciplinar. Teoría de los sistemas. Diagnóstico psicopedagógico.
ABSTRACT: Transdisciplinary Psychopedagogy understands the individual as a whole, based on the systems theory. We must investigate how the organism, body, desire, and intelligence, which integrate the subject's life structure, are found, since they are parts of the individual and interfere in the learning process. In psychopedagogy, the diagnosis based on the transdisciplinary theory aims to guide psychopedagogues to have a different look during the evaluation of their patients. Thus, this experience report was based on a qualitative and descriptive bibliographic research to elucidate this diagnosis in the clinical context, with the purpose of guiding psychopedagogues to have a differentiated look. The results showed that when we understand this look as a whole, without leaving aside the parts that make up the system in which this individual is inserted, we can elucidate the entire process of diagnosis and psychopedagogical treatment for this subject. Thus, we carried out a work with support and, in a certain way, we understood the whole process in which this subject was constituted at school and outside of it, carrying out some sessions of individual interventions in order to present to this subject that he/she is capable of learning.
KEYWORDS: Transdisciplinary psychopedagogy. Systems theory. Psycho-pedagogical diagnosis.
A psicopedagogia no Brasil surgiu na década de 1970 e, por muito tempo, explicou-se o problema de aprendizagem como produto de fatores orgânicos, tendo como consequência o fracasso escolar. Na década de 1980, surgem novos pressupostos, mas desta vez sócio- políticos, em que problemas de aprendizagem passam a configurar-se como “problemas de ensinagem.” A partir daí, vários estudiosos e teóricos foram se aperfeiçoando e reescrevendo diversas concepções a respeito dos problemas de aprendizagem como Bossa (2002), Rubinstein (2014), Pain (1985), Fernandes (1991) entre outros.
Bossa (2019) quando se refere a psicopedagogia, a reconhece em sua perspectiva transdisciplinar nos remetendo a uma compreensão do objeto de estudo: o sujeito.
O pensamento é um só, não pensamos por um lado inteligentemente e, depois, como se girássemos o dial, pensamos simbolicamente. O pensamento é como uma trama na qual a inteligência seria o fio horizontal e o desejo vertical. Ao mesmo tempo, acontecem a significação simbólica e a capacidade de organização lógica (BOSSA, 2019 apud FERNANDEZ, 1990, p. 67).
A partir de todas essas mudanças no percurso da profissão e a fim de me redirecionar ao que mais tínhamos na atualidade referente à psicopedagogia, fui em busca do novo, do que perpassava os muros da avaliação psicopedagógica, com um olhar diferenciado, sem desfocar do que era mais importante, o sujeito.
A Psicopedagogia Transdisciplinar foi o caminho para atingir meu objetivo. O retorno à Universidade em 2017 como reingressa no próprio curso de especialização em psicopedagogia e a possiblidade de sentir e vivenciar na prática o quão era importante esse redirecionamento baseado nos fundamentos da teoria dos sistemas, me fez registrar todo esse processo a partir da tessitura deste relato de experiência.
O relato que ora apresento, tem a intenção de oferecer ao leitor subsídios comprovados sobre e com a prática da transdisciplinaridade, no olhar do psicopedagogo para o sujeito como um todo dentro do sistema em que está inserido, colocando o sujeito como ponto principal, observando questões sobre o seu organismo, corpo, desejo e inteligência. Seu relacionamento com o meio onde está inserido, ou seja, o sistema, também foi observado, todos em conjunto, nas sessões clínicas individuais, resultando em uma análise, intervenção e posteriormente alta do paciente.
Este levantamento, de natureza aplicada, possui uma abordagem qualitativa de cunho descritivo bibliográfico sobre um atendimento clínico como estagiária reingressa no curso de psicopedagogia, a fim de apresentar a profissionais da área, dentro da minha experiencia relatada, uma abordagem que proporcione um olhar diferenciado diante do sujeito a ser investigado. O sujeito, objeto de estudo, é um caso de continuidade na área da psicopedagogia. Sendo assim, por se tratar de um estágio, todos os documentos necessários para autorização da família sobre coleta e análise dos dados foram recolhidos. Sua identidade foi mantida durante toda a descrição, utilizando-se do codinome Lucas, idade, ano escolar. Ao entrar em contato com o seu prontuário no primeiro semestre do ano 2018 e analisar todas as questões envolvidas e descritas até aquele determinado momento, fui avaliando, analisando e pensando na transdisciplinaridade, sem desviar o olhar daquele aprendente que se encontrava
sobre meus cuidados. A escuta e o olhar diferenciado, baseado na psicopedagogia transdisciplinar e apoiada sobre a teoria dos sistemas, me fez entender que fazer uma avaliação psicopedagógica ultrapassa as questões teóricas. Trata-se de superar a fragmentação do conhecimento nas disciplinas isoladas e encontrar os caminhos para uma multidimensionalidade do que é real, adquirindo conhecimentos específicos de diversas teorias, a fim de incidir a transdisciplinaridade sobre o sujeito, nosso objeto de análise.
Com a finalidade de dividir com vocês esse momento que passei e de salientar quais foram as evidências que trouxeram qualidade ao meu percurso profissional, temos inicialmente que lembrar que, a Psicopedagogia já passou por três fases.
Sobre isto, Rubinstein (2000) afirma que, é possível distinguirmos três diferentes concepções desta área de conhecimento ao longo da história nomeando como: Reeducação, Psicopedagogia Dinâmica e Psicopedagogia Transdisciplinar.
A primeira concepção, a Reeducação, originada no próprio contexto da época estava pautada na visão organicista, ou seja, o que importava era somente a dimensão orgânica presente no processo de aprendizagem. “A preocupação maior estava com as técnicas que melhor contribuíssem para promover a recuperação. As dificuldades eram entendidas como distúrbios, inaptidão. [...] Os educadores buscavam explicações através da neurologia” (RUBINSTEIN, 2000, p. 418). Os testes padronizados e a normatização eram os aspectos mais importantes nas avaliações. Não havia ainda instrumentos próprios da Psicopedagogia, empreitando-se de outras áreas alguns testes que hoje, além de não atenderem mais a demanda psicopedagógica, muitos deles não são mais permitidos, o seu uso fora da área que os produziu, portanto, foram vetados ao psicopedagogo.
Bossa (2019) sustenta a ideia ou o pensamento que, a crença de que os problemas de aprendizagem eram causados por fatores orgânicos, perdurou por muitos anos e determinou a forma de tratamento dada à questão do fracasso escolar até bem recente. No Brasil, por muitos anos, explicaram-se os problemas de aprendizagem como um produto de fatores orgânicos apresentados pelo próprio sujeito. Os psicopedagogos buscavam respostas para as dificuldades de aprendizagem na neurologia. A preocupação principal estava centrada nas técnicas utilizadas para a recuperação do paciente. Tratava-se de uma visão organicista.
Na Psicopedagogia Dinâmica, segunda abordagem na ordem histórica, a preocupação está voltada aos aspectos da subjetividade da aprendizagem do sujeito. A aprendizagem
enquanto sujeito cognoscente, enquanto processo, era o tema central nessa abordagem, levando em consideração como ponto de partida, o sujeito dessa aprendizagem, para em seguida, compreender as questões relacionadas entre o saber e a maneira em como lidar com elas, além de compreender como o sujeito aprende, como pensa e o que o leva a isso.
A vantagem desta abordagem seria contribuir para ampliar o olhar do educador diante da criança que não aprende ou aprende diferentemente, num outro estilo, e quem sabe torná-los mais produtivos e assim ajudar na redução da opressão pelo saber homogeneizado que aflige os envolvidos: pais, crianças, professores e demais especialistas (RUBINSTEIN, 2014, p. 46).
Percebeu-se então que, a interlocução entre várias áreas do conhecimento como a psicanálise, a linguística etc. seriam de fundamental importância para a psicopedagogia dinâmica.
Surge então, por último, a abordagem Transdisciplinar. Esta concepção se encontra ao mesmo tempo entre as disciplinas e além das disciplinas. Emerge a partir do momento em que os profissionais que trabalhavam nesta área, sentiram a necessidade de construir seus próprios instrumentos para as investigações dos sujeitos aprendentes.
Ela veio com a maturidade e foi fruto da experiência acumulada. Dentro dessa concepção buscava-se avaliar o potencial da aprendizagem e o processo em si. Existe maior equilíbrio na compreensão dos aspectos da objetividade e da subjetividade. Valoriza-se a técnica do profissional, o seu estilo próprio de trabalho e não as técnicas em si (RUBINSTEIN, 2000, p. 420).
Alvarenga et al. (2005), discorre como fundamental a incorporação do pensamento interdisciplinar, apontando novas perspectivas que encontrem espaços a partir de disciplinas que contemplem a totalidade de um conhecimento articulado. Esse pensamento transdisciplinar acaba se beneficiando com a discussão da interdisciplinaridade que a precede, nos diferentes campos do saber, preocupados com a fragmentação desse conhecimento.
Nessa perspectiva, a transdisciplinaridade não nega o disciplinar uma vez que parte do disciplinar, mas o relativiza, constituindo-se num saber que organiza diferentes saberes necessita e propõe o encontro entre o teórico e o prático, entre o filósofo e o científico, apresentando-se, assim, como um saber que é da ordem do saber complexo (ALVARENGA et al., 2005 p. 16).
E foi na psicopedagogia transdisciplinar que me encontrei definitivamente e obtive resultados surpreendentes em meus atendimentos dantes não encontrados. Quando analisamos o sujeito aprendente partindo de uma concepção transdisciplinar, enxergamos além dele, ou
melhor, conseguimos analisar este sujeito dentro de um sistema aberto (família) mas inserido num ambiente (escolar) onde todas as partes envolvidas no processo de aprendizagem deste indivíduo se tornam importantes para o seu desenvolvimento e possíveis causas de problemas de aprendizagem.
Conclui minha formação em Psicopedagogia em 2012 em uma Universidade do interior paulista. Desde então, atuei em dois setores da psicopedagogia: como psicopedagoga institucional em uma escola e como psicopedagoga clínica em meu próprio consultório particular. Mas algumas inquietudes me acompanhavam nesse percurso. Decidi então, reingressar em 2017 em um curso de especialização em psicopedagogia. Embora já tivesse a titulação de especialista em psicopedagoga, escolhi esse caminho como uma forma de me atualizar. Assim, agora como estagiária, pude vivenciar algo que, no meu entendimento, fez toda diferença, aprender na prática a Psicopedagogia Transdisciplinar, o que não ocorreu no curso anterior. A psicopedagogia que percebe o todo, como um todo, sem deixar de lado as partes, em outras palavras, o sujeito não é isolado do mundo em que vive, ele possui uma estrutura, uma família e está inserido em um ambiente que devemos considerar como um conjunto de fatores para a aprendizagem. Em uma perspectiva transdisciplinar, é aquela que compreende o paciente dentro de um sistema que funciona na sua totalidade, sem isolar seus integrantes. Aquela que dá ênfase a concepção de indivíduo visto como um todo. Um todo que leva em consideração o organismo, o corpo, o desejo, a inteligência e o contexto em que está inserido.
O caso que por ora vou apresentar se refere a um garoto de 11 anos, cursando o sexto ano do ensino fundamental, de uma Unidade Escolar Pública Estadual do interior paulista. Este adolescente já havia sido atendido na clínica da Universidade por dois estagiários supervisionados: um da área da psicologia, em 2015, dando por encerrado em 2016 e, outro, da própria psicopedagogia em 2017, sendo que este último recomendou a continuidade de um trabalho psicopedagógico no ano seguinte. Imputei o caso seguindo as próprias orientações da Universidade.
Iniciei com a primeira consulta com os pais e, em seguida, um estudo do prontuário do adolescente, procedimento previsto por se tratar de uma clínica dentro de uma Universidade. Foram levantados dados importantes sobre o seu desenvolvimento, bem como sua evolução, os quais serão apresentados neste relato.
Este adolescente, chamado pelo nome fictício de Lucas, é filho de pais separados, possui duas irmãs e moram todos com a mãe. Lucas é portador de uma anomalia no coração chamada Anomalia de Ebstein, que segundo nossa literatura:
A Anomalia de Ebstein é uma doença cardíaca congênita na qual o paciente nasce com a válvula tricúspide do coração (que separa o átrio do ventrículo direito) com localização mais para dentro doventrículo (localização diferente do habitual). Na maioria das vezes sendo necessáriouma correção cirúrgica (SOUZA, [202-?] [Web], grifo nosso).
Quando acarreta problemas na vida cotidiana do indivíduo, necessita de cirurgia, o que até o momento não é o caso deste, segundo seu cardiologista. Um dado muito importante que apareceu foi um relato de que a irmã mais nova sofreu assédio sexual do ex-companheiro de sua mãe (namoro que teve após término do relacionamento com o pai das crianças e anterior ao companheiro atual) e que o garoto havia presenciado todo o processo do conselho tutelar, da polícia em sua casa, o que de certa maneira, segundo a mãe, interferiu em seu comportamento emocional.
Seu primeiro encaminhamento à clínica, em 2015, foi feito por uma instituição onde havia feito Terapia Ocupacional devido a um problema psicomotor não especificado. O parecer fonoaudiológico traz o diagnóstico de F80. 9 - Transtorno não específico do desenvolvimento da fala ou da linguagem. Passado por triagem psicológica foi encaminhado à avaliação e tratamento na psicopedagogia, onde permaneceu por um ano com poucas melhoras e foi dado como continuidade para 2019.
Após análise e observação, percebeu-se que haviam ficado algumas lacunas neste prontuário. Assim, vivenciei a necessidade de refazer algumas avaliações e de pensar qual caminho eu seguiria para atender este paciente. Refiz a História Vital para compreender mais um pouco o contexto em que estava inserido.
Do ponto de vista familiar, a mãe afirma sempre que Lucas tem dificuldades e não aprende, e o considera preguiçoso. Fala na frente do filho sobre suas dificuldades, este sempre se defende dizendo que está melhorando. Acha que o comportamento resistente de Lucas é em
decorrência da dificuldade dela em educá-lo. Quando ele não a respeita, utiliza punição física, mas não consegue estabelecer diálogo e regras com o filho.
Segundo dados levantados pela primeira estagiária, Lucas tinha dificuldades em mostrar o que sabia. Apresentava hipoassimilação e hiperacomodação, sempre demonstrando insegurança em realizar as atividades, esperando que existisse uma forma correta a ser feita e, que é, visão dele, diferente da que sabia realizar nos processos de aprendizagem?
De acordo com Pain (1985), as dimensões do processo de aprendizagem envolvem quatro fatores, constituindo-se um efeito, que neste sentido, é um lugar de articulação de esquemas. Nesse lugar do processo de aprendizagem, coincide um momento histórico do indivíduo: a dimensão biológica, social e cognitiva da aprendizagem, e um processo de aprendizagem como função do eu.
A função cognitiva necessitava ser investigada novamente, pois os dados analisados trouxeram dúvidas quanto a sua aprendizagem escolar. Em princípio, o adolescente, demonstrava atraso nos conteúdos escolares devido ao seu comportamento e a maneira como se deu a relação com a aprendizagem até o momento presentes em seu prontuário, porém, aparentemente não apresentava nenhum transtorno no desenvolvimento da fala e da linguagem. Os resultados coletados também não estavam completos e faltavam algumas avaliações específicas a serem aplicadas.
Investigando o processo cognitivo de Lucas por meio de avaliações específicas das competências escolares e das provas operatórias de Piaget, os resultados apresentados em ambos foram condizentes com a série/idade da criança.
Quanto à parte linguística, ao escrever uma produção de texto livre, apareceram alguns erros ortográficos, e a não usabilidade de normas técnicas para escrita como: pontuação, parágrafo, letra maiúscula etc. Isso ocasionou uma desorganização textual, o que resultou na impossibilidade do entendimento de sua escrita. Tornou-se necessária a reescrita de seu texto, utilizando-se de pontuações, e toda a norma sistemática da língua portuguesa. Percebeu-se que após esta reorganização, suas ideias apresentavam coerência e estrutura temporal (começo meio e fim). Assim configurava-se uma questão da utilização correta de marcadores gramaticais.
Efetivamente, houve uma auto-organização do olhar, emergindo propriedades novas.
Então, qual era o papel do sintoma neste sistema?
Pude perceber que se ficasse olhando apenas para a produção textual desprezando o seu conteúdo, não perceberia que Lucas apresenta uma modalidade de aprendizagem saudável, onde sua assimilação e sua acomodação apresentam-se ativados. Desta maneira,
afirmar que a hipótese de que o adolescente poderia apresentar algum problema no conceito da Língua Portuguesa ficava equivocada, pois, comprovamos que seu pensamento linguístico possui coerência, tem significado e que a princípio, a transdisciplinaridade que transpõe a ideia de disciplina, de partes, que vai além dela mesma, nos trouxe conhecimento humano, ultrapassando a fragmentação. Griz (2006, p. 77), analisa o caminho para a transdisciplinaridade como sendo um processo pelo qual o “[...] sujeito é analisado como um ser global, transversalizado, na sua singularidade, por uma pluralidade, enquanto sujeito inserido em uma cultura”. Sendo assim, os erros recorrentes que vinha cometendo na escrita, não seriam direcionados à intervenção psicopedagógica, e sim, a um pedagogo, uma aula particular ou um reforço escolar.
Faltava agora, investigar o desejo, ou seja, o seu ‘eu’. Questionava-me a todo momento em como prosseguir com a investigação. Necessitava descobrir o quanto o emocional estaria interferindo em seu aprendizado, mas, para isso, deveria rever novamente sua história vital direcionando o olhar e a escuta para a família. Esta, entendida como um sistema aberto, poderia ser saudável ou estar em crise e, que, a priori, seria a próxima análise a ser feita.
Basseda e Cols (1996) ao falar dos sistemas abertos dentro da teoria sistêmica, discorre sobre as propriedades desses sistemas. Dentre eles, encontramos a causalidade circular, a totalidade, a equifinalidade e a autorregulação.
A causalidade circular configura-se como uma realidade circular, ou seja, entende a família como um sistema que se encontra em contínua interação, uns com os outros, e que as condutas de uns se influenciam nos e os outros e vice-versa. Na totalidade, as mudanças que ocorrem em alguma parte do sistema, conduzem a mudança do sistema num todo. A equifinalidade, traz a ideia de que uma mesma causa pode gerar diferentes resultados e que um resultado pode ter diferentes causas. Na autorregulação, como os sistemas, sofrem interferência do meio exterior e do interior. O sistema tenta se regular a si mesmo, mantendo a homeostase, ou estimular e acentuar as transformações, trazendo as mudanças.
E foi justamente pensando nesta circularidade, que repliquei a história vital – de Lucas. Nela, obtive vários indícios da relação parental que existe na casa onde Lucas reside. Seu relacionamento com a mãe pareceu-me um pouco distante, e o “eu” de Lucas pedia socorro o tempo todo para esse relacionamento.
Na Psicopedagogia Transdisciplinar é impossível tratar de qualquer assunto sem olhar o todo. Todo sintoma é uma comunicação entre o sujeito e o sistema no qual está inserido. O sintoma encontra seu significado dentro do sistema e não somente no próprio sujeito. O livro
de Banyai (1995) pode ser deduzido como uma metáfora para essas ideias - entender o todo. Isto porque, são apresentadas imagens que se redimensionam umas dentro das outras no virar de páginas, onde podemos lê-lo de frente para trás e de trás para frente. E foi exatamente quando comecei a olhar o todo na constituição do sujeito Lucas, que este caso trouxe significado.
Havia dados incompletos, resultados que não eram passíveis de uma análise a fim de chegar a uma conclusão. Tínhamos dados no que se refere ao organismo: a síndrome de Ebstein, um parecer fonoaudiólogo enquadrado em F80.9 - Transtorno não específico do desenvolvimento da fala ou da linguagem bem como um atraso no seu desenvolvimento psicomotor em 2013, diagnosticado e tratado com uma terapeuta ocupacional ao qual após seis meses, recebeu alta. Todos esses dados, ainda existentes ou não, excluíam qualquer possibilidade de interferência na aprendizagem de Lucas.
Fernandez (1991) afirma que devemos posicionar o aprendente em uma cena circular, que contém quatro estruturas: organismo, corpo, desejo e inteligência. Estas se enraízam na família e na cultura em que vivemos e que,
[...] por sua vez, se constroem ou se instalam através de uma inter-relação constante e permanente com o meio familiar e social. A aprendizagem é, então, uma das funções para a qual estes níveis podem inter-relacionar-se com o exterior e por sua vez conformar-se, a si mesmos, em um processo dialético (FERNANDEZ, 1991, p. 52).
Quando me reportei ao corpo, observei que Lucas apresentava movimento em bloco ao andar, com resíduo do lado direito, visível na parte superior do corpo. Provavelmente, advindo do atraso no desenvolvimento psicomotor avaliado em 2013. Para uma verificação mais minuciosa sobre este item, certamente será necessária uma investigação com teste de psicomotricidade.
Quanto ao desejo, embora anteriormente tenha sido relatado sobre a necessidade de retornar à história vital, de Lucas durante as sessões, foi possível observar que, ao mesmo tempo em que teve prazer em realizar as atividades que lhe são propostas manifestando o desejo por saber, apresentou movimentos corporais frente aos desafios que nos remetem ao significado de desespero.
Sua inteligência, dentro de uma estrutura cognitiva, não nos deixou dúvidas quanto a sua capacidade: nas provas de diagnóstico operatório, encontrou-se dentro do esperado para sua idade, classificado dentro da etapa do pensamento operatório como concreto, de acordo com a tabela apresentada por Mac Donell (2004). Quanto aos polos de aprendizagem, a
assimilação e a acomodação encontravam-se ativadas com alternância entre ambos. Isto significa, conforme Fernandez (2001, p. 88) que:
A modalidade de aprendizagem marcará uma forma particular de relacionar- se, buscar e construir conhecimentos, um posicionamento de sujeito diante de si mesmo como autor de seu pensamento, um modo de descobrir- construir o novo e um modo de fazer próprio ao alheio.
A respeito do desempenho acadêmico, o que foi coletado até final de 2017 nos colocou em dúvidas. Foram aplicadas avaliações psicopedagógicas das competências escolares referente à série/ano em que se encontrava Lucas. Os resultados aparentemente não foram satisfatórios tanto em Língua Portuguesa quanto em Matemática. Lucas apresentou uma leitura fonológica, ou seja, não possui acurácia, rapidez e principalmente prosódia. Na Matemática, as questões apresentadas como situações problemas não foram passíveis de resolução, provavelmente por conta da leitura.
De posse dessas reflexões, na supervisão, decidimos refazer a síntese diagnóstica de
Lucas.
Considerando as propriedades que se encontra dentro das relações sistêmicas e que, dentro de um sistema aberto não existe pensamento isolado, tudo de alguma forma está interligado, decidimos verificar, inicialmente, se o sujeito possuía um vínculo estabelecido em relação à aprendizagem, ou melhor dizendo, como foi internalizado por ele o processo do aprender e como o mesmo percebeu aquele que ensina e aquele que aprende. Deste modo, foi decidido reaplicar o teste do par educativo visto que, Lucas vinha apresentando muitas dificuldades nas disciplinas acadêmicas, o que vinha acarretando ao longo dos anos um afastamento desses vínculos.
Visca (2018) aborda o processo de aprendizagem como produção e estabilização de condutas, tornando-se de fato aprendizagens aquelas que são produzidas tanto no contexto escolar como as que se manifestam no meio social e familiar. Neste sentido, torna-se de extrema importância saber qual o vínculo que o sujeito estabelece com o docente, bem como em qual adulto o aprendiz se espelha para servir de modelo como aprendizagem.
Estes diferentes vínculos constituem, por uma parte, uma rede de relações universais na medida em que todo sujeito está imerso nela, e por outra parte, relações particulares, pois cada sujeito estrutura cada vínculo e a trama total de forma singular (VISCA, 2018, p. 16).
Após, foi utilizado como técnica projetiva a hora do jogo. Pain (1985) apresenta esta técnica como uma atividade lúdica, representada por uma caixa com diversos materiais escolares, de papelaria e reciclados, onde a criança pode criar o que quiser, “trazendo informações sobre os esquemas que organizam e integram o conhecimento em um nível representativo” (PAIN, 1985. p. 51). É possível, por meio desta técnica, verificar a inter- relação da criança com o desconhecido e o tipo de obstáculo que emerge desta relação, bem como possibilitar uma leitura dos aspectos relacionados à função semiótica da criança, por meio de símbolos, verificando o nível dos processos acomodativos e assimilativos.
Foi observado, durante as sessões realizadas até junho de 2019, que Lucas possui um movimento em bloco ao andar e apresenta resíduo no lado superior direito. Em seu prontuário, consta que, em 2013 foi identificado um problema no seu desenvolvimento psicomotor e tratado durante seis meses por uma terapeuta ocupacional, obtendo alta em seguida. Diante desta observação e deste documento, decidimos aplicar os testes de psicomotricidade para uma verificação mais adequada.
Oliveira (2014) esclarece que, a criança utiliza o corpo como ponto de referência para interagir e conhecer o mundo que a cerca. Um corpo não organizado, que não obedece, está prejudicando seu desenvolvimento intelectual, social e afetivo-emocional, uma vez que não apresenta confiança em suas potencialidades. Prejudica o desenvolvimento escolar, pois algumas habilidades psicomotoras são necessárias à aprendizagem e ao próprio desenvolvimento.
Foram investigadas condutas como: coordenação de equilíbrio, esquema corporal, lateralidade, orientação espacial e orientação corporal. Todas tiveram um desempenho insatisfatório, isto é, abaixo do esperado para a idade, o que pode de certa forma, estar influenciando em sua aprendizagem.
Nesse momento, reorganizando todo esse processo de investigação, me reportei ao desejo. Sobre o desejo e a inteligência na aprendizagem, podemos lançar um olhar a partir do que discute Fernandes (1991, p. 67) que: “[...] o pensamento é um só, é como uma trama na qual a inteligência seria o fio horizontal e o desejo o fio vertical. Ao mesmo tempo, acontecem a significação simbólica e a capacidade de organização lógica”.
Analisando o desejo que esta criança demonstrava em aprender juntamente com o resultado obtido nas avaliações realizadas sobre o processo cognitivo, talvez o problema estivesse nas relações parentais. Não poderia olhar as partes, se tínhamos um todo. Um todo envolvido com as partes.
Solicitei a presença da mãe com o intuito de investigar como era e estava a relação da criança com os irmãos e com ela mesma. Após esta conversa, descobri que a mãe acreditava que o filho era preguiçoso, brigando e obrigando-o a resolver as atividades escolares sozinho não tendo nenhuma paciência com ele. A mãe obrigava a irmã mais velha a ajudá-lo. Julgava que o filho tinha problemas cognitivos e, por isso, não ia bem com suas notas acadêmicas. Além disso, a mãe trabalhava muito e o tempo que tinha era para organizar a sua casa. Aos finais de semana, Lucas ia pra casa de um amigo e só retornava na segunda-feira.
Fernandes (2001) fala sobre modalidades de aprendizagem e modalidades de ensino. A modalidade de aprendizagem supõe um molde relacional que cada sujeito utiliza para aprender. A modalidade de ensino refere-se a uma maneira de mostrar o que conhece e um modo de considerar o outro como aprendente. A partir da modalidade de aprendizagem, em cada indivíduo, vai se construindo uma modalidade de ensino.
No teste projetivo aplicado no início da reavaliação em Lucas, sua modalidade de aprendizagem apresentava-se saudável, onde seus polos de assimilação e acomodação encontravam-se ativados. A modalidade de ensino parental também se encontrava saudável, pois um vai construindo o outro, formando-se um todo.
Foi observado que após todo esse processo de reavaliação e de análise de todos os aspectos que envolviam esse sistema (família), a criança era parte de um sistema em crise, onde o sintoma era ele próprio mergulhado em seu não aprender.
Diante de toda esta coleta de dados e pensando na psicopedagogia transdisciplinar, a hipótese diagnóstica desta criança resultou em dificuldade de aprendizagem. Foi observada durante todo o período em que foram aplicadas as avaliações que, utilizando a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), proposta por Vygotsky (2001), a criança consegue entender a proposta apresentada e executar a atividade de maneira prazerosa e assertiva. O que Lucas precisava, era de ser incentivado a acreditar em si mesmo. Veja, agora você traz outro psicólogo um pouco diferente da perspectiva de Piaget sem ter anunciado isso antes para o leitor. Ou seja, utilizamos Piaget por isso... utilizamos em outro momento Vigotski para outra análise do sujeito ou processos de aprender do sujeito.
Ao realizar a devolutiva com a mãe, ressaltei os pontos negativos da criança, afirmando a todo momento que os pontos positivos sobressaiam aos negativos. Orientei-a tentar ajudá-lo, apoiando-o a pesquisar, sem brigas e ofensas, pois este tipo de comportamento
por parte dela prejudicava ainda mais o sentimento de medo e de insegurança que ele apresentava nos processos de aprendizagem. A mãe mostrou-se bem sensível às dificuldades do filho, mas tranquilizei-a dizendo que não havia necessidade para ficar preocupada, pois o filho apresentava somente uma dificuldade de aprendizagem e, que, com as sessões de intervenção, tentaríamos ajudá-lo com alguns desses problemas.
Nas intervenções psicopedagógicas, foram introduzidas atividades a serem trabalhadas referentes à coordenação motora, lateralidade e orientação temporal e espacial. Atividades que o levaram a uma melhor desenvoltura cognitiva nas estruturas acadêmicas, utilizando-se da ZDP e de instrumentos que o faziam raciocinar de maneira diferente nas atividades escolares, propondo desafios a fim de incentivá-lo a uma competição saudável.
Lucas evoluiu ao longo desta terapia demostrando avanços no que diz respeito à redução da insegurança que possuía, criou confiança em si mesmo, interesse na aprendizagem e progressão em suas notas acadêmicas, bem como parabenização por parte dos professores e de sua família sobre suas conquistas. A necessidade agora foi de um encaminhamento a um psicólogo e um acompanhamento de um reforço escolar.
Após todos os aspectos trabalhados com este paciente, optamos pela alta e um encaminhamento para a terapia psicológica a fim de resolver os problemas emocionais acarretados por diversos acontecimentos familiares, alguns descritos neste relato de experiência.
A partir deste relato, verificamos que houve uma construção do conhecimento com a psicopedagogia transdisciplinar apoiada nos benefícios fundamentados na teoria dos sistemas. Aproximar-se dos obstáculos apresentados pelo sujeito, buscando subsídios na construção do conhecimento com o saber, da prática educativa com a inter-relação nas particularidades subjetivas, culturais, sociais e familiares fazem parte das relações existentes entre pensamento e subjetividade. Esse olhar diferenciado sobre a aprendizagem do indivíduo e o processo de ensino acontecem através da análise de comportamentos cognitivos e simbólicos, observados e analisados à luz da transdisciplinaridade.
A “escuta” e o “olhar” psicopedagógico diferenciado se fazem necessários para um diagnóstico assertivo. Penso que, se eu tivesse parado no tempo e não tivesse retornado como reingressa no curso de psicopedagogia para atualizar-me, não teria a possibilidade de ter conhecido a psicopedagogia transdisciplinar, que me ensinou a transpor a ideia de disciplina,
de partes, ir além de, aprendendo que falar de conhecimento humano, ultrapassa a fragmentação. Hoje, percebo que antes não conseguia reorganizar o meu olhar, minha terapia era baseada na psicopedagogia dinâmica, onde avaliava o indivíduo com olhar de família, sociedade, escola etc. Ampliava o meu olhar, mas não conseguia olhar para todos os lados ao mesmo tempo, era linear. Nesse exato momento percebo que a transdisciplinaridade me ajudou a olhar o que está acontecendo, ao mesmo tempo, entre as disciplinas, através das disciplinas e além de todas as disciplinas. O objetivo deste relato, é situar o leitor sobre a compreensão do mundo presente, mas um dos imperativos para isso é a unidade do conhecimento e a compreensão dos processos de constituição do sujeito como singular nos processos de aprendizagem, na escola e em outras esferas sociais da atividade humana a fim de direcioná-lo para um olhar diferenciado sobre o nosso aprendente.
ALVARENGA, A. T.; SOMMERMAN, A.; ALVAREZ, A. M. S. Congressos internacionais sobre transdisciplinaridade: reflexões sobre emergências e convergências de idéias e ideais na direção de uma nova ciência moderna . Saude soc., São Paulo, v. 14, n. 3, p. 9-29, 2005.
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PSICOPEDAGOGIA TRANSDISCIPLINAR: DESTAQUE PARA OS BENEFÍCIOS FUNDAMENTADOS NA TEORIA DOS SISTEMAS1
PSICOPEDAGOGÍA TRANSDISCIPLINAR: DESTACAR LOS BENEFICIOS BASADOS EN LA TEORÍA DE SISTEMAS
Simone Martins de Caires PALARO2 José Anderson SANTOS CRUZ3
RESUMO: A Psicopedagogia Transdisciplinar compreende o indivíduo como um todo, fundamentando-se na teoria dos sistemas. Devemos investigar como encontram-se o organismo, corpo, desejo e inteligência, que integram a estrutura de vida do sujeito, já que são partes do indivíduo e interferem no processo de aprendizagem. Na psicopedagogia, o
1 According to Bassedas et al. (1996) the system can be understood as a set of elements that reciprocally depend on each other (family) to form an organized whole. To this end, it is extremely important to analyze the system around its environment, verifying the relationship between the system itself and the environment in which it is inserted.
diagnóstico realizado baseando-se na teoria transdisciplinar, tem o intuito de orientar psicopedagogos a ter um olhar diferenciado durante a avaliação de seus pacientes. Assim, este relato de experiência, partiu de uma pesquisa com abordagem qualitativa e descritiva bibliográfica para a elucidação deste diagnóstico no contexto clínico, com o objetivo de orientar profissionais psicopedagogos para um olhar diferenciado. Os resultados apontaram que, quando compreendemos esse olhar direcionado como um todo, sem deixar de lado as partes que compõe o sistema em que este individuo está inserido, elucidamos todo o processo de diagnóstico e de tratamento psicopedagógico para este sujeito. Sendo assim, efetuamos um trabalho com respaldos e, de certa forma, compreendemos todo o processo em que este sujeito se constituiu na escola e fora dela realizando algumas sessões de intervenções individuais a fim de apresentar para este sujeito que é capaz de aprender.
PALAVRAS-CHAVE: Psicopedagogia transdisciplinar. Teoria dos sistemas. Diagnóstico psicopedagógico.
RESUMEN: La Psicopedagogía Transdisciplinar entiende al individuo como un todo, basándose en la teoría de los sistemas. Debemos investigar cómo se encuentran el organismo, el cuerpo, el deseo y la inteligencia, que integran la estructura vital del sujeto, ya que son partes del individuo e interfieren en el proceso de aprendizaje. En psicopedagogía, el diagnóstico basado en la teoría transdisciplinar pretende orientar a los psicopedagogos a tener una mirada diferente durante la evaluación de sus pacientes. Así, este informe de experiencia se basó en una investigación bibliográfica cualitativa y descriptiva para dilucidar este diagnóstico en el contexto clínico, con el propósito de orientar a los psicopedagogos para una mirada diferenciada. Los resultados señalaron que cuando entendemos esta mirada como un todo, sin dejar de lado las partes que conforman el sistema en el que se inserta este individuo, dilucidamos todo el proceso de diagnóstico y tratamiento psicopedagógico para este sujeto. Así, realizamos un trabajo con apoyos y, en cierto modo, comprendimos todo el proceso en el que se constituyó este sujeto en la escuela y fuera de ella, realizando algunas sesiones de intervenciones individuales para presentar a este sujeto que es capaz de aprender.
PALABRAS CLAVE: Psicopedagogía transdisciplinar. Teoría de los sistemas. Diagnóstico psicopedagógico.
Psychopedagogy in Brazil emerged in the 1970s and, for a long time, the problem of learning was explained as a product of organic factors, resulting in school failure. In the 1980s, new assumptions emerged, but this time socio-political, in which learning problems became “teaching problems.” Since then, several scholars and theorists have been improving and rewriting different conceptions about learning problems such as Bossa (2002), Rubinstein (2014), Pain (1985), Fernandes (1991) among others.
Bossa (2019) when referring to psychopedagogy, recognizes it in its transdisciplinary perspective referring us to an understanding of the object of study: the subject.
Thought is one, we do not think intelligently on the one hand and then, as if turning the dial, we think symbolically. Thought is like a web in which intelligence would be the horizontal thread and desire vertical. At the same time, symbolic meaning and the capacity for logical organization take place (BOSSA, 2019 apud FERNANDEZ, 1990, p. 67) (Our translation).
From all these changes in the course of the profession and to redirect myself to what else we had at the moment regarding psychopedagogy, I went in search of the new, of what crossed the walls of psychopedagogical evaluation, with a different look, without blurring what more importantly, the subject.
Transdisciplinary Psychopedagogy was the way to achieve my goal. Returning to the University in 2017 as a re-entry in the specialization course in psychopedagogy and the possibility of feeling and experiencing in practice how important this redirection based on the fundamentals of systems theory was, made me record this whole process from the fabric of this report of experience.
The report that I present here intends to offer the reader proven subsidies about and with the practice of transdisciplinary, from the psychopedagogist's point of view for the subject as a whole within the system in which he is inserted, placing the subject as the main point, observing questions about your organism, body, desire and intelligence. Its relationship with the environment where it is inserted, that is, the system, was also observed, all together, in individual clinical sessions, resulting in an analysis, intervention and later discharge of the patient.
This survey, of an applied nature, has a qualitative approach of a bibliographic descriptive nature on a clinical care as an intern re-enters the psychopedagogy course, to present professionals in the area, within my reported experience, an approach that provides a differentiated look at the subject to be investigated. The subject, object of study, is a case of continuity in the field of psychopedagogy. Therefore, as it is an internship, all the documents necessary for the family's authorization for data collection and analysis were collected. His identity was maintained throughout the description, using the codename Lucas, age, school year. When contacting her medical record in the first half of 2018 and analyzing all the issues involved and described until that particular moment, I was evaluating, analyzing and thinking about transdisciplinarity, without taking my eyes off that learner who was under my care. The ability to listen and to have a differentiated look, based on transdisciplinary psychopedagogy
and supported by systems theory, made me understand that making a psychopedagogical assessment goes beyond theoretical issues. It is about overcoming the fragmentation of knowledge in isolated disciplines and finding the paths to a multidimensionality of what is real, acquiring specific knowledge from different theories, to focus transdisciplinary on the subject, our object of analysis.
In order to share with you this moment I spent and to point out what were the evidences that brought quality to my professional career, we must initially remember that Psychopedagogy has already gone through three phases.
About this, Rubinstein (2000) states that it is possible to distinguish three different conceptions of this area of knowledge throughout history, naming them as: Reeducation, Dynamic Psychopedagogy and Transdisciplinary Psychopedagogy.
The first conception, Reeducation, originated in the context of the time itself, was based on the organicist vision, that is, what mattered was only the organic dimension present in the learning process. “The biggest concern was with the techniques that would best contribute to promoting recovery. Difficulties were understood as disturbances, inability. [...] Educators sought explanations through neurology” (RUBINSTEIN, 2000, p. 418). Standardized tests and standardization were the most important aspects in the assessments. There were still no instruments specific to Psychopedagogy, and some tests were employed from other areas that today, in addition to not meeting the psychopedagogical demand, many of them are no longer allowed, their use outside the area that produced them, therefore, were vetoed to the psychopedagogue.
Bossa (2019) supports the idea or thought that the belief that learning problems were caused by organic factors lasted for many years and determined the treatment given to the issue of school failure until very recently. In Brazil, for many years, learning problems were explained as a product of organic factors presented by the subject himself. Psychopedagogues sought answers to learning difficulties in neurology. The main concern was centered on the techniques used for the patient's recovery. It was an organicist vision.
In Dynamic Psychopedagogy, the second approach in the historical order, the concern is focused on the subjectivity aspects of the subject's learning. Learning as a knowing subject, as a process, was the central theme in this approach, taking into account the subject of this learning as a starting point, and then understanding the issues related to knowledge and how
to deal with them, in addition to understand how the subject learns, how he thinks and what leads him to do so.
The advantage of this approach would be to help broaden the educator's view of children who do not learn or learn differently, in another style, and who knows, make them more productive and thus help to reduce the oppression of homogenized knowledge that afflicts those involved: parents, children, teachers and other specialists (RUBINSTEIN, 2014, p. 46) (Our translation).
It was then noticed that the dialogue between various areas of knowledge such as psychoanalysis, linguistics, etc. would be of fundamental importance for dynamic psychopedagogy.
Finally, the Transdisciplinary approach emerges. This conception is at the same time between the disciplines and beyond the disciplines. It emerges from the moment when professionals who worked in this area felt the need to build their own instruments for the investigation of learning subjects.
It came with maturity and was the result of accumulated experience. Within this conception, the aim was to evaluate the learning potential and the process itself. There is greater balance in understanding the aspects of objectivity and subjectivity. The professional's technique is valued, his own style of work and not the techniques themselves (RUBINSTEIN, 2000, p. 420) (Our translation).
Alvarenga et al. (2005), discusses the incorporation of interdisciplinary thinking as fundamental, pointing out new perspectives that find spaces from disciplines that contemplate the totality of an articulated knowledge. This transdisciplinary thinking ends up benefiting from the discussion of the interdisciplinarity that precedes it, in the different fields of knowledge, concerned with the fragmentation of this knowledge.
In this perspective, transdisciplinarity does not deny the disciplinary, since it starts from the disciplinary, but relativizes it, constituting itself in a knowledge that organizes different knowledge needs and proposes the meeting between the theoretical and the practical, between the philosopher and the scientific, presenting it if, thus, as a knowledge that is of the order of complex knowledge (ALVARENGA et al., 2005 p. 16) (Our translation).
And it was in transdisciplinary psychopedagogy that I definitely found myself and obtained surprising results in my visits, not found before. When we analyze the learning subjects starting from a transdisciplinary conception, we see beyond them, or rather, we are able to analyze this subject within an open system (family) but inserted in an environment
(school) where all parties involved in the learning process of this individual become important for their development and possible causes of learning problems.
I completed my education in Psychopedagogy in 2012 at a university in the countryside of São Paulo state. Since then, I have worked in two sectors of psychopedagogy: as an institutional psychopedagogue in a school and as a clinical psychopedagogue in my own private practice. However, some concerns accompanied me on this journey. I then decided to re-enter in 2017 a specialization course in psychopedagogy. Although I already had the title of specialist in psychopedagogue, I chose this path as a way to update myself. So, now as an intern, I was able to experience something that, in my opinion, was really significant, learning Transdisciplinary Psychopedagogy in practice, which did not happen in the previous course. Psychopedagogy that perceives the whole, as it is, without leaving aside the parts, in other words, the subject is not isolated from the world in which he lives, he has a structure, a family and is inserted in an environment that we must consider as a set of factors for learning. In a transdisciplinary perspective, it is one that understands the patient within a system that works in its entirety, without isolating its members. One that emphasizes the concept of the individual seen as a whole. A whole that takes into account the organism, the body, the desire, the intelligence and the context in which it is inserted.
The case that I will present refers to an 11-year-old boy, attending the sixth year of elementary school, at a State Public School Unit in São Paulo state countryside. This teenager had already been treated at the University clinic by two supervised interns: one from the area of psychology, in 2015 to 2016, and the other, from the psychopedagogy itself in 2017, the latter of which recommended the continuation of a psychopedagogical work for the next year. I imputed the case following the University's own guidelines.
I started a first consultation with the parents and then a study of the adolescent's medical records, a procedure foreseen because it is a clinic within a university. Important data were collected about its development, as well as its evolution, which will be presented in this report.
This teenager, called by the fictitious name of Lucas, is the son of divorced parents, has two sisters and they all live with his mother. Lucas has a heart anomaly called Ebstein Anomaly, which according to our literature:
When it causes problems in the individual's daily life, he needs surgery, which so far is not the case for this individual, according to his cardiologist. A very important fact that appeared was a report that the younger sister suffered sexual harassment from her mother's ex-partner (a relationship they had after the end of the relationship with the children's father and before the current partner) and that the boy had witnessed the whole process of the tutelary council, and also of the police in her house, which in a way, according to her mother, interfered with her emotional behavior.
Her first referral to the clinic, in 2015, was made by an institution where he had taken Occupational Therapy due to an unspecified psychomotor problem. The speech-language pathology report brings the diagnosis of F80. 9 - Non-specific disorder of speech or language development. After undergoing psychological screening, he was referred for evaluation and treatment in psychopedagogy, where he remained for a year with little improvement and was continued for 2019.
After analysis and observation, it was noticed that there were some gaps in this chart. Thus, I experienced the need to redo some assessments and to think about which path I would follow to assist this patient. I redid the Vital History to understand a little more the context in which he was inserted.
From the family point of view, the mother always says that Lucas has difficulties and does not learn, and considers him lazy. He talks in front of his son about his difficulties, he always defends himself saying that he is getting better. She thinks Lucas' resistant behavior is
due to her difficulty in educating him. When he does not respect her, she uses physical punishment, but he cannot establish dialogue and rules with his son.
According to data collected by the first intern, Lucas had difficulties in showing his knowledges. Did he present hypoassimilation and hyperaccommodation, always showing insecurity in carrying out the activities, hoping that there was a correct way to be done and, what is, his view, different from what he knew how to perform in the learning processes?
According to Pain (1985), the dimensions of the learning process involve four factors, constituting an effect, which in this sense, is a place of articulation of schemas. In this place of the learning process, a historical moment of the individual coincides: the biological, social and cognitive dimension of learning, and a learning process as a function of the self.
Cognitive function needed to be investigated again, as the analyzed data raised doubts about their school learning. In principle, the teenager showed delay in school contents due to his behavior and how the relationship with learning took place so far present in his chart, however, apparently, he did not present any disorder in the development of speech and language. The results collected were also not complete and some specific assessments were lacking to be applied.
Investigating Lucas' cognitive process through specific assessments of school skills and Piaget's operative tests, the results presented in both were consistent with the child's grade/age.
As for the linguistic part, when writing a free text production, there were some spelling errors, and the non-usability of technical standards for writing such as: punctuation, paragraph, capital letter, etc. This caused a textual disorganization, which resulted in the impossibility of understanding his writing. It became necessary to rewrite its text, using punctuation, and all the systematic norm of the Portuguese language. It was noticed that after this reorganization, his ideas presented coherence and temporal structure (from start to finish). Thus, there was a question of the correct use of grammatical markers.
Effectively, there was a self-organization of the gaze, emerging new properties. So, what was the role of the symptom in this system?
I could see that if I were just looking at the textual production, disregarding its content, I would not realize that Lucas presents a healthy learning modality, where his assimilation and accommodation are activated. In this way, to say that the hypothesis that the teenager could have some problem in the concept of the Portuguese language was wrong, because we proved that his linguistic thinking has coherence, has meaning and that, in principle, the transdisciplinarity that transposes the idea of discipline, of parts, which goes
beyond itself, has brought us human knowledge, surpassing fragmentation. Griz (2006, p. 77), analyzes the path to transdisciplinarity as a process by which the “[...] subject is analyzed as a global being, transversalized, in its singularity, by a plurality, as a subject inserted in a culture”. Thus, the recurring mistakes that he had been committing in writing would not be directed to the psychopedagogical intervention, but to a pedagogue, a private class or a school reinforcement.
It was now necessary to investigate the desire, that is, his 'self'. I was constantly wondering how to proceed with the investigation. He needed to find out how much the emotional would be interfering with his learning, but, for that, he should review his vital history again, directing his look and listening to the family. This, understood as an open system, could be healthy or in crisis and, a priori, would be the next analysis to be made.
Basseda and Cols (1996) when talking about open systems within systems theory, discuss the properties of these systems. Among them, we find circular causality, totality, equifinality and self-regulation.
Circular causality is configured as a circular reality, that is, it understands the family as a system that is in continuous interaction, with each other, and that the behaviors of some influence us and others and vice versa. In totality, the changes that occur in some part of the system lead to the change of the system as a whole. Equifinality brings the idea that the same cause can generate different results and that an outcome can have different causes. In self- regulation, like systems, they suffer interference from the outside and the inside. The system tries to regulate itself, maintaining homeostasis, or to stimulate and accentuate the transformations, bringing about the changes.
And it was precisely with this circularity in mind that I replicated the vital story – of Lucas. In it, I got several indications of the parental relationship that exists in the house where Lucas lives. His relationship with his mother seemed a little distant to me, and Lucas' "self" was constantly asking for help in this relationship.
In Transdisciplinary Psychopedagogy it is impossible to deal with any subject without looking at the whole. Every symptom is a communication between the subject and the system in which it is inserted. The symptom finds its meaning within the system and not only in the subject himself. Banyai's book (1995) can be deduced as a metaphor for these ideas - understanding the whole. This is because, images are presented that resize one within the other when turning pages, where we can read it from front to back and back to front. And it was exactly when I started to look at the whole constitution of the subject Lucas, that this case brought meaning.
There were incomplete data, results that were not amenable to analysis to reach a conclusion. We had data regarding the organism: Ebstein syndrome, a speech-language pathologist opinion framed in F80.9 - Non-specific speech or language development disorder as well as a delay in its psychomotor development in 2013, diagnosed and treated by a therapist occupational health, which after six months, he was discharged. All these data, still existing or not, excluded any possibility of interference in Lucas' learning.
Fernandez (1991) states that we must position the learner in a circular scene, which contains four structures: organism, body, desire and intelligence. These are rooted in the family and culture in which we live and which,
[...] in turn, they are built or installed through a constant and permanent interrelation with the family and social environment. Learning is, then, one of the functions for which these levels can interrelate with the outside and, in turn, conform to themselves in a dialectical process (FERNANDEZ, 1991, p. 52) (Our translation).
When I reported to the body, I noticed that Lucas had a block movement when walking, with residue on the right side, visible on the upper part of the body. Probably, arising from the delay in psychomotor development evaluated in 2013. For a more detailed verification of this item, an investigation with a psychomotricity test will certainly be necessary.
As for the desire, although it was previously reported about the need to return to Lucas's vital history during the sessions, it was possible to observe that, at the same time that he had pleasure in carrying out the activities that are proposed to him, expressing the desire to know, presented body movements in the face of challenges that lead us to the meaning of despair.
His intelligence, within a cognitive structure, left us with no doubts as to his ability: in the operative diagnostic tests, he was within the expected for his age, classified within the operational thinking stage as concrete, according to the table presented by MacDonell (2004). As for the learning poles, assimilation and accommodation were activated alternating between them. This means, according to Fernandez (2001, p. 88) that:
The learning modality will mark a particular way of relating, seeking and building knowledge, a positioning of the subject in front of himself as the author of his thought, a way of discovering-building the new and a way of doing that is proper to others (Our translation).
Regarding academic performance, what was collected until the end of 2017 put us in doubt. Psychopedagogical assessments of school competences were applied regarding the
grade/year Lucas was in. The results were apparently not satisfactory both in Portuguese and in Mathematics. Lucas presented a phonological reading, that is, it lacks accuracy, speed and especially prosody. In Mathematics, the questions presented as problem situations could not be solved, probably because of reading.
Through these reflections, in the supervision, we decided to redo Lucas' diagnostic synthesis.
Considering the properties that are found within the systemic relationships and that, within an open system, there is no isolated thought, everything is somehow interconnected, we decided to verify, initially, if the subject had an established link about learning, or rather, how the learning process was internalized by him and how he perceived the one who teaches and the one who learns. In this way, it was decided to reapply the test of the educational pair since Lucas had been presenting many difficulties in the academic subjects, which had been causing over the years a departure from these bonds.
Visca (2018) approaches the learning process as the production and stabilization of behaviors, in fact becoming learnings that are produced both in the school context and those that are manifested in the social and family environment. In this sense, it is extremely important to know the bond that the subject establishes with the teacher, as well as which adult the learner looks up to serve as a model for learning.
These different links constitute, on the one hand, a network of universal relationships insofar as every subject is immersed in it, and on the other hand, particular relationships, as each subject structures each link and the total plot in a unique way (VISCA, 2018, p. 16) (Our translation).
Afterwards, the game time was used as a projective technique. Pain (1985) presents this technique as a playful activity, represented by a box with various school, stationery and recycled materials, where the child can create whatever they want, “bringing information about the schemes that organize and integrate knowledge at a higher level”. representative” (PAIN, 1985. p. 51). It is possible, through this technique, to verify the child's interrelation with the unknown and the type of obstacle that emerges from this relationship, as well as to enable a reading of the aspects related to the child's semiotic function, through symbols, verifying the level of accommodative and assimilative processes.
It was observed, during the sessions held until June 2019, that Lucas has a block movement when walking and presents residue on the upper right side. In his medical record, it
is stated that in 2013 a problem was identified in his psychomotor development and treated for six months by an occupational therapist, and then he was discharged. Given this observation and this document, we decided to apply psychomotricity tests for a more adequate verification.
Oliveira (2014) clarifies that the child uses the body as a point of reference to interact and get to know the world around him. An unorganized body, which does not obey, is harming its intellectual, social and affective-emotional development, since it does not have confidence in its potential. It harms school development, as some psychomotor skills are necessary for learning and development.
Behaviors such as: balance coordination, body scheme, laterality, spatial orientation and body orientation were investigated. All had an unsatisfactory performance, that is, below expectations for their age, which may, in a way, be influencing their learning.
At that moment, reorganizing this entire investigation process, I referred to desire. About desire and intelligence in learning, we can take a look from what Fernandes (1991, p. 67) discusses that: “[...] the thought is just one, it is like a plot in which intelligence would be the horizontal thread and desire the vertical thread. At the same time, symbolic meaning and the capacity for logical organization take place”.
Analyzing the desire that this child showed to learn together with the result obtained in the evaluations carried out on the cognitive process, perhaps the problem was in the parental relationships. I couldn't look at the parts if we had a whole. A whole involved with the parts.
I requested the mother's presence to investigate how was the child's relationship with her siblings and herself. After this conversation, I discovered that the mother believed that her son was lazy, fighting and forcing him to solve school activities alone, not having any patience with him. The mother forced the older sister to help him. He thought that his son had cognitive problems and, therefore, was not doing well with his academic grades. In addition, the mother worked a lot and the time she had was to organize her house. On weekends, Lucas would go to a friend's house and only return on Monday.
Fernandes (2001) talks about learning modalities and teaching modalities. The learning modality supposes a relational mold that each subject uses to learn. The teaching modality refers to a way of showing what you know and a way of considering the other as a learner. From the learning modality, in each individual, a teaching modality is built.
In the projective test applied at the beginning of the reassessment in Lucas, his learning modality was healthy, where his assimilation and accommodation poles were
activated. The modality of parental education was also healthy, as one builds the other, forming a whole.
It was observed that after all this process of reassessment and analysis of all aspects that involved this system (family), the child was part of a system in crisis, where the symptom was itself immersed in its not learning.
In view of all this data collection and thinking about transdisciplinary psychopedagogy, the diagnostic hypothesis of this child resulted in learning difficulties. It was observed throughout the period in which the assessments were applied that, using the Zone of Proximal Development (ZPD), proposed by Vygotsky (2001), the child can understand the proposal presented and perform the activity in a pleasant and assertive way. What Lucas needed was to be encouraged to believe in himself. See, now you bring up another psychologist a little different from Piaget's perspective without having announced it to the reader beforehand. In other words, we used Piaget for this reason... we used Vygotsky at another time for another analysis of the subject or the subject's learning processes.
When carrying out the feedback with the mother, I highlighted the negative points of the child, affirming at all times that the positive points outweigh the negatives. I oriented her to try to help him, supporting him to research, without fights and offenses, as this type of behavior on her part further harmed the feeling of fear and insecurity that he presented in the learning processes. The mother was very sensitive to her son's difficulties, but I reassured her that there was no need to be worried, as the son only had a learning disability and that, with the intervention sessions, we would try to help him with some of these problems.
In the psychopedagogical interventions, activities were introduced to be worked on related to motor coordination, laterality and temporal and spatial orientation. Activities that led him to a better cognitive resourcefulness in academic structures, using the ZPD and instruments that made him think differently in school activities, proposing challenges in order to encourage him to have a healthy competition.
Lucas evolved throughout this therapy, showing advances in terms of reducing the insecurity he had, creating confidence in himself, interest in learning and progression in his academic grades, as well as congratulations from the teachers and his family on his achievements. The need now was for a referral to a psychologist and a follow-up of a school reinforcement.
After all aspects worked out with this patient, we opted for discharge and a referral to psychological therapy to solve the emotional problems caused by various family events, some described in this experience report.
From this report, we found that there was a construction of knowledge with transdisciplinary psychopedagogy supported by the benefits based on systems theory. Approaching the obstacles presented by the subject, seeking subsidies in the construction of knowledge and of educational practice with the interrelationship in subjective, cultural, social and family particularities are part of the existing relations between thought and subjectivity. This differentiated look at the individual's learning and the teaching process takes place through the analysis of cognitive and symbolic behaviors, observed and analyzed in the light of transdisciplinarity.
The “listening” and the differentiated psychopedagogical “look” are necessary for an assertive diagnosis. I think that if I had stopped at the end of my initial education and had not returned as I re-entered the psychopedagogy course to update myself, I would not have had the possibility of having known transdisciplinary psychopedagogy, which taught me to transpose the idea of discipline, of parts, to go beyond, learning that talking about human knowledge goes beyond fragmentation. Today, I realize that before I could not reorganize my look, my therapy was based on dynamic psychopedagogy, where I evaluated the individual with a view of family, society, school, etc. It widened my gaze, but I couldn't look at all sides at the same time, it was linear. At this very moment I realize that transdisciplinarity has helped me to look at what is happening, at the same time, across disciplines, across disciplines, and beyond all disciplines. The objective of this report is to place the reader on the understanding of the present world, but one of the imperatives for this is the unity of knowledge and the understanding of the processes of constitution of the subject as singular in the learning processes, at school and in other social spheres of human activity in to direct it to a differentiated look at our learner.
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