EDI
Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 19, n. 00, e023010, 2023. e-ISSN: 2526-3471
DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v19i00.17665 1
FISIOTERAPIA E A PROMOÇÃO DA SAÚDE: UMA SISTEMATIZAÇÃO DE
EXPERIÊNCIA COM ESCOLARES DO 4º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
FISIOTERAPIA Y PROMOCIÓN DE LA SALUD: UNA SISTEMATIZACIÓN DE LA
EXPERIENCIA CON ESTUDIANTES DEL CUARTO AÑO DE ESCUELA PRIMARIA
PHYSIOTHERAPY AND HEALTH PROMOTION: A SYSTEMATIZATION OF
EXPERIENCE WITH 4TH YEAR ELEMENTARY SCHOOLCHILDREN
Izis Fernanda de Oliveira POSSETTI1
e-mail: izis.oliveira@unesp.br
Marcelie Priscila de Oliveira ROSSO2
e-mail: marcelierosso@alumni.usp.br
Eliana Goldfarb CYRINO3
e-mail: eliana.goldfarb@unesp.br
Como referenciar este artigo:
POSSETTI, I. F. O.; CYRINO, E. G.; ROSSO, M. P. O.
Fisioterapia e a promoção da saúde: Uma sistematização de
experiência com escolares do 4º ano do ensino fundamental.
Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 19, n. 00, e023010,
2023. e-ISSN: 2526-3471. DOI:
https://doi.org/10.26673/tes.v19i00.17665
| Submetido em: 28/01/2023
| Revisões requeridas em: 13/09/2023
| Aprovado em: 22/10/2023
| Publicado em: 28/11/2023
Editores:
Profa. Dra. Luci Regina Muzzeti
Profa. Dra. Rosangela Sanches da Silveira Gileno
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Botucatu – SP – Brasil. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação
em Saúde Coletiva.
Universidade de São Paulo (USP), Bauru – SP – Brasil. Doutorado em Ciências, Biologia Oral (Anatomia).
Departamento Biologia Oral Anatomia.
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Botucatu – SP – Brasil. Professora Titular do Departamento de Saúde
Pública.
Fisioterapia e a promoção da saúde: Uma sistematização de experiência com escolares do 4º ano do ensino fundamental
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RESUMO: Alterações posturais e dor nas costas são problemas de saúde coletiva devido à alta
prevalência mundial. Assim, a promoção da saúde pode ser trabalhada com escolares,
integrando a atuação fisioterapeuta-escola. Buscou-se refletir sobre o conhecimento prévio dos
escolares sobre o tema e compreender sua prática, além de identificar, a partir dos diálogos, o
saber da experiência. Estudo qualitativo por sistematização de experiência com escolares do 4º
ano do ensino fundamental de uma escola do estado de São Paulo. Os dados foram verificados
por análise de conteúdo de Bardin e referencial teórico Jorge Larrosa Bondìa e Paulo Freire.
Foram aplicadas atividades lúdicas e rodas de conversas sobre hábitos saudáveis e autocuidado
da coluna. Identificou-se que os estudantes traziam conhecimento, mas nem sempre o
praticavam. A escuta mostrou que a escola e a família são fundamentais para a orientação das
práticas de cuidado e o fisioterapeuta deve se aproximar, para extrair dos diálogos, a realidade
vivida.
PALAVRAS-CHAVE: Escolares. Fisioterapia. Postura. Promoção da saúde.
RESUMEN: Los cambios posturales y el dolor de espalda son un problema de salud pública
debido a la alta prevalencia a nivel mundial. Así, la promoción de la salud puede dirigirse a
los escolares integrando la fisioterapia/escuela. Tuvo como objetivo analizar el conocimiento
previo de los escolares sobre el tema y comprender su práctica; identificar a partir de los
diálogos, el saber de la experiencia. Estudio cualitativo por sistematización de la experiencia
con alumnos del 4º año de una escuela primaria del Estado de São Paulo. Los datos fueron
verificados por el análisis de contenido de Bardin y marco teórico de Jorge Larrosa Bondìa y
Paulo Freire. Aplicamos actividades lúdicas y círculos de conversación sobre hábitos
saludables y autocuidado de la columna. Se identificó que los estudiantes traían conocimientos
previos, pero no siempre los practicaban. La audiencia mostró que la escuela y la familia son
esenciales para la orientación de las prácticas de cuidado y que el fisioterapeuta debe
acercarse para extraer de los diálogos, la realidad vivida.
PALABRAS CLAVE: Escolares. Fisioterapia. Postura. Promoción de la salud.
ABSTRACT: Postural changes and back pain are a public health problem due to the high
worldwide prevalence. Thus, integrating physiotherapy/school can address health promotion
to schoolchildren. It aimed to analyze the previous knowledge of schoolchildren about the
theme and understand their practice, in addition to identifying, from the dialogues, knowledge
from experience. Qualitative study by systematization of experience with students in the 4th
year of elementary school in a school in the State of São Paulo. Data were verified by Bardin's
content analysis and theoretical framework Jorge Larrosa Bondìa and Paulo Freire. We apply
playful activities and conversation circles about healthy habits and spine self-care. It was
identified that students brought knowledge but did not always practice it. Listening showed that
the school and the family are essential for the orientation to guide care practices, and the
physical therapist must approach to extract from the dialogues the experienced reality.
KEYWORDS: Schoolchildren. Physiotherapy. Posture. Health promotion.
Izis Fernanda de Oliveira POSSETTI, Eliana Goldfarb CYRINO e Marcelie Priscila de Oliveira ROSSO
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Introdução
O ambiente escolar, por todo seu contexto, tem um grande potencial para trabalhos que
têm por objetivo a Promoção da Saúde, sendo a aproximação das áreas da Saúde e Educação
uma estratégia fundamental para melhorar a qualidade de vida da população. Diante disso,
destacam-se dois importantes desafios: as práticas pedagógicas adotadas pelos profissionais de
saúde que entram nos espaços escolares e o compromisso da escola enquanto
formadora/disseminadora do conhecimento de práticas em saúde.
Os estudos voltados à área de cuidados com a coluna vertebral e postura, mostram-se,
por vezes, desconectados com as necessidades, conhecimentos prévios dos escolares e suas
potencialidades em cuidar do seu próprio corpo. É consenso que as ações em saúde que
acontecem nas escolas são importantes, mas precisam estar atreladas a realidade e condizentes
com as melhores práticas pedagógicas, buscando estratégias que saiam da superficialidade,
promovendo a saúde e elevando os indivíduos ao papel ativo no controle de suas condições de
saúde.
A escola é um local onde é possível ouvir as vozes das crianças e compreender a
realidade a partir das informações que elas trazem, somado ao fato que o ambiente escolar pode
influenciar nas posturas corporais dos escolares. Entende-se a importância das ações para
promoção da saúde neste ambiente, sendo necessária uma maior integração do trabalho dos
Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) com ações intersetoriais, com a participação de
fisioterapeutas atuando nessa fase de desenvolvimento de crianças e adolescentes.
Fundamentação teórica
Segundo Lima Filho et al. (2015, p. 52), a postura é uma “condição biomecânica em
que um corpo se encontra durante a execução de atividades”. Na literatura, identifica-se como
padrão qualitativo para postura, a presença de um equilíbrio osteomioarticular na posição
estática ou durante um movimento, gastando o mínimo de energia e garantindo que as estruturas
e a circulação permaneçam íntegras (LONGO, 2008; BACK; LIMA, 2009; BATISTÃO et al.,
2019).
Os maus hábitos posturais podem gerar uma sobrecarga nas estruturas de sustentação
do corpo, o que potencialmente desencadeia lesões no sistema musculoesquelético, causando
desconforto (PENHA et al., 2008; SOUZA JUNIOR et al., 2011) e desvios na postura com
fatores multideterminados (CALVO-MUÑOZ; GÓMEZ-CONESA; SÁNCHEZ-MECA, 2012;
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BUENO; RECH, 2013; VIDAL et al., 2013; NASCIMENTO; COSTA, 2015; NOLL et al.,
2016). A postura é uma manifestação do corpo que desenvolvemos, e a partir dessa perspectiva,
observa-se uma parte significativa da literatura com conceitos sem considerar que a postura é
influenciada por diversos fatores e, acima de tudo, que é intrínseca ao indivíduo (SOMEKAWA
et al., 2013). Cruz e Nunes (2012, p. 144) categorizam tais fatores relacionados ao físico,
psicossocial, estilo de vida e ambiente escolar.
Na escola, é possível identificar fatores que contribuem para o desenvolvimento de
possíveis alterações posturais. Nesta fase em que os escolares estão se desenvolvendo
fisicamente, a maneira como carregam suas mochilas, o tempo que permanecem sentados, a
forma como se levantam, escrevem e realizam outras atividades, além do tempo que
permanecem na escola, podem resultar em posturas incorretas, gerando repercussões
irreversíveis (BENINI; KAROLCZAK, 2010).
Na década de 20, as abordagens de saúde eram dominadas pelo higienismo, seguindo a
elite médica. Posteriormente, o movimento sanitarista, liderado por profissionais de saúde,
adotou uma abordagem mais horizontal, centrada na educação popular. Com a evolução do
Sistema Nacional de Saúde e o advento do Sistema Único de Saúde, surgiu uma nova
perspectiva de cuidado em saúde, enfocando a humanização e a promoção da saúde (CECCIM,
1992; VIEIRA, 2011). Embora algumas iniciativas de Promoção da Saúde em escolas já
estejam alinhadas com essa abordagem, muitas vezes permanecem desconexas, especialmente
para determinados grupos etários, como crianças com mais de 5 anos (CECCIM, 1992;
VIEIRA, 2011).
Concepções pedagógicas
Por meio de abordagens práticas metodológicas no ambiente escolar, busca-se além de
transmitir conhecimentos, também promover a capacidade de tomar decisões conscientes e
responsáveis em relação à própria saúde dos estudantes. Com o desenvolvimento dessa
pesquisa, entende-se a necessidade de aplicar as intervenções com práticas pautadas na
perspectiva dialógica de Paulo Freire.
Através da pedagogia crítica, Paulo Freire propõe uma relação dialógica e crítica entre
professor, estudante e sociedade. Essa abordagem promove uma educação problematizadora e
libertadora, em que a reflexão é transformada em ação prática. No entanto, programas
educativos no ambiente escolar não têm efeitos reais quando baseados em invasão cultural ou
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imposição. É necessário adotar uma abordagem participativa, que respeite a diversidade e
valorize a autonomia dos estudantes (FREIRE, 1987).
Outro autor que orientou essa pesquisa foi Jorge Larrosa Bondía, e ele traz a ideia da
experiência individual e a importância de atribuir sentido a essas vivências. Ele mostra que a
experiência não é apenas algo que nos acontece, mas é o ponto de partida para a construção do
nosso conhecimento e compreensão do mundo. Cada experiência é única e particular ao
indivíduo, carregando consigo um potencial transformador. É por meio da reflexão e
interpretação dessas experiências que somos capazes de atribuir significado e construir um
conhecimento pessoal e autêntico. Ao reconhecer a singularidade das vivências, somos
desafiados a valorizar a diversidade de perspectivas e a explorar as múltiplas camadas de
sentido que permeiam o tecido da existência humana (BONDÍA, 2002).
Em todo este contexto discorrido, surge a questão do trabalho: os estudantes sabem
sobre as questões posturais e como cuidar de sua própria coluna? Se sim, eles praticam? Para
tal, buscou-se desenvolver as práticas na perspectiva dialógica de Paulo Freire e, por meio dos
achados, discutir a relação entre “o saber e fazer” de Jorge Larrosa Bondìa.
Com isto, o objetivo deste artigo foi refletir sobre o conhecimento prévio de escolares
do 4º ano do ensino fundamental sobre a postura corporal e o cuidado com a coluna vertebral
antes da realização de intervenções sobre a temática. E a partir disso, identificar como esse
conhecimento se fazia na prática diária dos estudantes, ou seja, como o saber se fazia
experiência.
Método
Estudo qualitativo sob a técnica da sistematização de experiência, que se caracteriza por
se fazer através de uma interpretação crítica da experiência vivida, e com isto é possível refletir
e reformular o processo para colocá-lo em prática novamente. Por meio da sistematização, é
possível reconduzir o conhecimento e estabelecer novas estruturas para o conhecimento, tendo
como diferencial a vivência/prática como objeto de pesquisa, ou seja, o objetificado é vivo e
está em constante movimento (HOLLIDAY, 2006).
Seguiram-se as orientações para a sistematização em cinco momentos, de acordo com
Holliday (2006):
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A) Ponto de partida
Quem sistematiza a experiência sou eu, fisioterapeuta e pesquisadora, trazendo
vivências anteriores desde a graduação com trabalhos voltados aos cuidados posturais de
escolares e devido à importância desta temática para promoção da saúde, conduziu-se minha
dissertação. Participo desta pesquisa em todo processo de elaboração e execução, unindo o que
trazia com a nova experiência. Outro ponto a se destacar são os registros, que aqui utilizou-se
o diário de campo, sendo este elaborado imediatamente após cada intervenção.
B) As perguntas iniciais
O objetivo da sistematização e a escolha da experiência a se sistematizar são elaboradas.
Determinou-se como experiência a intervenção realizada em 10 encontros semanais, com
duração de 1 hora cada, com 22 escolares do 4º ano do ensino fundamental I, com faixa etária
entre 9 e 10 anos, de ambos os sexos, matriculados em uma escola municipal no interior do
estado de São Paulo em 2019, com aprovação da direção e secretaria municipal de educação.
Para escolha dos escolares dessa faixa etária, levou-se em consideração o fato de estarem
em processo de aprendizagem da leitura e escrita. Isso foi importante para que pudessem
expressar por escrito o que sabiam sobre os temas discutidos. A turma foi selecionada pela
diretora da escola e, para participar da pesquisa, foram estabelecidos critérios de inclusão, como
ser estudante do 4º ano do ensino fundamental I, ter entre 9 e 10 anos e ter a autorização dos
pais ou responsáveis.
A professora da turma acompanhou as intervenções de forma indireta, permanecendo
em sala de aula. Ao final das intervenções, foi realizada uma entrevista semiestruturada,
buscando identificar o que a professora reconhecia sobre a temática e como ela observava os
estudantes no dia a dia.
Como eixo da sistematização, conduzindo todo o processo, idealizou-se os “Cuidados
posturais de escolares, vislumbrando a autonomia a partir do que eles sabiam sobre o assunto e
buscando os porquês de aplicar ou não o conhecimento”.
C) Recuperação do processo vivido
Nesta etapa, buscou-se reconstruir a história e organizar as informações usando a
metodologia das Escolas Posturais, seguindo a abordagem educacional de Paulo Freire. Ela
destaca a importância de refletir sobre o que se aprendeu e colocar esse conhecimento em
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prática. Com esse processo, foi pretendida a promoção de uma educação participativa, em que
todos pudessem contribuir e aplicar o que foi aprendido.
A elaboração das intervenções se deu por meio de planos de aula com objetivos
propostos para cada intervenção, visando a ludicidade. Para cada encontro um tema diferente
foi abordado:
1. 22/08/2019: apresentação da pesquisa e observação da turma para as primeiras
percepções no diário de campo;
2. 30/08/2019: o que é saúde;
3. 05/09/2019: formação, desenvolvimento da coluna e suas principais funções; anatomia
do quadril e membros inferiores; principais lesões e desvios da coluna;
4. 12/09/2019: posturas em pé e sentado;
5. 19/09/2019: mochila (modelo, peso e transporte) e calçados adequados;
6. 26/09/2019: mobiliário escolar, levantamento de peso e transferência de objetos;
7. 03/10/2019: postura adequada na frente do computador/celular; forma correta de
caminhar, deitar/levantar da cama;
8. 10/10/2019: consciência corporal e atividade física;
9. 17/10/2019: revisão de conteúdo
10. 24/10/2019: aplicação do questionário pós-intervenção, feedback dos estudantes e
atividade lúdica de conclusão.
Durante as intervenções, foram realizadas atividades variadas, como brincadeiras,
trabalhos manuais, exercícios físicos e rodas de conversa, com o objetivo de resgatar a
experiência dos estudantes com a temática. Essas atividades proporcionaram aos estudantes a
prática e o aprendizado sobre posturas saudáveis no sentido de experienciar o saber.
D) A reflexão de fundo: por que aconteceu o que aconteceu?
Na fase mais importante da sistematização, buscou-se a interpretação crítica do processo
vivido por meio da análise do diário de campo, da entrevista com a professora e atividades com
os estudantes, utilizando a metodologia de análise de conteúdo temática de Bardin (BARDIN,
1977; MINAYO, 2016). Para esse momento, foi necessário percorrer uma série de etapas, tais
como: a pré-análise; exploração do material e tratamento dos
resultados/inferência/interpretação (BARDIN, 1977; MINAYO, 2016).
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Após a análise inicial de processamento dos dados e elaboração dos eixos temáticos,
foram desenvolvidas duas categorias temáticas: “O saber que traziam” e “O saber não é fazer”,
nas quais o diário de campo foi o documento norteador, e posteriormente houve a triangulação
de todos os materiais coletados.
As categorias foram desenvolvidas através das premissas dos referenciais teóricos
previamente estabelecidas, e por meio de inferências trazer as discussões e o diálogo entre a
interpretação dos dados e os autores, trazendo à luz os dados brutos para a discussão teórica
(BARDIN, 1977; MINAYO, 2016).
Nos trechos extraídos dos materiais, optou-se por substituir os nomes reais dos
envolvidos. A pesquisadora foi designada como Maria Eduarda, enquanto as crianças
receberam uma numeração (por exemplo, Criança 1, Criança 2...).
Além de refletir sobre as experiências individuais no processo de aprendizagem,
questionaram-se as intervenções e como elas ocorreram: houve mudança de objetivos? Como
as crianças interagiram? Houve mudanças no processo? Quais as principais dificuldades e
contradições encontradas nas falas das crianças, família e escola? Como se deu a relação entre
a fisioterapeuta, escolares e professora? Houve mudança de concepções dos envolvidos?
E) Os pontos de chegada
Voltou-se aos objetivos e formularam-se as conclusões, expressando as principais
respostas e os novos questionamentos que surgiram, sendo de fundamental importância a
comunicação das aprendizagens, sendo este artigo fruto desta intenção de compartilhar o
aprendizado com outras pessoas.
Aspectos Éticos
Esse artigo faz parte da dissertação realizada no Programa de Pós-Graduação em Saúde
Coletiva da Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP, durante o período de 2019-2020. O
estudo recebeu apoio financeiro da Pró-Reitoria de Pós-Graduação da UNESP e posteriormente
da CAPES. Todos os procedimentos realizados foram aprovados pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da FMB, UNESP, sob o número de protocolo CAAE: 10035219.9.0000.5411.
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Resultados e Discussões
A partir da leitura do material coletado, as análises de seus conteúdos revelaram sentidos
para a elaboração de duas categorias temáticas: “O saber que traziam” e “O saber não é fazer”.
O saber que traziam
A partir do diário de campo da pesquisadora e das atividades realizadas pelos escolares,
foi observado que eles já traziam conhecimento e experiências sobre o cuidado com a postura,
antes mesmo do contato com a intervenção. Por meio das estratégias adotadas, foi possível
reconhecer que os estudantes já tiveram contato prévio com muitas temáticas abordadas nesta
pesquisa, como, por exemplo, a anatomia da coluna e sua funcionalidade, e até mesmo possíveis
formas de se lesionar, assim como sua prevenção.
O que cada indivíduo traz de suas vivências e de seu contexto é muito importante, para
que através das trocas e da possibilidade de se expressar, eles possam praticar o exercício livre
e como prática de liberdade (FREIRE, 1987). Sendo assim, o educador precisa estabelecer
pontes de trocas, tornando o conteúdo acessível a todos e não objeto exclusivo de poucos.
Nesta perspectiva, identificou-se que na terceira intervenção, a temática desenvolvida
foi fazer com que os escolares expressassem o que sabiam sobre a coluna vertebral,
evidenciando que as crianças tinham conhecimento prévio, e por meio da metodologia adotada
eles se sentiram livres para conversar e trocar informações com os colegas, tornando o diálogo
fluido. Observa-se esta construção coletiva no trecho a seguir:
[...] fui introduzindo questões sobre a coluna e fui perguntando se eles
conheciam, o que era? Onde ficava? Pra que serve? E muito rapidamente já
veio as respostas. Queriam responder e mostrar que conheciam, sabiam até
sobre a existência das curvaturas e também sobre elas serem normais, uma
aluna comentou que parece um ‘U’ na lombar e na cervical (ela não sabia os
nomes, ela mostrou) e que invertia na região da torácica. Aí comentei com
eles os nomes das curvaturas, e eles já conheciam os nomes, mas não sabiam
apontar a localização (POSSETTI, 2021, p. 158-159).
Durante uma discussão sobre lesões na coluna, um dos tópicos abordados foi a hérnia
de disco. Foi notado que muitos participantes não tinham conhecimento sobre o assunto. Para
fornecer um melhor entendimento, utilizou-se um modelo da coluna lombar como recurso de
estudo. Foi possível identificar que conforme as informações foram sendo compartilhadas, os
estudantes começaram a fazer conexões e compreender os significados: “...mostrei na coluna o
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que acontece e o possível pinçamento do nervo, e questionei se eles sabiam como era a dor no
nervo, e não é que um aluno respondeu!!! Veio uma voz dizendo que era como formigar,
amortecer” (POSSETTI, 2021, p. 159).
Figura 1 – Intervenção sobre a Coluna Vertebral
Fonte: Acervo das autoras (2019)
No penúltimo dia, as crianças realizaram uma atividade de revisão de conteúdo e
responderam um questionário. A 3ª questão elaborada pela autora Possetti (2021, p. 66) era a
seguinte: “Você já sabia sobre algumas orientações, você aprendeu algo novo?”. Abaixo segue
a resposta de uma delas, mostrando a participação da família em sua formação dos
conhecimentos prévios sobre a postura:
Figura 2 – Resposta de um estudante
Fonte: Acervo das autoras (2019)
Paulo Freire (1987, p. 44) defende a educação libertadora, que transcende a dicotomia
entre educador e educando, estabelecendo um processo de aprendizagem bilateral, e se
posiciona da seguinte maneira, “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os
homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”. Aqui, é crucial compreender a
importância de valorizar e reconhecer a essência do outro não apenas por sua mera presença,
mas pela singularidade de quem ele é. Cada indivíduo traz vida aos conteúdos e contribuem
para extinguir a ideia de que o conhecimento pertence ou é digno de poucos (CYRINO, 2005).
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Silva et al. (2008, p. 1168) abordam a função da enfermagem na facilitação da interação
humana, o que pode ser aplicado à fisioterapia. Neste sentido, a relação de cuidado com o outro
se estende ao autocuidado: “A mão que toca é também tocada”. Esta aproximação pode e deve
ser desenvolvida por este profissional da saúde, pois desenvolvendo seu trabalho voltado ao
movimento e as funções do corpo, são capazes de contribuir para a promoção da saúde tanto
em nível individual quanto coletivo (PEREIRA NETO et al., 2016).
Na intervenção, foi proposto aos escolares que eles seriam “fisioterapeuta” por um dia
para realizar uma consulta com o colega avaliando sua postura sentada:
[...] voltamos para nossa roda e eles compartilharam o que viram e anotaram,
a maioria encontrou erros, como postura arcada, cabeça torta, sentada em cima
da perna, não utilização do apoio de pés, joelho encostando na parte de cima
da carteira, costas não encostando no apoio da cadeira (POSSETTI, 2021, p.
162).
Outra tarefa para eles como fisioterapeutas foi realizar uma análise ergonômica do
ambiente da sala de aula, registrando em uma folha os pontos positivos e negativos do
mobiliário escolar e em um trecho do diário de campo apareceu o resultado: “Outro ponto
positivo é o ferro para apoio dos pés, e quando apareceu esse item eu questionei se eles achavam
isso bom, e eles disseram que era bom para quem é pequeno […]” (POSSETTI, 2021, p. 168).
A proposta de atividade coloca as crianças no centro da discussão, estabelecendo uma
relação que geralmente não é encontrada na prática dos profissionais de saúde. Ao adentrarem
o ambiente escolar para promover a educação em saúde, esses profissionais muitas vezes se
esquecem que não são os únicos detentores do conhecimento. É fundamental reconhecer que as
crianças também possuem saberes e experiências valiosas e, ao incluí-las ativamente no
processo educativo, pode-se ampliar e enriquecer as perspectivas de saúde. Dessa forma, o
diálogo entre profissionais e crianças torna-se uma via de mão dupla, em que ambos aprendem
e contribuem mutuamente para a promoção da saúde, fortalecendo uma abordagem mais
inclusiva e participativa (FREIRE, 1987).
O Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) de 2008, extinto em 2020 e hoje
remontado como eMulti, se desenvolve com o intuito de fortalecer as atividades
multiprofissionais no campo da Atenção Primária em Saúde (BRASIL, 2023). O fisioterapeuta
faz parte desta equipe e o seu papel é fundamental para fomentar as discussões e potencializar
as atividades integradoras entre saúde e educação. Estas fortalecem as atividades nos territórios,
trazendo os indivíduos para perto das ações em saúde e favorecendo o papel protagonista dos
usuários com sua própria saúde (VITTA et al., 2012).
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Vendo este papel importante do fisioterapeuta nas intervenções, esse profissional pode
captar da realidade estudada e que as crianças sabiam sobre o peso ideal e a forma adequada de
carregar uma mochila nas costas.
Questionei se eles sabiam o que a gente tem que reparar na mochila além do
peso e um aluno respondeu que tinha que colocar as duas alças uma em cada
ombro, e eu perguntei o que mais? Outra aluna disse: “a minha fica lá embaixo
no bumbum”, então perguntei pra todos se estava correto, e eles disseram que
não, e um outro aluno quis mostrar como ele carregava. Ele mostrou e disse
que segurava na cordinha pra ficar bem juntinha das costas (POSSETTI, 2021,
p. 165).
Elas também mostraram que se deve agachar e dobrar os joelhos ao pegar objetos no
chão, evitando sobrecarregar a coluna. Além disso, conseguiram fazer conexões entre as
precauções no ambiente escolar e aplicá-las em outras situações, como distribuir a carga ao
carregar objetos nas mãos ou nas costas. Foi possível observar isto em outros dois trechos: “...
percebi que eles sabiam que a maneira correta de pegar objeto no chão seria agachando
(dobrando os joelhos), mas para pegar o objeto e transferir, eles não entendiam como deveria
ser feito […]” (POSSETTI, 2021, p. 168). “[…] uma aluna falou sobre carregar sacolas de
mercado, e questionei se eles sabiam carregar, e ela respondeu certinho que tinha que colocar
metade em cada mão […]” (POSSETTI, 2021, p. 171).
Com base nestes achados, identificou-se que inúmeros estudos têm evidenciado a
associação entre o peso, o tipo e a maneira de carregar uma mochila e o surgimento de dor
lombar. Além disso, tais fatores podem ocasionar modificações nas curvaturas naturais da
coluna vertebral, afetar o equilíbrio, a marcha e a posição em pé (VIDAL et al., 2013).
De acordo com o estudo realizado por Adeyemi et al. (2017), foi observada uma alta
prevalência de dor nas costas e alterações posturais em crianças associadas ao uso de mochilas
escolares. O volume da mochila teve um efeito direto e indireto nesses problemas. Na literatura,
recomenda-se que a carga da mochila não ultrapasse 10% a 20% do peso corporal, sendo que
um peso de 4 kg pode reduzir a altura do disco intervertebral L5-S1 em até 13%. Outro achado
é que a forma inadequada de carregar a mochila pode levar ao aumento da inclinação anterior
do tronco, ativação muscular excessiva e desvios posturais (SURI; SHOJAEI; BAZRGARI,
2020).
Em um estudo realizado na Espanha, envolvendo cerca de 5.000 estudantes, revelou a
relação entre dor nas costas e o peso das mochilas, mostrando que 65% deles estavam
carregando pesos acima do ideal (RODRÍGUEZ-OVIEDO et al., 2018). Na Polônia, um estudo
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realizado em 2016 conseguiu reduzir o peso das mochilas por meio de ações conjuntas com as
escolas (BRZEK; PLINTA, 2016). Fernandes et al. (2008, p. 450) defendem a necessidade de
orientar as crianças sobre o uso adequado das mochilas, e seu estudo no Brasil mostrou um
aumento significativo de crianças usando mochilas com duas alças, transporte bilateral e
redução do peso médio. Santos et al. (2017, p. 205) observaram que as crianças carregavam
suas mochilas de forma adequada, e esses resultados estão em consonância com outros estudos
que destacam o conhecimento prévio dos escolares sobre o assunto.
Apesar de existirem muitos estudos trazendo a mochila como “vilã”, há outras linhas de
estudo que questionam o excesso de foco na mochila escolar, sendo uma questão ainda muito
controversa e que precisa ser elucidada (BARBOSA; VIDAL; TAMBELLINI, 2006; VIEIRA,
2011; BUENO; RECH, 2013). Segundo Barbosa, Vidal e Tambellini (2006, p. 245), é
importante debater não apenas a redução do peso das mochilas. No entanto, destacam que o
tempo prolongado em uma posição sentada tem uma influência ainda maior e ressaltam a
importância de abordar esse aspecto para promover uma saúde postural dos escolares.
Na presente pesquisa, adotou-se o movimento como uma forma de autoconhecimento,
independência e prevenção e, ao realizar uma prática de alongamento, os estudantes
demonstraram ter conhecimento sobre uma movimentação simples para o dia a dia:
Queria saber se eles conheciam alguns alongamentos, então ficamos em pé e
um por vez foi mostrando o que sabia e mais uma vez me surpreenderam, pois
eles sabiam vários alongamentos, alguns mostraram fortalecimento, aí
expliquei a diferença entre os dois e que hoje a proposta era alongamento
(POSSETTI, 2021, p. 175).
Os estudantes mostraram conhecer muitos movimentos que auxiliam no autocuidado
com o corpo. Identificou-se que poucos estudos destacam a permanência por tempo prolongado
na posição sentada como danosa, podendo interferir na estrutura corporal. É importante ressaltar
que os estudantes são submetidos a essa postura como resultado do sistema tradicional de
ensino, o qual restringe sua mobilidade e impõe uma postura corporal padronizada e estática
(BARBOSA; VIDAL; TAMBELLINI, 2006; VIEIRA, 2011; BUENO; RECH, 2013).
No contexto da cultura escolar imposta, Michel Foucault levanta discussões intrigantes
sobre o Biopoder, que se refere ao exercício de poder sobre a vida como um meio de governar
(AZEVEDO; RODRIGUES, 2018). Contudo, quando se trata da responsabilização dos
estudantes por suas ações em relação à saúde, surge a necessidade de que eles se conheçam
verdadeiramente, promovendo a troca de experiências. Infelizmente, muitas vezes as normas
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estabelecidas pela educação postural carecem do empoderamento dos sujeitos, o que impede
que eles percebam seus próprios limites (SOMEKAWA et al., 2013). Diante dessa realidade,
foi questionado: Como podemos desafiar esse sistema de controle e criar um ambiente que
permita aos estudantes descobrir seu potencial e capacidade de “autogestão” em relação à
saúde?
O saber não é fazer
Esta categoria temática reflete o que os escolares expressavam como experiências
prévias, mas a repetição diária não acontecia, não fazia sentido ou ainda não foi incorporada.
Sendo assim, os profissionais da saúde no ambiente escolar precisam levantar questionamentos
acerca do que os escolares trazem consigo. Muitas vezes, esses profissionais partem do
pressuposto de que as crianças possuem pouco conhecimento sobre os temas abordados e
esperam que, por meio de suas intervenções, consigam modificar o comportamento delas.
Entretanto, é importante repensar essa abordagem, valorizando outros saberes e considerando
outras perspectivas que permitam uma verdadeira transformação.
Em um trecho do diário de campo, observa-se a aproximação do fisioterapeuta com os
escolares quando eles se sentiram seguros ao se expressarem, mesmo sabendo que não se
sentavam “corretamente”, contaram suas histórias e as motivações foram aparecendo,
colocando à luz um dado importante referente ao sentar prolongadamente, mesmo sendo de
maneira adequada, causa dor e desconforto:
[...] questionei se eles sabiam a forma correta de sentar, até imaginei que sim,
porque responderam corretamente no questionário, e realmente sabiam, mas
então veio a grande questão: “vocês fazem correto?”. A maioria respondeu
que não, e teve uma frase que me chamou atenção: “é difícil ficar com a
postura correta, dói” (POSSETTI, 2021, p. 161).
No sistema educacional tradicional, certos comportamentos motores são normatizados,
como a postura sentada por tempo prolongado (BARBOSA; VIDAL; TAMBELLINI, 2006).
No entanto, Drzaƚ-grabiec et al. (2015, p. 855) revelam uma correlação entre dor nas costas e o
tempo prolongado na posição sentada, resultando em possíveis problemas futuros, como
protusões discais. Além disso, pode acarretar efeitos imediatos, como contraturas musculares,
irritação dos nervos e diminuição da circulação sanguínea, que, por sua vez, podem causar dor
e desconforto no pescoço, membros inferiores, além de edema nos pés e tornozelos (ZAPATER
et al., 2004).
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A lombar possui uma curvatura fisiológica que é alterada quando nos sentamos,
levando-a para uma posição de neutralidade, gerando estresse, aumento da atividade reflexiva
e da contração muscular, resultando em fadiga, com desencadeamento de um ciclo vicioso
(FETTWEIS et al., 2018).
Sim, a “postura correta dói”! A fala da criança traz um aspecto simples de se observar,
mas que pouco é levado em consideração quando trabalhos de educação postural são
desenvolvidos com escolares. Quando abordada a temática que envolve o corpo, entende-se que
ele é dinâmico e que possui suas necessidades. Portanto, é insuficiente apresentar o certo a se
fazer, é necessário que as ações sejam precisas, e que o movimento aconteça, por meio de
atividades físicas, assim como uma melhor dinâmica diária escolar, havendo a necessidade de
um projeto em que o profissional de saúde possa atuar diretamente com a promoção da saúde
aproximando toda comunidade escolar (VIEIRA, 2011). Em mais um trecho do diário, a
pesquisadora mostra a realidade destes escolares: “[…] apesar da baguncinha no final, foi muito
bacana, principalmente as análises feitas por eles da postura correta. Percebi que realmente eles
sabem sobre o assunto, mas não praticam” (POSSETTI, 2021, p. 163).
Através do exposto, é necessário contemplar o saber, entender os conceitos e como ele
se dá. O conhecimento é tecido nas tramas do cotidiano, entrelaçando-se nos diferentes espaços
que habitamos. Das famílias aos círculos escolares, das jornadas laborais aos tantos outros
cenários, o saber floresce em meio às interações humanas. Estaríamos descartando o
conhecimento do profissional? Não, aqui discute-se o papel mediador, a intenção é
problematizar a atuação do profissional e como ele acessa os indivíduos, tornando o vivido em
real experiência (CYRINO, 2005).
Para que o saber se converta em sabedoria experiencial, é necessária uma abertura para
os acontecimentos, um espaço capaz de revelar a singularidade, a subjetividade do indivíduo
que existe em cada um de nós. Portanto, além da prática, é preciso cultivar um ambiente
propício que permita a interação entre o saber adquirido e a vivência pessoal, potencializando
a assimilação e a internalização do conhecimento (BONDÍA, 2002).
Durante a entrevista com a professora, identificou-se que os alunos não se sentavam
corretamente, além de expressar preocupação e atitudes de cobrança para uma melhora do
posicionamento dos estudantes:
Entrevistadora: Você consegue observar se as crianças ficam na sala com a
postura adequada? Professora: Não, eles não ficam com a postura adequada,
até assim, antes mesmo da Maria Eduarda vir né, a gente desde o começo do
ano eu já pegava no pé deles com relação à postura, mas eles não têm boa
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postura, eles sentam em cima da perna. Principalmente as crianças que ficam
encostadas na parede, sabe, que sentam nas carteiras próximas a parede, eles
encostam, ficam virados de lado, assim, deixa a mesa longe da cadeira, então
assim, o tempo todo eu estou chamando atenção das crianças com relação a
isso, mas eles não têm boa postura não (POSSETTI, 2021, p. 73).
No exercício do poder político, observou-se o controle sobre as condutas individuais,
influenciando diretamente as relações e o ambiente em que vivemos. Essa dinâmica também se
reflete no contexto escolar, onde resquícios das práticas higienistas do século XIX ainda se
fazem presentes (AZEVEDO; RODRIGUES, 2018). Nesse cenário, é comum que pais,
professores e demais profissionais adotem abordagens normativas e prescritivas, ditando como
os indivíduos devem se comportar. Expressões como “pegar no pé”, “puxar a orelha” ou até
mesmo exigir que alguém “sente direito” são reflexos deste perfil controlador, que desconsidera
a complexidade que envolve as questões posturais, negligenciando a importância da
flexibilidade e do movimento para a manutenção da saúde (SOMEKAWA et al., 2013).
Além do exposto acima, existem situações que mexem com o imaginário
infanto/juvenil, fazendo com que os estudantes adotem algumas práticas. Durante as rodas de
conversa foi possível identificar, como já mencionado, que os escolares carregavam um excesso
de material na mochila, inclusive de objetivos dispensáveis, mas gostavam desta prática,
principalmente as meninas, que expressaram ter o hábito de colorir os cadernos e precisavam
de material para isto:
Perguntei se eles achavam que tinham coisas na mochila que eles não
precisavam, veio aquele grande “SIMM”, e vários alunos se manifestaram
contando que levavam mais de uma borracha, ou muitas canetas coloridas para
deixar o caderno bonito. A professora também se manifestou, dizendo que eles
levavam um monte de “cacareco”. Perguntei se eles achavam que precisava
mudar isso, reduzir o peso da mochila, e se seria possível. Sinceramente, senti
que eles não gostariam de mudar esse hábito, principalmente as meninas, que,
pela nossa conversa, levavam maior quantidade de material. Uma aluna fez
um comentário com os olhinhos brilhantes: “tenho tantas canetas lindas, como
vou deixar em casa?” (POSSETTI, 2021, p. 164).
Ainda sobre o excesso de peso na mochila: “... o que eu tinha no momento era que os
alunos sabiam que tinham a mochila pesada, e a questão era eles estão dispostos a mudar?
(POSSETTI, 2021, p. 164).
Imersos nesse contexto em que as crianças carregam excesso de material e enfrentam
uma realidade que transcende o simples cuidado com seus corpos, as reflexões de Theodor
Adorno trazem à tona questões profundas sobre os indivíduos que são dominados e oprimidos
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pelos pilares da sociedade, disseminados pela publicidade e pelos bens de consumo que visam
à massificação. De maneira sutil, esses valores se infiltram na mente das pessoas, que, iludidas
pela aparência de liberdade de escolha, tornam-se objetos submissos dessa opressão psicológica
(FIANCO, 2010). Assim, os sujeitos passam pelas experiências sem serem verdadeiramente
tocados por elas, como se as vivenciassem de forma despersonalizada, como meras mercadorias
a serem comercializadas (LARROSA, 2003).
No intuito de compreender como estava sendo a experiência da intervenção para os
escolares e a relação desta com o dia a dia deles, eles expressaram sua dificuldade em se adaptar
às questões posturais nas atividades diárias, revelando a necessidade de serem lembrados e
orientados por alguém. Foi possível identificar nos trechos retirados do questionário preenchido
por eles: “Lenbri que todo mundo tem que sentar com postura. E Tambêm não passa pela
postura eu só lembre quando alguêm me carrige (Criança 8)”; e “Está sendo muito legal. Mas
difícil me acostuma” (Criança 13). Eu esqueço em casa sobre a coluna (Criança 21)”
(POSSETTI, 2021, p. 74).
A experiência transcende a mera objetificação e não pode ser reduzida a um simples
experimento. O conhecimento não se limita à informação, pois sua verdadeira essência está em
ressoar com quem somos e com o que vivenciamos (BONDÍA, 2002). A postura corporal é uma
expressão do nosso desenvolvimento ao longo da vida, e os profissionais de saúde têm a
responsabilidade de promover um trabalho que empodere e conceda autonomia aos indivíduos
no cuidado de seus corpos, reconhecendo as influências históricas e as determinações sociais
envolvidas (SOMEKAWA et al., 2013).
Considerações finais
Com esse trabalho, foi possível aproximar a pesquisa ao objeto de estudo, sendo os
escolares o eixo que escolhemos seguir. A escuta foi o principal meio de se conectar e explorar
as vozes que levantaram importantes reflexões, determinando a forma como se daria cada etapa
das intervenções.
As crianças, através de suas falas e atitudes, mostraram que sabiam muito sobre como
cuidar de sua postura e de toda estrutura corporal, mas, na prática, não faziam. Porém, foi
evidenciado que o conhecimento adquirido até o momento não se traduzia em experiência
vivida, sendo que, ao mesmo tempo, vários fatores externos exerciam influência negativa no
autocuidado.
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No ambiente escolar, as práticas de saúde destinadas às crianças e adolescentes
desempenham um papel crucial ao articular diversos setores e promover o empoderamento dos
sujeitos. Nesse sentido, é fundamental repensar o modelo biomédico tradicional, que ainda
permeia a atuação de muitos profissionais de saúde, e buscar abordagens que valorizem a
colaboração e a transformação.
A experiência vivida na prática desta pesquisa fez com que eu, pesquisadora e
fisioterapeuta, saísse do meu ambiente habitual. Oportunizou ir ao encontro e conhecer a
realidade das crianças para além dos conhecimentos trazidos nos livros e artigos. O que elas
sabiam e suas experiências passaram a ser parte do saber de minhas experiências, pois a cada
intervenção, novos conhecimentos acerca daquela realidade se integravam à minha pesquisa.
Os vínculos também foram criados, a escuta proporcionou momentos que as informações
fossem sendo expostas de forma facilitada e natural.
Esse encontro proporcionou, também, enxergar o quanto é desafiador o trabalho com
escolares e questionar: Por que o fisioterapeuta não está na escola? Onde está o fisioterapeuta
promotor de saúde? Como ampliar os olhares para além do profissional que reabilita, mas que
também contribui e muito para prevenção e promoção da saúde na atenção primária?
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Izis Fernanda de Oliveira POSSETTI, Eliana Goldfarb CYRINO e Marcelie Priscila de Oliveira ROSSO
Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 19, n. 00, e023010, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v19i00.17665 23
CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Gostaria de agradecer ao meu amor, Leonardo Borghi Possetti, por todo
apoio e carinho dedicado a mim. Também reforço meu agradecimento a minha orientadora
Eliana Goldfarb Cyrino e minha amiga e parceira Marcelie Priscila de O. Rosso que esteve
presente, carinhosamente, na construção deste trabalho.
Financiamento: O presente trabalho foi realizado com apoio financeiro da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) e da Pró-Reitoria de Pós-
Graduação da Universidade Estadual Paulista (UNESP).
Conflitos de interesse: Não há conflito de interesses.
Aprovação ética: Este artigo é parte da dissertação desenvolvida no Programa de Pós-
Graduação em Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP (2019-
2020). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FMB, UNESP. CAAE:
10035219.9.0000.5411.
Disponibilidade de dados e material: Os dados e materiais utilizados no trabalho estão
disponíveis para acesso no repositório institucional da Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) - Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB).
Contribuições dos autores: Este estudo se origina da dissertação da autora principal, Izis
Fernanda de Oliveira Possetti, que contribuiu na elaboração do projeto de pesquisa,
pesquisa de campo, elaboração de diário de campo, análise e interpretação dos dados,
levantamento bibliográfico e redação do texto. Declaro, também, que as demais autoras,
Eliana Goldfarb Cyrino, como orientadora da pesquisa, participou de toda construção
deste artigo e Marcelie Priscila de Oliveira Rosso, contribuiu na revisão da redação e
normas, além da interpretação dos dados.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
EDI
Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 19, n. 00, e023010, 2023. e-ISSN: 2526-3471
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PHYSIOTHERAPY AND HEALTH PROMOTION: A SYSTEMATIZATION OF
EXPERIENCE WITH 4TH YEAR ELEMENTARY SCHOOLCHILDREN
FISIOTERAPIA E A PROMOÇÃO DA SAÚDE: UMA SISTEMATIZAÇÃO DE
EXPERIÊNCIA COM ESCOLARES DO 4º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
FISIOTERAPIA Y PROMOCIÓN DE LA SALUD: UNA SISTEMATIZACIÓN DE LA
EXPERIENCIA CON ESTUDIANTES DEL CUARTO AÑO DE ESCUELA PRIMARIA
Izis Fernanda de Oliveira POSSETTI1
e-mail: izis.oliveira@unesp.br
Marcelie Priscila de Oliveira ROSSO2
e-mail: marcelierosso@alumni.usp.br
Eliana Goldfarb CYRINO3
e-mail: eliana.goldfarb@unesp.br
How to reference this paper:
POSSETTI, I. F. O.; CYRINO, E. G.; ROSSO, M. P. O.
Physiotherapy and health promotion: A systematization of
experience with 4th year elementary schoolchildren. Temas
em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 19, n. 00, e023010, 2023.
e-ISSN: 2526-3471. DOI:
https://doi.org/10.26673/tes.v19i00.17665
| Submitted: 28/01/2023
| Revisions required: 13/09/2023
| Approved: 22/10/2023
| Published: 28/11/2023
Editors:
Prof. Dr. Luci Regina Muzzeti
Prof. Dr. Rosangela Sanches da Silveira Gileno
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
São Paulo State University (UNESP), Botucatu – SP – Brazil. Doctoral student in the Postgraduate Program in
Public Health.
University of São Paulo (USP), Bauru – SP –Brazil. Doctorate in Sciences, Oral Biology (Anatomy). Department
Oral Biology Anatomy.
São Paulo State University (UNESP), Botucatu – SP – Brazil. Full Professor at the Department of Public Health.
Physiotherapy and health promotion: A systematization of experience with 4th year elementary schoolchildren
Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 19, n. 00, e023010, 2023. e-ISSN: 2526-3471
DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v19i00.17665 2
ABSTRACT: Postural changes and back pain are a public health problem due to the high
worldwide prevalence. Thus, integrating physiotherapy/school can address health promotion to
schoolchildren. It aimed to analyze the previous knowledge of schoolchildren about the theme
and understand their practice, in addition to identifying, from the dialogues, knowledge from
experience. Qualitative study by systematization of experience with students in the 4th year of
elementary school in a school in the State of São Paulo. Data were verified by Bardin's content
analysis and theoretical framework Jorge Larrosa Bondìa and Paulo Freire. We apply playful
activities and conversation circles about healthy habits and spine self-care. It was identified that
students brought knowledge but did not always practice it. Listening showed that the school
and the family are essential for the orientation to guide care practices, and the physical therapist
must approach to extract from the dialogues the experienced reality.
KEYWORDS: Schoolchildren. Physiotherapy. Posture. Health promotion.
RESUMO: Alterações posturais e dor nas costas são problemas de saúde coletiva devido à
alta prevalência mundial. Assim, a promoção da saúde pode ser trabalhada com escolares,
integrando a atuação fisioterapeuta-escola. Buscou-se refletir sobre o conhecimento prévio
dos escolares sobre o tema e compreender sua prática, além de identificar, a partir dos
diálogos, o saber da experiência. Estudo qualitativo por sistematização de experiência com
escolares do 4º ano do ensino fundamental de uma escola do estado de São Paulo. Os dados
foram verificados por análise de conteúdo de Bardin e referencial teórico Jorge Larrosa
Bondìa e Paulo Freire. Foram aplicadas atividades lúdicas e rodas de conversas sobre hábitos
saudáveis e autocuidado da coluna. Identificou-se que os estudantes traziam conhecimento,
mas nem sempre o praticavam. A escuta mostrou que a escola e a família são fundamentais
para a orientação das práticas de cuidado e o fisioterapeuta deve se aproximar, para extrair
dos diálogos, a realidade vivida.
PALAVRAS-CHAVE: Escolares. Fisioterapia. Postura. Promoção da saúde.
RESUMEN: Los cambios posturales y el dolor de espalda son un problema de salud pública
debido a la alta prevalencia a nivel mundial. Así, la promoción de la salud puede dirigirse a
los escolares integrando la fisioterapia/escuela. Tuvo como objetivo analizar el conocimiento
previo de los escolares sobre el tema y comprender su práctica y identificar a partir de los
diálogos, el saber de la experiencia. Estudio cualitativo por sistematización de la experiencia
con alumnos del 4º año de una escuela primaria del Estado de São Paulo. Los datos fueron
verificados por el análisis de contenido de Bardin y marco teórico de Jorge Larrosa Bondìa y
Paulo Freire. Aplicamos actividades lúdicas y círculos de conversación sobre hábitos
saludables y autocuidado de la columna. Se identificó que los estudiantes traían conocimientos
previos, pero no siempre los practicaban. La audiencia mostró que la escuela y la familia son
esenciales para la orientación de las prácticas de cuidado y que el fisioterapeuta debe
acercarse para extraer de los diálogos, la realidad vivida.
PALABRAS CLAVE: Escolares. Fisioterapia. Postura. Promoción de la salud.
Izis Fernanda de Oliveira POSSETTI, Eliana Goldfarb CYRINO and Marcelie Priscila de Oliveira ROSSO
Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 19, n. 00, e023010, 2023. e-ISSN: 1519-9029
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Introduction
The school environment, throughout its context, has great potential for work aimed at
Health Promotion, with the bringing together of the areas of Health and Education being a
fundamental strategy for improving the population’s quality of life. In view of this, two
important challenges stand out: the pedagogical practices adopted by health professionals who
enter school spaces and the school’s commitment as a trainer/disseminator of knowledge about
health practices.
Studies focused on the area of care for the spine and posture sometimes appear
disconnected from students' needs and prior knowledge and their potential to take care of their
bodies. There is a consensus that health actions that take place in schools are important, but
they need to be linked to reality and consistent with the best pedagogical practices, seeking
strategies that go beyond superficiality, promoting health, and elevating individuals to an active
role in controlling their health conditions.
A school is a place where we can hear children’s voices and understand reality based on
the information they bring, in addition to the fact that the school environment can influence
students’ body postures. We understand the importance of actions to promote health in this
environment, requiring greater integration of the Family Health Support Centers (NASF) work
with intersectoral actions, with the participation of physiotherapists working in this phase of
development of children and adolescents.
Theoretical foundation
According to Lima Filho et al. (2015, p. 52, our translation), posture is a “biomechanical
condition in which a body finds itself during the execution of activities”. In the literature, the
presence of osteoarticular balance in a static position or during a movement is identified as a
qualitative standard for posture, using minimal energy and ensuring that structures and
circulation remain intact (LONGO, 2008; BACK; LIMA, 2009; BATISTÃO et al., 2019).
Bad postural habits can generate an overload on the body's support structures, which
potentially triggers injuries to the musculoskeletal system, causing discomfort (PENHA et al.,
2008; SOUZA JUNIOR et al., 2011) and deviations in posture with multi-determined factors
(CALVO-MUÑOZ; GÓMEZ-CONESA; SÁNCHEZ-MECA, 2012; BUENO; RECH, 2013;
VIDAL et al., 2013; NASCIMENTO; COSTA, 2015; NOLL et al., 2016). Posture is a
manifestation of the body that we develop, and from this perspective, a significant part of the
Physiotherapy and health promotion: A systematization of experience with 4th year elementary schoolchildren
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literature is observed with concepts without considering that posture is influenced by several
factors and, above all, that it is intrinsic to the individual (SOMEKAWA et al., 2013). Cruz and
Nunes (2012, p. 144) categorize such factors as related to physical, psychosocial, lifestyle and
school environment.
At school, it is possible to identify factors that contribute to the development of possible
postural changes. At this stage when students are developing physically, the way they carry
their backpacks, the time they remain seated, the way they stand up, write and carry out other
activities, in addition to the time they remain at school, can result in incorrect postures,
generating irreversible repercussions (BENINI; KAROLCZAK, 2010).
In the 1920s, health approaches were dominated by hygiene, following the medical elite.
Later, the health movement, led by health professionals, adopted a more horizontal approach,
centered on popular education. With the evolution of the National Health System and the advent
of the Unified Health System, a new perspective of health care emerged, focusing on
humanization and health promotion (CECCIM, 1992; VIEIRA, 2011). Although some Health
Promotion initiatives in schools are already aligned with this approach, they often remain
disconnected, especially for certain age groups, such as children over 5 years old (CECCIM,
1992; VIEIRA, 2011).
Pedagogical conceptions
Through practical methodological approaches in the school environment, we seek not
only to transmit knowledge, but also to promote the ability to make conscious and responsible
decisions in relation to students' own health. With the development of this research, we
understand the need to apply interventions with practices based on Paulo Freire's dialogical
perspective.
Through critical pedagogy, Paulo Freire proposes a dialogical and critical relationship
between teacher, student and society. This approach promotes a problematizing and liberating
education, in which reflection is transformed into practical action. However, educational
programs in the school environment have no real effects when based on cultural invasion or
imposition. It is necessary to adopt a participatory approach, which respects diversity and values
student autonomy (FREIRE, 1987).
Another author who guided us in this research was Jorge Larrosa Bondía, and he brings
the idea of individual experience and the importance of attributing meaning to these
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experiences. He shows us that experience is not just something that happens to us but is the
starting point for building our knowledge and understanding of the world. Each experience is
unique and particular to the individual, carrying with it transformative potential. It is through
reflection and interpretation of these experiences that we can attribute meaning and build
personal and authentic knowledge. By recognizing the uniqueness of experiences, we are
challenged to value the diversity of perspectives and explore the multiple layers of meaning
that permeate the fabric of human existence (BONDÍA, 2002).
In this entire context, the question of our work arises: do students know about postural
issues and how to take care of their spine? If so, do they practice it? To this end, we sought to
develop practices from Paulo Freire’s dialogic perspective and, through the findings, discuss
the relationship between “knowledge and doing” by Jorge Larrosa Bondìa.
Therefore, the objective of this article was to reflect on the prior knowledge of students
in the 4th year of elementary school about body posture and care of the spine before carrying
out interventions on the subject. From this, identify how this knowledge was created in students'
daily practice, that is, how knowledge was created through experience.
Method
The qualitative study uses the technique of systematization of experience, which is
characterized by being conducted through a critical interpretation of the lived experience, and
with this, it is possible to reflect and reformulate the process to put it into practice again.
Through systematization, it is possible to reconduct knowledge and establish new structures for
knowledge, with the difference being experience/practice as the object of research, i.e., the
objectified is alive and in constant movement (HOLLIDAY, 2006).
The guidelines for systematization were followed in five moments, according to
Holliday (2006):
A) Starting point
I am the one who systematizes the experience, a physiotherapist and researcher bringing
previous experiences since graduation with work focused on postural care for schoolchildren,
and due to the importance of this topic for health promotion, my dissertation was conducted. I
participated in this research throughout the elaboration and execution process, combining what
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I brought with the new experience. Another point to highlight is the records, which used the
field diary and were prepared immediately after each intervention.
B) The initial questions
The objective of systematization and the choice of experience to be systematized are
elaborated. The experience was determined to be the intervention carried out in 10 weekly
meetings, lasting 1 hour each, with 22 students in the 4th year of elementary school I, aged
between 9 and 10 years old, of both sexes, enrolled in a municipal school in the interior of the
state of São Paulo in 2019, with approval from the management and municipal education
department.
When choosing students in this age group, the fact that they were in the process of
learning to read and write was taken into consideration. This was important so that they could
express in writing what they knew about the topics discussed. The class was selected by the
school director and to participate in the research, inclusion criteria were established, such as
being a student in the 4th year of elementary school I, being between 9 and 10 years old, and
having the authorization of parents or guardians.
The class teacher monitored the interventions indirectly, remaining in the classroom. At
the end of the interventions, a semi-structured interview was carried out, seeking to identify
what the teacher recognized about the topic and how she observed the students on a daily basis.
As the axis of systematization, leads the entire process, “Postural care for schoolchildren
was conceived, envisioning autonomy based on what they knew about the subject and seeking
the reasons for applying or not applying the knowledge”.
C) Recovery of the process experienced
At this stage, we sought to reconstruct the history and organize the information using
the Postural Schools methodology, following Paulo Freire's educational approach. It highlights
the importance of reflecting on what we have learned and implementing this knowledge.
Through this process, we sought to promote participatory education, where everyone could
contribute and apply what was learned.
The interventions were prepared through lesson plans with proposed objectives for each
intervention, aiming for playfulness. For each meeting, a different topic was covered:
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1. 08/22/2019: presentation of the research and observation of the class for the first insights
in the field diary.
2. 08/30/2019: what is health.
3. 09/05/2019: formation, development of the spine and its main functions; anatomy of the
hip and lower limbs; main injuries and deviations of the spine.
4. 09/12/2019: standing and sitting postures.
5. 09/19/2019: backpack (model, weight, and transport) and suitable shoes.
6. 09/26/2019: school furniture, heavy lifting and transferring objects.
7. 10/03/2019: adequate posture in front of the computer/cell phone; correct way of
walking, getting in/getting out of bed.
8. 10/10/2019: body awareness and physical activity.
9. 10/17/2019: content review.
10. 10/24/2019: administration of the post-intervention questionnaire, student feedback and
concluding fun activity.
During the interventions, various activities were carried out, such as games, manual
work, physical exercises, and conversation circles, to rescue the students' experience with the
topic. These activities provided students with practice and learning about healthy postures to
experience knowledge.
D) Background reflection: why did what happened happen?
In the most important phase of systematization, a critical interpretation of the process
experienced was sought through the analysis of the field diary, the interview with the teacher
and activities with the students, using Bardin's thematic content analysis methodology
(BARDIN, 1977; MINAYO, 2016). For this moment, it was necessary to go through a series
of steps, such as: pre-analysis; exploration of the material and treatment of
results/inference/interpretation (BARDIN, 1977; MINAYO, 2016).
After the initial analysis of data processing and elaboration of thematic axes, two
thematic categories were developed: “The knowledge they brought” and “Knowing is not
doing”, in which the field diary was the guiding document, and later there was the triangulation
of all collected materials.
The categories were developed through the premises of previously established
theoretical references, and through inferences bring discussions and dialogue between the
Physiotherapy and health promotion: A systematization of experience with 4th year elementary schoolchildren
Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 19, n. 00, e023010, 2023. e-ISSN: 2526-3471
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interpretation of the data and the authors, bringing to light the raw data for the theoretical
discussion (BARDIN, 1977; MINAYO, 2016).
In the excerpts extracted from the materials, we chose to replace the real names of those
involved. The researcher was designated as Maria Eduarda, while the children were assigned a
number (for example, Child 1, Child 2...).
In addition to reflecting on individual experiences in the learning process, interventions
were questioned and how they occurred: were there changes in objectives? How did the children
interact? Have there been changes to the process? What are the main difficulties and
contradictions found in the statements of children, families, and schools? How did the
relationship between the physiotherapist, students and teacher develop? Was there a change in
the conceptions of those involved?
E) Arrival points
We returned to the objectives and formulated conclusions, expressing the main answers
and new questions that arose, with communication of learning being of fundamental
importance, with this article being the result of this intention to share learning with other people.
Ethical aspects
This article is part of the dissertation carried out in the Postgraduate Program in Public
Health at the Faculty of Medicine of Botucatu, UNESP, from 2019 to 2020. The study received
financial support from the Dean of Postgraduate Studies at UNESP and later from CAPES. All
procedures performed were approved by the Research Ethics Committee of FMB, UNESP,
under protocol number CAAE: 10035219.9.0000.5411.
Results and discussions
From reading the collected material, the analysis of its contents revealed meanings for
the elaboration of two thematic categories: “The knowledge they brought” and “Knowing is not
doing”.
Izis Fernanda de Oliveira POSSETTI, Eliana Goldfarb CYRINO and Marcelie Priscila de Oliveira ROSSO
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The knowledge they brought
From the researcher's field diary and the activities carried out by the students, it was
observed that they already had knowledge and experiences about posture care, even before
contact with the intervention. Through the strategies adopted, it was possible to recognize that
students had already had prior contact with many topics covered in this research, such as, for
example, the anatomy of the spine and its functionality, and even possible ways of getting
injured, as well as its prevention.
What everyone brings from their experiences and their context is very important so that
through exchanges and the possibility of expressing themselves, they can practice free exercise
as a practice of freedom (FREIRE, 1987). Therefore, the educator needs to establish bridges of
exchange, making the content accessible to everyone and not the exclusive object of a few.
From this perspective, we identified that in the third intervention, the theme developed
was making the students express what they knew about the spine, showing that the children had
prior knowledge, and through the methodology adopted, they felt free to talk and exchange
information with colleagues, making the dialogue fluid. We observe this collective construction
in the following excerpt:
[...] I introduced questions about the column and asked if they knew what it
was? Where was it? What is it for? And very quickly, the answers came. They
wanted to respond and show that they knew; they even knew about the
existence of curvatures and about them being normal, one student commented
that it looks like a 'U' in the lumbar and cervical region (she didn't know the
names she showed it) and that it inverted in the region of the thoracic. Then I
told them the names of the curvatures, and they already knew the names but
couldn't pinpoint the location (POSSETTI, 2021, p. 158-159, our translation).
During a discussion about spinal injuries, one of the topics covered was herniated discs.
It was noted that many participants did not know the subject. To provide a better understanding,
a lumbar spine model was used as a study resource. It can be identified that as the information
was shared, the students began to make connections and understand the meanings: “...I showed
what happens in the spine and the possible pinching of the nerve, and I asked if they knew what
the pain was like in the back nerve, and it's not like a student responded!!! A voice said it was
like tingling, numbing” (POSSETTI, 2021, p. 159, our translation).
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Figure 1 – Intervention on the Spine
Source: Authors' collection (2019)
On the penultimate day, the children carried out a content review activity and answered
a questionnaire. The 3rd question prepared by author Possetti (2021, p. 66, our translation) was
the following: “You already knew about some guidelines, did you learn something new?”
Below is the response from one of them, showing the family's participation in the formation of
prior knowledge about the posture:
Figure 2 – A student's answer
Source: Authors' collection (2019)
Paulo Freire (1987, p. 44, our translation) defends liberating education, which
transcends the dichotomy between educator and student, establishing a bilateral learning
process, and positions himself as follows, “No one educates anyone, no one educates
themselves, men they educate each other, mediated by the world”. Here, it is crucial to
understand the importance of valuing and recognizing the essence of others not just for their
mere presence, but for the uniqueness of who they are. Everyone brings life to the content and
extinguishes the idea that knowledge belongs to or is worthy of a few (CYRINO, 2005, our
translation).
Silva et al. (2008, p. 1168, our translation) address the role of nursing in facilitating
human interaction, which can be applied to physiotherapy. In this sense, the relationship of care
with others extends to self-care: “The hand that touches are also touched”. This approach can
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and should be developed by this health professional, as by developing their work focused on
movement and body functions, they can contribute to the promotion of health at both an
individual and collective level (PEREIRA NETO et al., 2016).
In the intervention, we proposed to the students that they would be a “physiotherapist”
for a day to carry out a consultation with their colleague to evaluate their sitting posture:
[...] we returned to our circle, and they shared what they saw and wrote down,
most found errors, such as hunched posture, crooked head, sitting on top of
the leg, not using the footrest, knee touching the top of the desk, back not
touching the chair support (POSSETTI, 2021, p. 162, our translation).
Another task for them as physiotherapists was to carry out an ergonomic analysis of the
classroom environment, recording on a sheet the positive and negative points of the school
furniture in an excerpt from the field diary, the result appeared: “Another positive point is the
iron for support feet, and when this item appeared I asked if they thought it was good, and they
said it was good for those who are small [...]” (POSSETTI, 2021, p. 168, our translation).
The activity proposal places children at the center of the discussion, establishing a
relationship that is not generally found in the practice of health professionals. When entering
the school environment to promote health education, these professionals often forget that they
are not the only knowledge holders. It is essential to recognize that children also have valuable
knowledge and experiences, and by actively including them in the educational process, we can
broaden and enrich health perspectives. In this way, dialogue between professionals and
children becomes a two-way street, where both learn and contribute to health promotion,
strengthening a more inclusive and participatory approach (FREIRE, 1987).
The Family Health Support Center (NASF), established in 2008 and extinguished in
2020 and now re-established as eMulti, is developed to strengthen multidisciplinary activities
in primary health care (BRASIL, 2023). The physiotherapist is part of this team, and their role
is fundamental in fostering discussions and enhancing integrative activities between health and
education. These strengthen activities in territories, bringing individuals closer to health actions
and favoring the leading role of users in their health (VITTA et al., 2012).
Seeing this important role of the physiotherapist in interventions, this professional can
understand the reality studied and that children know about the ideal weight and the appropriate
way to carry a backpack on their back.
I asked if they knew what we must notice about the backpack besides the
weight and one student replied that they had to put the two straps on each
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shoulder, and I asked what else? Another student said: “mine is down on my
tush”, so I asked everyone if it was correct, and they said no, and another
student wanted to show how he carried it. He showed and said that he was
holding the string to keep it close to his back (POSSETTI, 2021, p. 165, our
translation).
They also showed that you should squat and bend your knees when picking up objects
from the floor, avoiding overloading your spine. Furthermore, they were able to make
connections between precautions in the school environment and apply them in other situations,
such as distributing the load when carrying objects in the hands or on the back. It was possible
to observe this in two other excerpts: “[...] I realized that they knew that the correct way to pick
up an object on the floor would be by squatting (bending the knees), but to pick up the object
and transfer it, they didn't understand how it should be done [...]” (POSSETTI, 2021, p. 168).
“...a student talked about carrying grocery bags, and I asked if they knew how to carry them,
and she answered correctly that she had to put half in each hand [...]” (POSSETTI, 2021, p.
171).
Based on these findings, it was identified that numerous studies have shown the
association between weight, type, and way of carrying a backpack and the emergence of low
back pain. Furthermore, such factors can cause changes in the natural curvatures of the spine,
affecting balance, gait and standing position (VIDAL et al., 2013).
According to the study conducted by Adeyemi et al. (2017), a high prevalence of back
pain and postural changes was observed in children associated with the use of school backpacks.
Backpack volume had a direct and indirect effect on these problems. The literature recommends
that the backpack load does not exceed 10% to 20% of body weight, and a weight of 4kg can
reduce the height of the L5-S1 intervertebral disc by up to 13%. Another finding is that carrying
the backpack inadequately can increase the trunk's anterior inclination, excessive muscle
activation, and postural deviations (SURI; SHOJAEI; BAZRGARI, 2020).
A study in Spain involving around 5,000 students revealed the relationship between
back pain and the weight of backpacks, showing that 65% of them were carrying weights above
ideal (RODRÍGUEZ-OVIEDO et al., 2018). In Poland, a study conducted in 2016 managed to
reduce the weight of backpacks through joint actions with schools (BRZEK; PLINTA, 2016).
Fernandes et al. (2008, p. 450) defend the need to guide children on the proper use of
backpacks, and their study in Brazil showed a significant increase in children using backpacks
with two straps, bilateral transport, and a reduction in average weight. Santos et al. (2017, p.
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205) observed that children carried their backpacks appropriately, and these results are in line
with other studies that highlight students' prior knowledge on the subject.
Although there are many studies that consider the backpack as a “villain”, there are other
lines of study that question the excessive focus on school backpacks, which is still a very
controversial issue that needs to be clarified (BARBOSA; VIDAL; TAMBELLINI, 2006;
VIEIRA, 2011; BUENO; RECH, 2013). According to Barbosa, Vidal, and Tambellini (2006,
p. 245), it is important to debate not only reducing the weight of backpacks but also highlight
that prolonged time in a sitting position has an even greater influence and emphasize the
importance of addressing this aspect to promote postural health in students.
In this research, movement was adopted as a form of self-knowledge, independence,
and prevention and when carrying out a stretching practice, students demonstrated that they had
knowledge about a simple movement for everyday life:
I wanted to know if they knew some stretches, so we stood and, one at a time,
showed what they knew, and once again, they surprised me because they knew
several stretches, some showed strengthening; then I explained the difference
between the two and that today the proposal it was stretching (POSSETTI,
2021, p. 175, our translation).
The students showed that they knew many movements that help with self-care for their
bodies. We identified that few studies highlight remaining in a sitting position for a prolonged
period as harmful and may interfere with the body structure. It is important to highlight that
students are subjected to this posture because of the traditional teaching system, which restricts
their mobility and imposes a standardized and static body posture (BARBOSA; VIDAL;
TAMBELLINI, 2006; VIEIRA, 2011; BUENO; RECH, 2013).
In the context of the imposed school culture, Michel Foucault raises intriguing
discussions about Biopower, which refers to the exercise of power over life as a means of
governing (AZEVEDO; RODRIGUES, 2018). However, when it comes to holding students
accountable for their actions about health, there is a need for them to know each other,
promoting the exchange of experiences.
Unfortunately, the standards established by postural education often lack the
empowerment of subjects, which prevents them from realizing their own limits (SOMEKAWA
et al., 2013). Faced with this reality, we ask ourselves: How can we challenge this system of
control and create an environment that allows students to discover their potential and capacity
for “self-management” in relation to their health?
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Knowing is not doing
This thematic category reflects what the students expressed as previous experiences, but
the daily repetition did not happen, did not make sense or had not yet been incorporated.
Therefore, health professionals in the school environment need to raise questions about what
schoolchildren bring with them. Often, these professionals assume that children have little
knowledge about the topics covered and hope that, through their interventions, they will be able
to change their behavior. However, it is important to rethink this approach, valuing other
knowledge and considering other perspectives that allow for true transformation.
An excerpt from the field diary shows how close the physiotherapist was to the students
when they felt safe to express themselves, even though they knew they didn't sit "properly".
They told their stories, and their motivations came to light, bringing to light an important fact
about prolonged sitting, even if it's done properly, which causes pain and discomfort:
[...] I asked if they knew the correct way to sit, I even imagined that they did,
because they answered correctly in the questionnaire, and they really knew,
but then the big question came: “do you do it correctly?” The majority
answered no, and there was a phrase that caught my attention: “it’s difficult to
maintain the correct posture, it hurts” (POSSETTI, 2021, p. 161, our
translation).
In the traditional educational system, certain motor behaviors are standardized, such as
prolonged sitting (BARBOSA; VIDAL; TAMBELLINI, 2006). However, Drzaƚ-grabiec et al.
(2015, p. 855) reveal a correlation between back pain and prolonged sitting, resulting in possible
future problems, such as disc protrusions. Furthermore, it can cause immediate effects, such as
muscle contractures, nerve irritation and decreased blood circulation, which, in turn, can cause
pain and discomfort in the neck, lower limbs, as well as edema in the feet and ankles
(ZAPATER et al., 2004).
The lumbar spine has a physiological curvature that is altered when we sit, taking it to
a position of neutrality, generating stress, increased reflex activity and muscle contraction,
resulting in fatigue, triggering a vicious cycle (FETTWEIS et al., 2018).
Yes, "correct posture hurts”! The child's speech brings a simple aspect to observe, but
little is considered when postural education work is carried out with schoolchildren. When we
approach the topic involving the body, it is understood that it is dynamic and that it has its
needs. Therefore, it is insufficient to present the right thing to do, it is necessary that the actions
are precise and that the movement happens, through physical activities, as well as better daily
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school dynamics, there is a need for a project in which the health professional can act directly
with the promotion of health, bringing the entire school community together (VIEIRA, 2011).
In another excerpt from the diary, the researcher shows the reality of these students: “...despite
the little mess at the end, it was really cool, especially the analyses they made of correct posture.
I realized that they really know about the subject, but they don't practice it” (POSSETTI, 2021,
p. 163, our translation).
Through the above, it is necessary to contemplate knowledge and understand the
concepts and how they occur. Knowledge is woven into the fabric of everyday life, intertwining
in the different spaces we inhabit. From families to school circles, from workdays to many other
scenarios, knowledge flourishes during human interactions. Would we be discarding the
professional’s knowledge? No, here, the mediating role is discussed, the intention is to
problematize the professional's performance and how he accesses individuals, turning what is
lived into a real experience (CYRINO, 2005).
For knowledge to become experiential wisdom, an openness to events is necessary, a
space capable of revealing the individual's singularity and subjectivity that exists in each of us.
Therefore, in addition to practice, it is necessary to cultivate a conducive environment that
allows interaction between acquired knowledge and personal experience, enhancing the
assimilation and internalization of knowledge (BONDÍA, 2002).
During the interview with the teacher, it was identified that the students were not sitting
correctly, in addition to expressing concern and demanding attitudes to improve the students'
positioning:
Interviewer: Can you see if the children are in the classroom with the right
posture? Teacher: No, they don’t have the right posture, even before Maria
Eduarda came, you know. Since the beginning of the year, I’ve been checking
on their posture, but they don’t have good posture, they sit on their legs.
Especially the children who lean against the wall, you know, who sit at the
desks next to the wall, they lean against it, they turn sideways, like this, they
leave the table far from the chair, so, all the time I’m drawing the children’s
attention to this, but they don’t have good posture (POSSETTI, 2021, p. 73,
our translation).
In the exercise of political power, we observe control over individual conduct, directly
influencing relationships and the environment in which we live. This dynamic is also reflected
in the school context, where remnants of hygiene practices from the 19th century are still
present (AZEVEDO; RODRIGUES, 2018). In this scenario, it is common for parents, teachers,
and other professionals to adopt normative and prescriptive approaches, dictating how
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individuals should behave. Expressions such as “to nag someone”, “to scold,” or even
demanding that someone “sit up straight” are reflections of this controlling profile, which
disregards the complexity surrounding postural issues, neglecting the importance of flexibility
and movement for maintenance of health (SOMEKAWA et al., 2013).
In addition to the above, some situations affect children’s/youth’s imagination, causing
students to adopt certain practices. During the conversation circles, it was possible to identify,
as already mentioned, that the students carried an excess of material in their backpacks,
including expendable objectives, but they liked this practice, especially the girls, who expressed
that they had the habit of coloring their notebooks and needed material for this:
I asked them if they thought they had things in their backpack that they didn't
need, and there was a big “YES”, and several students said that they carried
more than one eraser, or lots of colored pens to make their notebooks look
pretty. The teacher also spoke up, saying that they took a lot of “junk”. I asked
them if they thought they needed to change this, to reduce the weight of their
backpacks, and if it would be possible. I honestly felt that they wouldn't want
to change this habit, especially the girls, who, according to our conversation,
were carrying more material. One student made a comment with sparkling
eyes: “I have so many beautiful pens, how am I going to leave them at home?”
(POSSETTI, 2021, p. 164, our translation).
Still on the excess weight in the backpack: “[...] what I had at the time was that the
students knew that their backpack was heavy, and the question was are they willing to change?
(POSSETTI, 2021, p. 164, our translation).
Immersed in this context in which children carry excess material and face a reality that
transcends the simple care of their bodies, Theodor Adorno's reflections bring to light deep
questions about individuals who are dominated and oppressed by the pillars of society,
disseminated by advertising and for consumer goods aimed at massification. In a subtle way,
these values infiltrate people's minds, who, deceived by the appearance of freedom of choice,
become submissive objects of this psychological oppression (FIANCO, 2010). Thus, subjects
go through experiences without being truly touched by them, as if they experienced them in a
depersonalized way, as mere commodities to be sold (LARROSA, 2003).
To understand what the intervention experience was like for the students and its
relationship with their daily lives, they expressed their difficulty in adapting to postural issues
in daily activities, revealing the need to be reminded and guided by somebody. It was possible
to identify in the excerpts taken from the questionnaire they filled out: “I remembered that
everyone must sit with posture. And it also doesn’t go through the posture, I only remember
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when someone corrects me (Child 8)”; and “It’s been really cool. But it’s hard to get used to it”
(Child 13). I forget about the spine at home (Child 21)” (POSSETTI, 2021, p. 74, our
translation).
The experience transcends mere objectification and cannot be reduced to a simple
experiment. Knowledge is not limited to information, as its true essence lies in resonating with
who we are and what we experience (BONDÍA, 2002). Body posture is an expression of our
development throughout life, and health professionals have the responsibility to promote work
that empowers and grants autonomy to individuals in the care of their bodies, recognizing the
historical influences and social determinations involved (SOMEKAWA et al., 2013).
Final considerations
With this work, we brought research closer to the object of study, with schoolchildren
being the axis we chose to follow. Listening was the main means of connecting and exploring
the voices that raised important reflections, determining how each stage of the interventions
would take place.
Through their speeches and attitudes, the children showed that they knew a lot about
taking care of their posture and entire body structure, but in practice, they didn't do it. However,
it was evident that the knowledge acquired so far did not translate into lived experience, and at
the same time, several external factors negatively influenced self-care.
In the school environment, health practices aimed at children and adolescents play a
crucial role in articulating different sectors and promoting the empowerment of subjects. In this
sense, it is essential to rethink the traditional biomedical model, which still permeates the work
of many health professionals, and seek approaches that value collaboration and transformation.
The experience in the practice of this research made me, the researcher and
physiotherapist, leave my usual environment. It provided an opportunity to meet and learn about
the reality of children beyond the knowledge provided in books and articles. What they knew
and their experiences became part of the knowledge of my experiences because, with each
intervention, new knowledge about that reality was integrated into my research. Bonds were
also created, listening provided moments in which information was exposed more easily and
naturally.
This meeting also made it possible to see how challenging working with schoolchildren
is and to question: Why aren't physiotherapists at school? Where is the health-promoting
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physiotherapist? How do we broaden our perspective beyond the professional who rehabilitates
but also contributes greatly to prevention and health promotion in primary care?
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Izis Fernanda de Oliveira POSSETTI, Eliana Goldfarb CYRINO and Marcelie Priscila de Oliveira ROSSO
Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 19, n. 00, e023010, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v19i00.17665 23
CRediT Author Statement
Acknowledgements: I would like to thank my love, Leonardo Borghi Possetti, for all the
support and affection he has shown me. I would also like to thank my advisor, Eliana
Goldfarb Cyrino, and my friend and partner, Marcelie Priscila de O. Rosso, who were
affectionately present during the construction of this work.
Funding: This work was carried out with financial support from the Coordination for the
Improvement of Higher Education Personnel - Brazil (CAPES) and the Postgraduate Dean's
Office of Universidade Estadual Paulista (UNESP).
Conflicts of interest: There is no conflict of interest.
Ethical approval: This article is part of the dissertation developed in the Postgraduate
Program in Public Health at the Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP (2019-2020).
The study was approved by the Research Ethics Committee of FMB, UNESP. CAAE:
10035219.9.0000.5411.
Data and material availability: The data and materials used in the study are available for
access in the institutional repository of the Universidade Estadual Paulista "Júlio de
Mesquita Filho" (UNESP) - Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB).
Authors' contributions: This study originates from the dissertation of the main author,
Izis Fernanda de Oliveira Possetti, who contributed to the preparation of the research
project, field research, preparation of the field diary, data analysis and interpretation,
bibliographical survey and writing of the text. I also declare that the other authors, Eliana
Goldfarb Cyrino, as the research supervisor, participated in the entire construction of this
article and Marcelie Priscila de Oliveira Rosso, contributed to the revision of the
wording and standards, as well as the interpretation of the data.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, standardization and translation.