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Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 19, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2526-3471
DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v19i00.17871 1
TRABALHO ANÁLOGO À ESCRAVIDÃO: A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DO
PSICÓLOGO NA SAÚDE MENTAL DO TRABALHADOR
TRABAJO ANÁLOGO A LA ESCLAVITUD: LA IMPORTANCIA DEL PAPEL DEL
PSICÓLOGO EN LA SALUD MENTAL DEL TRABAJADOR
LABOR ANALOGOUS TO SLAVERY: THE IMPORTANCE
OF THE PSYCHOLOGIST'S ROLE IN THE WORKER'S MENTAL HEALTH
Renata FEITOSA1
e-mail: psicóloga. renatafeitosa@gmail.com
Maria Luiza MARIANO2
e-mail: luiza.mariano@unesp.br
Como referenciar este artigo:
FEITOSA, R.; MARIANO, M. L. Trabalho análogo à escravidão:
A importância da atuação do psicólogo na saúde mental do
trabalhador. Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 19, n. 00,
e023004, 2023. e-ISSN: 2526-3471. DOI:
https://doi.org/10.26673/tes.v19i00.17871
| Submetido em: 10/11/2022
| Revisões requeridas em: 17/12/2022
| Aprovado em: 15/01/2023
| Publicado em: 23/03/2023
Editores:
Profa. Dra. Luci Regina Muzzeti
Profa. Dra. Rosangela Sanches da Silveira Gileno
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF), Garça SP Brasil. Graduada em Psicologia
Departamento de Psicologia FAEF.
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara SP Brasil. Doutoranda no Programa de Pós- Graduação
em Educação Escolar.
Trabalho análogo à escravidão: A importância da atuação do psicólogo na saúde mental do trabalhador
Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 19, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2526-3471
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RESUMO: O objetivo deste trabalho é analisar criticamente e refletir sobre como a falta de um
olhar e ações mais humanizadas para o trabalhador podem contribuir para causar graves
consequências danosas à saúde mental. Apesar de termos abolido o sistema escravocrata, ainda
vislumbramos reflexos daquele passado sombrio, marcados por condições degradantes, pela
crueldade e total afronta e violação dos direitos humanos dos indivíduos. A presente pesquisa
tem como objetivo realizar uma investigação-pesquisa através de uma revisão bibliográfica
descritiva e qualitativa para fins de reflexão e crítica sobre a trajetória histórica do trabalho
escravo, além de explorar o contexto da saúde mental do trabalhador até o presente momento.
Como resultados, apontar a grande quantidade de trabalhadores que, ao longo da história, foram
submetidos a situações de trabalho análoga à de escravo, com o objetivo de uma análise da
saúde mental e da importância do psicólogo neste contexto.
PALAVRAS-CHAVE: Trabalho análogo à escravidão. Saúde mental. Olhar humanizado.
RESUMEN: El objetivo de este trabajo es analizar críticamente y reflexionar sobre cómo la
falta de una mirada y actuación más humanizada hacia el trabajador puede contribuir a
provocar graves consecuencias nocivas para la salud mental. Aunque hayamos abolido el
sistema de esclavitud, aún vemos reflejos de ese oscuro pasado, marcado por condiciones
degradantes, crueldad y total afrenta y violación de los derechos humanos de las personas. La
presente investigación tiene como objetivo realizar una indagación-investigación a través de
una revisión bibliográfica descriptiva y cualitativa con el propósito de reflexionar y criticar la
trayectoria histórica del trabajo esclavo, además de explorar el contexto de la salud mental del
trabajador hasta la actualidad. Como resultado, señalar la gran cantidad de trabajadores que
a lo largo de la historia han sido sometidos a situaciones de trabajo análogas a la esclavitud,
con el objetivo de un análisis de la salud mental y la importancia del psicólogo en este contexto.
PALABRAS CLAVE: Trabajo análogo a la esclavitud. Salud mental. Visión humanizada.
ABSTRACT: This paper aims to critically analyze and reflect on how the lack of a more
humanized look and actions towards the worker can contribute to causing severe damaging
consequences to mental health. Although we have abolished the slave system, we still see
reflections of that dark past, marked by degrading conditions, cruelty, and total affront and
violation of the human rights of individuals. The present research aims to carry out an
investigation-research through a descriptive and qualitative bibliographic review for reflection
and criticism on the historical trajectory of slave labor, in addition to exploring the context of
the mental health of the worker up to the present moment. As a result, to point out the large
number of workers that, throughout history, have been submitted to situations of work
analogous to slavery, to analyze mental health and the importance of the psychologist in this
context.
KEYWORDS: Labor analogous to slavery. Mental health. Humanized look.
Renata FEITOSA e Maria Luiza MARIANO
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Introdução
O trabalho análogo ao de escravo é a mais clara antítese do trabalho digno e humano
que existe, as formas atuais de escravidão existentes violam totalmente os preceitos da
Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), instituída em 1948 após o fim da
Segunda Guerra Mundial. No Brasil, o sistema escravocrata foi abolido em 1888, através da
Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel, a qual proibiu definitivamente a escravidão, o tráfico
de escravos, castigos, tratamento desumano e degradantes; porém, no Brasil ainda é possível
encontrar pessoas em situações análogas à de escravo, sob as mais variadas formas de
exploração, vivendo de forma desumana.
Segundo publicação no site do Ministério do Trabalho, em 2022 foram resgatados cerca
de quinhentos trabalhadores em condições análogos a de escravo, das mais diversas regiões do
Brasil, os quais receberam verbas rescisórias e indenizações pela forma desumana com que
eram tratados, isso, embora muitos ainda vivem nessa situação (BRASIL, 2022a).
O presente trabalho tem por objetivo realizar uma investigação-pesquisa por meio da
revisão bibliográfica para fins de reflexão e crítica sobre a trajetória histórica do trabalho
escravo, de sua subsistência e condições degradantes que ainda muitos vivem atualmente;
também explorar e analisar o contexto sócio-histórico da saúde mental do trabalhador até agora,
ressaltando a importância da atuação do psicólogo na valorização da saúde mental do
trabalhador e do olhar humanizado das empresas para o mesmo. A base desta pesquisa é analisar
o contexto sócio-histórico da saúde mental do trabalhador no país, através da compreensão das
contribuições de autores relevantes no tema; salientando a importância da figura do psicólogo
no contexto do trabalho e na vida do trabalhador para tentar prevenir possíveis transtornos e
doenças somáticas decorrentes das relações opressoras e desiguais no âmbito do trabalho, bem
como promover uma melhor qualidade de vida tendo em vista sua saúde física e mental.
Quanto a metodologia deste trabalho, foi realizada uma pesquisa qualitativa utilizando
o método de revisão de literatura segundo o tema pesquisado. O desenvolvimento desta
pesquisa apresenta-se em capítulos; no primeiro capítulo discorremos sobre a história do
trabalho desde seu surgimento até os dias atuais. No segundo capítulo, buscou-se enfatizar o
trabalho análogo à escravidão, pontuado por publicações na mídia jornalística e ações do poder
público, situações e fatos que comprovam hodierno a existência do sistema escravista e de
pessoas a ele submetidas a toda espécie de trabalho degradante, desumano e indigno. No
terceiro capítulo trazemos contribuições de dois autores que são referências no assunto: Karl
Marx e Michel Foucault, os quais retratam os mecanismos de organização e das relações de
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poder que permeiam o mundo do trabalho, assim como o sofrimento e adoecimento físico e
mental dele resultante respectivamente. O quarto capítulo apresenta propostas e experiências
de alguns profissionais como, por exemplo, José Bleger sobre possibilidades de intervenções
na prevenção e promoção da saúde mental até chegar ao papel do psicólogo ante um modelo de
cuidado integral que ele nomeia Psico-Higiene. Finalizamos com as considerações e alegações
finais com ênfase na necessidade e importância do trabalho e atuação do profissional Psicólogo
junto às tais demandas e o rol das referências as quais nortearam este trabalho.
Revisitando a história do trabalho
O trabalho tem sua origem junto ao próprio homem, integra suas necessidades de
sobrevivência enquanto ser-humano. Durante a pré-história, notadamente na idade da Pedra
Lascada, o homem aprimora o trabalho ao aprender a fabricar ferramentas com lascas de pedra,
com casca de árvores e grandes espinhos, e, se torna capaz de transformar a natureza e buscar
múltiplas formas de alimentação e de satisfação de outras necessidades básicas. Na medida em
que surgiram novas formas de trabalho, também surgiram novas relações de poder e aqueles
que o detinham, introduziram o trabalho escravo que subsistiu por vários séculos, sendo
bastante explorado desde a construção das pirâmides do Egito, durante o Império Romano, no
Brasil colônia, por exemplo, e outras várias partes do mundo onde a economia era baseada na
extração e na lógica da lucratividade. Cabe esclarecer que a palavra trabalho, adquire alguns
significados no decorrer da história, segundo relata Albornoz (2017, p. 9):
Em português, apesar de haver labor e trabalho, é possível achar na mesma
palavra trabalho ambas as significações: a de realizar uma obra que te
expresse, que dê reconhecimento social e permaneça além da tua vida, e a de
esforço rotineiro e repetitivo, sem liberdade, de resultado consumível e
incomodo inevitável.
A autora atribui dois sentidos da palavra trabalho; vemos que de um lado positivo
expressa alegria e do outro uma situação rotineira e repetitiva na qual muitos trabalhadores
vivem atualmente. Enquanto para alguns, o trabalho é apenas uma forma de subsistência, para
outros é uma oportunidade de fazer algo que trará satisfação pessoal e social. Porém,
independentemente da direção, ele pode oferecer condições para crescimento pessoal ou para o
adoecimento psíquico.
Nesse sentido, trazendo para o contexto da nossa língua, a palavra trabalho se origina
do latim tripalium um instrumento com pontas de ferro usadas por agricultores que batiam
trigos, espigas de milhos e linho, (ALBORNOZ, 2017). O trabalho sempre esteve presente em
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nossa sociedade, apenas diferem em cada estágios da vida. No primeiro estágio traz consigo o
esforço junto a natureza, de colher os frutos das árvores, apanhar dos rios os peixes, de caçar
animais para o sustento do homem e de sua família. No estágio secundário os homens
inventaram ou descobriram a agricultura, a conquista de novas áreas para o plantio, dessa forma
surgem a noção de propriedade e produto, e neste caso se criam condições para a existência das
classes sociais, no qual separa aquele que se apropria do trabalho daquele que se encontra
ocioso, (ALBORNOZ, 2017).
Ainda segundo Albornoz (2017) essa separação do trabalho foi a prática das guerras, no
qual o povo conquistado na guerra, ou seja, os derrotados eram escravizados pelos ganhadores,
sendo submetidos a categoria mais baixa da hierarquia dos povos ganhadores. Desse modo,
inicia-se, na antiguidade, o regime de escravidão, uma das primeiras formas de exploração do
trabalhador.
Dessa forma, os “escravos” não eram considerados como sujeitos, mas sim como
objetos, submetidos a um trabalho sofrido, sem considerar a sua saúde física e mental, no qual
seus proprietários poderiam vende-los, trocá-los ou até mesmo tirar suas vidas. Nessa época,
ainda não havia nada que se falar sobre a saúde mental do trabalhador. Dessa forma, a
concepção de trabalho foi se moldando a cada contexto histórico que se encontrava. Conforme
afirma Villela (2010) o percurso histórico do trabalho iniciou-se com a escravidão, uma das
formas de exploração do ser humano, até chegar à revolução industrial, o trabalho passou por
diversas transformações até adquirir a natureza de direitos próximos dos que se tem atualmente.
A evolução e consolidações das leis trabalhistas no Brasil e no mundo
O período do direito do trabalho no Brasil, iniciou com abolição da escravatura e
proclamação da república (1889), contribuindo para que posteriormente surgissem a legislação
trabalhista brasileira (NASCIMENTO, 2007). No período de transição do trabalho escravo para
o trabalho assalariado, a formação do Direito do Trabalho (DT) sofreu muitas influências tanto
internas como externas, no qual foram de grande importância para que ocorressem essa
evolução no Brasil. Podem ser destacadas as influências internas, o movimento operário, que
tiveram inspirações anarquistas, como inúmeras greves no final de 1800 e início de 1900,
quando houve o surto industrial como consequência da Primeira Guerra Mundial, esse surto
ocorreu devido à elevação do número de fábricas 12.000 e de operários 300.000; e a política
trabalhista de Getúlio Vargas (1930) (NASCIMENTO, 2007). Por influências das
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transformações ocorridas na Europa no âmbito do trabalho, o Brasil e outros países promoveram
a elaboração das leis trabalhistas e de legislação específicas de proteção ao trabalhador. No ano
de 1919 o Brasil ingressa na Organização Internacional do Trabalho (OIT), criada no Tratado
de Versalhes, com proposta de verificar as normas trabalhistas (NASCIMENTO, 2007).
Ainda nesse período o nosso país ainda estava sofrendo com os reflexos do fim da
Primeira Guerra Mundial, nesta época também chegaram inúmeros imigrantes europeus que
acabaram trazendo consigo um desejo de mudanças de vida, de novas oportunidades e melhores
condições de trabalho. A Crise de 1929, também conhecida como “A Quebra da Bolsa de
Valores de Nova Iorque” se espalhou pelos quatro cantos do mundo. Esta crise atingiu
fortemente a economia brasileira, gerando desemprego e dificuldades financeiras para a
população em todo o país. Tais eventos suscitaram o desejo de mudança do povo brasileiro nos
âmbitos do trabalho e da qualidade de vida; assim, logo a revolução de 1930 surge a
regulamentação sobre o Direito do Trabalho.
A partir da década 30 o Brasil passou por mudanças significativas até a promulgação da
constituição do ano de 1934; foi a primeira carta brasileira que tratou do Direito do Trabalho.
A carta constitucional de 1934 trouxe avanços sociais importantes para os trabalhadores:
instituiu o salário mínimo, a jornada de trabalho de oito horas, o repouso semanal, as férias
anuais remuneradas e a indenização por dispensa sem justa causa. Sobre a constituição de 1934
ressalta Sérgio Pinto Martins (2013, p. 11):
A Constituição de 1934 é a primeira constituição brasileira a tratar
especificamente do Direito do Trabalho. É a influência do constitucionalismo
social, que em nosso país só veio a ser sentida em 1934. Garantia a liberdade
sindical (art. 120), isonomia salarial, salário nimo, jornada de oito horas de
trabalho, proteção do trabalho das mulheres e menores, repouso semanal,
férias anuais remuneradas (§ 1° do art. 121).
No ano de 1937 é outorgada a nova carta constitucional, marcada por uma postura
intervencionista do Estado, antes, adotava uma postura liberal perante as organizações
trabalhistas. Para além deste período, em 1943 foi promulgada a consolidações das Leis do
Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto Lei n.º 5.452 e sancionada na época pelo presidente
Getúlio Vargas, CLT foi fruto de um longo processo de luta por direitos trabalhistas, que
suportavam péssimas condições de trabalho. Segundo Sérgio Pinto Martins, a CLT apenas
reúne as normas existentes ordenadamente (CEZAR, 2008, p. 19). Em 1966 foi criado o
FGTS-Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, sob a pela Lei n. 5.107 no dia 13 de setembro,
após isso veio a constituição de 1967 sem muitas alterações, manteve os direitos trabalhistas.
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Em 1988, foi promulgada pela Assembleia Nacional Constituinte a Constituição Federal
do Brasil, conhecida como a Constituição Cidadã, firmando a dignidade da pessoa humana, os
direitos trabalhistas, entre outros direitos. A Constituição de 1988, garantiu e garante aos
trabalhadores brasileiros direitos sociais, e exercício da cidadania, destacando a proteção contra
o trabalho escravo, contra a formas degradantes de trabalho, bem como a carga horária, a
liberdade de qualquer exercício de trabalho. O empregado que antes não tinha nenhuma Lei que
assegurasse seus direitos, agora é amparado pela constituição, conforme descreve Delgado
(2019, p. 928):
A Constituição da República apreendeu, de modo exemplar essa nova leitura
a respeito da jornada e duração laborativas e do papel que têm no tocante a
construção e implementação de uma consistente política de saúde no trabalho.
Por essa razão que a Constituição de 1988, sabiamente, arrolou como direito
dos trabalhadores a “redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de
normas de saúde, higiene e segurança (art. 7º, XXII).
Compreende-se, portanto, que o trabalhador que antes era considerado apenas um
objeto, sem valor, sem dignidade, a partir de então adquire maior importância, sendo visto como
ser humano na sua totalidade. A nova constituição prestigiou e fortaleceu a autonomia sindical,
e a liberdade de organização, estendida aos servidores públicos. Também tornou constitucional
o direito de greve para trabalhadores da iniciativa privada e do setor público e repouso semanal
remunerado aos domingos.
O trabalho hodierno em condições análogas ao trabalho escravo e os mecanismos de
combate
Conforme vimos anteriormente, atualmente temos Leis que garantem a proteção dos
direitos trabalhistas; segundo a “Organização Internacional do Trabalho (OIT) deve-se
promover oportunidades para que homens e mulheres tenham trabalho decente, de qualidade,
equidade, segurança, e dignidade humanas”. O trabalho escravo, foi uma das formas de
exploração, onde os negros e africanos foram trazidos para trabalhar nas lavouras de forma
escrava, conforme relatado por Camino (2004, p. 39-40):
A história do Brasil, está marcada, nos períodos colonial e imperial, pela
escravidão dos negros africanos, trazidos através do tráfico, em sua página
mais degradante. Desnecessário dizer da importância dos negros na economia
e, fundamentalmente, na formação cultural do povo brasileiro. Em tudo eles
estão, generosamente, presentes, embora a submissão de mais de três séculos
ainda repercuta na segregação da pobreza e no preconceito racial velado.
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Pode-se inferir, então, que naquele período citado por Camino (2004), que os escravos
que viviam nas mais aviltantes situações de vida e “trabalho”, havia intenso sofrimento,
humilhações e eram submetidos às formas de tratamento mais cruéis e degradante possíveis.
Segundo a OIT, trabalho análogo a escravidão é a mais nova forma de escravidão moderna,
podendo incluir servidão por dívidas, tráfico de pessoas, entre outras formas de trabalho
forçado; para acabar com esse problema é necessário o compromisso das autoridades, e o
engajamento dos trabalhadores, empregados, bem como organismos internacionais e sociedade
civil. Assim, a forma mais comum de trabalho escravo contemporâneo é encontrada na zona
rural, no qual os chamados “gatos” aliciam trabalhadores para mão-de-obra. A princípio esses
sujeitos que vão para campos encontram-se em precárias condições de subsistência, a fome, a
miséria e a falta do sustento básico às suas famílias, os tornam desesperados e ávidos por
qualquer tipo de atividade que lhe possa possibilitar quaisquer melhorias, assim são facilmente
atraídos para armadilha fatal, vejamos:
Esses gatos recrutam pessoas em regiões distantes do local da prestação de
serviços ou em pensões localizadas nas cidades próximas. Na primeira
abordagem, mostram-se agradáveis, portadores de boas oportunidades de
trabalho. Oferecem serviço em fazendas, com garantia de salário, de
alojamento e comida. Para seduzir o trabalhador, oferecem “adiantamentos”
para a família e garantia de transporte gratuito até o local do trabalho. O
transporte é realizado por ônibus em péssimas condições de conservação ou
por caminhões improvisados sem qualquer segurança. Ao chegarem ao local
do serviço, são surpreendidos com situações completamente diferentes das
prometidas. Para começar, o gato lhes informa que estão devendo. O
adiantamento, o transporte e as despesas com alimentação na viagem já foram
anotados em um “caderno” de dívidas que ficará de posse do gato (SUZUKI,
2016, p. 246).
Dessa maneira, após enganados e de contraírem dívidas impossíveis de serem pagas,
são submetidas as condições desumanas de saúde, higiene, estadia/moradia e segurança. Muitas
vezes distante da família, esse trabalhador se encontra mais fragilizado e mais propício a ser
dominado. Portanto, observa-se que ainda em nosso território nacional permeia a denominação
do trabalho análogo ao de escravo, conforme explana Audi (2006, p. 76-77):
A escravidão contemporânea no Brasil então persistia e ainda insiste, de forma
mais cruel e sutil que aquela abolida pela Princesa Isabel em 1888: os escravos
modernos são pessoas descartáveis, sem valor agregado à produção-
simplesmente não custam nada, não valem nada e por isso, não merecem
segundo uma lógica puramente econômica, nenhum tipo de cuidado ou
garantia de suas vidas.
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Conforme citado por Audi (2006), esse novo modelo de escravidão traz a desvalorização
ao trabalhador, e, para o empregador, a garantia de menos custos, visto que representam meros
objetos para obtenção de lucro. O trabalho escravo vem se moldando às novas realidades
econômicas, não mais como antigamente, porém, ainda de forma degradante e violenta; se
apresenta nas variadas formas de violação não só da liberdade do trabalhador, mas de sua saúde
física e principalmente de sua saúde mental.
Em uma matéria do Ministério do Trabalho (MT) muitos dos trabalhadores em que são
submetidos à escravidão origina-se do meio rural, de famílias muito pobres, de regiões muito
distantes daquelas em que são escravizados. Esses homens e mulheres enveredam por tais
caminhos devido ao enfrentamento de inúmeras dificuldades em razão da precária situação de
escolarização e conhecimentos técnicos resultante na impossibilidade da sua inclusão no
mercado de trabalho nos centros comerciais, industriais, inclusive áreas da construção civil.
Ainda assim, muitas pessoas sofrem diariamente e ainda continuam nessa vida análoga à
escravidão até alguém denunciar ou serem encontradas pelos fiscais do Ministério do Trabalho,
a seguinte transcrição como exemplo, foi extraída dos Relatórios de Fiscalização do Ministério
do Trabalho e Emprego (MTE) bem ilustra os modos de exploração do trabalhador submetido
ao modelo de trabalho que podemos chamar de “moderna escravidão”: “Auditoras-Fiscais do
Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho em Pernambuco (SRTb/PE) resgataram
uma trabalhadora doméstica submetida a condições análogas à escravidão por 43 anos, ela foi
entregue à família empregadora quando ela tinha 11 anos, por volta de 1979, o pai combinou
com a família empregadora que em troca da filha receberia mensalmente uma quantia em
dinheiro. A trabalhadora limpava e organizava a casa, lavava as roupas, mas depois passou a
desempenhar a função de babá; a trabalhadora relatou que “Dedicou parte de sua infância aos
trabalhos na residência e narra que nunca recebeu brinquedos de presente no seu aniversário ou
no Natal. Também toda sua adolescência foi dedicada aos cuidados com o lar e com filhos dos
empregadores, fato que permeou a sua vida adulta quando, além dos trabalhos supracitados,
passou a acumular a função de babá dos netos do casal empregador e de cuidar dos cachorros
da família”.
O artigo 149 do Código Penal Brasileiro identifica o trabalho em condições análogas a
de escravo através de quatro condutas específicas; são elas: a) sujeição da vítima a trabalhos
forçados; b) jornada exaustiva; c) sujeição da vítima a condições degradantes; d) restrição de
qualquer meio de locomoção da vítima em razão de dívida contraída com empregador ou
preposto.
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O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) tem a missão institucional de promover o
desenvolvimento da cidadania nas relações de trabalho, buscando a excelência na realização de
suas ações, visando à justiça social. Neste sentido, o artigo 626 da CLT, estabelece que
“Incumbe às autoridades competentes do Ministério do Trabalho, ou àquelas que exerçam
funções delegadas, a fiscalização do fiel cumprimento das normas de proteção ao trabalho”.
Contribuições de autores socio-históricos
Alienação do trabalho de karl marx
Karl Marx construiu sua abordagem sobre como ocorrem os processos sociais e
históricos que terminam em mudanças estruturais da sociedade. Assim, a divisão social do
trabalho tem um papel central em sua análise. O pensamento Marxista analisa o conceito do
trabalho alienado, quando o homem não se identifica nas relações humanas de trabalho, e aí
entra no processo de alienação; assim conforme Mészáros (2017, p 20):
Na alienação do objeto do trabalho, resume-se apenas a alienação na própria
atividade do trabalho [...] o trabalho é exterior ao trabalhador [...] não pertence
a sua natureza; portanto ele não se firma no trabalho, mas nega-se a si mesmo
[...] não desenvolve livremente as energias físicas e mentais, mas esgota-se
fisicamente e arruína o espírito. Por conseguinte, o trabalhador só se sente em
si fora do trabalho, enquanto no trabalho se sente fora de si. Assim, o seu
trabalho não é voluntario, mas imposto, é trabalho forçado.
Marx afirma que o trabalhador é alienado e estranhado na sua atividade do ato produtivo,
fica evidente que o produto do trabalho se torna estranho ao seu produtor, que ele não tem
acesso ao mesmo. “Se sua atividade é martírio, então ela tem de ser fruição para outro e alegria
de viver para outro. Não os deuses, não a natureza, apenas o homem mesmo pode ser este poder
estranho sobre o homem” (MARX, 2015, p. 86).
Para Marx (2015), essa relação do trabalho com trabalhador, desenvolve também a
relação de apropriação do capitalismo (dono do trabalho) com os produtos do trabalho, da
mesma forma Marx compreende a relação do salário com o trabalho, “pois o salário é somente
uma consequência necessária do estranhamento do trabalho” (MARX 2015, p. 88). Portanto,
segundo o autor, no capitalismo, exprime-se uma contradição por produzir valores de uso e
valores de troca, o capitalismo apropria-se do tempo de trabalho excedente produzido pelos
sujeitos trabalhadores, convertendo essa parte do tempo de trabalho realizado, além do
necessário, no que Marx nomeia de “mais-valia”; o salário nunca corresponde ao que o
Renata FEITOSA e Maria Luiza MARIANO
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trabalhador realmente produziu, serve apenas para o trabalhador suprir suas necessidades
básicas com mercadorias para conseguir continuar trabalhando. Na obra O Capital, Marx
analisa os processos de produção e aponta uma situação perceptível na época da revolução
industrial; no capitalismo forma-se o “sobre trabalho”, ou seja, uma porção de trabalho doada
ao patrão, “mais-valia” resultante do aumento na jornada de trabalho além daquela que o
trabalhador precisa para sobreviver; Marx descreve a mais-valia em duas modalidades: a mais-
valia absoluta que se resume ao aumento da jornada de trabalho e a mais-valia relativa resultante
na diminuição do tempo gasto para execução do trabalho, em suma, a mais-valia é a
expropriação do trabalho, meio pelo qual a burguesia acumula capital.
No capítulo intitulado a Maquinaria e grande indústria”, Marx descreve o processo
tecnológico por meio da maquinaria nos meios de produção, que, segundo ele, possibilitou a
entrada do trabalho feminino e infantil nas fábricas. O autor refere que o sistema de máquinas
é usado para recuperar prejuízos e para obtenção da mais-valia. Assim, sob julgo do capitalista,
a maquinaria é empregada sistematicamente para “espremer” os sujeitos frente ao volume de
trabalho em um mesmo período, a velocidade das máquinas e do acréscimo de máquinas sob a
responsabilidade do mesmo operário (MARX, 1996, p. 20).
A importância em olhar para Marx na perspectiva de Mészáros (2017) é que no
capitalismo o homem não é senão uma fração de si mesmo, onde o trabalho, sendo a sua única
possibilidade de objetivação, não lhe pertence. De forma que todo trabalho é, fragmentado,
explorado, alienado. Entendemos conceito de alienação, na forma concebida por Marx, é difícil
de se aplicar hoje em dia; mas isto não quer dizer que a alienação tenha desaparecido. Ao
contrário, cremos que ela se acentuou.
A relação de poder no trabalho de Michel Foucault
Nesse subcapítulo abordaremos o contexto das relações de poder que emergem da
realidade do trabalho análogo a escravidão no Brasil; tal relação se concretiza entre o
empregador e o empregado, o foco está na experiência de muitos brasileiros que ainda vivem
sob a exploração e destituídos de sua dignidade; o trabalho análogo a escravidão “não mais se
define pela exploração racial nem é simbolizado pelo açoite, pelas correntes e senzala, mas, de
igual forma, diminui a dignidade do ser humano” Mello (2005). Segundo o mesmo autor, os
açoites e as correntes foram substituídos por maus tratos, péssimas condições de trabalho e
higiene, e privação da liberdade pela ameaça de armas, e as senzalas, por alojamentos feitos de
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palhas, lonas e redes. Um artifício próprio dos dias atuais para manter o trabalhador em sistema
de cativeiro “a dívida.”
Entretanto, para entendermos essa relação de poder, Foucault em suas obras Vigiar e
Punir, bem como, em Microfísica do Poder, faz uma narrativa sobre a história das prisões e do
poder estabelecido primeiramente pelo controle sobre o corpo supliciado e, posteriormente,
modificado pelos castigos mais severos. Nos séculos XVI e XVII as formas de punição
apareciam como dor e sofrimento, expostos à dor física no corpo, na época quando o condenado
por alguma situação era sentenciado a morte, antes da morte, era torturado, e os criminosos
eram mortos em praça pública com objetivo de propagar o poder do rei diante dos seus súditos;
(BONIN; PANATTA; ABELO, 2016). Corrobora com essa narrativa Foucault (2013, p. 31-
32):
Que é um suplício? Pena corporal dolorosa, mais ou menos atroz, e
acrescentava: “é um fenômeno inexplicável a extensão da imaginação dos
homens para a barbárie e crueldade”. [...] O suplício é uma técnica e não deve
ser equiparado aos extremos de uma raiva sem lei. Uma pena, para ser um
suplício, deve [...] em primeiro lugar, produzir uma certa quantidade de
sofrimento que se possa, se não medir exatamente, ao menos apreciar,
comparar e hierarquizar; a morte é um suplício na medida em que ela não é
simplesmente privação de viver, mas a ocasião e o termo final de uma
graduação calculada de sofrimentos.
Entende-se que desde o século XVI, a forma de se exercer o poder sobre outras pessoas,
era causando sofrimento e dor; dor física, tortura, dessa forma as penas giravam em torno do
trabalho forçado, o condenado sempre preso por correntes demonstrando o poder do estado
sobre o corpo. Atualmente, os cenários mudaram, porém, as relações de poder permanecem da
mesma forma, naquela época a burguesia, os soberanos controlavam e mandavam no
proletariado, hoje, temos pessoas com um certo poder que dominam um grupo de pessoas. Na
situação em que vivemos hoje, vemos o empregador dominando o empregado, este se encontra
em uma posição que precisa trabalhar para conseguir sustentar sua família, ou por estar devendo
e até mesmo por ocasião de fome. Foucault, em seu livro Microfísica do Poder, segundo ele
não se pode ter poder sobre o sujeito através da mente se já não houver o poder sobre o corpo,
um corpo gerador das riquezas da produção capitalista:
[...] O controle da sociedade sobre os indivíduos não se opera simplesmente
pela consciência ou pela ideologia, mas começa no corpo, com o corpo. Foi
no biológico, no somático, no corporal que, antes de tudo, investiu a sociedade
capitalista [...] (FOUCAULT, 1979, p. 80).
Renata FEITOSA e Maria Luiza MARIANO
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A idade média tem o corpo como uma fonte de riquezas, um exemplo disso é a revolução
industrial. Com a chegada das máquinas, as pessoas eram obrigadas a trabalhar por longos
períodos, enquanto aqueles que estavam no poder ganhavam muito, aqueles que
produziam, ganhavam pouco. Além disso, sofriam com o desgaste físico e saúde débil, além
das perdas emocionais. Ainda acerca do mecanismo de poder, Foucault (1979, p. 119) pontua:
Uma “anatomia política” que é também igualmente uma “mecânica do poder”,
está nascendo; ela define como se pode ter domínio sobre o corpo dos outros,
não simplesmente para que façam o que se quer, mas para que opere como se
quer [...]. A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos
“dóceis”. A disciplina aumenta as forças do corpo (em termos econômicos de
utilidade) e diminui essas mesmas forças (em termos políticos de obediência).
De acordo com Foucault (2013), as relações de poder são uma trama, um mecanismo de
poder (“mecânica do poder”) que os torna sujeitos submissos, como ele refere “dóceis” que se
traduz na “disciplina que aumenta” a produção e o lucro diminui em proporções muito elevadas
o que chama de “política de obediência” e que podemos chamar de sofrimento psicossomático-
emocional; que a curto prazo se transformam em sintomas físicos resultantes do desiquilíbrio
entre demandas e esforço realizado.
Ainda há muitos brasileiros em que estão submetidos ao trabalho análogo a escravidão,
dominados e submissos a tais mecanismos, porque seus corpos se entregaram a essa forma
de trabalho, seja por fome, por dívida, o que os faz pensar que a única forma de pagar suas
dívidas com o empregador é continuar a trabalhar para ele, mesmo sem remuneração, sem uma
moradia e alimentação adequadas para um ser humano viver; neste contexto surge um ponto
fundamental: é “preciso” que o Estado eduque não somente o corpo, mas também a mente de
seus cidadãos. Foucault ressalta que tudo pode ser moldado pela mente, pela disciplina da
mesma em relação ao seu corpo, assim:
Tal universo nos leva a compreender que não há “poder em si”, e sim relações de poder
sobre o corpo e mente; em se tratando do tema tratado deste estudo, tal relação de poder deveria
contemplar que o sofredor psíquico, o sujeito trabalhador fosse percebido como cidadão, e que
como tal necessita vivenciar relações de poder ético-solidárias e de inclusão social; e ter
entendimento de que o trabalhador ao qual se impõe condições análogas a de escravo é um
sujeito-cidadão com direitos e deveres, mas, antes de tudo um ser humano. De modo a encerrar
este texto sobre Marx e Foucault, podemos fazer uma analogia entre alienação do trabalho e
relações de poder, utilizando o documentário “Ilha das Flores” (1989) do cineasta gaúcho Jorge
Furtado, que apresenta a trajetória de um tomate desde o campo de cultivo, sua chegada no
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comércio intermediário, sua aquisição pelo consumidor que o descarta no lixo por estar
estragado; do lixo, segue para o aterro sanitário, em um terreno na Ilha das Flores, local onde
residem várias famílias em condições de vulnerabilidade social e onde existe uma pocilga
particular vigiada por guardas.
O que é extremamente chocante é que o material orgânico despejado no aterro é
separado e os itens em melhor estado servem de alimento a porcos ali são criados; o que os
porcos não comem é então dado a famílias pobres que, embora também sejam seres humanos,
estão abaixo dos porcos na escala de preferência simplesmente por não terem nenhum dinheiro;
o documentário ilustra um passo a passo de como as relações entre seres humanos é desigual
no sistema capitalista. A analogia tecida há uma tripla alienação a começar do proprietário da
pocilga por “expropriar” o conteúdo orgânico do lixo e pelo uso de violência para dominá-lo;
dos trabalhadores que guardam os porcos fortemente armados e impedem seus pares humanos
empobrecidos de terem o acesso aos alimentos através da intimidação e do medo. As famílias
pobres que se alimentam da sujeira são submetidas ao escárnio, ao desprezo e a humilhação,
uma vez que são incapazes ao menos de lutar por sua liberdade e dignidade, preferindo talvez
até mesmo a morte do que a sujeição degradante e a redução de seu valor humano a menor do
que um porco; este o quadro muitas encontrado quando nos defrontamos com seres humanos
trabalhadores em situação análoga à escravidão em nosso país.
Trabalho escravo e sofrimento psíquico
Abordar as questões relativas à saúde do trabalhador configuram uma preocupação
constante por parte das ciências sociais nas últimas décadas. Laurell e Noriega (1989) e Dejours
(1987), dizem respeito à questão do desgaste operário, do envelhecimento precoce, da síndrome
da fadiga patológica, dos distúrbios do sono, da fadiga sobre a sexualidade, do stress crônico e
de outros efeitos atribuíveis à organização de trabalho, no modo de produção capitalista.
Quando se fala em doença, se pensa em algo associado à coisa mais grave, como
depender de auxílio médico ou hospital. Para Tamanini (1997), a categoria sofrimento é
utilizada em diferentes sentidos, podendo comportar significados antagônicos. No plano
concreto, sofrimento significa doença física, dor de cabeça, pressão alta. No plano abstrato se
alia aos aspectos psíquicos, ultrapassa os limites da experiência, da doença física e fornece
elementos cognitivos. Neste sentido, o sofrimento adquiri múltiplos significados, “força” e
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“fraqueza”, vulnerabilidade, determinação, medo ou coragem, despertando emoções positivas
ou negativas.
Santos (1999), constatou em um estudo sobre a tripulação embarcada na Marinha
Mercante, que a família assume um papel de suma importância na vida do trabalhador; sendo
seu distanciamento a principal fonte de sofrimento psíquico e debruçar-se sobre o trabalho, o
principal mecanismo defensivo utilizado pelos trabalhadores para seu enfrentamento; tal fato
se comprova em muitos trabalhadores em situações análogas à de escravos que afastados de
suas famílias, tendem a sofrer psiquicamente. Inicialmente surge o estresse com manifestações
de ansiedade e nervosismo, mais tarde, diante da impotência em transformar tais condições,
surge a doença física e mental como vias de expressão do estresse; Prado (2016, p. 287)
descreve as fases do estresse e os sintomas próprios de cada fase até a instalação da doença:
[...] o estresse produz reações de defesa e adaptação diante do agente estressor,
as quais são classificadas em fase de alarme, resistência e exaustão. A fase de
alarme inicia-se com os estímulos estressores que provocam resposta rápida
do organismo (luta e fuga). [...] As alterações observadas no organismo, nessa
fase, incluem aumento das frequências cardíaca e respiratória, e da pressão
arterial; contração do baço; liberação de glicose pelo gado; redistribuição
sanguínea e dilatação das pupilas. Na fase de resistência, o indivíduo tenta se
adaptar à nova situação com o propósito de restabelecer o equilíbrio interno,
pois o organismo apresenta um desgaste maior, dificuldades de memória e está
mais vulnerável a doenças. Os sintomas mais comumente observados são o
tremor muscular, fadiga sica, desânimo, irritabilidade, dificuldade de
concentração e instabilidade emocional. Por fim, a fase de exaustão consiste
em uma extinção da resistência em decorrência de falhas nos mecanismos de
adaptação. É considerada a condição mais crítica relacionada ao estresse, pois,
após exposições repetidas ao mesmo estressor, o organismo pode desenvolver
doenças graves ou, até mesmo, entrar em colapso.
Hodierno, outra doença ocupacional bastante reconhecida é a síndrome de burnout (CID
10 Z73); o Ministério da Saúde (BRASIL, 2022b), define como “síndrome do esgotamento
profissional um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento
físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou
responsabilidade”. Os sintomas do burnout relatados por Zanatta e Lucca, (2015) podem ser de
cunho psicossomático, psicológico e comportamental, e, geralmente, produzem consequências
negativas nos níveis individual, profissional e social.
Foram encontrados resultados que mostravam a ocorrência de Burnout em pessoas com
personalidades aparentemente ajustadas e equilibradas até entrarem em contato com
determinados ambientes de trabalho. Os autores Maslach, Schaufeli e Leiter (2001), relatam
que o Burnout é definido com um fenômeno psicossocial; Maslach e Leiter (1997, p. 18)
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afirmaram que “Burnout não é um problema do indivíduo, mas do ambiente social no qual ele
trabalha”.
Conforme Carlotto e Câmara (2008), no burnout a exaustão emocional,
despersonalização e baixa realização no trabalho são as três dimensões que se desenvolvem,
podendo ser caracterizada síndrome. A síndrome de Burnout é apenas uma das doenças
ocupacionais, muitas outras que podem ser desenvolvidas como uma reação à tensão
emocional. Ao trabalharmos as questões referentes ao sofrimento psíquico e consequentemente
as patologias deles resultantes queremos pontuar que o trabalho escravo contemporâneo é
potencialmente essa fonte de “dor e adoecimento”; alguns reportam que o termo “trabalho
escravo” deveria ser usado apenas para designar um modelo que se tratasse da efetiva obtenção
do direito de propriedade sobre outrem. E mesmo nos espaços institucionais, o termo
“escravidão” pode ser combatido por autoridades trazem a ideia de escravidão do período
colonial, da utilização de correntes, chicotes e de formas de castigo e proibição da saída das
pessoas de seus ambientes de trabalho, aceitando unicamente o retrato da sujeição absoluta.
Entretanto, como bem nos afirma Kevin Bales (2012 apud BARROSO; PESSANHA,
2018), a “nova escravidão contemporânea” é real e está ao nosso redor. Para essas autoras a
pobreza ainda é o denominador comum. Dentre os critérios se encontram a situação de
vulnerabilidade, a fraqueza e toda a sorte de privação desses indivíduos. “Dê certo, podemos
constatar que os escravizadores têm plena consciência da fraqueza dos escravizados, e, em suas
ações, acabam por adaptar uma prática antiga à nova economia global” (BALES, 2012 apud
BARROSO; PESSANHA, 2018, p. 234).
Quando discorremos acerca dos elementos psico-físico-emocionais que geram dor,
sofrimento e adoecimento ao trabalhador, queremos evidenciar que esta realidade do mundo do
trabalho é potencializada aos trabalhadores em condições análogas às de escravidão. Ao
finalizar esse tema queremos destacar um trecho do prefácio do livro Psicodinâmica do
trabalho: Teoria, Métodos, Pesquisa de Ana Magnólia Mendes (2007) por Cristophe Dejours,
o pioneiro em estudar e apresentar as questões “silenciadas” pelo trabalhador no âmbito da
psicopatologia e psicodinâmica do trabalho, questões que permeiam o cotidiano de homens,
mulheres e crianças em condições de existência e trabalho análogos à escravidão.
Renata FEITOSA e Maria Luiza MARIANO
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Práticas de promoção à saúde mental do trabalhador
A questão da saúde mental dos trabalhadores é atualmente uma das demandas mais
prementes para os serviços de saúde do trabalhador. Segundo Leão e Gomez (2014) cada vez
mais estão presentes as queixas relativas a assédio moral e violência psicológica, assim como
relatam insatisfação, cansaço, mal-estar e sofrimento constantes e duráveis, também surgem
manifestações mais agudas e graves que levam a depressão, estresse pós-traumático, neuroses
profissionais e até casos de suicídio.
Diante do exposto, a Organização Mundial da Saúde (OMS), criou a partir de 2007 um
Plano de Ação Global de Saúde do Trabalhador (2008 2014), “que teve como centralidade
suscitar políticas de saúde aplicadas, desenvolver indicadores epidemiológicos, criar
mecanismos de coleta e estudo de evidência na área e articular políticas e pactos intersetoriais
no campo da saúde do trabalhador” (LAVOR-FILHO et al., 2021, p. 492). Certamente,
muitas preocupações quando se fala de saúde mental do trabalhador, e por isso como proposta
para integrar a saúde do trabalhador, uma estratégia é a implementação a Vigilância em Saúde
do Trabalhador, entendido que o sofrimento e doenças emocionais surgem nas relações
organizacionais do trabalho com os sujeitos. Leão e Gomez (2014), aponta para a questão da
saúde mental, a qual pode constituir o fator principal de uma ação de intervenção ou uma das
dimensões, a ser contemplada no processo de vigilância, o foco central é a saúde mental, e os
processos de intervenções tem por objetivo avaliar todo o sistema de trabalho, considerando o
ambiente, os processos, equipamentos, características do trabalhador, atividades, fluxos, gestão,
cultura organizacional, entre outros; todas essas competências são importantíssimas e uma
atuação que vise diminuir as manifestações de sofrimento.
Para Leão e Gomez (2014) uma organização do trabalho (OT) entende-se não um lugar,
uma instituição, um ambiente, mas os modos de compor o processo de trabalho, os arranjos
técnicos e sociais que padronizam comportamentos, estabelecem metas, objetivos, alvos,
cultura, valores e que mobiliza, enquadra e forma sujeitos, mencionam que dessa forma, faz se
necessário uma análise criteriosa, observações das relações de trabalho, como funcionam os
processos de gestão de e cada tipo de setor, se existe uma gestão que se preocupa com
programas de qualidade de vida no trabalho. Além disso, políticas de Saúde do Trabalhador que
integrem o princípio da integralidade nas questões concernentes à Saúde Mental, devem
observar para as configurações atuais que se apresentam para o trabalho. Estas estão apontando
para maiores riscos de acidentes, de contaminação e de doenças, tanto as clássicas como as
novas formas de assédio, pressões para produção, ameaças e precarização do trabalho, ou seja,
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são todas formas de “violências produtoras de condições psicossociais de adoecimento do
trabalhador. O Psicólogo Organizacional e do Trabalho foi se transformando, ultrapassando os
“limites” impostos pela Psicologia Industrial desenvolvida no pós-guerra em direção uma
perspectiva mais ampla, que enfrentará os diversos desafios impostos pelo atual mundo do
trabalho. Do mesmo modo, Bastos, Yamamoto e Rodrigues (2013), sugere que o profissional
psicólogo que atua em uma organização ou quaisquer outros ramos no âmbito do trabalho,
precisa lidar cotidianamente com a saúde do trabalhador, atuando para garantir melhores
condições de trabalho, valorizando e promovendo práticas de prevenção e promoção da saúde
física e mental no âmbito da humanização e qualidade de vida; e, podemos acrescentar: com as
práticas de Psico-Higiene.
Ao tratarmos sobre a questão do trabalho, o entendemos como uma atividade humana,
dirigida por sua vontade e pelo pensamento conceitual, que possui caráter tanto individual
quanto coletivo, cuja finalidade visa a transformação da natureza a fim de satisfazer as
necessidades básicas e complexas do sujeito; porém, ao mesmo tempo, ópera e transforma a
natureza o homem é igualmente transformado por ela.
Após breve análise da história do trabalho e suas principais formas de exploração ao
longo desta trajetória histórica, desde a sua origem, evolução e transformações durante as
revoluções Francesa e Industrial, as consequentes mudanças ocorridas na sua forma de divisão
e organização, as conquistas com respeito aos direitos trabalhistas e respectivas normativas
legais, nos deparamos com formas de escravidão contemporânea, a qual não é mais classificada
apenas como modo restringir a liberdade do trabalhador como era no passado; porém,
atualmente, se caracteriza pela redução a “condições análogas à de escravo” quando se impõe
a homens e mulheres trabalhos forçados e degradantes, sem a mínima proteção e respeito à sua
dignidade como trabalhador.
O trabalho análogo à escravidão é, sobretudo, uma violação à dignidade da pessoa
humana, isso porque as situações do trabalho escravo contemporâneo estão intimamente ligadas
com a pobreza, marginalização, desigualdades sociais, falta de políticas públicas para
reinserção do trabalhador no mercado de trabalho e a falta de oportunidade oferecida às pessoas
para terem um trabalho decente. Consequentemente, em um contexto de extrema necessidade,
homens e mulheres, muitas vezes mesmo conscientemente, acabam se sujeitando a trabalhos
precários, sendo submetidos à tais práticas desumanas. Considerando o estudo aqui abordado e
construído através do levantamento bibliográfico e da literatura pesquisada, percebe-se que é
de suma importância o debate e discussão sobre a importância da saúde mental do trabalhador
Renata FEITOSA e Maria Luiza MARIANO
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em todos ao âmbito e a prática do psicólogo junto às instituições governamentais estaduais e
federal, e às organizações como “Pastoral da Terra”, “Trabalho escravo nem pensar”, através
de uma práxis Psicossocial-educacional e cultural com ênfase na saúde integral dos sujeitos
egressos do sistema escravista.
Observa-se que apesar das evoluções das Leis Trabalhistas, sobre as quais tivemos
muitas mudanças e transformações, não são poucos os que se arvoram às práticas delituosas
para expropriação e manutenção de polos de trabalhadores sujeitos às condições análogas à de
escravos. Fatos estes que nos são expostos através da mídia jornalística, por meio de denúncias
e ações do poder público como o Ministério do Trabalho, Superintendências Regionais do
Trabalho e Polícia Federal em incursões e resgate de pessoas sujeitas ao trabalho análogo à de
escravo em nosso país, vistas como meros objetos, tratadas sem nenhuma dignidade, de forma
desumana e tendo seus direitos cidadãos violados.
Concluindo, é importante ressaltar o papel da psicologia sócia histórica, ressaltando aqui
o âmbito de saúde mental, cujos profissionais não estão sozinhos, mas sim atuam em uma
equipe multidisciplinar, munidos dos conhecimentos técnico-científicos e psicológicos, visando
a prevenção e a promoção da saúde do sujeito. Sua intervenção junto ao trabalhador, tanto das
organizações em geral quanto aos oriundos do campo escravista, atende o modelo
biopsicossocial, nos aspectos da Psico-Higiene” considerando o sujeito na sua totalidade em
espectro de acolhimento e humanização.
Considerações finais
Após breve análise da história do trabalho e suas principais formas de exploração ao
longo desta trajetória histórica, desde a sua origem, evolução e transformações durante as
revoluções Francesa e Industrial, as consequentes mudanças ocorridas na sua forma de divisão
e organização, as conquistas com respeito aos direitos trabalhistas e respectivas normativas
legais, nos deparamos com formas de escravidão contemporânea, a qual não é mais classificada
apenas como modo restringir a liberdade do trabalhador como era no passado. Porém,
atualmente, se caracteriza pela redução a “condições análogas à de escravo” quando se impõe
a homens e mulheres trabalhos forçados e degradantes, sem a mínima proteção e respeito à sua
dignidade como trabalhador.
O trabalho análogo à escravidão é, sobretudo, uma violação à dignidade da pessoa
humana, isso porque as situações do trabalho escravo contemporâneo estão intimamente ligadas
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com a pobreza, marginalização, desigualdades sociais, falta de políticas públicas para
reinserção do trabalhador no mercado de trabalho e a falta de oportunidade oferecida às pessoas
para terem um trabalho decente. Consequentemente, em um contexto de extrema necessidade,
homens e mulheres, muitas vezes mesmo conscientemente, acabam se sujeitando a trabalhos
precários, sendo submetidos à tais práticas desumanas.
Observa-se que apesar das evoluções das Leis Trabalhistas, sobre as quais tivemos
muitas mudanças e transformações, não são poucos os que se arvoram às práticas delituosas
para expropriação e manutenção de polos de trabalhadores sujeitos às condições análogas à de
escravos. Fatos, que são expostos através da mídia jornalística, por meio de denúncias e ações
do poder público como o Ministério do Trabalho, Superintendências Regionais do Trabalho e
Polícia Federal em incursões e resgate de pessoas sujeitas ao trabalho análogo à de escravo em
nosso país, vistas como meros objetos, tratadas sem nenhuma dignidade, de forma desumana e
tendo seus direitos cidadãos violados.
Em suma, é importante ressaltar o papel da psicologia sócia histórica, sua atuação crítica
e práxis voltada aos direitos humanos diante das diversidades culturais, étnicas, raciais e de
gênero e como encerram a atuação do psicólogo, ressaltando aqui o âmbito de saúde mental,
cujos profissionais não estão sozinhos, mas sim atuam em uma equipe multidisciplinar,
munidos dos conhecimentos técnico-científicos e psicológicos. E visando a prevenção e a
promoção da saúde do sujeito; sua intervenção junto ao trabalhador, tanto das organizações em
geral quanto aos oriundos do campo escravista, atende-se o modelo biopsicossocial, nos
aspectos da Psico-Higiene” considerando o sujeito na sua totalidade em espectro de
acolhimento e humanização.
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CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Gostaria de agradecer primeiramente ao meu Deus pela oportunidade.
Também quero agradecer as pessoas que me apoiaram durando esse período minha mãe
Solange Ribeiro Martins e meu pai Reinaldo Martins e meu esposo Jessé Bertole Feitosa e
filho Benjamin Feitosa por todo apoio e força. E orientação e parceria da Professora Maria
Luiza Mariano no desenvolvimento do trabalho e da pesquisa.
Financiamento: Não há.
Conflitos de interesse: Não há.
Aprovação ética: O trabalho escrito por mim respeitou a ética durante a pesquisa, passou
pela aprovação do comitê ético formado por três avaliadores da Faculdade FAEF.
Disponibilidade de dados e material: Sim estão disponíveis para acesso, conforme
descrito nas referências do artigo.
Contribuições dos autores: Renata Feitosa: Pesquisa e levantamento bibliográfico,
descrever e estruturação do artigo; Maria Luiza Mariano: Levantamento bibliográfico,
orientações, correções e montagem do artigo.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
EDI
Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 19, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2526-3471
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LABOR ANALOGOUS TO SLAVERY: THE IMPORTANCE
OF THE PSYCHOLOGIST'S ROLE IN THE WORKER'S MENTAL HEALTH
TRABAJO ANÁLOGO A LA ESCLAVITUD: LA IMPORTANCIA DEL PAPEL DEL
PSICÓLOGO EN LA SALUD MENTAL DEL TRABAJADOR
TRABALHO ANÁLOGO À ESCRAVIDÃO: A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DO
PSICÓLOGO NA SAÚDE MENTAL DO TRABALHADOR
Renata FEITOSA1
e-mail: psicóloga. renatafeitosa@gmail.com
Maria Luiza MARIANO2
e-mail: luiza.mariano@unesp.br
How to reference to this article:
FEITOSA, R.; MARIANO, M. L. Labor analogous to slavery: The
Importance of the psychologist's role in the worker's mental health.
Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 19, n. 00, e023004, 2023.
e-ISSN: 2526-3471. DOI:
https://doi.org/10.26673/tes.v19i00.17871
| Submitted: 10/11/2022
| Revisions required: 17/12/2022
| Approved: 15/01/2023
| Published: 23/03/2023
Editors:
Profa. Dra. Luci Regina Muzzeti
Profa. Dra. Rosangela Sanches da Silveira Gileno
Executive Deputy Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
College of Higher Education and Integral Training (FAEF), Garça SP Brazil. Undergraduate student in
Psychology Department of Psychology FAEF.
São Paulo State University (UNESP), Araraquara SP Brazil. Doctoral student in the Graduate Program in
School Education
Labor analogous to slavery: The importance of the psychologist's role in the worker's mental health
Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 19, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2526-3471
DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v19i00.17871 2
ABSTRACT: This paper aims to critically analyze and reflect on how the lack of a more
humanized look and actions towards the worker can contribute to causing severe damaging
consequences to mental health. Although we have abolished the slave system, we still see
reflections of that dark past, marked by degrading conditions, cruelty, and total affront and
violation of the human rights of individuals. The present research aims to carry out an
investigation-research through a descriptive and qualitative bibliographic review for reflection
and criticism on the historical trajectory of slave labor, in addition to exploring the context of
the mental health of the worker up to the present moment. As a result, to point out the large
number of workers that, throughout history, have been submitted to situations of work
analogous to slavery, to analyze mental health and the importance of the psychologist in this
context.
KEYWORDS: Labor analogous to slavery. Mental health. Humanized look.
RESUMEN: El objetivo de este trabajo es analizar críticamente y reflexionar sobre cómo la
falta de una mirada y actuación más humanizada hacia el trabajador puede contribuir a
provocar graves consecuencias nocivas para la salud mental. Aunque hayamos abolido el
sistema de esclavitud, aún vemos reflejos de ese oscuro pasado, marcado por condiciones
degradantes, crueldad y total afrenta y violación de los derechos humanos de las personas. La
presente investigación tiene como objetivo realizar una indagación-investigación a través de
una revisión bibliográfica descriptiva y cualitativa con el propósito de reflexionar y criticar la
trayectoria histórica del trabajo esclavo, además de explorar el contexto de la salud mental del
trabajador hasta la actualidad. Como resultado, señalar la gran cantidad de trabajadores que
a lo largo de la historia han sido sometidos a situaciones de trabajo análogas a la esclavitud,
con el objetivo de un análisis de la salud mental y la importancia del psicólogo en este contexto.
PALABRAS CLAVE: Trabajo análogo a la esclavitud. Salud mental. Visión humanizada.
RESUMO: O objetivo deste trabalho é analisar criticamente e refletir sobre como a falta de
um olhar e ações mais humanizadas para o trabalhador podem contribuir para causar graves
consequências danosas à saúde mental. Apesar de termos abolido o sistema escravocrata,
ainda vislumbramos reflexos daquele passado sombrio, marcados por condições degradantes,
pela crueldade e total afronta e violação dos direitos humanos dos indivíduos. A presente
pesquisa tem como objetivo realizar uma investigação-pesquisa através de uma revisão
bibliográfica descritiva e qualitativa para fins de reflexão e crítica sobre a trajetória histórica
do trabalho escravo, além de explorar o contexto da saúde mental do trabalhador até o
presente momento. Como resultados, apontar a grande quantidade de trabalhadores que, ao
longo da história, foram submetidos a situações de trabalho análoga à de escravo, com o
objetivo de uma análise da saúde mental e da importância do psicólogo neste contexto.
PALAVRAS-CHAVE: Trabalho análogo à escravidão. Saúde mental. Olhar humanizado.
Renata FEITOSA and Maria Luiza MARIANO
Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 19, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 1519-9029
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Introduction
Work analogous to slavery is the clearest antithesis of dignified and humane work that
exists, the current forms of slavery violate the precepts of The Universal Declaration of Human
Rights (UDHR), instituted in 1948 after the end of World War II. Brazil abolished the slave
system in 1888 through the Lei Áurea (Golden Law) signed by Princess Isabel, which
definitively prohibited slavery, the slave trade, punishment, and inhuman and degrading
treatment; however, in Brazil, it is still possible to find people in situations analogous to slavery,
under the most varied forms of exploitation, living inhumanly.
According to a publication on the Ministry of Labor's website, in 2022, approximately
five hundred workers were rescued in conditions analogous to slavery, from the most diverse
regions of Brazil, who received severance pay and compensation for the inhumane way in
which they were treated, even though many still live in this situation (BRASIL, 2022a).
The present work aims to carry out an investigation-research through a bibliographic
review for reflection and criticism about the historical trajectory of slave labor, its subsistence,
and degrading conditions that many still live in today; also to explore and analyze the socio-
historical context of the mental health of the worker until now, highlighting the importance of
the psychologist's role in the valorization of the mental health of the worker and the humanized
look of the companies for the same. The basis of this research is to analyze the socio-historical
context of the worker's mental health in the country through the understanding of the
contributions of relevant authors in the theme, highlighting the importance of the figure of the
psychologist in the work context and in the worker's life to try to prevent possible somatic
disorders and diseases arising from the oppressive and unequal relations in the work context,
as well as to promote a better quality of life given their physical and mental health.
As for the methodology of this work, qualitative research was carried out using the
literature review method according to the researched theme. The development of this research
is presented in chapters; in the first chapter, we discuss the history of labor since its emergence
until today. In the second chapter, we seek to emphasize labor analogous to slavery, punctuated
by publications in the news media and actions by public authorities, situations, and facts that
prove the existence of the slave system today and of people subjected to it in all kinds of
degrading, inhumane, and undignified labor. In the third chapter, we bring contributions from
two authors who are references on the subject: Karl Marx and Michel Foucault, who portray
the organizational mechanisms and power relations that permeate the world of work, as well as
the suffering and physical and mental illness resulting from it, respectively. The fourth chapter
Labor analogous to slavery: The importance of the psychologist's role in the worker's mental health
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presents proposals and experiences of some professionals, such as José Bleger, on the
possibilities of interventions in the prevention and promotion of mental health until we get to
the psychologist's role before a model of integral care that he calls Psycho-Hygiene. Finally,
we end with the final considerations and claims emphasizing the need and importance of the
work and performance of the professional psychologist with such demands and the list of
references that guided this work.
Revisiting the history of work
Work originates in man himself, integrating his needs for survival as a human being.
During prehistory, especially in the Chipped Stone Age, man improved his work by learning to
make tools with stone splinters, tree bark, and large thorns, and he became able to transform
nature and seek multiple forms of food and satisfaction with other basic needs. As new forms
of work emerged, new power relations also emerged, and those who held this power introduced
slave labor, which subsisted for several centuries, being entirely exploited since the construction
of the pyramids in Egypt, during the Roman Empire, in colonial Brazil, for example, and in
other various parts of the world where the economy was based on extraction and the logic of
profitability. It is worth clarifying that the word work, acquires some meanings throughout
history, according to Albornoz (2017, p. 9, our translation):
In Portuguese, although there is labor and work, it is possible to find in the
same word both meanings: that of performing a job that expresses you, that
gives social recognition and remains beyond your life, and that of routine and
repetitive effort, without freedom, of consumable results and inevitable
discomfort.
The author attributes two meanings of the word work; on one side, positive expresses
joy, and on the other, a routine and repetitive situation in which many workers live. While for
some, work is just a form of subsistence, for others, it is an opportunity to do something that
will bring personal and social satisfaction. But regardless of the direction, it can offer conditions
for personal growth or psychological illness.
In this sense, bringing it into the context of our language, the word work originates from
the Latin tripalium, an instrument with iron tips used by farmers who beat wheat, ears of corn,
and flax (ALBORNOZ, 2017). Work has always existed in our society, only differing in each
stage of life. In the first stage, it brings with it the effort of nature to gather fruit from trees,
catch fish from rivers, and hunt animals for the sustenance of man and his family. In the
Renata FEITOSA and Maria Luiza MARIANO
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secondary stage, men invented or discovered agriculture, the conquest of new areas for planting,
thus arise the notion of property and product, and in this case, conditions are created for the
existence of social classes, which separates the one who owns the work from the one who is
idle, (ALBORNOZ, 2017).
Also, according to Albornoz (2017), this separation of labor was the practice of war, in
which the people conquered in battle, that is, the defeated were enslaved by the winners, being
subjected to the lowest category of the hierarchy of the winning people. Thus, in ancient times,
slavery began as one of the first forms of worker exploitation.
Thus, the "slaves" were not considered subjects, but objects, subjected to hard work,
without considering their physical and mental health, which their owners could sell them, trade
them, or even take their lives. At that time, there was still nothing to discuss regarding the
worker's mental health. In this way, the conception of work was molded in each historical
context. As Villela (2010) states, the historical path of work began with slavery, one of the
forms of human exploitation, until it reached the industrial revolution, work went through
several transformations until it acquired the nature of rights close to those we have today.
The evolution and consolidation of labor laws in Brazil and in the world
The period of labor law in Brazil began with the abolition of slavery and the
proclamation of the republic (1889), contributing to the subsequent emergence of Brazilian
labor legislation (NASCIMENTO, 2007). In the period of transition from slave labor to wage
labor, the formation of Labor Law (DT) suffered many internal and external influences, which
were of great importance for this evolution to occur in Brazil. The internal influences can be
highlighted in the labor movement, which had anarchist inspirations, such as numerous strikes
in the late 1800s and early 1900s, when there was an industrial upsurge as a consequence of
World War I, this upsurge occurred due to the increase in the number of factories 12,000 and
300,000 workers; and the labor policy of Getúlio Vargas (1930) (NASCIMENTO, 2007). Due
to the influences of the transformations that occurred in Europe in the labor field, Brazil and
other countries promoted the development of labor laws and specific legislation to protect the
worker. In 1919 Brazil joined the International Labor Organization (ILO), created in the Treaty
of Versailles, to verify the labor standards (NASCIMENTO, 2007).
During this period, our country was still suffering from the aftermath of the end of World
War I. Many European immigrants also arrived at this time, bringing with them a desire to
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change their lives, new opportunities, and better working conditions. The Crisis of 1929, also
known as "The Crash of the New York Stock Exchange," spread to the world's four corners.
This crisis hit the Brazilian economy hard, generating unemployment and financial difficulties
for the population all over the country. Such events aroused the Brazilian people's desire for
change in work and quality of life; thus, the regulations on Labor Law came soon after the
revolution of 1930.
From the 1930s on, Brazil went through significant changes until the promulgation of
the constitution in 1934; this was the first Brazilian charter to deal with Labor Law. The 1934
Constitution brought important social advances for workers: it established the minimum wage,
the eight-hour workday, weekly rest periods, paid annual vacations, and compensation for
dismissal without cause. About the 1934 constitution, Sérgio Pinto Martins (2013, p. 11, our
translation) points out
The 1934 Constitution is the first Brazilian constitution to deal specifically
with Labor Law. It is the influence of social constitutionalism, which in our
country only came to be felt in 1934. It guaranteed freedom of association (art.
120), wage isonomy, minimum wage, eight-hour work day, protection of
women's and minors' work, weekly rest, and paid annual leave of art.
121).
In 1937 the new constitutional charter was granted, marked by an interventionist posture
of the State before it adopted a liberal stance towards labor organizations. Beyond this period,
in 1943 was promulgated the Consolidation of Labor Laws (CLT), approved by Decree-Law
No. 5452 and sanctioned at the time by President Getúlio Vargas, CLT was the result of a long
process of struggle for labor rights, which endured terrible working conditions. According to
Sérgio Pinto Martins, the CLT only brings together the existing norms in an orderly manner
(CEZAR, 2008, p. 19). In 1966 it was created the FGTS-Severance Indemnity Fund, under Law
No. 5.107 on September 13, after that came the 1967 constitution, without many changes, kept
labor rights.
In 1988, the National Constituent Assembly promulgated the Federal Constitution of
Brazil, known as the Citizen Constitution, establishing the dignity of the human person, and
labor rights, among other rights. The 1988 Constitution guaranteed and ensures Brazilian
workers social rights and the exercise of citizenship, highlighting the protection against slave
labor, degrading forms of work, as well as the workload, and the freedom of any work exercise.
The employee who previously had no law that ensured their rights is now supported by the
constitution, as described by Delgado (2019, p. 928, our translation):
Renata FEITOSA and Maria Luiza MARIANO
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In an exemplary way, the Constitution of the Republic seized this new reading
about the working day and working hours and the role they play in the
construction and implementation of a consistent occupational health policy.
That is why the 1988 Constitution wisely listed the "reduction of risks inherent
to work, using health, hygiene, and safety norms " as a workers' right (art. 7,
XXII).
It is understood, therefore, that the worker, who before was considered just an object,
without value, without dignity, acquires greater importance, being seen as a human being in
their totality. The new constitution gave prestige and strengthened union autonomy and freedom
of organization, extended to public servants. It also made the right to strike constitutional for
private and public sector workers and weekly paid Sunday rest.
Modern-day work in conditions analogous to slave labor and the mechanisms to combat
it
As we saw earlier, we currently have laws that guarantee the protection of labor rights;
according to the "International Labor Organization (ILO), we must promote opportunities for
men and women to have decent work, quality, equity, security, and human dignity. Slave labor
was one of the forms of exploitation, where blacks and Africans were brought to work on the
plantations as enslaved people, as reported by Camino (2004, p. 39-40, our translation):
The history of Brazil is marked, in the colonial and imperial periods, by the
slavery of black Africans, brought through trafficking, in its most degrading
page. The importance of blacks in the economy and, fundamentally, in the
cultural formation of the Brazilian people. They are generously present in
everything, although the submission of more than three centuries still
reverberates in the segregation of poverty and veiled racial prejudice.
One can infer, then, that in that period cited by Camino (2004), the enslaved people
lived in the most degrading living and "work" situations, there was intense suffering and
humiliation, and they were submitted to the cruelest and most critical forms of treatment
possible. According to the ILO, labor analogous to slavery is the newest form of modern slavery
and can include debt bondage, human trafficking, and other forms of forced labor; putting an
end to this problem requires the commitment of the authorities, and the engagement of workers,
employees, as well as international organizations and civil society. Thus, the most common
form of contemporary slave labor is found in rural areas, where the so-called "cats" lure workers
for labor. At first, those who go to the fields find themselves in precarious subsistence
conditions; hunger, misery, and the lack of basic sustenance for their families make them
Labor analogous to slavery: The importance of the psychologist's role in the worker's mental health
Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 19, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2526-3471
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desperate and eager for any activity that can provide them with any kind of improvement, so
they are easily lured into the fatal trap:
These cats recruit people in regions far from where they will provide services
or in boarding houses located in nearby cities. In the first approach, they show
themselves as pleasant, with good job opportunities. They offer work on
farms, with a guaranteed salary, room, and board. To seduce the worker, they
offer "advances" for the family and guarantee free transportation to work. The
transportation is done by buses in terrible conditions or by improvised trucks
without any security. When they arrive at the job site, they are surprised by
situations entirely different from those promised. To begin with, the cat
informs them that they are already in debt. The down payment, transportation,
and food expenses during the trip have already been written down in a
"notebook" of debts that will remain in the cat's possession (SUZUKI, 2016,
p. 246, our translation).
Thus, after being deceived and contracting debts impossible to be paid, they are
subjected to inhumane conditions of health, hygiene, stay/ dwelling, and safety. Often far from
their families, these workers are more fragile and more likely to be dominated. Therefore, it is
observed that the denomination of work analogous to slavery still permeates our national
territory, as explained by Audi (2006, p. 76-77, our translation):
Contemporary slavery in Brazil then persisted and still insists, more cruelly
and subtly than the one abolished by Princess Isabel in 1888. Modern enslaved
people are disposable people with no added value to production-simply they
cost nothing, are worthless, and therefore do not deserve, according to purely
economic logic, any care or guarantee of their lives.
As cited by Audi (2006), this new model of slavery brings devaluation to the worker
and, for the employer, the guarantee of fewer costs since they represent mere objects for profit.
Slave labor has been molding itself to the new economic realities, no longer as it used to be, but
still in a degrading and violent way; it presents itself in various forms of violation not only of
the worker's freedom but also of his physical health and especially his mental health.
In an article by the Ministry of Labor (MT), many of the workers who are subjected to
slavery come from rural areas, from very low-income families, and from regions far away from
those where they are enslaved. These men and women follow such paths because they face
countless difficulties due to their precarious education and technical knowledge, resulting in
the impossibility of their inclusion in the labor market in commercial and industrial centers,
including areas of civil construction. Even so, many people suffer daily and continue in this life
analogous to slavery until someone denounces it or the Ministry of Labor inspectors finds them,
the following transcript, as an example, was extracted from the Inspection Reports of the
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Ministry of Labor and Employment (MTE) and illustrated the modes of exploitation of the
worker submitted to the work model that we can call "modern slavery": "Labor Inspection
Auditors of the Regional Superintendence of Labor in Pernambuco (SRTb/PE) rescued a
domestic worker submitted to conditions analogous to slavery for 43 years, she was delivered
to the employing family when she was 11 years old, around 1979, the father agreed with the
employing family that in exchange for his daughter he would receive a monthly sum of money.
The worker cleaned and organized the house and washed clothes but later became a nanny; the
worker reported that "She dedicated part of her childhood to working in the house and says that
she never received toys as presents on her birthday or at Christmas. Her entire adolescence was
also dedicated to caring for the home and the employer's children, a fact that permeated her
adult life when, in addition to the previous jobs, she began to accumulate the function of nanny
to the grandchildren of the employer couple and to care for the family dogs.
Article 149 of the Brazilian Penal Code identifies work in conditions analogous to
slavery through four specific conducts; they are a) subjection of the victim to forced labor; b)
exhaustive work day; c) subjection of the victim to degrading conditions; d) restriction of any
means of locomotion of the victim due to a debt contracted with the employer or representative.
The Ministry of Labor and Employment (MTE) has the institutional mission to promote
the development of citizenship in labor relations, striving for excellence in carrying out its
actions and aiming for social justice. Article 626 of the CLT establishes that "The competent
authorities of the Ministry of Labor and Employment, or those who exercise delegated
functions, are responsible for inspecting the faithful fulfillment of the labor protection norms.
Contributions of socio-historical authors
Karl Marx's Alienation of labor
Karl Marx built his approach on how social and historical processes occur that result in
structural societal changes. Thus, the social division of labor is central to his analysis. Marxist
thought analyzes the concept of alienated labor when a man does not identify himself in human
labor relations, and there enters the process of alienation; so according to Mészáros (2017, p.
20, our translation):
In the alienation of the object of work, it is only summed up the alienation in
the activity of work itself [...] the result is external to the worker [...] it does
not belong to his nature; therefore he does not firm himself in work, but denies
himself [...] he does not freely develop physical and mental energies, but
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exhausts himself physically and ruins his spirit. Consequently, the worker
feels himself only outside of work, while he feels himself outside of himself
at work. Thus, his work is not voluntary but imposed it is forced labor.
Marx states that the worker is alienated and estranged in his activity of productive
activities, it is evident that the product of labor becomes alien to its producer since he has no
access to it. "If his activity is martyrdom, then it must be fruition for another and joy of living
for another. Not the gods, not nature, only man himself can be this strange power over a man"
(MARX, 2015, p. 86, our translation).
For Marx (2015), this relationship of labor with the worker also develops the
appropriation relationship of capitalism (owner of work) with the products of labor, in the same
way, Marx understands the relationship of wages with labor, "for wages are only a necessary
consequence of the estrangement of labor" (MARX 2015, p. 88, our translation). Therefore,
according to the author, in capitalism, a contradiction is expressed by producing use values and
exchange values, capitalism appropriates the surplus labor time produced by the working
subjects, converting this part of the labor time performed, beyond what is necessary, in what
Marx names "surplus value"; the wage never corresponds to what the worker produced, it only
serves to the worker to supply his basic needs with goods to be able to continue working. In the
work Capital, Marx analyzes production processes and points out a situation that was noticeable
at the time of the industrial revolution; in capitalism, "surplus labor" is formed, that is, a portion
of labor given to the boss, "surplus value" resulting from the increase in the work day beyond
what the worker needs to survive; Marx describes the surplus value in two modalities: absolute
surplus value which is summarized as an increase in the work day and relative surplus value
resulting in a decrease in the time spent to perform the work, in short, surplus value is the
expropriation of labor, how the bourgeoisie accumulates capital.
In the chapter titled "Machinery and Big Industry," Marx describes the technological
process through machinery in the means of production, which, he says, made it possible for
women and children to enter the factories. The author states that the machine system recovers
losses and obtains surplus value. Thus, under the judgment of the capitalist, machinery is
employed systematically to "squeeze" the subjects in the face of the volume of work in the same
period, the speed of the machines, and the addition of machines under the responsibility of the
same worker (MARX, 1996, p. 20).
The importance of looking at Marx from the perspective of Mészáros (2017) is that in
capitalism, man is nothing but a fraction of himself, where work, being his only possibility of
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objectification, does not belong to him. So that all work is fragmented, exploited, and alienated.
We understand that the concept of alienation, as conceived by Marx, is difficult to apply today,
but this does not mean that alienation has disappeared. On the contrary, we believe that it has
been accentuated.
The Power Relationship in Michel Foucault's Work
In this sub-chapter, we will address the context of the power relations that emerge from
the reality of work analogous to slavery in Brazil; such a relationship takes place between the
employer and the employee, and the focus is on the experience of many Brazilians who still
live under exploitation and deprived of their dignity; work analogous to slavery "is no longer
defined by racial exploitation nor do whipping chains symbolize it, and the senzala, but it
equally diminishes the dignity of the human being" Mello (2005). According to the same author,
the floggings and chains were replaced by mistreatment, poor working and hygiene conditions,
deprivation of freedom by the threat of weapons, and the senzalas (accommodation for the
enslaved people) by lodgings made of straw, canvas, and hammocks. An artifice typical of the
present day to keep the worker in a system of captivity - "the debt."
However, to understand this power relationship, Foucault, in his works Watch and
Punish, as well as in Microphysics of Power, gives a narrative about the history of prisons and
the power established first by the control over the supplicated body and, later, modified by the
most severe punishments. In the XVI and XVII centuries, the forms of punishment appeared as
pain and suffering, exposed to physical pain on the body, at that time when the person
condemned for some situation was sentenced to death, before death, he was tortured and killed
criminals in a public square to propagate the power of the king before his subjects; (BONIN;
PANATTA; ABELO, 2016). Corroborates with this narrative Foucault (2013, p. 31-32, our
translation):
What is torture? Painful corporal punishment, more or less atrocious, added:
"it is an inexplicable phenomenon, the extension of the imagination of men to
barbarity and cruelty. [...] Punishment is a technique and should not be equated
with the extremes of a lawless rage. A punishment, to be a torture, must [...]
in the first place produce a certain amount of suffering which one can, if not
measure exactly, at least appreciate, compare, and rank; death is a torture
insofar as it is not simply deprivation of living, but the occasion and the final
term of calculated graduation of sufferings.
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It is understood that, since the 16th century, the way to exercise power over other people
was by causing suffering and pain; physical pain, and torture, thus, the punishments revolved
around forced labor, the condemned always bound by chains, demonstrating the power of the
state over the body. Nowadays, the scenarios have changed, however, the power relations
remain the same, at that time, the bourgeoisie and the sovereigns controlled and ruled over the
proletariat; today, we have people with a specific power who dominate a group of people. In
the situation in which we live today, we see the employer dominating the employee, who finds
himself in a position where he needs to work to support his family, or because he is in debt or
even because of hunger. Foucault, in his book Microphysics of Power, according that one
cannot have power over the subject through the mind if there is not already power over the
body, a body that generates the wealth of capitalist production:
[...] society's control over individuals does not operate simply through
consciousness or ideology but begins in the body, with the body. It was in the
biological, somatic, and corporal that capitalist society invested first of all [...]
(FOUCAULT, 1979, p. 80, our translation).
The middle ages have the body as a source of wealth; an example is the industrial
revolution. With the arrival of machines, people were forced to work for long periods, while
those who were in power earned a lot, while those who only produced earned little. In addition,
they suffered from physical exhaustion and poor health, besides emotional losses. Still, about
the power mechanism, Foucault (1979, p. 119, our translation) points out:
A "political anatomy," which is also equally a "mechanics of power," is being
born; it defines how one can have dominion over the bodies of others, not
simply so that they do what one wants, but so that they operate as one wants
[...]. Discipline thus manufactures submissive and exercised bodies, "docile"
bodies. Discipline increases the body's strengths (in economic terms of utility)
and decreases those strengths (in political terms of obedience).
According to Foucault (2013), power relations are a plot, a mechanism of power
("mechanics of power") that makes them submissive subjects, as he refers to "docile" that
translates into "discipline that increases" production and profit decreases in very high
proportions what he calls "politics of obedience" and that we can call psychosomatic-emotional
suffering; which in the short term become physical symptoms resulting from the imbalance
between demands and effort made.
There are still many Brazilians who are submitted to work analogous to slavery,
dominated and submissive to such mechanisms because their bodies have already surrendered
to this form of work, either by hunger or by debt, which makes them think that the only way to
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pay their debts to the employer is to continue to work for him, even without pay, without
adequate housing and food for a human being to live; in this context, a fundamental point arises:
it is "necessary" that the State educates not only the body but also the mind of its citizens.
Foucault points out that everything can be shaped by reason, by the discipline of the mind about
its body, thus:
This universe leads us to understand that there is no "power in itself," but rather a power
relation over the body and mind and that when it comes to the subject of this study, such power
relations should contemplate that the psychic sufferer, the working subject, should be seen as a
citizen, and as such, needs to experience ethical-solidarity power relations and social inclusion;
and to understand that the worker who is subjected to slave-like conditions is a subject-citizen
with rights and duties, but, above all, a human being. To close this text on Marx and Foucault,
we can make an analogy between labor alienation and power relations, using the documentary
"Island of Flowers" (1989) by the Rio Grande do Sul filmmaker Jorge Furtado, who presents
the trajectory of a tomato from the cultivation field, its arrival in the intermediary commerce,
its acquisition by the consumer who discards it in the garbage because it is spoiled; From the
trash, it goes to the landfill on a plot of land on Flores Island, a place where several families
live in conditions of social vulnerability and where guards guard a private pigsty.
What is extremely shocking is that the organic material dumped in the landfill is sorted,
and the items in the best condition are fed to the pigs that are raised there; what the pigs don't
eat is then given to low-income families who, although they are also human beings, are below
the pigs on the preference scale simply because they don't have any money; the documentary
illustrates a step-by-step how unequal the relationship between human beings is in the capitalist
system. The analogy woven there is a triple alienation beginning with the pigsty owner for
"expropriating" the organic content of the waste and using violence to dominate it; the workers
who guard the pigs are heavily armed and prevent their impoverished human counterparts from
having access to food through intimidation and fear. The low-income families that feed on the
dirt are subjected to mockery, contempt, and humiliation since they are incapable of even
fighting for their freedom and dignity, perhaps even preferring death to the degrading subjection
and reduction of their human value to less than a pig; this is the picture many find when we are
faced with working human beings in a situation analogous to slavery in our country.
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Slave labor and psychological suffering
Addressing issues related to worker health has been a constant concern for the social
sciences in recent decades. Laurell and Noriega (1989) and Dejours (1987) address the issue of
worker attrition, premature aging, pathological fatigue syndrome, sleep disorders, fatigue on
sexuality, chronic stress, and other effects attributable to the organization of work in the
capitalist mode of production.
When we talk about illness, we think of something associated with something more
serious, like depending on medical help or a hospital. For Tamanini (1997), the category of
suffering is used in different senses and may have antagonistic meanings. On a concrete level,
suffering means physical illness, headache, and high blood pressure. At the abstract level, it is
allied to psychic aspects, goes beyond the limits of experience of physical illness, and provides
cognitive elements. In this sense, suffering acquires multiple meanings, "strength" and
"weakness", vulnerability, determination, fear or courage, awakening positive or negative
emotions.
Santos (1999), in a study about the crew embarked in the Merchant Navy, verified that
the family assumes a role of utmost importance in the life of the worker, the main defensive
mechanism used by workers to face it being its distance the primary source of psychological
suffering and the focus on work, such fact is proven in many workers in situations analogous
to that of enslaved people who, away from their families, tend to suffer psychically. Initially,
stress arises with manifestations of anxiety and nervousness, later, in the face of powerlessness
to transform such conditions, physical and mental diseases arise as ways of stress expression;
Prado (2016, p. 287, our translation) describes the phases of stress and the symptoms of each
phase until the onset of the disease:
[...] stress produces defense and adaptation reactions to the stressor agent,
classified into alarm phase, resistance, and exhaustion. The alarm phase
begins with the stressful stimuli that provoke a quick response from the
organism (fight and flight). [...] In this phase, the changes observed in the
organism include increased heart and respiratory rates, blood pressure;
contraction of the spleen; release of glucose by the liver; blood redistribution,
and dilation of the pupils. In the resistance phase, the individual tries to adapt
to the new situation to reestablish the internal balance because the organism
presents greater wear and tear, memory difficulties, and is more vulnerable to
diseases. The most commonly observed symptoms are muscle tremors,
physical fatigue, discouragement, irritability, difficulty concentrating, and
emotional instability. Finally, the exhaustion phase consists of the extinction
of resistance due to failures in the adaptation mechanisms. It is considered the
most critical condition related to stress because, after repeated exposure to the
same stressor, the organism can develop serious diseases or even collapse.
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Another occupational disease well recognized is the burnout syndrome (ICD 10 - Z73);
the Ministry of Health (BRASIL, 2022b) defines it as "professional burnout syndrome, an
emotional disorder with symptoms of extreme exhaustion, stress, and physical exhaustion
resulting from stressful work situations, which demand a lot of competitiveness or
responsibility". The symptoms of Burnout reported by Zanatta and Lucca (2015) can be
psychosomatic, psychological, and behavioral and generally produce negative consequences at
the individual, professional, and social levels.
Results showed the occurrence of Burnout in people with apparently adjusted and
balanced personalities until they came into contact with specific work environments. The
author's Maslach, Schaufeli, and Leiter (2001) reported that Burnout is defined as a
psychosocial phenomenon; Maslach and Leiter (1997, p. 18) stated that "Burnout is not a
problem of the individual but of the social environment in which he/she works".
According to Carlotto and Câmara (2008), burnout, emotional exhaustion,
depersonalization, and low work performance are the three dimensions that develop and can be
characterized as a syndrome. Burnout syndrome is only one of the occupational diseases, many
others can be developed as a reaction to emotional stress. When working on issues related to
psychological suffering and, consequently, the pathologies resulting from it, we want to point
out that contemporary slave labor is potentially this source of "pain and sickness"; some report
that the term "slave labor" should be used only to designate a model that is about effectively
obtaining the right to property over others. And even in institutional spaces, the term "slavery"
can be fought by authorities who bring the idea of slavery from the colonial period, of the use
of chains, whips, and forms of punishment and prohibition of people leaving their work
environments, accepting only the picture of absolute subjection.
However, as Kevin Bales (2012 apud BARROSO; PESSANHA, 2018, our translation)
states, the "new contemporary slavery" is natural and is all around us. For these authors, poverty
is still the common denominator. Among the criteria are these individuals' vulnerability,
weakness, and deprivation. "Give certain, we can see that the enslavers are fully aware of the
weakness of the enslaved, and, in their actions, end up adapting an old practice to the new global
economy" (BALES, 2012 apud BARROSO; PESSANHA, 2018, p. 234, our translation).
When we talk about the psycho-physical-emotional elements that generate pain,
suffering, and illness in the worker, we want to highlight that this reality of the world of work
is enhanced to workers in conditions analogous to slavery. In finalizing this theme, we want to
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highlight an excerpt from the preface of the book Psychodynamics of Work: Theory, Methods,
Research by Ana Magnólia Mendes (2007) by Cristophe Dejours, the pioneer in studying and
presenting the issues "silenced" by the worker in the realm of psychopathology and
psychodynamics of work, problems that permeate the daily lives of men, women, and children
in conditions of existence and work analogous to slavery.
Practices to promote the mental health of the worker
The issue of workers' mental health is currently one of the most pressing demands for
worker health services. According to Leão and Gomez (2014), there is an increasing number of
complaints about moral harassment and psychological violence, as well as reports of constant
and lasting dissatisfaction, fatigue, uneasiness, and suffering, and more severe and acute
manifestations that lead to depression, post-traumatic stress, professional neurosis, and even
suicide.
Given the above, the World Health Organization (WHO) created 2007 a Global Worker
Health Action Plan (2008 - 2014), "which had as its centrality to raise applied health policies,
develop epidemiological indicators, create mechanisms for collecting and studying evidence in
the area and articulate intersectoral policies and pacts in the field of worker health" (LAVOR-
FILHO et al., 2021, p. 492). Indeed, there are many concerns when talking about worker mental
health, and therefore as a proposal to integrate worker health, one strategy is the implementation
the Worker Health Surveillance, understanding that suffering and emotional illnesses arise in
the corporate relations of work with the subjects. For example, Leão and Gomez (2014) point
to the issue of mental health, which can be the main factor of an intervention action or one of
the dimensions to be contemplated in the surveillance process, the central focus is mental health,
and the processes of interventions aim to evaluate the entire work system, considering the
environment, processes, equipment, worker characteristics, activities, flows, management,
organizational culture, among others; all these skills are fundamental and a performance that
aims to reduce the manifestations of suffering.
For Leão and Gomez (2014), a work organization (OT) is understood not as a place, an
institution, or an environment but as the ways of composing the work process, the technical and
social arrangements that standardize behaviors, establish goals, objectives, targets, culture,
values and that mobilizes, frames and forms subjects, mentioning that this way, it is necessary
a careful analysis, observations of work relationships, how the management processes work in
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each type of sector, if there is a management that cares about the quality of life at work
programs. In addition, Worker's Health policies that integrate the integrality principle in the
issues concerning Mental Health must observe the current configurations presented for the
work. These point to greater risks of accidents, contamination, and diseases, both the classic
and the new forms of harassment, production pressures, threats, and job insecurity, that is, they
are all forms of "violence that produce psychosocial conditions of worker illness. The
Organizational and Occupational Psychologist has been transforming, going beyond the
"limits" imposed by the Industrial Psychology developed in the post-war period towards a
broader perspective that will face the several challenges imposed by the current world of work.
In the same way, Bastos, Yamamoto, and Rodrigues (2013) suggest that the professional
psychologist who works in an organization or any other branches within the scope of work
needs to deal daily with the worker's health, acting to ensure better working conditions, valuing
and promoting prevention practices and promotion of physical and mental health within the
scope of humanization and quality of life; and, we can add: with Psycho-Hygiene methods.
When dealing with the issue of work, we understand it as a human activity, directed by
his will and by conceptual thinking, which has both individual and collective character, whose
purpose is aimed at the transformation of nature to satisfy the basic and complex needs of the
subject; however, at the same time, while operating and transforming nature, man is also
changed by it.
After a brief analysis of the history of labor and its main forms of exploitation
throughout this historical trajectory, from its origin, evolution, and transformations during the
French and Industrial Revolutions, the consequent changes that occurred in its division and
organization, the conquests concerning labor rights and respective legal norms, we are faced
with forms of contemporary slavery, which is no longer classified only as a way to restrict the
freedom of the worker as it was in the past; however, currently, it is characterized by the
reduction to "slave-like conditions" when men and women are imposed forced and degrading
work, without the minimum protection and respect to their dignity as workers.
Labor analogous to slavery is, above all, a violation of the dignity of the human person,
because the situations of contemporary slave labor are closely linked to poverty,
marginalization, social inequality, lack of public policies to reinsert the worker in the labor
market, and the lack of opportunity offered to people to have a decent job. Consequently, in a
context of extreme need, men and women, often even consciously, end up subjecting
themselves to precarious jobs and being subjected to such inhumane practices. Considering the
Labor analogous to slavery: The importance of the psychologist's role in the worker's mental health
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study approached here and built through the bibliographical survey and the literature
researched, it is clear that it is of utmost importance to debate and discuss the importance of the
mental health of the worker in all areas and the psychologist's practice together with state and
federal governmental institutions, and with organizations such as "Pastoral da Terra
",
"Trabalho escravo nem pensar
", through a psychosocial-educational and cultural praxis with
emphasis on the integral health of the subjects egressed from the slavery system.
It has been observed that despite the evolution of Labor Laws, which have undergone
many changes and transformations, many engage in criminal practices to expropriate and
maintain poles of workers subjected to slave-like conditions. These facts are exposed to us
through the news media, through denunciations and actions of the public authorities such as the
Ministry of Labor, Regional Labor Superintendencies, and the Federal Police in raids and
rescues of people subjected to slave-like labor in our country, seen as mere objects, treated
without any dignity, inhumanely and having their citizens' rights violated.
In conclusion, it is essential to highlight the role of social-historical psychology,
emphasizing the mental health field, whose professionals are not alone, but act in a
multidisciplinary team equipped with technical-scientific and psychological knowledge, aiming
at the prevention and promotion of the subject's health. Their intervention with the worker, both
in the organizations in general and those from the slaveholding field, meets the biopsychosocial
model in the aspects of "Psycho-Hygiene," considering the subject in its totality in the spectrum
of welcoming and humanization.
Supporting and advising rural workers in claiming their rights, guaranteeing access to and permanence on the
land sustainably, balancing with natural resources, and reducing violence and impunity in the rural zone were the
focuses of the proposal presented.
It has the objective of decreasing the number of workers recruited to slave labor and submitted to conditions
analogous to slavery in the rural and urban areas of the Brazilian territory through education.
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Final considerations
After a brief analysis of the history of labor and its main forms of exploitation
throughout this historical trajectory, from its origin, evolution, and transformations during the
French and Industrial Revolutions, the consequent changes that occurred in its division and
organization, the achievements concerning labor rights and respective legal norms, we are faced
with forms of contemporary slavery, which is no longer classified only as a way to restrict the
freedom of the worker as it was in the past. However, nowadays, it is characterized by the
reduction to "slave-like conditions" when men and women are imposed forced and degrading
labor without the minimum protection and respect for their dignity as workers.
Labor analogous to slavery is, above all, a violation of the dignity of the human person
because the situations of contemporary slave labor are closely linked to poverty,
marginalization, social inequality, lack of public policies for the reinsertion of the worker in the
labor market, and the lack of opportunity offered to people to have a decent job. Consequently,
in a context of extreme need, men and women often even consciously end up subjecting
themselves to precarious jobs and being subjected to such inhumane practices.
It has been observed that despite the evolution of Labor Laws, which have undergone
many changes and transformations, many engage in criminal practices to expropriate and
maintain poles of workers subjected to slave-like conditions. Facts, which are exposed through
the news media, through denunciations and actions of the public power such as the Ministry of
Labor, Regional Superintendencies of Labor, and the Federal Police in incursions and rescues
of people subjected to slave-like labor in our country, seen as mere objects, treated without any
dignity, in an inhumane way and having their citizens' rights violated.
In short, it is important to highlight the role of sociocultural and historical psychology,
its critical action and praxis aimed at human rights in the face of cultural, ethnical, racial, and
gender diversities, and how they enclose the psychologist's action, highlighting here the mental
health field, whose professionals are not alone, but act in a multidisciplinary team, equipped
with technical-scientific and psychological knowledge. And aiming at preventing and
promoting the subject's health, its intervention with the worker, both from the organizations in
general and from the slavery field, attends the biopsychosocial model, in the "Psycho-Hygiene"
aspects considering the subject in its totality in the welcoming and humanization spectrum.
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DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v19i00.17871 20
REFERENCES
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Renata FEITOSA and Maria Luiza MARIANO
Temas em Educ. e Saúde, Araraquara, v. 19, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v19i00.17871 23
CRediT Author Statement
Acknowledgments: First of all, I want to thank God for the opportunity. I also want to
thank the people who supported me during this period, my mother, Solange Ribeiro Martins,
my father, Reinaldo Martins, and my husband, Jessé Bertole Feitosa, and son Benjamin
Feitosa for all the support and strength. And the orientation and partnership of Professor
Maria Luiza Mariano in developing the work and the research.
Funding: None.
Conflicts of interest: None.
Ethical approval: The work I wrote respected ethics during the research; it was approved
by the ethical committee formed by three evaluators from FAEF College.
Data and material availability: Yes, they are available for access, as described in the
article's references.
Author contributions: Renata Feitosa: Bibliographical research and survey, describing
and structuring the article; Maria Luiza Mariano: Bibliographical survey, orientations,
corrections and editing the article.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.