Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024021, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.18963 1
CORPO IMUNE? DISCURSOS SOBRE EXERCÍCIO FÍSICO EM UMA ACADEMIA
DE MUSCULAÇÃO
¿CUERPO INMUNE? DISCURSOS SOBRE EJERCICIO FÍSICO EN UN GIMNASIO
DE MUSCULACIÓN
IMMUNE BODY? DISCOURSES ABOUT PHYSICAL EXERCISE IN A
BODYBUILDING GYM
Thyerre TORRES1
e-mail: thyerre.anias@facemp.edu.br
Alan Camargo SILVA2
e-mail: alancamargo10@gmail.com
Thiago Barcelos SOLIVA3
e-mail: thiago104@yahoo.com.br
Como referenciar este artigo:
TORRES, T.; SILVA, A. C.; SOLIVA, T. B. Corpo imune?
Discursos sobre exercício físico em uma academia de
musculação. Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24,
n. 00, e024021, 2024. e-ISSN: 2359-2419. DOI:
https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.18963
| Submetido em: 25/01/2024
| Revisões requeridas em: 02/04/2024
| Aprovado em: 23/04/2024
| Publicado em: 11/12/2024
Editores:
Profa. Dra. Maria Teresa Miceli Kerbauy
Profa. Me. Thaís Cristina Caetano de Souza
Profa. Me. Luana Estela Di Pires
1
Centro Universitário de Ciências e Empreendedorismo (UNIFACEMP), Santo Antônio de Jesus BA Brasil.
Professor do Centro Universitário de Ciências e Empreendedorismo (UNIFACEMP).
2
Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE), Rio de Janeiro RJ Brasil. Coordenador do Grupo de
Trabalho Temático Corpo e Cultura do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (GTTCC/CBCE).
3
Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Itabuna BA Brasil. Professor Adjunto do Centro de Formação
em Desenvolvimento Territorial do Campus Paulo Freire da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB).
Corpo imune? Discursos sobre exercício físico em uma academia de musculação
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024021, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.18963 2
RESUMO: Ancorado no debate sobre medicalização, o objetivo deste estudo foi compreender
as relações entre exercício físico e imunidade construídas em uma academia de musculação
durante a pandemia de COVID-19. Foram trianguladas 12 entrevistas semiestruturadas aos(às)
frequentadores(as) do estabelecimento com as publicações da academia em uma rede social.
Para o tratamento dos dados, foram articuladas a análise de discurso e de imagens. Os resultados
indicaram como os processos de medicalização constituíram, de forma múltipla, grande parte
dos discursos êmico-imagéticos sobre exercício sico ante o contexto pandêmico. Conclui-se
que aspectos biopsicossociais atravessam a ideia de imunidade e suas relações com o “exercitar-
se” na musculação.
PALAVRAS-CHAVE: Práticas corporais. Academias de ginástica. Imunidade.
Medicalização. COVID-19.
RESUMEN: Anclado en el debate sobre la medicalización, el objetivo de este estudio fue
comprender las relaciones entre el ejercicio físico y la inmunidad construidas en un gimnasio
de musculación durante la pandemia de COVID-19. Se triangularon 12 entrevistas
semiestructuradas a quienes frecuentan el establecimiento con las publicaciones de la
academia en una red social. Para el tratamiento de los datos, se combinaron análisis del
discurso y de la imagen. Los resultados indicaron cómo los procesos de medicalización
constituyeron, de manera múltiple, gran parte de los discursos émico-imagéticos sobre el
ejercicio físico en el contexto de pandemia. Se concluye que aspectos biopsicosociales permean
la idea de inmunidad y sus relaciones con el “ejercicio” en la musculación.
PALABRAS CLAVE: Prácticas corporales. Gimnasios. Inmunidad. Medicalización. COVID-
19.
ABSTRACT: Anchored in the debate about medicalization, the objective of this study was to
understand the relationships between physical exercise and immunity constructed in a
bodybuilding gym during the COVID-19 pandemic. Twelve semi-structured interviews were
triangulated with those who frequent the establishment with the academy’s publications on a
social network. For data analysis, discourse and image analysis were combined. The results
indicated how medicalization processes constituted, in multiple ways, a large part of the emic-
imagetics discourses about physical exercise in the pandemic context. It is concluded that
biopsychosocial aspects permeate the idea of immunity and its relationships with “exercising”
in bodybuilding.
KEYWORDS: Body practices. Gym. Immunity. Medicalization. COVID-19.
Thyerre TORRES, Alan Camargo SILVA e Thiago Barcelos SOLIVA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024021, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.18963 3
Introdução
A construção sócio-histórica do processo de medicalização apresenta múltiplos
entendimentos acerca da intervenção da medicina na sociedade ocidental desde o século XVIII
(Foucault, 1977). Os trabalhos pioneiros e clássicos de Zola (1972) e Illich (1975) denunciam
a tecnificação moral do corpo e o poder controlador da medicina moderna (mas não somente...)
sobre diversas instâncias da vida. Destaca-se que “a história do corpo no século XX é a de uma
medicalização sem equivalente” (Moulin, 2008, p. 15).
Apesar da polissemia e da dificuldade em definir o conceito de medicalização na
literatura (Camargo Júnior, 2013; Zorzanelli; Ortega; Bezerra Júnior, 2014), o presente trabalho
assume a perspectiva de Conrad (2007) este trabalho adota a perspectiva de Conrad (2007), que
compreende o termo como um processo em que um problema não médico é redefinido e tratado
como problema médico, geralmente em termos de doenças e desordens. Assim, a medicalização
da vida social pode ser entendida como a manifestação da ideologia moral da saúde,
denominada healthism ou bodyism (Ortega, 2004).
Sob essa ótica, parte-se do pressuposto de que um processo técnico-científico-
mercadológico-tecnológico de biologização do social, reduzindo e patologizando o sujeito que
se exercita ao responsabilizá-lo ou culpabilizá-lo pelo seu zelo à saúde (Ferreira; Castiel;
Cardoso, 2012). Em outras palavras, emerge um processo de subjetivação na qual o sujeito é
levado a acreditar que a promoção da saúde é uma questão meramente pessoal, de
autogerenciamento e responsabilidade própria (Rohden, 2017).
Com esse panorama teórico-conceitual sobre a medicalização
4
, surge o questionamento
sobre como as discussões relativas à prática de exercícios físicos em academias de musculação
têm transformado as relações dos frequentadores com o cuidado medicalizado de si,
especialmente no contexto da pandemia da COVID-19 (cientificamente denominada SARS-
CoV-2). Este vírus é reconhecido como causador de uma síndrome respiratória aguda grave,
sendo amplamente conhecido como o novo coronavírus (Pitanga; Beck; Pitanga, 2020; Pitanga
et al., 2021).
Sabe-se que, fisiologicamente, uma relação entre as células brancas de defesa
(leucócitos) e as respostas imunes e inflamatórias relacionadas ao exercício físico (Negrão;
Barretto; Rondon, 2019). Além disso, na literatura científica do treinamento, evidencia-se a
4
Para mais esclarecimentos sobre medicalização, recomenda-se os textos críticos e sintéticos de Gaudenzi e Ortega
(2012) e Carvalho et al. (2015) quando exploram não somente a construção histórica do conceito, como também
situam as perspectivas teórico-metodológicos dos autores clássicos sobre esse tema.
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modulação da função do sistema de defesa de acordo com a frequência, intensidade e duração
da prática regular de exercício físico (Fleck; Kraemer, 2017). Entretanto, questiona-se como
tais aspectos são demonstrados em dados cenários socioculturais.
Neste contexto, destaca-se que treinar o corpo é uma prática antiga desde os povos
gregos e romanos, quando se preparavam para as grandes guerras ou jogos de competições
(Corbin; Courtine; Vigarello, 2012). O ato de treinar veio assumindo diferentes sentidos e
significados ao longo do tempo (Nogueira, 2023), assim como, em especial, as próprias
academias de ginástica se modificaram de acordo com os contextos sociais e econômicos,
dialogando com uma diversidade de noções de corpo, saúde e doença (Silva; Ferreira, 2020).
Mais do que o aprimoramento físico-orgânico típico do compromisso da (bio)medicina
moderna (Le Breton, 2016), as academias são espaços aglutinadores de pessoas que se articulam
em torno de uma ideia, um estilo, um jeito de ser e de se comportar (Sabino, 2004; Silva, 2017).
Assim, sobre a relevância do presente trabalho, argumenta-se que o efeito pandêmico
da COVID-19 alterou as representações acerca das relações entre imunidade e exercício físico,
na direção de outros cuidados de si, como, por exemplo, na associação com a alimentação
(Feldman; Goodman, 2023). Mais precisamente, indaga-se até que ponto é almejado um “corpo
forte e defensivo” visto como moralmente legítimo no contexto das academias de musculação.
É nesse sentido que este estudo se alinha com o intuito de contribuir ou colocar em xeque os
processos de medicalização que atravessam as práticas de exercícios físicos, dialogando
diretamente com a própria sociedade que se (re)constrói nesses espaços sociais (Silva, 2022).
Portanto, o objetivo deste estudo foi compreender as relações entre exercício físico e
imunidade construídas em uma academia de musculação durante a pandemia da COVID-19.
Procedimentos metodológicos
Este estudo qualitativo fundamenta-se na perspectiva fenomenológica interpretativa
(Schwandt, 2006), considerando que o discurso é compreendido como um jogo, inserido na
ordem do significante (Foucault, 1999a), e as palavras estabelecem a ordem das coisas
(Foucault, 1999b). Em consonância com a diretriz metodológica proposta por Foucault (1984,
p. 13), a pesquisa orienta-se pelo propósito de saber de que maneira e até onde seria possível
pensar diferentemente em vez de legitimar o que já se sabe”.
A investigação utilizou a triangulação de cnicas, recurso que potencializa a
compreensão da realidade (Turato, 2013), aplicada a uma academia de musculação localizada
no interior de uma cidade do Recôncavo Baiano durante parte do período da pandemia da
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COVID-19. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com frequentadores(as) e analisadas
publicações do estabelecimento em uma rede social entre 2021 e 2022. No total, conduziram-
se 12 entrevistas presenciais com sete mulheres e cinco homens, com idades entre 20 e 55 anos,
todos com pelo menos dois anos de experiência em musculação. Além disso, o material digital
analisado consistiu em 11 postagens publicadas na conta oficial da academia na plataforma
Instagram. O perfil do lócus de estudo está apresentado no Quadro 1 a seguir:
Quadro 1 Perfil da academia de musculação
Características
O Recôncavo Baiano abrange 20 municípios de pequeno e médio portes.
Santo Antônio de Jesus
100 mil (aproximadamente)
Centro
Interior de um shopping center
Variado, com renda entre quatro a 20 salários mínimos
5h - 21h
Sete a oito professores(as)/estagiários(as) de Educação Física
R$ 125,00 - R$ 200,00 (a depender do plano contratual)
Musculação e “aulas coletivas” (funcional, fit dance e aeroboxe)
2001
Fonte: Elaboração da autoria.
Para o tratamento do material textual (entrevistas transcritas), utilizou-se a análise de
discurso de Gill (2010, p. 250) no sentido de compreender “as funções, ou atividades, da fala e
dos textos, e explorar como eles são realizados”. Para a exploração do material digital
(postagens no Instagram), privilegiou-se a análise de imagens de Joly (1996), que sugere
entender os aspectos visuais com base nas mensagens plástica, icônica e linguística. Ressalta-
se que não houve a intenção de analisar se ou como os(as) participantes da pesquisa se
relacionavam com o marketing digital do estabelecimento.
Esta investigação se orientou pelos procedimentos éticos da Resolução n466/12 e
510/16 do Conselho Nacional de Saúde. Neste texto, ressalta-se que os sujeitos do estudo foram
identificados por nomes fictícios.
Apresentação e discussão dos resultados
A articulação analítica dos materiais imagético-textuais supramencionados permitiu
capturar dois grandes eixos discursivos: a) Exercício físico como “remédio”; b) Exercício físico
como “agente imunológico”. O primeiro eixo refere-se ao suposto potencial de exercitar-se
contra determinados mal-estares e o segundo, à possível potencialização de produção de
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anticorpos. Destaca-se que ambos os eixos discursivos são indissociáveis e atravessados pela
noção de medicalização, reportando-se especialmente ao contexto pandêmico da COVID-19.
Exercício físico como “remédio”
O discurso do exercício físico como “remédio” atravessou consideravelmente a
perspectiva de grande parte dos(as) interlocutores(as). Isso ficou evidente nas entrevistas
quando destacaram reiteradamente as relações medicalizadas entre a prática de exercícios
físicos e a COVID-19. Embora haja estudos da época da pandemia identificando possíveis
correlações entre exercício físico e redução de agravos da COVID-19 (Pitanga; Beck; Pitanga,
2020; Pitanga et al., 2021), chama atenção o modo como o movimentar-se tornou-se sinônimo
de não-doença.
Safi (mulher, autodeclarada parda, 38 anos) relatou que, quando vai fazer seus exames
clínicos de rotina, o médico pergunta se ela faz exercícios físicos. Ela ainda acrescenta: “treinar
é remédio! É medicamento para tudo!”. Outra interlocutora, Tuca (mulher, autodeclarada
branca, 28 anos), aponta que “treinar o corpo é terapêutico e um hábito saudável!”.
Emblematicamente, Carla (mulher, autodeclarada parda, 38 anos) se tornou praticante de
musculação apenas durante a pandemia da COVID-19 e chegou a retratar o seguinte: “treinar é
indispensável, pois o corpo responde, de outras formas, às doenças!”.
No conjunto das entrevistas que compõem esta pesquisa, foi possível perceber que
houve uma preocupação com a saúde biológica do corpo e a prevenção de doenças (leia-se
contágio viral), fazendo com que as práticas de exercícios físicos estivessem sempre
predominando na vida do sujeito. Especificamente nesta pandemia, os discursos referentes à
busca pelo corpo dito saudável para evitar a “fraqueza do corpo” e à “baixa imunidade” foram
frequentes na ótica dos(as) interlocutores(as) para justificar a necessidade dos exercícios
físicos. Isso se deve, em parte, pela clássica sobreposição ou tensão entre as noções de
“promoção” e “prevenção” na área da saúde (Czeresnia, 2017; Buss, 2017).
Assim, a busca por respostas terapêuticas relacionadas à COVID-19 intensificou os
processos de medicalização no contexto da academia de musculação investigada. Nesse
cenário, os exercícios físicos passaram a ocupar uma posição central na utilização dos corpos
dos indivíduos, sendo concebidos como uma espécie de terapêutica indispensável para a
manutenção da saúde durante o período pandêmico. Os(as) entrevistados(as) adotaram um
discurso que atribuía aos exercícios físicos a capacidade de promover uma “imunidade alta” em
oposição à “imunidade baixa”, percepção que era interpretada como um fator de risco tanto
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para a infecção pela COVID-19 quanto para possíveis complicações decorrentes do vírus. Na
ausência da prática de exercícios, os(as) participantes se percebiam como indivíduos
“desviantes”, reforçando uma ideia medicalizada analisada por Conrad e Schneider (1992).
Assim, detectou-se a prática de exercícios físicos como remédio durante a pandemia,
conformando novas tecnologias corporais na direção de reforçar ou acentuar o cruzamento entre
as noções de saúde-doença e do movimentar-se. Também foi percebida a busca dos(as)
interlocutores(as) pelo aprimoramento ou melhora da saúde (leia-se do ponto de vista
biológico), contrapondo-se à doença. Ferreira, Castiel e Cardoso (2012, p. 837) argumentam
que “a atividade física costuma ser tomada como remédio e o sedentarismo como doença, num
evidente processo de medicalização”.
Exemplarmente, pode-se citar o estudo de Fraga et al. (2009), quando identificou um
processo de medicalização nos discursos dos sujeitos ao alegarem que a caminhada servia como
um medicamento a ser tomado. A investigação de Silva e Ferreira (2018) também demonstra
como alguns sujeitos se apropriavam da musculação como uma lógica (bio)médica, no sentido
de cura de seus mal-estares. Entretanto, aqui se revela como o contexto pandêmico deu outro
caráter medicalizado de “remédio” aos exercícios físicos, como se estivessem “salvos” de
qualquer acometimento viral da COVID-19.
Nesse contexto, as próprias publicações da academia de musculação em questão
evidenciavam a promoção de um cuidado medicalizado fundamentado nos exercícios físicos:
Corpo imune? Discursos sobre exercício físico em uma academia de musculação
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Figura 1 Postagem sobre exercício físico como remédio em “frasco”
Fonte: Conta oficial do estabelecimento no Instagram. Acesso em: jul. 2020.
Figura 2 Postagem sobre exercício físico como remédio em “caixa”
Fonte: Conta oficial do estabelecimento no Instagram. Acesso em: jul. 2020.
Nas Figuras 1 e 2, foi possível captar como as publicações mercadorizaram os exercícios
físicos ou o próprio estabelecimento a fim de vender seus serviços em tempos pandêmicos. Seja
em “frasco” ou em “caixa”, as postagens indicavam o que os(as) praticantes deveriam tomar
durante a pandemia. As mensagens plásticas e linguísticas de ambas as figuras revelam como a
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racionalidade (bio)médica representada na ideia de medicamento teria a capacidade de resolver
problemas que escapam da dimensão biológica.
Em ambas as figuras, por exemplo, percebe-se que tristeza/felicidade e falta/excesso de
disposição, entre outros aspectos, são utilizados nas mensagens das postagens com o intuito de
tornar os sujeitos dependentes do exercício físico, como se este fosse um fármaco para a vida
inteira. Além disso, a ideia do profissional de saúde, representado na figura do “profissional de
saúde que deveria ser consultado” para prescrição de “exercício físico orientado” ou um local
para “tratamento” ante à COVID-19, coaduna-se com o pressuposto de Foucault (1986) quando
destaca que, geralmente, instala-se um conhecimento biológico que exige o acompanhamento
de um especialista desse tipo de racionalidade do corpo. Na mesma direção, Conrad e Schneider
(1992) apontam que, geralmente, surge o pressuposto de uma autoridade (científica) que daria
conta de resolver os problemas relacionados à saúde.
Nessas imagens analisadas, o corpo em um suposto estado de pré-enfermidade da
COVID-19 se torna objeto e alvo de poder, ou seja “o corpo que se manipula, se modela, se
treina, que obedece, responde, se torna hábil ou cujas forças se multiplicam” (Foucault, 2004,
p. 117). Entende-se que tais publicações aludam ao exercício físico, nas palavras de Rohden
(2017), como uma necessidade de saúde mercantilizada ou fetichizada, conectando-se ao
conceito de farmaceuticalização ao transformar os sujeitos ditos saudáveis em reféns de
melhorias abstratas de determinados estilos de vida pelo consumo de recursos farmacológicos,
como discutem Williams, Martin e Gabe (2011).
Ressalta-se que, obviamente, os processos de medicalização/farmaceuticalização não se
resumem ao contexto da COVID-19, uma vez que já existe uma capilarização discursiva sobre
diferentes rmacos existentes atualmente no chamado mercado da saúde. Entretanto, no
presente trabalho, argumenta-se que os dispositivos mercadológicos se potencializaram pela
lógica do remédio, centrando-se não somente na direção da normalização ou reparação de si,
mas também em uma eloquente busca por um “corpo aprimorado” que, a princípio, não se
vincula diretamente à indústria da beleza, como discutido por Castro (2010).
Portanto, nesta pandemia, a busca para se libertar da COVID-19 fez com que os sujeitos
simbolizassem as suas condições de saúde com base em um discurso biologizante, típico da
autoridade médico-social (Conrad, 2007). Desse modo, diante desse cenário empírico, emerge
a ideia do “corpo medicamentado” (logo, também imune) como uma nova fase da (bio)medicina
moderna e, neste caso, derivada da prática de exercícios físicos. Com efeito, a atual noção de
saúde liga-se diretamente à ideia de imunidade mais forte através da formação social de uma
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subjetividade individual na qual o sujeito se sente no dever do “movimentar-se”, como poderá
ser visto a seguir.
Exercício físico como “agente imunológico”
Foi possível observar que as conexões entre exercício físico e imunidade ganharam
destaque no contexto pandêmico. Segundo os(as) entrevistados(as), o exercício na academia foi
concebido de maneira medicalizada em resposta à COVID-19.
Guga (homem, autodeclarado negro, 21 anos) explicou: “No geral, atividade física e
alimentação podem ajudar na imunidade!” e complementou: “A pandemia fez com que muitas
pessoas procurassem a academia, pois o tratamento é de graça!”. Silva (mulher, autodeclarada
parda, 23 anos) afirmou: “Qualquer exercício pode melhorar a imunidade, e eu acho que o fato
de estar treinando quando tive COVID-19 fez com que os sintomas fossem brandos.” Safi
(mulher, autodeclarada parda, 38 anos) destacou: “Os treinamentos melhoram minha
imunidade.” Tuca (mulher, autodeclarada branca, 28 anos) declarou: “Treinar pode melhorar a
imunidade, e ficar sem malhar faz sentir muito o corpo fraco.” Por sua vez, Dona (mulher,
autodeclarada parda, 55 anos), com 20 anos de prática em musculação, relatou: “A academia
me ajudou demais, pois tive até o COVID-19 e não sabia.” Mocó (homem, autodeclarado
branco, 52 anos), praticante de musculação há 18 anos, pontuou: “Além da COVID-19, outras
doenças podem acontecer para quem fica sem treinar na academia!”.
Identificou-se, assim, como os(as) frequentadores(as) dessa academia materializaram a
importância da ideia de imunidade, principalmente durante a pandemia, na busca de exercícios
físicos como forma de aprimoramento corporal. Ademais, os(as) interlocutores(as) sugerem
como a rotina de exercícios físicos reduziu o impacto dos sintomas negativos da COVID-19.
Assim, percebeu-se a reprodução discursiva do que a sociedade temia em tempos pandêmicos,
o que, de algum modo, alinhava-se à perspectiva acientífica de “histórico de atleta”, defendida
pelo presidente na época (Brito, 2022).
Assim, estar fisicamente ativo e imune significaria ser competente no modo de gerir a
própria vida. Esse esquadrinhamento biológico da vida cotidiana afeta o consumo em serviços
de saúde, conforme problematizado por Boltanski (2004). Logo, embora a pandemia fosse uma
realidade implicada em diversos aspectos que extrapolam o referencial (bio)médico, os(as)
interlocutores(as) internalizavam que possíveis agravos à saúde no futuro derivariam das suas
próprias condutas individuais. Caponi (2009, p. 530) lembra que “a medicalização de condutas
classificadas como anormais se estendeu a praticamente todos os domínios de nossa existência”.
Thyerre TORRES, Alan Camargo SILVA e Thiago Barcelos SOLIVA
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Desse modo, os(as) entrevistados(as) sentiam-se na necessidade de investir no exercício
físico como “agente imunológico”, criando um novo padrão de gestão de si em tempos
pandêmicos. Empregando uma expressão de Lupton (1993), a COVID-19 implantou uma
modelização dos “estilos de vida saudáveis” também no cenário das academias de musculação.
Entretanto, deve-se observar ainda que o processo de cultivação corporal pode ser diverso a
depender dos contextos socioculturais e econômicos em diálogo com diferentes marcadores
sociais da diferença, como identificaram Silva e Ferreira (2021).
Destarte, na microrrealidade estudada, criaram-se arranjos ou dispositivos de cuidado
de si por meio das ideias de tecnocientifização dos exercícios físicos por uma ininterrupta busca
de “saúde”. Pelos sujeitos serem cada vez mais autônomos no sentido de serem estimulados a
se responsabilizarem pela sua própria condição de vida (Clarke et al., 2003) ou, nos termos de
Foucault (2008), “empresários de si mesmos”, hipervalorizavam a imunidade se tornando um
imperativo ético-moral nesses espaços de exercícios físicos a partir de determinado discurso de
saber-poder.
Neste cenário, as publicações dessa academia de musculação também bombardeavam o
público do estabelecimento com a ideia positivada relacionando exercício físico e imunidade:
Figura 3 Postagem sobre a relação entre exercício físico e imunidade no sentido de
liberdade
Fonte: conta oficial do estabelecimento no Instagram. Acesso em: jul. 2020.
Figura 4 Postagem sobre a relação entre exercício físico e imunidade no sentido do risco
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Fonte: Conta oficial do estabelecimento no Instagram. Acesso em: jul. 2020.
Figura 5 Postagem sobre a relação entre exercício físico e imunidade no sentido da
vacinação
Fonte: Conta oficial do estabelecimento no Instagram. Acesso em: jul. 2020.
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Nas Figuras 3 e 4, observa-se como a moldura, a dimensão e as cores das imagens criam
uma identidade padronizada da academia no sentido de afirmar certa autoridade na mensagem
durante o combate à COVID-19. Embora não explorem tanto os elementos plásticos, nota-se
como a mensagem linguística é determinante em estabelecer que a academia de musculação
seria fundamental não somente na ruptura do isolamento e distanciamento social representados
na ideia de liberdade, como também na redução das chances de hospitalização. Isso, de algum
modo, obscurece a necessidade de desmedicalização derivada de iniciativas multissetoriais e
políticas públicas (Castiel; Guilam; Ferreira, 2010).
Especificamente na Figura 3, detectou-se como o processo linguístico atribui uma
hipervalorização à prática de exercícios físicos como forma de evitar o contágio do vírus ou as
complicações em casos de infecção por COVID-19. Gera-se um nexo entre o estabelecimento
e o aumento da imunidade. Acrescenta-se, ainda, que a venda imaterial da liberdade pelo
estabelecimento alude ao imaginário de que seria possível sair de casa e se relacionar física e
presencialmente com outras pessoas sem prejuízos à saúde. O chamado realizado pela
publicação nas redes sociais ocorreu em um contexto de proibição da abertura de
estabelecimentos como academias, situação que, conforme Dias, Coimbra e Raposo (2021),
estava diretamente ligada à influência da burguesia empresarial do setor fitness. Nesse cenário,
frequentar a academia de musculação era visto como uma oportunidade de exercer a liberdade
de se aglomerar e de interagir socialmente. Tal prática reflete um comportamento típico do
negacionismo científico, que contribuiu para o aumento expressivo no número de casos de
contaminação e mortes (Ferreira, 2021).
Como pode ser visto na Figura 4, havia também propagandas e postagens em redes
sociais incentivando a abertura desses centros de exercícios físicos e buscando mostrar os
benefícios com relação à imunidade, mesmo com aglomerações do público. Observa-se o
aumento expressivo das preocupações com a imunidade na academia de musculação com
respaldo em estudos científicos recentes, ratificando a necessidade da conscientização sobre a
importância da continuidade dos exercícios físicos durante a pandemia para suportar os efeitos
de uma possível contaminação por infecções virais. O texto da Figura 4 legitima a mensagem
com os usos de supostos dados científicos como ferramenta de convencimento acerca da
relevância dos exercícios físicos e, por consequência, do retorno às academias. Destarte, cria-
se a disciplina que “é um princípio de controle da produção do discurso. Ela lhe fixa os limites
pelo jogo de uma identidade que tem a forma de uma reatualização permanente de regras”
(Foucault, 1999a, p. 36). Na época, a Associação de Academias do Brasil criou um comitê de
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gestão de crise da COVID-19 para ajudar as academias e todo nicho que a engloba a enfrentar
as dificuldades que a pandemia do coronavírus proporcionou (Dias; Coimbra; Raposo, 2021).
Notoriamente, percebe-se como a doença se ramificou para uma perspectiva
mercadológica. Argumenta-se que o corpo e a pandemia da COVID-19 dialogaram a todo o
momento no espaço da academia de musculação, tendo a ideia da imunidade como elemento
central do consumo. Isso confirma a problematização de Mendonça e Camargo Júnior (2012)
quando destacam que um complexo médico-industrial/financeiro que utiliza o conhecimento
epidemiológico a partir de discursos da medicalização da vida social. Nesse caso, emerge a
necessidade de uma formação profissional em Saúde crítica à indústria da medicalização
(Rocha; Centurião, 2007) e que não seja atrelada, fundamentalmente, à indústria do culto ao
corpo, como abordada por Castro (2010). Isso pode ser visto emblematicamente na perspectiva
de Silva e Ferreira (2020) quando argumentam sobre a necessidade de uma intervenção
ampliada na área de Educação Física a partir de referenciais socioculturais que extrapolem os
elementos físico-orgânicos em academias.
a Figura 5 explora, com profundidade, não somente a mensagem linguística, como
também a plástica, na direção de que, naquele ambiente de exercícios físicos, a COVID-19 não
se instalaria. O background da postagem busca aliviar ou confortar os(as) frequentadores(as)
da academia de musculação, sugerindo que o mundo (representado na imagem do globo),
munindo-se dos recursos contra a COVID-19 (máscara e vacinação), favoreceria o retorno ao
estabelecimento. Cria-se um imaginário de que o corpo exercitado naquele local seria sinônimo
de corpo imune ao mundo exterior.
Durante o contato com os(as) entrevistados(as) entre 2021 e 2022, alguns sujeitos
alegaram que tinham medo de comparecer à academia de musculação durante a “primeira fase
da doença”. na “segunda fase”, era visível que estavam à vontade para frequentar aquele
espaço, pois a utilização facultativa de máscaras e do isolamento/ distanciamento social foi
fundamental para se sentirem mais seguros para retornar com a prática de exercícios físicos.
Foi interessante compreender esse dado temporal do presente estudo que ocorreu ao
longo da pandemia. Exemplarmente, vale destacar o ponto de vista de (homem,
autodeclarado negro, 30 anos), que pratica exercícios mais de dez anos: “tive medo no início,
mas o treino pode aumentar a imunidade entre outros benefícios. Por isso, preferi continuar
treinando”. Ele também enfatizou que havia tomado três doses da vacina e que dificilmente
pegaria o vírus e, caso fosse infectado, seria brando. Posteriormente, depois de alguns meses,
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esse mesmo entrevistado relatou que havia se infectado com o vírus, mas não havia sentido
“quase nada”.
Resumidamente, as Figuras 3, 4 e 5 se coadunam com a perspectiva dos(as)
entrevistados(as), reforçando uma espécie de medicalização expressa na promessa sanitária
com os exercícios físicos. Tais discursos êmico-imagéticos indicam que não praticar exercícios
físicos tornaria o sujeito desviante, logo, ele deveria consumir os serviços do estabelecimento
com o intuito de evitar uma vida patologizada ante à COVID-19. Com efeito, à luz de Conrad
(2007), detectou-se uma expansão mercadológica lucrativa a partir de ditames abusivos da
racionalidade (bio)médica que impuseram ou operacionalizaram o que seria uma vida normal
com os pressupostos da imunidade frente ao vírus. Afinal, Foucault (1986, p. 7) lembrava
que “o conhecimento das doenças é a bússola do médico; o sucesso da cura depende de um
exato conhecimento da doença”.
Entende-se, portanto, que os relatos dos(as) interlocutores(as) e as postagens da
academia de musculação naturalizaram ou normalizaram os exercícios físicos como uma
fórmula biologizante reducionista para evitar o contágio ou fragilizar o vírus. Moysés e Collares
(2021) apontam que a medicalização cada vez mais se amplifica e se sofistica no nível da
biologia molecular, o que pôde ser visto no engajamento aos exercícios físicos durante o
contexto da COVID-19. Assim, notou-se como a medicalização se fundamentou justamente na
ideia de controle moral e social do corpo em movimento e de como levar “imunologicamente”
a própria vida no contexto de consumo dessa academia de musculação.
Considerações finais
Em termos gerais, foi possível capturar como os processos de medicalização se
apresentaram nas relações entre exercício físico e imunidade em uma academia de musculação
durante a pandemia da COVID-19. Ainda que atualmente não haja emergência em Saúde
Pública por causa dessa doença, argumenta-se que tal período pandêmico afetou
consideravelmente os cuidados dos sujeitos para/com a saúde-doença, como pôde ser visto na
relação entre exercício físico e imunidade.
Os achados deste estudo, organizados nos eixos discursivos do exercício físico como
“remédio” e como agente imunológico,” demonstram como a pandemia, com suas proporções
devastadoras no âmbito socio-sanitário, influenciou as práticas de atividade física. Essas
práticas enfatizaram ainda mais a busca pela chamada “saúde” e o fortalecimento da imunidade,
premissas que foram entendidas como capazes de combater o vírus. Nesse contexto, na
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academia de musculação analisada, o corpo, ao mesmo tempo em que era visto como suscetível
à doença, também era compreendido como um recurso ativo no enfrentamento à COVID-19.
Dessa forma, no conjunto do material produzido nesta pesquisa, ficou evidente a relação
entre o corpo (aqui forjado pelos exercícios físicos) e a ideia da imunidade ante à COVID-19,
tanto nos discursos dos(as) entrevistados(as), quanto nas publicações do estabelecimento na
rede social. Em suma, tais discursos reivindicavam os exercícios físicos na academia de
musculação como tecnologias importantes no manejo da COVID-19.
Postula-se, portanto, que nesse estabelecimento se instituíram, dicotomicamente, duas
noções de imunidade que dialogam com as relações entre natureza e cultura: uma de caráter
“biofisiológica”, calcada em parâmetros estatístico-biomédicos, e outra “socio-simbólica”,
retratada nas redes de sociabilidade, indústria dos medicamentos, exercícios físicos, alimentos,
etc. Ante à COVID-19, construíram-se, assim, uma multiplicidade de respostas ditas
terapêuticas contra o vírus, potencializando os processos de medicalização no espaço dessa
academia.
Conclui-se que os imperativos discursivos do corpo imune se massificaram ou se
capilarizaram nesses tipos de estabelecimentos comerciais, como as academias de musculação.
Nessa direção, recomenda-se a iniciativa de outros empreendimentos investigativos que
centrem suas análises para uma espécie de indústria da imunidade via consumo dos exercícios
físicos e outros dispositivos ou redes de cuidados (medicalizantes) de si.
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panorama sobre as variações em torno do conceito de medicalização entre 1950-2010.
Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 19, n. 6, p. 1859-1868, 2014. DOI:
10.1590/1413-81232014196.03612013. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/csc/a/nqv3K7JRXxmrBvq5DcQ88Qz/abstract/?lang=pt. Acesso em:
25 jan. 2024.
Corpo imune? Discursos sobre exercício físico em uma academia de musculação
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024021, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.18963 22
CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Não se aplica.
Financiamento: Não se aplica.
Conflitos de interesse: Não houve conflitos de interesse de qualquer natureza.
Aprovação ética: O presente estudo se orientou pelos procedimentos éticos da Resolução
n.º 466/12 e 510/16 do Conselho Nacional de Saúde. Este trabalho faz parte da dissertação
de mestrado do primeiro autor e não houve a submissão no Comitê de Ética.
Disponibilidade de dados e material: Os dados e materiais utilizados no trabalho estão
armazenados apenas para fins de pesquisa.
Contribuições dos autores: O primeiro autor foi responsável pela idealização da pesquisa,
trabalho de campo e sistematização/organização do manuscrito. O segundo autor contribuiu
para a escrita deste texto, em especial, com a articulação teórico-metodológica em diálogo
com o material empírico. o terceiro autor foi o supervisor e orientador deste trabalho,
ficando responsável por todas as etapas da pesquisa.
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024021, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.18963 1
IMMUNE BODY? DISCOURSES ABOUT PHYSICAL EXERCISE IN A
BODYBUILDING GYM
CORPO IMUNE? DISCURSOS SOBRE EXERCÍCIO FÍSICO EM UMA ACADEMIA
DE MUSCULAÇÃO
¿CUERPO INMUNE? DISCURSOS SOBRE EJERCICIO FÍSICO EN UN GIMNASIO
DE MUSCULACIÓN
Thyerre TORRES1
e-mail: thyerre.anias@facemp.edu.br
Alan Camargo SILVA2
e-mail: alancamargo10@gmail.com
Thiago Barcelos SOLIVA3
e-mail: thiago104@yahoo.com.br
How to reference this paper:
TORRES, T.; SILVA, A. C.; SOLIVA, T. B. Immune body?
Discourses about physical exercise in a bodybuilding gym.
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00,
e024021, 2024. e-ISSN: 2359-2419. DOI:
https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.18963
| Submitted: 25/01/2024
| Revisions required: 02/04/2024
| Approved: 23/04/2024
| Published: 11/12/2024
Editors:
Prof. Dr. Maria Teresa Miceli Kerbauy
Prof. Me. Thaís Cristina Caetano de Souza
Prof. Me. Luana Estela Di Pires
1
University Center for Science and Entrepreneurship (UNIFACEMP), Santo Antônio de Jesus - BA - Brazil.
Professor at the University Center for Science and Entrepreneurship (UNIFACEMP)
2
Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE), Rio de Janeiro - RJ - Brazil. Coordinator of the Body and
Culture Thematic Working Group of the Brazilian College of Sports Sciences (GTTCC/CBCE).
3
Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Itabuna - BA - Brazil. Adjunct Professor at the Territorial
Development Training Center of the Paulo Freire Campus of the Federal University of Southern Bahia (UFSB).
Immune body? Discourses about physical exercise in a bodybuilding gym
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024021, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.18963 2
ABSTRACT: Anchored in the debate about medicalization, the objective of this study was to
understand the relationships between physical exercise and immunity constructed in a
bodybuilding gym during the COVID-19 pandemic. Twelve semi-structured interviews were
triangulated with those who frequent the establishment with the academy’s publications on a
social network. For data analysis, discourse and image analysis were combined. The results
indicated how medicalization processes constituted, in multiple ways, a large part of the emic-
imagetics discourses about physical exercise in the pandemic context. It is concluded that
biopsychosocial aspects permeate the idea of immunity and its relationships with “exercising”
in bodybuilding.
KEYWORDS: Body practices. Gym. Immunity. Medicalization. COVID-19.
RESUMO: Ancorado no debate sobre medicalização, o objetivo deste estudo foi compreender
as relações entre exercício físico e imunidade construídas em uma academia de musculação
durante a pandemia de COVID-19. Foram trianguladas 12 entrevistas semiestruturadas
aos(às) frequentadores(as) do estabelecimento com as publicações da academia em uma rede
social. Para o tratamento dos dados, foram articuladas a análise de discurso e de imagens. Os
resultados indicaram como os processos de medicalização constituíram, de forma múltipla,
grande parte dos discursos êmico-imagéticos sobre exercício físico ante o contexto pandêmico.
Conclui-se que aspectos biopsicossociais atravessam a ideia de imunidade e suas relações com
o “exercitar-se” na musculação.
PALAVRAS-CHAVE: Práticas corporais. Academias de ginástica. Imunidade.
Medicalização. COVID-19.
RESUMEN: Anclado en el debate sobre la medicalización, el objetivo de este estudio fue
comprender las relaciones entre el ejercicio físico y la inmunidad construidas en un gimnasio
de musculación durante la pandemia de COVID-19. Se triangularon 12 entrevistas
semiestructuradas a quienes frecuentan el establecimiento con las publicaciones de la
academia en una red social. Para el tratamiento de los datos, se combinaron análisis del
discurso y de la imagen. Los resultados indicaron cómo los procesos de medicalización
constituyeron, de manera múltiple, gran parte de los discursos émico-imagéticos sobre el
ejercicio físico en el contexto de pandemia. Se concluye que aspectos biopsicosociales permean
la idea de inmunidad y sus relaciones con el “ejercicio” en la musculación.
PALABRAS CLAVE: Prácticas corporales. Gimnasios. Inmunidad. Medicalización. COVID-
19.
Thyerre TORRES, Alan Camargo SILVA and Thiago Barcelos SOLIVA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024021, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.18963 3
Introduction
The socio-historical construction of the medicalization process presents multiple
understandings of the intervention of medicine in Western society since the 18th century
(Foucault, 1977). The pioneering and classic works of Zola (1972) and Illich (1975) denounce
the moral technification of the body and the controlling power of modern medicine (but not
only...) over various aspects of life. It should be noted that "the history of the body in the 20th
century is that of a medicalization without equivalent" (Moulin, 2008, p. 15, our translation).
Despite the polysemy and difficulty in defining the concept of medicalization in the
literature (Camargo Júnior, 2013; Zorzanelli; Ortega; Bezerra Júnior, 2014), this paper adopts
the perspective of Conrad (2007), who understands the term as a process in which a non-medical
problem is redefined and treated as a medical problem, usually in terms of diseases and
disorders. Thus, the medicalization of social life can be understood as the manifestation of the
moral ideology of health, called healthism or bodyism (Ortega, 2004).
From this point of view, it is assumed that there is a technical-scientific-market-
technological process of biologizing the social, reducing and pathologizing the subject who
exercises by holding them responsible or blaming them for their health care (Ferreira; Castiel;
Cardoso, 2012). In other words, a process of subjectivization emerges in which the subject is
led to believe that health promotion is a purely personal matter, of self-management and self-
responsibility (Rohden, 2017).
With this theoretical and conceptual overview of medicalization
4
, the question arises as
to how discussions regarding the practice of physical exercise in gyms have transformed the
relationships of those who attend with medicalized self-care, especially in the context of the
COVID-19 pandemic (scientifically called SARS-CoV-2). This virus is recognized as causing
severe acute respiratory syndrome and is widely known as the new coronavirus (Pitanga; Beck;
Pitanga, 2020; Pitanga et al., 2021).
It is known that, physiologically, there is a relationship between white defense cells
(leukocytes) and the immune and inflammatory responses related to physical exercise (Negrão;
Barretto; Rondon, 2019). In addition, the scientific literature on training shows that the function
of the defense system is modulated according to the frequency, intensity, and duration of regular
4
For further clarification on medicalization, we recommend the critical and synthetic texts by Gaudenzi and Ortega
(2012) and Carvalho et al. (2015) when they not only explore the historical construction of the concept, but also
situate the theoretical-methodological perspectives of the classic authors on this subject.
Immune body? Discourses about physical exercise in a bodybuilding gym
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physical exercise (Fleck; Kraemer, 2017). However, the question arises as to how these aspects
are demonstrated in given socio-cultural scenarios.
In this context, it should be noted that training the body has been an ancient practice
since the Greeks and Romans, when they were preparing for great wars or competitive games
(Corbin; Courtine; Vigarello, 2012). The act of training has taken on different senses and
meanings over time (Nogueira, 2023), just as, in particular, the gyms themselves have changed
according to social and economic contexts, dialoguing with a diversity of notions of the body,
health, and illness (Silva; Ferreira, 2020). More than the physical-organic improvement typical
of the commitment to modern (bio)medicine (Le Breton, 2016), gyms are spaces that bring
people together around an idea, a style, a way of being and behaving (Sabino, 2004; Silva,
2017).
Thus, with regard to the relevance of this study, it is argued that the pandemic effect of
COVID-19 has altered representations about the relationship between immunity and physical
exercise, in the direction of other self-care, such as the association with diet (Feldman;
Goodman, 2023). More precisely, the question is to what extent a "strong, defensive body" is
seen as morally legitimate in the context of bodybuilding gyms. It is in this sense that this study
aligns itself to contribute to or call into question the medicalization processes that run through
physical exercise practices, dialoguing directly with the very society that is (re)constructed in
these social spaces (Silva, 2022).
Therefore, this study aimed to understand the relationships between physical exercise
and immunity built in a weight training gym during the COVID-19 pandemic.
Methodological procedures
This qualitative study is based on the interpretative phenomenological perspective
(Schwandt, 2006), considering that discourse is understood as a game, inserted in the order of
the signifier (Foucault, 1999a), and words establish the order of things (Foucault, 1999b). In
line with the methodological guideline proposed by Foucault (1984, p. 13, our translation), the
research is guided by the aim of "knowing how and to what extent it would be possible to think
differently instead of legitimizing what is already known".
The investigation used the triangulation of techniques, a resource that enhances the
understanding of reality (Turato, 2013), applied to a bodybuilding gym located in the interior
of a city in the Recôncavo Baiano during part of the COVID-19 pandemic period. Semi-
structured interviews were conducted with patrons, and the establishment's posts on a social
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Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024021, 2024. e-ISSN: 2359-2419
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network between 2021 and 2022 were analyzed. A total of 12 face-to-face interviews were
conducted with seven women and five men, aged between 20 and 55, all with at least two years'
experience in bodybuilding. In addition, the digital material analyzed consisted of 11 posts
published on the gym's official Instagram account. The profile of the study site is shown in
Chart 1 below:
Chart 1 - Bodybuilding gym profile
Characteristics
The Recôncavo Baiano comprises 20 small and medium-sized
municipalities.
Santo Antônio de Jesus
100 thousand (approximately)
Center
Inside a shopping center
Varied, with incomes between four and 20 minimum wages
5am - 9pm
Seven to eight Physical Education teachers/trainees
R$ 125.00 ( USD 20,63) R$ 200.00 (USD 33,00) (depending on the
contract plan)
Bodybuilding and "group classes" (functional, fit dance and aeroboxing)
2001
Source: Author's elaboration.
To process the textual material (transcribed interviews), Gill's discourse analysis (2010,
p. 250) was used in order to understand "the functions, or activities, of speech and texts, and to
explore how they are carried out". In order to explore the digital material (posts on Instagram),
we favored Joly's (1996) image analysis, which suggests understanding visual aspects based on
plastic, iconic, and linguistic messages. It should be noted that there was no intention to analyze
whether or how the participants in the survey related to the establishment's digital marketing.
This research was guided by the ethical procedures of Resolution 466/12 and 510/16 of
the National Health Council. In this text, it should be noted that fictitious names have identified
the subjects of the study.
Presentation and discussion of results
The analytical articulation of the above-mentioned image-textual materials made it
possible to capture two principal discursive axes: a) Physical exercise as a "remedy"; b)
Physical exercise as an "immunological agent". The first axis refers to the supposed potential
to exercise against specific ailments, and the second to the possible potentiation of antibody
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production. It is noteworthy that both discursive axes are inseparable and crossed by the notion
of medicalization, referring especially to the pandemic context of COVID-19.
Physical exercise as "medicine"
The discourse of physical exercise as a "remedy" has considerably crossed the
perspective of most of the interlocutors. This was evident in the interviews when they
repeatedly highlighted the medicalized relationships between physical exercise and COVID-
19. Although there have been studies from the time of the pandemic identifying possible
correlations between physical exercise and a reduction in COVID-19 illnesses (Pitanga; Beck;
Pitanga, 2020; Pitanga et al., 2021), it is striking how moving has become synonymous with
non-disease.
Safi (woman, self-declared brown, 38 years old) reported that when she goes for her
routine clinical examinations, the doctor asks her if she exercises. She adds: "Training is
medicine! It's medicine for everything! Another interlocutor, Tuca (female, self-declared white,
28 years old), points out that "training the body is therapeutic and a healthy habit!".
Emblematically, Carla (a woman, self-declared brown, 38 years old) only became a bodybuilder
during the COVID-19 pandemic and even said the following: "training is indispensable because
the body responds in other ways to diseases!".
In all the interviews that make up this research, it was possible to see that there was a
concern with the biological health of the body and the prevention of diseases (read viral
contagion), so physical exercise practices were always predominant in the subject's life.
Specifically, in this pandemic, discourses referring to the search for a so-called healthy body to
avoid "body weakness" and "low immunity" were frequent in the viewpoint of the interlocutors
to justify the need for physical exercise. This is partly due to the classic overlap or tension
between the notions of "promotion" and "prevention" in the health field (Czeresnia, 2017; Buss,
2017).
Thus, the search for therapeutic answers related to COVID-19 has intensified the
medicalization processes in the bodybuilding gym investigated. In this scenario, physical
exercise came to occupy a central position in the use of individuals' bodies, being conceived as
a kind of indispensable therapy for maintaining health during the pandemic period. The
interviewees adopted a discourse that attributed to physical exercise the ability to promote "high
immunity" as opposed to "low immunity", a perception that was interpreted as a risk factor both
for COVID-19 infection and for possible complications resulting from the virus. In the absence
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of exercise, the participants perceived themselves as "deviant" individuals, reinforcing a
medicalized idea analyzed by Conrad and Schneider (1992).
Thus, the practice of physical exercise was detected as a remedy during the pandemic,
shaping new body technologies in the direction of reinforcing or accentuating the intersection
between the notions of health disease and movement. The interlocutors' search for improved
health (i.e. from a biological point of view) was also perceived, as opposed to illness. Ferreira,
Castiel, and Cardoso (2012, p. 837) argue that "physical activity is often taken as a remedy and
a sedentary lifestyle as a disease, in a clear process of medicalization".
An example of this is the study by Fraga et al. (2009), who identified a process of
medicalization in the subjects' discourses when they claimed that walking served as a medicine
to be taken. Silva and Ferreira's (2018) research also shows how some subjects appropriated
bodybuilding as a (bio)medical logic, in the sense of curing their ailments. However, here we
see how the pandemic context has given physical exercise another medicalized character of
"medicine", as if they were "saved" from any viral involvement of COVID-19.
In this context, the publications of the bodybuilding gym in question showed the
promotion of medicalized care based on physical exercise:
Figure 1 - Post about exercise as medicine in a "bottle"
Source: The establishment's official account on Instagram. Accessed on: Jul. 2020.
Immune body? Discourses about physical exercise in a bodybuilding gym
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Figure 2 - Post about exercise as a remedy in "box"
Source: The official account of the establishment is on Instagram. Accessed on: Jul. 2020.
In Figures 1 and 2, it was possible to capture how the publications commodified physical
exercise or the establishment itself in order to sell their services in pandemic times. Whether in
a "bottle" or a "box", the posts indicated what practitioners should take during the pandemic.
The plastic and linguistic messages of both figures reveal how the (bio)medical rationality
represented in the idea of medicine has the ability to solve problems that escape the biological
dimension.
In both figures, for example, it can be seen that sadness/happiness and lack/excess of
disposition, among other aspects, are used in the messages of the posts with the aim of making
the subjects dependent on physical exercise, as if it were a drug for life. In addition, the idea of
the health professional, represented in the figure of the "health professional who should be
consulted" to prescribe "guided physical exercise" or a place for "treatment" before COVID-
19, is in line with Foucault's (1986) assumption when he points out that, in general, biological
knowledge is installed that requires the accompaniment of a specialist in this type of rationality
of the body. In the same vein, Conrad and Schneider (1992) point out that there is usually an
assumption of (scientific) authority that can solve health-related problems.
In these analyzed images, the body in a supposed state of pre-illness from COVID-19
becomes the object and target of power, that is, "the body that is manipulated, shaped, trained,
that obeys, responds, becomes skillful or whose forces are multiplied" (Foucault, 2004, p. 117).
Thyerre TORRES, Alan Camargo SILVA and Thiago Barcelos SOLIVA
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It is understood that such publications allude to physical exercise, in the words of Rohden
(2017), as a commodified or fetishized health need, connecting to the concept of
pharmaceuticalization by transforming so-called healthy subjects into hostages of abstract
improvements of certain lifestyles through the consumption of pharmacological resources, as
discussed by Williams, Martin, and Gabe (2011).
It should be noted that, obviously, the processes of
medicalization/pharmaceuticalization are not limited to the context of COVID-19, since there
is already a discursive capillarization about the different drugs that currently exist in the so-
called health market. However, this paper argues that marketing devices have been enhanced
by the logic of the remedy, focusing not only on normalizing or repairing the self, but also on
an eloquent search for an "improved body" which, at first, is not directly linked to the beauty
industry, as discussed by Castro (2010).
Therefore, in this pandemic, the quest to free themselves from COVID-19 has led
subjects to symbolize their health conditions based on a biologizing discourse, typical of
medical-social authority (Conrad, 2007). Thus, given this empirical scenario, the idea of the
"medicated body" (therefore also immune) emerges as a new phase of modern (bio)medicine
and, in this case, derived from the practice of physical exercise. In fact, the current notion of
health is directly linked to the idea of stronger immunity through the social formation of an
individual subjectivity in which the subject feels obliged to "move", as will be seen below.
Physical exercise as an "immunological agent"
t was possible to observe that the connections between physical exercise and immunity
have gained prominence in the context of the pandemic. According to the interviewees, exercise
in the gym was conceived in a medicalized way in response to COVID-19.
Guga (male, self-declared black, 21 years old) explained: "In general, physical activity
and diet can help immunity!" and added: "The pandemic has made many people come to the
gym, because the treatment is free!" Silva (female, self-declared brown, 23 years old) said:
"Any exercise can improve immunity, and I think the fact that I was training when I had
COVID-19 made the symptoms mild." Safi (woman, self-declared brown, 38 years old) pointed
out: "Training improves my immunity." Tuca (female, self-declared white, 28 years old) said:
"Training can improve immunity, and not working out makes your body feel weak." Dona
(female, self-declared brown, 55 years old), who has been practicing bodybuilding for 20 years,
said: "The academy helped me a lot because I even had COVID-19, and I didn't know it." Mocó
Immune body? Discourses about physical exercise in a bodybuilding gym
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(male, self-declared white, 52 years old), a bodybuilder for 18 years, said: "In addition to
COVID-19, other illnesses can happen to those who don't train in the gym!"
We thus identified how gym-goers materialized the importance of the idea of immunity,
especially during the pandemic, in their search for physical exercise as a way of improving their
bodies. In addition, the interlocutors suggest how the physical exercise routine has reduced the
impact of the negative symptoms of COVID-19. Thus, the discursive reproduction of what
society feared in times of pandemic was perceived, which, in some way, aligned with the
scientific perspective of the "athlete's record", defended by the president at the time (Brito,
2022).
Thus, being physically active and immune would mean being competent in the way you
manage your own life. This biological scrutiny of daily life affects the consumption of health
services, as Boltanski (2004) problematizes. Therefore, although the pandemic was a reality
that involved various aspects that went beyond the (bio)medical framework, the interlocutors
internalized that possible health problems in the future would derive from their conduct. Caponi
(2009, p. 530) points out that "the medicalization of conduct classified as abnormal has spread
to practically every area of our existence".
In this way, the interviewees felt the need to invest in physical exercise as an
"immunological agent", creating a new pattern of self-management in times of pandemic. Using
an expression from Lupton (1993), COVID-19 has implanted a model of "healthy lifestyles" in
the bodybuilding gym scene as well. However, it should also be noted that the process of body
cultivation can be different depending on sociocultural and economic contexts in dialog with
different social markers of difference, as Silva and Ferreira (2021) identified.
Thus, in the micro-reality studied, self-care arrangements or devices have been created
through the ideas of techno-scientification of physical exercises in an uninterrupted search for
"health". Because subjects were increasingly autonomous in the sense of being encouraged to
take responsibility for their condition in life (Clarke et al., 2003) or, in Foucault's (2008) terms,
"entrepreneurs of themselves", immunity became an ethical-moral imperative in these physical
exercise spaces based on a certain discourse of knowledge-power.
In this scenario, the bodybuilding gym's publications also bombarded the public with
the positive idea of physical exercise and immunity:
Thyerre TORRES, Alan Camargo SILVA and Thiago Barcelos SOLIVA
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Figure 3 - Post on the relationship between physical exercise and immunity in the sense of
freedom
Source: the establishment's official Instagram account. Accessed on: Jul. 2020.
Figure 4 - Post on the relationship between physical exercise and immunity in the sense of
risk
Source: The establishment's official account on Instagram. Accessed on: Jul. 2020.
Immune body? Discourses about physical exercise in a bodybuilding gym
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Figure 5 - Post on the relationship between physical exercise and immunity towards
vaccination
Source: The establishment's official account on Instagram. Accessed on: Jul. 2020.
Figures 3 and 4 show how the frame, size, and colors of the images create a standardized
identity for the academy in order to assert a certain authority in the message during the fight
against COVID-19. Although they don't explore the plastic elements as much, we can see how
the linguistic message is decisive in establishing that the bodybuilding gym would be
fundamental not only in breaking the isolation and social distancing represented in the idea of
freedom, but also in reducing the chances of hospitalization. This somehow obscures the need
for demedicalization derived from multisectoral initiatives and public policies (Castiel; Guilam;
Ferreira, 2010).
Specifically, in Figure 3, we detected how the linguistic process attributes a
hypervalorization to the practice of physical exercise as a way to avoid contagion of the virus
or complications in cases of COVID-19 infection. There is a link between the establishment
and the increase in immunity. It should also be added that the immaterial sale of freedom by
the establishment alludes to the imaginary that it would be possible to leave the house and relate
physically and face-to-face with other people without damaging one's health. The call made by
the publication on social networks took place in the context of a ban on the opening of
establishments such as gyms, a situation which, according to Dias, Coimbra, and Raposo
Thyerre TORRES, Alan Camargo SILVA and Thiago Barcelos SOLIVA
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(2021), was directly linked to the influence of the business bourgeoisie in the fitness sector. In
this scenario, going to the gym was seen as an opportunity to exercise the freedom to gather
and interact socially. This practice reflects a typical behavior of scientific denialism, which has
contributed to the significant increase in the number of cases of contamination and deaths
(Ferreira, 2021).
As can be seen in Figure 4, there were also advertisements and posts on social networks
encouraging the opening of these exercise centers and trying to show the benefits in terms of
immunity, even with crowds of people. There has been a significant increase in concerns about
immunity in the bodybuilding gym, backed up by recent scientific studies, confirming the need
to raise awareness about the importance of continuing to exercise during the pandemic in order
to withstand the effects of possible contamination by viral infections. The text in Figure 4
legitimizes the message by using supposed scientific data as a tool to convince people of the
importance of physical exercise and, consequently, of returning to gyms. This creates discipline,
which "is a principle for controlling the production of discourse. It sets its limits through the
game of an identity that takes the form of a permanent updating of rules" (Foucault, 1999a, p.
36, our translation). At the time, the Association of Academies of Brazil created a COVID-19
crisis management committee to help academies and the entire niche that encompasses them
face the difficulties that the coronavirus pandemic has caused (Dias; Coimbra; Raposo, 2021).
It is clear to see how the disease has branched out into a marketing perspective. It is
argued that the body and the COVID-19 pandemic have always been in dialogue in the
bodybuilding gym, with the idea of immunity as a central element of consumption. This
confirms the problematization of Mendonça and Camargo Júnior (2012) when they point out
that there is a medical-industrial/financial complex that uses epidemiological knowledge based
on discourses of the medicalization of social life. In this case, there is a need for professional
training in health that is critical of the medicalization industry (Rocha; Centurião, 2007) and
that is not fundamentally linked to the body cult industry, as discussed by Castro (2010). This
can be seen emblematically in the perspective of Silva and Ferreira (2020) when they argue
about the need for an expanded intervention in the area of Physical Education based on
sociocultural references that go beyond the physical-organic elements in gyms.
Figure 5, on the other hand, explores in depth not only the linguistic message, but also
the plastic one, in the sense that COVID-19 would not take hold in that physical exercise
environment. The post's background seeks to relieve or comfort gym-goers, suggesting that the
world (represented in the image of the globe), by providing itself with resources against
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COVID-19 (masks and vaccination), would favor a return to the establishment. An imagination
is created that the body exercised it is synonymous with a body immune to the outside world.
During contact with those interviewed between 2021 and 2022, some subjects claimed
that they were afraid to go to the gym during the "first phase of the disease". In the "second
phase", it was clear that they were already comfortable in that space, as the optional use of
masks and isolation/social distancing was fundamental in making them feel safer to return to
physical exercise.
It was interesting to understand the timing of this study, which took place during the
pandemic. For example, it's worth highlighting the point of view of (male, self-declared
black, 30 years old), who has been exercising for over ten years: "I was scared at first, but
training can increase immunity, among other benefits. That's why I preferred to keep training.
He also emphasized that he had had three doses of the vaccine and that he was unlikely to catch
the virus and, if he did, it would be mild. Later, after a few months, this same interviewee
reported that he had been infected with the virus, but had felt "almost nothing".
In short, Figures 3, 4, and 5 align with the interviewees' perspective, reinforcing a kind
of medicalization expressed in the health promise of physical exercise. These image-emic
discourses indicate that not exercising would make the subject deviant, so they should consume
the establishment's services in order to avoid a pathologized life in the face of COVID-19. In
fact, in the light of Conrad (2007), a lucrative market expansion was detected based on the
abusive dictates of (bio)medical rationality that imposed or operationalized what a normal life
would be with the assumptions of immunity to the virus. After all, Foucault (1986, p. 7) had
already pointed out that "knowledge of diseases is the doctor's compass; the success of the cure
depends on an accurate knowledge of the disease".
It is, therefore, understood that the interlocutors' reports and the bodybuilding gym's
posts naturalized or normalized physical exercise as a reductionist biologizing formula to avoid
contagion or weaken the virus. Moysés and Collares (2021) point out that medicalization is
increasingly amplified and sophisticated at the level of molecular biology, which could be seen
in the commitment to physical exercise during the context of COVID-19. Thus, we saw how
medicalization was based precisely on the idea of moral and social control of the body in
movement and how to lead one's life "immunologically" in the context of consumption at this
bodybuilding gym.
Thyerre TORRES, Alan Camargo SILVA and Thiago Barcelos SOLIVA
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Final considerations
In general terms, it was possible to capture how the processes of medicalization
presented themselves in the relationship between physical exercise and immunity in a
bodybuilding gym during the COVID-19 pandemic. Although there is currently no public
health emergency because of this disease, it is argued that this pandemic period has
considerably affected people's health and illness care, as can be seen in the relationship between
physical exercise and immunity.
The findings of this study, organized along the discursive axes of physical exercise as a
"remedy" and as an "immunological agent," show how the pandemic, with its devastating
proportions in the socio-sanitary sphere, has influenced physical activity practices. These
practices further emphasized the search for so-called "health" and the strengthening of
immunity, premises that were understood to be capable of fighting the virus. In this context, in
the bodybuilding gym analyzed, the body, while seen as susceptible to the disease, was also
understood as an active resource in coping with COVID-19.
Thus, in all the material produced in this research, the relationship between the body
(here forged by physical exercise) and the idea of immunity from COVID-19 was evident, both
in the speeches of the interviewees and in the establishment's publications on social networks.
In short, these discourses claimed that physical exercises in the gym were important
technologies in the management of COVID-19.
It is therefore postulated that this establishment has dichotomously established two
notions of immunity that dialog with the relationship between nature and culture: one of a
"biophysiological" nature, based on statistical-biomedical parameters, and the other "socio-
symbolic", portrayed in networks of sociability, the drugs industry, physical exercise, food, etc.
In the face of COVID-19, a multiplicity of so-called therapeutic responses against the virus
have been constructed, enhancing the medicalization processes in this academy's space.
We conclude that the discursive imperatives of the immune body have become
massified or capillarized in these types of commercial establishments, such as bodybuilding
gyms. In this direction, we recommend the initiative of other investigative ventures that focus
their analysis on a kind of immunity industry via the consumption of physical exercise and other
(medicalizing) self-care devices or networks.
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CRediT Author Statement
Acknowledgements: Not applicable.
Funding: Not applicable.
Conflicts of interest: There were no conflicts of interest of any kind.
Ethical approval: This study was guided by the ethical procedures of Resolution 466/12
and 510/16 of the National Health Council. This work is part of the first author's master's
thesis and has not been submitted to the Ethics Committee.
Availability of data and material: The data and materials used in the work are stored for
research purposes only.
Author contributions: The first author was responsible for devising the research,
fieldwork, and systematizing/organizing the manuscript. The second author contributed to
the writing of this text, especially with the theoretical-methodological articulation in dialog
with the empirical material. The third author was the supervisor and advisor of this work,
and was responsible for all stages of the research.