A multifuncionalidade do advérbio "realmente" na língua portuguesa sob a perspectiva da gramaticalização de construções
Palavras-chave:
Gramaticalização de construções, Subjetivização, Rede construcional, Modalização epistêmica,Resumo
Adotando a perspectiva da gramaticalização de construções (TRAUGOTT, 2003, 2009), realizamos, neste trabalho, a análise da multifuncionalidade do advérbio “realmente” na língua portuguesa, buscando instanciar seus diferentes usos e definir de que maneira seria estabelecida sua rede construcional. A partir de uma pesquisa pancrônica, que considerou corpora compreendidos entre o século XIII e o português contemporâneo, demonstramos como a multifuncionalidade de “realmente” revela um cline de gramaticalização, em que se observa uma ampliação de sua frequência de uso em contextos reconhecidamente mais subjetivos. Consideramos, portanto, que a gramaticalização pode ser concebida como um processo através do qual as construções – que primeiro expressam significados concretos/lexicais/objetivos – passariam, a partir da reiteração de seu padrão de uso, a indicar funções abstratas/pragmáticas/interpessoais baseadas na crença dos falantes (TRAUGOTT, 1995, 2010; TRAUGOTT; DASHER, 2005). Os resultados obtidos apontam, nesse sentido, que o advérbio “realmente” atuaria como um marcador epistêmico de evidência factual e subjetiva, gramaticalizando-se do factual para o subjetivo.Downloads
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Como Citar
LACERDA, P. F. A. da C. A multifuncionalidade do advérbio "realmente" na língua portuguesa sob a perspectiva da gramaticalização de construções. ALFA: Revista de Linguística, São Paulo, v. 56, n. 1, 2012. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/alfa/article/view/4965. Acesso em: 22 nov. 2024.
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Artigos Originais
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