“À boa ciência”
Performações éticas em transplantes experimentais de células-tronco para a cura do HIV
RESUMO: Neste artigo, busco discutir, de um ponto de vista socioantropológico, os emaranhados éticos que conformam os primeiros cinco casos de “cura” ou “remissão de longo prazo” do HIV, alcançados por meio de transplantes experimentais de células-tronco. A partir da análise do conteúdo de documentos selecionados, situo tais práticas tecnobiocientíficas no contexto das “ciências que têm ética” e exploro as diferentes dimensões que definem o que é considerado “boa ciência” e “má ciência”. Observo que a ética da cura do HIV não se trata de um fenômeno dado, como podem fazer transparecer os códigos de ética e instituições regulatórias. É, antes disso, um processo em constante construção, que transborda a prática clínica e se faz permeado por disputas narrativas, políticas, afetivas e práticas. Nesse sentido, sugiro que pensar criticamente as “performações éticas” nesse e em outros contextos experimentais pode contribuir para práticas científicas mais democráticas.
PALAVRAS-CHAVE: HIV. Cura. Ética médica. Transplante de células-tronco hematopoiéticas. Estudos sociais da ciência e da tecnologia.
Como citar
OLIVEIRA, K. H. de. “À boa ciência”: Performações éticas em transplantes experimentais de células-tronco para a cura do HIV. Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 2, e024018, 2024. e-ISSN: 2359-2419. DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.2.19021