Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1982-4718
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A MEMÓRIA E O NEGACIONISMO: CONSIDERAÇÕES SOBRE A PESQUISA EM
SOCIOLOGIA HISTÓRICA
LA MEMORIA Y EL NEGACIONISMO: CONSIDERACIONES SOBRE LA
INVESTIGACIÓN EM SOCIOLOGIA HISTORICA
MEMORY AND DENIALISM: CONSIDERATIONS ON RESEARCH IN HISTORICAL
SOCIOLOGY
Pablo Emanuel Romero ALMADA1
e-mail: pabloera@gmail.com
Como referenciar este artigo:
ALMADA, P. E. R. A memória e o negacionismo: Considerações
sobre a pesquisa em sociologia histórica. Estudos de Sociologia,
Araraquara, v. 28, n. esp. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1982-4718.
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| Submetido em: 05/03/2023
| Revisões requeridas em: 22/04/2023
| Aprovado em: 11/05/2023
| Publicado em: 01/08/2023
Editora:
Profa. Dra. Maria Chaves Jardim
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
Universidade de São Paulo (USP), São Paulo SP Brasil. Pós-doutorando, Núcleo de Estudos da Violência.
Doutorado em Democracia no Século XXI (CES-UC, Portugal).
A memória e o negacionismo: Considerações sobre a pesquisa em sociologia histórica.
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1982-4718
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RESUMO: Neste artigo, analisamos os fundamentos da sociologia histórica e sua pertinência
no estudo da memória coletiva, de modo a elucidar a compreensão do negacionismo e sua
incorporação na pesquisa sociológica. Inicialmente, confrontamos a tradição conflitiva da
sociologia e resgatamos a formulação da memória individual e coletiva, estabelecendo um
ponto de contato entre a macroestrutura e suas microrrelações sociais. A partir disso,
identificamos como a concepção de negacionismo pode ser compreendida discursivamente, por
meio das disputas pela significação da memória, ainda que em termos de uma apropriação
manipuladora e política que se diferencia significativamente do revisionismo histórico.
Finalmente, apresentamos alguns resultados de nossa pesquisa sobre a memória e a política de
1968, com vistas a interpretar como o negacionismo se erige na disputa pela memória do
passado recente, demarcando um lugar de falseamento e ludibrio da opinião pública.
PALAVRAS-CHAVE: Sociologia histórica. Memória coletiva. Identidades. 1968.
Negacionismo.
RESUMEN: El artículo analiza los fundamentos de la sociología histórica y su pertinencia en
los conceptos de memoria colectiva para dilucidar la comprensión del negacionismo y su
incorporación en la investigación sociológica. Inicialmente, confrontamos la tradición
conflictiva de la sociología y rescatamos la formulación de la memoria individual y colectiva,
estableciendo un punto de contacto entre la macroestructura y sus micro-relaciones sociales.
A partir de esto, identificamos cómo la concepción del negacionismo puede ser entendida
discursivamente a través de las disputas por la significación de la memoria, aunque en términos
de una apropiación manipuladora y política que difiere significativamente del revisionismo
histórico. Finalmente, presentamos algunos resultados de nuestra investigación sobre la
memoria y la política de 1968, con la intención de interpretar cómo el negacionismo se
ensambla en la disputa por la memoria del pasado reciente, demarcando un lugar de
falsificación que atrapa a la opinión pública.
PALABRAS CLAVE: Sociologia histórica. Memória colectiva. Identidades. 1968.
Negacionismo.
ABSTRACT: The article analyzes the foundations of historical sociology and its pertinence in
collective memory concepts to elucidate the understanding of denialism and its incorporation
in sociological research. Initially, we confront the conflictive tradition of sociology and retrieve
individual and collective memory formulations, setting a contact point of the macrostructure
and its social micro-relations. From this, we identify how to understand the conception of
denialism discursively through disputes over the meaning of memory, albeit in terms of a
manipulative and political appropriation that differs significantly from historical revisionism.
Finally, we present some results of our research on the memory and politics of 1968, intending
to interpret how denialism builds itself in the dispute for the memory of the recent past, mapping
out a place to falsify and deceive public opinion.
KEYWORDS: Historical Sociology. Collective Memory. Identities. 1968. Denialism.
Pablo Emanuel Romero ALMADA
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1982-4718
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Introdução
A sociologia, desde suas preocupações específicas iniciadas por seus fundadores quanto
à diferenciação dos demais campos do conhecimento, muito se utiliza de recursos teóricos,
metodológicos e epistemológicos da História para a concepção e construção de seus objetos de
pesquisa. A vertente da Sociologia Histórica, por sua vez, apresenta um campo de formulações
não muito bem circunscrito nominalmente, mas com suas especificidades bastante presentes
em temas de pesquisa no Brasil e internacionalmente.
Nas chamadas teorias do conflito (COLLINS, 2009), com ênfase na perspectiva macro-
histórica, é comum a referência a conceitos como os de Teoria da História, Historicidade e os
debates sobre as relações entre estrutura e história e entre história e subjetividade. Embora tenha
sedimentado uma postura majoritariamente conflitiva da relação histórica, o ponto de vista da
sociologia esteve direcionado na oposição entre o passado e o presente, assim como o sugeriu
Marx (2011, p. 25) ao problematizar a agencialidade individual restrita às circunstâncias
“legadas e transmitidas pelo passado”. Essas limitações se configuram como uma das principais
referências encontradas e compartilhadas na literatura e na pesquisa sociológicas.
A Sociologia Histórica, ao ser configurada sob a referência de objetos de pesquisa
circunscritos ao passado, oferece significativas interpretações das relações sociais para a
explicação do tempo presente. Isso abarca diversas linhas de análise, desde a problematização
de seus fundamentos (ABRAMS, 1983; MONSMA et al., 2018; SKOCPOL; MISKOLCI,
2014); a abordagem da História do Tempo Presente (POLLAK, 1989, 1992; SANDOICA,
2004); a crítica das continuidades e rupturas políticas e ideológicas ocasionadas, sobretudo, na
segunda metade do século XX (WIEVIORKA, 2018); e, ainda, as disjunturas históricas
propostas pelos estudos culturais e aprofundadas pelas abordagens comparadas e
epistemológicas do pós-colonialismo (CHAKRABARTY, 2001).
O presente artigo considera os fundamentos da sociologia histórica para debater os
conceitos de memória coletiva e de negacionismo e sua incorporação na pesquisa sociológica.
Para a memória, enfatizamos de que modo ela permite compreender as identidades de
indivíduos e de grupos que se articulam e dialogam com o passado ao compor possíveis
fundamentos de suas ações. Quanto ao negacionismo, lançamos luz sobre alguns desafios
explicativos atuais, entendendo-os por meio do agressivo ataque ad hominem contra as
identidades memoriais estabelecidas, suscitando interesse de apropriação por movimentos
sociais de extrema-direita, ilustrados pela encarnação de posturas que rechaçam consensos
científicos e historiográficos.
A memória e o negacionismo: Considerações sobre a pesquisa em sociologia histórica.
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Para ilustrar o desenvolvimento das questões anteriores, será apresentado um panorama
sintético de uma pesquisa conduzida em torno das memórias e políticas de 1968 em seus 50
anos, a qual analisou as transformações da memória coletiva daqueles acontecimentos,
identificando os sentidos das mudanças interpretativas. Algumas conclusões observam a
estreiteza das disputas pela memória e os meandros pelos quais se erige o negacionismo,
identificando-o como um discurso problemático que envolve agentes políticos e suas relações
com a mídia.
A sociologia histórica: questões disciplinares e o resgate da memória
A sociologia quase sempre procedeu “fundada e orientada historicamente” (SKOCPOL;
MISKOLCI, 2014, p. 7), que seus pais fundadores demonstraram enorme interesse no
desenvolvimento e nos processos históricos para melhor compreender seus objetos de estudo,
com ênfase nas continuidades e rupturas históricas. Nesse sentido, algumas contribuições da
disciplina estão na concepção de possibilidades inscritas no momento histórico, na investigação
da origem de categorias de pensamento que estruturam a maneira como se pensa e se age no
mundo, e, finalmente, o oferecimento de um material de pesquisa que explora os dualismos
pelos quais a sociologia se confronta (MONSMA et al., 2018). Os contornos da sociologia
histórica indicam “uma tradição contínua de pesquisa […] devotada para a compreensão da
natureza e dos efeitos de estruturas de larga escala e processos fundamentais de mudança”
(SKOCPOL; MISKOLCI, 2014, p. 11).
O interesse pela sociologia histórica na contemporaneidade se estabeleceu nas décadas
de 1960 e 1970 e tomava para si problemáticas clássicas tais como “as origens do capitalismo,
consciência e conflitos de classe, revoluções sociais, a formação do Estado” (MONSMA et al.,
2018, p. 69), somadas às problemáticas que envolviam os novos desenvolvimentos do
capitalismo global e suas resistências locais. O renascimento do interesse pelo dinamismo
histórico nos anos 1960 se consolidou contra duas correntes da época: contra a sociologia norte-
americana dos anos 1950, representada majoritariamente por Talcott Parsons, que idealizou
modelos estanques e aplicáveis independentemente do local e da era considerada, e, por outro
lado, contra as leituras stalinistas de Marx e o desenvolvimento de modelos rígidos de evolução
histórica que desembocariam na utopia socialista. Uma das novas questões foi a da memória de
grupos historicamente oprimidos, que se apresenta como “grade de inteligibilidade de conflitos
sociais e políticos contemporâneos”, com destaque para Foucault, no que diz respeito ao uso da
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investigação histórica como forma de crítica do presente (MONSMA et al., 2018, p. 73),
desvelando pontos de tensão e multiplicidades na origem de processos tidos como unívocos.
Para investigarmos as implicações da memória na construção da teoria sociológica, faz-se
imprescindível o resgate da tradição durkheimiana que propõe uma interação tanto entre as
“macroestruturas de larga escala da sociedade quanto às microinterações de pequena escala, ou
rituais” (COLLINS, 2009, p. 167).
Desde ao menos o início do século XIX, diversos autores têm identificado as dimensões
individual e coletiva da memória, de modo que a conceituação de Maurice Halbwachs (2004)
suscita a percepção de uma complexidade e uma densidade próprias. A partir de La Mémoire
Colective e profundamente inspirado na fenomenologia de Henri Bergson e na teoria da
consciência coletiva de Émile Durkheim, é um dos precursores do desenvolvimento dos estudos
voltados à memória, principalmente no que tange às fundamentações analíticas e sociais da
memória individual e coletiva. Merece destaque a centralidade do coletivo e seus efeitos sobre
a consolidação da memória, o que cria um conjunto de efeitos e afecções suscitados por uma
“memória emprestada, que não é minha” (HALBWACHS, 2004, p. 55). Erige-se um dilema
reconstrutivo: “se quiser reconstituir em sua integridade a lembrança de tal acontecimento, seria
necessário que juntasse todas as reproduções deformadas e parciais de que é objeto entre os
membros do grupo” (HALBWACHS, 2004, p. 54-55).
O diálogo que emerge da percepção da memória individual em Halbwachs (2004)
inspira sua concepção de memória coletiva. Se até então a subjetividade da memória individual
parece ser a síntese de um processo de percepção, esta somente se erige de modo coletivo
quando se constrói uma gênese da lembrança. Os indivíduos possuem a capacidade de
recordar algo a partir do momento em que tomam para si o ponto de vista de um grupo e se
localizam dentro da coletividade, isto é, encontram-se pertencentes a uma comunidade afetiva.
Afirma Halbwachs (2004, p. 26) que “nossas lembranças permanecem coletivas, e elas nos são
lembradas pelos outros, mesmo que se trate de acontecimentos nos quais nós estivemos
envolvidos, e com objetos que só nós vimos”, pois, afirma, “em realidade, nunca estamos sós”,
já que “temos sempre conosco e em nós uma quantidade de pessoas que não se confundem”.
A temática das pessoas que habitam em nossas existências, no caso, permitem revelar
uma coletividade intrínseca ao próprio sujeito. Em Halbwachs (2004), esse diálogo está
presente, não em um sentido de exploração linguística com predisposição interdisciplinar, mas
de modo a concretizar as diversas afecções da inserção individual em grupos sociais, de forma
que as impressões pessoais se concretizam em torno das somas das lembranças individuais com
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o aporte das recordações coletivas, ou seja, “nossa confiança na exatidão de nossa evocação
será maior, como se uma mesma experiência fosse recomeçada, não somente pela mesma
pessoa, mas por várias” (HALBWACHS, 2004, p. 25). O pertencimento a um ou mais grupos
é fundamental na perspectiva de Halbwachs (2004), pois, para que o indivíduo possa ter
recordações, o autor expressa que a validação dos depoimentos e relatos de qualquer sujeito só
terá sentido para o grupo social específico no qual está inserido, em que ele e os demais
vivenciaram ou foram informados de acontecimentos singulares, edificando um quadro de
referências comum aos integrantes daquele meio.
Esse ponto de vista é bastante diferente das memórias de Em Busca do Tempo Perdido,
de Marcel Proust (2003), embora se encontrem pontos de adesão subsequentemente. Elas nos
revelam as mudanças de comportamento da sociedade francesa de fins do século XIX e início
do XX e enunciam um indivíduo moderno cuja busca pela identidade se faz presente em
memórias e narrativas de um flâneur. Trata-se de reconhecer o poderio das imagens que, ao
mesmo tempo, definem os lugares e a própria individualidade. A narrativa de Proust se volta
justamente para uma perspectiva de desdobrar seus sentimentos, expondo-se a si mesmo em
minutos ou segundos que, mesmo passageiros e despercebidos no momento presente, se tornam
fatos de uma contribuição ímpar para a construção de sua personalidade e sua capacidade de
entendimento do mundo. O flâneur caminha ao olhar a paisagem, descobrindo e criando novas
formas de apreciação dos lugares, a qual pode ser apreendida dentro de uma temporalidade
outra, do caminhar despreocupado e observador.
O flâneur proustiano permite compreender, numa acepção benjaminiana, como os
centros urbanos se apresentam para as pessoas, sua grandiosidade e monumentalidade, postos
e impostos por uma ordem da Paris capital do culo XIX e sua modernidade de luzes e
territorialização do capital, que se tornam indissociáveis desses lugares, ainda que apreendidas
em trânsito. Porém, em Proust, a significação dos locais não é evidentemente objetiva, pois “os
lugares que conhecemos não pertencem sequer ao mundo do espaço, onde os situamos para
maior facilidade”, ou seja, eles “não passam de uma delgada fatia em meio às impressões
contíguas que formavam nossa vida de então; a recordação de uma certa imagem não é mais
que a saudade de um determinado instante; as casas, os caminhos, as avenidas, infelizmente são
fugitivas como os anos” (PROUST, 2003, p. 414).
Dito de outro modo, o fluxo urbano, nessa visão, revela maior afecção do fato no sujeito
do que a possibilidade objetiva e desejosa de contato do indivíduo com aquilo que o afeta,
afastando-se de uma possibilidade de não afecção sugerida pela “atitude blaséimpulsionada
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pela modernidade das grandes cidades, como descrito por Simmel (1987). Se a memória pode
ser construída fora do indivíduo e depende do efeito imediato de sua afecção, como poderia
demarcar, guiar ou oferecer sentido às reminiscências dos indivíduos?
Cabe ressaltar que Proust (2003) atrai para o debate a questão da descontinuidade, da
fuga e da singularidade do instante, elementos que não eram perceptíveis na fenomenologia de
Halbwachs (2004). Porém, como interpreta Seixas (2004, p. 40), a memória coletiva em
Halbwachs é “espontânea, desinteressada e seletiva”, de modo a guardar do passado “apenas o
que dele possa ser útil para criar um elo entre o passado e o presente [...], sendo sobretudo oral
e afetiva, pulveriza-se como uma multiplicidade de narrativas”, fatores que tanto permitem o
afastamento da memória com a história (a atividade escrita, organizada, sistematizada) quanto
permitem que a história comece seu percurso conforme “detém” a memória coletiva. em
Proust (e também em Baudelaire), a memória constrói-se “fora do tempo”, ou seja, no tempo e
no lugar perdidos, compostos por diversas descontinuidades que realizam uma operação
constitutiva do real: “tecendo os fios entre os seres, os lugares, os acontecimentos [...]
recuperando-os, resgatando-os ou descrevendo-os como realmente aconteceram” (SEIXAS,
2004, p. 50). É, em outras palavras, uma memória que também projeta o futuro e não o retorno
ao mesmo, embora lide constantemente com as lacunas e a descontinuidade.
Ao escapar dos procedimentos da descontinuidade da memória, a história passa a se
apropriar da memória e construí-la de modo contínuo, organizando suas lacunas
discursivamente. Como apresenta Nora (1993, p. 9), a interpretação da memória como “tradição
vivida” é fundamental para a reconstrução e atualização do presente. O diálogo entre história e
memória consolida-se tanto através de uma “reconstrução sempre problemática e incompleta
do que não existe mais [...] uma representação do passado” quanto pelo fato de a memória ser
“um fenômeno sempre atual, um elo vivido no eterno presente” (NORA, 1993, p. 9). O “lugar
de memória” é um resultado da voracidade dos tempos modernos, uma vez que estes seriam os
meios encontrados pelo presente para conservar as tradições, além de uma resposta para
encurtar a distância entre a história da sociedade em esquecimento e a memória coletiva. Por
isso, “os lugares de memória [...] nascem e vivem do sentimento que não memória
espontânea, que é preciso criar arquivos [...]” (NORA, 1993, p. 13), ou seja, são espaços onde
a memória se cristalizará não mais como memória individual, mas atribuindo sentido à vivência
e ao que foi sentido e se tornou experiência da coletividade.
Em termos sociológicos, a memória, constituinte da subjetividade individual e coletiva,
projeta a importância de seu estudo para a compreensão da ação de diversos grupos e da maneira
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pela qual representam a si mesmos. Entendida como uma “operação coletiva dos
acontecimentos e das interpretações do passado que se quer salvaguardar”, a memória se integra
em “tentativas mais ou menos conscientes de definir e de reforçar sentimentos de pertencimento
e fronteiras sociais entre coletividade de tamanhos diferentes: partidos, sindicatos, igrejas,
aldeias, regiões, clãs, famílias, nações etc.” (POLLAK, 1989, p. 9). Portanto, o aspecto coletivo
aqui ultrapassa o sentido de uma disposição de reconhecimento do que está externo ao indivíduo
e passa a afirmar a pertença individual ao coletivo, definir o seu lugar, seus limites,
irredutibilidades e, principalmente, sua unidade. A memória coletiva pode ganhar o sentido de
uma identidade nacional, consolidada a partir da multiplicidade, assim como os esquecimentos
e os apagamentos ocasionados por ela, embora isso não descarte a presença das memórias
subterrâneas, responsáveis por rupturas com as identidades institucionalizadas e as memórias
oficiais. Por outro lado, como formadora da identidade, da representação de si e de sua
referência à exterioridade, a memória estabelece-se como um objeto de lutas sociais e tensão, o
que a torna instável e exige uma constante reelaboração e manutenção ao longo do tempo.
Uma forma de (re)elaboração da unidade da memória, no entanto, deve ser pensada de
modo diferente de um sentido único da história individual e do condicionamento da narrativa,
pois, como alertou Bourdieu (2006), a projeção dessa unidade afasta a compreensão da história
coletiva. As ilusões biográficas, estes artífices que condicionam o sentido e a coerência da
história, constroem “o conjunto das relações objetivas que uniram o agente considerado [...] ao
conjunto de outros agentes envolvidos no mesmo campo e confrontados com o mesmo espaço
dos possíveis” (BOURDIEU, 2006, p. 190). Em outras palavras, embora a trajetória biográfica
possa ser pensada no sentido da estabilização da memória, suas ressignificações e
reformulações podem indicar uma disputa pelo significado da memória que recria as
subjetividades, compreendendo a conexão entre as trajetórias individuais e o posicionamento
individual e coletivo no espaço social, projetando, do mesmo modo, o acesso e a posse de capital
simbólico (ABRAMS, 1983; BOURDIEU, 1996a).
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O negacionismo: do revisionismo à história alternativa
As renovações epistemológicas e metodológicas da História, as quais abriram caminho
para a História do Tempo Presente e seu resgate da memória (SANDOICA, 2004),
possibilitaram complexas discussões sobre o “ofício” do historiador. Consequentemente,
diversos debates acadêmicos sobre o revisionismo histórico ganharam destaque, oferecendo
reconsiderações metodológicas em torno das discussões de identidades coletivas, dos discursos
políticos e das reminiscências da memória em suma, oferecendo revisões historiográficas
que permitem tanto a revisão dos valores que guiam a pesquisa histórica quanto a
reconsideração de eventos e processos históricos (CAPELATO, 2016). Isso aponta para um
debate sobre as regras e os jogos de poder subscritos no campo acadêmico, embora este não
tenha sido o único sentido de revisão suscitado pelo ofício do historiador.
O revisionismo também adquire um segundo sentido, agora não mais restrito aos
padrões e métodos da disciplina histórica. É nesse âmbito que manipulações de dados,
interpretações deturpadas do passado, imprecisões factuais, descontextualizações, entre outros,
aparecem na disputa e no reconhecimento do debate historiográfico. Essa historiografia que se
apresenta de modo “terapêutico” caminha por apresentar um conjunto de proposições
subjetivas, de modo a atenuar os efeitos negativos do passado sobre a subjetividade de grupos
e coletivos no tempo presente. A negação da história dita oficial e a suposição de outra história,
que ainda deve ser revelada por um corpo profissional insuspeito, é um dos elementos teóricos
que identificam essa historiografia manipuladora.
O ponto de inflexão em direção ao negacionismo ocorre nas interpretações a posteriori
do Holocausto. Coube à Historikerstreit alemã dos anos 1980 uma noção ainda incipiente de
polemizar acerca do bolchevismo, da violência e do extermínio de judeus e da existência de
campos de concentração na Alemanha nazista, questionando o modelo totalitário soviético e
sua política de controle e manipulação ideológica, de modo a sugerir que as mazelas nazistas
também poderiam ter responsabilidade dividida com os comunistas/stalinistas (MELO, 2014;
ALMADA, 2021b). No entanto, a “querela dos historiadores” ainda deixa em suspenso o modo
como essa visão é operacionalizada no campo científico da História e na política.
Pensando na historiografia francesa dos finais dos anos 1980, os sentidos implícitos do
exercício do ofício de historiador, quando aparados por fraudes, fabulações e a manutenção de
mitos personalistas, oferecem maior sentido à apropriação política, seguindo por um
aprimoramento da negação da violência e da tortura, projetada na recusa da existência do
genocídio nazista (VIDAL-NAQUET, 1998). Com isso, projeta-se um simbolismo perpassado
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nas e pelas gerações posteriores, referindo-se diretamente à memória e à sua manipulação. Esses
efeitos tanto podem ser gerados pela relutância do reconhecimento de documentos
comprobatórios ou pelo uso de métodos pouco rigorosos nas análises das fontes, ou, ainda, por
simples ilações, resultando em um alinhamento com posturas nacionalistas, neonazistas,
antissemitas ou antissionistas (VIDAL-NAQUET, 1998).
Uma investigação mais pormenorizada deste revisionismo/negacionismo conduz-nos
pelo caminho de sua origem interpretativa, interligada com as disputas e cisões da esquerda no
pós-1968 francês. Coube à livraria de esquerda Vielle-Taupe, anteriormente influenciada pelos
movimentos situacionistas (CORRÊA, 2021), a publicação, nos anos 1970, de diversas obras
simplificadoras do que foi Auschwitz e o genocídio dos judeus, como aquelas de Paul Rassinier,
Robert Faurisson e Serge Thion, intercalando argumentos economicistas, de negação pura e
simples e de dúvida metódica, revelando uma profunda incompreensão, por parte dessa
esquerda, do que era o antissemitismo (VIDAL-NAQUET, 1998). Ao longo dos anos, essa
visão simplificadora irá se misturar com as conclusões promovidas por movimentos de
midiatização dos balanços do Maio de 1968 (ROSS, 2018) e com visões defendidas pela direita
tradicional e nacionalista, como o arrependimento colonial e a crítica ao multiculturalismo,
observando nisso a decadência da França contemporânea (AUDIER, 2008). Com apoio de
católicos, conservadores, nacionalistas e extremistas, esse discurso ensejou um pensamento
culturalmente pessimista e, até certo ponto, revanchista do passado, apresentando também
argumentos ad hominem contra os filósofos desconstrucionistas e pós-estruturalistas.
Amparado por uma conjuntura de “crise da questão social”, esse pensamento aflora nas
universidades francesas, rompendo um consenso positivo do Maio de 1968 até então existente.
A cultura política que se ergueu a partir desse consenso passou a ser derrubada em seus pilares
de modo sistemático: relativizando e recusando a existência do Holocausto, denunciando a
colaboração francesa ao nazismo e o sectarismo dos grupos marxistas, fazendo aflorar,
consequentemente, um debate público em torno de visões políticas que passam a defender uma
defesa do pluralismo e da igualdade (ROUSSO, 2006). Essa perversão discursiva caminhou por
afrontar e desafiar a memória coletiva construída em torno do Holocausto, do Maio de 1968 e,
de modo mais amplo, da defesa de direitos humanos. Com isso, evidenciou-se uma manipulação
política da história que inverte vítimas e algozes, além da atenuação de episódios de violência
e extermínio, pautada em um direito de voz construído sobre a defesa da liberdade de expressão.
Nesse ponto, é fundamental compreender que, dotada de critérios pouco objetivos, a
evocação da liberdade de expressão ganha um contorno político contemporâneo que congrega
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valores inspirados no liberalismo político de Alexis de Tocqueville e de John Stuart Mill, pelos
quais a tentativa de repúdio da opinião pode ser concebida, de modo simplificado, como um ato
de tirania. Como demonstrou Hannah Arendt (2008) em sua análise dos Pentagon Papers
dos anos 1970 e da reação dos Estados Unidos em manipular os ocorridos de sua derrota na
Guerra do Vietnã, a mentira orbita a política e oferece riscos à República e à democracia liberal
(ARENDT, 2008). A tensão entre a liberdade de expressão e o uso da mentira na política deixam
em aberto o modo como a história negacionista pode vir a ser operacionalizada no discurso
político contemporâneo, pois a presença de pressupostos ideológicos reforça a presença de uma
identidade e uma linguagem política que aparentemente se colocam em aberto ou da edificação
democrática de seus significados. Todavia, a fábula criada pelo Pentágono é um exemplo de
como uma outra visão alternativa da história e, evidentemente, a passagem pelo crivo de
aceitação ou recusa da opinião pública permitem ou não a veiculação dessa versão.
A manipulação da história, nesse caso, ganha um sentido discursivo próprio, candidata
ao posto deepistēmē”, ou seja, disputando o sentido de um “conjunto de relações que podem
ser descobertas, para uma época dada, entre as ciências, quando estas são analisadas ao nível
das regularidades discursivas” (FOUCAULT, 2020, p. 231). Considerar a história alternativa
como uma “episteme” torna um pouco mais evidente a sua capacidade de produzir discursos e
práticas de saber que, embora se modifiquem em seus termos, expõem a pertinência de seu
direito de existir, e que, caso esse direito seja cerceado, rompem-se os limites democráticos
estabelecidos. Se o conteúdo dessa “episteme” é a manipulação da história e a projeção de uma
fatualidade paralela, seu significado já não pode ser confundido com qualquer revisionismo.
Constrói-se uma ciência própria multidimensional, onde se imbricam diversas práticas
discursivas: a negação histórica de arquivos e evidências históricas; a crença na história cíclica
ou teleológica; as narrativas que assumem uma teoria da degeneração ao invés da compreensão
da mudança; a mitologização presente na substituição de fatos por quimeras; a nostalgia por um
passado imaginado, selecionando fatos e narrativas históricas; a presença de um a-historicismo
baseado na mentira; o aproveitamento da memória fragmentada e tendenciosa presente na
memória pública popular (VALENCIA-GARCIA, 2020).
Os sentidos históricos e discursivos sugeridos pela História Alternativa recuperam, por
fim, a mesma dinâmica da relação passado e presente sobre a qual a sociologia histórica se
debruça, além de forjar a perspectiva de verdade, rigor e cientificidade, por meio de uma
distorção intencional dos fatos. Por isso, a disputa com a ciência é implacável, à medida que o
negacionismo rechaça a illusio científica, ou seja, o sentido do jogo científico, “[os] códigos
A memória e o negacionismo: Considerações sobre a pesquisa em sociologia histórica.
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convencionais, [os] pressupostos socialmente fundados, [os] esquemas classificatórios
socialmente constituídos” (BOURDIEU, 1996b, p. 367). Contudo, sua disputa não se dá apenas
no nível das ciências e da racionalidade, mas das crenças, ideologias e paixões políticas, as
quais necessitam alterar os fatos e suas interpretações para encontrar um estatuto discursivo e,
principalmente, político, válido e aceito na sociedade.
Como são as memórias coletivas e públicas que poderiam estabelecer um contraponto
subjetivo ao autoritarismo investido de liberdade de expressão do negacionismo, as
reivindicações de sua existência passam a encarar subjetividades ditas estigmatizadas ou
pretensamente dissonantes, que apenas encontram em meios de real liberdade de expressão a
possibilidade de uma fala ‘franca’ com seu pretenso público. Grupos da extrema-direita,
nacionalistas ou nutridos por teorias da conspiração, que têm se encaminhado para uma
produção da História Alternativa, nesse caso, argumentam com revanchismo quando suas
visões ideológicas, outrora recusadas no debate público, aparecem com algum destaque.
Passam a argumentar a favor de sua legitimidade e do não reconhecimento anterior dessas
versões como um ato político oposicionista, o qual pode ser realizado por oposicionistas,
cientistas, historiadores ou pela memória individual e coletiva, disputando seus silenciamentos
e esquecimentos.
Memória e Política: notas de pesquisa
De modo a elucidar algumas proposições elaboradas anteriormente, pretendo apresentar
o direcionamento da agenda de pesquisa concebida em torno das investigações sobre os 50 anos
de 1968. Com ela, proponho oferecer a operacionalização conceitual da sociologia histórica, da
memória e do negacionismo em torno de quatro momentos.
O primeiro momento parte da reelaboração dos “eventos de 1968” como objeto de
pesquisa, conforme as inter-relações disciplinares da Sociologia Histórica e da História do
Tempo Presente. Ao se considerar 1968 em uma perspectiva alargada, podemos compreender
um paulatino afastamento das preocupações da sociologia em torno destes conflitos sociais,
seguida por uma ampliação das pesquisas sobre esse campo na historiografia. A ressonância
dos eventos de 1968 na Teoria Sociológica Contemporânea é um elemento de reconstrução do
debate, o qual é fundamental para a compreensão de diversos pressupostos teóricos e
conceituais usualmente presentes nas Ciências Sociais (ALMADA, 2020a), mas que, de certo
modo, enfatiza sobremaneira as relações macroestruturais em detrimento das subjetividades
Pablo Emanuel Romero ALMADA
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1982-4718
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(não apenas revolucionárias) que foram projetadas por esses eventos. Dito de outra forma, se
1968 foi entendido como um evento de significativos efeitos pelo globo, suas consequências
não podem ser apenas medidas em termos de uma produção de subjetividades restritas a um
éthos revolucionário. Esse evento serviu de base de reflexão para várias formulações teóricas
do marxismo, da teoria crítica, do estruturalismo, do pós-estruturalismo e de correntes pós-
modernas, cada qual com uma interpretação específica. Agrupando tais interpretações,
encontram-se três abordagens distintas na teoria sociológica sobre esses eventos: rebelião,
fragmentação social e nova cultura política dos movimentos sociais. Identificadas essas três
matrizes, conseguiram-se estabelecer linhas analíticas para a mudança dos sentidos
interpretativos desses eventos ao longo dos últimos 50 anos.
Há também dois outros elementos que confluíram nas “comemorações” dos 50 anos de
1968: i) a disputa dos sentidos dos acontecimentos; ii) a disputa de diversos atores pela memória
de 1968. A construção de um amplo balanço histórico e sociológico permitiu compreender e
aprofundar uma lacuna existente nos estudos: diferenciar o que seria a história e o que seria a
memória de 1968, dilema que poderia ser resolvido, em termos metodológicos, por meio de um
enquadramento da memória e dos estudos acadêmicos sobre o tema. Isso revela não apenas os
limites das análises, mas também o conjunto de ideias e processos sociais, econômicos e
políticos que serviram de pano de fundo para cada uma das pesquisas históricas e relatos
memorialísticos. Agrupar, classificar e buscar regularidades nas bibliografias sobre o tema
permitiu que se ultrapassasse o âmbito disciplinar e acadêmico dos estudos, integrando-os
mediante as nuances e diferenças dos discursos de protagonistas e intérpretes sobre 1968, bem
como seguindo uma divisão mediante os decênios desses escritos.
Em um segundo momento, observamos que essas questões estiveram inter-relacionadas
com um aspecto pouco problematizado no âmbito acadêmico: a representação da memória no
passado e sua imbricação com a visão revolucionária, predominante em grande parte dos
escritos. Ao tratar dos contextos de Portugal e França, ganha destaque o deslocamento do
imaginário revolucionário dos anos 1960 do Norte para o Sul global, compondo uma imagem
terceiro-mundista de suas aspirações e utopias (ALMADA, 2020b). Concluiu-se que, para além
do cenário do protesto jovem realizado naqueles países centrais, haveria uma memória pouco
revelada que construiria e desconstruiria os lugares revolucionários idealizados e concebidos
por uma matriz eurocêntrica, a qual subsume a produção das subjetividades contestatórias a
uma subjetividade mimetizada dos acontecimentos de 1968 na França.
A memória e o negacionismo: Considerações sobre a pesquisa em sociologia histórica.
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1982-4718
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A descentralização analítica indica os limites epistemológicos de versões bastante
consagradas sobre o 1968 francês, em especial aquelas que consideram que esses eventos
impulsionaram ocorrências em outras partes do mundo ou, ainda, que constroem uma
historiografia baseada nos problemas, nas cronologias, nos atores e em suas ações coletivas de
acordo com o que é considerado válido para o caso francês. Esse paradoxo indica que
coocorrência de singularidades dos vários 1968 (1968 alargado) e que estes, ao contrário, não
resultam na síntese do Maio Francês: as tentativas de síntese, nesse caso, acabam por
descredibilizar os vários 1968 e produzi-los como inexistentes em suas singularidades.
O terceiro momento investigou como os protagonistas e os intérpretes de 1968
ofereceram interpretações não fixas sobre aqueles acontecimentos, guiando mudanças
interpretativas e memorialísticas que podem ser evidenciadas nos decênios ‘comemorativos’
(ALMADA, 2021a). Tratando a questão a partir da análise de obras que englobam a visão de
intelectuais e o relato memorialista de ex-participantes, no Brasil e na Europa, analisaram-se
esses pontos de vista, elucidando as relações entre o retorno memorialista, o esquecimento e o
silenciamento. Consequentemente, foram apontadas linhas interpretativas para a compreensão
das disputas da memória de 1968 no tempo presente, lançando um balanço das diferenças entre
as perspectivas acadêmicas e de ex-participantes, o que englobaria um campo mais geral das
políticas de memória. Este caminho considerou o modo como as interpretações e as memórias
dos acontecimentos de 1968 se transformaram ao longo de suas comemorações decenais. A
análise qualitativa das Políticas de Memória oferece um importante indicativo de que o conjunto
de significados e interpretações desse período não pode ser considerado estável, pois um
conjunto heterogêneo de atores que tanto reivindicam a “herança” (e seus termos particulares)
como buscam dela se afastar, e, desse modo, renovar as memórias coletivas.
Até então, os três momentos assinalados revelam uma disputa teórica, simbólica e
memorial dos acontecimentos de 1968, colocando em evidência os diversos atores
(protagonistas, intérpretes, movimentos sociais, atores políticos) envolvidos nesse campo.
Também nos interessou compreender as dinâmicas de apagamento daqueles eventos, assim
como o campo de disputas dessas memórias no tempo presente, o que irá revelar relações
intrínsecas entre o revisionismo e o negacionismo, elucidando as “batalhas pela memória”
(RICOEUR, 2007). Todavia, se fez necessário analisar os conflitos apresentados no campo
político entre a inscrição na memória e o esquecimento imposto, pois, se atores políticos que
reivindicam a “herança”, também aqueles que se postulam, na expressão de Pierre Vidal-
Naquet (1998), como “assassinos” da memória.
Pablo Emanuel Romero ALMADA
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1982-4718
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Finalmente, a história política do Brasil recente revela como se configuram as origens
do discurso negacionista, principalmente no que diz respeito ao seu apoio à violência, ao arbítrio
e às graves infrações de direitos humanos cometidos pela ditadura civil-militar. Procurei me
debruçar sobre essas tensões no campo da memória, investigando como Jair Bolsonaro
(Presidente da República entre 2019 e 2022), em sua época de deputado federal (1991-2018),
operacionalizou um posicionamento político contrário à Comissão Nacional da Verdade
(CNV), construído sobre os preceitos do discurso negacionista (ALMADA, 2021b). Os
resultados dessa pesquisa revelam algumas características desse negacionismo: uma visão
simplificadora e maniqueísta de processos históricos (sobre os quais ampla historiografia e
pesquisa constituídas ao longo dos anos); o falseamento e o mau uso das fontes históricas;
constante revanchismo e menção a “feridas” que não podem ser abertas, inversão de vítimas e
algozes; defesa perversa da liberdade de expressão, mesmo quando se defendem posições não
democráticas ou de infração dos direitos humanos; tradução da fatualidade histórica em fábula
de historiadores ou de especialistas guiados por interesses exclusivamente políticos e
ideológicos; operacionalização de teorias da conspiração quanto ao apoio e financiamento de
grupos de esquerda, entre outros aspectos.
A conclusão desse estudo revelou que o negacionismo histórico pode apresentar
algumas nuances no Brasil. Uma delas é a recusa da existência da ditadura civil-militar, seguida
pela defesa de seus métodos violentos de opressão da oposição, argumento que tem sido
evocado por movimentos de direita e de extrema-direita no Brasil em consonância com a defesa
da reivindicação de uma “história verdadeira”, diferente daquela compreendida por
historiadores, especialistas e forças políticas contrárias ou associadas ao campo democrático e
de esquerda. Outra nuance diz respeito à suposição da presença de fontes insuspeitas
desconhecidas do grande público, as quais revelam a verdade incontestável, mas que são apenas
de conhecimento e difusão dos negacionistas. Esse aspecto é bastante importante, pois não
apenas induz a acreditar que uma historiografia “secreta” e dissonante, mas que o
desconhecimento desta é uma forma intencional e ideológica de grupos, principalmente de
direita, ludibriarem a opinião pública.
A memória e o negacionismo: Considerações sobre a pesquisa em sociologia histórica.
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1982-4718
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Considerações finais
Na sociologia histórica, a memória opera uma conexão entre as macroestruturas e as
microinterações sociais, de modo a oferecer um substrato interpretativo para os mais diversos
processos de subjetivação. Tanto do ponto de vista individual quanto coletivo, a memória indica
a inserção dos indivíduos em grupos e sua figuração como tal, o que permite identificar o
pertencimento, as interações individuais com os lugares e as relações simbólicas entre o passado
e o presente. No entanto, as disputas pela memória não são apenas narrativas concorrentes, mas
também discursos que visam ao ataque deliberado contra as memórias, principalmente de
minorias e grupos de opositores políticos.
O negacionismo opera nesse ataque. Embora se valha de uma perspectiva de defesa da
liberdade de expressão, há um escamoteamento de um argumento perverso, que interliga desde
o falseamento de fontes históricas e científicas ao ataque ad hominem e à suposição de uma
história “não contada” e detida por poucos especialistas cujos interesses políticos se sobressaem
a quaisquer outros. Ao enfrentar o debate do negacionismo, a sociologia histórica não apenas
deve se atentar aos artífices da recusa de acontecimentos históricos como também à construção
de realidades discursivas que extrapolam determinados contextos e passam a vincular saberes
próprios e desafiadores da ciência, da história e da sociologia. Nesse caso, uma pesquisa
ancorada na compreensão das relações entre passado e presente permite que se diferencie a
disputa da memória por parte dos atores, por um lado, e, por outro, as tentativas de
silenciamento e negacionismo.
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CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Faculdade de
Ciências e Letras de Araraquara (FCLAR/UNESP) Núcleo de Estudos da Violência,
Universidade de São Paulo (NEV/USP).
Financiamento: CAPES e FAPESP.
Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse.
Aprovação ética: Não aplicável.
Disponibilidade de dados e material: Estudo realizado com livros e artigos científicos
disponíveis para o público.
Contribuições dos autores: Pablo Emanuel Romero ALMADA é responsável pela
pesquisa, análise e redação do artigo.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.1.16110 1
MEMORY AND DENIALISM: CONSIDERATIONS ON RESEARCH IN
HISTORICAL SOCIOLOGY
A MEMÓRIA E O NEGACIONISMO: CONSIDERAÇÕES SOBRE A PESQUISA EM
SOCIOLOGIA HISTÓRICA
LA MEMORIA Y EL NEGACIONISMO: CONSIDERACIONES SOBRE LA
INVESTIGACIÓN EM SOCIOLOGIA HISTORICA
Pablo Emanuel Romero ALMADA1
e-mail: pabloera@gmail.com
How to reference this article:
ALMADA, P. E. R. Memory and denialism: Considerations on
research in historical sociology. Estudos de Sociologia,
Araraquara, v. 28, n. esp. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1982-4718.
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.1.16110
| Submitted: 05/03/2023
| Revisions required: 22/04/2023
| Approved: 11/05/2023
| Published: 01/08/2023
Editor:
Prof. Dr. Maria Chaves Jardim
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
University of São Paulo (USP), São Paulo SP Brazil. Postdoctoral student, Center for the Study of Violence.
PhD in Democracy in the 21st Century (CES-UC, Portugal).
Memory and denialism: Considerations on research in historical sociology
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.1.16110 2
ABSTRACT: The article analyzes the foundations of historical sociology and its pertinence in
collective memory concepts to elucidate the understanding of denialism and its incorporation
in sociological research. Initially, we confront the conflictive tradition of sociology and retrieve
individual and collective memory formulations, setting a contact point of the macrostructure
and its social micro-relations. From this, we identify how to understand the conception of
denialism discursively through disputes over the meaning of memory, albeit in terms of a
manipulative and political appropriation that differs significantly from historical revisionism.
Finally, we present some results of our research on the memory and politics of 1968, intending
to interpret how denialism builds itself in the dispute for the memory of the recent past, mapping
out a place to falsify and deceive public opinion.
KEYWORDS: Historical Sociology. Collective memory. Identities. 1968. Denialism.
RESUMO: Neste artigo, analisamos os fundamentos da sociologia histórica e sua pertinência
no estudo da memória coletiva, de modo a elucidar a compreensão do negacionismo e sua
incorporação na pesquisa sociológica. Inicialmente, confrontamos a tradição conflitiva da
sociologia e resgatamos a formulação da memória individual e coletiva, estabelecendo um
ponto de contato entre a macroestrutura e suas microrrelações sociais. A partir disso,
identificamos como a concepção de negacionismo pode ser compreendida discursivamente, por
meio das disputas pela significação da memória, ainda que em termos de uma apropriação
manipuladora e política que se diferencia significativamente do revisionismo histórico.
Finalmente, apresentamos alguns resultados de nossa pesquisa sobre a memória e a política
de 1968, com vistas a interpretar como o negacionismo se erige na disputa pela memória do
passado recente, demarcando um lugar de falseamento e ludibrio da opinião pública.
PALAVRAS-CHAVE: Sociologia histórica. Memória coletiva. Identidades. 1968.
Negacionismo.
RESUMEN: El artículo analiza los fundamentos de la sociología histórica y su pertinencia en
los conceptos de memoria colectiva para dilucidar la comprensión del negacionismo y su
incorporación en la investigación sociológica. Inicialmente, confrontamos la tradición
conflictiva de la sociología y rescatamos la formulación de la memoria individual y colectiva,
estableciendo un punto de contacto entre la macroestructura y sus micro-relaciones sociales.
A partir de esto, identificamos cómo la concepción del negacionismo puede ser entendida
discursivamente a través de las disputas por la significación de la memoria, aunque en términos
de una apropiación manipuladora y política que difiere significativamente del revisionismo
histórico. Finalmente, presentamos algunos resultados de nuestra investigación sobre la
memoria y la política de 1968, con la intención de interpretar cómo el negacionismo se
ensambla en la disputa por la memoria del pasado reciente, demarcando un lugar de
falsificación que atrapa a la opinión pública.
PALABRAS CLAVE: Sociologia histórica. Memória colectiva. Identidades. 1968.
Negacionismo.
Pablo Emanuel Romero ALMADA
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.1.16110 3
Introduction
Sociology, from its specific concerns initiated by its founders regarding the
differentiation of other fields of knowledge, makes much use of theoretical, methodological and
epistemological resources from History for the conception and construction of its research
objects. The strand of Historical Sociology, in turn, presents a field of formulations that is not
very well circumscribed nominally, but with its specificities quite present in research themes in
Brazil and internationally.
In the so-called theories of conflict (COLLINS, 2009), with an emphasis on the macro-
historical perspective, it is common to refer to concepts such as Theory of History, Historicity
and debates on the relationship between structure and history and between history and
subjectivity. Although it has sedimented a mostly conflicting posture of the historical
relationship, the point of view of sociology was directed at the opposition between the past and
the present, as suggested by Marx (2011, p. 25, our translation) when problematizing individual
agency restricted to circumstances “bequeathed and handed down from the past”. These
limitations are configured as one of the main references found and shared in sociological
literature and research.
Historical Sociology, when configured under the reference of research objects
circumscribed to the past, offers significant interpretations of social relations for the explanation
of the present time. This encompasses several lines of analysis, from the questioning of its
foundations (ABRAMS, 1983; MONSMA; SALLA; TEIXEIRA, 2018; SKOCPOL;
MISKOLCI, 2014); the approach of the History of the Present Time (POLLAK, 1989, 1992;
SANDOICA, 2004); the critique of political and ideological continuities and ruptures caused,
above all, in the second half of the 20th century (WIEVIORKA, 2018); and, still, the historical
disjunctures proposed by cultural studies and deepened by comparative and epistemological
approaches of postcolonialism (CHAKRABARTY, 2001).
This article considers the foundations of historical sociology to discuss the concepts of
collective memory and denialism and their incorporation in sociological research. For memory,
we emphasize how it allows understanding the identities of individuals and groups that
articulate and dialogue with the past by composing possible foundations for their actions. As
for denialism, we shed light on some current explanatory challenges, understanding them
through the aggressive ad hominem attack against established memorial identities, raising
interest in appropriation by far-right social movements, illustrated by the incarnation of postures
that reject scientific and historiographical consensus.
Memory and denialism: Considerations on research in historical sociology
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To illustrate the development of the previous questions, a synthetic overview of a
research conducted around the memories and policies of 1968 in its 50 years will be presented,
which analyzed the transformations of the collective memory of those events, identifying the
meanings of the interpretative changes. Some conclusions observe the narrowness of disputes
over memory and the meanders through which denialism is erected, identifying it as a
problematic discourse that involves political agents and their relationships with the media.
Historical sociology: disciplinary issues and the rescue of memory
Sociology has almost always proceeded “historically founded and oriented”
(SKOCPOL; MISKOLCI, 2014, p. 7, our translation), since its founding fathers showed
enormous interest in the development and historical processes to better understand their objects
of study, with an emphasis on continuities and historical ruptures. In this sense, some
contributions of the discipline are in the conception of possibilities inscribed in the historical
moment, in the investigation of the origin of categories of thought that structure the way one
thinks and acts in the world, and, finally, the offering of a research material that explores the
dualisms by which sociology confronts itself (MONSMA; SALLA; TEIXEIRA, 2018). The
contours of historical sociology indicate “an ongoing tradition of research […] devoted to
understanding the nature and effects of large-scale structures and fundamental processes of
change” (SKOCPOL; MISKOLCI, 2014, p. 11, our translation).
Interest in contemporary historical sociology was established in the 1960s and 1970s
and took on classic issues such as “the origins of capitalism, class consciousness and conflicts,
social revolutions, the formation of the State” (MONSMA; SALLA; TEIXEIRA, 2018, p. 69,
our translation), added to the problems involving the new developments of global capitalism
and its local resistance. The revival of interest in historical dynamism in the 1960s was
consolidated against two currents at the time: against the North American sociology of the
1950s, represented mainly by Talcott Parsons, who idealized watertight models that were
applicable regardless of the place and era considered, and, on the other hand, against the
Stalinist readings of Marx and the development of rigid models of historical evolution that
would lead to the socialist utopia. One of the new issues was that of the memory of historically
oppressed groups, which presents itself as a “grid of intelligibility of contemporary social and
political conflicts”, with emphasis on Foucault, regarding the use of historical investigation as
a form of criticism of the present (MONSMA; SALLA; TEIXEIRA, 2018, p. 73, our
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translation), revealing points of tension and multiplicities at the origin of processes considered
univocal. In order to investigate the implications of memory in the construction of sociological
theory, it is essential to rescue the Durkheimian tradition that proposes an interaction both
between the “large-scale macrostructures of society and the small-scale microinteractions, or
rituals” (COLLINS, 2009, p. 167, our translation).
Since at least the beginning of the 19th century, several authors have identified the
individual and collective dimensions of memory, so that the conceptualization of Maurice
Halbwachs (2004) raises the perception of its own complexity and density. Based on La
Mémoire Colective and deeply inspired by Henri Bergson's phenomenology and Émile
Durkheim's theory of collective consciousness, he is one of the forerunners in the development
of studies focused on memory, especially with regard to the analytical and social foundations
of individual and collective memory. It is worth highlighting the centrality of the collective and
its effects on the consolidation of memory, which creates a set of effects and conditions raised
by a “borrowed memory, which is not mine” (HALBWACHS, 2004, p. 55, our translation). A
reconstructive dilemma arises: “if you want to reconstitute the memory of such an event in its
integrity, it would be necessary to gather all the deformed and partial reproductions of what it
is the object among the members of the group” (HALBWACHS, 2004, p. 54-55, our
translation).
The dialogue that emerges from the perception of individual memory in Halbwachs
(2004) inspires his conception of collective memory. If until then the subjectivity of individual
memory seems to be the synthesis of a process of perception, this is only erected collectively
when a genesis of memory is constructed. Individuals only have the ability to remember
something from the moment they take the point of view of a group and place themselves within
the collectivity, that is, they find themselves belonging to an affective community. Halbwachs
(2004, p. 26, our translation) states that “our memories remain collective, and they are
remembered by others, even if they are events in which only we were involved, and with objects
that only we saw”, because, he says, “in reality, we are never alone”, since “we always have
with us and in us a number of people who cannot be confused”.
The theme of the people who live in our lives, in this case, allow us to reveal a
collectivity intrinsic to the subject itself. In Halbwachs (2004), this dialogue is present, not in a
sense of linguistic exploration with an interdisciplinary predisposition, but in order to
materialize the various affections of individual insertion in social groups, so that personal
impressions are concretized around the sum of the individual memories with the contribution
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of collective memories, that is, “our confidence in the accuracy of our evocation will be greater,
as if the same experience were restarted, not only by the same person, but by several”
(HALBWACHS, 2004, p. 25). Belonging to one or more groups is fundamental from the
perspective of Halbwachs (2004), since, in order for the individual to have memories, the author
expresses that the validation of the testimonies and reports of any subject will only make sense
for the specific social group in which one is inserted, in which he and the others experienced or
were informed of singular events, building a common frame of reference for the members of
that milieu.
This point of view is quite different from the memoirs of In Search of Lost Time, by
Marcel Proust (2003), although points of adhesion are found subsequently. They reveal to us
the changes in the behavior of French society at the end of the 19th century and the beginning
of the 20th and enunciate a modern individual whose search for identity is present in the
memories and narratives of a flâneur. It is about recognizing the power of images that, at the
same time, define places and individuality itself. Proust's narrative turns precisely to a
perspective of unfolding his feelings, exposing himself in minutes or seconds that, even fleeting
and unnoticed in the present moment, become facts of a unique contribution to the construction
of his personality and his ability to understand the world. The flâneur walks while looking at
the landscape, discovering and creating new ways of appreciating places, which can only be
apprehended within a different temporality, of carefree and observant walking.
The Proustian flâneur allows us to understand, in a Benjaminian sense, how urban
centers present themselves to people, their grandiosity and monumentality, set and imposed by
an order of Paris, the capital of the 19th century, and its modernity of lights and territorialization
of capital, which become inseparable from these places, even if seized in transit. However, in
Proust, the meaning of places is not evidently objective, since “the places we know do not even
belong to the world of space, where we place them for greater ease”, that is, they “are nothing
more than a thin slice among the contiguous impressions that formed our life at that time; the
memory of a certain image is nothing more than the longing for a certain moment; the houses,
the paths, the avenues, unfortunately, are fleeting like the years” (PROUST, 2003, p. 414, our
translation).
In other words, the urban flow, in this view, reveals a greater affection of the fact in the
subject than the individual's objective and desirous possibility of contact with what affects him,
moving away from a possibility of non-affection suggested by the blasé attitude” driven by
the modernity of large cities, as described by Simmel (1987). If memory can be constructed
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outside of the individual and depends on the immediate effect of the condition, how could it
demarcate, guide or offer meaning to individuals' reminiscences?
It should be noted that Proust (2003) brings to the debate the issue of discontinuity,
flight and the singularity of the instant, elements that were not perceptible in the
phenomenology of Halbwachs (2004). However, as Seixas (2004, p. 40, our translation)
interprets, collective memory in Halbwachs is “spontaneous, disinterested and selective”, in
order to keep from the past “only what of it can be useful to create a link between the past and
the present [...], being above all oral and affective, is pulverized as a multiplicity of narratives”,
factors that both allow the separation of memory from history (the written, organized,
systematized activity) and allow history to begin its path as it “holds” the collective memory.
Already in Proust (and also in Baudelaire), memory is constructed “out of time”, that is, in lost
time and place, composed of several discontinuities that carry out a constitutive operation of
the real: “weaving the threads between beings, places, events [...] recovering them, rescuing
them or describing them as they really happened” (SEIXAS, 2004, p. 50, our translation). It is,
in other words, a memory that also projects the future and not a return to it, although it
constantly deals with gaps and discontinuity.
By escaping from the procedures of discontinuity of memory, history begins to
appropriate memory and build it continuously, discursively organizing its gaps. As Nora (1993,
p. 9) presents, the interpretation of memory as a “lived tradition” is fundamental for the
reconstruction and updating of the present. The dialogue between history and memory is
consolidated both through an “always problematic and incomplete reconstruction of what no
longer exists [...] a representation of the past” and due to the fact that memory is “an always
current phenomenon, a lived link in the eternal present” (NORA, 1993, p. 9, our translation).
The “place of memory” is a result of the voracity of modern times, since these would be the
means found by the present to conserve traditions, as well as a response to shorten the distance
between the history of society in oblivion and the collective memory. Therefore, “places of
memory [...] are born and live from the feeling that there is no spontaneous memory, that it is
necessary to create archives [...]” (NORA, 1993, p. 13, our translation), that is, they are spaces
where memory will crystallize no longer as individual memory, but attributing meaning to the
experience and to what was felt and became the experience of the community.
In sociological terms, memory, a constituent of individual and collective subjectivity,
projects the importance of its study for understanding the action of different groups and the way
in which they represent themselves. Understood as a “collective operation of the events and
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interpretations of the past that one wants to safeguard”, memory is integrated into “more or less
conscious attempts to define and reinforce feelings of belonging and social boundaries between
collectivities of different sizes: parties, unions, churches, villages, regions, clans, families,
nations etc.” (POLLAK, 1989, p. 9, our translation). Therefore, the collective aspect here goes
beyond the sense of a willingness to recognize what is external to the individual and starts to
affirm the individual belonging to the collective, defining its place, its limits, irreducibility and,
mainly, its unity. Collective memory can gain the meaning of a national identity, consolidated
from multiplicity, as well as the forgetfulness and erasures caused by it, although this does not
rule out the presence of underground memories, responsible for ruptures with institutionalized
identities and official memories. On the other hand, as a maker of identity, self-representation
and its reference to exteriority, memory establishes itself as an object of social struggles and
tension, which makes it unstable and requires constant re-elaboration and maintenance over
time.
A form of (re)elaboration of the unit of memory, however, must be thought of differently
from a single sense of individual history and the conditioning of the narrative, because, as
Bourdieu (2006) warned, the projection of this unit distances the understanding of collective
history. Biographical illusions, these artificers that condition the meaning and coherence of
history, build “the set of objective relationships that united the agent under consideration [...]
to the set of other agents involved in the same field and confronted with the same space of
possible” (BOURDIEU, 2006, p. 190, our translation). In other words, although the
biographical trajectory can be thought of in terms of memory stabilization, its resignifications
and reformulations may indicate a dispute over the meaning of memory that recreates
subjectivities, understanding the connection between individual trajectories and individual and
collective positioning in social space, projecting, in the same way, the access and possession of
symbolic capital (ABRAMS, 1983; BOURDIEU, 1996a).
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Denialism: from revisionism to alternative history
The epistemological and methodological renovations of History, which paved the way
for the History of the Present Time and its rescue of memory (SANDOICA, 2004), enabled
complex discussions about the historian's “craft”. Consequently, several academic debates on
historical revisionism gained prominence, offering methodological reconsiderations around
discussions of collective identities, political discourses and the reminiscences of memory in
short, offering historiographical revisions that allow both the revision of the values that guide
historical research regarding the reconsideration of historical events and processes
(CAPELATO, 2016). This points to a debate about the rules and power games subscribed to in
the academic field, although this was not the only sense of revision raised by the historian's
craft.
Revisionism also acquires a second meaning, now no longer restricted to the standards
and methods of the historical discipline. It is in this context that data manipulations, distorted
interpretations of the past, factual inaccuracies, decontextualizations, among others, appear in
the dispute and recognition of the historiographical debate. This historiography, which presents
itself in a “therapeutic” way, aims to present a set of subjective propositions, in order to mitigate
the negative effects of the past on the subjectivity of groups and collectives in the present time.
The denial of the so-called official story and the assumption of another story, which has yet to
be revealed by an unsuspecting professional body, is one of the theoretical elements that
identify this manipulative historiography.
The turning point towards denialism occurs in a posteriori interpretations of the
Holocaust. The German Historikerstreit of the 1980s was left with an incipient notion of
polemicizing about Bolshevism, violence and the extermination of Jews and the existence of
concentration camps in Nazi Germany, questioning the Soviet totalitarian model and its policy
of control and ideological manipulation, of in order to suggest that the Nazi ills could also be
shared with the communists/Stalinists (MELO, 2014; ALMADA, 2021b). However, the
“historians' quarrel” still leaves the way in which this vision is operationalized in the scientific
field of History and in politics.
Thinking about the French historiography of the late 1980s, the implicit meanings of the
exercise of the historian's craft, when trimmed by fraud, fables and the maintenance of
personalist myths, offer greater meaning to political appropriation, followed by an improvement
in the denial of violence and torture, projected in the denial of the existence of the Nazi genocide
(VIDAL-NAQUET, 1998). With this, a symbolism permeated in and by later generations is
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projected, referring directly to memory and its manipulation. These effects can either be
generated by the reluctance to recognize supporting documents or by the use of less rigorous
methods in the analysis of the sources, or even by simple conclusions, resulting in an alignment
with nationalist, neo-Nazi, anti-Semitic or anti-Zionist postures (VIDAL-NAQUET, 1998).
A more detailed investigation of this revisionism/denialism leads us to the path of its
interpretative origin, intertwined with the disputes and divisions of the left in post-1968 France.
It was up to the left-wing Vielle-Taupe bookshop, previously influenced by the situationist
movements (CORRÊA, 2021), to publish, in the 1970s, several works that simplified what
Auschwitz and the genocide of the Jews were like, such as those by Paul Rassinier, Robert
Faurisson and Serge Thion, interspersing economicist arguments, pure and simple denial and
methodical doubt, revealing a profound misunderstanding, on the part of that left, of what anti-
Semitism was (VIDAL-NAQUET, 1998). Over the years, this simplifying view will mix with
the conclusions promoted by mediatization movements of the May 1968 ondulations (ROSS,
2018) and with views defended by the traditional and nationalist right, such as colonial regret
and the critique of multiculturalism, noting in this the decadence of contemporary France
(AUDIER, 2008). With the support of Catholics, conservatives, nationalists and extremists, this
discourse gave rise to a culturally pessimistic and, to some extent, revanchist thinking of the
past, also presenting ad hominem arguments against deconstructionist and post-structuralist
philosophers.
Supported by a situation of “crisis of the social question”, this thought emerges in
French universities, breaking a positive consensus of May 1968 until then existing. The political
culture that arose from this consensus began to be systematically knocked down to its pillars:
relativizing and refusing the existence of the Holocaust, denouncing French collaboration with
Nazism and the sectarianism of Marxist groups, thus giving rise to a public debate around
political views that come to defend a defense of pluralism and equality (ROUSSO, 2006). This
discursive perversion aimed at confronting and challenging the collective memory built around
the Holocaust, May 1968 and, more broadly, the defense of human rights. With this, a political
manipulation of history was evidenced that reverses victims and executioners, in addition to the
mitigation of episodes of violence and extermination, based on a right to voice built on the
defense of freedom of expression.
At this point, it is essential to understand that, endowed with criteria that are not very
objective, the evocation of freedom of expression takes on a contemporary political contour
that brings together values inspired by the political liberalism of Alexis de Tocqueville and
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John Stuart Mill, through which the attempt to repudiate public opinion can be conceived, in a
simplified way, as an act of tyranny. As Hannah Arendt (2008) demonstrated in her analysis of
the Pentagon Papersof the 1970s and the reaction of the United States in manipulating the
events of its defeat in the Vietnam War, the lie orbits politics and poses risks to the Republic
and liberal democracy (ARENDT, 2008). The tension between freedom of expression and the
use of lies in politics leaves open the way in which the negationist history can be operationalized
in contemporary political discourse, since the presence of ideological assumptions reinforces
the presence of an identity and a political language that apparently open themselves up or the
democratic construction of their meanings. However, the fable created by the Pentagon is an
example of how another alternative vision of history and, evidently, the passage through the
sieve of acceptance or rejection of public opinion allows or not the publication of this version.
The manipulation of history, in this case, gains its own discursive meaning, candidate
for the position of epistēmē”, that is, disputing the meaning of a “set of relationships that can
be discovered, for a given time, between the sciences, when these are analyzed at the level of
discursive regularities” (FOUCAULT, 2020, p. 231, our translation). Considering alternative
history as an “episteme” makes its capacity to produce discourses and practices of knowledge
that, although changing in terms, expose the pertinence of its right to exist, and that, if this right
is curtailed, the established democratic limits are broken. If the content of this “episteme” is the
manipulation of history and the projection of a parallel factuality, its meaning can no longer be
confused with any revisionism.
A multidimensional science of its own is constructed, where various discursive practices
overlap: the historical denial of archives and historical evidence; belief in cyclical or
teleological history; narratives that assume a theory of degeneration rather than an
understanding of change; the mythologization present in the substitution of facts for chimeras;
nostalgia for an imagined past, selecting historical facts and narratives; the presence of an
ahistoricism based on lies; the use of fragmented and biased memory present in popular public
memory (VALENCIA-GARCIA, 2020).
The historical and discursive meanings suggested by Alternative History recover,
finally, the same dynamics of the past and present relationship on which historical sociology
focuses, in addition to forging the perspective of truth, rigor and scientificity, through an
intentional distortion of the facts. Therefore, the dispute with science is relentless, as denialism
rejects the scientific illusio, that is, the meaning of the scientific game, “[the] conventional
codes, [the] socially founded assumptions, [the] socially constituted” (BOURDIEU, 1996b, p.
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367, our translation). However, their dispute does not only take place at the level of science and
rationality, but of beliefs, ideologies and political passions, which need to change the facts and
their interpretations to find a discursive and, mainly, political statute, valid and accepted in
society.
As they are the collective and public memories that could establish a subjective
counterpoint to the authoritarianism invested with freedom of expression of denialism, the
claims of its existence start to face subjectivities said stigmatized or allegedly dissonant, which
only find in means of real freedom of expression the possibility of a 'frank' speech with its
intended audience. Extremist right-wing, nationalist or conspiracy-theorized groups that have
moved towards the production of Alternative History, in this case, argue with revanchism when
their ideological views, once rejected in public debate, appear with some prominence. They
start to argue in favor of their legitimacy and the previous non-recognition of these versions as
an oppositional political act, which can be carried out by oppositionists, scientists, historians or
by individual and collective memory, disputing their silencing and forgetting.
Memory and Politics: research notes
In order to elucidate some propositions previously elaborated, I intend to present the
direction of the research agenda conceived around the investigations about the 50 years of 1968.
With it, I propose to offer the conceptual operationalization of historical sociology, memory
and denialism around four moments.
The first moment starts from the re-elaboration of the “1968 events” as a research object,
according to the disciplinary interrelationships of Historical Sociology and the History of the
Present Time. When considering 1968 in a broader perspective, we can understand a gradual
departure from sociology's concerns around these social conflicts, followed by an expansion of
research on this field in historiography. The resonance of the events of 1968 in Contemporary
Sociological Theory is an element of reconstruction of the debate, which is fundamental for the
understanding of several theoretical and conceptual assumptions usually present in the Social
Sciences (ALMADA, 2020a), but which, in a way, emphasizes macro-structural relationships
to the detriment of subjectivities (not just revolutionary) that were projected by these events. In
other words, if 1968 was understood as an event with significant effects across the globe, its
consequences cannot only be measured in terms of a production of subjectivities restricted to a
revolutionary ethos. This event served as a basis for reflection on various theoretical
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formulations of Marxism, critical theory, structuralism, post-structuralism and postmodern
currents, each with a specific interpretation. Grouping such interpretations together, one finds
three distinct approaches in sociological theory to these events: rebellion, social fragmentation,
and the new political culture of social movements. Having identified these three matrices, it
was possible to establish analytical lines for changing the interpretation of these events over the
last 50 years.
There are also two other elements that came together in the “celebrations” of the 50th
anniversary of 1968: i) the dispute over the meanings of events; ii) the dispute between different
actors for the memory of 1968. The construction of a broad historical and sociological balance
allowed understanding and deepening an existing gap in studies: to differentiate what would be
the history and what would be the memory of 1968, a dilemma that could be resolved, in
methodological terms, through a framework of memory and academic studies on the subject.
This reveals not only the limits of the analyses, but also the set of ideas and social, economic
and political processes that served as the background for each of the historical researches and
memorialistic reports. Grouping, classifying and seeking regularities in the bibliographies on
the subject allowed us to go beyond the disciplinary and academic scope of the studies,
integrating them through the nuances and differences in the speeches of protagonists and
interpreters about 1968, as well as following a division through the decades of these writings.
In a second moment, we observed that these questions were interrelated with an aspect
that was little problematized in the academic field: the representation of memory in the past and
its intertwining with the revolutionary vision, predominant in most of the writings. When
dealing with the contexts of Portugal and France, the shift of the revolutionary imaginary of the
1960s from the North to the global South stands out, composing a third-world image of its
aspirations and utopias (ALMADA, 2020b). It was concluded that, in addition to the scenario
of the youth protest carried out in those central countries, there would be a little revealed
memory that would build and deconstruct the revolutionary places idealized and conceived by
a Eurocentric matrix, which subsumes the production of contesting subjectivities to a mimicked
subjectivity of the events of 1968 in France.
Analytical decentralization indicates the epistemological limits of well-established
versions of the French 1968, especially those that consider that these events boosted
occurrences in other parts of the world or, even, that build a historiography based on problems,
chronologies, actors and its class actions according to what is considered valid for the French
case. This paradox indicates that there is a co-occurrence of singularities of the various 1968s
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(extended 1968) and that these, on the contrary, do not result in the synthesis of the French
May: the attempts at synthesis, in this case, end up discrediting the various 1968s and producing
them as non-existent in their uniqueness.
The third moment investigated how the protagonists and interpreters of 1968 offered
non-fixed interpretations of those events, guiding interpretative and memorialistic changes that
can be evidenced in the 'commemorative' decades (ALMADA, 2021a). Dealing with the issue
from the analysis of works that encompass the vision of intellectuals and the memoirist account
of former participants, in Brazil and Europe, these points of view were analyzed, elucidating
the relations between the memoirist return, oblivion and the silencing. Consequently,
interpretative lines were pointed out for understanding the 1968 memory disputes in the present
time, launching a balance of the differences between the academic perspectives and those of
former participants, which would encompass a more general field of memory policies. This
path considered how the interpretations and memories of the events of 1968 were transformed
over the course of their ten-year commemorations. The qualitative analysis of the Memory
Policies offers an important indication that the set of meanings and interpretations of this period
cannot be considered stable, since there is a heterogeneous group of actors who both claim the
“inheritance” (and its particular terms) and seek to move away from it, and thus renew collective
memories.
Until then, the three marked moments reveal a theoretical, symbolic and memorial
dispute of the events of 1968, highlighting the various actors (protagonists, interpreters, social
movements, political actors) involved in this field. We were also interested in understanding
the erasure dynamics of those events, as well as the field of disputes of these memories in the
present time, which will reveal intrinsic relationships between revisionism and denialism,
elucidating the “battles for memory” (RICOEUR, 2007). However, it was necessary to analyze
the conflicts presented in the political field between the inscription in memory and the imposed
oblivion, because, if there are political actors who claim the “inheritance”, there are also those
who postulate themselves, in the expression of Pierre Vidal-Naquet (1998), as “killers” of
memory.
Finally, the political history of recent Brazil reveals how the origins of the negationist
discourse are configured, mainly with regard to its support for violence, arbitrariness and
serious violations of human rights committed by the civil-military dictatorship. I tried to address
these tensions in the field of memory, investigating how Jair Bolsonaro (President of the
Republic between 2019 and 2022), when he was a federal deputy (1991-2018), operationalized
Pablo Emanuel Romero ALMADA
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 1, e023009, 2023. e-ISSN: 1982-4718
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a political position contrary to the National Truth Commission (CNV, Portuguese initials), built
on the precepts of the negationist discourse (ALMADA, 2021b). The results of this research
reveal some characteristics of this denialism: a simplifying and Manichaean view of historical
processes (on which there is extensive historiography and research constituted over the years);
the falsification and misuse of historical sources; constant revanchism and mention of “wounds”
that cannot be opened, inversion of victims and perpetrators; perverse defense of freedom of
expression, even when defending non-democratic positions or those that violate human rights;
translation of historical factuality into a fable of historians or specialists guided by exclusively
political and ideological interests; operationalization of conspiracy theories regarding the
support and financing of left-wing groups, among other aspects.
The conclusion of this study revealed that historical denialism may present some
nuances in Brazil. One of them is the refusal of the existence of the civil-military dictatorship,
followed by the defense of its violent methods of oppression of the opposition, an argument
that has been evoked by right-wing and extreme-right movements in Brazil in consonance with
the defense of the claim of a true history”, different from that understood by historians,
specialists and political forces contrary to or associated with the democratic and left-wing field.
Another nuance concerns the assumption of the presence of unsuspected sources unknown to
the general public, which reveal the indisputable truth, but which are only known and
disseminated by the negationists. This aspect is very important, as it not only leads to the belief
that there is a “secret” and dissonant historiography, but that the lack of knowledge about it is
an intentional and ideological way for groups, mainly on the right, to deceive public opinion.
Memory and denialism: Considerations on research in historical sociology
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Final considerations
In historical sociology, memory operates a connection between social macrostructures
and microinteractions, in order to offer an interpretative substrate for the most diverse processes
of subjectivation. Both from an individual and collective point of view, memory indicates the
insertion of individuals in groups and their figuration as such, which allows identifying
belonging, individual interactions with places and symbolic relations between the past and the
present. However, disputes over memory are not only competing narratives, but also discourses
that aim at a deliberate attack against memories, mainly of minorities and groups of political
opponents.
Denialism operates in this attack. Although it relies on a perspective of defending
freedom of expression, there is a concealment of a perverse argument, which interconnects from
the falsification of historical and scientific sources to the ad hominem attack and the assumption
of a history “untold” and held by few specialists whose political interests prevail over any
others. When facing the denialism debate, historical sociology must not only pay attention to
the architects of the refusal of historical events, but also to the construction of discursive
realities that go beyond certain contexts and start to link specific and challenging knowledge of
science, history and sociology. In this case, a research anchored in the understanding of the
relations between past and present allows one to differentiate the dispute over memory on the
part of the actors, on the one hand, and, on the other, attempts at silencing and denialism.
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CRediT Author Statement
Acknowledgements: Graduate Program in Social Sciences, School of Sciences and
Languages of Araraquara (FCLAR/UNESP) Center for the Study of Violence, University
of São Paulo (NEV/USP).
Funding: CAPES and FAPESP.
Conflicts of interest: There are no conflicts of interest.
Ethical approval: Not applicable.
Data and material availability: Study conducted with publicly available books and
scientific articles.
Authors' contributions: Pablo Emanuel Romero ALMADA is responsible for the research,
analysis and writing of the article.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.