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Política públicas para a infância e intervenção precoce no Brasil: Conexões e desafios
Temas em Educ. e Saúde,
Araraquara, v. 18, n. 00, e022014, 2022 e-ISSN 2526-3471
DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.16806 1
POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A INFÂNCIA E INTERVENÇÃO PRECOCE NO
BRASIL: CONEXÕES E DESAFIOS
POLÍTICAS PÚBLICAS PARA LA INFANCIA Y LA ATENCIÓN TEMPRANA EN
BRASIL: CONEXIONES Y DESAFÍOS
PUBLIC POLICIES FOR CHILDREN AND EARLY INTERVENTION IN BRAZIL:
CONNECTIONS AND CHALLENGES
Maria Izabel Alves Felix da SILVA
1
Bruna Pereira Ricci MARINI
2
Patrícia Carla de Souza DELLA BARBA
3
RESUMO
: O presente ensaio tem como objetivo tratar do diagnóstico da evolução das
políticas públicas para a primeira infância no Brasil e sua relação com a Intervenção Precoce
(IP). Para fundamentar este ensaio, as autoras apresentam os resultados de uma
pesquisa\consulta formulário
online
preenchido por com profissionais que atuam em serviços
de IP no Brasil a fim de analisar seu conhecimento e prática no campo. Constatou-se que ao
mesmo tempo em que o Brasil avançou na legislação, as ações de IP têm se mantido no
âmbito do setor de saúde, com forte prevalência de práticas voltadas à estimulação de
habilidades e um modelo reabilitativo de cuidado, com enfoque centrado na criança e no
déficit. Identifica-se uma potência em relação aos elementos que os Programas voltados à
Primeira Infância oferecem, mas ao mesmo tempo as ações estão longe de construir uma
prática de Intervenção Precoce a nível nacional.
PALAVRAS-CHAVE
: Intervenção precoce. Políticas públicas. Infância.
RESUMEN:
Este ensayo tiene como objetivo abordar el diagnóstico de la evolución de las
políticas públicas para la primera infancia en Brasil y su relación con la ATENCIÓN
Temprana (AT). Para apoyar este ensayo, los autores presentan los resultados de una
encuesta/formulario de consulta en línea llenado por profesionales que trabajan en servicios
de AT en Brasil para analizar su conocimiento y práctica en el campo. Se constató que, al
mismo tiempo que Brasil ha avanzado en la legislación, las acciones de AT han permanecido
en el ámbito del sector salud, con fuerte prevalencia de prácticas dirigidas a estimular
habilidades y un modelo de atención rehabilitador, con enfoque centrado en el niño y déficit.
Se identifica una potencia en relación con los elementos que ofrecen los Programas de
Primera Infancia, pero al mismo tiempo las acciones distan mucho de construir una práctica
de Atención Temprana a nivel nacional.
PALABRAS CLAVE
:
Atención temprana. Políticas públicas. Infancia.
1
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), São Carlos
–
SP
–
Brasil. Doutoranda em Terapia Ocupacional.
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9734-0575. E-mail: mariaizabel.afelix@gmail.com
2
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), São Carlos
–
SP
–
Brasil. Doutoranda em Terapia Ocupacional.
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0375-4735. E-mail: brunamarini_to@yahoo.com.br
3
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), São Carlos
–
SP
–
Brasil. Professora Associada do curso de
graduação em Terapia Ocupacional e do Programa de Pós-graduação em Terapia Ocupacional. Doutorado em
Educação Especial (UFSCar). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7893-8133. E-mail: patriciabarba@ufscar.br
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Maria Izabel Alves Felix da SILVA; Bruna Pereira Ricci MARINI e Patrícia Carla de Souza DELLA BARBA
Temas em Educ. e Saúde,
Araraquara, v. 18, n. 00, e022014, 2022 e-ISSN 2526-3471
DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.16806 2
ABSTRACT
: This essay aims to address the diagnosis of the evolution of public policies for
early childhood in Brazil and its relationship with Early Intervention (PI). To support this
essay, the authors present the results of an online survey\consultation form filled out by
professionals working in IP services in Brazil in order to analyze their knowledge and
practice in the field. It was found that at the same time that Brazil has advanced in
legislation, IP actions have remained within the scope of the health sector, with a strong
prevalence of practices aimed at stimulating skills and a rehabilitative model of care, with a
focus centered on child and deficit. A power is identified in relation to the elements that the
Early Childhood Programs offer, but at the same time the actions are far from building an
Early Intervention practice at the national level.
KEYWORDS
:
Early intervention. Public policy. Childhood.
Introdução
A Intervenção Precoce (IP) pode ser concebida como um conjunto de serviços e
recursos disponibilizados para oferecer apoio especializado a crianças na primeira infância e
suas famílias, favorecendo o desenvolvimento pessoal, o fortalecimento de competências
familiares e a participação social (EADSNE, 2010). Esse reflete um intenso processo de
transformações pelas quais esses serviços passaram desde sua estruturação na década de 50,
nos Estados Unidos, e que foram fundamentadas nos avanços dos conhecimentos científicos,
em experiências práticas, nas reivindicações de diferentes movimentos sociais pelos direitos
das crianças com deficiência e na transformação das leis que subsidiam suas ações
(SHONKOFF; MEISELS, 2000).
No Brasil, a IP tornou-se mais expressiva a partir da década de 70 e permaneceu por
um longo tempo atrelada a serviços de Educação Especial, assumindo características de
atendimento centradas nas necessidades das crianças, priorizando “fundamentos neurológicos
e pri
ncípios preventivos” (BOLSANELLO, 2003, p.
344-345). Pesquisas apontam ainda uma
“forte prevalência de práticas voltadas à estimulação de habilidades, através do emprego de
abordagens clínicas, estruturadas a partir de um modelo reabilitativo de cuidado” (
MARINI;
LOURENÇO; DELLA BARBA, 2017, p. 13), mantendo o foco da elegibilidade estritamente
associada a características biológicas do desenvolvimento infantil, desconsiderando fatores
ambientais que possam influenciar o mesmo (CIA; CÂNDIDO, 2014).
A manutenção dessas características, que remontam a modelos de atuação distantes
daqueles reconhecidos como de melhores práticas na atualidade, associada à escassez de
pesquisas sobre a temática a nível nacional, parece sugerir uma dificuldade no acesso às
evidências científicas recentes da área, na formação e atualização profissional segundo
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Política públicas para a infância e intervenção precoce no Brasil: Conexões e desafios
Temas em Educ. e Saúde,
Araraquara, v. 18, n. 00, e022014, 2022 e-ISSN 2526-3471
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parâmetros internacionais, assim como na atualização das políticas para a infância que se
direcionam à temática.
Dentre esses elementos, destaca-se que a formulação de programas e diretrizes
governamentais que estimulem e auxiliem na elaboração e no direcionamento das ações de IP
para uma perspectiva centrada na família é fundamental, uma vez que a participação
governamental é um dos aspectos responsáveis pelo sucesso destes programas em vários
países (HARBIN; MCWILLIAM; GALLAGHER, 2000; PINTO
et al
., 2012; SERRANO,
2010, 2007; UNDERWOOD, 2012).
Nesse sentido, o presente ensaio trata do diagnóstico da evolução das políticas
públicas para a primeira infância no Brasil e sua relação com a Intervenção Precoce.
Políticas para a infância na última década
Nas últimas décadas, é observável a crescente consciência mundial sobre a
importância de priorizar o desenvolvimento da primeira infância nas políticas sociais,
fundamentando-se nos pressupostos de que essa priorização possibilita melhores cuidados e
impacta sobre a qualidade de vida das crianças (BRASIL, 2021b). Nesse contexto, a
compreensão do valor da criança como sujeito social contribuiu para a criação de convenções,
declarações, cartas e outros documentos internacionais que tratam da garantia de condições
adequadas para o seu desenvolvimento biopsicossocial, se configurando como um importante
passo em direção a esse objetivo.
No Brasil, verifica-se que o movimento pelos direitos das crianças já data de algumas
décadas, mas tem se intensificado na direção da primeira infância nos últimos anos, com a
construção de mecanismos políticos específicos para essa parcela da população (BRASIL,
2021b). Como destaque destes mecanismos, têm-se a Rede Nacional Primeira Infância - RNPI
- enquanto uma articulação de organizações da sociedade civil, do governo, do setor privado,
de outras redes e de organizações multilaterais que atuam, direta ou indiretamente, na
promoção e garantia dos direitos da Primeira Infância
–
sem discriminação étnico-racial, de
gênero, regional, religiosa, ideológica, partidária, econômica, de orientação sexual ou de
qualquer outra natureza. A RNPI elaborou e promove a implementação do
Plano Nacional
pela Primeira Infância, aprovado pelo Conselho Nacional pelos Direitos da Criança, em
dezembro de 2010, e acolhido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência como um
plano integral
–
que engloba todos os direitos das crianças na primeira infância, com metas
até 2022 (FMCSV, 2019; SILVA, 2022).
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Maria Izabel Alves Felix da SILVA; Bruna Pereira Ricci MARINI e Patrícia Carla de Souza DELLA BARBA
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A partir desse movimento de construção de mecanismos, foi promulgada em 2016 a
lei n. 13.257, conhecida como Marco Legal da Primeira Infância, tendo como principal
objetivo a promoção do desenvolvimento integral das crianças de 0 a 6 anos. Para isso,
determina como prioridades: a) o desenvolvimento de políticas públicas e programas para
esse grupo social, bem como a formação de todos os profissionais que com ele atuam; b) o
direito de terem uma família que oportunize o seu crescimento e desenvolvimento saudável;
c) o amparo e acolhimento a mães que desejam entregar os seus filhos para adoção de forma
que tenham na articulação intersetorial os mecanismos para realizar esse ato; d) a
identificação e intervenção sobre as situações de violência contra a criança; e) a
obrigatoriedade do registro civil contando, inclusive, com mecanismos que favoreçam a sua
realização; f) a prestação dos cuidados às crianças desde o período que estão sendo gestadas,
com capacitação específica dos profissionais atuantes neste contexto (BRASIL, 2021a).
Alinhado e buscando responder às diretrizes para a criação de políticas públicas para a
primeira infância em atenção à especificidade e à complexidade dos cuidados dos primeiros
anos de vida no desenvolvimento infantil e no desenvolvimento do ser humano que compõem
o Marco Legal da Primeira Infância, foi lançado o Programa Criança Feliz (PCF), por meio do
Decreto nº 8.869, de 5 de outubro de 2016, posteriormente alterado pelo Decreto nº 9.579, de
22 de novembro de 2018. Trata-se de um programa de caráter intersetorial, com o objetivo de
promover o desenvolvimento integral das crianças na primeira infância, englobando sua
família e seu contexto de vida (BRASIL, 2021b; SILVA, 2022).
O PCF configura-se como uma das estratégias de apoio do governo federal para o
atendimento de crianças e suas famílias em situação de vulnerabilidade e com deficiências,
sendo executado por meio de ações de visitação domiciliar. Dados oficiais de 2021 apontam a
realização de mais de 57 milhões de visitas a famílias de mais de 3.028 municípios desde o
lançamento do programa (BRASIL, 2021a). No entanto, apesar do número expressivo, sua
cobertura ainda é considerada baixa, tendo em vista o território nacional e as condições
socioeconômicas da população. Assim, um estudo indica que somente 3% das crianças e suas
famílias em situação de vulnerabilidade são atendidas pelo PCF (FMCSV, 2019; SILVA,
2022).
Nesse contexto, destaca-se que para além das estratégias implementadas a nível
nacional, algumas experiências de programas estaduais e municipais também têm
demonstrado o interesse dos gestores pelo cuidado à primeira infância. Entre os programas
estaduais se destacam o Programa Infância Melhor no Rio Grande do Sul, o Programa Mãe
Coruja em Pernambuco e o Programa Primeira Infância Amazonense. Entre programas
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Temas em Educ. e Saúde,
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municipais podem ser citados o Programa Cresça com Seu Filho, em Fortaleza, Ceará,
Programa Família que Acolhe, em Boa Vista, Roraima (FMCSV, 2019; SILVA, 2022).
Diante do exposto, avalia-se que mesmo com uma legislação em avanço e políticas de
destaque no atendimento às crianças, ainda existe o desafio de atendê-las de forma integral e
integrada com qualidade. Identifica-se a falta de definições claras, a nível nacional, dos
parâmetros para a prestação de cuidados à Primeira Infância, verificando-se que alguns entes
federativos não possuem condições técnicas e financeiras para ofertá-los. Dessa forma, no que
corresponde a um atendimento adequado em nível nacional, ainda não há uma organização
efetivamente articulada das ações em prol da Primeira Infância para apoiar os entes
subnacionais (FMCSV, 2019).
No mais, um dos maiores desafios na busca da garantia de direitos é a articulação
entre as políticas e a prática, o que, no contexto da primeira infância, demanda atuação
intersetorial e centrada na família. Para pensar na intersetorialidade, é importante conhecer os
mecanismos organizativos relacionados ao atendimento e à garantia de direitos das crianças,
como os sistemas administrativos incluindo unidades de saúde, centros de referência de
assistência social, conselhos de segurança e saúde, escolas e outros serviços presentes no
território que sejam de força na garantia aos direitos em primeira infância. Essa articulação é
fundamental e os profissionais envolvidos no atendimento das necessidades da criança devem
identificar os equipamentos sociais, como redes de apoio a serem acionadas frente às
demandas que se apresentam (BRASIL, 2021b).
Nesse sentido, o estudo realizado por Marini, Bráz e Della Barba, (2022, no prelo)
evidenciou ainda que a incorporação nas legislações brasileiras dos indicadores de
integralidade da atenção à infância recomendados internacionalmente é recente, o que
demonstra um lapso de décadas para o alinhamento com estratégias que vêm sendo
fortemente fundamentadas na literatura científica desde os anos 80.
Assim, constata-se que a aplicação dessas leis/políticas esbarra em obstáculos como
formação profissional, dificuldades de articulação intersetorial e fragmentação de ações,
levando a uma pulverização que não permite assegurar que todas as crianças durante a
Primeira Infância sejam, de fato, beneficiadas.
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Maria Izabel Alves Felix da SILVA; Bruna Pereira Ricci MARINI e Patrícia Carla de Souza DELLA BARBA
Temas em Educ. e Saúde,
Araraquara, v. 18, n. 00, e022014, 2022 e-ISSN 2526-3471
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Interfaces da intervenção precoce e políticas para a infância
Há uma tendência internacional adotada em programas de IP, a qual fundamenta-se
nos resultados de inúmeros estudos que reconheceram o impacto significativo de
investimentos realizados na faixa etária entre zero e seis anos, bem como na comprovação de
que intervenções realizadas antes dos três anos de idade possuem maior eficácia devido à
acentuada plasticidade neural característica dessa fase do desenvolvimento, justificando a
importância de tais investimentos (KAROLY; KILBURNO; CANNON, 2005; SHONKOFF;
MEISELS, 2000).
Assim, as definições atuais de IP incorporam pressupostos que culminaram no
reconhecimento de boas práticas de IP como aquelas desenvolvidas em uma perspectiva
sistêmica de integração e coordenação entre diferentes serviços, com o favorecimento da
participação das crianças e suas famílias nas atividades comunitárias, planejadas
individualmente valorizando aspectos culturais e monitoradas através da avaliação regular dos
serviços (GURALNICK, 2008).
Entretanto, apesar de décadas de estudos, no Brasil foram poucas as mudanças nos
referenciais que compõem a formação dos profissionais que atuam em IP, o que contribui para
que os objetivos do trabalho se mantenham vinculados a características do desenvolvimento
biológico dentro de uma perspectiva de reabilitação, práticas com uma estrutura
hierarquizada, na qual os profissionais detêm o conhecimento e planejam as intervenções
segundo os aspectos que competem à sua especialidade, atribuindo às famílias um papel
secundário no cuidado (MARINI, 2017).
No mais, quando analisadas as interfaces entre o trabalho desenvolvido em IP e as
políticas para a infância, verifica-se que essas também apresentam pequeno avanço em
relação ao que se espera enquanto ações de cuidado a essa população, mantendo-se atreladas a
um paradigma reabilitativo. Como exemplos, pode-se citar as Diretrizes de Estimulação
Precoce que foram traçadas em 1996 (BRASIL, 1996) e reformuladas em 2016, mas não
trazem uma sistematização de práticas de IP e tampouco de protocolos ou estratégias de ação
que possam ser empregadas uniformemente a nível nacional. Consequentemente, não havia,
até muito pouco tempo atrás, um programa ou política nacional que abrangesse as diretrizes
de atenção a essa população, assim como as práticas mantêm-se muito distantes dos princípios
de intersetorialidade e do aumento de competências das famílias para lidar com as questões do
desenvolvimento das crianças, com foco nas rotinas e nas aprendizagens em contextos
naturais.
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Política públicas para a infância e intervenção precoce no Brasil: Conexões e desafios
Temas em Educ. e Saúde,
Araraquara, v. 18, n. 00, e022014, 2022 e-ISSN 2526-3471
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Identifica-se, assim, a necessidade de incorporar elementos que subsidiem a mudança
de paradigma das práticas de Intervenção Precoce no Brasil, agregando aspectos já presentes
na legislação de forma a construir uma estrutura que seja abrangente a nível nacional.
Identificação de práticas e conhecimentos em intervenção precoce
A fim de ilustrar as constatações apresentadas, no período de abril a maio de 2021, o
grupo
de pesquisa “Terapia Ocupacional e Atenção Integral à Infância” (CNPQ) realizou um
convite público a profissionais que atuavam em serviços de IP no Brasil para que
participassem de uma pesquisa\consulta através do preenchimento de um formulário online e
aberto, elaborado pelos pesquisadores (Parecer CEP\UFSCar 4.373.855). O convite foi
compartilhado em redes sociais e foi obtido um total de 97 respostas ao formulário. Esse
material tinha por objetivo identificar as práticas e conhecimentos relativos à Intervenção
Precoce empregados pelos profissionais que atuavam na área. Embora cientes de que não é
possível generalizar os resultados, estes foram utilizados neste manuscrito para disparar uma
reflexão sobre esse cenário.
São apresentados os resultados dos 97 formulários
online
(Google forms)
respondidos,
em relação a: formação dos profissionais em Intervenção Precoce, tipo de equipe que atuam,
como desenvolvem sua prática, como é a participação das famílias no processo de IP e
integração entre os serviços. Seguem os gráficos referentes às respostas e, em seguida, a
discussão sobre os principais achados.
Figura 1
–
Formação
Fonte: Elaborado pelos autores
0%10%20%30%40%50%60%70%80%
Enfermeira
Fonoaudiologia
Educação Física
Pedagogia
Psicopedagogia
Outros
Qual a sua formação básica (graduação)?
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Maria Izabel Alves Felix da SILVA; Bruna Pereira Ricci MARINI e Patrícia Carla de Souza DELLA BARBA
Temas em Educ. e Saúde,
Araraquara, v. 18, n. 00, e022014, 2022 e-ISSN 2526-3471
DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.16806 8
Formação Básica:
As respostas foram predominantemente de terapeutas ocupacionais (71), seguidas de
fonoaudiólogos (7), fisioterapeutas (5), pedagogos (3), psicólogos (2), médico (1),
nutricionista (1), profissional de educação física (1), enfermeiro (1). Dois profissionais
afirmaram ser graduados em mais de uma especialidade (terapia ocupacional e psicologia (1);
psicologia e pedagogia (1). Foram registradas 6 respostas não válidas para essa questão
(Figura 1).
Figura 2
–
Tipos de curso
Fonte: Elaborado pelos autores
Formação em IP e cursos na área:
Oitenta e um profissionais afirmaram ter formação em Intervenção Precoce, contra 19
que afirmaram não ter. Contudo, quando questionados sobre cursos realizados sobre a
temática, 21 afirmaram não ter realizado nenhum curso. Dentre as formações específicas, os
cursos de curta duração foram os mais apontados (58 respostas), seguidos de especializações
(36), mestrado (08), doutorado (2) e pós-doutorado (2) (Figura 2)
Figura 3
–
Serviço/ Instituição
Fonte: Elaborado pelos autores
00,10,20,30,40,50,60,7
Cursos de curta duração
Especialização
Mestrado
Doutorado
Pós doutorado
Não realizei nenhum curso
Que tipos de cursos de Intervenção Precoce você realizou?
No seu serviço/instituição, como você caracteriza o tipo de equipe
em que atua?
Multidisciplinar
Interdisciplinar
Transdisciplinar
Não atuo em equipe no meu serviço
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Araraquara, v. 18, n. 00, e022014, 2022 e-ISSN 2526-3471
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Setor de atuação:
Dentre os profissionais respondentes, 88 atuam no setor da saúde, 05 atuam no da
educação, 2 nos setores de saúde e educação e 1 em outros setores (educação especial).
Quanto ao modelo de trabalho, 52,6% referiram que as equipes são multidisciplinares, 26,8%
transdisciplinares, 10,3% interdisciplinares e profissionais referiram não atuar em equipe.
Figura 4
–
Prática em Intervenção Precoce
Fonte: Elaborado pelos autores
Tipo de prática:
Oitenta e dois profissionais afirmaram que suas práticas envolvem estimulação de
habilidades da criança, sendo que 5 pontuaram exclusivamente essa prática. Vinte e dois
pontuaram a formação de profissionais, sendo 2 exclusivamente essa prática. Sessenta e
quatro informaram o trabalho com as famílias. Uso de técnicas foi apontado por 70, sendo 5
exclusivamente essa prática. Sessenta e um pontuaram monitoramento do desenvolvimento
infantil e 59 pontuaram reabilitação da criança (Figura 4).
Figura 5
–
Participação das famílias
Fonte: Elaborado pelos autores
0,00%20,00%40,00%60,00%80,00%100,00%
Estimulação de habilidades da
…
Reabilitação da criança
Monitoramento do
…
Uso de técnicas (Bobath, Integração
…
Formação de profissionais
Trabalho com Famílias
Como é sua prática em Intervenção Precoce? (Selecione quantas
alternativas forem necessárias)
0,00%1000,00%2000,00%3000,00%4000,00%5000,00%6000,00%7000,00%8000,00%9000,00%
Participam fornecendo informações sobre o histórico
da criança
Participam respondendo perguntas feitas pelos
profissionais
Participam recebendo treinamento para reproduzir
técnicas de estimulação no domicílio
Participam das reuniões com a equipe e decidindo
sobre as melhores opções de tratamento
Participam como membros da equipe, em todas as
etapas do atendimento
Como é a participação das famílias na sua prática? (selecione quantas
alternativas forem necessárias)
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Figura 6
–
Etapas onde ocorre participação das famílias
Fonte: Elaborado pelos autores
Participação da família:
Quatro respondentes afirmam que as famílias participam como membros da equipe,
em todas as etapas do tratamento. Para 2 casos participam de reuniões com a equipe decidindo
sobre as opções de tratamento 89 informam que participam fornecendo informações sobre o
histórico da criança, em apenas 1 caso essa é a única participação. Para 7 respondentes as
famílias participam recebendo treinamento para reproduzir técnicas em casa (Figura 5). Como
apresentado na Figura 6, 79,4% referem que as famílias participam na triagem, 51,5% na
elaboração do plano de intervenção e 48,5% nas decisões sobre a alta.
Discussão
Os resultados da aplicação do formulário mostraram uma maioria de terapeutas
ocupacionais participantes, o que pode estar vinculado ao tipo de estratégia empregada para a
divulgação da pesquisa (redes sociais em que o mesmo foi divulgado e o uso de grupos de
profissionais, por exemplo, de Facebook, Instagram). Dessa maneira, isto pode se constituir
como uma limitação deste estudo e aponta a necessidade de diversificar esta amostra.
Constatou-se que os profissionais respondentes têm buscado formação especializada,
entretanto, os cursos de curta duração (58 respostas) e especializações (36 respostas) foram os
mais citados, verificando-se um número pequeno de profissionais com formação acadêmica
em nível de stricto-sensu. O resultado levanta uma preocupação, pois as formações curtas
(geralmente constituídas por cursos de curta duração e treinamentos específicos sobre
0,00%10,00%20,00%30,00%40,00%50,00%60,00%70,00%80,00%90,00%100,00%
Participa da triagem
Participa da avaliação e
levantamento da demanda
Participa da elaboração do plano
de intervenção
Participa da elaboração do plano
de intervenção
Participa das decisões sobre a
alta
Participa do processo de
transição para outros serviços
Em quais etapas do processo de intervenção as famílias participam?
(selecione quantas alternativas forem necessárias)
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determinados protocolos\métodos\técnicas) podem não ser capazes de instrumentalizar os
profissionais para atuarem em Intervenção Precoce e\ou apresentar abordagens de forma
superficial e fragmentada. Dessa forma, como constatado por Marini (2017), as lacunas na
formação básica e continuada dos profissionais, assim como o enfoque biológico e
reabilitativo verificado em muitos cursos de especialização e capacitação acessados por esses
profissionais, parecem contribuir para a manutenção de um modelo de cuidado centrado
exclusivamente na criança e nas suas incapacidades. Pode-se afirmar, assim, que há uma
carência no Brasil em formações especializadas em Intervenção Precoce, que atinjam a teoria
e prática sob uma perspectiva de cuidado ampliada, bem como uma necessidade de
investimento das instituições formadoras nesse campo.
No que se refere aos resultados da pesquisa, constatou-se também que a maioria dos
respondentes atuam na área de saúde. Esse resultado tem sido encontrado em outros estudos e
parece ser uma tendência no Brasil, enquanto que, em outros países, a formação dos
profissionais que atuam em IP envolve em número equivalente a educação e assistência
social. Nesse sentido, a interpretação desses dados tende a refletir um cenário no qual as ações
de cuidado encontram-se fragmentadas, como apontado anteriormente, enfatizando a
fragilidade na adoção de estratégias e práticas verdadeiramente intersetoriais. No mais,
ressalta-se novamente o impacto da tradição da prestação de cuidados especializados às
crianças com deficiência no Brasil ser prestada pelo setor da saúde, seguindo um modelo
biomédico de atendimento, o que parece dificultar a inserção de profissionais de outros
setores.
Tais interpretações são fortalecidas à medida em que as respostas às questões que
abordaram o tipo de prática profissional evidenciaram que a maioria está vinculada à
estimulação de habilidades da criança no contexto da reabilitação e uso de técnicas. Ainda, os
profissionais respondem que conseguem atuar de forma integrada com outros serviços,
entretanto, esta informação não foi aprofundada para compreender se aparecem elementos de
intersetorialidade em suas práticas.
Um número importante de profissionais afirmou realizar um trabalho com famílias e o
monitoramento do desenvolvimento infantil. Contudo, ao responder sobre como as famílias
participam do processo de IP, um número mínimo de profissionais (2) refere que a família
participa ativamente, como membros da equipe, e em decisões em todas as etapas do
tratamento. Para a grande maioria (89), a família ocupa o lugar de informante, fornecendo
dados sobre o histórico da criança e recebendo treinamento para reproduzir técnicas em casa.
Resultados como esses também foram encontrados por Marini (2017) e Marini e Della Barba
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Maria Izabel Alves Felix da SILVA; Bruna Pereira Ricci MARINI e Patrícia Carla de Souza DELLA BARBA
Temas em Educ. e Saúde,
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DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.16806 12
(2022), onde as famílias atendidas pelos serviços participavam pontualmente nos momentos
da avaliação e da alta, deixando claro que não são protagonistas do processo de IP.
Diante do exposto, os resultados corroboram com os achados da literatura brasileira,
em que a participação da família no processo da IP se dá de forma secundária, como
informante dos dados sobre a criança, onde a Intervenção Precoce é vinculada ao setor saúde,
com raras práticas intersetoriais, sendo o trabalho clínico uma realidade predominante.
Considerações finais
No Brasil, constata-se um avanço nas políticas para a primeira infância nos últimos
anos, pois há proposição de visão integral e intersetorial a partir do Marco Legal para a
Primeira Infância de 2016. Entretanto, destaca-se a urgência de efetivação das propostas
apresentadas nessas políticas.
Nesse sentido, verifica-se que o país avançou em estratégias/iniciativas importantes
para a atenção integral à primeira infância, como o Programa Criança Feliz e a Estratégia
Saúde da Família do SUS; entretanto, essas são sub aproveitadas devido a problemas de
gestão, déficits de investimento financeiro e de recursos humanos. Ou seja, há uma potência
em relação ao tipo de serviço que o Programa oferece, mas o mesmo enfrenta desafios para se
constituir como uma prática de Intervenção Precoce a nível nacional.
O Programa Criança Feliz, embora configurando-se como uma das estratégias de
apoio do governo federal para o atendimento de crianças e suas famílias em situação de
vulnerabilidade e com deficiências, e sendo executado por meio de ações de visitação
domiciliar, está longe de ser considerado ou identificado como um programa ou sistema de
Intervenção Precoce. Para isso, seria necessário avançar em propostas para aproveitar esta
estrutura potente de uma política pública nacional voltada à primeira infância para caminhar
na mesma direção de outros países, que transformaram seus modelos de IP em uma política de
atenção integrada às famílias e crianças.
Dessa forma, é possível reconhecer, no bojo dessas políticas para a primeira infância,
estratégias para se implementar a Intervenção Precoce junto ao público-alvo de crianças e
famílias, e criar estratégias para aproveitar sua estrutura e avançar, principalmente na
formação de profissionais para um olhar voltado à mudança de paradigma e intersetorialidade.
Os resultados deste ensaio mostram que os profissionais têm buscado se especializar,
mas é necessário compreender qual conteúdo e profundidade das formações que têm
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Política públicas para a infância e intervenção precoce no Brasil: Conexões e desafios
Temas em Educ. e Saúde,
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DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.16806 13
realizado. As práticas identificadas nos resultados são relacionadas à estimulação precoce e
não à Intervenção Precoce, de acordo com as definições atuais que temos de IP.
Finalmente, deve-se reconhecer que de acordo com o referencial trazido para este
manuscrito, as boas práticas em IP são aquelas desenvolvidas com uma perspectiva sistêmica
de integração e coordenação entre diferentes serviços, com a facilitação da participação das
crianças e suas famílias nas atividades comunitárias, planejadas individualmente valorizando
aspectos culturais e monitoradas através da avaliação regular dos serviços. Entretanto, as
práticas apresentadas pelos profissionais que responderam ao formulário representam que há
um desafio a ser superado para se chegar a essa perspectiva, que passa pela formação dos
profissionais e pela ampliação das políticas públicas voltadas à primeira infância.
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Política públicas para a infância e intervenção precoce no Brasil: Conexões e desafios
Temas em Educ. e Saúde,
Araraquara, v. 18, n. 00, e022014, 2022 e-ISSN 2526-3471
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Como referenciar este artigo
SILVA, M. I. A. F.; MARINI, B. P. R.; DELLA BARBA, P. C. S. Política públicas para a
infância e intervenção precoce no Brasil: Conexões e desafios.
Temas em Educ. e Saúde
,
Araraquara, v. 18, n. 00, e022014, 2022. e-ISSN: 2526-3471. DOI:
https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.16806
Submetido em
: 06/07/2022
Revisões requeridas em
: 13/09/2022
Aprovado em
: 04/10/2022
Publicado em
: 30/11/2022
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
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Public policies for children and early intervention in Brazil: Connections and challenges
Temas em Educ. e Saúde,
Araraquara, v. 18, n. 00, e022014, 2022 e-ISSN 2526-3471
DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.16806 1
PUBLIC POLICIES FOR CHILDREN AND EARLY INTERVENTION IN BRAZIL:
CONNECTIONS AND CHALLENGES
POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A INFÂNCIA E INTERVENÇÃO PRECOCE NO
BRASIL: CONEXÕES E DESAFIOS
POLÍTICAS PÚBLICAS PARA LA INFANCIA Y LA ATENCIÓN TEMPRANA EN
BRASIL: CONEXIONES Y DESAFÍOS
Maria Izabel Alves Felix da SILVA
1
Bruna Pereira Ricci MARINI
2
Patrícia Carla de Souza DELLA BARBA
3
ABSTRACT
: This essay aims to address the diagnosis of the evolution of public policies for
early childhood in Brazil and its relationship with Early Intervention (PI). To support this
essay, the authors present the results of an online survey\consultation form filled out by
professionals working in IP services in Brazil in order to analyze their knowledge and practice
in the field. It was found that at the same time that Brazil has advanced in legislation, IP
actions have remained within the scope of the health sector, with a strong prevalence of
practices aimed at stimulating skills and a rehabilitative model of care, with a focus centered
on child and deficit. A power is identified in relation to the elements that the Early Childhood
Programs offer, but at the same time the actions are far from building an Early Intervention
practice at the national level.
KEYWORDS
:
Early intervention. Public policy. Childhood.
RESUMO
: O presente ensaio tem como objetivo tratar do diagnóstico da evolução das
políticas públicas para a primeira infância no Brasil e sua relação com a Intervenção
Precoce (IP). Para fundamentar este ensaio, as autoras apresentam os resultados de uma
pesquisa\consulta formulário online preenchido por com profissionais que atuam em serviços
de IP no Brasil a fim de analisar seu conhecimento e prática no campo. Constatou-se que ao
mesmo tempo em que o Brasil avançou na legislação, as ações de IP têm se mantido no
âmbito do setor de saúde, com forte prevalência de práticas voltadas à estimulação de
habilidades e um modelo reabilitativo de cuidado, com enfoque centrado na criança e no
déficit. Identifica-se uma potência em relação aos elementos que os Programas voltados à
Primeira Infância oferecem, mas ao mesmo tempo as ações estão longe de construir uma
prática de Intervenção Precoce a nível nacional.
PALAVRAS-CHAVE
: Intervenção precoce. Políticas públicas. Infância.
1
Federal University of São Carlos (UFSCar), São Carlos
–
SP
–
Brazil. PhD student in Occupational Therapy.
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9734-0575. E-mail: mariaizabel.afelix@gmail.com
2
Federal University of São Carlos (UFSCar), São Carlos
–
SP
–
Brazil. PhD student in Occupational Therapy.
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0375-4735. E-mail: brunamarini_to@yahoo.com.br
3
Federal University of São Carlos (UFSCar), São Carlos
–
SP
–
Brazil. Associate Professor of the undergraduate
course in Occupational Therapy and the Post-Graduate Program in Occupational Therapy. PhD in Special
Education (UFSCar). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7893-8133. E-mail: patriciabarba@ufscar.br
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Maria Izabel Alves Felix da SILVA; Bruna Pereira Ricci MARINI and Patrícia Carla de Souza DELLA BARBA
Temas em Educ. e Saúde,
Araraquara, v. 18, n. 00, e022014, 2022 e-ISSN 2526-3471
DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.16806 2
RESUMEN:
Este ensayo tiene como objetivo abordar el diagnóstico de la evolución de las
políticas públicas para la primera infancia en Brasil y su relación con la ATENCIÓN
Temprana (AT). Para apoyar este ensayo, los autores presentan los resultados de una
encuesta/formulario de consulta en línea llenado por profesionales que trabajan en servicios
de AT en Brasil para analizar su conocimiento y práctica en el campo. Se constató que, al
mismo tiempo que Brasil ha avanzado en la legislación, las acciones de AT han permanecido
en el ámbito del sector salud, con fuerte prevalencia de prácticas dirigidas a estimular
habilidades y un modelo de atención rehabilitador, con enfoque centrado en el niño y déficit.
Se identifica una potencia en relación con los elementos que ofrecen los Programas de
Primera Infancia, pero al mismo tiempo las acciones distan mucho de construir una práctica
de Atención Temprana a nivel nacional.
PALABRAS CLAVE
:
Atención temprana. Políticas públicas. Infancia.
Introduction
Early Intervention (IP) can be conceived as a set of services and resources available to
provide specialized support to children in early childhood and their families, favoring
personal development, strengthening family skills and social participation (EADSNE, 2010).
This reflects an intense process of transformations that these services have undergone since
their structuring in the 1950s in the United States, and which have been based on advances in
scientific knowledge, practical experiences, the demands of different social movements for
the rights of children with disabilities and the transformation of laws that subsidize their
actions (SHONKOFF; MEISELS, 2000).
In Brazil, IP became more expressive since the 1970s and remained for a long time
tied to Special Education services, assuming care characteristics centered on children's needs,
prioritizing "neurological foundations and preventive principles" (BOLSANELLO, 2003, p.
344-345, our translation). Research also points to a "strong prevalence of practices aimed at
stimulating skills, through the use of clinical approaches, structured from a rehabilitative
model of care" (MARINI; LOURENÇO; DELLA BARBA, 2017, p. 13, our translation),
keeping the focus of eligibility strictly associated with biological characteristics of child
development, disregarding environmental factors that may influence it (CIA; CÂNDIDO,
2014).
The maintenance of these characteristics, which date back to models of action far from
those recognized as best practices today, associated with the scarcity of research on the theme
at the national level, seems to suggest a difficulty in accessing recent scientific evidence in the
area, in training and professional updating according to international parameters, as well as in
updating the policies for children that address the theme.
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Public policies for children and early intervention in Brazil: Connections and challenges
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Among these elements, it is noteworthy that the formulation of government programs
and guidelines that stimulate and assist in the elaboration and direction of IP actions to a
family-centered perspective is fundamental, since government participation is one of the
aspects responsible for the success of these programs in several countries (HARBIN;
MCWILLIAM; GALLAGHER, 2000; PINTO
et al
., 2012; SERRANO, 2010, 2007;
UNDERWOOD, 2012).
In this sense, this essay deals with the diagnosis of the evolution of public policies for
early childhood in Brazil and its relationship with Early Intervention.
Policies for children in the last decade
In recent decades, the growing worldwide awareness of the importance of prioritizing
early childhood development in social policies is observable, based on the assumptions that
this prioritization enables better care and impacts on children's quality of life (BRASIL,
2021b). In this context, the understanding of the value of the child as a social subject
contributed to the creation of conventions, declarations, letters and other international
documents that deal with the guarantee of adequate conditions for their biopsychosocial
development, constituting an important step towards this goal.
In Brazil, it is verified that the movement for children's rights dates back a few
decades, but has intensified in the direction of early childhood in recent years, with the
construction of specific political mechanisms for this portion of the population (BRASIL,
2021b). As a highlight of these mechanisms, there is the National Early Childhood Network -
RNPI - as an articulation of civil society organizations, government, private sector, other
networks and multilateral organizations that act, directly or indirectly, in the promotion and
guarantee of the rights of Early Childhood
–
without ethnic-racial discrimination, gender,
regional, religious, ideological, partisan, economic, sexual orientation or any other nature. The
RNPI developed and promoted the implementation of the National Plan for Early Childhood,
approved by the National Council for the Rights of the Child in December 2010, and
welcomed by the Presidency's Human Rights Secretariat as a comprehensive plan
–
encompassing all children's rights in early childhood, with targets until 2022 (FMCSV, 2019;
SILVA, 2022).
From this movement of construction of mechanisms, law no. 13,257 was promulgated
in 2016, known as the Legal Framework of Early Childhood, with the main objective of
promoting the integral development of children from 0 to 6 years of age. For this, it
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Maria Izabel Alves Felix da SILVA; Bruna Pereira Ricci MARINI and Patrícia Carla de Souza DELLA BARBA
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determines as priorities: a) the development of public policies and programs for this social
group, as well as the training of all professionals who work with it; (b) the right to have a
family that opportunities for their healthy growth and development; c) the support and
reception to mothers who wish to deliver their children for adoption so that they have in the
intersectoral articulation the mechanisms to carry out this act; d) identification and
intervention on situations of violence against the child; e) the obligation of the civil registry,
including mechanisms that favor its realization; f) the provision of care to children since the
period being processed, with specific training of professionals working in this context
(BRASIL, 2021a).
Aligned and seeking to respond to the guidelines for the creation of public policies for
early childhood in attention to the specificity and complexity of the care of the first years of
life in child development and the development of the human being that make up the Legal
Framework of Early Childhood, the Happy Child Program (PCF) was launched, through
Decree No. 8,869, 5 October 2016, subsequently amended by Decree No. 9,579 of November
22, 2018. It is an intersectoral program, with the objective of promoting the integral
development of children in early childhood, encompassing their family and their life context
(BRASIL, 2021b; SILVA, 2022).
The PCF is one of the federal government's support strategies for the care of children
and their families in vulnerable situations and with disabilities, being executed through home
visitation actions. Official data from 2021 indicate the realization of more than 57 million
visits to families from more than 3,028 municipalities since the launch of the program
(BRASIL, 2021a). However, despite the significant number, its coverage is still considered
low, considering the national territory and the socioeconomic conditions of the population.
Thus, a study indicates that only 3% of children and their families in vulnerable situations are
attended by the PCF (FMCSV, 2019; SILVA, 2022).
In this context, it is highlighted that in addition to the strategies implemented at the
national level, some experiences of state and municipal programs have also demonstrated the
interest of managers in early childhood care. Among the state programs are the Better
Childhood Program in Rio Grande do Sul, the
Mãe Coruja
Program in Pernambuco and the
Amazonian Early Childhood Program. Among municipal programs can be mentioned the
Program Grow with Your Child, in Fortaleza, Ceará, Family Program that Welcomes, in Boa
Vista, Roraima (FMCSV, 2019; SILVA, 2022).
In view of the above, it is evaluated that even with a legislation in progress and
policies of prominence in the care of children, there is still the challenge of serving them in an
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integral and integrated way with quality. It is identified the lack of clear definitions, at
national level, of the parameters for the provision of early childhood care, verifying that some
federative entities do not have technical and financial conditions to offer them. Thus, in what
corresponds to adequate care at the national level, there is still no effectively articulated
organization of early childhood actions to support subnational entities (FMCSV, 2019).
Moreover, one of the greatest challenges in the search for the guarantee of rights is the
articulation between policies and practice, which, in the context of early childhood, demands
intersectoral and family-centered action. To think about intersectoriality, it is important to
know the organizational mechanisms related to the care and guarantee of children's rights,
such as administrative systems including health units, social assistance reference centers,
safety and health councils, schools and other services present in the territory that are of force
in guaranteeing early childhood rights. This articulation is fundamental and professionals
involved in meeting the needs of the child should identify social equipment, such as support
networks to be activated in the face of the demands that are presented (BRASIL, 2021b).
In this sense, the study conducted by Marini, Bráz and Della Barba, (2022, in press)
also showed that the incorporation in Brazilian legislation of the indicators of
comprehensiveness of child care recommended internationally is recent, which demonstrates a
decades-long lapse for alignment with strategies that have been strongly based on the
scientific literature since the 1980s.
Thus, it is observed that the application of these laws/policies encounters obstacles
such as professional training, difficulties of intersectoral articulation and fragmentation of
actions, leading to a spray that does not allow to ensure that all children during Early
Childhood are, in fact, benefited.
Early intervention interfaces and policies for children
There is an international trend adopted in IP programs, which is based on the results of
numerous studies that recognized the significant impact of investments made in the age group
between zero and six years, as well as on the evidence that interventions performed before the
age of three are more effective due to the marked neural plasticity characteristic of this phase
of development, justifying the importance of such investments (KAROLY; KILBURNO;
CANNON, 2005; SHONKOFF; MEISELS, 2000).
Thus, the current definitions of IP incorporate assumptions that culminated in the
recognition of good IP practices such as those developed in a systemic perspective of
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Maria Izabel Alves Felix da SILVA; Bruna Pereira Ricci MARINI and Patrícia Carla de Souza DELLA BARBA
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integration and coordination between different services, with the favoring participation of
children and their families in community activities, planned individually valuing cultural
aspects and monitored through regular evaluation of services (GURALNICK, 2008).
However, despite decades of studies, in Brazil there have been few changes in the
references that make up the training of professionals working in IP, which contributes to the
objectives of the work remain linked to characteristics of biological development within a
rehabilitation perspective, practices with a hierarchical structure, in which professionals have
knowledge and plan interventions according to the aspects that compete with their specialty,
assigning families a secondary role in care (MARINI, 2017).
Moreover, when analyzing the interfaces between the work developed in IP and the
policies for childhood, it is verified that these also present little progress in relation to what is
expected as care actions to this population, remaining tied to a rehabilitative paradigm.
Examples include the Early Stimulation Guidelines that were drawn up in 1996 (BRASIL,
1996) and reformulated in 2016, but do not bring a systematization of IP practices or
protocols or action strategies that can be used uniformly at the national level. Consequently,
there was not, until recently, a national program or policy that covered the guidelines for care
to this population, as well as practices remain very far from the principles of intersectoriality
and the increase of competences of families to deal with issues of children's development,
focusing on routines and learning in natural contexts.
Thus, it identifies the need to incorporate elements that support the paradigm shift of
early intervention practices in Brazil, adding aspects already present in the legislation in order
to build a structure that is comprehensive at the national level.
Identification of practices and knowledge in early intervention
In order to illustrate the findings presented, from April to May 2021, the research
group "Occupational Therapy and Comprehensive Child Care" (CNPQ) made a public
invitation to professionals working in IP services in Brazil to participate in a
survey\consultation by completing an online and open form, prepared by the researchers
(Opinion CEP\UFSCar 4,373,855). The invitation was shared on social networks and a total
of 97 responses to the form were obtained. This material aimed to identify the practices and
knowledge related to Early Intervention employed by professionals working in the area.
Although aware that it is not possible to generalize the results, these were used in this
manuscript to trigger a reflection on this scenario.
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Public policies for children and early intervention in Brazil: Connections and challenges
Temas em Educ. e Saúde,
Araraquara, v. 18, n. 00, e022014, 2022 e-ISSN 2526-3471
DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.16806 7
The results of the 97
online forms
(Google forms) answered are presented, in relation
to: training of professionals in Early Intervention, type of team that work, how they develop
their practice, as is the participation of families in the IP process and integration between
services. The following are the graphs referring to the answers and then the discussion about
the main findings.
Figure 1
–
Training
4
Source: Prepared by the authors
Basic Training:
The answers were predominantly from occupational therapists (71), followed by
speech therapists (7), physiotherapists (5), pedagogues (3), psychologists (2), physician (1),
nutritionist (1), physical education professional (1), nurse (1). Two professionals claimed to
be graduates in more than one specialty (occupational therapy and psychology (1);
psychology and pedagogy (1). Six answers were recorded that were not valid for this question
(Figure 1).
Figure 2
–
Course types
5
Source: Prepared by the authors
4
Educational level: Others; Psychopedagogy; Pedagogy; Physical Education; Phonoaudiology; Nursing.
5
Which type of IP training did you take? None; Post-
Doctorate; PhD; Master’s degree; Specialization course;
Short course.
0%10%20%30%40%50%60%70%80%
Enfermeira
Fonoaudiologia
Educação Física
Pedagogia
Psicopedagogia
Outros
Qual a sua formação básica (graduação)?
00,10,20,30,40,50,60,7
Cursos de curta duração
Especialização
Mestrado
Doutorado
Pós doutorado
Não realizei nenhum curso
Que tipos de cursos de Intervenção Precoce você realizou?
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Maria Izabel Alves Felix da SILVA; Bruna Pereira Ricci MARINI and Patrícia Carla de Souza DELLA BARBA
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IP training and courses in the area:
Eighty-one professionals claimed to have training in Early Intervention, against 19
who stated that they did not. However, when asked about courses on the theme, 21 stated that
they had not taken any courses. Among the specific courses, the short courses were the most
pointed (58 responses), followed by specializations (36), master's (08), doctorate (2) and post-
doctorate (2) (Figure 2) (Figure 2)
Figure 3
–
Service/ Institution
6
Source: Prepared by the authors
Sector of operation:
Among the professionals who answered, 88 work in the health sector, 05 work in
education, 2 in the health and education sectors and 1 in other sectors (special education).
Regarding the work model, 52.6% reported that the teams are multidisciplinary, 26.8%
transdisciplinary, 10.3% interdisciplinary and professionals reported not working as a team.
Figure 4
–
Practice in Early Intervention
Source: Prepared by the authors
6
In your institution, how do you characterize the team you act? Multidisciplinary; Interdisciplinary;
Transdisciplinary; I don’t act on my institution.
No seu serviço/instituição, como você caracteriza o tipo de equipe
em que atua?
Multidisciplinar
Interdisciplinar
Transdisciplinar
Não atuo em equipe no meu serviço
0,00%20,00%40,00%60,00%80,00%100,00%
Estimulação de habilidades da
…
Reabilitação da criança
Monitoramento do
…
Uso de técnicas (Bobath, Integração
…
Formação de profissionais
Trabalho com Famílias
Como é sua prática em Intervenção Precoce? (Selecione quantas
alternativas forem necessárias)
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Type of practice:
Eighty-two professionals stated that their practices involve stimulation of the child's
abilities, and 5 scored exclusively this practice. Twenty-two scored the training of
professionals, 2 of which were exclusively practice. Sixty-four reported working with the
families. Use of techniques was pointed out by 70, 5 being exclusively this practice. Sixty-one
scored child development monitoring and 59 scored child rehabilitation (Figure 4).
Figure 5
–
Participation of families
Source: Prepared by the authors
Figure 6
–
Stages where families participate
Source: Prepared by the authors
Family participation:
Four respondents state that the families participate as team members at all stages of
treatment. For 2 cases participate in meetings with the team deciding on treatment options 89
0,00%1000,00%2000,00%3000,00%4000,00%5000,00%6000,00%7000,00%8000,00%9000,00%
Participam fornecendo informações sobre o histórico
da criança
Participam respondendo perguntas feitas pelos
profissionais
Participam recebendo treinamento para reproduzir
técnicas de estimulação no domicílio
Participam das reuniões com a equipe e decidindo
sobre as melhores opções de tratamento
Participam como membros da equipe, em todas as
etapas do atendimento
Como é a participação das famílias na sua prática? (selecione quantas
alternativas forem necessárias)
0,00%10,00%20,00%30,00%40,00%50,00%60,00%70,00%80,00%90,00%100,00%
Participa da triagem
Participa da avaliação e
levantamento da demanda
Participa da elaboração do plano
de intervenção
Participa da elaboração do plano
de intervenção
Participa das decisões sobre a
alta
Participa do processo de
transição para outros serviços
Em quais etapas do processo de intervenção as famílias participam?
(selecione quantas alternativas forem necessárias)
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inform that participate providing information about the child's history, in only 1 case this is
the only participation. For 7 respondents, families participate in training to reproduce
techniques at home (Figure 5). As shown in Figure 6, 79.4% reported that families participate
in screening, 51.5% in the preparation of the intervention plan and 48.5% in decisions about
discharge.
Discussion
The results of the application of the form showed a majority of occupational therapists
participating, which may be linked to the type of strategy used to disseminate the research
(social networks in which it was disclosed and the use of groups of professionals, for
example, Facebook, Instagram). Thus, this may constitute a limitation of this study and points
out the need to diversify this sample.
It was found that the professionals who have sought specialized training, however,
short courses (58 responses) and specializations (36 responses) were the most cited, with a
small number of professionals with academic training at the
stricto-sensu
level. The result
raises a concern, because short courses (usually consisting of short courses and specific
training on certain protocols\methods\techniques) may not be able to equip professionals to
act in Early Intervention and\or present approaches superficially and fragmentedly. Thus, as
verified by Marini (2017), the gaps in the basic and continuing education of professionals, as
well as the biological and rehabilitative approach verified in many specialization and training
courses accessed by these professionals, seem to contribute to the maintenance of a care
model centered exclusively on the child and his/her disabilities. Thus, it can be affirmed that
there is a lack in Brazil in specialized training in Early Intervention, which reach theory and
practice from an expanded perspective of care, as well as a need for investment of training
institutions in this field.
Regarding the results of the research, it was also found that the majority of
respondents work in the health area. This result has been found in other studies and seems to
be a trend in Brazil, while in other countries, the training of professionals working in IP
involves in equivalent numbers education and social assistance. In this sense, the
interpretation of these data tends to reflect a scenario in which care actions are fragmented, as
previously pointed out, emphasizing the fragility in the adoption of truly intersectoral
strategies and practices. Moreover, the impact of the tradition of providing specialized care to
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children with disabilities in Brazil is emphasized again, following a biomedical model of care,
which seems to hinder the insertion of professionals from other sectors.
Such interpretations are strengthened to the extent that the answers to the questions
that addressed the type of professional practice showed that the majority is linked to the
stimulation of the child's abilities in the context of rehabilitation and the use of techniques.
Furthermore, professionals respond that they can act in an integrated manner with other
services, however, this information has not been deepened to understand if elements of
intersectoriality appear in their practices.
An important number of professionals claimed to carry out work with families and
monitor child development. However, when answering about how families participate in the
IP process, a minimum number of professionals (2) report that the family actively participates,
as team members, and in decisions at all stages of treatment. For the vast majority (89), the
family occupies the place of informant, providing data on the child's history and receiving
training to reproduce techniques at home. Results such as these were also found by Marini
(2017) and Marini and Della Barba (2022), where the families served by the services
participated punctually at the moments of evaluation and discharge, making it clear that they
are not protagonists of the IP process.
In view of the above, the results corroborate the findings of the Brazilian literature, in
which the participation of the family in the IP process takes place in a secondary way, as an
informant of data on the child, where Early Intervention is linked to the health sector, with
rare intersectoral practices, and clinical work is a predominant reality.
Final considerations
In Brazil, there has been an advance in policies for early childhood in recent years, as
there is a proposition of an integral and intersectoral view from the Legal Framework for
Early Childhood 2016. However, the urgency of implementing the proposals presented in
these policies stands out.
In this sense, it is verified that the country has advanced in strategies/initiatives
important for comprehensive early childhood care, such as the Happy Child Program and the
Family Health Strategy of the SUS; however, these are underutilized due to management
problems, financial investment deficits and human resources. That is, there is a power in
relation to the type of service that the Program offers, but it faces challenges to constitute
itself as a practice of Early Intervention at the national level.
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Maria Izabel Alves Felix da SILVA; Bruna Pereira Ricci MARINI and Patrícia Carla de Souza DELLA BARBA
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The Happy Child Program, although being configured as one of the federal
government's support strategies for the care of children and their families in vulnerable
situations and with disabilities, and being executed through home visitation actions, is far
from being considered or identified as an Early Intervention program or system. To do so, it
would be necessary to advance proposals to take advantage of this powerful structure of a
national public policy aimed at early childhood to move in the same direction as other
countries, which have transformed their IP models into an integrated care policy for families
and children.
Thus, it is possible to recognize, in the light of these policies for early childhood,
strategies to implement Early Intervention with the target audience of children and families,
and to create strategies to take advantage of its structure and advance, especially in the
training of professionals for a perspective focused on paradigm shift and intersectoriality.
The results of this trial show that professionals have sought to specialize, but it is
necessary to understand what content and depth of the training they have performed. The
practices identified in the results are related to early stimulation and not to Early Intervention,
according to the current definitions we have of IP.
Finally, it should be recognized that according to the reference brought to this
manuscript, good practices in IP are those developed with a systemic perspective of
integration and coordination between different services, with the facilitation of the
participation of children and their families in community activities, planned individually
valuing cultural aspects and monitored through the regular evaluation of services. However,
the practices presented by the professionals who responded to the form represent that there is
a challenge to be overcome to reach this perspective, which involves the training of
professionals and the expansion of public policies aimed at early childhood.
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SILVA, M. I. A. F.; MARINI, B. P. R.; DELLA BARBA, P. C. S. Public policies for children
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https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.16806
Submitted
: 06/07/2022
Revisions required
: 13/09/2022
Approved
: 04/10/2022
Published
: 30/11/2022
Processing and publication by the Editora Ibero-Americana de Educação.
Correction, formatting, standardization and translation.