image/svg+xmlAtendimento escolar hospitalar aos adolescentes com Insuficiência Renal Crônica: A voz dos usuários Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://www.doi.org/10.26673/tes.v18i00.172061ATENDIMENTO ESCOLAR HOSPITALAR AOS ADOLESCENTES COM INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA: A VOZ DOS USUÁRIOS ATENCIÓN HOSPITALARIA ESCOLAR A ADOLESCENTES CON INSUFICIENCIA RENAL CRÓNICA: LA VOZ DE LOS USUARIOS HOSPITAL SCHOOL CARE TO ADOLESCENTS WITH CHRONIC RENAL FAILURE: THE VOICE OF USERS Isabella Maria Cruz FANTACINI1Lúcia Maria Santos TINÓS2Cristina Cinto Araujo PEDROSO3RESUMO: O objetivo desta pesquisa foi entender como adolescentes com insuficiência renal crônica transplantados percebem os atendimentos escolares hospitalares. Trata-se de um estudo qualitativo, o qual teve por base o método fenomenológico. Os dados foram coletados por meio de entrevista com roteiro semiestruturado com três adolescentes e os responsáveis por dois deles. Os dados mostraram que apenas um adolescente dispôs do atendimento escolar hospitalar. Indicaram, também, a importância desse atendimento para a continuidade da escolarização. Contudo, os dados assinalaram que os cuidados ambulatoriais de alunos-pacientes, como hemodiálise e consultas, não garantem a eles o atendimento pelas Classes Hospitalares. Conclui-se que, apesar de a legislação garantir o direito ao atendimento escolar hospitalar dos alunos-pacientes, tal serviço ainda é restritivo e não abrange a todos os casos de alunos afastados das atividades escolares por problemas de saúde. PALAVRAS-CHAVE: Atendimento escolar hospitalar. Classe hospitalar. Direito à educação. Escolarização de estudante hospitalizado. RESUMEN:El objetivo de esta investigación fue comprender cómo los adolescentes con insuficiencia renal crónica trasplantada perciben las visitas a la escuela hospitalaria. Se trata de un estudio cualitativo, basado en el método fenomenológico. Los datos fueron recolectados a través de una entrevista con guión semiestructurado con tres adolescentes y los responsables de dos de ellos. Los datos mostraron que sólo un adolescente tenía atención hospitalaria. También indicaron la importancia de este cuidado para la continuidad de la escolaridad. Sin embargo, los datos indicaron que la atención ambulatoria a los estudiantes-pacientes, como la hemodiálisis y las consultas, no les garantiza la atención de las clases hospitalarias. Se concluye que, si bien la legislación garantiza el derecho a la atención hospitalaria de los 1Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), São Carlos SP Brasil. Doutoranda em Educação Especial (Educação do Indivíduo Especial). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4177-7660. E-mail: isa_fantacini@hotmail.com 2Universidade de São Paulo (USP), Ribeirão Preto SP Brasil. Educadora da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Doutorado em Educação Especial (UFSCar). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0901-9416. E-mail: ltinos@ffclrp.usp.br 3Universidade de São Paulo (USP), Ribeirão Preto SP Brasil. Professora da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Doutorado em Educação Escolar (UNESP/Araraquara). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8687-6497. E-mail: cpedroso@ffclrp.usp.br
image/svg+xmlIsabella Maria Cruz FANTACINI; Lúcia Maria Santos TINÓS e Cristina Cinto Araujo PEDROSO Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://www.doi.org/10.26673/tes.v18i00.172062estudiantes-pacientes, este servicio sigue siendo restrictivo y no cubre todos los casos de estudiantes retirados de las actividades escolares debido a problemas de salud. PALABRAS-CLAVE: Atención escolar hospitalaria. Clase hospitalaria. Derecho a la educación. Escolarización del estudiante hospitalizado.ABSTRACT: The objective of this research was to understand how transplanted adolescents with chronic renal failure perceive hospital school attendance. It is a qualitative study, which was based on the phenomenological method. Data were collected through interviews with a semi-structured script with three adolescents and those responsible for two of them. The data showed that only one teenager had hospital school assistance. They also indicated the importance of this service for the continuation of schooling. However, the data indicated that outpatient care for student-patients, such as hemodialysis and consultations, does not guarantee them attendance by Hospital Classes. It is concluded that, although the legislation guarantees the right to hospital school attendance of student-patients, such service is still restrictive and does not cover all cases of students who are away from school activities due to health problems. KEYWORDS:Hospital school attendance. Hospital class. Right to education. Schooling of hospitalized student. Introdução Este estudo constitui-se no campo da Educação Especial e tem como tema central o atendimento escolar hospitalar (COVIC, 2003). Parte do reconhecimento da educação como direito de todos os cidadãos e dever do Estado de promovê-la mediante oferta qualificada (BRASIL, 1988, 1996; CURY, 2008). Assim, assume-se o entendimento da Educação como um direito social e para todos, garantida a partir do acesso e da permanência dos sujeitos nos ambientes escolares, extensivo, portanto, aos estudantes hospitalizados (FANTACINI, 2018). Com esses pressupostos, o presente artigo tem o objetivo de entender como adolescentes com insuficiência renal crônica transplantados percebem os atendimentos escolares hospitalares vivenciados em sua trajetória. Os alunos, com problemas de saúde e internados, impedidos de frequentarem a escola regular, também têm o direito de atendimento educacional no ambiente hospitalar. De acordo com Gonçalves, Pacco e Pedrino (2019, p. 2), “o atendimento educacional hospitalar objetiva minimizar os efeitos da hospitalização, bem como, oferecer continuidade ao processo de escolarização”. Nesse sentido, as Classes Hospitalares, como um dos serviços de atendimento escolar no ambiente hospitalar, podem dar continuidade ao processo de escolarização dos
image/svg+xmlAtendimento escolar hospitalar aos adolescentes com Insuficiência Renal Crônica: A voz dos usuários Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://www.doi.org/10.26673/tes.v18i00.172063alunos hospitalizados, colaborando assim com o tratamento da doença e com a recuperação da saúde. Gonçalves, Pacco e Pedrino (2019) salientam que o período de hospitalização provoca muitas mudanças na vida do indivíduo hospitalizado e de seus familiares, as quais exigem o devido enfrentamento. Desse modo, é salutar garantir que os alunos em situação de internação possam encontrar atendimento que proporcione experiências semelhantes às vividas no contexto educacional, um ambiente que estimule a vontade de interagir com o conhecimento e dê sequência ao processo de escolarização. Entretanto, é importante frisar que, como modalidade de atendimento, as classes hospitalares ainda são pouco presentes nos hospitais brasileiros, além de haver poucas pesquisas a esse respeito na área da educação. No Brasil, as Classes Hospitalares datam de 1950, na cidade do Rio de Janeiro-RJ, no Hospital Municipal Jesus. Inicialmente, os atendimentos eram feitos nos leitos das crianças, por não haver ainda instalações específicas para o serviço educacional no hospital. As práticas pedagógicas almejavam saber o que o aluno estava aprendendo em sua escola de origem ou até mesmo o que já sabiam, possibilitando, dessa forma, o planejamento e a sequência do processo de escolarização (SANTOS; SOUZA, 2009). Posteriormente, em 1960, outro hospital da cidade do Rio de Janeiro-RJ, o Barata Ribeiro, implantou o atendimento pedagógico hospitalar. O serviço não possuía apoio do Estado do Rio de Janeiro, todavia contou com o apoio da direção do hospital, dessa forma sendo possível sua implantação e funcionamento (SANTOS; SOUZA, 2009). Especificamente, no hospital lócusda pesquisa que fundamenta este texto, as classes hospitalares foram criadas na década de 1970 e, desde a criação até os dias atuais, assumiram diferentes formas de organização e funcionamento. Foi somente a partir da década de 1980 que esse serviço se expandiu para outros hospitais do Estado de São Paulo e das demais regiões do Brasil, provocando o aumento gradativo da oferta nos hospitais e da procura por esse atendimento pelos enfermos e seus responsáveis (CAVALCANTE; GUIMARÃES; ALMEIDA, 2015). De acordo com Araújo (2017), o Brasil dispunha, em 2017, de 148 hospitais com atendimento escolar hospitalar, nas diversas regiões, estados e municípios. Esse estudo mostra que dois Estados (São Paulo e Rio de Janeiro) da região sudeste e um da região centro-oeste (Distrito Federal) foram os pioneiros nos atendimentos escolares hospitalares. E, ademais, os dados analisados apontam que a maioria dos programas/políticas se concretizaram entre 1999 e 2009.
image/svg+xmlIsabella Maria Cruz FANTACINI; Lúcia Maria Santos TINÓS e Cristina Cinto Araujo PEDROSO Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://www.doi.org/10.26673/tes.v18i00.172064Do ponto de vista legal, o atendimento hospitalar foi previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/1996, artigo 4º, o qual determina que É assegurado atendimento educacional, durante o período de internação, ao aluno da educação básica internado para tratamento de saúde em regime hospitalar ou domiciliar por tempo prolongado, conforme dispuser o Poder Público em regulamento, na esfera de sua competência federativa (BRASIL, 1996, art. 4º) As classes hospitalares foram consideradas como modalidade da Educação Especial na Resolução nº 2 que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (BRASIL, 2001). De acordo com essa resolução Art. 13. Os sistemas de ensino, mediante ação integrada com os sistemas de saúde, devem organizar o atendimento educacional especializado a alunos impossibilitados de frequentar as aulas em razão de tratamento de saúde que implique internação hospitalar, atendimento ambulatorial ou permanência prolongada em domicílio. § 1º As classes hospitalares e o atendimento em ambiente domiciliar devem dar continuidade ao processo de desenvolvimento e ao processo de aprendizagem de alunos matriculados em escolas da Educação Básica, contribuindo para seu retorno e reintegração ao grupo escolar, e desenvolver currículo flexibilizado com crianças, jovens e adultos não matriculados no sistema educacional local, facilitando seu posterior acesso à escola regular. § 2º Nos casos de que trata este Artigo, a certificação de frequência deve ser realizada com base no relatório elaborado pelo professor especializado que atende o aluno (BRASIL, 2001, p. 4). De acordo com o documento Classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar: estratégias e orientações (BRASIL, 2002, p. 13), a classe hospitalar é definida como [...] atendimento pedagógico-educacional que ocorre em ambientes de tratamento de saúde, seja na circunstância de internação, como tradicionalmente conhecida, seja na circunstância do atendimento em hospital-dia e hospital-semana ou em serviços de atenção integral à saúde mental. Assim, tem como propósito criar condições para que o aluno possa dar continuidade ao processo de escolarização, bem como favorecer a integração entre a escola e a classe hospitalar. De acordo com este documento, tais recursos, como computador em rede, televisão, videocassete, máquina fotográfica, materiais adaptados etc., utilizados nos atendimentos, são essenciais para o planejamento do docente, o desenvolvimento dos encontros e a avaliação do trabalho pedagógico realizado. A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008, p. 14) reconhece as classes hospitalares como um espaço de atuação
image/svg+xmlAtendimento escolar hospitalar aos adolescentes com Insuficiência Renal Crônica: A voz dos usuários Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://www.doi.org/10.26673/tes.v18i00.172065profissional dos professores da área da educação especial, os quais devam ter uma formação sólida, ou seja, “[...] ter como base da sua formação, inicial e continuada, conhecimentos gerais para o exercício da docência e conhecimentos específicos da área”.De maneira mais específica, a Resolução nº 4, de 2 de outubro de 2009, que Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial (BRASIL, 2009), também garante o atendimento hospitalar para o público-alvo da Educação Especial, ou seja, “Art. 6º. Em casos de Atendimento Educacional Especializado em ambiente hospitalar ou domiciliar, será ofertada aos alunos4, pelo respectivo sistema de ensino, a Educação Especial de forma complementar ou suplementar” (BRASIL, 2009, p. 2). Dessa forma, será estendido apenas aos alunos público-alvo da educação especial, tendo sua prática na Sala de Recursos Multifuncionais da escola em que o aluno se encontra matriculado ou em outra instituição de ensino regular, acontecendo no período oposto da escolarização no ambiente hospitalar. Pelo exposto, a classe hospitalar tem como propósito dar continuidade ao processo de escolarização (ensino/aprendizagem) favorecendo ao aluno retornar à escola em condição de dar sequência ao seu processo de escolarização. Essa modalidade, portanto, representa um “recurso importante para a manutenção do vínculo entre as crianças doentes e a escola” (TINÓS et al., 2018, p. 240). Em relação às formas de organização e funcionamento, as classes hospitalares atendem crianças, adolescentes e adultos matriculados na educação básica. Dada a diversidade desse público, pressupõe-se que tal atendimento se oriente pelo princípio da flexibilização e considere as particularidades/necessidades de cada um dos alunos (SOUZA; TELES; SOARES, 2017) visando o acolhimento e a dissociação das restrições impostas pelo hospital e suas condições (CECCIM, 1999). Em vista disso, como os professores da classe hospitalar trabalham com a diversidade humana, devem eles, pois, verificar as necessidades educacionais de cada um dos alunos ali presentes, como também pensar e utilizar diversas metodologias e recursos de ensino para atender às especificidades dos currículos escolares. Acrescente-se que os atendimentos podem dar-se em espaço específico ou em leitos, individual ou em grupo (BRASIL, 2002). Quanto ao planejamento do trabalho da classe hospitalar, este deve acontecer em função dos diferentes contextos de ensino, visando garantir a progressão do processo de escolarização, promovendo acessibilidade e meios para que o educando aprenda e adquira as condições para 4Segundo a resolução em seu quarto parágrafo, os alunos público-alvo dos Atendimentos Educacionais Especializados, são crianças e adolescentes com deficiência física, intelectual, mental ou sensorial, com transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades/superdotação.
image/svg+xmlIsabella Maria Cruz FANTACINI; Lúcia Maria Santos TINÓS e Cristina Cinto Araujo PEDROSO Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://www.doi.org/10.26673/tes.v18i00.172066se reinserir na classe comum, quando liberado da hospitalização (FONSECA, 2008; SCHMENGLER; FREITAS; PAVÃO, 2018). Para tanto, é essencial que os professores tenham sólida formação inicial e continuada, uma formação que proporcione meios para organizar o atendimento de alunos com diferentes idades e níveis de escolaridade e oriundos de diferentes escolas e redes de ensino. De acordo com Ceccim (1999, p. 42), “A classe hospitalar, como atendimento pedagógico educacional, deve apoiar-se em propostas educativo-escolares, e não em propostas de educação lúdica, educação recreativa ou de ensino para a saúde”. Isso significa que o planejamento dos atendimentos da classe hospitalar deve se orientar pelo currículo da escola regular onde o aluno frequenta. Sendo assim, o atendimento hospitalar, embora esteja sendo desenvolvido dentro do hospital, vincula-se ao trabalho/currículo articulado na escola regular na qual o aluno está matriculado, o que implica interação da classe hospitalar com a classe comum para o desenvolvimento do planejamento e das práticas pedagógicas (BRASIL, 2002). A aproximação entre o atendimento hospitalar e a escola regular, na perspectiva de um trabalho multidisciplinar, favorece a continuidade da escolarização desses alunos (MATOS; MUGIATTI, 2014). Nesse caso, o trabalho multidisciplinar se configura pela atuação articulada de profissionais da saúde e da educação, em prol do desenvolvimento e continuidade do processo de tratamento e escolarização do aluno. Estudos demonstram que o atendimento pedagógico para o enfermo tem auxiliado na recuperação da saúde, uma vez que a mediação do profissional da educação proporciona adaptação, motivação e continuidade no processo de escolarização, cooperando assim com a efetivação do direito à educação também no caso dos estudantes hospitalizados (FANTACINI, 2018;GONÇALVES; PACCO; PEDRINO, 2019; PACCO, 2017). Esse resultado positivo advém possivelmente do fato de que tal atendimento proporciona a vinculação entre o aluno hospitalizado com o mundo externo ao hospital. Estudo de Pacco (2017) indica que, nas diversas classes hospitalares do Brasil, os atendimentos dão-se de maneira individual ou em grupo. De modo individual, há foco total no aluno e suas particularidades, e, em grupo, proporciona a socialização e troca de experiências com os demais. No que diz respeito à organização dessas classes hospitalares, o estudo frisa que elas seguem algumas diretrizes em relação à organização, ao currículo, aos recursos materiais etc. e que são geralmente produzidas pela rede estadual de ensino, observando que algumas seguem documentos municipais ou nacionais. Conforme o exposto, evidencia-se que há diretrizes que norteiam os trabalhos dos professores nas classes hospitalares; entretanto, não padronizam o atendimento, o qual deve
image/svg+xmlAtendimento escolar hospitalar aos adolescentes com Insuficiência Renal Crônica: A voz dos usuários Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://www.doi.org/10.26673/tes.v18i00.172067considerar as especificidades e necessidades do seu alunado. Para Mazer-Gonçalves (2013), não existe uma única forma de desenvolver o trabalho no ambiente hospitalar, há uma multiplicidade de maneiras, visto que este deve ser organizado de acordo com os alunos e suas particularidades. Visando garantir o direito à educação no ambiente hospitalar, os espaços no interior do hospital precisam ser previstos, projetados e organizados para oferecer as condições mínimas para que as crianças e adolescentes possam usufruir plenamente o atendimento, de acordo com as necessidades de cada um (COVIC, 2003; FONSECA, 2008). Desse modo, alguns dos atendimentos podem se dar nas salas de aula específicas, em brinquedotecas, nas enfermarias, no leito ou em um quarto de isolamento segundo as especificidades dos alunos (COVIC, 2003). As atividades, os recursos materiais e a organização dos ambientes serão demandados pelas especificidades de cada caso; contudo, já foi previsto, desde 2002, um conjunto mínimo de recursos audiovisuais incluindo: “computador em rede, televisão, videocassete, máquina fotográfica, filmadora, videokê, antena parabólica digital e aparelho de som com CD e k7, bem como telefone” (BRASIL, 2002, p. 16). Tais recursos visam apoiar o processo de ensino e aprendizagem e propiciar o contato desses estudantes hospitalizados com seus colegas e professores da escola regular. No que tange à formação do professor responsável pelo atendimento escolar hospitalar, a Secretaria de Estado da Educação e Diretoria de Ensino - Região de Ribeirão Preto, Edital de Credenciamento, estabelece a seguinte ordem de preferência de credenciamento: I - Portadores de diploma de Licenciatura Plena em Pedagogia, com habilitação para o magistério, acompanhado de certificado de curso de especialização em Pedagogia Hospitalar; II - Portadores de diploma de Licenciatura Plena em qualquer disciplina, acompanhado de certificado de curso de especialização em Pedagogia Hospitalar; III - Portadores de diploma de Licenciatura Plena em Pedagogia, com habilitação para o magistério, acompanhado de certificado de curso de atualização em Pedagogia Hospitalar de, no mínimo, 60 (sessenta) horas; IV - Portadores de diploma de Licenciatura Plena em qualquer disciplina, acompanhado de certificado de curso de atualização em Pedagogia Hospitalar de, no mínimo, 60 (sessenta) horas; V - Portadores de diploma de Licenciatura Plena em Pedagogia com habilitação para o magistério; VI - Portadores de diploma de Licenciatura Plena em Psicologia; VII - Portadores de diploma de Licenciatura Plena em Pedagogia, com habilitação para a docência das disciplinas pedagógicas do Curso de Magistério; VIII - Portadores de diploma de nível médio, com habilitação em magistério, acompanhado de certificado de curso de atualização em Pedagogia Hospitalar, com duração mínima de 60 (sessenta) horas;
image/svg+xmlIsabella Maria Cruz FANTACINI; Lúcia Maria Santos TINÓS e Cristina Cinto Araujo PEDROSO Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://www.doi.org/10.26673/tes.v18i00.172068IX - Portadores de diploma de Licenciatura Plena em qualquer disciplina (SÃO PAULO, 2018, p. 1-2). De maneira mais específica, o documento Classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar: estratégias e orientações (BRASIL, 2002), recomenda que o professor atuante no espaço hospitalar seja preferencialmente formado em Educação Especial, mas pode ser graduado em Pedagogia ou demais licenciaturas, com “noções sobre as doenças e condições psicossociais vivenciadas pelos educandos e as características delas decorrentes, sejam do ponto de vista clínico, sejam do ponto de vista afetivo” (BRASIL, 2002, p. 23). Com tais formações preconizadas por Brasil (2002) e São Paulo (2018), acredita-se que o professor está capacitado para adequar e adaptar as atividades, os materiais e o ambiente, bem como criar estratégias de flexibilização e adaptação do currículo. Estudos como os de Abreu (2014), Carvalho (2015) e Schneider e Martini (2011) discutem essas alterações destacando os tratamentos que não necessitam de internações prolongadas, e sim, da frequência ao hospital em alguns dias por semana ou horas por dia, resultando na supressão do direito do aluno ao atendimento escolar hospitalar. Enquadra-se nessa situação os pacientes com Insuficiência Renal Crônica, que se ausentam da escola como muita frequência, por exemplo, em vários dias da semana quando vão ao hospital para tratamento de hemodiálise. Esse tipo de tratamento não é oferecido em todos os hospitais, o que exige, muitas vezes, que os alunos viajem para os hospitais dos grandes centros em busca desse recurso. Por essas razões, a doença crônica pode ser um fator estressante no desenvolvimento escolar dos adolescentes, pois interfere diretamente em muitos aspectos individuais e sociais. Silva et al. (2017) afirmam que as doenças crônicas não englobam simplesmente alterações orgânicas ou físicas do paciente, mas promovem alterações emocionais e sociais em toda a família, as quais exigem constantes cuidados e adaptações. Além do mais, as rotinas diárias do paciente precisam passar por adaptações, mediante consultas, exames e tratamentos diários os quais, no caso da Insuficiência Renal Crônica (IRC), incluem normalmente tratamentos específicos para a manutenção da função renal. Diante das questões anteriormente discutidas sobre o direito ao atendimento escolar hospitalar de alunos e as condições de oferta, o presente artigo busca entender como adolescentes com Insuficiência Renal Crônica transplantados percebem os atendimentos escolares hospitalares vivenciados em sua trajetória.
image/svg+xmlAtendimento escolar hospitalar aos adolescentes com Insuficiência Renal Crônica: A voz dos usuários Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://www.doi.org/10.26673/tes.v18i00.172069Procedimentos Metodológicos Esta pesquisa está alicerçada na abordagem qualitativa (LUDKE; ANDRÉ, 1986) e no método fenomenológico, de acordo com a proposta de Martins e Bicudo (2005). De acordo com os autores, é um método que tem como foco os fenômenos encontrados a partir da pesquisa, sendo assim, a análise e compreensão do fenômeno somente acontecem através das falas dos sujeitos.As análises foram empreendidas de acordo com a perspectiva fenomenológica de Moreira (2002) e nos passos apresentados por Giorgi (1985), portanto, seguindo a seguinte trajetória:- Elaboração do roteiro de entrevista; - Realização das entrevistas (as mesmas foram gravadas e transcritas); - Leitura geral das entrevistas transcritas, para compreender de maneira ampla as trajetórias escolares descritas; - Releituradas transcrições, objetivando discriminar “unidades de sentido” segundo o objetivo da pesquisadora. Estas unidades de sentido são discriminações espontaneamente percebidas dentro da descrição do sujeito e de acordo com a postura intencional do pesquisador (MOREIRA, 2002); - Por último, para obtenção da compreensão do fenômeno pesquisado, foram feitas análises das unidades de sentido através das categorias temáticas desveladas. Estas categorias contêm a essência do fenômeno que, por sua vez, significa a transformação da linguagem do dia-a-dia do sujeito em linguagem científica. O estudo foi realizado nas dependências de um hospital público estadual de uma cidade de porte médio do interior do Estado de São Paulo. Em relação aos aspectos éticos, o Projeto de Pesquisa foi primeiramente encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo e obteve parecer favorável5, ou seja, aprovado pelo comitê. Com a aprovação do projeto, entrou-se em contato com uma profissional indicada pelo hospital e esta viabilizou a aproximação com os pacientes que poderiam participar da pesquisa tendo em vista os objetivos do estudo e o critério de estarem em tratamento há pelo menos cinco anos. Os participantes da pesquisa foram, portanto, três alunos-pacientes (Anna Beatriz, Luiz Otávio e Bernardo6), na faixa etária de 12 a 18 anos, com diagnóstico de Insuficiência Renal 5Parecer do CEP nº 2.173.056. 6Nomes fictícios.
image/svg+xmlIsabella Maria Cruz FANTACINI; Lúcia Maria Santos TINÓS e Cristina Cinto Araujo PEDROSO Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://www.doi.org/10.26673/tes.v18i00.1720610Crônica (IRC)7, e os pais de dois deles. O quadro a seguir mostra a caracterização desses três participantes, especificamente quanto à idade, nível de escolarização e diagnóstico da doença: Quadro 1 Idade, nível de escolarização e diagnóstico da doença Participantes Anna Beatriz Luiz Otávio Bernardo Idade e ano de escolarização 17 anos e 3º ano do ensino médio 17 anos e 3º ano do ensino médio 14 anos e 8º ano do ensino fundamental Diagnóstico e tratamento (Período do transplante) Insuficiência Renal Crônica Hemodiálise e Transplante (2012-2013) Insuficiência Renal Crônica Diálise Peritoneal e Transplante (2003 - 2006) Insuficiência Renal Crônica Hemodiálise e Transplante (2003). *O adolescente tem outras doenças. Fonte: Elaborado pelas autoras Como procedimento de coleta de dados foi utilizada a entrevista com os participantes com o propósito de compreender as percepções deles sobre a efetivação do direito à educação durante o período de internação. Ressalta-se, ainda, que o período da coleta aconteceu durante o segundo semestre de 2017 e as vivências de atendimento escolar hospitalar relatadas e refletidas pelos participantes ocorreram em internações no período de 2000 a 2017. Inicialmente, providenciou-se a entrevista com os três adolescentes e, posteriormente, com os responsáveis de dois deles, sendo o pai e a mãe de um e a mãe do outro. A entrevista com os adolescentes pautou-se no seguinte roteiro semiestruturado: 1. Conte um pouco sobre você, sua família e sua rotina; 2. Conte quais são as escolas que você frequentou até hoje; 3. Conte como foi estudar nessas escolas; 4. Conte como foi a sua escolarização após a descoberta da doença crônica. Para dar início, fez-se contato, por telefone, com os pais dos adolescentes para explicar o trabalho e fazer o convite para participação. Em seguida, foi feito também o convite aos adolescentes e, a partir do aceite, agendou-se o primeiro encontro. Nesse primeiro encontro com cada um dos adolescentes, apresentou-se o procedimento de coleta de dados e realizou-se a entrevista. Ressalta-se, novamente, que a análise das entrevistas, a partir do método fenomenológico (MARTINS; BICUDO, 2005), foi realizada tendo por princípio as unidades de significados propostas por Moreira (2002) e Giorgi (1985), Efetuadas, inicialmente, apenas 7A Insuficiência Renal Crônica IRC é uma doença que afeta as funções renais do sujeito, ou seja, é caracterizada pela disfunção renal, em diferentes graus, podendo evoluir para a falência renal (RIYUZO et al., 2003).
image/svg+xmlAtendimento escolar hospitalar aos adolescentes com Insuficiência Renal Crônica: A voz dos usuários Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://www.doi.org/10.26673/tes.v18i00.1720611com os adolescentes, desvelou-se a necessidade de um diálogo com os pais para obter maior detalhamento das trajetórias escolares. Desse modo, outro contato telefônico foi realizado para convidá-los a participar de uma entrevista. Os pais de dois dos participantes aceitaram (a mãe da Anna Beatriz e os pais do Luiz Otávio), mas os pais de Bernardo, não, tendo em vista, o momento particular ao qual estavam perpassando. A entrevista com os pais orientou-se pelo seguinte roteiro semiestruturado: 1. Conte um pouco sobre seu filho(a); 2. Conte como foi o processo de descoberta e tratamento da doença crônica; 3. Conte quais as escolas que seu filho(a) frequentou e como foi a escolarização dele(a). Por que optaram pela rede privada?; 4. Como a escola lidou com a doença crônica em relação às adaptações, atividades, conteúdos, avaliações etc.; 5. Conte como foi o processo de escolarização de seu filho(a) com doença crônica. As entrevistas com os adolescentes e seus pais foram gravadas e, posteriormente, transcritas por uma das pesquisadoras. Por fim, vale ressaltar que, os pais e/ou responsáveis, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE, relacionado a participação dos adolescentes e sua própria participação, bem como, a partir da autorização dos responsáveis, os adolescentes assinaram o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido - TALE. Resultados e discussões A análise dos dados mostrou que a presença do atendimento escolar hospitalar transcorreu de maneira pontual e sem continuidade, de acordo com as experiências vividas pelos três participantes deste estudo. Além disso, o estudo mostrou formas de organização e de funcionamento variadas. Dos três participantes, apenas Bernardo dispôs de atendimento na Classe Hospitalar durante os períodos de internação devido a suas comorbidades. Ele destaca que as atividades efetuadas no hospital estavam relacionadas ao trabalho da escola, como pode ser evidenciado no fala abaixo: “Fiz várias atividades relacionadas com o que estou fazendo na escola [...]” (Bernardo).Diante disso, Esse aspecto da experiência denota consonância com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/1996 (BRASIL, 1996) e com a Lei nº 13.716, de 24 de setembro de 2018, que altera a LDB vigente (BRASIL, 1996) para assegurar atendimento educacional ao aluno da educação básica internado para tratamento de saúde em regime hospitalar ou domiciliar por tempo prolongado (BRASIL, 2018). De acordo com o documento “Art. 4º-A.
image/svg+xmlIsabella Maria Cruz FANTACINI; Lúcia Maria Santos TINÓS e Cristina Cinto Araujo PEDROSO Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://www.doi.org/10.26673/tes.v18i00.1720612É assegurado atendimento educacional, durante o período de internação, ao aluno da educação básica internado para tratamento de saúde em regime hospitalar ou domiciliar por tempo prolongado” (BRASIL, 2018).Cabe esclarecer que esse atendimento pelas classes hospitalares pressupõe que o aluno hospitalizado esteja matriculado na rede regular de ensino (pública ou privada). Além disso, volta-se apenas para aqueles que estão internados. Como já dito anteriormente, alunos em tratamentos que não envolvam internação não são considerados público das classes hospitalares. No entanto, alguns tratamentos exigem que o aluno se ausente da escola por vários dias na semana, como é o caso da hemodiálise em serviços de nefrologia especializados cuja duração média é de três a quatro horas, três vezes por semana (BARBOSA; VALADARES, 2009). Esse é o caso de Luiz Otávio e Anna Beatriz que, por não ficarem internados por longos períodos, não receberam atendimento escolar hospitalar, dessa forma, pode-se observar na fala deles. “[...] eu não tive nenhum acompanhamento fora da escola [...]” (Anna Beatriz). “Acho que não.” (Luiz Otávio).Além disso, a responsável do Luiz Otávio reafirma a não oferta de atendimento escolar hospitalar e ao retornar para a escola regular a professora esforçou-se para trabalhar todo o conteúdo do semestre em que o aluno esteve distante. “Sem nada. Porque aí, foi quando ele voltou em agosto que ela deu tudo o que ele tinha que aprender...” (Amanda).Nesse aspecto, identificamos um problema sério na garantia do direito à educação desses alunos. Estes, mesmo não permanecendo internados no hospital, ausentam-se da escola nos dias do procedimento, com isso sofrem interrupção considerável e sistemática das atividades escolares com evidentes prejuízos para o aproveitamento escolar. Esse problema se agrava ainda mais considerando que o professor da escola regular trabalha sozinho e não conta com auxiliares que o ajudem na recuperação dos conteúdos para esses alunos nos dias em que frequentam a escola. Ademais, esses alunos têm uma rotina bastante estressante de frequência aos hospitais em vários dias da semana, incluindo em muitos casos, o deslocamento para outras cidades; portanto, receber algum atendimento escolar no hospital poderia minimizar o sofrimento imposto rotineiramente a essas crianças e adolescentes. No entendimento deste
image/svg+xmlAtendimento escolar hospitalar aos adolescentes com Insuficiência Renal Crônica: A voz dos usuários Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://www.doi.org/10.26673/tes.v18i00.1720613estudo, alunos nessa situação deveriam ser contemplados pelo atendimento escolar hospitalar, pois isso minimizaria as desvantagens vivenciadas na trajetória escolar. Anna Beatriz mencionou em seu relato ter recebido um atendimento durante os três dias semanais da hemodiálise por um tempo, no entanto, não era atendimento da classe hospitalar, e sim, de um trabalho voluntário de uma estudante do curso de Pedagogia, como apresentam os trechos abaixo: Quando eu comecei a fazer hemodiálise que eu ficava internada, então eu fiquei mais ou menos assim, tinha a escolinha, daí as professoras ofereciam ajuda, se bem que também, quando eu comecei era um período de férias (Anna Beatriz). Tinha, eu não sei quem é[...] Eu não sei que faculdade ela faz, se era pedagogia mesmo, mas ela chamava M., ela até filha de uma colega da minha mãe, ela estava fazendo faculdade na época, e ela estava começando um trabalho de pesquisa, daí ela foi conversar com a Dra. I., e começou a visitar a gente, levar coisa para a gente fazer, conversar sobre a escola, como que estava, e ela me ajudou bastante nessa parte, as vezes eu tinha alguma dificuldade para fazer alguma coisa, ela me ajudava, e assim como todos os outros pacientes que faziam comigo (Anna Beatriz). Embora relevante, o trabalho voluntário, nessa circunstância, não garante a permanência do serviço nem a necessária relação com a escola regular para o entrelaçamento entre o currículo escolar e o trabalho desenvolvido no hospital. Reis (2017) afirma que o atendimento escolar hospitalar (classe hospitalar) faz parte da educação formal, tem potencial para contribuir com a continuidade da escolarização e reduzir as possibilidades de evasão escolar, ou até mesmo, de reprovação do aluno. Nesse sentido, dependendo das formas de organização, pode ter relação direta com o desenvolvimento e a aprendizagem do aluno-paciente. De acordo com o relato da mãe de Luiz Otávio, este, quando criança, passou por transplante de rim e nunca dispôs de atendimento nem durante a recuperação pós-transplante. Quando voltou à escola regular, a professora criou algumas condições para recuperar e suprir a sua ausência durante o semestre em que foi feito o transplante e favorecer a continuidade do ano. Em face do exposto, ficou claro que o atendimento escolar hospitalar é um serviço muito importante para as crianças e adolescentes que se encontram em tratamento de saúde, porquanto lhes fortalece a identidade como alunos, assegura o processo de aprendizagem, bem como contribui para que expressem seus sentimentos e experiências dentro do hospital, tal como consideram Gonçalves, Pacco e Pedrino (2019). Nessa perspectiva, Albertoni (2014, p. 34) defende que
image/svg+xmlIsabella Maria Cruz FANTACINI; Lúcia Maria Santos TINÓS e Cristina Cinto Araujo PEDROSO Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://www.doi.org/10.26673/tes.v18i00.1720614Ao manter os direitos da criança à educação, o atendimento prestado nas classes hospitalares contribui para o enfrentamento do estresse da hospitalização, graças ao significado e ao valor simbólico da escola na composição das experiências infantis e juvenis que, então resgatadas apesar da condição de hospitalização, reequilibram o desenvolvimento psíquico de crianças e adolescentes. Desse modo, a garantia do direito à educação no ambiente hospitalar, além de contribuir na continuidade do processo de escolarização, “[...] é capaz de reanimar o aluno, fragilizado pelo processo de adoecimento e pelo tratamento, levando-o a buscar a cura, estimulado pelo desejo de continuidade à vida” (REIS, 2017, p. 94), ou seja, auxilia no enfrentamento da doença e de todos os desafios causados pelo quadro em que se encontra. Nas trajetórias construídas, constatou-se, tanto nos relatos dos adolescentes como nos de seus pais, que eles não reconhecem a continuidade dos processos escolares como um direito no caso dos alunos com doenças crônicas, possivelmente, porque desconhecem as legislações que asseguram o direito a esse atendimento, o que aponta para a falta de informação e para a necessidade de divulgação dos serviços escolares em ambientes hospitalares. Ante a esse desconhecimento, a quem caberia a orientação dos responsáveis pelos alunos-pacientes sobre as classes hospitalares? Tentando responder essa questão e refletindo acerca da importância do vínculo entre a classe hospitalar e a escola regular do aluno, no entendimento deste estudo a função de orientá-los sobre esse direito, caberia às escolas regulares e aos profissionais responsáveis pelas classes hospitalares. Melo e Cardoso (2007, p. 115) valorizam a atuação dos professores da classe hospitalar nesse processo. Para tais autores, O professor entra como elo na relação entre a criança e o ambiente hospitalar, entre a criança e o familiar, e, principalmente, entre a criança/ adolescente e a escola regular, oportunizando interação entre essas três instituições, contribuindo para a adaptação da criança/adolescente às mudanças no seu cotidiano. Dadas essas considerações, o vínculo estabelecido entre o professor da classe hospitalar e o professor da escola regular torna possível a interação entre o mundo externo ao hospital e o ambiente hospitalar, beneficiando assim aos alunos, quanto à garantia do acompanhamento curricular e preparação para o retorno à escola regular no momento adequado (BRASIL, 1994; REIS, 2017). Ouvir os adolescentes participantes deste estudo e seus familiares deu margem a que se pudesse reconhecer como é significativo o vínculo entre os professores responsáveis pelas classes hospitalares e os professores da escola regular, sobretudo pelas mediações qualificadas
image/svg+xmlAtendimento escolar hospitalar aos adolescentes com Insuficiência Renal Crônica: A voz dos usuários Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://www.doi.org/10.26673/tes.v18i00.1720615com esses alunos e seus familiares, essenciais na organização dos atendimentos, na escola e no hospital. Essa interação entre os professores pode até mesmo evitar uma possível desarticulação entre esses segmentos, além de propiciar condições para a manutenção do processo de escolarização. Por fim, ademais das questões já discutidas, cabe mencionar que os três adolescentes expuseram na entrevista seus anseios pertinentes à escolarização. Anna Beatriz expressou sua pretensão de cursar Medicina. Meu foco, meu sonho é medicina, eu sempre quis odonto até a oitava série, aí eu fui numa feira de profissões e eu vi que não era aquilo que eu queria, não era o que eu ia gostar de fazer todos os dias, aí na minha cabeça quando eu comecei a fazer hemodiálise eu vi que, assim, eu perdi bastante coisa porque eu ia só duas vezes na semana na escola, aí de segunda, quarta e sexta eu tinha que ir para o hospital terciário na região de Ribeirão Preto e não tinha como eu ir para a escola, aí na minha cabeça eu chegar na medicina era muito... Uma coisa muito distante, aí eu pensei vou fazer enfermagem porque é uma área muito nobre também, e o meu foco é ajudar pessoas [...] (Anna Beatriz). Diante do trecho, observa-se que Anna Beatriz tem o sonho de poder ajudar as pessoas, do mesmo modo como recebeu os cuidados dos profissionais da saúde e da educação. Além disso, realçou a importância da educação e continuação da sua escolarização, por ter contribuído para que de alguma forma prosseguisse a sua vida, mesmo com a doença crônica. Luiz Otávio revelou também seu sonho de ser chefe de cozinha, ou seja, queria cursar gastronomia. “Eu procuro é fazer faculdade de Gastronomia.” (Luiz Otávio)Desse modo, o seu objetivo é concretizar o seu sonho profissional. Devido ao transplante ter acontecido quando ele tinha 6 anos, seu processo de alfabetização ocorreu tardiamente; porém, durante a sua vida, não teve maiores intercorrências quanto à vivência escolar. Já Bernardo mencionou que gostaria de seguir o ramo da comunicação. “Talvez... Jornalismo.” (Bernardo)“Ou Economia, ou política... Comentarista de política.” (Bernardo)Nota-se que o Bernardo não possui algo específico para os planos futuros, portanto, seus planos não são considerados únicos e imutáveis. Em razão das outras doenças, em vários momentos de sua vida, teve que se afastar das rotinas escolares, mas, com o auxílio de seus familiares, amigos, escola e atendimento escolar hospitalar, continuou seu processo de escolarização. Semelhantes questões evidenciam que os alunos, mesmo vivendo processos de escolarização marcados por interrupções sistemáticas e até prolongadas, não deixam de sonhar com a perspectiva de seguir a escolarização até os níveis mais avançados de ensino.
image/svg+xmlIsabella Maria Cruz FANTACINI; Lúcia Maria Santos TINÓS e Cristina Cinto Araujo PEDROSO Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://www.doi.org/10.26673/tes.v18i00.1720616Considerações finais Com este estudo, buscou-se compreender as percepções de adolescentes com insuficiência renal crônica transplantados acerca dos atendimentos escolares hospitalares. A princípio, cabe salientar a validade de estudos que, como este, priorizam a voz dos usuários dos serviços educacionais, uma vez que a percepção deles é essencial para o aprimoramento dos serviços e das políticas educacionais. Nesse caso, os relatos dos participantes do estudo mostraram, inicialmente, a diversidade das experiências vivenciadas. Por isso, a sugestão de trazer acima, na seção de resultados e discussões, alguns trechos destes relatos, destas falas dos sujeitos. Apenas um dos três alunos entrevistados foi contemplado com o direito ao atendimento escolar hospitalar. Os três foram submetidos a tratamento no mesmo hospital em razão da mesma patologia, Insuficiência Renal Crônica. Entretanto, apenas as idas constantes ao hospital para realização da hemodiálise não garantem o direito ao atendimento escolar hospitalar, nem mesmo quando essa condição exija ausências frequentes e sistemáticas da escola regular. Isso sugere, portanto, a revisão e aprimoramento das políticas atinentes ao funcionamento e organização das classes hospitalares para que sejam incluídos como usuários os alunos que, embora não sujeitos a internações por longos períodos, têm a trajetória escolar interrompida pelos tratamentos a que são submetidos. Ainda que a legislação garanta o atendimento escolar hospitalar ao aluno, o direito de usufruir desse serviço e de dar continuidade à escolarização durante o afastamento da escola não é conhecido por eles (alunos) e tampouco por seus pais no caso dos participantes deste estudo. Isso expõe a insuficiência de orientação dos usuários tanto pela escola regular como pelo próprio serviço hospitalar. O estudo assinalou a importância do atendimento escolar hospitalar tanto para a escolarização dos alunos como para a própria constituição da identidade desses sujeitos enquanto alunos, e sobretudo, para a preservação de suas expectativas educacionais. Nesse sentido, verificou-se, adicionalmente, que é preciso aprimoramento das políticas educacionais para garantir a interação entre a escola regular e o serviço de atendimento escolar hospitalar. Concluímos este estudo, portanto, reconhecendo que há ainda um caminho a percorrer no sentido de salvaguardar o direito dos alunos ao atendimento escolar hospitalar. Constatamos ainda que, nesse processo, há necessidade de outros estudos que focalizem as experiências escolares desses sujeitos e as necessidades de seus professores, tanto da escola regular como do atendimento hospitalar, assim, buscando o aprimoramento das políticas públicas e as práticas realizadas no ambiente hospitalar pelos professores com os seus alunos hospitalizados.
image/svg+xmlAtendimento escolar hospitalar aos adolescentes com Insuficiência Renal Crônica: A voz dos usuários Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://www.doi.org/10.26673/tes.v18i00.1720617REFERÊNCIAS ABREU, I. S. Qualidade de vida de crianças e adolescentes com insuficiência renal crônica em hemodiálise: Construção do Módulo Específico DISABKIDS. 2014. Tese (Doutorado em Ciências) Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, São Paulo, 2014. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-07012015-145618/publico/ISABELLASCHROEDERABREU.pdf. Acesso em: 27 mar. 2021. ALBERTONI, L. C. A inclusão escolar de alunos com doenças crônicas: Professores e gestores dizem que... Curitiba, PR: Appris, 2014. ARAÚJO, C. C. A. C. A. Atendimento escolar em ambiente hospitalar: Um estudo de caso do estado de São Paulo. 2017. Dissertação (Mestrado em Administração Pública) Fundação João Pinheiro, Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho, Belo Horizonte, 2017. Disponível em: https://tede.fjp.mg.gov.br/handle/tede/382#preview-link0. Acesso em: 19 ago. 2021. BARBOSA, G. S.; VALADARES, G. V. Hemodiálise: Estilo de vida e a adaptação do paciente. Acta Paulista de Enfermagem, v. 22, n. esp. 1, p. 524-527, 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ape/a/khLYnRg5QMpXxjR9Dvx7pWF/abstract/?lang=pt. Acesso em: 16 jul. 2021. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, 1988. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 11 fev. 2020. BRASIL. Política Nacional de Educação Especial. Brasília, DF: MEC; SEESP, 1994. Disponível em: https://midia.atp.usp.br/plc/plc0604/impressos/plc0604_aula04_AVA_Politica_1994.pdf. Acesso em: 06 abr. 2020. BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: Presidência da República, 1996. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 11 fev. 2020. BRASIL. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília, DF: MEC; SEESP, 2001. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/diretrizes.pdf. Acesso em: 22 fev. 2020. BRASIL. Classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar: Estratégias e orientações. Brasília, DF: MEC; SEESP, 2002. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/livro9.pdf. Acesso em: 14 fev. 2020. BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, DF: MEC; SECADI, 2008. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192. Acesso em: 18 fev. 2020.
image/svg+xmlIsabella Maria Cruz FANTACINI; Lúcia Maria Santos TINÓS e Cristina Cinto Araujo PEDROSO Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://www.doi.org/10.26673/tes.v18i00.1720618BRASIL. Resolução n. 4, de 2 de outubro de 2009. Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial. Brasília, DF: MEC, 2009. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_09.pdf. Acesso em: 27 abr. 2021. BRASIL. Lei n. 13.716, de 24 de setembro de 2018. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), para assegurar atendimento educacional ao aluno da educação básica internado para tratamento de saúde em regime hospitalar ou domiciliar por tempo prolongado. Brasília, DF: Presidência da República, 2018. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13716.htm. Acesso em: 12 fev. 2020. BRASIL. Política Nacional de Educação Especial. Brasília, DF: MEC; SEESP, 1994. Disponível em: https://midia.atp.usp.br/plc/plc0604/impressos/plc0604_aula04_AVA_Politica_1994.pdf. Acesso em: 06 abr. 2020. CARVALHO, L. S. S. A experiência de vida da criança com insuficiência renal crônica: Uma revisão integrativa. 2015. Monografia (Bacharelado em Enfermagem) Universidade de Brasília, Brasília, 2015. Disponível em: https://bdm.unb.br/handle/10483/10691. Acesso em: 27 nov. 2021. CAVALCANTE, M. S. M.; GUIMARÃES, V. M. A.; ALMEIDA, S. E. S. Pedagogia hospitalar: Histórico, papel e mediação com atividades lúdicas. Enfope, Aracaju, v. 8, n. 1, p. 58-70, 2015. Disponível em: https://pt.scribd.com/document/340046285/Pedagogia-Hospitalar-Historico-Papel-e-Mediacao-Com. Acesso em: 11 out. 2021. CECCIM, R. B. Classe hospitalar: Encontros da educação e da saúde no ambiente hospitalar. Pátio, v. 3, n. 10, p. 41-44, 1999. Disponível em: http://www.cerelepe.faced.ufba.br/arquivos/fotos/84/classehospitalarceccimpatio.pdf. Acesso em: 15 abr. 2021. COVIC, A. N. Atendimento pedagógico hospitalar: Convalidando uma experiência e sugerindo idéias para a formação de educadores. 2003. Dissertação (Mestrado em Educação) Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2003. Disponível em: https://repositorio.pucsp.br/handle/handle/10029. Acesso em: 13 maio 2020. CURY, C. R. J. A educação básica como direito. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 38, n. 134, p. 293-303, maio/ago. 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cp/a/QBBB9RrmKBx7MngxzBfWgcF/abstract/?lang=pt. Acesso em: 10 ago. 2020. FANTACINI, I. M. C. Trajetórias escolares de adolescentes com insuficiência renal crônica: Compreendendo processos de escolarização. 2018. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) Faculdade de Filosofia, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2018. FONSECA, E. S. Atendimento escolar no ambiente hospitalar. 2. ed. São Paulo: Memnon, 2008.
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image/svg+xmlIsabella Maria Cruz FANTACINI; Lúcia Maria Santos TINÓS e Cristina Cinto Araujo PEDROSO Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://www.doi.org/10.26673/tes.v18i00.1720620https://midiasstoragesec.blob.core.windows.net/001/2018/12/edital_classe_hospitalar_2019_derpt_14-12-2018.pdf. Acesso em: 14 abr. 2020. SANTOS, C. B.; SOUZA, M. R. Ambiente hospitalar e escolar. In: MATOS, E. L. M. (org.). Escolarização Hospitalar: Educação e saúde de mãos dadas para humanizar. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. SCHMENGLER, A. R.; FREITAS, S. N.; PAVÃO, S. M. O. Acessibilidade no atendimento educacional de alunos público-alvo da Educação Especial em uma Classe Hospitalar do estado do Rio Grande do Sul. Práxis Educativa, v. 13, n. 1, p. 128-144, 2018. Disponível em: https://revistas.uepg.br/index.php/praxiseducativa/article/view/10281. Acesso em: 18 maio 2021. SCHNEIDER, K. L. K.; MARTINI, J. G. Cotidiano do adolescente com doença crônica. Texto Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 20, n. esp., p. 194-204, 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010407072011000500025&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 31 mar. 2020. SILVA, M. E. A. et al. Rede e apoio social na doença crônica infantil: Compreendendo a percepção da criança. Texto Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 26, n. 1, p. 1-10, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tce/a/WvVRNFfYv4gF3xLwyG6MMZK/abstract/?lang=pt. Acesso em: 25 out. 2021. SOUZA, A. C.; TELES, D. A.; SOARES, M. P. S. B. Pedagogia Hospitalar: A relevância da atuação do pedagogo. Revista Educação e Emancipação, São Luís, v. 10, n. 3, p. 241-259, set./dez. 2017. Disponível em: https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/reducacaoemancipacao/article/view/7725. Acesso em: 12 jul. 2021. TINÓS, L. M. S. et al. Revisão Sistemática sobre a publicação científica brasileira na base de dados Scielo sobre Pedagogia Hospitalar. Debates em Educação, v. 10, n. 20, p. 238-254, jan./abr. 2018. Disponível em: https://www.seer.ufal.br/index.php/debateseducacao/article/view/4094. Acesso em: 23 jun. 2021.
image/svg+xmlAtendimento escolar hospitalar aos adolescentes com Insuficiência Renal Crônica: A voz dos usuários Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://www.doi.org/10.26673/tes.v18i00.1720621Como referenciar este artigo FANTACINI, I. M. C.; TINÓS, L. M. S.; PEDROSO, C. C. A. Atendimento escolar hospitalar aos adolescentes com Insuficiência Renal Crônica: A voz dos usuários. Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022. e-ISSN 2526-3471. DOI: https://www.doi.org/10.26673/tes.v18i00.17206 Submetido em: 13/07/2022 Revisões requeridas em: 09/08/2022 Aprovado em: 14/10/2022 Publicado em: 30/11/2022 Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.Revisão, formatação, normalização e tradução.
image/svg+xmlHospital school care to adolescents with Chronic Renal Failure: The voice of usersTemas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.172061HOSPITAL SCHOOL CARE TO ADOLESCENTS WITH CHRONIC RENAL FAILURE: THE VOICE OF USERS ATENDIMENTO ESCOLAR HOSPITALAR AOS ADOLESCENTES COM INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA: A VOZ DOS USUÁRIOS ATENCIÓN HOSPITALARIA ESCOLAR A ADOLESCENTES CON INSUFICIENCIA RENAL CRÓNICA: LA VOZ DE LOS USUARIOS Isabella Maria Cruz FANTACINI1Lúcia Maria Santos TINÓS2Cristina Cinto Araujo PEDROSO3ABSTRACT: The objective of this research was to understand how transplanted adolescents with chronic renal failure perceive hospital school attendance. It is a qualitative study, which was based on the phenomenological method. Data were collected through interviews with a semi-structured script with three adolescents and those responsible for two of them. The data showed that only one teenager had hospital school assistance. They also indicated the importance of this service for the continuation of schooling. However, the data indicated that outpatient care for student-patients, such as hemodialysis and consultations, does not guarantee them attendance by Hospital Classes. It is concluded that, although the legislation guarantees the right to hospital school attendance of student-patients, such service is still restrictive and does not cover all cases of students who are away from school activities due to health problems. KEYWORDS:Hospital school attendance. Hospital class. Right to education. Schooling of hospitalized student. RESUMO: O objetivo desta pesquisa foi entender como adolescentes com insuficiência renal crônica transplantados percebem os atendimentos escolares hospitalares. Trata-se de um estudo qualitativo, o qual teve por base o método fenomenológico. Os dados foram coletados por meio de entrevista com roteiro semiestruturado com três adolescentes e os responsáveis por dois deles. Os dados mostraram que apenas um adolescente dispôs do atendimento escolar hospitalar. Indicaram, também, a importância desse atendimento para a continuidade da escolarização. Contudo, os dados assinalaram que os cuidados ambulatoriais de alunos-pacientes, como hemodiálise e consultas, não garantem a eles o atendimento pelas Classes Hospitalares. Conclui-se que, apesar de a legislação garantir o direito ao atendimento escolar 1Federal University of São Carlos (UFSCar), São Carlos - SP - Brazil. PhD in Special Education (Special Individual Education). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4177-7660. E-mail: isa_fantacini@hotmail.com 2University of São Paulo (USP), Ribeirão Preto - SP - Brazil. Educator of the Faculty of Philosophy, Sciences and Letters. PhD in Special Education (UFSCar). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0901-9416. E-mail: ltinos@ffclrp.usp.br 3University of São Paulo (USP), Ribeirão Preto - SP - Brazil. Professor at the Faculty of Philosophy, Sciences and Letters. PhD in School Education (UNESP/Araraquara). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8687-6497. E-mail: cpedroso@ffclrp.usp.br
image/svg+xmlIsabella Maria Cruz FANTACINI; Lúcia Maria Santos TINÓS and Cristina Cinto Araujo PEDROSO Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.172062hospitalar dos alunos-pacientes, tal serviço ainda é restritivo e não abrange a todos os casos de alunos afastados das atividades escolares por problemas de saúde. PALAVRAS-CHAVE: Atendimento escolar hospitalar. Classe hospitalar. Direito à educação. Escolarização de estudante hospitalizado. RESUMEN:El objetivo de esta investigación fue comprender cómo los adolescentes con insuficiencia renal crónica trasplantada perciben las visitas a la escuela hospitalaria. Se trata de un estudio cualitativo, basado en el método fenomenológico. Los datos fueron recolectados a través de una entrevista con guión semiestructurado con tres adolescentes y los responsables de dos de ellos. Los datos mostraron que sólo un adolescente tenía atención hospitalaria. También indicaron la importancia de este cuidado para la continuidad de la escolaridad. Sin embargo, los datos indicaron que la atención ambulatoria a los estudiantes-pacientes, como la hemodiálisis y las consultas, no les garantiza la atención de las clases hospitalarias. Se concluye que, si bien la legislación garantiza el derecho a la atención hospitalaria de los estudiantes-pacientes, este servicio sigue siendo restrictivo y no cubre todos los casos de estudiantes retirados de las actividades escolares debido a problemas de salud. PALABRAS-CLAVE: Atención escolar hospitalaria. Clase hospitalaria. Derecho a la educación. Escolarización del estudiante hospitalizado.Introduction This study is constituted in the field of Special Education and has as its central theme hospital school care (COVIC, 2003). Part of the recognition of education as the right of all citizens and the duty of the State to promote it by offering it (BRASIL, 1988, 1996; CURY, 2008). Thus, the understanding of Education is assumed as a social right and for all, guaranteed from the access and permanence of the subjects in the school environments, extending, therefore, to hospitalized students (FANTACINI, 2018). With these assumptions, the present article aims to understand how adolescents with transplanted chronic renal failure perceive the hospital school care experienced in their trajectory. Students, with health problems and hospitalized, prevented from attending regular school, also have the right to educational care in the hospital environment. According to Gonçalves, Pacco and Pedrino (2019, p. 2, our translation), "hospital educational care aims to minimize the effects of hospitalization, as well as to offer continuity to the schooling process". In this sense, hospital classes, as one of the school care services in the hospital environment,
image/svg+xmlHospital school care to adolescents with Chronic Renal Failure: The voice of usersTemas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.172063can continue the process of schooling of hospitalized students, thus collaborating with the treatment of the disease and with the recovery of health. Gonçalves, Pacco and Pedrino (2019) point out that the hospitalization period causes many changes in the lives of the hospitalized individual and his/her family members, who require proper coping. Thus, it is salutary to ensure that students in hospitalization can find care that provides experiences similar to those experienced in the educational context, an environment that stimulates the desire to act with knowledge and follows the schooling process. However, it is important to emphasize that, as a modality of care, hospital classes are still little present in Brazilian hospitals, and there is little research on this scare in the area of education. In Brazil, the Hospital Classes date back to 1950, in the city of Rio de Janeiro-RJ, at the Hospital Municipal Jesus. Initially, care was made in the children's beds, because there were still no specific facilities for the educational service in the hospital. Pedagogical practices aimed to know what the student was learning in his home school or even what they already knew, thus enabling the planning and sequence of the schooling process (SANTOS; SOUZA, 2009). Later, in 1960, another hospital in the city of Rio de Janeiro-RJ, Barata Ribeiro, implemented hospital pedagogical care. The service did not have support from the State of Rio de Janeiro, but had the support of the hospital's management, thus being possible its implementation and operation (SANTOS; SOUZA, 2009). Specifically, in the locushospital of the research that underlies this text, hospital classes were created in the 1970s and, from creation to the present day, assumed different forms of organization and functioning. It was only from the 1980s that this service expanded to other hospitals in the State of São Paulo and other regions of Brazil, causing a gradual increase in the supply in such hospital and the demand for this care by the sick and their guardians (CAVALCANTE; GUIMARÃES; ALMEIDA, 2015). According to Araújo (2017), Brazil had, in 2017, 148 hospitals with hospital school care, in various regions, states and municipalities. This study shows that two states (São Paulo and Rio de Janeiro) from the southeast region and one from the Midwest region (Distrito Federal) were the pioneers in hospital school care. Moreover, the data analyzed indicate that most programs/policies happened between 1999 and 2009. From a legal point of view, hospital care was provided for in the Law of Guidelines and Bases of National Education No. 9,394/1996, Article 4, which determines that
image/svg+xmlIsabella Maria Cruz FANTACINI; Lúcia Maria Santos TINÓS and Cristina Cinto Araujo PEDROSO Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.172064Educational care is ensured, during the hospitalization period, to the basic education student hospitalized for health treatment in hospital or home for a prolonged period, as available to the Public Power in regulation, in the sphere of its federative competence (BRASIL, 1996, art. 4, our translation) The hospital classes were considered as the modality of Special Education in Resolution No. 2 that instituted the National Curriculum Guidelines for Special Education in Basic Education (BRASIL, 2001). According to this resolution Art. 13. The teaching systems, through action integrated with the health systems, should organize specialized educational care to students unable to attend classes due to health treatment that implies hospitalization, outpatient care or prolonged stay at home. § 1 - Hospital classes and home care should continue the development process and learning process of students enrolled in Basic Education schools, contributing to their return and reintegration to the school group, and develop a flexible curriculum with children, young people and adults not enrolled in the local educational system, facilitating their subsequent access to the regular school. § 2 - In the cases of this Article, the frequency certification must be carried out based on the report prepared by the specialized teacher who assists the student (BRASIL, 2001, p. 4, our translation). According to the document Hospital class and home pedagogical care: strategies and orientations (BRASIL, 2002, p. 13, our translation), the hospital class is defined as [...] pedagogical-educational care that occurs in health care environments, either in the circumstance of hospitalization, as traditionally known, or in the circumstance of the service in hospital-day and hospital-week or in comprehensive mental health care services. Thus, it aims to create conditions for the student to continue the schooling process, as well as to promote the integration between the school and the hospital classes. According to this document, such resources, such as network computer, television, VCR, camera, adapted materials, etc., used in the care, are essential for the teacher's planning, the development of meetings and the evaluation of the pedagogical work performed. The National Policy of Special Education in the Perspective of Inclusive Education (BRASIL, 2008, p. 14, our translation) recognizes hospital classes as a space for professional activity of teachers in the area of special education, who must have a solid education, that is, "[...] to have as a basis for their initial and continued training, general knowledge for the exercise of teaching and specific knowledge of the area". More specifically, Resolution No.4, of October 2, 2009, which Establishes Operational Guidelines for Specialized Educational Care in Basic Education, Special Education modality (BRASIL, 2009), also guarantees hospital care for the target audience of Especial Education,
image/svg+xmlHospital school care to adolescents with Chronic Renal Failure: The voice of usersTemas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.172065i.e., "Art. 6º. In cases of Specialized Educational Care in a hospital or home environment, special education will be offered to students4, through their respective education system in a complementary or supplementary way" (BRASIL, 2009, p. 2, our translation). Thus, it will be extended only to the target public students of special education, having its practice in the Multifunctional Resource Room of the school in which the student is enrolled or in another regular educational institution, happening in the period after schooling in the hospital environment. According to the above, the hospital class aims to continue the schooling process (teaching/learning) favoring the student to return to school in a condition of continuing his schooling process. This modality, therefore, "resource important for maintaining the bond between sick children and school" (TINÓS et al., 2018, p. 240, our translation). Regarding the forms of organization and functioning, the hospital classes serve children, adolescents and adults enrolled in basic education. Given the diversity of this audience, it is assumed that such service is guided by the principle of flexibilization and considers the particularities/needs of each student (SOUZA; TELES; SOARES, 2017) aiming at welcoming the restrictions imposed by the hospital and its conditions (CECCIM, 1999). In view of this, as the teachers of the hospital class work with human diversity, they should therefore verify the educational needs of each of the students present there, as well as think and use various teaching methodologies and resources to meet the specificities of school curricula. It should be added that the visits can be in a specific space or in beds, individual or in groups (BRASIL, 2002). As for the planning of the work of the hospital class, this should happen due to the different educational contexts, aiming to ensure the progression of the schooling process, promoting accessibility and means for the student to learn and acquire the conditions to reinsert themselves in the common class, when released from hospitalization (FONSECA, 2008; SCHMENGLER; FREITAS; PAVÃO, 2018). For this, it is essential that teachers have solid initial and continuing education, a training that provides means to organize the care of students with different ages and levels of education and from different schools and educational networks. According to Ceccim (1999, p. 42, our translation), "The hospital class, as educational pedagogical care, should be based on educational-school proposals, and not on proposals for playful education, recreational education or health education." This means that the planning of hospital class care should be guided by the curriculum of the regular school where the student 4Segundo the resolution in its fourth paragraph, the target public students of Specialized Educational Care, are children and adolescents with physical, intellectual, mental or sensory disabilities, with global developmental disorders and with high abilities/gifting.
image/svg+xmlIsabella Maria Cruz FANTACINI; Lúcia Maria Santos TINÓS and Cristina Cinto Araujo PEDROSO Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.172066does not attend. Thus, hospital care, although being developed within the hospital, is linked to the work/curriculum articulated in the regular school in which the student is enrolled, which implies interaction of the hospital class with the common classes for the development of planning and pedagogical practices (BRASIL, 2002). The approximation between hospital care and regular school, from the perspective of multidisciplinary work, favors the continuity of the schooling of these students (MATOS; MUGIATTI, 2014). In this case, multidisciplinary work is configured by the articulated performance of health and education professionals, in favor of the development and continuity of the student's treatment and schooling process. Studies have demonstrated that pedagogical care for the sick has helped in the recovery of health, since the mediation of the education professional provides adaptation, motivation and continuity in the schooling process, thus cooperating with the effectiveness of the education law also in the case of hospitalized students (FANTACINI, 2018;GONÇALVES; PACCO; PEDRINO, 2019; PACCO, 2017). This positive result is possibly due to the fact that such care provides the link between the hospitalized student and the world outside the hospital. A study by Pacco (2017) indicates that, in the various hospital classes in Brazil, care is individually or in groups. Individually, there is a total focus on the student and his/her particularities, and, in a group, he proposes socialization and exchange of experiences with the other. With regard to the organization of these hospital classes, the study emphasizes that they follow some guidelines in relation to organization, curriculum, material resources, etc. and that they are produced by the state school system, noting that some follow municipal or national documents. According to the above, it is evident that there are guidelines that guide the work of teachers in hospital classes; however, they do not snore the care, which should consider the specificities and needs of their students. For Mazer-Gonçalves (2013), there is no single way to develop work in the hospital environment, there is a multiplicity of ways, since it must be organized according to the students and their particularities. In order to guarantee the right to education in the hospital environment, the spaces inside the hospital need to be planned, designed and organized to offer the minimum conditions so that children and adolescents can fully enjoy the care, according to the needs of each one (COVIC, 2003; FONSECA, 2008). Thus, some of the care can take place in specific classrooms, in playrooms, in wards, in bed or in an isolation room according to the specificities of the students (COVIC, 2003). The activities, material resources and organization of the environments will be demanded by the
image/svg+xmlHospital school care to adolescents with Chronic Renal Failure: The voice of usersTemas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.172067specificities of each case; however, since 2002, a minimum number of audiovisual resources has been provided, including: "network computer, television, VCR, camera, cam recorder, digital satellite dish and stereo with CD and k7, as well as telephone" (BRASIL, 2002, p. 16). These resources aim to support the teaching and learning process and provide the contact of these hospitalized students with their colleagues and teachers of the regular school. Regarding the training of the teacher responsible for hospital school care, the State Department of Education and The Board of Education - Ribeirão Preto Region, Accreditation Notice, establishes the following order of preference of accreditation: I - Holders of full degree in Pedagogy, with qualification for teaching, accompanied of certificate of specialization course in Hospital Pedagogy; II - Holders of full degree diploma in any discipline, accompanied by certificate of specialization course in Hospital Pedagogy; III - Holders of diploma of Full Degree in Pedagogy, with qualification for teaching, accompanied by certificate of course of updating in Hospital Pedagogy of at least 60 (sixty) hours; IV - Holders of full degree diploma in any discipline, accompanied by certificate of course of update in Hospital Pedagogy of at least 60 (sixty) hours; V - Holders of a Full Degree in Pedagogy with qualification for teaching; VI - Holders of full degree in Psychology; VII - Holders of full degree diploma in Pedagogy, with qualification for teaching the pedagogical disciplines of the Magisterium Course; VIII - Holders of high school diploma, with qualification in teaching, accompanied by certificate of course of updating in Hospital Pedagogy, with a minimum duration of 60 (sixty) hours; IX - Holders of full degree diploma in any discipline (SÃO PAULO, 2018, p. 1-2, our translation). More specifically, the document Hospital class and home pedagogical care: strategies and orientations (BRASIL, 2002), recommends that the teacher working in the hospital space be preferably graduated in Special Education, but can be graduated in Pedagogy or other teacher training courses, with "senses about the diseases and psychosocial conditions experienced by the students and the characteristics of them arising, clinically, from an affective point of view" (BRASIL, 2002, p. 23, our translation). With these trainings recommended by Brazil (2002) and São Paulo (2018), it is believed that the teacher is able to adapt and adapt the activities, materials and the environment, as well as create strategies for flexibility and adaptation of the curriculum. Studies such as those of Abreu (2014), Carvalho (2015) and Schneider and Martini (2011) discuss these changes highlighting treatments that do not require prolonged hospitalizations, but rather from the frequency of the hospital on a few days a week or hours a day, resulting in the suppression of the right of the student to hospital school care. This situation
image/svg+xmlIsabella Maria Cruz FANTACINI; Lúcia Maria Santos TINÓS and Cristina Cinto Araujo PEDROSO Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.172068includes patients with Chronic Renal Failure, who leave school as very often, for example, on several days of the week when they go to the hospital for hemodialysis treatment. This type of treatment is not offered in all hospitals, which often requires students to travel to hospitals in large centers in search of this resource. For these reasons, chronic disease can be a stressful factor in the development of adolescents, as it directly interferes in many individual and social aspects. Silva et al. (2017) state that chronic diseases do not simply include organic or physical alterations of the patient, but promote emotional and important changes throughout the family, which require constant care and adaptations. Moreover, the daily routines of the patient need to undergo adaptations, through consultations, tests and daily treatments that, in the case of Chronic Renal Failure (IRC), usually include specific treatments for the maintenance of renal function. In view of the previously discussed questions about the right to hospital school care for students and the conditions of supply, this article seeks to understand how patients with transplanted Chronic Renal Failure perceive hospital school care experienced in their trajectory. Methodological Procedures This research is based on the qualitative approach (LUDKE; ANDRÉ, 1986) and the phenomenological method, according to the proposal of Martins and Bicudo (2005). According to the authors, it is a method that focuses on the phenomena found from the research, so the analysis and understanding of the phenomenon only happen through the subjects' statements. The analyses were undertaken according to Moreira's phenomenological perspective (2002) and in the steps presented by Giorgi (1985), therefore, following the following trajectory: - Preparation of the interview script; - Performing the interviews (they were recorded and transcribed); - General reading of the transcribed interviews, to broadly understand the school trajectories described; - Rereading the transcriptions, aiming to discriminate "units of meaning" according to the research's objective. These units of meaning are spontaneously perceived discriminations within the subject's description and according to the researcher's intentional posture (MOREIRA, 2002); - Finally, to obtain the understanding of the researched phenomenon, analyses of the units of meaning were made through the thematic categories unveiled. These categories contain
image/svg+xmlHospital school care to adolescents with Chronic Renal Failure: The voice of usersTemas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.172069the essence of the phenomenon, which, in turn, means the processing of the subject's everyday language in scientific language. The study was carried out in the premises of a state public hospital in a medium-sized city in the countryside of the State of São Paulo. Regarding ethical aspects, the Research Project was first referred to the Research Ethics Committee of the Faculty of Philosophy, Sciences and Letters of Ribeirão Preto of the University of São Paulo and obtained a favorable opinion5, that is, approved by the committee. With the approval of the project, I contacted a professional appointed by the hospital and this made it possible to approach patients who could participate in the research in view of the objectives of the study and the criterion of being in treatment for at least five years. The participants of the research were, therefore, three student-patients (Anna Beatriz, Luiz Otávio and Bernardo6), aged 12 to 18 years, diagnosed with Chronic Renal Failure (IRC)7, and the parents of two of them. The following table shows the characteristic of these three participants, specifically regarding age, level of schooling and diagnosis of the disease: Table 1 - Age, level of schooling and diagnosis of the disease Participants Anna Beatriz Luiz Octavio Bernardo Age and year of schooling 17 years and 3rd year of high school 17 years and 3rd year of high school 14 years and 8th grade of elementary school Diagnosis and treatment (Transplant Period) Chronic Renal Failure - Hemodialysis and Transplantation (2012-2013) Chronic Renal Failure - Peritoneal Dialysis and Transplantation (2003 - 2006) Chronic Renal Failure - Hemodialysis and Transplantation (2003). *The adolescent has other diseases. Source: Prepared by the authors As a data collection procedure, the interview with the participants was used in order to understand their perceptions about the realization of the right to education during the hospitalization period. It is also emphasized that the collection happened during the second semester of 2017 and the experiences of hospital school care reported and reflected by the participants occurred in hospitalizations in the period from 2000 to 2017. 5Opinion of CEP No. 2,173,056. 6Fictitious names. 7Chronic Renal Failure IRC is a disease that affects the renal functions of the subject, that is, it is characterized by renal dysfunction, to different degrees, and may evolve to the renal failure disease (RIYUZO et al., 2003).
image/svg+xmlIsabella Maria Cruz FANTACINI; Lúcia Maria Santos TINÓS and Cristina Cinto Araujo PEDROSO Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.1720610Initially, the interviews were arranged with the three adolescents and, later, with the guardians of two of them, the father and mother of one and the mother of the other. The interview with the adolescents was based on the following semi-structured script: 1. Tell a little about you, your family and your routine; 2. Tell us which schools you have attended to date; 3. Tell us what it was like to study in these schools; 4. Tell me how your schooling was after the discovery of the chronic disease. To start, contact was made by telephone with the parents of the adolescents to explain the work and make the invitation to participate. Then, the invitation to the adolescents was also made and, from the acceptance, the first meeting was scheduled. In this first meeting with each of the adolescents, the data collection procedure was presented and the interview was re-interviewed. It is emphasized, again, that the analysis of the interviews, based on the phenomenological method (MARTINS; BICUDO, 2005), was carried out using in principle the units of meaning proposed by Moreira (2002) and Giorgi (1985), initially made only with adolescents, the need for a dialogue with parents was discovered to obtain greater detail of school trajectories. Thus, another telephone contact was made to invite them to participate in an association. The parents of two of the participants accepted (Anna Beatriz's mother and Luiz Otávio's parents), but Bernardo's parents did not, in view, the particular moment they were going through. The interview with the parents was guided by the following script if misstructured: 1. Tell a little about your child; 2. Tell us how was the process of discovery and treatment of chronic disease; 3. Tell them which schools your child attended and how he/she went to school. Why did they opt for the private network?; 4. How the school dealt with chronic disease in relation to adaptations, activities, contents, evaluations, etc.; 5. Tell us how your child's schooling process was with chronic disease. The interviews with the adolescents and their parents were recorded and, after it, transcribed by one of the researchers. Finally, it is worth mentioning that parents and/or guardians signed the Informed Consent Form, related to the participation of adolescents and their own participation, as well as, from the authorization of those responsible, the adolescents signed the Free and Informed Consent Term - TALE. Results and discussions Data analysis showed that the presence of hospital school care occurred in a punctual manner, according to the experiences lived by the three participants of this study. In addition, the study showed varied forms of organization and functioning.
image/svg+xmlHospital school care to adolescents with Chronic Renal Failure: The voice of usersTemas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.1720611Of the three participants, only Bernardo had care in the Hospital Class during hospitalization periods due to his comorbidities. He points out that the activities performed in the hospital were related to the work of the school, as can be seen in the speech below: "I've done a lot of activities related to what I’m doing in school [...]" (Bernardo).In view of this, This aspect of the experience is in line with the Law of Guidelines and Bases of National Education No. 9,394/1996 (BRASIL, 1996) and law no. 13,716 of September 24, 2018, which amends the current LDB (BRASIL, 1996) to ensure educational care for basic education students hospitalized for health treatment in hospital or home for a prolonged period (BRASIL, 2018). According to the document "Art. 4ºa. Educational care is ensured, during the hospitalization period, the basic education student hospitalized for health treatment in hospital or home for a prolonged period" (BRASIL, 2018, our translation). It should be clarified that this care by the hospital classes presupposes that the hospitalized student is enrolled in the regular school system (public or private). In addition, it turns only to those who are hospitalized. As previously stated, students in treatments that do not involve hospitalization are not considered public of hospital classes. However, some treatments require the student to be absent from school for several days a week, as is the case with hemodialysis in specialized nephrology services whose average duration is three to three hours, three times a week (BARBOSA; VALADARES, 2009). This is the case of Luiz Otávio and Anna Beatriz who, because they were not hospitalized for long periods, did not receive hospital school care, so it can be observed in their statements. "[... ] I had no follow-up outside of school [...]" (Anna Beatriz). "I don't think so." (Luiz Octavio). In addition, Luiz Otávio's manager reaffirms the non-provision of hospital school care and when returning to regular school the teacher struggled to work all the contents of the semester in which the student was away. "With nothing. Because then, it was when he came back in August that she gave everything he had to learn..." (Amanda). In this respect, we identified a serious problem in ensuring the right to education of these students. Even if they do not remain hospitalized in the hospital, they leave school on the days of the procedure, with this suffering considerable and systematic interruption of school
image/svg+xmlIsabella Maria Cruz FANTACINI; Lúcia Maria Santos TINÓS and Cristina Cinto Araujo PEDROSO Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.1720612activities with evident losses to school achievement. This problem worsens even more considering that the regular school teacher works alone and does not have assistants to help him recover the contents for these students on the days when they attend the school. In addition, these students have a very stressful routine of attendance to hospitals on several days of the week, including in many cases, commuting to other cities; therefore, receiving some care in the hospital could minimize the suffering routinely imposed on these children and adolescents. In the understanding of this study, students in this situation should be contemplated by hospital school care, as this would minimize the disadvantages experienced in the school trajectory. Anna Beatriz mentioned in her report that she received a care during the three weekly days of hemodialysis for a while, however, it was not hospital class care, but rather a volunteer work of a pedagogy student, as shown in the excerpts below: When I started doing hemodialysis that I was hospitalized, so I was more or less like this, had the school, then the teachers offered help, if also, when I was at a vacation (Anna Beatriz). There was, I don't know who it is[...] I don't know what college she does, if it was pedagogy anyway, but she called M., she even daughter of a colleague of my mother's, she was going to college at the time, and she was getting the research work, so she went to talk to Dr. I., and started visiting us, bringing something for us to do, talk about school, how i was, and she helped me a lot in that part, sometimes I had some difficulty doing something, she helped me, and just like all the other patients who did with me (Anna Beatriz). Although relevant, voluntary work, in this circumstance, does not guarantee the permanence of the service or the necessary relationship with the regular school for the link between the school curriculum and the work developed in the hospital. Reis (2017) states that hospital school care (hospital class) is part of formal education, has the potential to contribute to the continuity of schooling and to improve the possibilities of school dropout, or even student failure. In this sense, depending on the forms of organization, it may be directly related to the development and learning of the student-patient. According to the report of Luiz Otávio's mother, he, as a child, underwent a kidney transplant and never had care during post-transplant recovery. When she returned to regular school, the teacher created some conditions to recover and supply her absence during the semester and in which the transplant was done and favor the continuity of the year. In view of the above, it was clear that hospital school care is a very important service for children and adolescents who are in health care, because it strengthens their identity as students, ensures the learning process, as well as contributes to express their feelings and experiences within the hospital, as Gonçalves consider, Pacco and Pedrino (2019).
image/svg+xmlHospital school care to adolescents with Chronic Renal Failure: The voice of usersTemas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.1720613In this perspective, Albertoni (2014, p. 34, our translation) argues that By maintaining the rights of the child to education, the care provided in the hospital classes contributes to coping with the stress of hospitalization, thanks to the meaning and symbolic value of the school in the composition of the experiences of children and youth who, then rescued despite the condition of hospitalization, rebalance the psychic development of children and adolescents. Thus, the guarantee of the right to education in the hospital environment, in addition to contributing to the continuity of the schooling process, "[...] it is capable of reviving the student, weakened by the process of illness and treatment, leading him to seek healing, stimulated by the desire for continuity to life" (REIS, 2017, p. 94, our translation), that is, it helps in coping with the disease and all the challenges caused by the situation in which it finds itself. In the trajectories constructed, it was found, both in the reports of adolescents and those of their parents, that they do not recognize the continuity of school processes as a right in the case of students with chronic diseases, possibly because they are unaware of the laws that ensure the right to this care, which points to the lack of information and the need for dissemination of school services in hospital environments. In addition to this ignorance, who would be responsible for the patients and guardians on hospital classes? Trying to answer this question and reflecting on the importance of the link between the hospital class and the regular school student, in the understanding of this study the function of guiding them on this right, it would be up to the regular schools and the professionals responsible for the hospital classes. Melo and Cardoso (2007, p. 115, our translation) value the performance of hospital class teachers in this period. For such authors, The teacher enters as a link in the relationship between the child and the hospital environment, between the child and the family member, and, mainly, between the child/adolescent and the regular school, opportunistic interaction between these three institutions, contributing to the child/adolescent's adaptation to changes in their daily lives. Given these considerations, the bond established between the hospital teacher and the regular school teacher makes possible the interaction between the world that is outside the hospital and the hospital environment, thus benefiting the students, regarding the guarantee of curricular follow-up and preparation for returning to regular school at the appropriate time (BRASIL, 1994; REIS, 2017). Listening to the adolescents participating in this and their families gave room for recognizing how significant the bond between the teachers responsible for the hospital classes
image/svg+xmlIsabella Maria Cruz FANTACINI; Lúcia Maria Santos TINÓS and Cristina Cinto Araujo PEDROSO Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.1720614and the teachers of the regular school, especially for the qualified mediations with these students and their families, essential in the organization of care, in the school and in the hospital. This interaction between teachers can even avoid a possible disarticulation between these segments, besides providing conditions for the maintenance of the schooling process. Finally, in addition to the issues already discussed, it is worth mentioning that the three adolescents exposed in the interview their pertinent longings to schooling. Anna Beatriz expressed her claim to study medicine. My focus, my dream is medicine, I always wanted dentistry until the eighth grade, then I went to a trade fair and I saw that it was not what I wanted, it was not what I would like to do every day, then in my head when I started doing hemodialysis I saw that, so, I lost a lot of things because I went only twice a week at school, then Monday, Wednesday and Friday I had to go to the tertiary hospital in the region of Ribeirão Preto and there was no way I could go to school, then in my head I get into medicine was very ... A thing very distant, then I thought I'll do nursing because it is a very noble area too, and my focus is to help people [...] (Anna Beatriz). In view of the passage, it is observed that Anna Beatriz has the dream of being able to help people, just as she received the care of health and education professionals. In addition, he stressed the importance of education and continuation of his schooling, for having contributed to his life in some way, even with chronic disease. Luiz Otávio also revealed his dream of being chef, that is, he wanted to study gastronomy. "I'm looking to go to gastronomy college." (Luiz Octavio) Thus, your goal is to realize your professional dream. Because the transplant occurred when he was 6 years old, his literacy process occurred late; however, during his life, he had no greater complications regarding school experience. Bernardo mentioned that he would like to follow the branch of communication. "Maybe... Journalism." (Bernardo) "Or Economy, or politics... Political commentator." (Bernardo) It is noted that Bernardo does not have something specific to future plans, therefore, his plans are not considered unique and immutable. Due to the other diseases, at various times in his life, he had to move away from school routines, but, with the help of his family, friends, school and hospital school care, he continued his schooling process. Similar issues show that students, even living school processes marked by systematic and even prolonged interruptions, do not fail to dream of the prospect of following schooling to the most advanced levels of teaching.
image/svg+xmlHospital school care to adolescents with Chronic Renal Failure: The voice of usersTemas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.1720615Final considerations This study aimed to understand the perceptions of adolescents with chronic renal failure transplanted about hospital school visits. At first, it is worth noting the validity of studies that, like this one, prioritize the voice of users of educational services, since their perception is essential for the improvement of educational services and policies. In this case, the reports of the study participants initially showed the diversity of the experiences experienced. Therefore, the suggestion to bring up, in the results and discussions section, some excerpts from these reports, of these statements of the subjects. Only one of the three students interviewed was awarded the right to hospital school care. All three were treated in the same hospital due to the same pathology, Chronic Renal Failure. However, only the constant trips to the hospital for hemodialysis do not guarantee the right to hospital school care, even when this condition requires frequent and systematic absences from the regular school. This suggests, therefore, the review and improvement of policies related to the functioning and organization of hospital classes so that students who, although not subjected to hospitalizations for long periods, have the school trajectory interrupted by the treatments to which they are submitted as users. Although the legislation guarantees hospital school care to the student, the right to enjoy this service and to continue the scholar process during the removal from school is not known by them (students) or by their parents in the case of the participants of this study. This exposes the lack of guidance of users both by the regular school and by the hospital service itself. The study pointed out the importance of hospital school care both for the students' schooling and for the very constitution of the identity of these subjects as students, and above all, for the preservation of their educational expectations. In this sense, it was also verified that it is necessary to improve educational policies to ensure the interaction between the regular school and the hospital school service. We conclude this study, therefore, recognizing that there is still a way to go in order to safeguard the right of students to hospital school care. We also found that, in this process, there is a need for other studies that focus on the school experiences of these subjects and the needs of teachers, both from the regular school and from hospital care, thus seeking to improve public policies and practices performed in the hospital environment by teachers with their hospitalized students.
image/svg+xmlIsabella Maria Cruz FANTACINI; Lúcia Maria Santos TINÓS and Cristina Cinto Araujo PEDROSO Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.1720616REFERENCES ABREU, I. S. Qualidade de vida de crianças e adolescentes com insuficiência renal crônica em hemodiálise: Construção do Módulo Específico DISABKIDS. 2014. Tese (Doutorado em Ciências) Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, São Paulo, 2014. Available: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-07012015-145618/publico/ISABELLASCHROEDERABREU.pdf. Access: 27 Mar. 2021. ALBERTONI, L. C. A inclusão escolar de alunos com doenças crônicas: Professores e gestores dizem que... Curitiba, PR: Appris, 2014. ARAÚJO, C. C. A. C. A. Atendimento escolar em ambiente hospitalar: Um estudo de caso do estado de São Paulo. 2017. Dissertação (Mestrado em Administração Pública) Fundação João Pinheiro, Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho, Belo Horizonte, 2017. Available: https://tede.fjp.mg.gov.br/handle/tede/382#preview-link0. Access: 19 Aug. 2021. BARBOSA, G. S.; VALADARES, G. V. Hemodiálise: Estilo de vida e a adaptação do paciente. Acta Paulista de Enfermagem, v. 22, n. esp. 1, p. 524-527, 2009. Available: https://www.scielo.br/j/ape/a/khLYnRg5QMpXxjR9Dvx7pWF/abstract/?lang=pt. Access: 16 July 2021. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, 1988. Available: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Access: 11 Feb. 2020. BRASIL. Política Nacional de Educação Especial. Brasília, DF: MEC; SEESP, 1994. Available: https://midia.atp.usp.br/plc/plc0604/impressos/plc0604_aula04_AVA_Politica_1994.pdf. Access: 06 Apr. 2020. BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: Presidência da República, 1996. Available: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Access: 11 Feb. 2020. BRASIL. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília, DF: MEC; SEESP, 2001. Available: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/diretrizes.pdf. Access: 22 Feb. 2020. BRASIL. Classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar: Estratégias e orientações. Brasília, DF: MEC; SEESP, 2002. Available: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/livro9.pdf. Access: 14 Feb. 2020. BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, DF: MEC; SECADI, 2008. Available: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192. Access: 18 Feb. 2020.
image/svg+xmlHospital school care to adolescents with Chronic Renal Failure: The voice of usersTemas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.1720617BRASIL. Resolução n. 4, de 2 de outubro de 2009. Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial. Brasília, DF: MEC, 2009. Available: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_09.pdf. Access: 27 Apr. 2021. BRASIL. Lei n. 13.716, de 24 de setembro de 2018. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), para assegurar atendimento educacional ao aluno da educação básica internado para tratamento de saúde em regime hospitalar ou domiciliar por tempo prolongado. Brasília, DF: Presidência da República, 2018. Available: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13716.htm. Access: 12 Feb. 2020. BRASIL. Política Nacional de Educação Especial. Brasília, DF: MEC; SEESP, 1994. Available: https://midia.atp.usp.br/plc/plc0604/impressos/plc0604_aula04_AVA_Politica_1994.pdf. Access: 06 Apr. 2020. CARVALHO, L. S. S. A experiência de vida da criança com insuficiência renal crônica: Uma revisão integrativa. 2015. Monografia (Bacharelado em Enfermagem) Universidade de Brasília, Brasília, 2015. Available: https://bdm.unb.br/handle/10483/10691. Access: 27 Nov. 2021. CAVALCANTE, M. S. M.; GUIMARÃES, V. M. A.; ALMEIDA, S. E. S. Pedagogia hospitalar: Histórico, papel e mediação com atividades lúdicas. Enfope, Aracaju, v. 8, n. 1, p. 58-70, 2015. Available: https://pt.scribd.com/document/340046285/Pedagogia-Hospitalar-Historico-Papel-e-Mediacao-Com. Access: 11 Oct. 2021. CECCIM, R. B. Classe hospitalar: Encontros da educação e da saúde no ambiente hospitalar. Pátio, v. 3, n. 10, p. 41-44, 1999. Available: http://www.cerelepe.faced.ufba.br/arquivos/fotos/84/classehospitalarceccimpatio.pdf. Access: 15 Apr. 2021. COVIC, A. N. Atendimento pedagógico hospitalar: Convalidando uma experiência e sugerindo idéias para a formação de educadores. 2003. Dissertação (Mestrado em Educação) Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2003. Available: https://repositorio.pucsp.br/handle/handle/10029. Access: 13 May 2020. CURY, C. R. J. A educação básica como direito. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 38, n. 134, p. 293-303, maio/ago. 2008. Available: https://www.scielo.br/j/cp/a/QBBB9RrmKBx7MngxzBfWgcF/abstract/?lang=pt. Access: 10 Aug. 2020. FANTACINI, I. M. C. Trajetórias escolares de adolescentes com insuficiência renal crônica: Compreendendo processos de escolarização. 2018. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) Faculdade de Filosofia, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2018. FONSECA, E. S. Atendimento escolar no ambiente hospitalar. 2. ed. São Paulo: Memnon, 2008.
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image/svg+xmlIsabella Maria Cruz FANTACINI; Lúcia Maria Santos TINÓS and Cristina Cinto Araujo PEDROSO Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022 e-ISSN 2526-3471 DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.1720620How to refer to this article FANTACINI, I. M. C.; TINÓS, L. M. S.; PEDROSO, C. C. A. Hospital school care to adolescents with Chronic Renal Failure: The voice of users. Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 18, n. 00, e022018, 2022. e-ISSN 2526-3471. DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v18i00.17206 Submitted: 13/07/2022 Revisions required: 09/08/2022 Approved: 14/10/2022 Published: 30/11/2022 Processing and publication by the Editora Ibero-Americana de Educação. Correction, formatting, standardization and translation.