Discursos de resistência: do paratexto ao texto. Ou vice-versa?
DOI:
https://doi.org/10.1590/1981-5794-1909-1Palavras-chave:
Enunciados de resistência, Paratexto, Estilística discursiva, Heterodiscurso, Prosa brasileira, Bernardo Kucinski,Resumo
O objetivo desta pesquisa é discutir estratégias de discursos de resistência que tomam como objeto de enfrentamento à ditadura militar vigente no Brasil no período compreendido entre as décadas 1960 e 1980, cujas sequelas se fazem sentir até hoje. Dentre esses discursos, que não cessam de emergir em diversas esferas, por meio de diferentes gêneros, o discurso literário será entendido como um dos que, mobilizando memória individual e coletiva, pela via de documentos e/ou relatos, procura desacobertar e fazer conhecer os efeitos devastadores dos anos de chumbo. Com base em fundamentação teórica oferecida pela perspectiva dialógica do discurso, as narrativas K. Relato de uma busca (KUCINSKI, 2012) e Os visitantes (KUCINSKI, 2016b), do jornalista e escritor Bernardo Kucinski, são consideradas como sequência discursiva articulada, na medida em que a segunda retoma a primeira, instaura uma interação polêmica e possibilita a observação dos valores em tensão que organizam o todo e delineiam faces de um projeto discursivo e do sujeito que o enuncia. Para efeito deste artigo, é destacada a relação dialógica estabelecida entre textos e paratextos, uma das estratégias do discurso literário de resistência que, pela instauração de vozes, busca respostas para acontecimentos escamoteados e para formas possíveis de presentificá-los pela linguagem.
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