Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.1.17094 1
POPULISMO E AUTORITARISMO: UMA ANÁLISE DO TWITTER DE DONALD
TRUMP
POPULISMO Y AUTORITARISMO: UN ANÁLISIS DEL TWITTER DE DONALD
TRUMP
POPULISM AND AUTHORITARIANISM: AN ANALYSIS OF DONALD TRUMP'S
TWITTER
Jennifer Azambuja de MORAIS1
e-mail: jennifer.amorais@gmail.com
Felipe Silva MILANEZI2
e-mail: felipe_milanezi@hotmail.com
Como referenciar este artigo:
MORAIS, J. A; MILANEZI, F. S. Populismo e autoritarismo: Uma
análise do Twitter de Donald Trump. Estudos de Sociologia,
Araraquara, v. 28, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 1982-4718.
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.1.17094
| Submetido em: 05/03/2023
| Revisões requeridas em: 22/04/2023
| Aprovado em: 11/05/2023
| Publicado em: 01/08/2023
Editora:
Profa. Dra. Maria Chaves Jardim
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre RS Brasil. Professora do Programa de
Pós-Graduação em Ciência Política e do Departamento de Ciência Política. Pós-Doutorado em Ciência Política
(UFRGS).
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre RS Brasil. Doutorando do Programa de
Pós-Graduação em Ciência Política.
Populismo e autoritarismo: Uma análise do Twitter de Donald Trump
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.1.17094 2
RESUMO: A democracia liberal, tal como conhecemos hoje, após um longo período em que
era hegemônica e vista como a única forma de governo possível, vem sofrendo instabilidades
quanto a sua legitimidade, em vários países, em especial nos Estados Unidos, onde sua
institucionalidade foi pensada, aplicada e consolidada. Nas últimas décadas, há uma crescente
desconfiança e insatisfação com relação às instituições e à política em geral, partindo de setores
diversos da sociedade estadunidense, abrindo espaço para a ascensão de lideranças políticas
que se posicionavam contra o chamado establishment, seja com uma proposta mais
progressista, como Bernie Sanders ou mais conservadora, como no caso de Donald Trump,
eleito Presidente, em 2016. Assim, o presente artigo objetiva analisar como a estratégia de
comunicação do Trump exerce uma retórica de deslegitimação das instituições. Para isso, o
artigo trará a análise automática do discurso através de tweets feitos pela conta pessoal de
Trump.
PALAVRAS-CHAVE: Donald Trump. Democracia. Estados Unidos. Populismo. Twitter.
RESUMEN: La democracia liberal, tal como la conocemos hoy, después de un largo período
en el que fue hegemónica y vista como la única forma posible de gobierno, ha sufrido
inestabilidades en cuanto a su legitimidad en varios países, especialmente en Estados Unidos,
donde se diseñó su institucionalidad. aplicada y consolidada. En las últimas décadas, ha
habido una creciente desconfianza e insatisfacción con las instituciones y la política en general,
a partir de diferentes sectores de la sociedad estadounidense, abriendo espacio para el
surgimiento de líderes políticos que se posicionaron en contra del llamado establecimiento, ya
sea con una actitud más propuesta progresista, como en el caso de Bernie Sanders o más
conservadora, como en el caso de Donald Trump, presidente electo en 2016. Así, este artículo
tiene como objetivo analizar cómo la estrategia de comunicación de Trump ejerce una retórica
de deslegitimación de las instituciones. Para ello, el artículo traerá el análisis automatico del
discurso a través de tuits realizados por la cuenta personal de Trump.
PALABRAS CLAVE: Donald Trump. Democracia. Estados Unidos. Populismo. Twitter.
ABSTRACT: Liberal democracy, as we know it today, after a long period in which it was
hegemonic and seen as the only possible form of government, has suffered instabilities
regarding its legitimacy in several countries, especially in the United States, where its
institutionality was designed, applied and consolidated. In recent decades, there has been a
growing distrust and dissatisfaction with institutions and politics in general, starting from
different sectors of the US society, opening space for the rise of political leaders who positioned
themselves against the so-called establishment, either with a more progressive proposal, as in
the case of Bernie Sanders or more conservative, as in the case of Donald Trump, elected
President in 2016. Thus, this article aims to analyze how Trump's communication strategy
exerts a rhetoric of delegitimization of institutions. For that, the article will bring the automatic
speech analysis through tweets made by Trump's personal account.
KEYWORDS: Donald Trump. Democracy. United States. Populism. Twitter.
Jennifer Azambuja de MORAIS e Felipe Silva MILANEZI
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 1982-4718
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Introdução
Desde antes do início de seu governo nos Estados Unidos em 2017, Donald Trump
era conhecido por ser uma personalidade de opiniões políticas contundentes e polêmicas,
utilizando espaço e prestígio públicos que possuía enquanto bilionário e apresentador de
programas televisivos para conquistar espaço midiático. Com o advento das redes sociais e a
popularização da internet, Trump passou a utilizar redes sociais, em especial o Twitter, como
meio para propagação de suas ideias. Por conta disso, especulava-se sobre como seria a relação
de Trump com as redes sociais durante o seu mandato, uma vez que, anteriormente, apenas
Barack Obama havia exercido a presidências dos Estados Unidos tendo o Twitter como meio
de comunicação com a população, utilizando-o com frequência baixa e sob filtragem de
assessores políticos (KOIKE; BENTES, 2018).
Trump, por sua vez, adotou uma estratégia de comunicação de roupagem mais direta,
sem a diplomacia e os pudores esperados de um presidente da república, conforme a tradição
política do país, adotando comportamentos pouco habituais nas redes sociais e, inclusive,
contraindicados na área da comunicação política, tais como o uso excessivo de adjetivos, o
horário das publicações (muitas feitas durante a madrugada), o ataque direto, por meio de
insultos, a adversários políticos e a propagação de notícias falsas, mentiras e imprecisões
(KOIKE; BENTES, 2018). Neste sentido, Donald Trump não apenas deixou a sua marca
política em suas ações de governos pode-se dizer que seu governo será lembrado
historicamente não por conta disso , mas principalmente na forma como este se comunicava
com a população e nas modificações que isso implicou no modo como políticos utilizam as
redes sociais eleitoralmente e mesmo no exercício de seus mandatos, podendo ser observado
um novo modelo de comunicação copiado em maior ou menor forma por líderes como Jair
Bolsonaro (Brasil), Nayib Bukele (El Salvador) e Viktor Orbán (Hungria), por exemplo. Esse
movimento de lideranças de extrema-direita tem sido considerado por muitos autores um novo
tipo de populismo de abrangência mundial, sendo adjetivado de populismo métrico e populismo
algorítmico ou mesmo de populismo autoritário (CASULLO, 2018; NORRIS; INGLEHART,
2019; MOUFFE, 2019; BERNARDI; COSTA, 2020; MALY, 2020; VARIS, 2020).
Como características desses governos e desse novo tipo de populismo estão ataques a
adversários políticos, ataques à imprensa e às instituições, ou seja, observa-se uma retórica
autoritária, bem como o reforço positivo de comportamentos autoritários por parte de seus
apoiadores contra seus adversários políticos ou contra instituições que sejam compreendidas
como obstáculo para a concretização de suas ideias políticas (KOIKE; BENTES, 2018;
Populismo e autoritarismo: Uma análise do Twitter de Donald Trump
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NORRIS; INGLEHART, 2019; BERNARDI; COSTA, 2020). A partir disso, o presente artigo
objetiva analisar como a estratégia de comunicação Donald Trump exerce uma retórica de
deslegitimação das instituições. A hipótese de trabalho proposta é de que a deslegitimação das
instituições é empreendida como justificativa para os percalços do Governo através de uma
estratégia populista de criação de um inimigo comum, sendo necessário o reforço no apoio ao
líder incumbido da tarefa de enfrentá-las.
O artigo utiliza o protocolo qualitativa, a partir da análise automática do discurso de sete
tweets de Donald Trump atacando as instituições ao longo de seu mandato presidencial (2017-
2021). Os tweets foram publicados nos dias 04 de fevereiro de 2017, 19 de junho de 2018, 31
de julho de 2018, 26 de maio de 2020, 08 de setembro de 2020, 27 de novembro de 2020 e 06
de janeiro de 2021. Também serão utilizados levantamentos quantitativos a partir de pesquisas
anteriores de Koike e Bentes (2018), Gomes e Dourado (2019) e Bernardi e Costa (2020) para
reforçar o peso dos ataques às instituições com base no volume de tweets produzidos com esse
conteúdo.
O artigo está dividido em três partes, além da introdução e das considerações finais. Na
primeira se buscará compreender o funcionamento da democracia liberal, seu desenvolvimento
histórico e o crescimento de valores autoritários em democracias tidas como consolidadas. Na
segunda parte se compreenderá o fenômeno do populismo e como este emprega uma estratégia
discursiva de enfrentamento e deslegitimação de posições políticas contrárias. Na terceira parte
se analisará os tweets de Donald Trump, compreendendo a retórica empregada e a forma como
esta estimula a descrença nas instituições.
Autoritarismo e democracia
A democracia é um regime político criado na Grécia Antiga e classificado por Platão
como a forma degenerada de exercício do poder pelo povo, sendo ela o prenúncio de uma
restauração que centralize o poder em uma única pessoa em nome da ordem (MOUFFE, 2019).
Embora tenha-se passado muito tempo entre criação da democracia na Grécia Antiga e da sua
recuperação contemporaneamente e o que é compreendido por democracia em especial na sua
aplicabilidade e arranjo institucional ter diferenças em relação à proposta original, é possível
compreender que, em maior ou menor escala e mesmo que de formas diferentes, sua intenção
é a de permitir ao povo influência nas decisões políticas.
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Se na Grécia Antiga a democracia era exercida pelo povo diretamente, por meio de
assembleias, a democracia contemporânea adota um sistema de representação política a partir
da eleição de pessoas encarregadas de decidir os processos políticos dentro de uma
institucionalidade criada nos Estados Unidos do século XVIII (LIMONGI, 2001). No entanto,
essa institucionalidade foi criada justamente para não possibilitar a democracia, afastando do
poder a maioria da população. Sobre a democracia, Madison (2001, p. 290) afirma que: “É por
isso que tais democracias têm sido sempre palco de distúrbios e controvérsias, têm-se revelado
incapazes de garantir a segurança pessoal ou os direitos de propriedade e, em geral, têm sido
tão breves em suas vidas quanto violentas em suas mortes”.
A democracia, portanto, era considerada um regime confuso, que levaria à anarquia e
tirania da maioria, pondo em risco a classe dos proprietários (MADISON, 2001). Ou seja, assim
como Platão, os criadores do sistema político que hoje é considerado o modelo de democracia
também não a consideravam de forma positiva ou passível de ser um meio exitoso para a
condução política da sociedade. Entretanto, tudo que fora criado pelos federalistas
viraria
sinônimo de democracia, especialmente a partir da publicação em 1835 de A democracia na
América, de Alexis de Tocqueville (2005). Assim, a divisão de poderes, o sistema de freios e
contrapesos, bem como todos os mecanismos de governo que ditariam o funcionamento da
política transformaram-se naquilo que é conhecido hoje como democracia liberal (LOSURDO,
2004).
Autores que, posteriormente, defenderiam a democracia liberal deram conta de justificar
a contradição entre as instituições e o exercício da democracia pelo povo. Bobbio (1987)
defende que a democracia liberal é o modo mais eficaz de controle político por parte do povo,
através da representação política e da periodicidade de sua renovação através de eleições que
envolveriam a população e possibilitariam a fiscalização do exercício da representação por parte
dos representados e, caso necessário, a troca da pessoa a qual foi incumbida a tarefa de exercer
o mandato. Entretanto, essa situação seria possível apenas em um contexto em que houvesse
um acordo entre todos os atores políticos e entre a própria sociedade no sentido de se respeitar
as regras da disputa eleitoral, evitando qualquer tipo de trapaça ou de contestação da sua
legitimidade por parte principalmente dos derrotados no pleito (BOBBIO, 1987). Isso seria
importante para que a vitória dos derrotados, em um novo pleito, fosse plenamente aceita pelos
O Federalista é uma série de textos publicados em jornais por Alexander Hamilton, James Madison e John Jay,
sob esse pseudônimo, onde são discutidos publicamente os elementos basilares que constituirão a nova nação, bem
como a nova forma de governo que se estava construindo. Posteriormente, os textos foram reunidos em livro e
publicados.
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novos derrotados (que foram vitoriosos anteriormente), consolidando o sistema político acima
das pretensões pessoais ou partidárias.
A aposta nas instituições como redutos do bom funcionamento da democracia e
mantenedoras da ordem natural democrática pode ser encontrada em diversos autores que
percebem o povo em geral como um elemento secundário na vida política de uma sociedade,
como é possível perceber em Schumpeter (1961, p. 328) quando este aponta que “o método
democrático é um sistema institucional, para a tomada de decisões políticas, no qual o indivíduo
adquire o poder de decidir mediante uma luta competitiva pelos votos do eleitor”, resumindo a
democracia ao voto periódico e não concebendo como possíveis ou virtuosas formas
democráticas que operem de outra maneira, considerando que as decisões tomadas por
representantes são mais exitosas e efetivas que as alternativas que pudessem ser escolhidas
diretamente pela maioria. Na visão de Schumpeter (1961) a população invariavelmente ficaria
satisfeita com os efeitos de medidas que em princípio fossem impopulares. Dahl (2001)
compreende que a maioria deve pressionar os representantes para que sua vontade seja
estabelecida, em uma ideia de que todos os cidadãos são responsáveis pelos rumos que uma
sociedade toma e uma governo que decida políticas que se defrontam com a vontade popular
está desvirtuado de sua finalidade original.
Para Dahl (2001, p. 107), “a única solução viável, embora bastante imperfeita, é que os
cidadãos elejam seus funcionários mais importantes e os mantenham mais ou menos
responsáveis por meio das eleições, descartando-os nas eleições seguintes”. Ou seja, a
insatisfação com a representação é um elemento possível que deve ser solucionado dentro do
processo eleitoral, uma vez que “é complicadíssimo satisfazer a essas exigências da democracia
numa unidade política do tamanho de um país; para falar a verdade, até certo ponto quase
impossível” (DAHL, 2001, p. 107). Essas concepções divergem da visão de Schumpeter (1961)
com relação a maneira como a população deve definir os rumos da política, mas não difere na
forma de fazê-lo por meio de eleições periódicas de representantes. Para estes autores, a
população deve ter um papel passivo perante a política na maior parte do tempo, limitando sua
atividade aos dias determinados para a eleição de representantes, o que institucionalmente pode
fazer sentido, mas também pode encobrir uma insatisfação que até pode tomar forma de
mobilizações e de contestações assertivas acerca do comportamento e das atitudes dos
representantes políticos.
Se a insatisfação com a política institucional, o “sistema”, o establishment ou o status
quo é crescente e os mecanismos de mudança parecem ineficazes, a população pode não ficar
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satisfeita com o efeito de medidas impopulares e não crer na possibilidade de mudança pelos
mecanismos que levaram a essa situação, o que são elementos propícios para a elevação de
saídas “antissistema” e autoritárias (MOUFFE, 2019). Dalton e Welzel (2014) perceberam um
crescimento de valores autoritários em democracias consolidadas, porém, o que parece
paradoxal faz parte de um fenômeno que se desenvolveu historicamente e tornou pouco
surpreendentes eleições de líderes de discurso antidemocrático mesmo em países que, segundo
os parâmetros liberais, teriam uma institucionalidade forte e robusta.
Alegando que o modelo confrontacional da política e a oposição esquerda-
direita tinham se tornado obsoletos, celebrando o “consenso no centro” entre
centro-direita e centro-esquerda, o então chamado “centro radical” promoveu
uma forma tecnocrática de política de acordo com a qual a política não seria
mais um confronto partidário, mas a administração neutra dos negócios
públicos (MOUFFE, 2019, posição 201).
Essa visão de uma política que teria transcendido a própria política, sendo uma mera
reprodução do que fora analisado e recomendado por um corpo técnico neutro é o que Mouffe
(2015, 2019) chama de pós-democracia, onde um “consenso de centro” que impede qualquer
disputa que aponte para diretrizes mais assertivas, sob acusação de irracionalidade ideológica,
levando ao que a autora chama de pós-política, uma visão de modernização da política onde
“direita” e “esquerda” não mais se difeririam em sua prática. Assim,
[...] as instituições existentes falham em garantir a lealdade das pessoas, na
tentativa de defender a ordem existente. Como resultado, o bloco histórico que
estabelece a base social de uma formação hegemônica é desarticulado, e surge
a possibilidade da construção de um novo sujeito de ação coletiva o povo
capaz de reconfigurar uma ordem social tida como injusta (MOUFFE, 2019,
posição 281).
Norris e Inglehart (2019) apontam que os Estados Unidos passam por uma
transformação na cultura política local por conta de uma camada jovem cada vez maior que,
aos poucos, modifica o apoio à democracia e questiona o funcionamento das instituições. Os
autores, entretanto, apontam isso com ressalvas de que este padrão pode não se manter, uma
vez que a tradição democrática pode fazer refluir qualquer avanço autoritário, voltando ao
estágio de estabilidade anterior. Não obstante, também se reconhece que discursos e
comportamentos de líderes políticos populares tendem a influenciar a cultura política do país,
bem como também buscam fundamentação retórica nas crenças e opiniões da população
(CRUZ, 2005). Assim, é possível afirmar que a ascensão de uma liderança política autoritária
se em um terreno que seja fértil a esse tipo de fenômeno, ao mesmo tempo que esse der
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pode influenciar na deslegitimação da democracia e das instituições, especialmente quando
sofre alguma dificuldade na implementação de promessas de campanha.
Populismo
Embora aparecesse em obras anteriores, o termo populismo enquanto um conceito para
análise de um fenômeno político ou sociológico ganhou força nas Ciências Sociais a partir dos
anos 1960, como explicação de um fenômeno comum a países da América Latina durante a
primeira metade do século XX. Neste sentido, destacam-se Gino Germani (1973) e Torcuato di
Tella (1973) como autores latino-americanos acerca do fenômeno do populismo, além de
Francisco Weffort (1980) e Octávio Ianni (1975; 1973) no Brasil. Inicialmente o conceito era
proposto como algo inerente a países subdesenvolvidos, explicando um suposto atraso cultural
e político da América Latina em relação a países europeus e aos Estados Unidos. Germani
(1973) aponta alguns elementos históricos comuns aos países latino-americanos que
explicariam a especificidade de sua política, onde a incorporação das massas à política
institucional não se deu através da representação, mas sim por via de revoluções nacional-
populares, o que contrastaria com democracias sólidas e levaria a uma cultura mais autoritária
e dependente de líderes carismáticos. Di Tella (1973), por sua vez, entende que o populismo é
fruto de uma não existência de um liberalismo político exitoso combinado a um movimento de
organização efetiva dos trabalhadores, fato que poderia observar-se em países
subdesenvolvidos. Para o autor, o populismo
[...] É um movimento político com forte apoio popular, com a participação de
setores não operários com significativa influência no partido, e partidário de
uma ideologia anti-status quo. Suas fontes de força ou "vínculos
organizacionais" são:
I. Uma elite localizada nos níveis médios ou superiores da estratificação e
provida de motivações anti-status quo.
II. Uma massa mobilizada formada como resultado da "revolução das
aspirações", e
III. Uma ideologia generalizada ou estado emocional que promove a
comunicação entre deres e seguidores e cria entusiasmo coletivo (DI
TELLA, 1973, p. 47-48, tradução nossa).
Di Tella (1973) aponta que o populismo pode ter três composições políticas diferentes:
o primeiro teria o comando político de uma elite clerical ou militar com algum apoio popular,
o segundo teria o comando político de uma elite intelectual pequeno-burguesa aliada a setores
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dos trabalhadores e o terceiro que seria composto pelos mesmos grupos do primeiro, porém
sem apoio popular. Ianni (1975, p. 20) entende que o populismo
[...] está orientado no sentido de evitar que o trabalhador sofra as
consequências econômicas, sociais, culturais e políticas em acumulação
originária [...]. Em essência, os movimentos, partidos e governos populistas
estavam, ou ainda estão, conforme o caso, inspirados por uma compreensão
das relações econômicas, sociais e políticas que se fundam na hegemonia do
valor de uso.
Neste sentido, no populismo haveria a cooptação da classe trabalhadora por setores
econômicos predominantes nacionais interessados em um projeto de projeção dos interesses
nacionais contra forças imperialistas, sob um discurso antissistema em meio a rupturas socias
com a ordem então estabelecida, geralmente relacionada a um período de modernização de
países subdesenvolvidos. O autor converge com Weffort (1980) na análise de que o populismo
moldou as instituições e a forma de se fazer política na América Latina, levando a um processo
de institucionalização relações políticas, a organização popular, a luta sindical e utilizando o
aparelho do estado para limitar o alcance e as possibilidades de atuação do movimento popular,
resultando em uma integração dos trabalhadores ao sistema político através do corporativismo.
Majoritariamente, as primeiras análises acerca do fenômeno do populismo nas Ciências
Sociais, embora aparecessem divergências entre os autores, convergiam para a compreensão de
que este era um fenômeno associado ao subdesenvolvimento e ao rompimento de uma ordem
natural de incorporação das massas ao processo político, gerando uma maior aceitação a figuras
políticas centralizadoras, autoritárias e sem compromisso com o respeito ao processo
democrático. No entanto, o que se observa atualmente e que foi motivo da retomada do conceito
de populismo nas Ciências Sociais é a emergência de líderes e movimentos políticos populistas
em países tidos até então como democracias fortes e consolidadas, rompendo com as análises
que apontavam este como um fenômeno exclusivo de países subdesenvolvidos, em especial
latino-americanos. Neste sentido, pode-se afirmar que Laclau (2005) trouxe importantes
contribuições para o debate, entendendo o populismo como um epifenômeno, baseado em uma
forma de se fazer política através da divisão da sociedade em dois grupos antagônicos (nós e
eles), os quais poderiam conter qualquer seguimento, fração de classe, forças políticas,
agrupamentos ideológicos ou grupos identitários, a depender de como operariam as forças
políticas que compõe a estrutura que controla o poder político. Há, portanto, relevância em
compreender a forma como as massas se relacionam com o líder populista, em uma relação de
mão dupla que se difere do modelo clássico do século XX.
Populismo e autoritarismo: Uma análise do Twitter de Donald Trump
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Se no século XX a incorporação das massas à política se dava com uma aliança entre
classes tendo como meio uma política corporativista baseada no sindicalismo de estado
, no
século XXI as massas já estão incorporadas ao processo político por meio das eleições, tendo a
relação com o líder político inicialmente como uma relação de representação onde este
representante não é mais alguém postulando um cargo, mas sim o representante de uma
coletividade no combate a um inimigo comum (IANNI, 1975; WEFFORT, 1980; CASULLO,
2019, NORRIS; INGLEHART, 2019). Neste sentido, o populismo deixa de ser um fenômeno
subjacente a uma incorporação das massas à política institucional de forma abrupta e violenta
para se tornar uma forma política de unir a população em torno de uma figura anti-
establishment, que personalize o enfrentamento a uma maneira de fazer política rejeitada por
parte da população e vista como a origem dos problemas materiais existentes ou a uma moral
coletiva conservadora ameaçada pela modernidade (MOUFFE, 2019; NORRIS; INGLEHART,
2019).
Os principais casos do populismo de extrema-direita em democracias tidas como fortes
são Donald Trump e Boris Johnson
. Ambos surgem em partidos tradicionais de seus países: o
Partido Republicano, dos Estados Unidos, e o Partido Conservador, do Reino Unido,
respectivamente, e são responsáveis pela radicalização de seus partidos, ambos abertamente de
direita, porém em sistemas bipartidários em que a coesão em torno dos partidos possibilita uma
gama ampla de posições políticas autoafirmadas como direita. Trump foi conhecido com um
presidente polêmico e agressivo com relação a adversários, promovendo ataques constantes,
podendo-se apontar que
Os alvos favoritos incluem a grande mídia ('notícias falsas'), eleições
('fraudulentas'), políticos ('drenar o pântano'), partidos políticos
('disfuncionais'), burocratas do setor público ('o estado profundo'), juízes
('inimigos do povo'), protestos ('alugue uma multidão'), serviços de
inteligência ('mentirosos e vazadores'), lobistas ('corruptos'), intelectuais
('liberais arrogantes') e cientistas ('quem precisa de especialistas?'), grupos de
interesse ('lobistas do enriquecimento rápido'), a constituição ('um sistema
fraudulento'), organizações internacionais como a União Europeia ('burocratas
de Bruxelas') e a ONU ('um clube de conversa '). Nas palavras de Trump, “O
único antídoto para décadas de domínio ruinoso de um pequeno punhado de
elites é uma ousada infusão da vontade popular”. Em todas as grandes
questões que afetam este país, o povo está certo e a elite governante está errada
(NORRIS; INGLEHART, 2019, p. 4, tradução nossa).
Ver Boito (2006).
Existem outros casos notáveis de movimentos populistas que alcançam resultados notáveis, tais como o
Rassemblement National, na França, o Lega Nord, na Itália, o Vox, na Espanha, entre outros.
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Trump, portanto, apresentou-se como alguém de fora da política e antissistema, um
representante da insatisfação popular com os rumos que tomava a administração do país, vista
com desconfiança por conta da falta de transparência e de possibilidade de influência da
população na política. Segundo Mouffe (2019), o ex-presidente dos Estados Unidos foi eleito
em uma campanha apelativa a um identitarismo nacional, remontando a um passado glorioso
que era ameaçado por diversos grupos, mobilizando discursos de ódio contra minorias e a
negação de políticas progressistas que promovessem igualdade de gênero, direitos à população
LGBTQIA+, direitos reprodutivos e ações afirmativas, além de xenofobia, especialmente
contra latino-americanos, configurando aquilo que Norris e Inglehart (2019) classificaram
como populismo autoritário.
O populismo de Trump não se resume apenas a expressões de preconceito e de ódio
contra grupos específicos, mas a uma forma de comunicação em que o ex-presidente se permite
investir de uma retórica autoritária e agressiva legitimada por uma suposta representação da
vontade popular, promovendo valores autoritários em nome da intolerância de uma maioria, o
que confrontaria aquilo que os federalistas apregoavam como o diferencial do sistema político
estadunidense (MADISON, 2001; LOSURDO, 2004; NORRIS; INGLEHART, 2019). Assim,
Norris e Inglehart (2019, p. 18, tradução nossa), ao analisarem os fatores que levam ao apoio a
Trump, afirmam o seguinte:
Acreditamos que esta é de fato uma parte importante da explicação para o
apoio ao populismo autoritário mas, por si só, é simplificada demais, porque
atitudes xenófobas, racistas e islamofóbicas estão ligadas a uma gama mais
ampla de valores socialmente conservadores. O reflexo autoritário não se
limita apenas às atitudes em relação à raça, imigração e etnia, mas também à
rejeição dos diversos estilos de vida, visões políticas e moral de 'excluídos'
que são percebidos como violadores das normas convencionais e costumes
tradicionais, incluindo os da homofobia, misoginia e xenofobia.
Neste sentido, pode-se afirmar que a estratégia de posicionamento de Trump como um
antissistema ou anti-establishment parte do reforço de preconceitos comuns em grande parte da
população em um país historicamente conservador e cristão engendrando isso com ataques a
grupos e instituições que seriam promotoras de uma agenda que não respeita as tradições e
crenças desse povo (MOUFFE, 2019). Conforme Mouffe (2019, posição 454): “Os populistas
de direita não tratam da demanda por igualdade e constroem um ‘povo’ que exclui numerosas
categorias, normalmente imigrantes, vistos como uma ameaça à identidade e à prosperidade da
nação”. Assim, surge o espaço para o direcionamento do descontentamento com a política
institucional para questões vistas como desvirtuamento da vontade popular, cabendo ao líder
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esse enfrentamento, que sofre uma dura resistência por parte dos grupos tidos como
hegemônicos e, por conta disso, necessitam de seu apoio na luta contra esse inimigo comum
(NORRIS; INGLEHART, 2019). Daí a necessidade de estabelecer o apoio ao líder carismático
em meio a ações que podem ser consideradas polêmicas e a justificativa para atuar no sentido
de atacar e enfraquecer as instituições.
Ataques de Trump
O Governo Trump destaca-se pelo uso até então incomum de redes sociais na
comunicação direta com a população, bem como na forma como este se porta frente aos
veículos mais tradicionais de mídia de massas. As mídias tradicionais foram objeto de projeção
de políticos, sendo motivo de cobiça e de tensionamentos pelo espaço de exposição e fazendo
parte da estratégia de comunicação política ao longo do século XX e do início do XXI
(MIGUEL, 2002). Neste sentido, seu poder de decidir a quem dar espaço, e a que pautas dar
espaço, tendo influência sobre a agenda e o debate públicos era consolidado e dificilmente
poderiam ser encontrados casos de políticos, sobretudo entre aqueles que cumpriam mandatos,
que confrontassem diretamente a mídia em geral (MIGUEL, 2002). As redes sociais, contudo,
modificaram esse cenário, fazendo emergir líderes políticos populistas que dispensam a mídia
tradicional, muitas vezes entrando em rota de colisão, e privilegiando a comunicação via redes
sociais e até incentivando o descrédito aos veículos de comunicação tradicionais, destacando-
se os casos de Donald Trump (Estados Unidos), Jair Bolsonaro (Brasil) e Nayib Bukele (El
Salvador). Uma das possibilidades que se abrem com esse tipo de estratégia é a construção de
narrativas políticas baseadas em notícias falsas e distorções de fatos, com base na criação de
bolhas de filtro que legitimam a agenda política do mandatário sem que haja qualquer apuração
de informações ou espaço para o contraditório (KOIKE; BENTES, 2018; GOMES;
DOURADO, 2019; BERNARDI; COSTA, 2020). Nesse contexto, forma-se o ambiente
propício para se propagar a narrativa política de que o líder populista é alguém antissistema ou
anti-establishment, sendo necessária a luta contra as instituições que perpetuariam os interesses
contrários ao do povo verdadeiro (MOUFFE, 2019). A partir disso, Trump articulou uma
campanha política baseado na desconfiança crescente dos estadunidenses em relação a suas
instituições (BERNARDI; COSTA, 2020).
Segundo levantamento realizado por Koike e Bentes (2018), em um universo de 161
tweets próprios realizados no período de 1º a 06 de maio de 2017, Trump promoveu ataques e
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críticas a democratas, a instituições, a mídia comercial e a figuras públicas em 58. Com a
ressalva de ser um período amostral pequeno, pode-se concluir que ataques a instituições têm
espaço destacado no Twitter de Donald Trump desde o início do seu mandato. Neste sentido,
pode-se analisar na sequência a forma como Trump opera esses ataques objetivando a
deslegitimação das instituições.
Figura 1 Tweet de 31 de julho de 2018, em que Trump ataca veículos de mídia*
* A Mídia de Notícias Falsas está ENLOUQUECENDO! Eles são totalmente desequilibrados e de
muitas maneiras, depois de testemunhar em primeira mão o dano que causam a tantas pessoas inocentes
e decentes, gosto de assistir. Em 7 anos, quando eu não estiver mais no cargo, suas avaliações irão secar
e eles irão desaparecerão!
Fonte: Colby (2018)
Na Figura 1 é possível ver um tweet em que Donald Trump se manifesta contra o que
ele chama de Mídia Fake News, um termo muito usado ao longo do seu mandato para
desacreditar qualquer veículo midiático que não fosse considerado seu aliado (BERNARDI;
COSTA, 2020). Sobre o uso do termo Fake News por Trump, Gomes e Dourado (2019, p. 36-
37) apontam que:
A escolha da expressão “fake news”, contudo, acrescenta outra característica,
advinda da noção de news(notícia), à ideia conhecida de relatos que se
reivindicam factuais, mas que praticam a contrafação de inventar ou alterar os
fatos a que pretensamente se referem. Com esta expressão se põe, ademais,
ênfase considerável no fato de que não se trata de quaisquer narrativas
factuais, mas de relatos jornalísticos, de histórias do noticiário. Com isso, se
implica, aqui, a autoridade e a credibilidade da instituição do jornalismo e dos
seus processos de produção de relatos autorizados e dotados de credibilidade
sobre os fatos da realidade. Não o quaisquer relatos falsos, mas contrafações
do próprio jornalismo. [...] Esta é a razão pela qual a expressão fake news
se tornou reversível: quando um liberal
a usa, refere-se a notícias sobre fatos
inventados ou reportagens que alteram os fatos segundo as conveniências
políticas de quem as cria; quando a empregá-la está um conservador de direita,
O termo liberal se refere ao contexto político estadunidense.
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como Trump ou Bolsonaro, a referência é ao jornalismo em geral,
considerado, por eles, uma instituição comprometida, quer dizer, invadida
e controlada pelos liberais e pela esquerda.
Neste sentido, uma deslegitimação da imprensa independente que tenha
compromisso com a apuração dos fatos e com um jornalismo que não seja meramente oficial.
Isso ocorre para que as únicas notícias certificadas como confiáveis e dignas de crédito pelo
líder populista sejam aquelas internas das bolhas de filtro, rejeitando a crítica e o apontamento
do contraditório (BERNARDI; COSTA, 2019; MOUFFE, 2019).
Figura 2 Tweet de 8 de setembro de 2020, em que Trump ataca o movimento Black Lives
Matter*
* Os manifestantes do Vidas Negras Importam assediam terrivelmente os clientes idosos de Pittsburgh,
assustando-os com insultos altos enquanto tiram a comida de seu prato. Esses anarquistas, não
manifestantes, são eleitores de Biden, mas ele não tem controle e nada a dizer. Vergonhoso. Nunca vi
algo como isso. Bandidos!
Fonte: CBS PITTSBURGH (2020)
Trump também se notabilizou por se posicionar de forma veemente contra movimentos
sociais, principalmente ligados a pautas progressistas. Na Figura 2 é possível ver um ataque do
ex-presidente estadunidense a uma manifestação organizada pelo movimento Black Lives
Matter, em que o mandatário os classifica como anarquistas e qualifica suas ações como um
mero pretexto eleitoral contra si, bem como uma justificativa para criar confusões através de
provocações, justificando qualquer reação de seus eleitores. Assim, Trump caracteriza o grupo
como o “eles” referido por Laclau (2005), mobilizando a sua base de seguidores em sua defesa,
uma vez que o preconceito contra minorias e a insatisfação com movimentos de autoafirmação
e de luta por direitos para minorias faz parte de sua retórica (MOUFFE, 2019; NORRIS;
INGLEHART, 2019).
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Figura 3 Tweet de 19 de junho de 2018, em que Trump ataca o Partido Democrata*
* Os democratas o o problema. Eles não se importam com o crime e querem que os imigrantes ilegais,
por mais ruins que sejam, invadam e infestem nosso País, como a MS-13. Eles não podem vencer com
suas políticas terríveis, então os veem como eleitores em potencial
Fonte: Trump (2018)
Outro alvo constante de ataques de Trump é o Partido Democrata o partido de oposição
no sistema bipartidário estadunidense , como pode ser observado na Figura 3. Em meio ao
debate acerca da construção do muro com o México, Trump os acusa de serem um problema,
preocupando-se mais com seus potenciais eleitores do que com os danos que seriam causados
pela imigração ilegal ao país. A exposição pública de críticas e de divergências entre os dois
partidos é algo natural e até saudável para a democracia, entretanto as investidas de Trump
contra o Partido Democrata não expressam mera divergência de agendas políticas, mas sim a
atribuição constante do opositor como um problema, um alvo e um inimigo a ser combatido.
Figura 4 Tweet de 04 de fevereiro de 2017, em que Trump ataca o Poder Judiciário*
* O juiz abre nosso país para potenciais terroristas e outros que não têm nossos melhores interesses em
mente. Pessoas más são muito felizes!
Fonte: Brennan Center for justice (2020)
Na Figura 4, pode-se ver Trump atacando o Poder Judiciário do país. Em mais um caso,
o ex-presidente se utiliza da xenofobia para propagar uma estratégia política de “nós”, aqui
manifesto na figura das pessoas boas preocupadas com a possível invasão de terroristas aos
Estados Unidos, contra um “eles” que pauta suas ações na maldade (LACLAU, 2005;
MOUFFE, 2019). Neste caso, o Poder Judiciário teria tomado uma medida a qual é obviamente
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errada, cuja única explicação seria a não preocupação para com o cidadão comum
estadunidense.
Figura 5 Tweet de 26 de maio de 2020, em que Trump ataca Gavin Newsom, Governador
da Califórnia*
* Não NENHUMA MANEIRA (ZERO!) de que as cédulas por correio sejam nada menos do que
substancialmente fraudulentas. Caixas de correio serão roubadas, cédulas serão falsificadas e até mesmo
impressas ilegalmente e assinadas de forma fraudulenta. O governador da Califórnia está enviando
cédulas para milhões de pessoas, qualquer pessoa...
Fonte: Trump (2020)
Na figura 5 é possível ver Trump atacando o Governador da Califórnia em meio à
polêmica dos votos via correio nas eleições presidenciais de 2020. Aqui Trump utiliza o mesmo
discurso que repetiria meses depois, ao ser derrotado na eleição presidencial, de que o voto pelo
correio seria inseguro e poderia ser facilmente fraudado. O ataque a governadores opositores,
bem como a prefeitos, se repetiu ao longo de todo o mandato, em especial em meio a polêmicas
e posições contrastantes entre as partes. Aqui repetiu-se tanto o fato de haver uma
deslegitimação da oposição, a acusando de ser conivente com um crime, como também o
reforço na narrativa de um “eles” unido contra um “nós”.
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Figura 6 Tweet de 27 de novembro de 2020, em que Trump acusa o sistema eleitoral de ser
fraudulento*
* Biden só pode entrar na Casa Branca como presidente se puder provar que seus ridículos "80 milhões
de votos" não foram obtidos de forma fraudulenta ou ilegal. Quando você o que aconteceu em Detroit,
Atlanta, Filadélfia e Milwaukee, fraude eleitoral maciça, ele tem um grande problema insolúvel"
Fonte: The Courier (2020)
Após perder a eleição presidencial de 2020, Trump não reconheceu a derrota e acusou
o sistema eleitoral dos Estados Unidos de permitir fraude em vários estados (aqueles em que
houve reversão de sua vitória após a chegada de votos via correio). Foi a primeira vez em que
se rompeu a tradição estadunidense de o candidato derrotado não reconhecer a vitória do
opositor.
Figura 7 Tweet de 06 de janeiro de 2021, em que Trump acusa Mike Pence de traição*
* Mike Pence não teve coragem de fazer o que deveria ter sido feito para proteger nosso País e nossa
Constituição, dando aos Estados a chance de certificar um conjunto de fatos corrigidos, não os
fraudulentos ou inexatos que foram solicitados a certificar previamente. Os EUA exigem a verdade!
Fonte: Lane (2021)
Na Figura 7, Trump dirige seus ataques ao seu vice-presidente, Mike Pence, por não
participar de seu plano de tumultuar a sessão do Congresso dos Estados Unidos que ratificaria
o resultado eleitoral. O ex-presidente o acusou de traí-lo e de não se esforçar na busca da
verdade. Assim, Trump transformou seu próprio vice em um opositor que estaria se aliando a
aqueles que trazem perigo e coisas ruins aos bons cidadãos.
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Em comum a todas as postagens aqui selecionadas, pode-se ressaltar o fato de Trump
constantemente apelar a um discurso populista, segundo a concepção de Laclau (2005), em que
existe um “nós”, composto por seus apoiadores que seriam o grupo de verdadeiros patriotas e
pessoas boas, e um “eles”, composto por toda a oposição a si, a China, organizações
internacionais, e pessoas que pertencem a outros poderes e instituições, que estariam unidas
contra o seu governo. Neste sentido, qualquer pessoa, coletivo ou instituição que tenha
manifestado discordância acerca de atos de Trump na Presidência é enquadrado não como um
legítimo opositor ou pessoa que faz o seu trabalho, mas como uma ameaça a esse grupo que o
líder representa. Norris e Inglehart (2019), bem como Bernardi e Costa (2020), apontam uma
crescente desconfiança nas instituições por parte dos estadunidenses. O fato de Trump se
utilizar de uma retórica que deslegitima instituições como a vice-presidência, o Congresso, os
partidos de oposição, o ex-presidente Barack Obama e a Suprema Corte não apenas faz sentido
enquanto discurso realizado com base nas opiniões e desconfianças da população, mas também
reforça o sentimento de descrença por parte de seus apoiadores, que as instituições, quando
não se portam conforme seus interesses, são classificadas como um grupo interessado em criar
problemas aos cidadãos.
Considerações finais
A bibliografia clássica da Ciência Política atribuía um status de robustez e infalibilidade
da democracia liberal nos países onde fora criada, apesar de, em suas origens, os sistemas de
governo derivados do que fora idealizado pelos federalistas eram idealizados sendo
deliberadamente excludentes, antidemocráticos e antipopulares. Ao final do século XX, o
modelo democrático liberal estava consolidado e parecia não haver riscos em países de longa
tradição democrática. Contudo, o início do século XXI foi marcado pelo aumento da
insatisfação para com a democracia e a desconfiança nas instituições mesmo em países em que
se acreditava pouco propensos ao autoritarismo (MOUFFE, 2019; NORRIS; INGLEHART,
2019; BERNARDI; COSTA, 2020). Esse comportamento gerou a ascensão de uma tendência
antissistema ou anti-establishment, possibilitando o surgimento de lideranças e movimentos
políticos autoritários, antidemocráticos e populistas. Neste sentido, recupera-se o conceito de
populismo, a fim de explicar fenômenos recentes, embora com uma nova interpretação acerca
de seu conceito. Se originalmente o populismo era um fenômeno predominantemente latino-
americano, ligado ao subdesenvolvimento e à dependência ao imperialismo, hoje ele se
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manifesta em países desenvolvidos e de larga tradição democrática, causando apreensão com
relação às suas consequências. Um dos casos de maior destaque é Donald Trump, uma vez que
este se credenciou para a Presidência dos Estados Unidos sem ter sido eleito anteriormente para
nenhum cargo público, baseando a sua agenda política em uma retórica difusa anti-
establishment e contrariando um perfil comunicacional mais oficial e diplomático, como
tradicionalmente se portaram os presidentes anteriores.
Trump se utilizou de uma estratégia populista em sua comunicação, lançando mão de
uma campanha de comunicação direta com o público, mesmo quando de anúncios oficiais do
governo e da manifestação de opiniões acerca de assuntos polêmicos ou delicados, rejeitando e
até ridicularizando o intermédio da mídia de massas, acusadas pelo ex-presidente de serem
mídia Fake News, excetuando aquelas que apoiavam incondicionalmente as suas ações. Por
meio de sua conta no Twitter, Trump atacava opositores, instituições e até mesmo antigos
aliados que não concordavam com ações em específico ou que romperam politicamente com o
ex-presidente. Neste sentido, através da análise automática de discurso, foi possível constatar
que Trump procurou operar por uma estratégia de criação de um “nós”, composto por ele e por
seus apoiadores e que representariam o verdadeiro patriota estadunidense, contra um eles”,
composto por instituições, personalidades, empresas, veículos de mídia e qualquer pessoa,
entidade ou instituição que se mostrasse contrária. Assim, é possível confirmar a hipótese de
trabalho desenvolvida, visto que a retórica de Trump atacava as instituições com o intuito de
criar um inimigo comum e uniforme que o ameaçava e a todos os seus apoiadores, uma vez que
este era o representante do estadunidense legítimo, pois não compromisso para com as
instituições ou a manutenção da democracia liberal, apenas de seu projeto de poder.
Os resultados apresentados mostram um alerta acerca dos efeitos a curto prazo que a
presidência de Donald Trump causou às instituições e à democracia liberal de seu país. No
entanto, ainda se faz necessário compreender seus efeitos a longo prazo, a partir tanto de seu
comportamento individual nos próximos anos, como também tendo atenção às movimentações
de sua base política, uma vez que, mesmo derrotado eleitoralmente, o efeito de Trump não pode
ser desconsiderado.
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CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Não aplicável.
Financiamento: Não aplicável.
Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse.
Aprovação ética: Não aplicável.
Disponibilidade de dados e material: Todos os dados utilizados estão referenciados no
próprio artigo.
Contribuições dos autores: Ambos os autores formularam a proposta do artigo e fizeram
a revisão final. As duas primeiras sessões foram escritas majoritariamente pela autora
principal e as demais majoritariamente pelo outro autor.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.1.17094 1
POPULISM AND AUTHORITARIANISM: AN ANALYSIS OF DONALD TRUMP'S
TWITTER
POPULISMO E AUTORITARISMO: UMA ANÁLISE DO TWITTER DE DONALD
TRUMP
POPULISMO Y AUTORITARISMO: UN ANÁLISIS DEL TWITTER DE DONALD
TRUMP
Jennifer Azambuja de MORAIS1
e-mail: jennifer.amorais@gmail.com
Felipe Silva MILANEZI2
e-mail: felipe_milanezi@hotmail.com
How to reference this article:
MORAIS, J. A.; MILANEZI, F. S. Populism and authoritarianism:
An analysis of Donald Trump's twitter. Estudos de Sociologia,
Araraquara, v. 28, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 1982-4718.
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.1.17094
| Submitted: 05/03/2023
| Revisions required: 22/04/2023
| Approved: 11/05/2023
| Published: 01/08/2023
Editora:
Prof. Dr. Maria Chaves Jardim
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
Federal University of Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre RS Brazil. Professor of the Superior
Magisterium of the Department of Political Science. Postdoc in Political Science (UFRGS).
Federal University of Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre RS Brazil. PhD student of the postgraduate
Program in Political Science.
Populism and authoritarianism: An analysis of Donald Trump's twitter
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.1.17094 2
ABSTRACT: Liberal democracy, as we know it today, after a long period in which it was
hegemonic and seen as the only possible form of government, has suffered instabilities
regarding its legitimacy in several countries, especially in the United States, where its
institutionality was designed, applied and consolidated. In recent decades, there has been a
growing distrust and dissatisfaction with institutions and politics in general, starting from
different sectors of the US society, opening space for the rise of political leaders who positioned
themselves against the so-called establishment, either with a more progressive proposal, as in
the case of Bernie Sanders or more conservative, as in the case of Donald Trump, elected
President in 2016. Thus, this article aims to analyze how Trump's communication strategy
exerts a rhetoric of delegitimization of institutions. For that, the article will bring the automatic
speech analysis through tweets made by Trump's personal account.
KEYWORDS: Donald Trump. Democracy. United States. Populism. Twitter.
RESUMO: A democracia liberal, tal como conhecemos hoje, após um longo período em que
era hegemônica e vista como a única forma de governo possível, vem sofrendo instabilidades
quanto a sua legitimidade, em vários países, em especial nos Estados Unidos, onde sua
institucionalidade foi pensada, aplicada e consolidada. Nas últimas décadas, uma crescente
desconfiança e insatisfação com relação às instituições e à política em geral, partindo de
setores diversos da sociedade estadunidense, abrindo espaço para a ascensão de lideranças
políticas que se posicionavam contra o chamado establishment, seja com uma proposta mais
progressista, como Bernie Sanders ou mais conservadora, como no caso de Donald Trump,
eleito Presidente, em 2016. Assim, o presente artigo objetiva analisar como a estratégia de
comunicação do Trump exerce uma retórica de deslegitimação das instituições. Para isso, o
artigo trará a análise automática do discurso através de tweets feitos pela conta pessoal de
Trump.
PALAVRAS-CHAVE: Donald Trump. Democracia. Estados Unidos. Populismo. Twitter.
RESUMEN: La democracia liberal, tal como la conocemos hoy, después de un largo período
en el que fue hegemónica y vista como la única forma posible de gobierno, ha sufrido
inestabilidades en cuanto a su legitimidad en varios países, especialmente en Estados Unidos,
donde se diseñó su institucionalidad. aplicada y consolidada. En las últimas décadas, ha
habido una creciente desconfianza e insatisfacción con las instituciones y la política en general,
a partir de diferentes sectores de la sociedad estadounidense, abriendo espacio para el
surgimiento de líderes políticos que se posicionaron en contra del llamado establecimiento, ya
sea con una actitud más propuesta progresista, como en el caso de Bernie Sanders o más
conservadora, como en el caso de Donald Trump, presidente electo en 2016. Así, este artículo
tiene como objetivo analizar cómo la estrategia de comunicación de Trump ejerce una retórica
de deslegitimación de las instituciones. Para ello, el artículo traerá el análisis automatico del
discurso a través de tuits realizados por la cuenta personal de Trump.
PALABRAS CLAVE: Donald Trump. Democracia. Estados Unidos. Populismo. Twitter.
Jennifer Azambuja de MORAIS e Felipe Silva MILANEZI
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 1982-4718
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Introduction
Since before the beginning of his government in the United States in 2017, Donald
Trump was already known for being a personality of blunt and controversial political opinions,
using public space and prestige that he had as a billionaire and television show host to conquer
media space. With the advent of social networks and the popularization of the internet, Trump
began to use social networks, especially Twitter, as a means of propagating his ideas. As a
result, there was speculation about how Trump's relationship with social networks would be
during his term, since, previously, only Barack Obama had exercised the presidency of the
United States with Twitter as a means of communication with the population, using it with low
frequency and under filtering by political advisors (KOIKE; BENTES, 2018).
Trump, in turn, adopted a more direct communication strategy, without the diplomacy
and modesty expected of a president of the republic, in line with the country's political tradition,
adopting unusual behavior on social networks, which is even contraindicated in the area of
political communication, such as the excessive use of adjectives, the time of publications (many
made during the night), the direct attack, through insults, to political opponents and the
propagation of false news, lies and inaccuracies (KOIKE; BENTES, 2018). In this sense,
Donald Trump not only left his political mark on his government actions it can be said that
his government will be historically remembered not because of that , but mainly in the way he
communicated with the population and in the changes that this resulted in the way politicians
use social networks electorally and even in the exercise of their mandates, a new model of
communication can be observed, copied to a greater or lesser extent by leaders such as Jair
Bolsonaro (Brazil), Nayib Bukele (El Salvador) and Viktor Orbán (Hungary), for example. This
movement of far-right leaders has been considered by many authors to be a new type of
populism of worldwide scope, being called metric populism and algorithmic populism or even
authoritarian populism (CASULLO, 2018; NORRIS; INGLEHART, 2019; MOUFFE, 2019;
BERNARDI; COSTA, 2020; MALY, 2020; VARIS, 2020).
As characteristics of these governments and this new type of populism are attacks on
political opponents, attacks on the press and institutions, that is, an authoritarian rhetoric is
observed, as well as the positive reinforcement of authoritarian behaviors on the part of their
supporters against their political opponents or against institutions that are perceived as an
obstacle to the realization of their political ideas (KOIKE; BENTES, 2018; NORRIS;
INGLEHART, 2019; BERNARDI; COSTA, 2020). From this, the present article aims to
analyze how Donald Trump's communication strategy exercises a rhetoric of delegitimization
Populism and authoritarianism: An analysis of Donald Trump's twitter
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of institutions. The proposed working hypothesis is that the delegitimization of institutions is
undertaken as a justification for the mishaps of the Government through a populist strategy of
creating a common enemy, requiring reinforcement in support for the leader entrusted with the
task of facing them.
The article uses the qualitative protocol, based on the automatic speech analysis of seven
tweets by Donald Trump attacking institutions throughout his presidential term (2017-2021).
The tweets were posted on 4 February 2017, 19 June 2018, 31 July 2018, 26 May 2020, 8
September 2020, 27November 2020 and 6 January 2021. Quantitative surveys based on
previous research by Koike and Bentes (2018), Gomes and Dourado (2019) and Bernardi and
Costa (2020) were used to reinforce the weight of attacks on institutions based on the volume
of tweets produced with this content.
The article is divided into three parts, in addition to the introduction and final
considerations. The first will seek to understand the functioning of liberal democracy, its
historical development and the growth of authoritarian values in democracies considered
consolidated. In the second part, the phenomenon of populism will be understood and how it
employs a discursive strategy to confront and delegitimize opposing political positions. In the
third part, Donald Trump's tweets will be analyzed, understanding the rhetoric employed and
the way in which it stimulates disbelief in institutions.
Authoritarianism and Democracy
Democracy is a political regime created in Ancient Greece and classified by Plato as the
degenerate form of exercise of power by the people, which is the harbinger of a restoration that
centralizes power in a single person in the name of order (MOUFFE, 2019). Although a lot of
time passed between the creation of democracy in Ancient Greece and its contemporary
recovery and what is understood by democracy especially in its applicability and institutional
arrangement having differences in relation to the original proposal, it is possible to understand
that, in greater or lesser scale and even if in different ways, its intention is to allow the people
to influence political decisions.
If in Ancient Greece democracy was exercised by the people directly, through
assemblies, contemporary democracy adopts a system of political representation based on the
election of people in charge of deciding political processes within an institutional framework
created in the United States in the 18th century (LIMONGI, 2001). However, this
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institutionality was created precisely to prevent democracy, removing the majority of the
population from power. About democracy, Madison (2001, p. 290, our translation) states that:
“That is why such democracies have always been the scene of disturbances and controversies,
have proved incapable of guaranteeing personal security or property rights and, in general, have
been as brief in their lives as they were violent in their deaths”.
Democracy, therefore, was considered a confusing regime, which would lead to anarchy
and tyranny of the majority, endangering the class of owners (MADISON, 2001). That is, like
Plato, the creators of the political system that is now considered the model of democracy also
did not consider it positively or likely to be a successful means for the political conduct of
society. However, everything created by the federalists
would become synonymous with
democracy, especially after the publication in 1835 of Democracy in America, by Alexis de
Tocqueville (2005). Thus, the division of powers, the system of checks and balances, as well
as all the government mechanisms that would dictate the functioning of politics, became what
is known today as liberal democracy (LOSURDO, 2004).
Authors who would later defend liberal democracy managed to justify the contradiction
between institutions and the exercise of democracy by the people. Bobbio (1987) argues that
liberal democracy is the most effective form of political control by the people, through political
representation and the periodicity of its renewal through elections that would involve the
population and would enable the inspection of the exercise of representation by the represented
and, if necessary, the replacement of the person entrusted with the task of exercising the
mandate. However, this situation would only be possible in a context in which there was an
agreement between all political actors and between society itself in the sense of respecting the
rules of the electoral dispute, avoiding any kind of cheating or contestation of its legitimacy by
mainly of those defeated in the election (BOBBIO, 1987). This would be important for the
victory of the losers, in a new election, to be fully accepted by the new losers (who were
previously victorious), consolidating the political system above personal or party pretensions.
The bet on institutions as strongholds of the good functioning of democracy and
maintainers of the natural democratic order can be found in several authors who perceive the
people in general as a secondary element in the political life of a society, as it is possible to
perceive in Schumpeter (1961, p. 328) when he points out that “the democratic method is an
The Federalist is a series of texts published in newspapers by Alexander Hamilton, James Madison and John Jay,
under this pseudonym, where the basic elements that will constitute the new nation are publicly discussed, as well
as the new form of government that was being built. Subsequently, the texts were collected in a book and published.
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institutional system, for making political decisions, in which the individual acquires the power
to decide through a competitive struggle for the votes of the voter”, summarizing democracy to
periodic voting and not conceiving as possible or virtuous democratic forms that operate in
another way, considering that the decisions taken by representatives are more successful and
effective than the alternatives that could be chosen directly by the majority. In Schumpeter's
view (1961) the population would invariably be satisfied with the effects of measures that in
principle were unpopular. Dahl (2001), on the other hand, understands that the majority must
pressure the representatives so that their will is established, in an idea that all citizens are
responsible for the direction that a society takes and a government that decides policies that go
against the popular will is distorted from its original purpose.
For Dahl (2001, p. 107), the only viable solution, although quite imperfect, is for
citizens to elect their most important officials and hold them more or less accountable through
elections, discarding them in the following elections”. In other words, dissatisfaction with
representation is a possible element that must be resolved within the electoral process, since “it
is extremely complicated to satisfy these demands of democracy in a political unit the size of a
country; to tell the truth, to some extent almost impossible” (DAHL, 2001, p. 107). These
conceptions differ from Schumpeter's (1961) view regarding the way in which the population
should define the directions of politics, but it does not differ in the way of doing so through
periodic elections of representatives. For these authors, the population must have a passive role
in politics most of the time, limiting its activity to the days determined for the election of
representatives, which institutionally may make sense, but can also cover up a dissatisfaction
that can even take the form of mobilizations and assertive contestations about the behavior and
attitudes of political representatives.
If dissatisfaction with the institutional policy, the “system”, the establishment or the
status quo is growing and the change mechanisms seem ineffective, the population may not be
satisfied with the effect of unpopular measures and may not believe in the possibility of change
through the mechanisms that led to this situation, which are elements conducive to the elevation
of anti-system” and authoritarian outputs (MOUFFE, 2019). Dalton and Welzel (2014) noticed
a growth of authoritarian values in already consolidated democracies, however, what seems
paradoxical is part of a phenomenon that developed historically and made elections of leaders
with anti-democratic discourse unsurprising even in countries that, according to the liberal
parameters, would have a strong and robust institutional framework.
Jennifer Azambuja de MORAIS e Felipe Silva MILANEZI
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Claiming that the confrontational model of politics and left-right opposition
had become obsolete, celebrating the “consensus at the center” between
center-right and center-left, the so-called “radical center” promoted a
technocratic form of politics in accordance with which politics would no
longer be a partisan confrontation, but the neutral administration of public
affairs (MOUFFE, 2019, position 201).
This vision of a policy that would have transcended politics itself, being a mere
reproduction of what had been analyzed and recommended by a neutral technical body, is what
Mouffe (2015, 2019) calls post-democracy, where there is a “center consensus” which prevents
any dispute that points to more assertive guidelines, accused of ideological irrationality, leading
to what the author calls post-politics, a vision of modernization of politics where “right” and
“left” would no longer differ in their practice. Like this,
[...] the existing institutions fail to guarantee the loyalty of the people, in the
attempt to defend the existing order. As a result, the historical block that
establishes the social base of a hegemonic formation is dismantled, and the
possibility of building a new subject of collective action the people
appears, capable of reconfiguring a social order considered unfair (MOUFFE,
2019, position 281).
Norris and Inglehart (2019) point out that the United States is undergoing a
transformation in the local political culture due to a growing youth group that, step by step,
changes support for democracy and questions the functioning of institutions. The authors,
however, point this out with reservations that this pattern may not be maintained, since the
democratic tradition can make any authoritarian advance flow back, returning to the previous
stage of stability. However, it is also recognized that the speeches and behavior of popular
political leaders tend to influence the country's political culture, as well as seeking rhetorical
foundations in the beliefs and opinions of the population (CRUZ, 2005). Thus, it is possible to
state that the rise of an authoritarian political leadership takes place in a terrain that is fertile for
this type of phenomenon, at the same time that this leader can influence the delegitimization of
democracy and institutions, especially when he suffers some difficulty in implementation of
campaign promises.
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Populism
Although appearing in previous works, the term populism as a concept for analyzing a
political or sociological phenomenon gained strength in Social Sciences from the 1960s
onwards, as an explanation of a phenomenon common to Latin American countries during the
first half of the 20th century. In this sense, Gino Germani (1973) and Torcuato di Tella (1973)
stand out as Latin American authors on the phenomenon of populism, in addition to Francisco
Weffort (1980) and Octávio Ianni (1975, 1973) in Brazil. Initially, the concept was proposed
as something inherent to underdeveloped countries, explaining a supposed cultural and political
backwardness of Latin America in relation to European countries and the United States.
Germani (1973) points out some historical elements common to Latin American countries that
would explain the specificity of their policy, where the incorporation of the masses into
institutional politics did not happen through representation, but through national-popular
revolutions, which would contrast with solid democracies and would lead to a more
authoritarian culture dependent on charismatic leaders. Di Tella (1973), in turn, understands
that populism is the result of the non-existence of a successful political liberalism combined
with an effective workers' organization movement, a fact that could be observed in
underdeveloped countries. For the author, populism
[...] It is a political movement with strong popular support, with the
participation of non-working-class sectors with significant influence in the
party, and supporter of an anti-status quo ideology. Its sources of strength or
"organizational ties" are:
I. An elite located in the middle or higher levels of the stratification and
endowed with anti-status quo motivations.
II. A mobilized mass formed as a result of the "revolution of aspirations", and
III. A generalized ideology or emotional state that promotes communication
between leaders and followers and creates collective enthusiasm (DI TELLA,
1973, p. 47-48).
Di Tella (1973) points out that populism can have three different political compositions:
the first would have the political command of a clerical or military elite with some popular
support, the second would have the political command of a petty-bourgeois intellectual elite
allied with sectors of the workers and the third, which would be composed of the same groups
as the first, but without popular support. Ianni (1975, p. 20) understands that populism
[...] is oriented towards preventing the worker from suffering the economic,
social, cultural and political consequences in original accumulation [...]. In
essence, populist movements, parties and governments were, or still are, as
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the case may be, inspired by an understanding of economic, social and
political relations that are based on the hegemony of use value.
In this sense, in populism there would be the co-option of the working class by
predominant national economic sectors interested in a project of projection of national interests
against imperialist forces, under an anti-system discourse in the midst of social ruptures with
the order then established, generally related to a period of modernization of underdeveloped
countries. The author converges with Weffort (1980) in the analysis that populism shaped
institutions and the way of doing politics in Latin America, leading to a process of
institutionalization of political relations, popular organization, union struggle and using the
state apparatus to limit the scope and possibilities of action of the popular movement, resulting
in the integration of workers into the political system through corporatism.
Mostly, the first analyzes about the phenomenon of populism in the Social Sciences,
although divergences appeared between the authors, converged to the understanding that this
was a phenomenon associated with underdevelopment and the disruption of a natural order of
incorporation of the masses into the political process, generating greater acceptance of
centralized, authoritarian political figures with no commitment with the respect for the
democratic process. However, what is currently observed and which was the reason for the
resumption of the concept of populism in the Social Sciences is the emergence of populist
leaders and political movements in countries considered until then as strong and consolidated
democracies, breaking with the analyzes that pointed to this as a exclusive phenomenon of
underdeveloped countries, especially in Latin America. In this sense, it can be said that Laclau
(2005) brought important contributions to the debate, understanding populism as an
epiphenomenon, based on a way of doing politics through the division of society into two
antagonistic groups (us and them), which could contain any segment, class fraction, political
forces, ideological groupings or identity groups, depending on how the political forces that
make up the structure that controls political power would operate. There is, therefore, relevance
in understanding how the masses relate to the populist leader, in a two-way relationship that
differs from the classic model of the 20th century.
If in the 20th century the incorporation of the masses into politics took place with an
alliance between classes having as a means a corporatist policy based on state unionism
, in the
21st century the masses are already incorporated into the political process through elections,
having a relationship with the political leader initially as a representation relationship where
See Boito (2006).
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this representative is no longer someone postulating a position, but the representative of a
collectivity in the fight against a common enemy (IANNI, 1975; WEFFORT, 1980;
CASULLO, 2019, NORRIS; INGLEHART, 2019 ). In this sense, populism ceases to be a
phenomenon underlying an abrupt and violent incorporation of the masses into institutional
politics, to become a political form of uniting the population around an anti-establishment
figure, which personalizes the confrontation in a way of doing politics rejected by part of the
population and seen as the origin of existing material problems or a conservative collective
morality threatened by modernity (MOUFFE, 2019; NORRIS; INGLEHART, 2019).
The main cases of far-right populism in democracies considered strong are Donald
Trump and Boris Johnson
. Both arise in traditional parties of their countries: the Republican
Party, in the United States, and the Conservative Party, in the United Kingdom, respectively,
and are responsible for the radicalization of their parties, both openly right-wing, but in two-
party systems in which cohesion around the parties enables a wide range of self-affirmed
political positions as right. Trump was known as a controversial and aggressive president with
regard to opponents, promoting constant attacks, and it can be pointed out that
Favorite targets include the mainstream media (‘fake news’), elections
(‘fraudulent’), politicians (‘drain the swamp’), political parties
(‘dysfunctional’), public-sector bureaucrats (‘the deep state’), judges
(‘enemies of the people’), protests (‘paid rent-a-mob’), the intelligence
services (‘liars and leakers’), lobbyists (‘corrupt’), intellectuals (‘arrogant
liberals’) and scientists (‘who needs experts?’), interest groups (‘get-rich-
quick lobbyists’), the constitution (‘a rigged system’), international
organizations like the European Union (‘Brussels bureaucrats’) and the UN
(‘a talking club’). In Trump’s words, ‘The only antidote to decades of ruinous
rule by a small handful of elites is a bold infusion of the popular will. On every
major issue affecting this country, the people are right and the governing elite
are wrong’ (NORRIS; INGLEHART, 2019, p. 4).
Trump, therefore, presented himself as someone outside politics and anti-establishment,
a representative of popular dissatisfaction with the direction taken by the country's
administration, viewed with suspicion due to the lack of transparency and the possibility of
influencing the population in politics. According to Mouffe (2019), the former president of the
United States was elected in a campaign appealing to national identity, going back to a glorious
past that was threatened by various groups, mobilizing hate speeches against minorities and the
denial of progressive policies that promoted gender equality, rights to the LGBTQIA+
There are other notable cases of populist movements that achieve notable results, such as Rassemblement
National in France, Lega Nord in Italy, Vox in Spain, among others.
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population, reproductive rights and affirmative action, in addition to xenophobia, especially
against Latin Americans, configuring what Norris and Inglehart (2019) classified as
authoritarian populism.
Trump's populism is not limited to expressions of prejudice and hatred against specific
groups, but to a form of communication in which the former president allows himself to invest
in an authoritarian and aggressive rhetoric legitimized by a supposed representation of the
popular will, promoting authoritarian values in the name of the intolerance of a majority, which
would confront what the federalists proclaimed as the differential of the US political system
(MADISON, 2001; LOSURDO, 2004; NORRIS; INGLEHART, 2019). Thus, Norris and
Inglehart (2019, p. 18), when analyzing the factors that lead to support for Trump, state the
following:
We believe that this is indeed an important part of the explanation for support
for authoritarian populism but, by itself is over-simplified, because
xenophobic, racist, and Islamophobic attitudes are linked with a broader range
of socially conservative values. The authoritarian reflex is not confined solely
to attitudes toward race, immigration, and ethnicity, but also to the rejection
of the diverse lifestyles, political views, and morals of ‘out-groups’ that are
perceived as violating conventional norms and traditional customs, including
those of homophobia, misogyny, and xenophobia.
In this sense, it can be said that the strategy of positioning Trump as an anti-system or
anti-establishment part of the reinforcement of common prejudices in a large part of the
population in a historically conservative and Christian country, engendering this with attacks
on groups and institutions that would promote of an agenda that does not respect the traditions
and beliefs of this people (MOUFFE, 2019). According to Mouffe (2019, position 454, our
translation): “Right-wing populists do not address the demand for equality and construct a
‘people’ that excludes numerous categories, usually immigrants, seen as a threat to the identity
and prosperity of the nation”. Thus, space arises for directing dissatisfaction with the
institutional policy towards issues seen as a distortion of the popular will, and this confrontation
is up to the leader, who suffers a hard resistance from the groups considered hegemonic and,
because of this, need their support in the fight against this common enemy (NORRIS;
INGLEHART, 2019). Hence the need to establish support for the charismatic leader in the midst
of actions that can be considered controversial and the justification for acting in the sense of
attacking and weakening the institutions.
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Trump attacks
The Trump Administration stands out for its hitherto unusual use of social networks in
direct communication with the population, as well as the way it behaves in the face of more
traditional mass media vehicles. Traditional media were the object of projection by politicians,
being a reason for greed and tension for the exhibition space and being part of the political
communication strategy throughout the 20th century and the beginning of the 21st (MIGUEL,
2002). In this sense, their power to decide who to give space to, and to which agendas to give
space, having influence on the public agenda and debate was consolidated and it was difficult
to find cases of politicians, especially among those who fulfilled mandates, who directly
confronted the media in general (MIGUEL, 2002). Social networks, however, changed this
scenario, giving rise to populist political leaders who dispense with traditional media, often
entering a collision course, and favoring communication via social networks and even
encouraging discredit towards traditional communication vehicles, highlighting the cases of
Donald Trump (United States), Jair Bolsonaro (Brazil) and Nayib Bukele (El Salvador). One
of the possibilities that open up with this type of strategy is the construction of political
narratives based on fake news and distortions of facts, based on the creation of filter bubbles
that legitimize the political agenda of the president without any verification of information or
space to the contradictory (KOIKE; BENTES, 2018; GOMES; DOURADO, 2019;
BERNARDI; COSTA, 2020). In this context, the right environment is formed to propagate the
political narrative that the populist leader is someone anti-system or anti-establishment,
requiring the fight against institutions that would perpetuate interests contrary to those of the
true people (MOUFFE, 2019). From this, Trump articulated a political campaign based on the
growing distrust of Americans in relation to their institutions (BERNARDI; COSTA, 2020).
According to a survey carried out by Koike and Bentes (2018), in a universe of 161
tweets made in the period from 1st of May to 6th of May 2017, Trump promoted attacks and
criticisms of democrats, institutions, commercial media and public figures in 58 With the
exception of a small sample period, it can be concluded that attacks on institutions have featured
prominently on Donald Trump's Twitter since the beginning of his term. In this sense, the way
in which Trump operates these attacks can be analyzed in sequence, aiming to delegitimize the
institutions.
Jennifer Azambuja de MORAIS e Felipe Silva MILANEZI
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 1982-4718
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Figure 1 31 July 2018 Tweet in which Trump attacks media outlets
Source: Colby (2018)
In Figure 1, it is possible to see a tweet in which Donald Trump speaks out against what
he calls Fake News Media, a term widely used throughout his mandate to discredit any media
vehicle that was not considered his ally (BERNARDI; COSTA, 2020). Regarding the use of
the term Fake News by Trump, Gomes and Dourado (2019, p. 36-37) point out that:
The choice of the expression “fake news”, however, adds another
characteristic, arising from the notion of “news”, to the already known idea of
reports that claim to be factual, but that practice the counterfeiting of inventing
or altering the facts to which they allegedly refer. With this expression,
moreover, considerable emphasis is placed on the fact that these are not just
any factual narratives, but journalistic reports, news stories. This implies, here,
the authority and credibility of the institution of journalism and its production
processes of authorized and credible reports on the facts of reality. These are
not just any false reports, but counterfeits of journalism itself. [...] This is the
reason why the expression “fake news” has become reversible: when a liberal
uses it, he refers to news about invented facts or reports that alter the facts
according to the political conveniences of those who create them; when a
right-wing conservative, such as Trump or Bolsonaro, uses it, the reference is
to journalism in general, considered, by them, an institution already
compromised, that is, already invaded and controlled by liberals and the left.
In this sense, there is a delegitimization of the independent press that is committed to
fact-finding and to journalism that is not merely official. This occurs so that the only news
certified as reliable and credible by the populist leader are those inside the filter bubbles,
rejecting criticism and what is pointing out the contradictory (MOUFFE, 2019; BERNARDI;
COSTA, 2019).
The term liberal refers to the US political context.
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Figure 2 Tweet of 8 September 2020, in which Trump attacks the Black Lives Matter
movement
Source: CBS PITTSBURGH (2020)
Trump was also notable for taking a vehement position against social movements,
mainly linked to progressive agendas. In Figure 2, it is possible to see an attack by the former
US president on a demonstration organized by the Black Lives Matter movement, in which the
president classifies them as anarchists and qualifies their actions as a mere electoral pretext
against him, as well as a justification for creating confusion through provocations, justifying
any reaction from their constituents. Thus, Trump characterizes the group as the “they” referred
to by Laclau (2005), mobilizing his base of followers in his defense, since prejudice against
minorities and dissatisfaction with movements of self-affirmation and struggle for rights for
minorities makes part of his rhetoric (MOUFFE, 2019; NORRIS; INGLEHART, 2019).
Figure 3 Tweet of 19 June 2018 in which Trump attacks the Democratic Party
Source: Trump (2018)
Another constant target of attacks by Trump is the Democratic Party the opposition
party in the US two-party system , as can be seen in Figure 3. Amidst the debate about building
the wall with Mexico, Trump accuses them of being a problem, worrying more about their
potential voters than the damage that would be caused by illegal immigration into the country.
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The public exposure of criticism and disagreements between the two parties is something
natural and even healthy for democracy, however Trump's attacks against the Democratic Party
do not express a mere divergence of political agendas, but rather the constant attribution of the
opponent as a problem, a target and an enemy to be fought.
Figure 4 Tweet of 4 February 2017 in which Trump attacks the judiciary *
Source: Brennan Center for justice (2020)
In Figure 4, you can see Trump attacking the country's Judiciary. In yet another case,
the former president uses xenophobia to propagate a political strategy of “us”, here manifested
in the figure of good people concerned about the possible invasion of terrorists in the United
States, against a “they” that guides their actions in evil (LACLAU, 2005; MOUFFE, 2019). In
this case, the Judiciary would have taken a measure which is obviously wrong, whose only
explanation would be the lack of concern for the common American citizen.
Figure 5 Tweet of 26 May 2020, in which Trump attacks California Governor Gavin
Newsom
Source: Trump (2020)
In figure 5, it is possible to see Trump attacking the Governor of California in the midst
of the controversy of votes by mail in the 2020 presidential elections. Here Trump uses the
same speech that he would repeat months later, when he was defeated in the presidential
election, that the vote by mail it would be insecure and could be easily cheated. The attack on
opposing governors, as well as on mayors, was repeated throughout the term, especially in the
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midst of controversies and contrasting positions between the parties. Here, both the fact that
there was a delegitimization of the opposition, accusing it of colluding with a crime, was
repeated, as well as the reinforcement in the narrative of a “they” united against a “us”.
Figure 6 Tweet of 27 November 2020, in which Trump accuses the electoral system of
being fraudulent *
Source: The Courier (2020)
After losing the 2020 presidential election, Trump did not recognize defeat and accused
the United States electoral system of allowing fraud in several states (those in which his victory
was reversed after the arrival of votes via mail). It was the first time that the US tradition of the
defeated candidate not recognizing the opponent's victory was broken.
Figure 7 Tweet of 6 January 2021, in which Trump accuses Mike Pence of treason *
Source: Lane (2021)
In Figure 7, Trump directs his attacks at his vice president, Mike Pence, for not
participating in his plan to disrupt the session of the United States Congress that would ratify
the election result. The former president accused him of betraying him and of not making an
effort in the search for the truth. Thus, Trump turned his own vice into an opponent who would
be siding with those who bring danger and bad things to good citizens.
In common with all the posts selected here, it can be highlighted the fact that Trump
constantly appeals to a populist discourse, according to the conception of Laclau (2005), in
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which there is a “we”, composed of his supporters who would be the group of true patriots and
good people, and a “they”, made up of all opposition, China, international organizations, and
people belonging to other powers and institutions, who would be united against his government.
In this sense, any person, collective or institution that has expressed disagreement with Trump's
actions in the Presidency is framed not as a legitimate opponent or person who does his job, but
as a threat to that group that the leader represents. Norris and Inglehart (2019), as well as
Bernardi and Costa (2020), point to a growing distrust of institutions on the part of Americans.
The fact that Trump uses rhetoric that delegitimizes institutions such as the vice presidency,
Congress, opposition parties, former president Barack Obama and the Supreme Court not only
makes sense as a speech based on the opinions and suspicions of the population, but also
reinforces the feeling of disbelief on the part of his supporters, since institutions, when they do
not behave in accordance with their interests, are classified as a group interested in creating
problems for citizens.
Final considerations
The classic bibliography of Political Science attributed a status of robustness and
infallibility to liberal democracy in the countries where it was created, despite the fact that, in
their origins, the systems of government derived from what was idealized by the federalists
were idealized as being deliberately exclusive, anti-democratic and anti-popular. At the end of
the 20th century, the liberal democratic model was consolidated and there seemed to be no risk
in countries with a long democratic tradition. However, the beginning of the 21st century was
marked by an increase in dissatisfaction with democracy and distrust in institutions, even in
countries where it was believed that they were not prone to authoritarianism (MOUFFE, 2019;
NORRIS; INGLEHART, 2019; BERNARDI; COSTA, 2020). This behavior generated the rise
of an anti-system or anti-establishment tendency, enabling the emergence of authoritarian, anti-
democratic and populist leaders and political movements. In this sense, the concept of populism
is recovered in order to explain recent phenomena, albeit with a new interpretation of its
concept. If originally populism was a predominantly Latin American phenomenon, linked to
underdevelopment and dependence on imperialism, today it manifests itself in developed
countries with a long democratic tradition, causing apprehension regarding its consequences.
One of the most prominent cases is Donald Trump, since he accredited himself to the Presidency
of the United States without having previously been elected to any public office, basing his
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political agenda on a diffuse anti-establishment rhetoric and contradicting a communicative
profile more official and diplomatic, as previous presidents have traditionally behaved.
Trump used a populist strategy in his communication, making use of a campaign of
direct communication with the public, even when official government announcements and the
expression of opinions on controversial or sensitive subjects, rejecting and even ridiculing the
mass media, accused by the former president of being Fake News media, except for those who
unconditionally supported his actions. Through his Twitter account, Trump attacked opponents,
institutions and even former allies who did not agree with specific actions or who broke
politically with the former president. In this sense, through automatic speech analysis, it was
possible to verify that Trump sought to operate through a strategy of creating a “us”, composed
of him and his supporters and who would represent the true American patriot, against a “they”,
composed of by institutions, personalities, companies, media vehicles and any person, entity or
institution that was contrary. Thus, it is possible to confirm the developed working hypothesis,
since Trump's rhetoric attacked the institutions with the intention of creating a common and
uniform enemy that threatened him and all his supporters, since he was the representative of
the legitimate US citizen, as there is no commitment to the institutions or maintenance of liberal
democracy, only his power project.
The results presented show a warning about the short-term effects that the presidency
of Donald Trump caused to institutions and liberal democracy in his country. However, it is
still necessary to understand its long-term effects, based both on his individual behavior in the
coming years, as well as paying attention to the movements of his political base, since, even
electorally defeated, the effect of Trump cannot be disregarded.
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CRediT Author Statement
Acknowledgements: Not applicable.
Financing: Not applicable.
Conflicts of interest: There are no conflicts of interest.
Ethical Approval: Not applicable.
Availability of data and material: All data used are referenced in the article itself.
Author contributions: Both authors formulated the proposal of the article and made the
final revision. The first two sections were written mostly by the lead author and the rest
mostly by the other author.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.