A gênese de vírgulas em histórias inventadas por alunas recém-alfabetizadas
identificação de atividades metalinguísticas a partir de inscrições gráficas e comentários espontâneos
DOI:
https://doi.org/10.1590/1981-5794-e15203Palavras-chave:
produção textual, escrita colaborativa, diálogo, aprendizagem, pontuação, conhecimento metalinguísticoResumo
Este estudo analisa as ocorrências de vírgulas e as verbalizações espontâneas durante a produção textual de duas alunas francesas de 6 anos de idade. A partir da Genética Textual, dentro de uma abordagem linguístico-enunciativa, foram analisados seis manuscritos escolares e seus respectivos processos de escritura. O registro fílmico e multimodal desses processos preservou as condições ecológicas da sala de aula. Tomou-se como unidade de análise o diálogo entre as alunas, estabelecido durante a produção textual. As ocorrências de vírgula foram identificadas nos manuscritos escolares e relacionadas ao que essas alunas comentavam sobre essas marcas de pontuação. Os resultados mostram que a vírgula foi a pontuação mais usada, porém sua inscrição só ocorreu em três manuscritos. Quase todas as ocorrências foram “lembradas” após o término da história, acompanhadas por comentários indicando um entendimento “gráfico-espacial” para seu uso. Contudo, suas ocorrências no último manuscrito indicam o início de uma concepção “linguística”, quando a posição da vírgula concorreu com o ponto final, começando a delimitar unidades semânticas. Suas inscrições também passam a ser antecipadas pelas alunas. Essas duas concepções coabitam no mesmo manuscrito, sugerindo que a gênese da vírgula passa por um “uso híbrido” de suas funções.
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