O estatuto fonológico da fricativa velar no fa d’ambô
DOI:
https://doi.org/10.1590/1981-5794-e12864Palavras-chave:
Fa d’ambô, Estatuto Fonológico, Língua Crioula de base portuguesa, EspirantizaçãoResumo
Neste artigo, discutimos o estatuto fonológico de /x/ no fa d’ambô (fa), língua crioula de base portuguesa falada em Ano Bom. Mediante a análise de 270 itens lexicais (SEGORBE, 2007) e de 108 conjuntos de cognatos que contrastam o fa d’ambô com o Protocrioulo do Golfo da Guiné (BANDEIRA, 2017), observamos que /x/ pode ter entrado no fa d’ambô em decorrência de um processo de espirantização, demarcado pela lenição de *kPGG em xFA, e que, atualmente, há indícios de que /x/ e /k/ constituem fonemas distintos nessa língua. Com base na distribuição fonotática de /k/ e /x/, observamos a ocorrência de um processo de neutralização em fa d’ambô, em que /k/ é realizado como [x] ao preceder a vogal baixa [a] em sílabas pretônicas, como em [pisxaˈdo] ~ [piskaˈdo] ‘pescador’, porém permanece como oclusiva em sílabas tônicas, como em [pisˈka] ‘pescar’. A neutralização de /k/ em [x] é, assim, um processo sincrônico do fa d’ambô, sendo caracterizada pela manutenção do traço [dorsal] e pela respectiva associação do traço [contínuo] à oclusiva (CLEMENTS, 1996), traço responsável pela especiação diacrônica de *k em /x/ e por anular a distinção sincrônica entre /k/ e /x/.
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