Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. esp. 2, e023019, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.2.18637 1
APRESENTAÇÃO: PANDEMIA DE COVID-19: DA DESCOBERTA DE NOVOS
MEIOS DO EDUCAR AOS SINTOMAS DE ANSIEDADE NA EDUCAÇÃO
PRESENTACIÓN: PANDEMIA COVID-19: DEL DESCUBRIMIENTO DE NUEVAS
FORMAS DE EDUCAR A LOS SÍNTOMAS DE LA ANSIEDAD EN LA EDUCACIÓN
PRESENTATION: COVID-19 PANDEMIC: FROM THE DISCOVERY OF NEW WAYS
TO EDUCATE TO SYMPTOMS OF ANXIETY IN EDUCATION
Milene Santiago NASCIMENTO1
e-mail: milenesantiago@hotmail.com
Como referenciar este artigo:
NASCIMENTO, M. S. Apresentação: Pandemia de COVID-
19: Da descoberta de novos meios do educar aos sintomas de
ansiedade na educação. Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 24, n. esp. 2, e023019, 2023. e-ISSN: 2594-
8385. DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.2.18637
| Submetido em: 22/07/2023
| Revisões requeridas em: 10/08/2023
| Aprovado em: 18/09/2023
| Publicado em: 31/10/2023
Editor:
Prof. Dr. Paulo Rennes Marçal Ribeiro
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
Centro Universitário de Barra Mansa (UBM), Barra Mansa RJ Brasil. Docente na Graduação em Psicologia
pelo Centro Universitário Geraldo Di Biase (UGB). Docente na Graduação em Psicologia. Doutora em Saúde
Coletiva (IMS-UFRJ).
Apresentação: Pandemia de COVID-19: Da descoberta de novos meios do educar aos sintomas de ansiedade na educação
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. esp. 2, e023019, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.2.18637 2
RESUMO: Entre 2020 e 2022, vivenciamos a pandemia da COVID-19. O Observatório da
Violência, do Centro Universitário de Barra Mansa (RJ) realizou uma pesquisa em 2021 e 2022.
Objetivou-se compreender as experiências com o ensino remoto de gestores, professores e
familiares de alunos da rede municipal de ensino e de acadêmicos. Para refletir sobre o cenário
pandêmico, utilizamos Homem (2020) e Santos (2020; 2021) e sobre o ensino na pandemia, o
trabalho organizado por Gomes (2021). Trata-se de pesquisas quanti e qualitativa, com dados
coletados através de questionários virtuais e grupos focais. Resultados gerais são apresentados,
com ênfase nos grupos focais. Identificamos baixa densidade de políticas públicas para acesso
ao ensino adequando. Outros resultados foram percebidos: violência contra mulheres, crianças
e adolescentes, sofrimento psíquico de professores e acadêmicos. Encontramos, também,
experiências exitosas. Nossos resultados contribuem para a reflexão sobre os impactos da
pandemia no processo de aprendizagem.
PALAVRAS-CHAVE: Pandemia. Ensino a Distância. Experiências de Vida.
RESUMEN: Entre 2020 y 2022 vivimos la pandemia de COVID-19. El Observatorio de la
Violencia, del Centro Universitario de Barra Mansa (RJ), realizó una encuesta en 2021 y 2022.
El objetivo fue conocer las experiencias de enseñanza a distancia de directivos, docentes y
familiares de estudiantes de la red educativa municipal y académicos. Para reflexionar sobre
el escenario de la pandemia utilizamos a Homem (2020) y Santos (2020; 2021) y sobre la
enseñanza durante la pandemia, el trabajo organizado por Gomes (2021). Se trata de
investigaciones cuantitativas y cualitativas, con datos recopilados a través de cuestionarios
virtuales y grupos focales. Se presentan los resultados generales, con énfasis en los grupos
focales. Identificamos una baja densidad de políticas públicas para el acceso a una educación
adecuada. Se notaron otros resultados: violencia contra las mujeres, niños y adolescentes,
sufrimiento psicológico entre profesores y académicos. También encontramos experiencias
exitosas. Nuestros resultados contribuyen a la reflexión sobre los impactos de la pandemia en
el proceso de aprendizaje.
PALABRAS CLAVE: Pandemia. La Educación a Distancia. Experiencias Vitales.
ABSTRACT: Between 2020 and 2022, we experienced the COVID-19 pandemic. The Violence
Observatory, affiliated with Barra Mansa University Center (RJ), was surveyed in 2021 and
2022. The objective was to understand the experiences with remote learning of school
administrators, teachers, family members of students in the municipal education system, and
college students. To reflect on the pandemic scenario, we drew on the works of Homem (2020)
and Santos (2020; 2021), and for insights on education during the pandemic, we referenced the
work organized by Gomes (2021). The research encompassed quantitative and qualitative
methods, with data collected through virtual questionnaires and focus groups. General results
are presented with an emphasis on the focus groups. We identified a low density of public
policies for adequate access to education. Other findings included violence against women,
children, and adolescents and psychological distress among teachers and college students.
Additionally, we found successful experiences. Our results contribute to the reflection on the
impacts of the pandemic on the learning process.
KEYWORDS: Pandemic. Distance Education. Life Experiences.
Milene Santiago NASCIMENTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 18, n. esp. 2, e023019, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.2.18637 3
Introdução
Início esta apresentação com uma incerteza a respeito de sua natureza específica,
questionando se ela se configura como um relatório de pesquisa ou um relatório de experiência.
Difícil separar ambas, assim como foi difícil separar lugares físicos e lugares subjetivos na
pandemia. Daqui, encontro-me como professora, orientadora, pesquisadora. Mas também,
esposa, mãe e filha. Em todos esses lugares, tentando driblar um vírus, o isolamento social, as
perdas, que foram muitas: físicas, simbólicas, de liberdade, de encontros, mas também, tecendo
os fios de um tecido esgarçado com a crise humanitária, política e sanitária que vivemos.
Assim como muitos pesquisadores e professores mundo afora, criamos. Todos os
aspectos enumerados não foram exclusivos da minha vida. As alunas orientadas, as demais
professoras e pesquisadoras que compõem esse trabalho também driblaram adversidades e
reconstruíram um modo de viver. Maria Homem (2020, p. 445) diz “ano perdido de aprendizado
e produção? Isso não existe para o psiquismo”. Não existiu. Coletivamente criamos um outro
modo de vida e de produção. Apesar de nossas balizas sociais, aquelas conhecidas por nós,
usadas comumente, estarem impedidas, nossa “travessia simbólica” (HOMEM, 2020, p. 452)
foi feita de mãos dadas.
Talvez, este tenha sido o maior desafio das pesquisas aqui apresentadas: manter mãos
dadas, à distância, criando saídas possíveis para manter a produção. Assim, compreende-se por
que relato de pesquisa e relato de experiência se misturam. Nossa pesquisa se misturou com
tais experiências cotidianas, com o emaranhado de posições subjetivas, com o tic-tac do relógio
que fez os dias terem mais do que 24 horas. Maria Homem ressalta a mistura público e privado,
horário comercial e as horas do dia, finais de semana e dias úteis, confusão dos espaços e
territórios.
Se assim ocorreu conosco, pesquisadoras, a mesma realidade se colocava para o público
pesquisado: estudantes, professoras, mães, gestores de escolas. De modo que, concluir essa
pesquisa foi tarefa árdua: exigiu meses para a coleta de dados, meses para a transcrição,
compilação dos resultados e redação final. O período de coleta de dados foi 2020 e 2021.
Apresentamos os resultados em 2023.
Mas, ao mesmo tempo, como ressalta Santos (2021), será que está tão distante assim?
Será que a pandemia acabou? Para o autor, a pandemia se mantém e se manterá, à medida que
ela exigirá que seja erigido um novo modus operandis: uma mudança de relação com a natureza,
uma ruptura com as amarras do capitalismo, do colonialismo e do patriarcado.
Apresentação: Pandemia de COVID-19: Da descoberta de novos meios do educar aos sintomas de ansiedade na educação
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A pandemia convocou um novo modo de vida: trabalho, diversão, aprendizagem. Cada
instituição, à sua maneira, reorganizou métodos, espaço, tempo, sem contar nos equipamentos
tecnológicos: criação, aquisição de ambientes virtuais. Fica claro que não se deu da mesma
maneira para todos. É alarmante a distinção entre instituições públicas e privadas. As segundas,
rapidamente se transmutaram para o espaço virtual e as sustentaram. as públicas... (HOMEM,
2020; SANTOS, 2020, 2021).
Fato é que os Estados e a Federação, em sua maioria governados por partidos de direita
e extrema-direita, foram incompetentes no gerenciamento da pandemia. Tanto do ponto de vista
sanitário, quanto na proteção biológica e social de vidas humanas (SANTOS, 2021).
Socialmente, não houve garantia de condições necessárias para aprendizagem e trabalho
adequado.
O Observatório da Violência do Centro Universitário de Barra Mansa foi criado em
2017, com o objetivo de realizar um diagnóstico da violência escolar local e promover ações de
prevenção e intervenção, bem como produção de conhecimento científico. Está vinculado ao
Núcleo de Pesquisa da instituição e conta com a participação de acadêmicos, egressos e
docentes pesquisadoras de diferentes áreas: Psicologia, Jornalismo, Pedagogia e Direito. Assim,
o Observatório promoveu, para as acadêmicas e docentes, um espaço de construção de
conhecimento e ampliou suas fronteiras, voltando, também, o olhar para o espaço universitário.
Neste documento de abertura, apresento a estruturação e os resultados gerais das
pesquisas que compõem este número. A primeira se refere às condições psicológicas de
estudantes do ensino superior durante a pandemia e a migração para o ensino remoto; e a
segunda sobre as experiências de gestores, professoras e mães de alunos de escolas públicas de
três municípios da região sul fluminense do estado do Rio de Janeiro.
Nossas pesquisas contribuem para conhecermos a realidade do ensino em nossa região
e colaboram para a universidade em seu papel social: de promover desenvolvimento de nossa
comunidade, ao entregar possíveis ferramentas de intervenção. Como centro universitário, os
resultados da pesquisa nos levaram a refletir sobre modos de contribuição para mudanças na
realidade. Outrossim, os desdobramentos da pesquisa permitem o conhecimento da realidade
social em que nos encontramos: baixa densidade de políticas públicas que promovam a redução
da violência contra mulheres, crianças e adolescentes. As pesquisas foram aprovadas e
autorizadas pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário de Barra Mansa. A coleta
de dados ocorreu após a leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e sua aceitação
em formato on-line. As entrevistas foram gravadas com a autorização dos participantes.
Milene Santiago NASCIMENTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 18, n. esp. 2, e023019, 2023. e-ISSN: 2594-8385
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Metodologia
Por se tratar de um documento que pretende apresentar os artigos que compõem este
número, apresentarei a trilha metodológica empreendida por nós. De um modo geral, as
pesquisas apresentadas tiveram um objetivo descritivo, com o tratamento quanti e qualitativo
dos dados. Para Moresi (2003), a pesquisa descritiva apresenta características do fenômeno ou
população estudada. Não há intenção de estabelecer nexos causais e seus dados são analisados
indutivamente. A abordagem quantitativa se traduz números e opiniões em números e a
qualitativa atribui significados ao fenômeno estudado.
Neste documento, apresento um panorama sobre a experiências com as pesquisas,
trazendo seus principais resultados, com ênfase nos identificados com a escuta de mães e
professoras a respeito dos grupos focais. Para tanto, seguindo a abordagem qualitativa, ainda
com objetivo descritivo, empreendi a revisão de literatura de trabalhos pulicados no período
entre 2020 e 2022, que trataram do tema aprendizagem e pandemia. Em seguida, realizei uma
revisão sistemática dos resultados produzidos pelas pesquisas, visando identificar algumas
questões definidas previamente, para avaliar e selecionar os seus resultados mais relevantes.
Nesse sentido, os marcadores utilizados para esta análise foram: experiências com a tecnologia,
ponto de vista individual com a experiência sobre o ensino remoto e avaliação do período de
aprendizagem remota.
Como indicado, nossas pesquisas abriram espaço para escutar as experiências de
gestores, professoras e familiares de redes públicas de ensino de três municípios da região Sul
Fluminense, do estado do Rio de Janeiro e alunos do ensino superior de uma instituição privada
da mesma região. Utilizamos alguns recursos metodológicos distintos, a seguir descritos.
Os questionários virtuais
São duas pesquisas distintas: a primeira buscou compreender as condições psicossociais
de estudantes de ensino superior e sua relação com o ensino remoto durante a pandemia; e
segunda, parte da pesquisa sobre os impactos da pandemia na educação, e se propôs a conhecer
as experiências dos gestores de três municípios da região Sul Fluminense, com a transição para
o ensino remoto, no período do fechamento das escolas devido à pandemia. Em ambas, o
método de coleta de dados foi o questionário virtual, através do Google Forms.
A primeira pesquisa, que intitulamos: Distanciamento social: as condições psicológicas
de estudantes do ensino superior durante a pandemiautilizou um questionário virtual como
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Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. esp. 2, e023019, 2023. e-ISSN: 2594-8385
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método de coleta de dados. O questionário foi disponibilizado aos acadêmicos pelo Google
Forms e abarcou os seguintes eixos: condições sociais, condições psicológicas e acesso aos
recursos tecnológicos. Seguindo a metodologia semelhante da pesquisa de Maia e Dias (2020),
que utilizou uma amostra de 24,2% dos alunos matriculados na instituição de ensino superior
(IES), e de Machado (2020), que pesquisou 22,5% da população universitária, buscamos um
mesmo número. No entanto, não conseguimos atingir a cifra quantitativa desejada, que seria de
aproximadamente, 519 estudantes, mesmo ao estender o prazo do nosso cronograma inicial.
Isso ocorreu devido às dificuldades de adesão às condições remotas e desmotivação dos
acadêmicos, pois estávamos no primeiro ano de pandemia (2020). Obtivemos 225 respostas de
alunos maiores de 18 anos, representando, aproximadamente, 18,75% dos alunos matriculados
na instituição pesquisada. Para este número da revista Doxa, escolhemos debater sobre as
condições psicológicas identificadas, apresentando os resultados no artigo “Distanciamento
social: as condições psicológicas de estudantes do ensino superior durante a pandemia”, de
Amanda Almeida Duarte, Fernanda de Souza Alves e Milene Santiago Nascimento (2023).
A pesquisa intitulada “Os impactos da pandemia na educação”, em seu primeiro
momento, buscou informações com os gestores, através de outro o questionário virtual, também
disponibilizado no Google Forms. Participaram 41 gestores de três Secretarias Municipais de
Educação da Região Sul Fluminense do Estado do Rio de Janeiro. Foram incluídos os gestores
em exercício no ano de 2020. O questionário foi semiestruturado, com 20 perguntas fechadas e
espaço para sugestões. As perguntas se sustentaram em três eixos: 1) a comunicação entre a
Secretaria Municipal de Educação e os alunos, incluindo secretaria, os professores, alunos e
pais; 2) trabalho docente abordado: condição de acesso aos recursos tecnológicos, estratégias
das aulas, processo ensino-aprendizagem e de avaliação; 3) o uso dos recursos tecnológicos
(site, plataformas, conectividade). Os resultados foram apresentados em uma live, que fez parte
do Seminário de Pesquisa do Centro Universitário de Barra Mansa, em 2021, na qual
participaram as pesquisadoras e três secretários.
Neste número da Revista Doxa, apresentamos os resultados e um relato da experiência
sobre a live, em dois artigos distintos: 1) “Relatório da pesquisa sobre educação e pandemia na
região sul fluminense”, de Ana Maria Dinardi Barbosa Barros, Rosa Maria Maia Gouvêa
Esteves e Maricineia Pereira Meireles da Silva; e 2) “Os desafios impostos à educação pela
pandemia da COVID-19 e as novas estratégias: um relato de experiência”, de Florencia Cruz
da Rocha Ebeling.
Milene Santiago NASCIMENTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 18, n. esp. 2, e023019, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.2.18637 7
Os grupos focais
Para ouvir as experiências de mães e professoras dos mesmos três municípios dos
gestores, utilizamos a técnica do grupo focal, em formato on-line, pela plataforma Google Meet.
Bordini e Sperb (2013) estudaram o uso dos grupos focais no campo da psicologia. Trata-se
dos tradicionais grupos focais, ou seja, entrevistas semiestruturadas, em grupo, cuja interação
é o principal instrumento de coleta de dados. O formato on-line é caraterizado pelo uso de
tecnologias digitais, facilitando a comunicação entre os mediadores e os grupos. um
estímulo, feito pelo moderador, para que o grupo interaja e discuta o tema proposto. Os autores
ressaltam que o formato on-line não perde para o presencial. Em nosso caso, foi uma estratégia
fundamental para realizarmos a pesquisa.
Deslandes e Coutinho (2020), ao analisar a expansão da pesquisa em ambientes digitais,
engendrada pela pandemia de COVID-19, apontam o descortinamento de um campo de
possibilidades. Para nós, a permeabilidade da fronteira entre o real e o virtual e a redefinição
do significado de campo, apontados pelos autores como elementos caraterísticos das pesquisas
digitais, nos permitiu circular por territórios geográficos distintos, mesmo em época de
restrições sanitárias. Os territórios estavam presentes, sem perderem suas características
político-culturais. Para Deslandes e Coutinho “o sentido de um território geograficamente
delimitado se perde nas fronteiras online/offline, são fluídos e dinâmicos” (2020, p. 6).
Utilizamos, para estímulo, os mesmos eixos do questionário dos gestores, para orientar
a entrevista em grupo, a fim de conhecer como grupos tão distintos vivenciam a mesma
realidade. Interessante notar que identificamos aspectos que não foram diretamente
investigados. Mas como uma pesquisa é viva, enveredamos por outros caminhos. Dessa forma,
neste artigo, apresento os resultados das perguntas que orientaram os grupos focais. Os demais
achados serão aprofundados em quatro artigos: 1) “Violência simbólica contra as mulheres sob
os holofotes da pandemia de COVID-19: desigualdade de gênero na divisão do trabalho
doméstico”, de Carolina Zimmer, Nicole Silva dos Santos e Milene Santiago Nascimento; 2)
“O Acesso ao ensino e a violação de direitos: desdobramentos da inserção do ensino remoto
emergencial durante a pandemia de COVID-19”, de Camila da Silva Costa, Amanda Almeida
Duarte e Milene Santiago Nascimento; 3) “A docência na pandemia: tecnologia, isolamento e
o sofrimento psíquico”, de Nicole Silva dos Santos e Mariana Barbosa Miquilini.; e 4)
“Experiências exitosas de professores durante a pandemia de COVID-19: uma flor no asfalto”,
de Carolina Paiva, Fernanda de Souza Alves, e Milene Santiago Nascimento.
Apresentação: Pandemia de COVID-19: Da descoberta de novos meios do educar aos sintomas de ansiedade na educação
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. esp. 2, e023019, 2023. e-ISSN: 2594-8385
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Resultados e discussão
As experiências dos docentes, estudantes e gestores durante a pandemia vem sendo
objeto de estudos durante todo esse período. Pesquisadores interromperam estudos usuais para
se voltar a uma realidade tão fatigante que foi a vivência do ensino remoto ou ensino à distância.
Esses trabalhos denunciam dificuldades, sofrimento e apresentam invenções deste público
sustentar uma exigência social: manter o processo de ensino-aprendizagem.
Em 2021, um lindo trabalho, organizado por Gomes, deu voz aos educadores. Intitulado
“Com a palavra... os profissionais da educação: relatos de experiência sobre o trabalho
educacional”, o e-book apresenta experiências de profissionais da educação, norteados pelos
seguintes questionamentos: desafios dos educadores na atualidade; autorrelatos sobre suas
vidas; problematizações teóricas das vivências profissionais.
Destaca-se o trabalho de Sanches (2021), “Ensino remoto e pandemia: breves
considerações”. A aplicação de um questionário virtual junto aos professores e estudantes de
uma escola municipal de São Paulo revelou que não existiram condições objetivas para a
continuidade das atividades de aprendizagem. Isso indica a ausência ou carência de recursos
tecnológicos tanto nas escolas quanto nos lares das famílias, bem como a falta de preparo por
parte dos profissionais, estudantes e familiares, uma vez que não possuem domínio da
linguagem digital necessário para a manutenção do ensino remoto.
Além disso, a autora destaca que a pandemia colocou em questão o trabalho docente,
como se a tecnologia pudesse substituir sua função, desqualificando-o ou, ainda, alocando a
educação domiciliar como a grande salvadora de valores morais e familiares. Para Sanches
(2021, p. 106):
O formato de atendimento remoto, a meu ver, desacomodou o funcionamento
desta escola que esteve calcado desde sempre no contato pessoal e presencial.
Portanto, é possível indicar que a escola e seus profissionais foram atingidos
na base constitutiva de atuação e organizacional, evidenciando a precariedade
material e formativa.
Nishimori e Cruz (2022) refletem sobre as experiências com a alfabetização em tempos
de pandemia. Destacam que o município em que realizaram a pesquisa disponibilizou chips e
tablets para que os alunos pudessem ter acesso à internet e aos conteúdos escolares. Os recursos
foram entregues aos alunos em situações mais vulneráveis do primeiro e segundo segmentos
do Ensino Fundamental e da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Os autores identificaram
que mesmo com os recursos tecnológicos não houve avanços na alfabetização, e constataram o
mesmo cenário verificado por Sanches (2021): Os familiares não demonstravam proficiência
Milene Santiago NASCIMENTO
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na linguagem tecnológica necessária para utilizar os recursos e, consequentemente, manter as
atividades escolares. Além disso, a localização de algumas residências não possibilitava o
funcionamento adequado do sinal de internet por meio de dados móveis.
Neste documento, os autores destacam que o manifesto do Conselho Nacional dos
Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) referente ao direito à educação de crianças
e adolescentes durante a pandemia sublinha a necessidade de reconhecimento da desigualdade
social no país, respaldado pela Constituição Federal de 1988. um abismo social estrutural
no nosso país, que reflete nas condições de domicílio, alimentação, acesso à educação, saúde,
lazer, informação e tecnologia. O manifesto do CONANDA enfatiza que a educação domiciliar
reforça e amplia a desigualdade. Dessa maneira, é possível supor que houve severos problemas
no processo de educação no país, em diversos níveis, desde a educação infantil até os cursos de
graduação, com impactos, claro, distintos de acordo com cada segmento etário e social.
Nossas pesquisas puderam oficializar fatos observados pela pandemia: insuficiência
tecnológica; baixa densidade de políticas públicas que garantissem acesso e o ensino
adequando; dificuldades com o processo de aprendizagem pelos professores, familiares e
estudantes, por não possuírem o arsenal de conhecimento necessário para o uso de tecnologia;
e, ainda, impactos importantes da pandemia em fatores psicológicos e sociais.
Interessante notar que as investigações, tanto a que se voltou para os estudantes de
graduação, quanto as que se dedicaram às experiências municipais, revelaram diferentes
perspectivas a respeito das experiências com o processo de ensino remoto. No entanto, de algum
modo, esses resultados dialogam entre si. Os estudos contemplaram as condições psicológicas
dos estudantes de graduação com o ensino remoto na pandemia; o ponto de vista de gestores e
sua avaliação acerca do suporte da administração pública para a manutenção do ensino durante
a pandemia e a realidade vivida por mães e professoras durante o processo de ensino virtual.
Com exceção da perspectiva dos gestores, todos expressam insatisfação, insegurança,
dificuldades, sobrecarga e sofrimento psicológico.
Os universitários, devido à escassez de recursos tecnológicos e moradia compartilhada,
que muitas vezes dificultava o acompanhamento das aulas, somadas as condições impostas pela
pandemia (isolamento social, perdas, luto, desemprego) sofreram psicologicamente. Os
mesmos relatos foram observados entre as professoras da educação infantil, ensino fundamental
e mães de estudantes. Sepercebido pelo leitor que o uso dos termos ‘professoras’ e ‘mães’
foi proposital. Os grupos focais contaram com a participação de pessoas do gênero feminino.
Apenas dois professores, do gênero masculino, estiveram presentes. Será que elas sentiam
Apresentação: Pandemia de COVID-19: Da descoberta de novos meios do educar aos sintomas de ansiedade na educação
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maior necessidade de falar sobre as experiências? Será que foram as que mais sofreram? Será
que elas vivenciaram uma sobrecarga de trabalho, tanto profissional, quanto doméstico? Um de
nossos artigos abordará o tema. Fato é que sabemos que o papel do cuidado é majoritariamente
feminino.
As mães e professoras que participaram dos grupos focais atestaram muitos entraves
para a educação, inclusive dificuldades na comunicação com a direção de escolas e secretarias
de educação.
Entre as mães e professoras, o termo ‘comunicação’ foi reduzido a uma comunicação
literal a respeito do fechamento das escolas e a adoção do ensino remoto. Uma mãe verbalizou:
“nós fomos avisadas pelo WhatsApp que não teria aula na segunda-feira”; outra afirma “ficamos
meio sem entender, mas a gente assiste televisão e sabíamos que não teria aula”. Outras escolas
enviaram o ‘recado’ pela agenda do aluno.
as docentes disseram que estavam em permanente contato com os gestores das
escolas, logo após o fechamento. Entretanto, afirmam que ficaram sabendo também pelas redes
sociais, no fatídico dia 13 de março, quando o fechamento das escolas foi decretado.
Não observamos, portanto, uma análise aprofundada do processo comunicativo, que
abrange mais aspectos do que apenas as informações relacionadas ao fechamento das escolas e
à implementação do ensino remoto emergencial. De fato, mães e professoras relataram queo
ocorreu um efetivo processo de aprendizagem durante a pandemia:
Professora respondente 1:
Então, está muito complicado. Defasagem vai ter muito grande, vai ter que
rever isso mais à frente e buscando melhorar..., mas está bem complicado
mesmo para essas questões dessa falta de interação do aluno com o professor
mesmo em sala de aula.
Também ouvimos relatos das mães e professoras preocupadas com os impactos
psicológicos da pandemia:
Mãe respondente 1:
Eu acho que as questões... Psicológico sabe, muito abalado e isso influência
muito, já teve essa questão, mas agora com a pandemia.
os gestores apresentaram um ponto de vista diferente acerca da experiência. São dois
artigos que apresentam tal perspectiva. Quando os gestores fazem uma avaliação do processo,
reconhecem a migração do ensino presencial para a condição remota como “bem-sucedida”.
Milene Santiago NASCIMENTO
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Enfatizamos que as Secretarias de Educação buscaram, cada uma por condições próprias,
recursos e ferramentas de trabalho, criando arranjos com docentes e famílias. Fica claro que
não houve, por parte do Governo Federal e Estadual, iniciativas para o aprimoramento dessas
condições, garantindo o acesso à educação.
Embora nossa pesquisa fosse estruturada por questões relacionadas à migração para o
ensino remoto, questões referentes à comunicação e recursos tecnológicos, encontramos
resultados muitos relevantes. Por este motivo, entendemos que eram dignos de artigos
específicos. Na verdade, descortinamos um cenário comum em nosso país: violência e violação
de direitos.
Percebemos que mulheres foram as mais impactadas na pandemia, pois sofreram com
sobrecarga de trabalho profissional e doméstico. Tal cenário foi significado por nós como um
tipo de violência simbólica. Acúmulo de funções, executadas diariamente, sem definição de
tempo para iniciar, tempo de acabar. Realidade vivida por tantas mulheres brasileiras.
Ouvimos de mães e professoras, muitos entraves acerca do processo de aprendizagem.
Qualificamos, assim, como violação de direitos de famílias, crianças e adolescentes o ensino
público durante a pandemia. Não por responsabilidade de professores, mas porque o modelo
implantado, somado com a falta de suporte que não foi oferecido pela gestão, como a
instrumentalização de professores e famílias para que pudessem manusear recursos
tecnológicos e a não disponibilização de equipamentos e suporte para acesso à ‘internet’ para
familiares e professores. Outrossim, o poder público não pode negar que a realidade social em
que vivemos não oferece condições para a sustentação do ensino remoto. Perguntamos: o que
foi feito? Houve processo de ensino-aprendizagem? De fato, nossas crianças e adolescentes
tiveram acesso amplo ao ensino?
Outro tema que mereceu destaque foi o sofrimento psicológico das professoras. O labor
docente sempre promoveu sofrimento e adoecimento. As condições pandêmicas, bem como
insegurança com os recursos tecnológicos e o trabalho interminável ampliaram a aflição.
Apesar de nossos resultados não terem sido encorajadores, encontramos elementos
positivos no cenário. Identificamos iniciativas que visam promover o afeto, o encontro e a
criação de novas metodologias, as quais serão apresentadas neste documento. O que as moveu?
O que nos moveu? O que morreu? O que nasceu?
Talvez, estas sejam as questões que nos confrontamos durante a pandemia. Vivenciamos
um cenário caótico e inimaginável devido à administração pública em nível federal e no
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estado do Rio de Janeiro. Não houve eficaz gerenciamento da pandemia e das políticas públicas.
A sensação foi de sufocamento.
Considerações finais
De nossos resultados gerais, pudemos identificar: 1) a condição do ensino remoto gerou
um estado de sofrimento psicológico a) em acadêmicos, devido à falta de recursos tecnológicos,
desmotivação para os estudos e condições sociais não condizentes com a necessidade para a
manutenção dos estudos; b) em professores, por conta dos desafios relacionados à utilização de
recursos tecnológicos devido à falta de suporte por parte das secretarias municipais; c) em
familiares, igualmente devido às dificuldades com a tecnologia, e, em alguns casos, inexistência
desta. 2) Insegurança quanto à garantia de aprendizagem entre professores e familiares; 3)
pontos de vista diferentes com relação à experiência do ensino remoto entre gestores,
professores e familiares. Tais situações podem ser sintetizadas na identificação de uma baixa
densidade de políticas públicas que garantissem o acesso e o ensino adequado durante a
pandemia.
A edição desta revista permitirá nos aprofundar em tais resultados, percebendo, ainda,
seus desdobramentos. A baixa densidade das políticas educacionais nos leva a caracterizá-la
como uma forma de violência contra estas famílias, crianças e adolescente e a perceber
impactos na saúde mental de acadêmicos e professores. Outrossim, à medida que verificamos
que as pessoas mais diretamente envolvidas ao processo de ensino-aprendizagem, no período
de educação remota, foram mulheres, podemos igualmente perceber uma sobrecarga e violência
contra este gênero.
A pandemia evidenciou questões sociais significativas. Talvez, o propósito de nossas
pesquisas tenha sido documentar oficialmente o que é reconhecido e discutido pela sociedade
civil: desigualdade social, violência contra crianças e mulheres, e o sofrimento dos acadêmicos.
A pandemia também nos levou à criação de novas formas de interação e construção de
vida. Não sei se podemos qualificá-las como positivas ou negativas, mas é um fato que estamos
vivenciando um período histórico importante para a humanidade e um momento igualmente
relevante na história política do Brasil.
Para muitos, faltou o ar para criar, para viver, para acordar. Este número revela
diferentes perspectivas de vida durante a pandemia, partindo das experiências com o ensino
remoto. Não pretendemos buscar culpados, pois o que se revelou em nossas pesquisas é uma
Milene Santiago NASCIMENTO
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problemática social resultante de diversos fatores. Mas, endossamos a necessidade de políticas
públicas que sejam solidárias com o sofrimento humano, que consiga garantir direitos a partir
da problematização das estruturas sociais de violência e exclusão.
A partir deste ponto, é necessário empreender pesquisas para avaliar as implicações do
ensino remoto a longo prazo. Existe a preocupação de que o que foi observado entre 2020 e
2021 possa confirmar as condições de sofrimento das mulheres e a grande disparidade social
entre aqueles que são financeiramente, etnicamente e socialmente privilegiados e aqueles que
estão excluídos do ciclo de produção esperado.
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Milene Santiago NASCIMENTO
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2023. e-ISSN: 2594-8385. DOI: 10.30715/doxa.v24iesp.2.18646.
CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Gostaríamos de agradecer aos gestores, professores das secretarias de
educação e familiares de alunos das redes municipais de ensino e acadêmicos que se
dispuseram, prontamente, a participar de nosso estudo.
Financiamento: Não houve financiamento para esta pesquisa.
Conflitos de interesse: Não há conflito de interesse.
Aprovação ética: A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética e Pesquisa do Centro
Universitário de Barra Mansa e aprovado sob o parecer número 4426858. Durante todo o
processo de pesquisa, os parâmetros éticos foram respeitados.
Disponibilidade de dados e material: Os dados e materiais utilizados no trabalho estão
disponíveis para acesso, através de solicitação pelo e-mail da autora.
Contribuições dos autores: A autora foi responsável por todas as etapas de construção da
apresentação.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Apresentação: Pandemia de COVID-19: Da descoberta de novos meios do educar aos sintomas de ansiedade na educação
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PRESENTATION: COVID-19 PANDEMIC: FROM THE DISCOVERY OF NEW
WAYS TO EDUCATE TO SYMPTOMS OF ANXIETY IN EDUCATION
APRESENTAÇÃO: PANDEMIA DE COVID-19: DA DESCOBERTA DE NOVOS MEIOS
DO EDUCAR AOS SINTOMAS DE ANSIEDADE NA EDUCAÇÃO
PRESENTACIÓN: PANDEMIA COVID-19: DEL DESCUBRIMIENTO DE NUEVAS
FORMAS DE EDUCAR A LOS SÍNTOMAS DE LA ANSIEDAD EN LA EDUCACIÓN
Milene Santiago NASCIMENTO1
e-mail: milenesantiago@hotmail.com
How to reference this paper:
NASCIMENTO, M. S. Presentation: COVID-19 pandemic:
From the discovery of new ways to educate to symptoms of
anxiety in education. Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 24, n. esp. 2, e023019, 2023. e-ISSN: 2594-
8385. DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.2.18637
| Submitted: 22/07/2023
| Revisions required: 10/08/2023
| Approved: 18/09/2023
| Published: 31/10/2023
Editor:
Prof. Dr. Paulo Rennes Marçal Ribeiro
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
University Center of Barra Mansa (UBM), Barra Mansa RJ Brazil. Professor in the Undergraduate Psychology
program at Geraldo Di Biase University Center (UGB). Professor in the Undergraduate Psychology program.
Doctoral degree in Public Health (IMS-UFRJ).
Presentation: COVID-19 pandemic: From the discovery of new ways to educate to symptoms of anxiety in education
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. esp. 2, e023019, 2023. e-ISSN: 2594-8385
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ABSTRACT: Between 2020 and 2022, we experienced the COVID-19 pandemic. The
Violence Observatory, affiliated with Barra Mansa University Center (RJ), was surveyed in
2021 and 2022. The objective was to understand the experiences with remote learning of school
administrators, teachers, family members of students in the municipal education system, and
college students. To reflect on the pandemic scenario, we drew on the works of Homem (2020)
and Santos (2020; 2021), and for insights on education during the pandemic, we referenced the
work organized by Gomes (2021). The research encompassed quantitative and qualitative
methods, with data collected through virtual questionnaires and focus groups. General results
are presented with an emphasis on the focus groups. We identified a low density of public
policies for adequate access to education. Other findings included violence against women,
children, and adolescents and psychological distress among teachers and college students.
Additionally, we found successful experiences. Our results contribute to the reflection on the
impacts of the pandemic on the learning process.
KEYWORDS: Pandemic. Distance Education. Life Experiences.
RESUMO: Entre 2020 e 2022, vivenciamos a pandemia da COVID-19. O Observatório da
Violência, do Centro Universitário de Barra Mansa (RJ) realizou uma pesquisa em 2021 e
2022. Objetivou-se compreender as experiências com o ensino remoto de gestores, professores
e familiares de alunos da rede municipal de ensino e de acadêmicos. Para refletir sobre o
cenário pandêmico, utilizamos Homem (2020) e Santos (2020; 2021) e sobre o ensino na
pandemia, o trabalho organizado por Gomes (2021). Trata-se de pesquisas quanti e
qualitativa, com dados coletados através de questionários virtuais e grupos focais. Resultados
gerais são apresentados, com ênfase nos grupos focais. Identificamos baixa densidade de
políticas públicas para acesso ao ensino adequando. Outros resultados foram percebidos:
violência contra mulheres, crianças e adolescentes, sofrimento psíquico de professores e
acadêmicos. Encontramos, também, experiências exitosas. Nossos resultados contribuem para
a reflexão sobre os impactos da pandemia no processo de aprendizagem.
PALAVRAS-CHAVE: Pandemia. Ensino a Distância. Experiências de Vida.
RESUMEN: Entre 2020 y 2022 vivimos la pandemia de COVID-19. El Observatorio de la
Violencia, del Centro Universitario de Barra Mansa (RJ), realizó una encuesta en 2021 y 2022.
El objetivo fue conocer las experiencias de enseñanza a distancia de directivos, docentes y
familiares de estudiantes de la red educativa municipal y académicos. Para reflexionar sobre
el escenario de la pandemia utilizamos a Homem (2020) y Santos (2020; 2021) y sobre la
enseñanza durante la pandemia, el trabajo organizado por Gomes (2021). Se trata de
investigaciones cuantitativas y cualitativas, con datos recopilados a través de cuestionarios
virtuales y grupos focales. Se presentan los resultados generales, con énfasis en los grupos
focales. Identificamos una baja densidad de políticas públicas para el acceso a una educación
adecuada. Se notaron otros resultados: violencia contra las mujeres, niños y adolescentes,
sufrimiento psicológico entre profesores y académicos. También encontramos experiencias
exitosas. Nuestros resultados contribuyen a la reflexión sobre los impactos de la pandemia en
el proceso de aprendizaje.
PALABRAS CLAVE: Pandemia. La Educación a Distancia. Experiencias Vitales.
Milene Santiago NASCIMENTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 18, n. esp. 2, e023019, 2023. e-ISSN: 2594-8385
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Introduction
I begin this presentation with uncertainty regarding its specific nature, questioning
whether it takes the form of a research report or an experiential account. It's challenging to
separate both, just as it was difficult to separate physical places from subjective spaces during
the pandemic. Here, I find myself as a teacher, mentor, researcher. But also as a wife, mother,
and daughter. In all these roles, attempting to navigate a virus, social isolation, and the losses,
which were many: physical, symbolic, of freedom, of gatherings. However, we were also
weaving the threads of a frayed fabric in the face of the humanitarian, political, and health crises
we live through.
Similar to many researchers and educators worldwide, we created. All the aspects
enumerated were not exclusive to my life. The students I mentored, the other teachers, and the
researchers involved in this work navigated adversities and reconstructed a way of life. As
Maria Homem (2020, p. 445, our translation) states, "A lost year of learning and production?
This does not exist for the psyche." It did not exist. Collectively, we crafted another way of
living and producing. Despite our familiar social boundaries, those known to us and commonly
used, being restricted, our "symbolic crossing" (HOMEM, 2020, p. 452, our translation) was
done hand in hand.
Perhaps this was the research's greatest challenge: to maintain hand in hand, from a
distance, creating possible outlets to sustain production. Thus, one understands why research
reports and experiential accounts intertwine. Our research blended with these everyday
experiences, with the entanglement of subjective positions, with the clock ticking that made
days stretch beyond 24 hours. Maria Homem emphasizes the blending of public and private,
business hours and the hours of the day, weekends and workdays, and the confusion of spaces
and territories.
If this is how it happened to us, the researchers, the same reality applied to the researched
public: students, teachers, mothers, and school administrators. Therefore, concluding this
research was a formidable task: it required months for data collection, transcription, compilation
of results, and final writing. The data collection period was 2020 and 2021. We will present the
results in 2023.
However, at the same time, as Santos (2021) highlights, is it really that distant? Has the
pandemic indeed ended? For the author, the pandemic persists as it will demand the erection of
a new modus operandi: a change in the relationship with nature, a rupture with the shackles of
capitalism, colonialism, and patriarchy.
Presentation: COVID-19 pandemic: From the discovery of new ways to educate to symptoms of anxiety in education
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The pandemic summoned a new way of life: work, leisure, learning. Each institution, in
its own way, reorganized methods, space, and time, not to mention the technological equipment:
the creation and acquisition of virtual environments. It did not happen the same way for
everyone. The distinction between public and private institutions is alarming. The latter quickly
transitioned to the virtual space and sustained it. Meanwhile, the public institutions...
(HOMEM, 2020; SANTOS, 2020, 2021).
The fact remains that the States and the Federation, governed mainly by right-wing and
far-right parties, proved incompetent in managing the pandemic. Both from a health and the
biological and social protection perspective (SANTOS, 2021). Socially, the necessary
conditions for adequate learning and work were not guaranteed.
The Violence Observatory at the Barra Mansa University Center was established in
2017 to diagnose local school violence and promote prevention and intervention actions, as
well as scientific knowledge production. It is affiliated with the institution's Research Center
and involves the participation of students, alums, and faculty members from various fields:
Psychology, Journalism, Pedagogy, and Law. Thus, the Observatory provided an opportunity
for students and faculty to build knowledge and expand their horizons, also focusing on the
university environment.
In this opening document, I present the structure and general results of this issue's
research. The first part pertains to the psychological conditions of higher education students
during the pandemic and the shift to remote learning, and the second addresses the experiences
of managers, teachers, and mothers of students in public schools from three municipalities in
the southern region of Rio de Janeiro state.
Our research contributes to understanding the reality of education in our region and
supports the university in its social role: promoting the development of our community by
providing possible intervention tools. As a university center, the research results have led us to
reflect on ways to contribute to changes in reality. Furthermore, the research outcomes provide
insights into our social reality, highlighting the low density of public policies aimed at reducing
violence against women, children, and adolescents. The Ethics and Research Committee of the
Barra Mansa University Center approved and authorized the research. Data collection took
place after reading the Informed Consent Form and participants' acceptance in an online format.
Interviews were recorded with participants' consent.
Milene Santiago NASCIMENTO
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Methodology
As this document aims to present the papers that make up this issue, I will outline our
methodological approach. The research demonstrated a descriptive objective, with both
quantitative and qualitative data treatment. According to Moresi (2003), descriptive analysis
presents characteristics of the studied phenomenon or population. There is no intention to
establish causal links, and its data are analyzed inductively. The quantitative approach translates
numbers and opinions into numerical data, while the qualitative approach attributes meaning to
the studied phenomenon.
In this document, I provide an overview of the experiences with the research, presenting
their main results, with a focus on those identified through listening to mothers and teachers
regarding the focus groups. To do so, following the qualitative approach, still with a descriptive
objective, I conducted a literature review of works published between 2020 and 2022, which
addressed the theme "learning and pandemic." Subsequently, I carried out a systematic review
of the results produced by the research to identify some predefined questions, evaluate, and
select the most relevant results. In this regard, the markers used for this analysis were:
experiences with technology, individual perspectives on the experience of remote learning, and
the assessment of the period of distant learning.
As previously indicated, our research created room to listen to the experiences of
managers, teachers, and family members from public school networks in three municipalities
in the South Fluminense region of Rio de Janeiro and university students from a private
institution in the same area. We utilized some distinct methodological resources, as described
below.
Virtual Questionnaires
There are two separate surveys: the first aimed to understand the psychosocial
conditions of higher education students and their relationship with remote learning during the
pandemic. The second part of the research on the pandemic's impacts on education sought to
understand managers' experiences in three municipalities in the South Fluminense region during
the transition to remote learning when schools were closed due to the pandemic. The data
collection method in both cases was the virtual questionnaire conducted through Google Forms.
The first survey, titled Social distancing: the psychological conditions of higher
education students during the pandemic used a virtual questionnaire to collect data. The
Presentation: COVID-19 pandemic: From the discovery of new ways to educate to symptoms of anxiety in education
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questionnaire was made available to students via Google Forms and covered the following
dimensions: social conditions, psychological conditions, and access to technological resources.
Following a similar methodology to the research by Maia and Dias (2020), which sampled
24.2% of the enrolled students in the higher education institution (HEI), and Machado (2020),
who researched 22.5% of the university population, we aimed for a similar number. However,
we could not reach the desired quantitative figure, which would have been approximately 519
students, even after extending our initial timeline.
This was due to the difficulties of adhering to remote conditions and students'
demotivation, as it was the first year of the pandemic (2020). We obtained 225 responses from
students over 18 years of age, representing approximately 18.75% of the enrolled students in
the surveyed institution. For this issue of the Doxa journal, we chose to discuss the identified
psychological conditions, presenting the results in the article Social distancing: the
psychological conditions of higher education students during the pandemic”, by Amanda
Almeida Duarte, Fernanda de Souza Alves and Milene Santiago Nascimento (2023).
The research titled Os impactos da pandemia na educação (The Impacts of the
Pandemic on Education), initially sought information from administrators through another
virtual questionnaire, also made available on Google Forms. It involved 41 administrators from
three Municipal Departments of Education in the South Fluminense Region of the state of Rio
de Janeiro. Administrators in office during the year 2020 were included. The semi-structured
questionnaire consisted of 20 closed-ended questions and space for suggestions. The questions
were based on three main areas: 1) communication between the Municipal Department of
Education and students, including the administration, teachers, students, and parents; 2) the
teaching work, including conditions of access to technological resources, teaching strategies,
the teaching-learning process, and assessment; 3) the use of technological resources (websites,
platforms, connectivity). The results were presented in a live event as part of the Research
Seminar at the Barra Mansa University Center in 2021, which involved the researchers and
three administrators.
In this issue of the Doxa Journal, we present the results and an account of the experience
of the live event in two separate articles: 1) Research report on education and pandemic in the
South Fluminense region, by Ana Maria Dinardi Barbosa Barros, Rosa Maria Maia Gouvêa
Esteves and Maricineia Pereira Meireles da Silva; and 2) The challenges imposed on education
by the COVID-19 pandemic and the new strategies: a report of experiences”, by Florencia Cruz
da Rocha Ebeling.
Milene Santiago NASCIMENTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 18, n. esp. 2, e023019, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.2.18637 7
Focus Groups
To hear the experiences of mothers and teachers from the same three municipalities as
the administrators, we employed the online focus group technique via the Google Meet
platform. Bordini and Sperb (2013) studied the use of focus groups in psychology. These are
traditional focus groups, which involve semi-structured interviews in a group format, where
interaction is the primary data collection tool. The online form involves digital technologies,
facilitating communication between moderators and the groups. The moderator stimulates the
group to interact and discuss the proposed topic. The authors emphasize that the online format
is not inferior to in-person sessions. In our case, it was a crucial strategy for conducting the
research.
Deslandes and Coutinho (2020), when analyzing the expansion of research in digital
environments driven by the COVID-19 pandemic, point to opening a field of possibilities. For
us, the permeability of the boundary between the real and the virtual and the redefinition of the
meaning of the field, as highlighted by the authors as characteristic elements of digital research,
allowed us to navigate through different geographical territories, even during times of health
restrictions. The regions were present without losing their political and cultural characteristics.
For Deslandes and Coutinho the sense of a geographically defined territory is lost in
online/offline boundaries, they are fluid and dynamic” (2020, p. 6, our translation).
We used the same thematic areas from the questionnaire for administrators to guide the
group interviews, aiming to understand how different groups experience the same reality. It is
interesting to note that we identified aspects that were not directly investigated. However, as
research is dynamic, we ventured into other paths. Thus, in this article, I present the results of
the questions that guided the focus groups. The other findings will be further explored in four
separate articles: 1) Symbolic violence against women under the spotlight of the COVID-19
pandemic: Gender inequality in the domestic labor division”, by Carolina Zimmer, Nicole Silva
dos Santos and Milene Santiago Nascimento; 2) “The access to education and the right’s
violation: Insertion´s consequences of emergency distance learning during the COVID-19
pandemic”, by Camila da Silva Costa, Amanda Almeida Duarte and Milene Santiago
Nascimento; 3) Teaching in the pandemic: Technology, isolation and psychic suffering”, by
Nicole Silva dos Santos and Mariana Barbosa Miquilini; and 4) Successful experiences of
teachers during the COVID-19 pandemic: A flower on the asphalt”, by Carolina Paiva,
Fernanda de Souza Alves and Milene Santiago Nascimento.
Presentation: COVID-19 pandemic: From the discovery of new ways to educate to symptoms of anxiety in education
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. esp. 2, e023019, 2023. e-ISSN: 2594-8385
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Results and Discussion
The experiences of teachers, students, and administrators during the pandemic have
been the subject of studies throughout this period. Researchers paused their usual studies to
focus on the exhausting reality of remote or distance learning. These works report difficulties,
suffering, and the innovations this group used to meet a social demand: maintaining the teaching
and learning process.
In 2021, a remarkable work organized by Gomes gave a voice to educators. Titled "Com
a palavra... os profissionais da educação: relatos de experiência sobre o trabalho educacional
(In Their Own Words... Education Professionals: Experience Reports on Educational Work),"
the e-book presents experiences of education professionals guided by the following questions:
the challenges educators face today, self-reports about their lives, and theoretical discussions
of professional experiences.
The work of Sanches (2021), Ensino remoto e pandemia: breves considerações
(Remote Teaching and the Pandemic: Brief Considerations)stands out. The application of a
virtual questionnaire to teachers and students at a municipal school in São Paulo revealed that
there were no objective conditions for the continuation of learning activities. This indicates the
absence or lack of technological resources in both schools and households, as well as the lack
of preparation on the part of professionals, students, and families since they do not have the
necessary digital skills to maintain remote learning.
Furthermore, the author points out that the pandemic has raised questions about the role
of teachers, as if technology could replace their function, disqualifying them or even positioning
homeschooling as the great savior of moral and family values. According to Sanches (2021, p.
106, our translation):
The remote assistance format disrupted this school's functioning, which has
always been based on personal and in-person contact. Therefore, it is possible
to indicate that the school and its professionals were affected by the
foundational aspects of their work and organization, highlighting the material
and formative precariousness.
Nishimori and Cruz (2022 reflect on experiences with literacy during the pandemic.
They emphasize that the municipality where they conducted the research provided chips and
tablets to students to access the internet and school content. The resources were given to
students in vulnerable situations in the first and second segments of Elementary Education and
Youth and Adult Education (EJA). The authors found that even with technological resources,
there was no progress in literacy, and they observed the same scenario reported by Sanches
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(2021): Family members did not demonstrate proficiency in the necessary technological
language to use the resources and, consequently, to maintain school activities. Additionally, the
location of some residences did not allow for the proper functioning of internet signals through
mobile data.
In this document, the authors emphasize that the manifesto from the National Council
for the Rights of Children and Adolescents (CONANDA) regarding the right to education for
children and adolescents during the pandemic underscores the need to recognize social
inequality in the country, supported by the Federal Constitution of 1988. Our country has a
structural social abyss that is reflected in housing conditions, food, access to education, health,
leisure, information, and technology. The CONANDA manifesto emphasizes that
homeschooling reinforces and exacerbates inequality. Therefore, it is possible to assume that
there were severe issues in the education process in the country at various levels, from early
childhood education to undergraduate courses, with distinct impacts depending on each age and
social segment.
Our research was able to formalize the facts observed during the pandemic:
technological insufficiency, a low density of public policies to ensure access and adequate
education, difficulties in the learning process for teachers, families, and students due to the lack
of necessary technological knowledge, as well as significant psychological and social impacts.
It is interesting to note that the investigations, both focused on undergraduate students
and those dedicated to municipal experiences, revealed different perspectives on the
experiences with the remote teaching process. However, in some ways, these results are
interconnected. The studies encompassed the psychological conditions of undergraduate
students with remote learning during the pandemic, the viewpoint of administrators and their
assessment of public administration support for maintaining education during the pandemic,
and the reality experienced by mothers and teachers during the virtual teaching process. Except
for the administrators' perspective, all express dissatisfaction, insecurity, difficulties, burden,
and psychological distress.
University students suffered psychologically due to the scarcity of technological
resources and shared housing, which often hindered class attendance, combined with the
conditions imposed by the pandemic (social isolation, losses, mourning, unemployment). The
same reports were observed among teachers in early childhood education, primary education,
and mothers of students. The reader will notice that using the terms 'teachers' and 'mothers' was
deliberate. The focus groups included female participants. Only two male teachers were present.
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Did they feel a greater need to discuss their experiences? Did they suffer the most? Did they
experience a workload, both professionally and domestically? One of our articles will address
this topic. The fact is that we know that the caregiving role is predominantly female.
The mothers and teachers in the focus groups reported many educational obstacles,
including difficulties communicating with school management and education departments.
Among the mothers and teachers, the term 'communication' was reduced to literal
communication about the closure of schools and the adoption of emergency remote teaching.
One mother verbalized, "We were notified via WhatsApp that there would be no class on
Monday," while another said, "We were somewhat confused, but we watched television and
knew there would be no class." Other schools sent the 'message' through the student's agenda.
On the other hand, the teachers said they were in constant contact with school
administrators immediately after the closure. However, they claim that they also learned
through social media on the fateful day of March 13 when the closure of schools was decreed.
Therefore, we did not observe a thorough analysis of the communicative process, which
encompasses more than just information related to the closure of schools and the
implementation of emergency remote teaching. Mothers and teachers reported no effective
learning process during the pandemic.
Professor Respondent 1:
So, it's very complicated. There will be a significant learning gap, and we'll
have to revisit this later while seeking improvement... but it's challenging,
especially regarding the lack of interaction between the student and the
teacher, even in the classroom.
We also heard reports from mothers and teachers concerned about the psychological
impacts of the pandemic:
Mother Respondent 1:
You know, the psychological issues are very shaken, which has a significant
influence. This was already an issue, but now, with the pandemic.
On the other hand, the administrators presented a different perspective on the
experience. Two articles present this viewpoint. Administrators who evaluate the process
acknowledge the transition from in-person to remote learning as "successful." We emphasize
that the Education Departments, each in their way, sought resources and tools, creating
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arrangements with teachers and families. There were no initiatives from the Federal and State
Governments to improve these conditions and ensure access to education.
Although our research was structured around questions related to the transition to
remote learning, communication, and technological resources, we found highly relevant results.
For this reason, they deserve specific articles. We have unveiled a common scenario in our
country: violence and rights violations.
We observed that women were the most impacted by the pandemic, as they suffered
from a heavy professional and domestic work burden. We interpreted this scenario as symbolic
violence, where multiple roles are carried out daily, with no defined start or end timea reality
experienced by many Brazilian women.
We heard from mothers and teachers about various obstacles related to the learning
process. We thus qualify public education during the pandemic as a violation of the rights of
families, children, and adolescents. This was not due to the responsibility of the teachers but
rather because of the model implemented, coupled with the lack of support provided by the
administration. This includes the lack of training for teachers and families to handle
technological resources and the failure to provide equipment and support for internet access for
both families and teachers. Moreover, the government cannot deny that our social reality does
not offer the conditions for sustaining remote learning. We ask: what was done? Was there a
teaching and learning process? Did our children and adolescents truly have broad access to
education?
Another prominent theme was the psychological distress experienced by teachers.
Teaching has always involved suffering and mental health issues. The pandemic conditions,
uncertainty about technological resources, and endless work exacerbated this distress.
Despite our results not being encouraging, we found positive elements in the scenario.
We identified initiatives aimed at promoting emotional support, social interaction, and the
creation of new teaching methods, which will be presented in this document. What drove them?
What drove us? What died? What was born?
These are the questions that confronted us during the pandemic. We experienced a
chaotic and unimaginable scenario due to the poor public administration at the federal level and
in the state of Rio de Janeiro. There was no effective management of the pandemic and public
policies, and the feeling was suffocated.
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Final considerations
From our general findings, we were able to identify the following: 1) The condition of
remote learning led to a state of psychological distress a) among students, due to a lack of
technological resources, motivation for studies, and social conditions that did not align with the
requirements for maintaining their education; b) Among teachers, because of the challenges
related to the use of technological resources, given the lack of support from municipal
authorities; c) Among family members, likewise due to difficulties with technology, and in
some cases, the absence of it. 2) Insecurity regarding the assurance of learning among teachers
and family members; 3) Different perspectives on remote learning experience among
administrators, teachers, and family members. These situations can be summarized by
identifying a low density of public policies that ensured access to and proper education during
the pandemic.
The publication of this journal will allow us to delve deeper into these results and
understand their implications. The low density of educational policies leads us to characterize
it as a form of violence against these families, children, and adolescents and to recognize the
impacts on the mental health of students and teachers. Furthermore, as we observed that the
individuals most directly involved in the remote learning process during the pandemic were
women, we can also perceive an overload and violence against this gender.
The pandemic has highlighted significant social issues. Perhaps the purpose of our
research has been to officially document what is already recognized and discussed by civil
society: social inequality, violence against children and women, and the suffering of students.
The pandemic has also led us to create new forms of interaction and ways of life. I am
not sure whether we can qualify them as positive or negative, but it is a fact that we are
experiencing a necessary historical period for humanity and an equally significant moment in
the political history of Brazil.
For many, there was a lack of air to create, live, and wake up. This issue reveals different
perspectives on life during the pandemic, starting from experiences with remote learning. We
do not intend to seek blame, as our research has revealed a social problem resulting from various
factors. However, we endorse the need for public policies compassionate to human suffering
that can guarantee rights by addressing the social structures of violence and exclusion.
From this point on, it is necessary to research to assess the long-term implications of
remote learning. There is concern that what was observed between 2020 and 2021 may confirm
the suffering conditions for women and the significant social disparity between those who are
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financially, ethnically, and socially privileged and those excluded from the expected production
cycle.
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CRediT Author Statement
Acknowledgements: We would like to express our gratitude to the administrators, teachers
from the education departments, families of students from municipal school networks, and
students who willingly participated in our study.
Funding: There was no funding for this research.
Conflicts of interest: There are no conflicts of interest.
Ethical approval: The research was submitted to the Ethics and Research Committee of
the Barra Mansa University Center and approved under protocol number 4426858.
Throughout the research process, ethical guidelines were strictly adhered to.
Data and material availability: The data and materials used in this work are available for
access via the author's email upon request.
Authors' contributions: The author was responsible for all article construction stages.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.