Ideologias de gênero e ideologias de língua(gem) em páginas feministas do facebook
DOI:
https://doi.org/10.1590/1981-5794-1909-3Palavras-chave:
Ideologias de gênero, Ideologias de linguagem, Ataque metapragmático, Conflito discursivo, Facebook,Resumo
O trabalho tematiza a questão das relações entre ideologias de gênero e ideologias de língua(gem), de modo a problematizar a hipótese de convergências entre hegemonias linguísticas e a ordem hegemônica de gênero, fixada pela tradição etnocêntrica ocidental. A partir de exemplos de duas comunidades ativistas feministas da rede social Facebook, investigadas desde 2013 em um estudo etnográfico virtual, o trabalho focaliza a função metapragmática exercida por comentários de participantes dessas comunidades. Orienta-se pela compreensão da linguagem como ação social (BAUMAN; BRIGGS, 1990), pelos conceitos de “ideologia de linguagem” (WOOLARD, 1998), de “conflito discursivo” (BRIGGS, 1996) e de “ataque metapragmático” (JACQUEMET, 1994) e pela apreensão dos processos de construção de identidades em suas relações com as disputas de poder e controle na interação e no mundo social (SIGNORINI, 1998; MOITA LOPES, 2010). Nesses espaços-tempos, as hegemonias de gênero/sexualidade e as hegemonias linguísticas aparecem interligadas, atendendo aos propósitos de (des)credibilização de argumentos, (não) preservação da face e (re)orientação das interações. Isso ocorre sobretudo nas tentativas de normatização do uso da língua(gem), que invocam um modelo cultural escolarizado e estabelecem relação entre esse modelo e a capacidade dos sujeitos de compreensão das questões em discussão, sobre gênero e sexualidade.
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