RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023006, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.15694 1
BNCC, ENSINO MÉDIO E EDUCAÇÃO FÍSICA: FORMAÇÃO DE HABILIDADES
E DE COMPETÊNCIAS
BNCC, ENSEÑANZA MEDIA Y EDUCACIÓN FÍSICA: FORMACIÓN DE
HABILIDADES Y DE COMPETENCIAS
BNCC, SECONDARY SCHOOL AND PHYSICAL EDUCATION: DEVELOPMENT OF
ABILITIES AND SKILLS
Eduardo Borba GILIOLI1
e-mail: eduardoborbagilioli@hotmail.com
Maria Terezinha Bellanda GALUCH2
e-mail: mtbgaluch@uem.br
Eduardo Oliveira SANCHES3
e-mail: eosanches2@uem.br
Como referenciar este artigo:
GILIOLI, E. B.; GALUCH, M. T. B.; SANCHES, E. O. BNCC,
ensino médio e educação física: Formação de habilidades e de
competências. Revista Ibero-Americana de Estudos em
Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023006, 2023. e-ISSN: 1982-
5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.15694
| Submetido em: 11/10/2022
| Revisões requeridas em: 07/11/2022
| Aprovado em: 09/12/2022
| Publicado em: 01/01/2023
Editor:
Prof. Dr. José Luís Bizelli
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Universidade Estadual de Maringá (UEM), Marin PR Brasil. Departamento de Teoria e Prática da
Educação. Doutorado em Educação (UEM).
2
Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá PR Brasil. Docente. Departamento de Teoria e Prática
da Educação. Doutorado em Educação: História, Política, Sociedade (PUC/SP).
3
Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá PR Brasil. Docente. Departamento de Teoria e Prática
da Educação. Doutorado em Educação (UNESP).
BNCC, ensino médio e educação física: Formação de habilidades e de competências
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RESUMO: Esta pesquisa, de caráter bibliográfico, apoia-se na Teoria Crítica da Sociedade,
para analisar a proposta formativa que baliza a Base Nacional Comum Curricular para a
Educação Física no Ensino Médio, tensionando a reforma nesse nível de ensino. A proposta da
Educação Física no Ensino Médio ao pautar-se em habilidades e competências, secundarizando
os conteúdos específicos da área, revela um modelo formativo que atua nos limites da adaptação
dos sujeitos ao trabalho precarizado, sob o fetiche tecnológico da produção flexível, em vez de
primar pela educação que conduz ao desenvolvimento de indivíduos autônomos e
autorreflexivos, embora o documento enfatize uma suposta formação crítica.
PALAVRAS-CHAVE: Educação Física. Diretrizes da educação. Teoria Crítica da cultura.
Ensino Médio.
RESUMEN: Este estudio, de carácter documental, se fundamenta en la Teoría Crítica de la
Sociedad, analizando la propuesta formativa, que orienta la Base Nacional Común Curricular,
para la educación física, en la enseñanza media, tensionando la reforma en ese nivel de
enseñanza. La propuesta de la educación física, en la enseñanza media considera las
habilidades y competencias, dejando en segundo lugar los contenidos específicos del área,
revela un modelo formativo, que actúa en los límites de la adaptación de los sujetos, al trabajo
recomendado, bajo el fetiche tecnológico de la producción flexible, al contrario de destacarse
por la educación que conduce al desarrollo de individuos autónomos y autorreflexivos, sin
embargo, el documento destaca una supuesta formación crítica.
PALABRAS-CLAVE: Educación física. Directrices educativas. Teoría crítica de la cultura.
Enseñanza Media.
ABSTRACT: The basis for this documentary study is the Critical Theory of Society, to analyze
the formative proposal that underpins the National Common Curriculum Framework for
physical education in secondary schools, with emphasis on overhauling this level of education.
The proposal for physical education in secondary schools to be based on ability and skills,
relegating the specific content in the area to a second plane, unveils a formative model that
operates at the limits of adaptation of individuals to unstable working conditions, under the
technological fetish of flexible production, instead of striving for an education that leads to the
development of independent, self-reflective individuals, although the document does emphasize
a supposed critical education.
KEYWORDS: Physical education. Educational policies. Critical culture theory. Secondary
education.
Eduardo Borba GILIOLI; Maria Terezinha Bellanda GALUCH e Eduardo Oliveira SANCHES
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023006, 2023. e-ISSN: 1982-5587
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Introdução
Das normativas oficiais para a educação à sua materialização no ambiente escolar
um longo percurso dentre os quais figuram aspectos legais, didático-pedagógicos, humanos,
econômicos e sociais. O cotidiano escolar não é mero reflexo de orientações oficiais, que
currículo formal, currículo oculto, currículo informal e currículo em ação se fazem presentes
na escola, todavia, não é possível desconsiderar a influência que os princípios normativos
exercem sobre a dinâmica educacional.
A normatização da educação escolar é permeada por um conjunto de ações que incluem
os documentos legais; as reformas do ensino; as discussões de especialistas da área sobre
possibilidades e necessidades de mudanças no ensino; a organização curricular de cursos de
graduação e de pós-graduação; a elaboração de materiais didáticos; a sistematização de planos
de cargos e de carreiras de profissionais da educação; as avaliações em larga escala, que
resultam em ranqueamento de instituições de ensino etc. (SHIROMA; MORAES;
EVANGELISTA, 2011).
Nessa lógica, mesmo que professores, gestores, pais e alunos não conheçam a legislação
educacional; mesmo que não a tenham estudado ou não assumam integralmente as suas
recomendações, acabam internalizando as compreensões de ensino, de aprendizagem, de
formação, de homem e de sociedade que a subjazem, já que essas concepções estão presentes e
são disseminadas em diferentes instâncias e instituições, com a participação direta dos
mecanismos midiáticos. Nesse sentido, os documentos que regulam a organização curricular
nacional constituem importantes fontes para a compreensão do fenômeno educacional em seus
diferentes níveis.
A previsão para o Estado legislar sobre as bases e diretrizes da educação nacional
visando um currículo comum data da promulgação da Constituição Federal de 1988 (BRASIL,
1988). A preocupação com um currículo comum para elevar o nível educacional brasileiro o
é uma questão recente. Em 1971, a organização de um sistema nacional de educação foi a tese
defendida por Saviani (2008), na qual definiu esse sistema como “a unidade dos vários aspectos
ou serviços educacionais mobilizados por determinado país, intencionalmente reunidos de
modo a formar um conjunto coerente que opera eficazmente” (SAVIANI, 2010, p. 381) na
formação escolar de uma determinada população. a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB) delega à União a responsabilidade de coordenar a Política Nacional de
Educação, estabelecendo competências e direcionamentos comuns para a Educação Básica, no
sentido de garantir padrões nimos de qualidade de ensino para todas as regiões do Brasil
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(BRASIL, 2019), o que foi oficializado em 2017, com a Base Nacional Comum Curricular
(BNCC) (BRASIL, 2018).
Se a melhoria dos níveis educacionais não se restringe à organização de um currículo
nacional comum, tampouco se concretiza sem ele. Nesse sentido, temos uma importante
questão para o ensino em geral e para as disciplinas específicas, em especial: a relação entre a
divisão, a seriação e a hierarquização dos conteúdos e dos objetos de ensino ao longo dos anos
iniciais e dos anos finais do Ensino Fundamental e o aluno que se pretende formar.
Para a reflexão sobre a relação entre o conteúdo das disciplinas que compõem as
propostas oficiais para orientar o currículo escolar e a concepção de formação que as
fundamenta, tomamos como objeto a Educação Física, que se trata de uma disciplina que
acompanha o decurso da Educação Básica.
Sem buscar o engessamento dos seus conteúdos, uma certa organicidade para a área é
importante, pois
[...] o espaço da Educação Física escolar não merece ser reservado para
vivências corporais aleatórias, experimentações vagas, preenchimento do
tempo a partir da eleição arbitrária de conteúdos, enfim para uma série de
condições que, no geral, revelam a ausência de uma lógica de transição dos
conhecimentos que minimamente possa dar um rumo mais reflexivo ao
desenvolvimento das ações pedagógicas (SOUZA, 2021, p. 99).
A consolidação da BNCC (BRASIL, 2018) levanta a expectativa sobre suas influências
sobre a organização do ensino de educação sica, remetendo-nos à reflexão sobre as
possibilidades formativas desse componente curricular.
Neste artigo, centramo-nos na proposta da BNCC para o Ensino Médio, amparando-nos
no conceito de racionalidade instrumental tratado pela Teoria Crítica da Sociedade. A opção
por esse conceito e por essa perspectiva teórica se deve ao fato de que a BNCC se consubstancia
em proposta para os diferentes níveis, modalidades e redes de ensino, ou seja, trata-se de um
documento que conduz e administra a formação em um determinado tempo e espaço sociais.
Racionalidade instrumental e o controle da formação
Autor expressivo da Teoria Crítica da Sociedade, Adorno (1995) concebe o
conhecimento como o resultado do confronto entre sujeito e objeto. A despeito de o objeto deter
a primazia, o sujeito não é anulado. Ao contrário, a apropriação do movimento da
coisa/realidade (não-Eu) é condição para o desenvolvimento da individualidade (Eu); os dois
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elementos não compõem uma unidade indiferenciada, tampouco se relacionam de forma
antitética. Como dizem Horkheimer e Adorno (1985, p. 19), no “sentido mais amplo do
progresso do pensamento o esclarecimento tem perseguido sempre o objetivo de livrar os
homens do medo e de investi-los na posição de senhores”. O desenvolvimento histórico da
sociedade, no qual está implicada a constituição do pensamento, é marcado por relações de
dominação. A subjugação inicial do homem à natureza sofre uma inversão. Na sociedade
tecnológica, a natureza, inclusive a humana, é dominada pelas relações sociais
(HORKHEIMER; ADORNO, 1985).
Segundo Adorno (2004), uma vez que a objetividade do pensamento depende da relação
do sujeito com a coisa, e na sociedade da mercadoria as especificidades dos objetos são
subsumidas pelo valor de troca, ou seja, o ato de conjecturar as possibilidades das condições
objetivas, do seu vir a ser, é cerceado. Com efeito, no intercâmbio de equivalentes, a
individualização é comprometida pela estereotipia e pela dissolução do conteúdo da própria
formação.
A constituição da individualidade demanda a capacidade de introspecção, de reflexão e
de suspensão do imediato por algo complexo, porque dotado de historicidade e de movimento.
Em contraposição, a incapacidade de diferenciação entre os objetos padronizados induz à
imediaticidade da apreensão dos fatos. Enquanto as possibilidades de constituição do humano
são restritas, o processo de coisificação do sujeito é impulsionado, que a fetichização da
mercadoria implica “uma configuração racional da invariabilidade mítica” (ADORNO, 1995,
p. 59). Horkheimer e Adorno (1985) refletem sobre o processo de dissolução do pensamento
mítico pelo esclarecimento e sobre como, no mundo administrado, o próprio esclarecimento
apresenta elementos de mistificação, isto é, a razão destruiu o mito, entretanto, incorporou os
seus resíduos como forma de operar.
Em tal contexto, os autores analisam que no início da modernidade as ideias iluministas
de emancipação humana por meio da razão influenciaram o alvorecer da ciência moderna. Até
então, explicações baseadas na fé tinham o valor de verdade, inclusive, de dogmas.
Com a criação dos métodos modernos, explicações inquestionáveis para fenômenos
naturais e sociais passam a se fundamentar em modelos descritivos, organizados por parâmetros
e instrumentos, por meio da observação e do experimento.
Essa racionalidade, aos poucos, deixa de fazer parte de um ideal de emancipação
humana e vai sendo incorporado pelo modelo produtivo como instrumento para maior eficiência
da exploração dos recursos naturais, da expropriação do proletariado e da dominação e do
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controle dos espaços sociais. A razão instrumental remete justamente ao uso do conhecimento,
que um dia fora visto como fonte de liberdade e de experiência; torna-se recurso para o modelo
produtivo se manter e se reproduzir.
Em tal contexto, ao utilizar um recurso metodológico de exposição dos problemas
formativos oriundos da sociedade tecnológica, Horkheimer (2010) diferencia a razão objetiva
da razão subjetiva. A primeira está associada ao primado do objeto e à justiça, às suas
especificidades na relação com o sujeito. Em oposição a isso, a razão subjetiva, consolidada nas
trocas, despreza a objetividade, formaliza e relativiza a liberdade para a disputa individual.
O amor à liberdade formal nutrido pela ideologia burguesa desqualifica o pensamento
teórico. Nesses termos, uma tendência objetiva para a involução da subjetividade, para o
funcionamento abstrato das ideias, pois a barreira imposta pelas relações sociais cria uma ilusão
de felicidade, em que as contradições entre a teoria e a prática, entre o pensamento e a ação e
entre a administração e a liberdade real não são desveladas ou são consideradas como falhas do
pensamento, cujo conteúdo é moldado e naturalizado pela exploração do homem pelo homem
(HORKHEIMER, 1976).
Se a reflexão sobre o bem-estar humano, como algo a ser conquistado em termos
genéricos, revela-se inalcançável pela consciência reificada, resta a fetichização dos meios e o
fortalecimento da racionalidade instrumental que levam à conformação à realidade existente.
Sem desmerecer que uma certa dose de adaptação é condição para a própria resistência à
limitação do humano, a adaptação é meio e não fim das relações sociais, diz Horkheimer (2010).
Sobre a adaptação como um momento necessário da diferenciação individual, com base
em sua experiência de exílio nos Estados Unidos da América, Adorno (1995, p. 137) diz o
seguinte:
Embora eu não desconheça que a individualidade não se forma de outra
maneira senão seguindo um processo de adaptação e de socialização, tanto
mais, por outro lado, considero como uma obrigação e uma prova de
individuação que esta vá além da adaptação.
A formação para a adaptação à sociedade liberal, ao mundo administrado, em grande
medida é favorecida pela indústria cultural como um sistema ideológico, cujo capitalismo
monopolista lhe serve de base e lhe define o conteúdo. Ao mesmo tempo, a constituição dos
monopólios, em todos os ramos das produções material e espiritual, depõe contra os próprios
princípios formais do liberalismo clássico.
Eduardo Borba GILIOLI; Maria Terezinha Bellanda GALUCH e Eduardo Oliveira SANCHES
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Dessa maneira, a compreensão da existência de um livre intercâmbio de produtos, ou
mesmo do retorno das condições sociais dos primórdios do liberalismo de mercado, associado
à menção do termo neoliberalismo, constitui-se um recurso eufemístico para disfarçar o engodo,
a ideologia. Marcuse (1979) reconhece que a concentração da economia pelas grandes
corporações, o enfraquecimento da oposição política ao capitalismo, mesmo antes do fim da
Guerra Fria, e as novas formas de controle veladas pela tecnologia contribuem para o
fechamento do universo político.
A despolitização das relações sociais é corroborada pela concepção de linguagem em
uma perspectiva funcional e acrítica. O fechamento do universo da locução contribui para a
consolidação da sociedade administrada e para a constituição dos acordos sociais, pois, sem
capacidade de refletir sobre as contradições, o pensamento conceitual é limitado, apartando
ideologicamente a realidade do campo linguístico, argumenta Marcuse (1979). Por seu turno,
as técnicas de propaganda e de publicidade, como protótipos do engodo impresso na linguagem,
‘transformam’ o totalitarismo em ‘democracia’, o trabalhador em colaborador’, o agrotóxico
em ‘substância de controle ambiental’, os empregados e empregadores em time, o asilo em
‘instituição de longa permanência para idosos’, a favela em ‘comunidade’, a desigualdade em
‘diversidade cultural’, as fraudes de campanhas eleitorais em eleições ‘livres’, as mercadorias
em objetos ‘exclusivos’ como ‘seu carro’, ‘seu filme’, ‘seu jornal’ etc. Adorno (1969)
compreende a personalização como uma forma de aliviar a atomização do indivíduo diante do
mecanismo anônimo do mercado.
O desenvolvimento da sociedade industrial vincula-se à razão do Estado e essa
racionalidade instrumental tende a repelir as formas de protestos que possam colocar em xeque
as estruturas sociais. Disso resulta a generalização da formação que concorre para a manutenção
das ilusões que favorecem a perpetuação da realidade. Em outros termos, a violência estrutural
é mantida sem contestação das suas raízes. A dominação se amplia e se expressa na privação
da verdade como um mecanismo de controle do pensamento pela indústria cultural como um
sistema que tudo abarca.
Marcuse (1978, p. 19), ao criticar o histórico antagonismo entre os interesses estatais e
o desenvolvimento dos indivíduos, se expressa nos seguintes termos: “A civilização ocidental
sempre glorificou o herói, o sacrifício da vida pela cidade, o Estado, a nação; raramente
indagou-se se a cidade estabelecida, o Estado ou a nação eram dignos de sacrifício”.
Essa racionalidade do Estado representa oficialmente os interesses da sociedade
tecnológica, substituindo a razão crítica pela opinião pública que, por seu caráter de falseamento
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da realidade, contribui com a debilidade do Eu e com o desenvolvimento da solidariedade
unilateral, implicando no fortalecimento do narcisismo coletivo, cujo exemplo mais nefasto foi
Auschwitz (ADORNO, 1995; HORKHEIMER, 1976, 2010).
Segundo Adorno (1995), o maior objetivo da educação deve ser o impedimento da
repetição do holocausto nazista, lembrando que a própria necessidade de justificar essa
imperiosa demanda da humanidade já se configura expressão da formação para a frieza e para
a indiferença.
Especificamente à educação escolar, cabe possibilitar a autorreflexão crítica sobre o
próprio conhecimento e a sociedade que o produz, de modo a participar da oposição à barbárie.
Esse processo passa, necessariamente, pela apropriação do conhecimento elaborado, em
consonância com os aspectos éticos e políticos da teleologia humana. Em suma, o fato
contraditório de que apenas na época da bomba atômica foi possível pensar a eliminação da
violência deve ser objeto de análise constante da educação para a crítica e para a resistência
(ADORNO, 1995).
Nesses termos, a análise da BNCC pode revelar elementos contraditórios, ou seja, a
expressão da racionalidade instrumental de uma proposta de organização oficial do ensino e a
previsão do ensino de determinados conhecimentos que possibilitam extrapolar a aparência da
realidade. Nesse sentido é que passamos à reflexão do documento, no que tange ao Ensino
Médio, com destaque para a educação física.
BNCC e a educação física no Ensino Médio: instrumentalização da formação
O processo de elaboração da BNCC expressa o antagonismo entre o esforço oficial para
a obtenção de consenso e o caráter antidemocrático de sua consolidação (FERRETTI, 2018).
Embora a previsão de um currículo comum nacional esteja presente na Carta Magna de 1988,
o impulso para sua efetivação foi dado pela Medida Provisória (MP) . 746 (BRASIL, 2016b),
a qual baliza a promulgação da Lei nº. 13.415 (BRASIL, 2017), que reformula o Ensino Médio
e dá amparo à BNCC.
Entre os anos de 2015 e 2016, em virtude do fechamento de escolas públicas por parte
de alguns governos estaduais, da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) . 95 (BRASIL,
2016a), que congela os investimentos públicos na área social por um período de 20 anos, por
isso denominada de PEC da morte por seus críticos, e por conta da MP 746, ocorreram
ocupações de escolas públicas por estudantes e protestos em vários estados do Brasil. Em São
Eduardo Borba GILIOLI; Maria Terezinha Bellanda GALUCH e Eduardo Oliveira SANCHES
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Paulo, essas manifestações atingiram, pelo menos, 60 municípios; no Paraná,
aproximadamente, 850 instituições de ensino se envolveram em atos públicos (BOUTIN;
FLACH, 2017).
O clima de retrocesso se fez presente nas audiências públicas propostas pelo Ministério
da Educação (MEC), para debater a BNCC, no ano de 2018. Em 11 de maio, em Florianópolis,
ocorreu a primeira audiência que contou com uma expressiva representatividade oposicionista
ao documento. O segundo momento, previsto para o dia 8 de junho, foi suspenso em virtude
dos protestos contra a reforma do Ensino Médio. A terceira audiência aconteceu no dia 5 de
julho, em Fortaleza, sendo alvo de muitas críticas. Em 10 de agosto, em Belém, a quarta audição
foi tomada pelos manifestantes e a última reunião pública foi realizada em Brasília, no dia 10
de setembro, sob forte aparato policial (KOEPSEL; GARCIA; CZERNISZ, 2020).
Apesar dos conflitos de interesses que permearam a elaboração da BNCC, na redação
final do documento, afirma-se que esse movimento ocorreu mediante extensivos debates e
amplas consultas à sociedade e à comunidade educacional (BRASIL, 2018), apresentando um
falso caráter democrático e dialógico.
No espaço de disputa e de tensões sobre a BNCC podemos situar as organizações
vinculadas à educação pública, como a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em
Educação (Anped); a Associação Nacional de Política e Administração em Educação (Anpae);
a Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação (Anfope) e a
Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), bem como as organizações
empresariais de parceria público-privada, tal como expõe Michetti (2020, p. 4) na passagem
que segue:
Na qualidade de ‘parceiros’, elas declaram órgãos e instâncias de governo,
organismos multilaterais, associações civis, fundações e associações
(‘institutos’) privadas e empresas. Destacando apenas as fundações
empresariais e familiares, temos, como parceiros da Undime, a Fundação
Victor Civita, a Fundação Abrinq, a Fundação Itaú Social, o Instituto Natura,
a Fundação Telefônica Vivo, o Instituto Alana, a Fundação Lemann e a
Fundação SM. E, como parceiros do Consed, estão a Fundação Roberto
Marinho, a Fundação Itaú Social, O Instituto Unibanco, A Fundação Victor
Civita, o Instituto Natura, a Fundação Santillana, a Fundação Lemann, a
Fundação Telefônica Vivo, além das empresas Gerdau e Itaú BBA.
Independentemente das motivações específicas de cada uma dessas instituições, o
objetivo do lucro não deixa de ser central, portanto, há uma sintonia com as recomendações do
BM, cuja função oficial é a promoção do desenvolvimento econômico de diferentes regiões do
planeta, mas acaba atuando mais como mentor de políticas macrossociais, sobretudo as de
BNCC, ensino médio e educação física: Formação de habilidades e de competências
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cunho educacional, impostas aos países como condição para empréstimos financeiros. Em
última instância, o BM atende à ordem econômica que hierarquiza e mantém a relação de
subserviência dos países e das regiões periféricas em relação ao centro do capitalismo mundial
(ARRUDA, 2009). Essa mesma tendência fortalece os monopólios em detrimento da ideologia
do livre mercado.
A partir de recomendações calcadas nos limites das relações econômicas internacionais,
a BNCC é balizadora da educação brasileira e pretende influenciar não apenas a reestruturação
curricular, mas “a formação inicial e continuada dos educadores, a produção de materiais
didáticos, as matrizes de avaliações e os exames nacionais que serão revistos à luz do texto
homologado da Base(BRASIL, 2018, p. 5). Portanto, trata-se de uma reforma que se firma
como um sistema que não deixa escapar qualquer aspecto do processo formativo. As
justificativas anunciadas pela BNCC para a rápida reforma educacional, de forma particular a
do Ensino Médio, enfatizam as motivações de ordem econômica.
Para responder a essa necessidade de recriação da escola, mostra-se
imprescindível reconhecer que as rápidas transformações na dinâmica social
contemporânea nacional e internacional, em grande parte decorrentes do
desenvolvimento tecnológico atingem diretamente as populações jovens e,
portanto, suas demandas de formação. Nesse cenário cada vez mais complexo,
dinâmico e fluido, as incertezas relativas às mudanças no mundo do trabalho
e nas relações sociais como um todo representam um grande desafio para a
formulação de políticas e propostas de organização curriculares para a
Educação Básica, em geral, e para o Ensino Médio em particular (BRASIL,
2018, p. 462).
A mensagem sintetizada neste excerto evidencia que o desenvolvimento econômico do
Brasil está condicionado à atualização da Educação Básica, tendo em vista tanto as
transformações tecnológicas como as do mercado de trabalho. Em um dos documentos do BM
podemos perceber como os sistemas de ensino são avaliados negativamente, levando em conta
seu suposto anacronismo com as necessidades do mercado produtivo, o que justificaria as
reformas tangenciadas pela BNCC.
Os níveis implacavelmente elevados de desemprego, especialmente entre os
jovens, ressaltaram a incapacidade dos sistemas de educação para formar
jovens com as competências correctas para o mercado de trabalho e
incentivaram os apelos de mais oportunidades e responsabilidades (BANCO
MUNDIAL, 2011, prefácio).
A necessidade de sintonia da educação com as exigências do mundo do trabalho
continua presente, porque, apesar de as condições materiais para a sua superação estarem dadas,
Eduardo Borba GILIOLI; Maria Terezinha Bellanda GALUCH e Eduardo Oliveira SANCHES
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nesta sociedade, o trabalho ainda é condição para a (re) produção da vida (MARX; ENGELS,
2008). Todavia, via de regra, a formação está restrita à adaptação dos sujeitos aos mecanismos
excludentes do mercado, sobretudo porque o processo de modernização do trabalho é
naturalizado, implicando em um fetichismo tecnológico, despido de contradição e de
historicidade, pois para a grande maioria das pessoas pertencentes à base da pirâmide social, o
que se objetiva formalmente é a adaptação ao trabalho simples, de baixa qualificação, com
predomínio da informalidade do setor de serviços e com baixa remuneração (MOTTA;
FRIGOTTO, 2017). Em contrapartida, o fascínio promovido pelas novas tecnologias de
comunicação e de intervenção no mundo potencializa a ilusória efetivação da subjetividade
plenamente autônoma e desenvolvida (OLIVEIRA; GALUCH; GIOVINAZZO JÚNIOR,
2019).
Para melhor compreensão desta questão, recorremos a Marcuse (1979) quando ele
coteja as formas de trabalho em que predomina a força física com os processos de trabalho com
maior desenvolvimento tecnológico. Nessa comparação, ele esclarece que ambos implicam
servidão e que a exploração tecnológica aumenta a integração dos trabalhadores mediante a
sutileza de sua forma. Para o autor,
O proletário das etapas anteriores do capitalismo era na verdade um animal de
carga, pelo trabalho de seu corpo na busca das necessidades e dos supérfluos
da vida enquanto vivia na imundície e na pobreza. Êle era, assim, a negação
viva de sua sociedade. Em contraste, o trabalhador organizado dos setores
avançados da sociedade tecnológica vive essa negação menos conspicuamente
e, como os demais objetos humanos da divisão social do trabalho, está sendo
incorporado à comunidade tecnológica da população administrada. Mais
ainda, nos setores da automatização mais coroados de êxito, uma espécie de
comunidade tecnológica parece integrar os átomos humanos no trabalho
(MARCUSE, 1979, p. 43-44).
Em um contexto de austeridade fiscal do Estado, de cortes de investimentos nos setores
sociais e de escassez de vagas de emprego formal, a motivação para a urgência dessa
reorganização curricular é a necessidade de administrar a desigualdade social que se acentua,
de modo que a ordem social e econômica não seja comprometida.
Nesse sentido, tal qual descreve Marcuse (1979), uma integração ampla da vida
humana ao mundo do trabalho por meio da tecnologia, em que atualmente os aplicativos unem
a necessidade de trabalho do proletário ao empregador e ao consumidor. Ifood, Uber, Google
Classroom, Whatsapp, Instagram e Telegram são alguns exemplos dessa atmosfera tecnológica
impulsionando a vida mercantil, mediante a expropriação da mão de obra. Tais aplicativos
evidenciam ainda a emergência que o capital tem de implementar um ensino voltado para a
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construção de habilidades e competências “para que o trabalhador consiga sobreviver com
pouco” (CATINI, 2019). A formação consistente, profunda e contundente, que pode
desenvolver a capacidade de análise crítica da realidade e de resistência à exploração é deixada
de lado, embora a BNCC esteja recheada de expressões como criatividade, análise crítica,
reflexão, imaginação e autonomia para se referir à formação almejada na Educação Básica.
Vinculada à questão central de um ensino voltado para o mercado de trabalho, a BNCC
anuncia que a melhoria da qualidade da educação é uma meta a ser lograda, “em especial no
Ensino Médio no qual os índices de aprendizagem, repetência e abandono são bastante
preocupantes” (BRASIL, 2018, p. 5), assim como comprova o Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (Ideb) e o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa).
Nesse sentido, com a intenção de modernizar a educação nacional, a BNCC retoma
elementos já anunciados nas políticas da década de 1990 (KOEPSEL; GARCIA; CZERNISZ,
2020), reiterando a defesa do desenvolvimento de competências e habilidades como eixo central
do processo educativo.
Na BNCC, competência é definida como a mobilização de conhecimentos
(conceitos e procedimentos), habilidades (práticas cognitivas e
socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da
vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho
(BRASIL, 2018, p. 8).
Em consonância com o caráter utilitário e instrumental da proposta, na BNCC observa-
se a tendência de se reduzir a diversidade de conhecimentos e de flexibilizar o currículo. Com
relação ao excesso de componentes curriculares e de conteúdos, o documento propõe a
definição de aprendizagens essenciais, definidas pelo critério de aplicabilidade, e no que
concerne à flexibilidade curricular, instituem-se os itinerários formativos com a intenção de
valorizar a autonomia e o protagonismo dos alunos (BRASIL, 2018). As aprendizagens
essenciais e os itinerários formativos orbitam as competências e habilidades.
Os termos competências e habilidades, a priori, se analisados de forma
descontextualizada, não trazem problema à perspectiva formativa; ocorre que, se considerarmos
o conjunto, perceberemos que esses conceitos operacionais estão imbricados em um paradigma
formativo circunscrito à empiria dos processos de trabalho, portanto, restringindo as
possibilidades formativas, uma vez que o saber fazer sobrepõe-se à aprendizagem do
conhecimento sistematizado e fundamental para o desenvolvimento de pensamentos mais
complexos. No documento podemos ler que
Eduardo Borba GILIOLI; Maria Terezinha Bellanda GALUCH e Eduardo Oliveira SANCHES
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[...] a BNCC indica que as decisões pedagógicas devem estar orientadas para
o desenvolvimento de competências. Por meio da indicação clara do que os
alunos devem ‘saber’ (considerando a mobilização desses conhecimentos,
habilidades, atitudes e valores) e sobretudo, do que devem ‘saber fazer’...
(BRASIL, 2018, p. 13).
Adorno não foi um estudioso da política educacional, não obstante sua crítica expressa
a pseudoformação intrínseca ao modelo formativo defendido pela BNCC. Isso pode ser
observado quando, por exemplo, ele diz que: “A rara capacidade de sujeitar-se minuciosamente
às exigências do idioma da simplicidade em todos os setores da indústria cultural torna-se o
critério da habilidade e da competência” (ADORNO, 2011, p. 19-20). No limite, a indústria
cultural como um sistema ideológico que alinhava a lógica da produção cultural à lógica da
sociedade administrada adentra o ambiente escolar, permeado pelas recomendações dos
documentos orientadores do currículo, ou seja, como uma superestrutura político-legal.
Os limites da formação crítica podem ser evidenciados na própria estrutura da BNCC
para o Ensino Médio. O currículo é dividido em uma formação geral básica e em uma proposta
de diversificação que inclui itinerários formativos. Quatro áreas do conhecimento integram a
formação geral básica, conforme prevê a LDB, quais sejam: Linguagens e suas tecnologias;
Matemática e suas tecnologias; Ciências da natureza e suas tecnologias; Ciências humanas e
sociais aplicadas.
Dentre os componentes das áreas de conhecimento, apenas as disciplinas de Língua
Portuguesa e de Matemática são obrigatórias em todo o percurso do Ensino Médio, e as únicas
disciplinas que têm suas habilidades específicas apresentadas de forma mais detalhada; as
demais podem ter sua carga horária reduzida, assim como propõe a Secretaria de Estado da
Educação do Paraná (Seed-PR) para o ano letivo de 2021.
Recorrendo ao argumento de unificar o currículo do ensino médio, todas as escolas
deverão ter quatro aulas semanais de Língua Portuguesa e três aulas de Matemática, além da
inclusão da disciplina de Educação Financeira e da redução da carga horária de Arte, de
Sociologia e de Filosofia (PARANÁ, 2020). Isso significa dizer que o plano de uma formação
estética e ética por meio da escola, condição sine qua non para o pleno exercício da cidadania,
é enfraquecido, pois o documento parte do princípio de que estética, o mundo do trabalho e a
ética sejam flexíveis. Nesses termos, não possibilidade para a formação crítica, mas sim a
realização de processos de ensino adaptativos, nos quais é considerado competente aquele que
tem habilidades para se adaptar aos efeitos do capitalismo do século XXI.
BNCC, ensino médio e educação física: Formação de habilidades e de competências
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Essa iniciativa da Seed-PR, amparada na BNCC, expressa a hierarquia entre as
disciplinas escolares, nesse caso, o critério de instrumentalização e de aplicabilidade do
conhecimento contribuiu para excluir o tempo de aula de componentes com certa tradição para
a formação do pensamento crítico e também menos requisitados pelas avaliações em larga
escala utilizadas para o ranqueamento de escolas e de sistemas de ensino, balizadas pela
concepção de sujeitos com habilidades socioemocionais, adaptados ao contexto em que a vida
está em constante risco e o Estado mínimo precisa dos cidadãos proativos para atuarem na
resolução de problemas da sua comunidade e que, supostamente, exercem a liberdade de
escolha na definição da sua formação pessoal e profissional.
É evidente que as escolhas do Estado em relação aos conhecimentos que devem fazer
parte do repertório escolar que crianças e jovens terão acesso indicam o que se espera de tal
percurso formativo. Com as orientações previstas na BNCC, podemos dizer que são esperadas
pessoas criativas para intensificar o próprio processo de expropriação do conhecimento do
trabalhador. Disciplinas com tendências históricas para uma educação ético-estética, como a
Arte, a Sociologia e a Filosofia podem colocar em desequilíbrio a hegemonia que o modelo
aparentemente flexível de ensino objetiva defender.
No que diz respeito aos itinerários formativos, a BNCC afirma que a coluna vertebral
das práticas escolares é o projeto de vida dos estudantes, por isso a necessidade de diversificar
e de flexibilizar o currículo, o que em tese pode ser proporcionado pelos diferentes arranjos
curriculares, não mais restritos aos componentes curriculares, mas vinculados ao contexto local
das comunidades e que possibilitam a ‘liberdade de escolha’ dos alunos (BRASIL, 2018).
Metaforicamente, propõe-se uma educação amparada no modelo self service, cuja ideia é a de
que o cliente decide o que consumirá de acordo com a sua vontade, quando, na verdade, o
cardápio está previamente definido e limitado.
Em que pese o discurso que expõe a diversificação e a flexibilização curricular com o
propósito de possibilitar a autonomia e a liberdade de os alunos escolherem seus itinerários
formativos, de fato, as escolhas serão feitas de antemão pelos sistemas educativos, ajustados
em grande medida por questões financeiras, ou seja, escolhe-se o que foi escolhido. Ademais,
uma grande probabilidade de essas escolhas serem marcadamente pautadas nas demandas
imediatas locais, restritas à adaptação, às atividades laborais simplificadas, caracterizadas pela
escassez de conhecimento elaborado que realmente favorece a liberdade, a autonomia e a
criticidade.
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No que concerne às orientações específicas para o ensino da Educação Física no Ensino
Médio, na BNCC, a discussão sobre os conteúdos e sobre os conhecimentos que caracterizam
a disciplina e que devem ser desenvolvidos nas aulas é ofuscada pela centralidade de
competências e habilidades, como a competência específica 5 “Compreender os processos de
produção e negociação de sentidos nas práticas corporais, reconhecendo-as e vivenciando-as
como formas de expressão de valores e identidades, em uma perspectiva democrática [...]”
(BRASIL, 2018, p. 495) e as suas habilidades correspondentes, expostas a seguir.
[...] Selecionar e utilizar movimentos corporais de forma consciente e
intencional para interagir socialmente em práticas corporais, de modo a
estabelecer relações construtivas, empáticas, éticas e de respeito às diferenças.
[...] Analisar criticamente preconceitos, estereótipos e relações de poder
presentes nas práticas corporais, adotando posicionamento contrário a
qualquer manifestação de injustiça e desrespeito a direitos humanos e valores
democráticos.
[...] Vivenciar práticas corporais e significá-las em seu projeto de vida, como
forma de autoconhecimento, autocuidado com o corpo e com a saúde,
socialização e entretenimento (BRASIL, 2018, p. 495).
Sem negar a importância de os alunos desenvolverem as competências e habilidades
descritas, não podemos deixar de apontar que a discussão apresentada pela BNCC sobre os
conhecimentos específicos da Educação Física que consubstanciam essas capacidades é
insuficiente, uma vez que, por exemplo, a análise de preconceitos vinculados às práticas
corporais requer a reflexão sobre como esses estereótipos são expressos nos conteúdos
particulares da Educação Física e na relação com o contexto social que alimenta esse tipo de
violência.
Mesmo que as orientações antecedentes à BNCC estejam balizadas pelas
competências e habilidades, no documento atual, a diluição do conhecimento é intensificada.
Na abordagem das disciplinas que compõem a área de Linguagens e tecnologias, a Educação
Física ocupa um espaço reduzido, no qual os conteúdos de educação física e os seus respectivos
objetivos traçados para o Ensino Fundamental são lembrados, atribuindo-se ao Ensino Médio a
tarefa de,
[...] além da experimentação de novos jogos e brincadeiras, esportes, danças,
lutas, ginásticas e práticas corporais de aventura, os estudantes devem ser
desafiados a refletir sobre essas práticas, aprofundando seus conhecimentos
sobre as potencialidades e os limites do corpo, a importância de se assumir um
estilo de vida ativo, e os componentes do movimento relacionado à
manutenção da saúde (BRASIL, 2018, p. 484).
BNCC, ensino médio e educação física: Formação de habilidades e de competências
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Compreendemos a coerência com que os objetivos da educação física para o fim da
Educação Básica são apresentados, todavia isso não impede de observar que a incipiente
discussão sobre os conteúdos específicos da área dificulta a compreensão da proposta de
ampliação dos conteúdos elencados para serem desenvolvidos no ensino fundamental,
sobretudo ao se considerar que à educação física é atribuída a função de contribuir com o
“desenvolvimento da curiosidade intelectual, da pesquisa e da capacidade de argumentação”
(BRASIL, 2018, p. 483) dos educandos.
Ao refletirmos sobre o motivo de o corpo e de as práticas corporais terem uma curta
menção no documento, podemos inferir, pelo exposto, que o modelo flexível de produção
dispensa o questionamento dos alunos a respeito dos estereótipos que impedem uma experiência
com os reais desejos e necessidades do corpo.
Embora quantidade não seja sinônimo de qualidade e de estados e municípios serem
responsáveis pela elaboração de seus próprios currículos, o fato de um documento que traça
uma base comum para o currículo nacional dedicar apenas duas de suas seiscentas páginas à
discussão sobre o que deve ser ensinado, quando deve ser ensinado, por que deve ser ensinado
e como devem ser ensinados os conteúdos afetos à Educação Física no Ensino Médio é, no
mínimo, motivo de atenção e de necessidade de buscarmos elementos para o seu entendimento.
A BNCC propõe a organização do Ensino Médio em quatro áreas do conhecimento, de
modo a atender ao Parecer CNE/CP nº. 11/2009 (BRASIL, 2009), deixando claro que, tal como
especificado neste dispositivo, o intuito é fortalecer as relações entre as áreas “e a sua
contextualização para apreensão e intervenção na realidade” (BRASIL, 2018, p. 32), o que não
significa eliminar os conteúdos das áreas específicas. Observa-se que o Ensino Médio é
caracterizado como a etapa da Educação Básica em que são possíveis diferentes itinerários,
nesse sentido, são definidas habilidades e competências que retomam aquelas definidas para o
Ensino Fundamental. Tendo em vista a flexibilização curricular prevista para o Ensino Médio,
mesmo para as disciplinas de língua portuguesa e de matemática, essas habilidades, de acordo
com as competências, não são indicadas para cada um dos anos especificamente, mas para os
três anos, o que se repete também para a Educação Física.
Isso diz muito sobre a formação almejada àqueles que cursam a última etapa da
Educação Básica. A BNCC prevê um Ensino Médio voltado para a realidade local, com
possibilidade de formação profissional, embora afirme-se que o aluno tenha autonomia para
escolher o seu próprio itinerário.
Eduardo Borba GILIOLI; Maria Terezinha Bellanda GALUCH e Eduardo Oliveira SANCHES
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Do ponto de vista da compreensão da realidade, fixar-se em questões locais significa
centrar em uma formação cuja preocupação não é desenvolver o pensamento capaz de
estabelecer a relação entre o particular e o universal, compreender as implicações de questões
sociais mais amplas na comunidade, mas atribuir a cada sujeito a responsabilidade pela atuação
e melhoria das condições de seu entorno. Amparado predominantemente no pensamento
prático, restrito à imediaticidade do contexto, essa forma de flexibilização curricular carrega
em si a chance de retrair a formação cultural dos sujeitos e, ao contrário do que se defende
formalmente, estabelecer uma “base” para que o ensino seja descentralizado, o que não
contribui para diminuir a discrepância da qualidade educacional entre diferentes instituições de
ensino, porém, esse processo é apresentado de forma positiva, como liberdade de escolha e
como personalização do currículo.
Não se trata de defendermos um currículo engessado, mas uma orientação que
ambiciona nortear a configuração da Educação Básica no Brasil: há que tratar com mais clareza
os conteúdos e os conhecimentos a serem desenvolvidos no Ensino Médio, incluindo os da
educação física, especialmente quando as estatísticas desse nível de ensino são bastante
criticadas pelas instâncias governamentais, sob o risco de empobrecer as referências da cultura
corporal. Quanto mais o indivíduo
[...] puder ser formado por uma cultura prenhe de representações, mais poderá
conhecer e dar vazão, de modo civilizado, aos seus anseios; numa cultura
reduzida à adaptação ou tida como um fim em si mesmo, perde-se o
movimento histórico e a possibilidade de visualizar a modificação da
sociedade, da cultura e do indivíduo. E, claro, se a indústria cultural justifica
a pobreza de sua linguagem pela consideração à amplitude e diversidade de
formação de sua audiência, não é possível dizer que se trata de uma cultura
propícia à diferenciação individual (GALUCH; CROCHICK, 2018, p. 41-42).
Em linhas gerais, mesmo que o argumento utilizado pela BNCC para instituir os
itinerários formativos seja pertinente, a saber, a necessidade de superação da fragmentação dos
conteúdos curriculares e do distanciamento entre saber escolar e cotidiano, ao negar a
diversidade dos processos formativos, restringindo-os à imediaticidade do contexto do mundo
do trabalho, aproxima-se ainda mais da institucionalização do “acesso desigual e diferenciado
ao conhecimento” (KUENZER, 2020, p. 62), o que vai na contramão da proposta anunciada.
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Considerações finais
A constituição de uma base comum para o currículo é importante à medida em que abre
possibilidades para não haver disparidades em relação aos conteúdos oferecidos em diferentes
regiões de um país, mas o contexto de efetivação da BNCC demonstra a celeridade de um
processo autoritário, marcado pelo arrefecimento das funções sociais do Estado, corroborando
com a reforma da previdência social, com a perda de direitos trabalhistas e com o congelamento
por vinte anos dos investimentos com educação, com segurança e com saúde.
Nesse clima de retrocesso democrático, a BNCC retoma o discurso das competências e
habilidades inaugurado na década de 1990, acrescido da novidade dos itinerários formativos,
visando à flexibilização e à contração do currículo pela organização de novos arranjos
curriculares, não mais restritos à suposta fragmentação dos componentes disciplinares.
Para a BNCC, tanto as competências e habilidades como os itinerários formativos
possibilitam que o conhecimento seja abordado interdisciplinarmente, portanto, de maneira
mais ampla e atendendo aos anseios da individualidade dos sujeitos. Ocorre que essa proposta
demonstra um esvaziamento dos conteúdos expressos pelos componentes curriculares,
justamente os pressupostos das competências e das habilidades, em suma, da própria
individualidade e da autonomia.
Sobre a liberdade para os alunos traçarem seus próprios percursos formativos, é
necessário considerar que essas escolhas estão condicionadas às possibilidades do sistema de
ensino e das escolas, as quais sofrerão os influxos da austeridade econômica imposta pelo
Estado. Isso implica em possibilidades financeiras restritas, sobretudo se pensarmos que o
atendimento às exigências ao mercado produtivo local poderá dar o tom para os ‘novos arranjos
curriculares’, pautados no trabalho simplificado.
As proposições da BNCC expressam a lógica da racionalidade instrumental, nesse
sentido, as disciplinas de Língua Portuguesa e de Matemática obtêm destaque, cujos conteúdos
são mais requisitados em avaliações de larga escala e supostamente possuem uma maior
aplicabilidade prática, ao passo que os demais componentes perdem a obrigatoriedade de se
fazerem presentes em todas as séries do Ensino Médio.
Ademais, em relação aos conhecimentos específicos da Educação Física, o fato de ser
indicado que no Ensino Médio devem ser retomados os conteúdos tratados no Ensino
Fundamental, sem mencioná-los, dificulta a relação entre eles e as competências e habilidades
previstas, bem como a seleção e a sequência de conteúdos desse componente curricular ao longo
do Ensino Médio. Em suma, observa-se a secundarização dos conteúdos da educação física pela
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BNCC, comprometendo a organização dos conhecimentos sistematizados que caracterizam a
área e que têm potencial para possibilitar a compreensão do corpo na sua relação histórico-
social.
A proposta da educação física em que competências e habilidades se sobrepõem aos
conhecimentos específicos da área concorre para a formação de sujeitos cujos corpos sejam
dóceis e adaptados às exigências básicas para a manutenção da vida em circunstâncias de
trabalho cada vez mais precarizado, em meio à intensificação da aplicação da tecnologia, o que
poderia ser motivo de o homem livrar-se da labuta.
Assim, na escola é negado um ensino que possibilite a construção de uma corporeidade
que apreenda as reais necessidades do corpo, seus limites e suas potencialidades para sentir e
para ser de um modo distinto dos estereótipos que a sociedade produz como pressão sobre os
indivíduos. Pensar na educação física como componente curricular, portanto, vai além da
organização do ensino segundo o currículo, e tampouco permite pensá-la como uma forma de
linguagem para o aprendizado de competências e habilidades, como prevê a BNCC.
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BNCC, ensino médio e educação física: Formação de habilidades e de competências
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023006, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.15694 22
SOUZA, J. Do homo movens ao homo academicus. Rumo a uma teoria reflexiva da
educação física. São Paulo: LiberArs, 2021.
CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Não aplicável.
Financiamento: Recurso próprio dos autores.
Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse.
Aprovação ética: Não aplicável.
Disponibilidade de dados e material: Não aplicável.
Contribuições dos autores: Os três autores atuaram de forma coletiva no planejamento, na
elaboração, na revisão e na edição do artigo. A especificidade das distintas formações
(Pedagogia e Educação Física) está associada aos estudos sobre o fenômeno educativo sob
o prisma da Teoria Crítica da Sociedade; referencial teórico que subsidiou a análise
documental, norteando os resultados e a conclusão da investigação.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023006, 2023. e-ISSN: 1982-5587
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BNCC, ENSEÑANZA MEDIA Y EDUCACIÓN FÍSICA: FORMACIÓN DE
HABILIDADES Y DE COMPETENCIAS
BNCC, ENSINO MÉDIO E EDUCAÇÃO FÍSICA: FORMAÇÃO DE HABILIDADES E
DE COMPETÊNCIAS
BNCC, SECONDARY SCHOOL AND PHYSICAL EDUCATION: DEVELOPMENT OF
ABILITIES AND SKILLS
Eduardo Borba GILIOLI1
e-mail: eduardoborbagilioli@hotmail.com
Maria Terezinha Bellanda GALUCH2
e-mail: mtbgaluch@uem.br
Eduardo Oliveira SANCHES3
e-mail: eosanches2@uem.br
Cómo hacer referencia a este artículo:
GILIOLI, E. B.; GALUCH, M. T. B.; SANCHES, E. O. BNCC,
enseñanza media y educación física: Formación de habilidades y de
competencias. Revista Ibero-Americana de Estudos em
Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023006, 2023. e-ISSN: 1982-
5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.15694
| Presentado en: 11/10/2022
| Revisiones requeridas en: 07/11/2022
| Aprobado en: 09/12/2022
| Publicado en: 01/01/2023
Editor:
Prof. Dr. José Luís Bizelli
Editor Adjunto Ejecutivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Universidad Estadual de Maringá (UEM), Maringá PR Brasil. Departamento de Teoría y Práctica de la
Educación. Doctorado en Educación (UEM).
2
Universidad Estadual de Maringá (UEM), Maringá PR Brasil. Docente. Departamento de Teoría y Práctica
de la Educación. Doctorado en Educación: Historia, Política, Sociedad (PUC/SP).
3
Universidad Estadual de Maringá (UEM), Maringá PR Brasil. Docente. Departamento de Teoría y Práctica
de la Educación. Doctorado en Educación (UNESP).
BNCC, enseñanza media y educación física: Formación de habilidades y de competencias
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023006, 2023. e-ISSN: 1982-5587
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RESUMEN: Este estudio, de carácter documental, se fundamenta en la Teoría Crítica de la
Sociedad, analizando la propuesta formativa, que orienta la Base Nacional Común Curricular,
para la educación física, en la enseñanza media, tensionando la reforma en ese nivel de
enseñanza. La propuesta de la educación física, en la enseñanza media considera las habilidades
y competencias, dejando en segundo lugar los contenidos específicos del área, revela un modelo
formativo, que actúa en los límites de la adaptación de los sujetos, al trabajo recomendado, bajo
el fetiche tecnológico de la producción flexible, al contrario de destacarse por la educación que
conduce al desarrollo de individuos autónomos y autorreflexivos, sin embargo, el documento
destaca una supuesta formación crítica.
PALABRAS-CLAVE: Educación física. Directrices educativas. Teoría crítica de la cultura.
Enseñanza Media.
RESUMO: Esta pesquisa, de caráter bibliográfico, apoia-se na Teoria Crítica da Sociedade,
para analisar a proposta formativa que baliza a Base Nacional Comum Curricular para a
Educação Física no Ensino Médio, tensionando a reforma nesse nível de ensino. A proposta
da Educação Física no Ensino Médio ao pautar-se em habilidades e competências,
secundarizando os conteúdos específicos da área, revela um modelo formativo que atua nos
limites da adaptação dos sujeitos ao trabalho precarizado, sob o fetiche tecnológico da
produção flexível, em vez de primar pela educação que conduz ao desenvolvimento de
indivíduos autônomos e autorreflexivos, embora o documento enfatize uma suposta formação
crítica.
PALAVRAS-CHAVE: Educação Física. Diretrizes da educação. Teoria Crítica da cultura.
Ensino Médio.
ABSTRACT: The basis for this documentary study is the Critical Theory of Society, to analyze
the formative proposal that underpins the National Common Curriculum Framework for
physical education in secondary schools, with emphasis on overhauling this level of education.
The proposal for physical education in secondary schools to be based on ability and skills,
relegating the specific content in the area to a second plane, unveils a formative model that
operates at the limits of adaptation of individuals to unstable working conditions, under the
technological fetish of flexible production, instead of striving for an education that leads to the
development of independent, self-reflective individuals, although the document does emphasize
a supposed critical education.
KEYWORDS: Physical education. Educational policies. Critical culture theory. Secondary
education.
Eduardo Borba GILIOLI; Maria Terezinha Bellanda GALUCH y Eduardo Oliveira SANCHES
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Introducción
Desde la normativa oficial para la educación hasta su materialización en el ámbito
escolar queda un largo camino por recorrer, entre los que se encuentran aspectos jurídicos,
didáctico-pedagógicos, humanos, económicos y sociales. La rutina escolar no es simplemente
un reflejo de las orientaciones oficiales, ya que el currículo formal, el currículo oculto, el
currículo informal y el currículo en acción están presentes en la escuela, sin embargo, no es
posible ignorar la influencia que los principios normativos ejercen sobre la dinámica educativa.
La estandarización de la educación escolar está permeada por un conjunto de acciones
que incluyen documentos legales; reformas educativas; debates de expertos en el área sobre las
posibilidades y necesidades de cambios en la enseñanza; la organización curricular de los cursos
de pregrado y posgrado; la preparación de material didáctico; la sistematización de planes de
trabajo y carreras de profesionales de la educación; evaluaciones a gran escala, que resultan en
la clasificación de las instituciones educativas, etc. (SHIROMA; AVIÓN; EVANGELISTA,
2011).
En esta lógica, incluso si los maestros, gerentes, padres y estudiantes no conocen la
legislación educativa; Aunque no lo hayan estudiado o no se hagan cargo plenamente de sus
recomendaciones, terminan interiorizando las comprensiones de enseñanza, aprendizaje,
formación, hombre y sociedad que subyacen en él, ya que estas concepciones están presentes y
se difunden en diferentes instancias e instituciones, con la participación directa de mecanismos
mediáticos. En este sentido, los documentos que regulan la organización curricular nacional
son fuentes importantes para comprender el fenómeno educativo en sus diferentes niveles.
La disposición para que el Estado legisle sobre las bases y directrices de la educación
nacional con el objetivo de un plan de estudios común data de la promulgación de la
Constitución Federal de 1988 (BRASIL, 1988). La preocupación por un currículo común para
elevar el nivel educativo brasileño no es un tema reciente. En 1971, la organización de un
sistema educativo nacional fue la tesis defendida por Saviani (2008), en la que definió este
sistema como "la unidad de los diversos aspectos o servicios educativos movilizados por un
país determinado, reunidos intencionalmente para formar un conjunto coherente que funcione
de manera efectiva" (SAVIANI, 2010, p. 381, nuestra traducción) en la formación escolar de
una población determinada. La Ley de Directrices y Bases de la Educación Nacional (LDB)
delega en la Unión la responsabilidad de coordinar la Política Nacional de Educación,
estableciendo competencias y direcciones comunes para la Educación Básica, con el fin de
garantizar estándares nimos de calidad de la educación para todas las regiones de Brasil
BNCC, enseñanza media y educación física: Formación de habilidades y de competencias
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(BRASIL, 2019), que se hizo oficial en 2017, con la Base Nacional Común Curricular (BNCC)
(BRASIL, 2018).
Si la mejora de los niveles educativos no se limita a la organización de un currículo
nacional común, no se materializa sin ella. En este sentido, tenemos una cuestión importante
para la enseñanza en general y para disciplinas específicas, en particular: la relación entre
división, serialización y jerarquización de contenidos y objetos didácticos a lo largo de los años
iniciales y finales de la Enseñanza Fundamental y el estudiante que pretende graduarse.
Para la reflexión sobre la relación entre el contenido de las disciplinas que conforman
las propuestas oficiales para orientar el currículo escolar y la concepción de la formación que
las sustenta, tomamos como objeto la Educación Física, ya que es una disciplina que acompaña
el curso de Educación Básica.
Sin buscar el enlucido de su contenido, una cierta organicidad para el área es importante,
porque
[...] El espacio de la Educación Física escolar no merece ser reservado para
experiencias corporales aleatorias, experimentaciones vagas, tiempo de
llenado a partir de la elección arbitraria de contenidos, finalmente para una
serie de condiciones que, en general, revelan la ausencia de una lógica de
transición del conocimiento que pueda dar mínimamente una dirección más
reflexiva al desarrollo de acciones pedagógicas (SOUZA, 2021, p. 99, nuestra
traducción).
La consolidación de la BNCC (BRASIL, 2018) eleva la expectativa sobre sus
influencias en la organización de la Educación Física, remitiéndonos a la reflexión sobre las
posibilidades formativas de este componente curricular.
En este artículo, nos centramos en la propuesta BNCC para la Enseñanza Media, basada
en el concepto de racionalidad instrumental tratado por la Teoría Crítica de la Sociedad. La
elección por este concepto y esta perspectiva teórica se debe al hecho de que la BNCC se
materializa en la propuesta para los diferentes niveles, modalidades y redes educativas, es decir,
es un documento que conduce y gestiona la formación en un tiempo y espacio social
determinados.
Eduardo Borba GILIOLI; Maria Terezinha Bellanda GALUCH y Eduardo Oliveira SANCHES
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Racionalidad instrumental y control del entrenamiento
Autor expresivo de la Teoría Crítica de la Sociedad, Adorno (1995) concibe el
conocimiento como el resultado de la confrontación entre sujeto y objeto. A pesar de que el
objeto tiene primacía, el sujeto no se anula. Por el contrario, la apropiación del movimiento de
la cosa/realidad (no-yo) es una condición para el desarrollo de la individualidad (yo); Los dos
elementos no componen una unidad indiferenciada, ni se relacionan de manera antitética. Como
dicen Horkheimer y Adorno (1985, p. 19, nuestra traducción), en el "sentido más amplio del
pensamiento, la iluminación del progreso siempre ha perseguido el objetivo de librar a los
hombres del miedo e invertirlos en la posición de señores". El desarrollo histórico de la
sociedad, en el que está implicada la constitución del pensamiento, está marcado por relaciones
de dominación. La subyugación inicial del hombre a la naturaleza sufre una inversión. En la
sociedad tecnológica, la naturaleza, incluida la humana, está dominada por las relaciones
sociales (HORKHEIMER; ADORNO, 1985).
Según Adorno (2004), dado que la objetividad del pensamiento depende de la relación
del sujeto con la cosa, y en la sociedad de la mercancía las especificidades de los objetos están
subsumidas por el valor de cambio, es decir, se consume el acto de conjeturar las posibilidades
de las condiciones objetivas, de su turno de ser. En el intercambio de equivalentes, la
individualización se ve comprometida por los estereotipos y la disolución del contenido de la
propia formación.
La constitución de la individualidad exige la capacidad de introspección, reflexión y
suspensión de lo inmediato por algo complejo, porque dotado de historicidad y movimiento. En
oposición, la incapacidad de diferenciar entre objetos estandarizados induce a la inmediatez de
la aprehensión de los hechos. Mientras que las posibilidades de constitución humana son
restringidas, el proceso de coisificación del sujeto es impulsado, ya que la fetichización de la
mercancía implica "una configuración racional de la invariabilidad mítica" (ADORNO, 1995,
p. 59, nuestra traducción). Horkheimer y Adorno (1985) reflexionan sobre el proceso de
disolución del pensamiento tico por la iluminación y sobre cómo, en el mundo administrado,
la clarificación misma presenta elementos de mistificación, es decir, la razón destruyó el mito,
sin embargo, incorporó sus residuos como una forma de operar.
En este contexto, los autores analizan que al comienzo de la modernidad las ideas
ilustradas de emancipación humana a través de la razón influyeron en los albores de la ciencia
moderna. Hasta entonces, las explicaciones basadas en la fe tenían el valor de la verdad,
incluidos los dogmas.
BNCC, enseñanza media y educación física: Formación de habilidades y de competencias
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Con la creación de métodos modernos, las explicaciones incuestionables para los
fenómenos naturales y sociales se basan en modelos descriptivos, organizados por parámetros
e instrumentos, a través de la observación y la experimentación.
Esta racionalidad deja gradualmente de formar parte de un ideal de emancipación
humana y es incorporada por el modelo productivo como instrumento para una mayor eficiencia
de la explotación de los recursos naturales, la expropiación del proletariado y la dominación y
control de los espacios sociales. La razón instrumental se refiere precisamente al uso del
conocimiento, que un día fue visto como una fuente de libertad y experiencia; se convierte en
un recurso para que el modelo productivo se mantenga y reproduzca.
En este contexto, mediante el uso de un recurso metodológico para la exposición de
problemas formativos derivados de la sociedad tecnológica, Horkheimer (2010) diferencia la
razón objetiva de la razón subjetiva. El primero está asociado con la primacía del objeto y la
justicia, sus especificidades en la relación con el sujeto. En oposición a esto, la razón subjetiva,
consolidada en los intercambios, ignora la objetividad, formaliza y relativiza la libertad para la
disputa individual.
El amor a la libertad formal alimentado por la ideología burguesa descalifica el
pensamiento teórico. En estos términos, hay una tendencia objetiva hacia la involución de la
subjetividad, para el funcionamiento abstracto de las ideas, porque la barrera impuesta por las
relaciones sociales crea una ilusión de felicidad, en la que las contradicciones entre teoría y
práctica, entre pensamiento y acción y entre administración y libertad real no se develan o se
consideran fracasos del pensamiento. cuyo contenido es moldeado y naturalizado por la
explotación del hombre por el hombre (HORKHEIMER, 1976).
Si la reflexión sobre el bienestar humano, como algo a conquistar en términos genéricos,
resulta inalcanzable por la conciencia cosificada, sigue siendo la fetichización de los medios y
el fortalecimiento de la racionalidad instrumental que conducen a la conformación a la realidad
existente. Sin merecer que una cierta dosis de adaptación sea una condición para la propia
resistencia a la limitación humana, la adaptación es un medio y no un fin para las relaciones
sociales, dice Horkheimer (2010).
Sobre la adaptación como momento necesario de diferenciación individual, basado en
su experiencia de exilio en los Estados Unidos de América, Adorno (1995, p. 137, nuestra
traducción) dice lo siguiente:
Eduardo Borba GILIOLI; Maria Terezinha Bellanda GALUCH y Eduardo Oliveira SANCHES
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Aunque no qué la individualidad no es de otra manera que seguir un proceso
de adaptación y socialización, más aún, por otro lado, considero como una
obligación y prueba de individuación que va más allá de la adaptación.
La formación para la adaptación a la sociedad liberal, al mundo administrado, es
favorecida en gran medida por la industria cultural como sistema ideológico, cuyo capitalismo
monopolístico sirve de base y define su contenido. Al mismo tiempo, la constitución de
monopolios, en todas las ramas de la producción material y espiritual, depone contra los
principios formales del liberalismo clásico.
Así, la comprensión de la existencia de un libre intercambio de productos, o incluso el
retorno de las condiciones sociales de los inicios del liberalismo de mercado, asociado a la
mención del término neoliberalismo, constituye un recurso eufemístico para disfrazar el
engaño, la ideología. Marcuse (1979) reconoce que la concentración de la economía por parte
de las grandes corporaciones, el debilitamiento de la oposición política al capitalismo incluso
antes del final de la Guerra Fría y las nuevas formas de control veladas por la tecnología
contribuyen al cierre del universo político.
La despolitización de las relaciones sociales es corroborada por la concepción del
lenguaje en una perspectiva funcional y acrítica. El cierre del universo del habla contribuye a
la consolidación de la sociedad administrada y a la constitución de acuerdos sociales, porque,
sin la capacidad de reflexionar sobre las contradicciones, el pensamiento conceptual es limitado,
ideológicamente separado de la realidad del campo lingüístico, argumenta Marcuse (1979). Por
su parte, la publicidad y las técnicas publicitarias, como los prototipos del señuelo impreso en
el lenguaje, "transformar" el totalitarismo en "democracia", el trabajador en "colaborador", el
pesticida en "sustancia de control ambiental", los empleados y empleadores en "tiempo", el
asilo en "institución de larga estancia para ancianos", el barrio pobre en "comunidad", la
desigualdad en "diversidad cultural", el fraude de las campañas electorales en elecciones
"libres", los bienes en objetos "exclusivos" como "su automóvil", "su película", "su periódico",
etc. Adorno (1969) entiende la personalización como una forma de aliviar la atomización del
individuo frente al mecanismo anónimo del mercado.
El desarrollo de la sociedad industrial está ligado a la razón del Estado y esta
racionalidad instrumental tiende a repeler las formas de protesta que pueden poner en tela de
juicio las estructuras sociales. Esto resulta en la generalización de la formación que contribuye
al mantenimiento de ilusiones que favorecen la perpetuación de la realidad. En otras palabras,
la violencia estructural se mantiene indiscutible por sus raíces. La dominación se expande y se
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expresa en la privación de la verdad como mecanismo de control del pensamiento por parte de
la industria cultural como un sistema que lo abarca todo.
Marcuse (1978, p. 19, nuestra traducción), criticando el antagonismo histórico entre los
intereses estatales y el desarrollo de los individuos, se expresa en los siguientes términos: "La
civilización occidental siempre ha glorificado al héroe, el sacrificio de la vida por la ciudad, el
estado, la nación; Rara vez se le preguntó si la ciudad, el estado o la nación establecidos eran
dignos de sacrificio".
Esta racionalidad del Estado representa oficialmente los intereses de la sociedad
tecnológica, reemplazando la razón crítica por la opinión pública, que, por su carácter de
distorsión de la realidad, contribuye a la debilidad del yo y al desarrollo de la solidaridad
unilateral, implicando el fortalecimiento del narcisismo colectivo, cuyo ejemplo más nefasto
fue Auschwitz (ADORNO, 1995; HORKHEIMER, 1976, 2010).
Según Adorno (1995), el objetivo principal de la educación debe ser prevenir la
repetición del holocausto nazi, recordando que la necesidad misma de justificar esta exigencia
imperativa de la humanidad es ya una expresión de formación para la frialdad y la indiferencia.
Específicamente a la educación escolar, es necesario permitir la autorreflexión crítica
sobre el conocimiento mismo y la sociedad que lo produce, para participar en la oposición a la
barbarie. Este proceso implica necesariamente la apropiación de conocimientos elaborados, en
línea con los aspectos éticos y políticos de la teleología humana. En suma, el hecho
contradictorio de que lo en el momento de la bomba atómica fue posible pensar en la
eliminación de la violencia debe ser objeto de análisis constante de la educación para la crítica
y la resistencia (ADORNO, 1995).
En estos términos, el análisis de la BNCC puede revelar elementos contradictorios, es
decir, la expresión de la racionalidad instrumental de una propuesta de organización oficial de
la enseñanza y la predicción de la enseñanza de ciertos conocimientos que permiten extrapolar
la apariencia de la realidad. En este sentido, pasamos a la reflexión del documento, con respecto
a la Enseñanza Media, con énfasis en la Educación Física.
Eduardo Borba GILIOLI; Maria Terezinha Bellanda GALUCH y Eduardo Oliveira SANCHES
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BNCC y la Educación Física en la Enseñanza Media: instrumentalización del
entrenamiento
El proceso de redacción de la BNCC expresa el antagonismo entre el esfuerzo oficial
por obtener consenso y el carácter antidemocrático de su consolidación (FERRETTI, 2018).
Aunque la disposición de un plan de estudios nacional común está presente en la Carta Magna
de 1988, el impulso para su aplicación fue dado por la Medida Provisional No. 746 (BRASIL,
2016b), que guía la promulgación de la Ley No. 13.415 (BRASIL, 2017), que reformula la
Enseñanza Media y brinda apoyo a la BNCC.
Entre 2015 y 2016, debido al cierre de escuelas públicas por parte de algunos gobiernos
estatales, la Enmienda Constitucional Propuesta (PEC) No. 95 (BRASIL, 2016a), que congela
las inversiones públicas en el área social por un período de 20 años, el llamado PEC de la muerte
por sus críticos, y debido a la MP 746, hubo ocupaciones de escuelas públicas por parte de
estudiantes y protestas en varios estados de Brasil. En São Paulo, estas manifestaciones llegaron
al menos a 60 municipios; en Paraná, aproximadamente 850 instituciones educativas
participaron en actos públicos (BOUTIN; FLACH, 2017).
El clima de retroceso estuvo presente en las audiencias públicas propuestas por el
Ministerio de Educación (MEC), para discutir la BNCC, en 2018. El 11 de mayo, en
Florianópolis, se realizó la primera audiencia, que contó con una expresiva representación
oposicionista al documento. El segundo momento, programado para el 8 de junio, fue
suspendido debido a las protestas contra la reforma de la Enseñanza Media. La tercera audiencia
tuvo lugar el 5 de julio, en Fortaleza, siendo objeto de muchas críticas. El 10 de agosto, en
Belém, la cuarta audiencia fue realizada por los manifestantes y la última reunión pública se
llevó a cabo en Brasilia el 10 de septiembre, bajo una fuerte fuerza policial (KOEPSEL;
GARCIA; CZERNISZ, 2020).
A pesar de los conflictos de intereses que impregnaron la elaboración de la BNCC, en
la redacción final del documento, se afirma que este movimiento ocurrió a través de extensos
debates y amplias consultas con la sociedad y la comunidad educativa (BRASIL, 2018),
presentando un falso carácter democrático y dialógico.
En el espacio de disputa y tensiones sobre la BNCC podemos situar organizaciones
vinculadas a la educación pública, como la Asociación Nacional de Estudios de Posgrado e
Investigación en Educación (Anped); la Asociación Nacional de Política y Administración en
Educación (Anpae); la Asociación Nacional para la Formación de Profesionales de la
Educación (Anfope) y la Confederación Nacional de Trabajadores de la Educación (CNTE),
BNCC, enseñanza media y educación física: Formación de habilidades y de competencias
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así como organizaciones empresariales con asociación público-privada, como Michetti (2020,
p. 4, nuestra traducción) exhibe en el pasaje que sigue:
Como «socios», declaran organismos y organismos gubernamentales,
organismos multilaterales, asociaciones civiles, fundaciones y asociaciones
privadas («institutos»). Destacando sólo las fundaciones empresariales y
familiares, tenemos, como socios de Undime, la Fundación Victor Civita, la
Fundación Abrinq, la Fundación Itaú Social, el Instituto Natura, la Fundación
Telefónica Vivo, el Instituto Alana, la Fundación Lemann y la Fundación SM.
Y como socios de Consed están la Fundación Roberto Marinho, la Fundación
Itaú Social, el Instituto Unibanco, la Fundación Victor Civita, el Instituto
Natura, la Fundación Santillana, la Fundación Lemann, la Fundación Vivo
Telefónica, además de las empresas Gerdau e Itaú BBA.
Independientemente de las motivaciones específicas de cada una de estas instituciones,
el objetivo de lucro sigue siendo central, por lo tanto, existe una armonía con las
recomendaciones del BM, cuya función oficial es la promoción del desarrollo económico de
diferentes regiones del planeta, pero termina actuando más como un mentor de las políticas
macrosociales, especialmente las de carácter educativo, impuestas a los países como condición
para los préstamos financieros. En definitiva, el BM cumple con el orden económico que
jerarquiza y mantiene la relación de sumisión de los países y regiones periféricas en relación
con el centro del capitalismo mundial (ARRUDA, 2009). Esta misma tendencia fortalece los
monopolios en detrimento de la ideología del libre mercado.
Basado en recomendaciones basadas en los límites de las relaciones económicas
internacionales, BNCC es un faro de la educación brasileña y tiene la intención de influir no
sólo en la reestructuración curricular, sino también en "la formación inicial y continua de los
educadores, la producción de materiales didácticos, las matrices de evaluaciones y exámenes
nacionales que serán revisados a la luz del texto aprobado de la Base" (BRASIL, 2018, p. 5,
nuestra traducción). Por lo tanto, es una reforma que se establece como un sistema que no pierde
ningún aspecto del proceso formativo. Las justificaciones anunciadas por la BNCC para la
rápida reforma educativa, en particular la de la Enseñanza Media, enfatizan las motivaciones
económicas.
Para responder a esta necesidad de recreación escolar, es esencial reconocer
que las rápidas transformaciones en las dinámicas sociales nacionales e
internacionales contemporáneas, en gran parte resultantes del desarrollo
tecnológico, afectan directamente a las poblaciones jóvenes y, por lo tanto, a
sus demandas de formación. En este escenario cada vez más complejo,
dinámico y fluido, las incertidumbres relacionadas con los cambios en el
mundo del trabajo y las relaciones sociales en su conjunto representan un gran
desafío para la formulación de políticas y propuestas de organización
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curricular para la Educación Básica en general y para la Educación Media en
particular (BRASIL, 2018, p. 462, nuestra traducción).
El mensaje resumido en este extracto muestra que el desarrollo económico de Brasil está
condicionado a la actualización de la Educación Básica, tanto en vista de las transformaciones
tecnológicas como del mercado laboral. En uno de los documentos de BM podemos percibir
cómo se evalúan negativamente los sistemas educativos, teniendo en cuenta su supuesto
anacronismo con las necesidades del mercado productivo, lo que justificaría las reformas
realizadas por BNCC.
Los niveles implacablemente altos de desempleo, especialmente entre los
jóvenes, pusieron de relieve la incapacidad de los sistemas educativos para
formar a los jóvenes con las habilidades adecuadas para el mercado laboral y
alentaron los llamamientos para que se brinden más oportunidades y
responsabilidades (BANCO MUNDIAL, 2011, prefacio, nuestra traducción).
La necesidad de sintonizar la educación con las exigencias del mundo del trabajo sigue
presente, porque, aunque se dan las condiciones materiales para su superación, en esta sociedad,
el trabajo sigue siendo una condición para la (re)producción de la vida (MARX; ENGELS,
2008). Sin embargo, por regla general, la formación se restringe a la adaptación de los sujetos
a los mecanismos excluyentes del mercado, especialmente porque el proceso de modernización
del trabajo está naturalizado, implicando un fetichismo tecnológico, despojado de contradicción
e historicidad, porque para la gran mayoría de las personas pertenecientes a la base de la
pirámide social, lo que es formalmente objetivo es la adaptación al trabajo simple, con
predominio de la informalidad en el sector servicios y bajos salarios (MOTTA; FRIGOTTO,
2017). Por otro lado, la fascinación promovida por las nuevas tecnologías de comunicación e
intervención en el mundo aumenta la eficacia ilusoria de la subjetividad plenamente autónoma
y desarrollada (OLIVEIRA; GALUCH; GIOVINAZZO JÚNIOR, 2019).
Para una mejor comprensión de este tema, recurrimos a Marcuse (1979) cuando
comparó las formas de trabajo en las que predomina la fuerza física con los procesos de trabajo
con mayor desarrollo tecnológico. En esta comparación, explica que ambos implican
servidumbre y que la explotación tecnológica aumenta la integración de los trabajadores a
través de la sutileza de su forma. Para el autor,
El proletario de las etapas anteriores del capitalismo era en realidad un animal
de carga, por el trabajo de su cuerpo en la búsqueda de las necesidades y
superfluas de la vida mientras vivía en la suciedad y la pobreza. Él era, por lo
tanto, la negación viviente de su sociedad. En contraste, el trabajador
organizado de los sectores avanzados de la sociedad tecnológica vive esta
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negación de manera menos visible y, como los otros objetos humanos de la
división social del trabajo, se está incorporando a la comunidad tecnológica
de la población administrada. Además, en los sectores de automatización más
exitosos, una especie de comunidad tecnológica parece integrar los átomos
humanos en el trabajo (MARCUSE, 1979, p. 43-44, nuestra traducción).
En un contexto de austeridad fiscal del Estado, recortes en las inversiones en los sectores
sociales y escasez de vacantes de empleo formal, la motivación para la urgencia de esta
reorganización curricular es la necesidad de gestionar la desigualdad social que se acentúa, para
que el orden social y económico no se vea comprometido.
En este sentido, como lo describe Marcuse (1979), hay una amplia integración de la vida
humana en el mundo del trabajo a través de la tecnología, en la que las aplicaciones actualmente
unen la necesidad de trabajo del proletario al empleador y al consumidor. Ifood, Uber, Google
Classroom, Whatsapp, Instagram y Telegram son algunos ejemplos de esta atmósfera
tecnológica que impulsa la vida del mercado a través de la expropiación de mano de obra. Estas
aplicaciones también resaltan el surgimiento que tiene el capital para implementar una
enseñanza enfocada en la construcción de habilidades y competencias "para que el trabajador
pueda sobrevivir con poco" (CATINI, 2019). Se deja de lado la formación consistente, profunda
y contundente que puede desarrollar la capacidad de análisis crítico de la realidad y la
resistencia a la exploración, aunque la BNCC está lleno de expresiones como creatividad,
análisis crítico, reflexión, imaginación y autonomía para referirse a la formación deseada en
Educación Básica.
Vinculado al tema central de una enseñanza centrada en el mercado laboral, BNCC
anuncia que mejorar la calidad de la educación es un objetivo que cumplir, "especialmente en
la Enseñanza Media en la que las tasas de aprendizaje, repetición y abandono son muy
preocupantes" (BRASIL, 2018, p. 5, nuestra traducción), como lo demuestran el Índice de
Desarrollo de la Educación Básica (Ideb) y el Programa Internacional de Evaluación de
Estudiantes (Pisa).
En este sentido, con la intención de modernizar la educación nacional, BNCC retoma
elementos ya anunciados en las políticas de la década de 1990 (KOEPSEL; GARCIA;
CZERNISZ, 2020), reiterando la defensa del desarrollo de competencias y habilidades como
eje central del proceso educativo.
En la BNCC, la competencia se define como la movilización de conocimientos
(conceptos y procedimientos), habilidades (prácticas cognitivas y
socioemocionales), actitudes y valores para resolver demandas complejas de
la vida cotidiana, el ejercicio pleno de la ciudadanía y el mundo del trabajo
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(BRASIL, 2018, p. 8, nuestra traducción).
En nea con la naturaleza utilitaria e instrumental de la propuesta, la BNCC tiende a
reducir la diversidad de conocimientos y flexibilizar el currículo. Con respecto al exceso de
componentes y contenidos curriculares, el documento propone la definición de aprendizaje
esencial, definido por el criterio de aplicabilidad, y con respecto a la flexibilidad curricular, se
instituyen itinerarios formativos con la intención de valorar la autonomía y el protagonismo de
los estudiantes (BRASIL, 2018). Los itinerarios esenciales de aprendizaje y capacitación
orbitan habilidades y destrezas.
Los términos competencias y habilidades, a priori, si se analizan de manera
descontextualizada, no aportan problemas a la perspectiva formativa; Ocurre que, si
consideramos el conjunto, nos daremos cuenta de que estos conceptos operacionales están
imbricados en un paradigma formativo circunscrito a la empírea de los procesos de trabajo, por
lo tanto, restringiendo las posibilidades formativas, ya que saber hacer se superpone con el
aprendizaje del conocimiento sistematizado y fundamental para el desarrollo de pensamientos
más complejos. En el documento podemos leer que
[...] la BNCC indica que las decisiones pedagógicas deben orientarse hacia el
desarrollo de competencias. Indicando claramente lo que los estudiantes
deben "saber" (considerando la movilización de estos conocimientos,
habilidades, actitudes y valores) y, sobre todo, lo que deben "saber hacer"...
(BRASIL, 2018, p. 13, nuestra traducción).
Adorno no era un estudioso de la política educativa, a pesar de que su crítica expresa la
pseudoformación intrínseca al modelo formativo defendido por la BNCC. Esto se puede
observar cuando, por ejemplo, dice que: "La rara capacidad de someterse a fondo a los
requisitos lingüísticos de simplicidad en todos los sectores de la industria cultural se convierte
en el criterio de habilidad y competencia" (ADORNO, 2011, p. 19-20, nuestra traducción). En
el límite, la industria cultural como sistema ideológico que alineó la lógica de la producción
cultural a la lógica de la sociedad administrada entra en el ambiente escolar, permeado por las
recomendaciones de los documentos rectores del currículo, es decir, como una superestructura
político-legal.
Los límites de la educación crítica se pueden evidenciar en la estructura de la BNCC
para la Enseñanza Media. El plan de estudios se divide en una formación general básica y una
propuesta de diversificación que incluye itinerarios formativos. Cuatro áreas de conocimiento
integran la formación general básica, según lo predicho por LDB, que son: Idiomas y sus
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tecnologías; Matemáticas y sus tecnologías; Ciencias de la naturaleza y sus tecnologías;
Ciencias humanas y sociales aplicadas.
Entre los componentes de las áreas de conocimiento, sólo las asignaturas de lengua
portuguesa y matemáticas son obligatorias a lo largo del curso de la Enseñanza Media, y las
únicas asignaturas que tienen sus habilidades específicas presentadas con más detalle; los
restantes pueden tener su carga de trabajo reducida, según lo propuesto por el Departamento de
Educación del Estado de Paraná (Seed-PR) para el año escolar 2021.
Utilizando el argumento de unificar el currículo de la Enseñanza Media, todas las
escuelas deberían tener cuatro clases semanales de Lengua Portuguesa y tres clases de
Matemáticas, además de la inclusión de la disciplina de Educación Financiera y la reducción
de la carga de trabajo de Arte, Sociología y Filosofía (PARANÁ, 2020). Esto significa que el
plan de una formación estética y ética a través de la escuela, condición sine qua non para el
ejercicio pleno de la ciudadanía, se debilita, porque el documento asume que la estética, el
mundo del trabajo y la ética son flexibles. En estos términos, no hay posibilidad de
entrenamiento crítico, sino más bien la realización de procesos de enseñanza adaptativos, en los
que el que tiene las habilidades para adaptarse a los efectos del capitalismo del siglo 21 se
considera competente.
Esta iniciativa de Seed-PR, basada en la BNCC, expresa la jerarquía entre las disciplinas
escolares, en este caso, el criterio de instrumentalización y aplicabilidad del conocimiento
contribuyó a excluir el tiempo de clase de componentes con cierta tradición para la formación
del pensamiento crítico y también menos solicitado por las evaluaciones a gran escala utilizadas
para la clasificación de escuelas y sistemas educativos, guiados por la concepción de sujetos
con capacidades socioemocionales, adaptados al contexto en el que la vida está en constante
riesgo y el Estado mínimo necesita ciudadanos proactivos para actuar en la solución de
problemas en su comunidad y que supuestamente ejercen la libertad de elección en la definición
de su formación personal y profesional.
Está claro que las opciones del estado con respecto al conocimiento que debe ser parte
del repertorio escolar al que los niños y jóvenes tendrán acceso indican lo que se espera de tal
camino formativo. Con las directrices previstas en la BNCC, podemos decir que se espera que
las personas creativas intensifiquen el proceso de expropiación del conocimiento del trabajador.
Disciplinas con tendencias históricas hacia una educación ético-estética, como el Arte, la
Sociología y la Filosofía pueden desequilibrar la hegemonía que el modelo aparentemente
flexible de enseñanza pretende defender.
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Con respecto a los itinerarios formativos, la BNCC afirma que la columna vertebral de
las prácticas escolares es el proyecto de vida de los estudiantes, por lo que la necesidad de
diversificar y flexibilizar el currículo, que en tesis puede ser proporcionado por los diferentes
arreglos curriculares, ya no restringidos a los componentes curriculares, sino vinculados al
contexto local de las comunidades y que permiten la "libertad de elección" de los estudiantes
(BRASIL, 2018). Metafóricamente, se propone una educación basada en el modelo de
autoservicio, cuya idea es que el cliente decida qué va a consumir según su voluntad, cuando,
en realidad, el menú está previamente definido y limitado.
A pesar del discurso que expone la diversificación y flexibilidad curricular con el
propósito de permitir la autonomía y libertad de los estudiantes para elegir sus itinerarios
formativos, de hecho, las elecciones serán hechas de antemano por los sistemas educativos, en
gran medida ajustados a las cuestiones financieras, es decir, se elige el elegido que ya ha sido
elegido. Además, existe una alta probabilidad de que estas elecciones se basen marcadamente
en demandas locales inmediatas, restringidas a la adaptación, a actividades de trabajo
simplificadas, caracterizadas por la escasez de conocimiento elaborado que realmente favorezca
la libertad, la autonomía y la criticidad.
Con respecto a las directrices específicas para la enseñanza de la Educación Física en la
Enseñanza Media, en la BNCC, la discusión sobre los contenidos y conocimientos que
caracterizan a la disciplina y que deben desarrollarse en las clases se ve ensombrecida por la
centralidad de competencias y habilidades, como la competencia específica 5 "Comprender
los procesos de producción y negociación de significados en las prácticas corporales,
reconocerlos y experimentarlos como formas de expresión de valores e identidades, desde una
perspectiva democrática [...]" (BRASIL, 2018, p. 495, nuestra traducción) y sus habilidades
correspondientes, como se establece a continuación.
[...] Seleccionar y utilizar los movimientos corporales consciente e
intencionalmente para interactuar socialmente en las prácticas corporales, con
el fin de establecer diferencias constructivas, empáticas, éticas y respetuosas
con las diferencias.
[...] Analizar críticamente los prejuicios, estereotipos y relaciones de poder
presentes en las prácticas corporales, adoptando una posición contraria a
cualquier manifestación de injusticia y falta de respeto a los derechos humanos
y valores democráticos.
[...] Experimentar las prácticas corporales y significarlas en su proyecto de
vida, como una forma de autoconocimiento, autocuidado con el cuerpo y con
la salud, la socialización y el entretenimiento (BRASIL, 2018, p. 495, nuestra
traducción).
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Sin negar la importancia de que los estudiantes desarrollen las habilidades y destrezas
descritas, no podemos dejar de señalar que la discusión presentada por el BNCC sobre los
conocimientos específicos de Educación Física que encarnan estas habilidades es insuficiente,
ya que, por ejemplo, el análisis de los prejuicios vinculados a las prácticas corporales requiere
reflexionar sobre cómo estos estereotipos se expresan en los contenidos particulares de la
Educación Física y en la relación con el contexto social que alimenta este tipo de violencia.
Incluso si las directrices previas la BNCC ya están guiadas por las habilidades y
destrezas, en el documento actual, la dilución del conocimiento se intensifica. En el enfoque de
las disciplinas que conforman el área de Lenguajes y tecnologías, la Educación Física ocupa un
pequeño espacio, en el que se recuerdan los contenidos de la educación física y sus respectivos
objetivos trazados para la Enseñanza Primaria, atribuyendo a la Enseñanza Media la tarea de,
[...] Además de la experimentación de nuevos juegos y juegos, deportes,
bailes, peleas, gimnasia y prácticas de aventura corporal, los estudiantes deben
ser desafiados a reflexionar sobre estas prácticas, profundizando su
conocimiento sobre las potencialidades y límites del cuerpo, la importancia de
asumir un estilo de vida activo y los componentes del movimiento
relacionados con el mantenimiento de la salud (BRASIL, 2018, p. 484, nuestra
traducción).
Entendemos la coherencia con que se presentan los objetivos de la educación física para
el final de la Educación Básica, sin embargo esto no nos impide observar que la incipiente
discusión sobre los contenidos específicos del área dificulta la comprensión de la propuesta de
ampliar los contenidos listados a desarrollar en la Enseñanza Primaria, especialmente cuando
se considera que a la educación física se le atribuye la función de contribuir al "desarrollo de la
curiosidad intelectual, investigación y argumentabilidad" (BRASIL, 2018, p. 483, nuestra
traducción) de los estudiantes.
Al reflexionar sobre por qué el cuerpo y las prácticas corporales tienen una breve
mención en el documento, podemos inferir, de lo anterior, que el modelo flexible de producción
no requiere que los estudiantes cuestionen los estereotipos que impiden una experiencia con los
deseos y necesidades reales del cuerpo.
Aunque cantidad no es sinónimo de calidad y los estados y municipios son responsables
de la elaboración de sus propios currículos, el hecho de que un documento que esboza una base
común para el currículo nacional dedique solo dos de sus seiscientas páginas a la discusión
sobre qué se debe enseñar, cuándo se debe enseñar, por qué se debe enseñar y cómo se deben
enseñar los contenidos adjuntos a la Educación Física en la Enseñanza Media, por lo menos, un
motivo de atención y la necesidad de buscar elementos para su comprensión.
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La BNCC propone la organización de la Enseñanza Media en cuatro áreas de
conocimiento, con el fin de cumplir con la Opinión CNE/CP No. 11/2009 (BRASIL, 2009),
dejando claro que, como se especifica en esta disposición, el objetivo es fortalecer las relaciones
entre las áreas "y su contextualización para la aprehensión e intervención en la realidad"
(BRASIL, 2018, p. 32, nuestra traducción), lo que no significa eliminar los contenidos de áreas
específicas. Se observa que la Enseñanza Media se caracteriza como la etapa de Educación
Básica en la que son posibles diferentes itinerarios, en este sentido, se definen habilidades y
competencias que regresan a las definidas para la Enseñanza Primaria. En vista de la
flexibilidad curricular prevista para la Enseñanza Media, incluso para las asignaturas de Lengua
Portuguesa y Matemáticas, estas habilidades, de acuerdo con las competencias, no se indican
para cada uno de los años específicamente, sino para los tres años, que también se repite para
Educación Física.
Esto dice mucho sobre la formación deseada para quienes cursan la última etapa de la
Educación Básica. BNCC prevé una Enseñanza Media centrada en la realidad local, con la
posibilidad de formación profesional, aunque se afirma que el estudiante tiene autonomía para
elegir su propio itinerario.
Desde el punto de vista de la comprensión de la realidad, centrarse en los problemas
locales significa centrarse en una formación cuya preocupación no es desarrollar el pensamiento
capaz de establecer la relación entre lo particular y lo universal, comprender las implicaciones
de los problemas sociales más amplios en la comunidad, sino atribuir a cada sujeto la
responsabilidad del desempeño y la mejora de las condiciones de su entorno. Basada
predominantemente en el pensamiento práctico, restringido a la inmediatez del contexto, esta
forma de flexibilidad curricular conlleva en misma la posibilidad de retraer la formación
cultural de las asignaturas y, contrariamente a lo que se defiende formalmente, establecer una
"base" para la descentralización de la enseñanza, lo que no contribuye a reducir la discrepancia
de calidad educativa entre las diferentes instituciones educativas, Sin embargo, este proceso se
presenta de manera positiva, como libertad de elección y como personalización del currículo.
No se trata de defender un currículo enyesado, sino una orientación que pretende
orientar la configuración de la Educación Básica en Brasil: es necesario tratar más claramente
los contenidos y conocimientos a desarrollar en la Enseñanza Media, incluidos los de Educación
Física, especialmente cuando las estadísticas de este nivel de educación son ampliamente
criticadas por las agencias gubernamentales, a riesgo de empobrecer las referencias de cultura
corporal. Cuanto más el individuo
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[...] puede estar formado por una cultura de representaciones, pero puedes
conocer y dar flujo, de manera civilizada, a tus anhelos; En una cultura
reducida a la adaptación a tomada como un fin en misma, se pierde el
movimiento histórico y la posibilidad de visualizar el cambio de la sociedad,
la cultura y el individuo. Y, por supuesto, si la industria cultural justifica la
pobreza de su lengua considerando la amplitud y diversidad de la formación
de su público, no es posible decir que sea una cultura propicia para la
diferenciación individual (GALUCH; CROCHICK, 2018, p. 41-42, nuestra
traducción).
En términos generales, aunque el argumento utilizado por la BNCC para establecer los
itinerarios formativos es pertinente, a saber, la necesidad de superar la fragmentación de los
contenidos curriculares y la distancia entre la escuela y el conocimiento cotidiano, negando la
diversidad de los procesos formativos, restringiéndolos a la inmediatez del contexto del mundo
del trabajo, está aún más cerca de la institucionalización del "acceso desigual y diferenciado al
conocimiento" (KUENZER, 2020, p. 62, nuestra traducción), que va en contra de la propuesta
anunciada.
Consideraciones finales
El establecimiento de una base común para el currículo es importante ya que abre
posibilidades para que no haya disparidades en el contenido ofrecido en diferentes regiones de
un país, pero el contexto de implementación de la BNCC demuestra la velocidad de un proceso
autoritario, marcado por el enfriamiento de las funciones sociales del Estado, corroborando la
reforma de la seguridad social, con la pérdida de derechos laborales y la congelación durante
veinte años de inversiones en educación, seguridad y salud.
En este clima de regresión democrática, la BNCC retoma el discurso de competencias y
habilidades inaugurado en la década de 1990, sumado a la novedad de los itinerarios formativos,
apuntando a la flexibilización y contracción del currículo mediante la organización de nuevos
arreglos curriculares, ya no restringidos a la supuesta fragmentación de los componentes
disciplinarios.
Para la BNCC, tanto las habilidades y competencias como los itinerarios formativos
permiten que el conocimiento se aborde interdisciplinariamente, por lo tanto, de manera s
amplia y que satisfaga los anhelos de individualidad de los sujetos. Ocurre que esta propuesta
demuestra un vaciamiento de los contenidos expresados por los componentes curriculares,
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precisamente los supuestos de competencias y habilidades, en pocas palabras, de individualidad
y autonomía.
Sobre la libertad de los estudiantes para trazar sus propios caminos formativos, es
necesario considerar que estas opciones están condicionadas a las posibilidades del sistema
educativo y las escuelas, que sufrirán las entradas de austeridad económica impuestas por el
Estado. Esto implica posibilidades financieras restringidas, especialmente si pensamos que
cumplir con los requisitos del mercado productivo local puede marcar el tono para las "nuevas
disposiciones curriculares", basadas en el trabajo simplificado.
Las proposiciones de la BNCC expresan la lógica de la racionalidad instrumental, en
este sentido, las disciplinas de lengua portuguesa y matemáticas obtienen prominencia, cuyos
contenidos son más solicitados en evaluaciones a gran escala y supuestamente tienen una mayor
aplicabilidad práctica, mientras que los otros componentes pierden la obligación de estar
presentes en todos los grados de secundaria.
Además, en relación con los conocimientos específicos de Educación Física, el hecho
de que se indique que en la Enseñanza Media se deben reanudar los contenidos tratados en la
Enseñanza Primaria, sin mencionarlos, dificulta la relación entre ellos y las competencias y
habilidades proporcionadas, así como la selección y secuencia de contenidos de este
componente curricular a lo largo de la Enseñanza Media. En un fondo, se observa la
secundarización de los contenidos de Educación sica por parte de la BNCC, comprometiendo
la organización del conocimiento sistematizado que caracteriza el área y que tienen el potencial
de posibilitar la comprensión del cuerpo en su relación histórico-social.
La propuesta de Educación Física en la que las habilidades y destrezas se superponen
con los conocimientos específicos del área contribuye a la formación de sujetos cuyos cuerpos
son dóciles y adaptados a los requisitos básicos para el mantenimiento de la vida en
circunstancias laborales cada vez más precarias, en medio de la intensificación de la aplicación
de la tecnología, lo que podría ser una razón para que el hombre se deshaga del trabajo.
Así, en la escuela se niega una enseñanza que permita la construcción de una
corporeidad que se apodere de las necesidades reales del cuerpo, sus límites y sus
potencialidades para sentir y estar de una manera diferente a los estereotipos que la sociedad
produce como presión sobre los individuos. Pensar en la Educación Física como un componente
curricular, por lo tanto, va más allá de la organización de la enseñanza de acuerdo con el
currículo, ni permite pensar en ella como una forma de lenguaje para el aprendizaje de
habilidades y destrezas, como predice la BNCC.
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Eduardo Borba GILIOLI; Maria Terezinha Bellanda GALUCH y Eduardo Oliveira SANCHES
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CRediT Author Statement
Reconocimientos: No aplicable.
Financiamiento: Recursos propios de los autores.
Conflictos de intereses: No hay conflicto de intereses.
Aprobación ética: No aplicable.
Disponibilidad de datos y material: No aplicable.
Contribuciones de los autores: Los tres autores trabajaron colectivamente en la planificación,
elaboración, revisión y edición del artículo. La especificidad de las diferentes formaciones
(Pedagogía y Educación Física) se asocia con estudios sobre el fenómeno educativo desde la
perspectiva de la Teoría Crítica de la Sociedad; Marco teórico que subvencionó el análisis
documental, orientando los resultados y conclusión de la investigación.
Procesamiento y edición: Editora Iberoamericana de Educación - EIAE.
Corrección, formateo, normalización y traducción.
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BNCC, SECONDARY SCHOOL AND PHYSICAL EDUCATION: DEVELOPMENT
OF ABILITIES AND SKILLS
BNCC, ENSINO MÉDIO E EDUCAÇÃO FÍSICA: FORMAÇÃO DE HABILIDADES E
DE COMPETÊNCIAS
BNCC, ENSEÑANZA MEDIA Y EDUCACIÓN FÍSICA: FORMACIÓN DE
HABILIDADES Y DE COMPETENCIAS
Eduardo Borba GILIOLI1
e-mail: eduardoborbagilioli@hotmail.com
Maria Terezinha Bellanda GALUCH2
e-mail: mtbgaluch@uem.br
Eduardo Oliveira SANCHES3
e-mail: eosanches2@uem.br
How to reference this paper:
GILIOLI, E. B.; GALUCH, M. T. B.; SANCHES, E. O. BNCC,
secondary school and physical education: Development of abilities
and skills. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 18, n. 00, e023006, 2023. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.15694
| Submitted: 11/10/2022
| Revisions required: 07/11/2022
| Approved: 09/12/2022
| Published: 01/01/2023
Editor:
Prof. Dr. José Luís Bizelli
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
State University of Maringá (UEM), Marin PR Brazil. Department of Theory and Practice of Education.
Doctorate in Education (UEM).
2
State University of Maringá (UEM), Marin PR Brazil. Professor. Department of Theory and Practice of
Education. Doctorate in Education: History, Politics, Society (PUC/SP).
3
State University of Maringá (UEM), Marin PR Brazil. Faculty. Department of Theory and Practice of
Education. Doctorate in Education (UNESP).
BNCC, secondary school and physical education: Development of abilities and skills
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023006, 2023. e-ISSN: 1982-5587
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ABSTRACT: The basis for this documentary study is the Critical Theory of Society, to analyze
the formative proposal that underpins the National Common Curriculum Framework for
physical education in secondary schools, with emphasis on overhauling this level of education.
The proposal for physical education in secondary schools to be based on ability and skills,
relegating the specific content in the area to a second plane, unveils a formative model that
operates at the limits of adaptation of individuals to unstable working conditions, under the
technological fetish of flexible production, instead of striving for an education that leads to the
development of independent, self-reflective individuals, although the document does emphasize
a supposed critical education.
KEYWORDS: Physical education. Educational policies. Critical culture theory. Secondary
education.
RESUMO: Esta pesquisa, de caráter bibliográfico, apoia-se na Teoria Crítica da Sociedade,
para analisar a proposta formativa que baliza a Base Nacional Comum Curricular para a
Educação Física no Ensino Médio, tensionando a reforma nesse nível de ensino. A proposta
da Educação Física no Ensino Médio ao pautar-se em habilidades e competências,
secundarizando os conteúdos específicos da área, revela um modelo formativo que atua nos
limites da adaptação dos sujeitos ao trabalho precarizado, sob o fetiche tecnológico da
produção flexível, em vez de primar pela educação que conduz ao desenvolvimento de
indivíduos autônomos e autorreflexivos, embora o documento enfatize uma suposta formação
crítica.
PALAVRAS-CHAVE: Educação Física. Diretrizes da educação. Teoria Crítica da cultura.
Ensino Médio.
RESUMEN: Este estudio, de carácter documental, se fundamenta en la Teoría Crítica de la
Sociedad, analizando la propuesta formativa, que orienta la Base Nacional Común Curricular,
para la educación física, en la enseñanza media, tensionando la reforma en ese nivel de
enseñanza. La propuesta de la educación física, en la enseñanza media considera las
habilidades y competencias, dejando en segundo lugar los contenidos específicos del área,
revela un modelo formativo, que actúa en los límites de la adaptación de los sujetos, al trabajo
recomendado, bajo el fetiche tecnológico de la producción flexible, al contrario de destacarse
por la educación que conduce al desarrollo de individuos autónomos y autorreflexivos, sin
embargo, el documento destaca una supuesta formación crítica.
PALABRAS-CLAVE: Educación física. Directrices educativas. Teoría crítica de la cultura.
Enseñanza Media.
Eduardo Borba GILIOLI; Maria Terezinha Bellanda GALUCH and Eduardo Oliveira SANCHES
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Introduction
From the official guidelines for education to its materialization in the school
environment there is a long way, among which are legal, didactic and pedagogical, human,
economic, and social aspects. The daily school life is not a mere reflection of official guidelines,
since the formal curriculum, the hidden curriculum, the informal curriculum, and the curriculum
in action are all present at school.
The normatization of school education is permeated by a set of actions that include legal
documents; the education reforms; the discussions of specialists on the possibilities and needs
of changes in education; the curricular organization of undergraduate and graduate courses; the
development of teaching materials; the systematization of plans of positions and careers of
education professionals; the large-scale evaluations that result in ranking of educational
institutions, etc. (SHIROMA; MORAES; EVANGELISTA, 2011).
In this logic, even if teachers, managers, parents and students do not know the
educational legislation; even if they have not studied it or do not fully assume its
recommendations, they end up internalizing the understandings of teaching, learning, training,
man and society that underlie it, since these conceptions are present and disseminated in
different instances and institutions, with the direct participation of media mechanisms. In this
sense, the documents that regulate the national curricular organization are important sources for
the understanding of the educational phenomenon in its different levels.
The provision for the State to legislate on the bases and guidelines of national education
aiming at a common curriculum dates back to the promulgation of the Federal Constitution of
1988 (BRASIL, 1988). The concern with a common curriculum to raise the level of Brazilian
education is not a recent issue. In 1971, the organization of a national system of education was
the thesis defended by Saviani (2008), in which he defined this system as "the unity of the
various aspects or educational services mobilized by a given country, intentionally brought
together to form a coherent whole that operates effectively" (SAVIANI, 2010, p. 381, our
translation) in the schooling of a given population. The Law of Directives and Bases of National
Education (LDB), on the other hand, delegates to the Union the responsibility of coordinating
the National Education Policy, establishing common competencies and directions for Basic
Education, in order to ensure minimum standards of teaching quality for all regions of Brazil
(BRAZIL, 2019), which was made official in 2017, with the Common National Curricular Base
(BNCC in the Portuguese acronym) (BRAZIL, 2018).
BNCC, secondary school and physical education: Development of abilities and skills
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If the improvement of educational levels is not restricted to the organization of a
common national curriculum, neither can it be achieved without it. In this sense, we have an
important issue for education in general and for specific subjects in particular: the relationship
between the division, the serialization and the hierarchy of the contents and objects of education
throughout the initial and final years of elementary school and the student who is intended to
be trained.
To reflect on the relationship between the content of the subjects that make up the
official proposals to guide the school curriculum and the conception of education that underlies
them, we took Physical Education as an object, since it is a subject that accompanies the course
of Basic Education.
Without trying to fix its contents, a certain organicity for the area is important, because
[...] the space of school Physical Education does not deserve to be reserved
for random corporal experiences, vague experimentations, filling of time from
the arbitrary election of contents, and finally for a series of conditions that, in
general, reveal the absence of a logic of knowledge transition that can
minimally give a more reflective direction to the development of pedagogical
actions (SOUZA, 2021, p. 99, our translation).
The consolidation of BNCC (BRAZIL, 2018) raises the expectation about its influences
on the organization of physical education teaching, reminding us to reflect on the formative
possibilities of this curriculum component.
In this article, we focus on the BNCC proposal for high school, based on the concept of
instrumental rationality treated by the Critical Theory of Society. The option for this concept
and theoretical perspective is due to the fact that the BNCC is embodied in a proposal for
different levels, modalities and education networks, i.e., it is a document that conducts and
manages training in a given social time and space.
Instrumental Rationality and the control of training
Expressive author of the Critical Theory of Society, Adorno (1995) conceives
knowledge as the result of the confrontation between subject and object. Despite the object's
primacy, the subject is not annulled. On the contrary, the appropriation of the movement of the
thing/reality (non-Self) is a condition for the development of individuality (Self); the two
elements do not compose an undifferentiated unity, nor are they related in an antithetical way.
As Horkheimer and Adorno (1985, p. 19, our translation) put it, in the "broadest sense of the
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progress of thought, enlightenment has always pursued the goal of freeing men from fear and
investing them with the position of masters. The historical development of society, in which
the constitution of thought is implicated, is marked by relations of domination. The initial
subjugation of man to nature is reversed. In technological society, nature, including human
nature, is dominated by social relations (HORKHEIMER; ADORNO, 1985).
According to Adorno (2004), once the objectivity of thought depends on the relation of
the subject with the thing, and in commodity society the specificities of objects are subsumed
by the exchange value, that is, the act of conjecturing the possibilities of objective conditions,
of their becoming, is curtailed. In effect, in the exchange of equivalents, individualization is
compromised by stereotyping and by the dissolution of the content of the formation itself.
The constitution of individuality demands the capacity of introspection, reflection, and
suspension of the immediate for something complex, because endowed with historicity and
movement. In contrast, the inability to differentiate between standardized objects induces the
immediacy of the apprehension of facts. While the possibilities of constitution of the human are
restricted, the process of objectification of the subject is driven, since the fetishization of the
merchandise implies "a rational configuration of mythical invariability" (ADORNO, 1995, p.
59, our translation). Horkheimer and Adorno (1985) reflect on the process of dissolution of
mythical thinking by the enlightenment and how, in the administered world, the enlightenment
itself presents elements of mystification, that is, reason destroyed the myth, however,
incorporated its residues as a way of operating.
In this context, the authors analyze that at the beginning of modernity the Enlightenment
ideas of human emancipation through reason influenced the dawn of modern science. Until
then, faith-based explanations had the value of truth, including dogmas.
With the creation of modern methods, unquestionable explanations for natural and
social phenomena are based on descriptive models, organized by parameters and instruments,
through observation and experiment.
This rationality, little by little, is no longer part of an ideal of human emancipation, and
is incorporated by the production model as an instrument for greater efficiency in the
exploitation of natural resources, the expropriation of the proletariat, and the domination and
control of social spaces. Instrumental reasoning refers precisely to the use of knowledge, which
was once seen as a source of freedom and experience; it becomes a resource for the productive
model to maintain and reproduce itself.
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In this context, when using a methodological resource of exposure of formative
problems arising from the technological society, Horkheimer (2010) differentiates objective
reason from subjective reason. The first is associated with the primacy of the object and justice,
its specificities in relation to the subject. In opposition to this, the subjective reason,
consolidated in the exchanges, despises objectivity, formalizes and relativizes freedom for
individual dispute.
The love for formal freedom nurtured by bourgeois ideology disqualifies theoretical
thought. In these terms, there is an objective tendency toward the involution of subjectivity,
toward the abstract functioning of ideas, because the barrier imposed by social relations creates
an illusion of happiness, in which the contradictions between theory and practice, between
thought and action, and between administration and real freedom are not unveiled or are
considered as flaws of thought, whose content is shaped and naturalized by the exploitation of
man by man (HORKHEIMER, 1976).
If the reflection on human well-being, as something to be conquered in generic terms,
proves to be unattainable by the reified consciousness, there remains the fetishization of the
means and the strengthening of instrumental rationality that leads to conformation to the
existing reality. Without undervaluing that a certain amount of adaptation is a condition for the
very resistance to the limitation of the human, adaptation is the means and not the end of social
relations, says Horkheimer (2010).
About the adaptation as a necessary moment of individual differentiation, based on his
experience of exile in the United States of America, Adorno (1995, p. 137, our translation) says
the following:
Although I am not unaware that individuality is formed in no other way than
by following a process of adaptation and socialization, all the more, on the
other hand, I consider it an obligation and a proof of individuation that it goes
beyond adaptation.
The formation for adaptation to the liberal society, to the administered world, is largely
favored by the cultural industry as an ideological system, whose monopolistic capitalism serves
as its basis and defines its content. At the same time, the constitution of monopolies, in all
branches of material and spiritual production, undermines the very formal principles of classical
liberalism.
In this way, understanding the existence of a free exchange of products, or even the
return of the social conditions of the early days of market liberalism, associated with the
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mention of the term neoliberalism, constitutes a euphemistic resource to disguise the lure, the
ideology. Marcuse (1979) recognizes that the concentration of the economy by large
corporations, the weakening of political opposition to capitalism even before the end of the
Cold War, and the new forms of control veiled by technology contribute to the closing of the
political universe.
The depoliticization of social relations is corroborated by the conception of language in
a functional and uncritical perspective. The closure of the universe of speech contributes to the
consolidation of the administered society and to the constitution of social agreements, because,
without the ability to reflect on the contradictions, conceptual thinking is limited, ideologically
separating reality from the linguistic field, argues Marcuse (1979). In turn, the techniques of
propaganda and advertising, as prototypes of the lure imprinted on language, 'transform'
totalitarianism into 'democracy', the worker into a 'collaborator', the agrochemical into an
'environmental control substance', the employees and employers into a 'team the asylum into a
'long-stay institution for the elderly', the slum into a 'community', inequality into 'cultural
diversity', campaign fraud into 'free' elections, commodities into 'exclusive' objects like 'your
car', 'your movie', 'your newspaper', etc. Adorno (1969) understands personalization as a way
to alleviate the atomization of the individual in the face of the anonymous market mechanism.
The development of industrial society is linked to the reason of the state, and this
instrumental rationality tends to repel the forms of protest that can challenge social structures.
The result is the generalization of the formation that contributes to the maintenance of illusions
that favor the perpetuation of reality. In other words, structural violence is maintained without
challenging its roots. Domination expands and is expressed in the deprivation of truth as a
mechanism of thought control by the cultural industry as an all-embracing system.
Marcuse (1978, p. 19, our translation), in criticizing the historical antagonism between
state interests and the development of individuals, expresses himself in the following terms:
"Western civilization has always glorified the hero, the sacrifice of life for the city, the state,
the nation; rarely has it inquired whether the established city, the state, or the nation were
worthy of sacrifice".
This State rationality officially represents the interests of technological society,
replacing critical reason by public opinion which, due to its character of distorting reality,
contributes to the weakness of the Self and the development of unilateral solidarity, implying
the strengthening of collective narcissism, whose most damaging example was Auschwitz
(ADORNO, 1995; HORKHEIMER, 1976, 2010).
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According to Adorno (1995), the main goal of education should be to prevent the
repetition of the Nazi holocaust, remembering that the very need to justify this imperative
demand of humanity is already configured as an expression of training for coldness and
indifference.
Specifically, to school education, it is up to enable critical self-reflection on knowledge
itself and the society that produces it, in order to participate in the opposition to barbarism. This
process necessarily involves the appropriation of elaborated knowledge, in line with the ethical
and political aspects of human teleology. In short, the contradictory fact that only at the time of
the atomic bomb it was possible to think about the elimination of violence must be an object of
constant analysis of education for criticism and resistance (ADORNO, 1995).
In these terms, the analysis of the BNCC can reveal contradictory elements, i.e., the
expression of instrumental rationality of a proposal for the official organization of education
and the provision for the teaching of certain knowledge that allows to extrapolate the
appearance of reality. In this sense, we pass to the reflection of the document, regarding high
school, especially physical education.
BNCC and physical education in high school: instrumentalization of training
The elaboration process of the BNCC expresses the antagonism between the official
effort to obtain consensus and the anti-democratic character of its consolidation (FERRETTI,
2018). Although the provision of a common national curriculum is present in the Magna Carta
of 1988, the impulse for its implementation was given by the Provisional Measure (MP) No.
746 (BRAZIL, 2016b), which marks the promulgation of Law No. 13.415 (BRAZIL, 2017),
which reformulates high school and supports the BNCC.
Between 2015 and 2016, due to the closing of public schools by some state governments,
the Constitutional Amendment Proposal (PEC) No. 95 (BRAZIL, 2016a), which freezes public
investments in the social area for a period of 20 years, therefore called the PEC of Death by its
critics, and because of MP 746, there were occupations of public schools by students and
protests in several states of Brazil. In São Paulo, these demonstrations reached at least 60
municipalities; in Paraná, approximately 850 educational institutions were involved in public
acts (BOUTIN; FLACH, 2017).
The climate of retrogression was present in the public hearings proposed by the Ministry
of Education (MEC) to discuss the BNCC in 2018. On May 11, in Florianópolis, the first
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hearing took place with a significant representation of opposition to the document. The second
moment, scheduled for June 8, was suspended due to protests against the high school reform.
The third hearing took place on July 5th, in Fortaleza, being the target of much criticism. On
August 10, in Belém, the fourth hearing was taken by protesters and the last public meeting was
held in Brasilia, on September 10, under strong police apparatus (KOEPSEL; GARCIA;
CZERNISZ, 2020).
Despite the conflicts of interest that permeated the preparation of the BNCC, the final
draft of the document states that this movement occurred through extensive debates and broad
consultations with society and the educational community (BRAZIL, 2018), presenting a false
democratic and dialogical character.
In the space of dispute and tensions over the BNCC, we can place the organizations
linked to public education, such as the National Association of Graduate Studies and Research
in Education (Anped); the National Association of Policy and Administration in Education
(Anpae); the National Association for the Training of Education Professionals (Anfope) and
the National Confederation of Education Workers (CNTE in the Portuguese acronym), as well
as business organizations of public-private partnership, as exposed by Michetti (2020, p. 4, our
translation) in the following passage:
As 'partners', they declare government agencies and instances, multilateral
organizations, civil associations, private foundations and associations
('institutes') and companies. Singling out only the corporate and family
foundations, we have, as partners of Undime, the Victor Civita Foundation,
the Abrinq Foundation, the Itaú Social Foundation, the Natura Institute, the
Telefônica Vivo Foundation, the Alana Institute, the Lemann Foundation, and
the SM Foundation. And, as partners of Consed, we have the Roberto Marinho
Foundation, the Itaú Social Foundation, the Unibanco Institute, the Victor
Civita Foundation, the Natura Institute, the Santillana Foundation, the
Lemann Foundation, the Telefônica Vivo Foundation, as well as the Gerdau
and Itaú BBA companies.
Regardless of the specific motivations of each of these institutions, the goal of profit is
still central, therefore, there is a harmony with the recommendations of the WB, whose official
function is to promote economic development of different regions of the planet, but ends up
acting more as a mentor of macro-social policies, especially those of an educational nature,
imposed on countries as a condition for financial loans. Ultimately, the WB serves the economic
order that hierarchizes and maintains the relationship of subservience of the peripheral countries
and regions in relation to the center of world capitalism (ARRUDA, 2009). This same tendency
strengthens monopolies to the detriment of the free market ideology.
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From recommendations based on the limits of international economic relations, the
BNCC is the beacon of Brazilian education and intends to influence not only the curriculum
restructuring, but "the initial and continuing training of educators, the production of teaching
materials, the matrices of assessments and national exams that will be reviewed in the light of
the approved text of the Base" (BRASIL, 2018, p. 5, our translation). Therefore, this is a reform
that establishes itself as a system that does not miss any aspect of the formative process. The
justifications announced by the BNCC for the rapid educational reform, particularly that of high
school, emphasize economic motivations.
To respond to this need to recreate the school, it is essential to recognize that
the rapid transformations in contemporary national and international social
dynamics, largely due to technological development, directly affect young
populations and, therefore, their educational demands. In this increasingly
complex, dynamic and fluid scenario, the uncertainties related to changes in
the world of work and in social relations as a whole represent a major
challenge for the formulation of policies and curriculum organization
proposals for Basic Education in general, and for High School in particular
(BRAZIL, 2018, p. 462, our translation).
The message summarized in this excerpt shows that the economic development of Brazil
is conditioned to the updating of Basic Education, in view of both technological and labor
market transformations. In one of the WB documents, we can see how the education systems
are negatively evaluated, taking into account their supposed anachronism with the needs of the
productive market, which would justify the reforms tangential to the BNCC.
Relentlessly high levels of unemployment, especially among young people,
have highlighted the inability of education systems to train young people with
the right skills for the labor market and have spurred calls for more
opportunities and responsibilities (WORLD BANK, 2011, preface, our
translation).
The need to tune education with the demands of the labor world is still present, because,
although the material conditions for its overcoming are given, in this society, work is still a
condition for the (re) production of life (MARX; ENGELS, 2008). However, as a rule, the
training is restricted to the adaptation of subjects to the exclusionary mechanisms of the market,
especially because the labor modernization process is naturalized, implying a technological
fetishism, devoid of contradiction and historicity, because for the vast majority of people
belonging to the base of the social pyramid, what is formally aimed is the adaptation to simple,
low-skilled work, with a predominance of informality of the service sector and with low pay
(MOTTA; FRIGOTTO, 2017). In contrast, the fascination promoted by new technologies of
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communication and intervention in the world potentiates the illusory effectuation of fully
autonomous and developed subjectivity (OLIVEIRA; GALUCH; GIOVINAZZO JÚNIOR,
2019).
To better understand this issue, we turn to Marcuse (1979) when he compares the forms
of work in which physical force predominates with work processes with greater technological
development. In this comparison, he clarifies that both imply servitude and that technological
exploitation increases the integration of workers through the subtlety of its form. For the author,
The proletarian of the earlier stages of capitalism was actually a beast of
burden, by the labor of his body in pursuit of the necessities and superfluities
of life while living in filth and poverty. He was thus the living negation of his
society. In contrast, the organized worker in the advanced sectors of
technological society lives this negation less conspicuously and, like the other
human objects of the social division of labor, is being incorporated into the
technological community of the managed population. Further, in the most
successful sectors of automation, a kind of technological community seems to
integrate the human atoms at work (MARCUSE, 1979, p. 43-44, our
translation).
In a context of fiscal austerity of the state, of investment cuts in social sectors and
shortage of formal job openings, the motivation for the urgency of this curriculum
reorganization is the need to manage the social inequality that is accentuated, so that the social
and economic order is not compromised.
In this sense, as Marcuse (1979) describes, there is a broad integration of human life
into the world of work through technology, in which applications currently unite the
proletarian's need for work with the employer and the consumer. Ifood, Uber, Google
Classroom, WhatsApp, Instagram, and Telegram are some examples of this technological
atmosphere driving mercantile life, through the expropriation of labor. Such applications also
highlight the emergency that the capital has to implement an education focused on building
skills and competencies "so that the worker can survive with little" (CATINI, 2019, our
translation). The consistent, deep and forceful training, which can develop the capacity for
critical analysis of reality and resistance to exploitation is left aside, although the BNCC is full
of expressions such as creativity, critical analysis, reflection, imagination and autonomy to refer
to the desired training in Basic Education.
Linked to the central issue of a labor market-oriented education, the BNCC announces
that improving the quality of education is a goal to be achieved, "especially in high school
where the rates of learning, repetition and dropout are quite worrying" (BRAZIL, 2018, p. 5,
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our translation), as evidenced by the Basic Education Development Index (IDEB) and the
International Program for Student Assessment (Pisa).
In this sense, with the intention of modernizing national education, the BNCC resumes
elements already announced in the policies of the 1990s (KOEPSEL; GARCIA; CZERNISZ,
2020), reiterating the defense of the development of skills and abilities as the central axis of the
educational process.
In the BNCC, competence is defined as the mobilization of knowledge
(concepts and procedures), skills (cognitive and socioemotional practices),
attitudes and values to solve complex demands of everyday life, the full
exercise of citizenship and the world of work (BRAZIL, 2018, p. 8, our
translation).
In line with the utilitarian and instrumental nature of the proposal, the BNCC tends to
reduce the diversity of knowledge and to make the curriculum more flexible. Regarding the
excess of curricular components and content, the document proposes the definition of essential
learning, defined by the criterion of applicability, and with regard to curricular flexibility, the
formative itineraries are established with the intention of valuing the autonomy and
protagonism of students (BRAZIL, 2018). The essential learning and the formative itineraries
orbit around the competencies and skills.
The terms competencies and skills, a priori, if analyzed in a decontextualized way, do
not bring a problem to the formative perspective; it happens that, if we consider the whole, we
realize that these operational concepts are imbricated in a formative paradigm circumscribed to
the empirical work processes, therefore, restricting the formative possibilities, since the know-
how overlaps the learning of systematized knowledge and fundamental to the development of
more complex thoughts. In the document we can read that
[...] the BNCC indicates that pedagogical decisions should be oriented towards
the development of competencies. Through a clear indication of what students
should 'know' (considering the mobilization of this knowledge, skills, attitudes
and values) and above all, what they should 'know how to do'... (BRAZIL,
2018, p. 13, our translation).
Adorno was not a scholar of educational policy, notwithstanding his criticism expresses
the pseudo-training intrinsic to the formative model advocated by the BNCC. This can be
observed when, for example, he states that: "The rare ability to subject oneself thoroughly to
the demands of the language of simplicity in all sectors of the cultural industry becomes the
criterion of skill and competence" (ADORNO, 2011, p. 19-20). In the limit, the cultural industry
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as an ideological system that aligned the logic of cultural production to the logic of the
administered society enters the school environment, permeated by the recommendations of the
guiding documents of the curriculum, that is, as a political-legal superstructure.
The limits of critical education can be seen in the very structure of the BNCC for high
school. The curriculum is divided into a basic general education and a diversification proposal
that includes training itineraries. Four areas of knowledge make up the basic general education,
as provided by the LDB, namely: Languages and their technologies; Mathematics and their
technologies; Nature sciences and their technologies; Applied humanities and social sciences.
Among the components of the knowledge areas, only the subjects Portuguese Language
and Mathematics are compulsory throughout high school, and are the only subjects that have
their specific skills presented in more detail; the others can have their workload reduced, as
proposed by the Secretary of Education of the State of Paraná (Seed-PR) for the 2021 school
year.
Using the argument of unifying the high school curriculum, all schools must have four
weekly classes of Portuguese Language and three weekly classes of Mathematics, in addition
to including the subject of Financial Education and reducing the number of hours of Art,
Sociology, and Philosophy (PARANÁ, 2020). This means that the plan for an aesthetic and
ethical education through school, a sine qua non condition for the full exercise of citizenship,
is weakened, since the document assumes that aesthetics, the world of work, and ethics are
flexible. In these terms, there is no possibility for critical formation, but rather the realization
of adaptive teaching processes, in which the one who has the skills to adapt to the effects of
21st century capitalism is considered competent.
This initiative by Seed-PR, supported by the BNCC, expresses the hierarchy among
school subjects, in this case, the criterion of instrumentalization and applicability of knowledge
contributed to exclude the class time of components with some tradition for the formation of
critical thinking and also less required by large-scale assessments used for ranking schools and
education systems. These assessments are based on the concept of subjects with socioemotional
skills, adapted to a context in which life is constantly at risk and the minimal State needs
proactive citizens to act in solving problems in their community and that, supposedly, exercise
freedom of choice in defining their personal and professional training.
It is clear that the State's choices regarding the knowledge that should be part of the
school repertoire that children and young people will have access to indicate what is expected
of such a formative path. With the guidelines provided in the BNCC, we can say that creative
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people are expected to intensify the very process of expropriation of knowledge from the
worker. Subjects with historical tendencies towards an ethical-aesthetic education, such as Art,
Sociology and Philosophy, can put in unbalance the hegemony that the apparently flexible
model of education aims to defend.
With regard to training itineraries, the BNCC states that the backbone of school
practices is the students' life project, thus the need to diversify and make the curriculum more
flexible, which in theory can be provided by different curricular arrangements, no longer
restricted to curricular components, but linked to the local context of communities and that
enable students' 'freedom of choice' (BRAZIL, 2018). Metaphorically, it proposes an education
supported by the self-service model, whose idea is that the customer decides what he will
consume according to his will, when, in fact, the menu is previously defined and limited.
Despite the discourse that exposes the diversification and flexibility of the curriculum
with the purpose of enabling autonomy and freedom for students to choose their educational
itineraries, in fact, the choices will be made in advance by educational systems, adjusted largely
by financial issues, i.e., one chooses what has already been chosen. Moreover, there is a high
probability that these choices will be markedly based on the immediate local demands,
restricted to adaptation, to simplified labor activities, characterized by the scarcity of elaborated
knowledge that really favors freedom, autonomy and criticality.
Regarding the specific guidelines for the teaching of Physical Education in High School,
in the BNCC, the discussion about the content and knowledge that characterize the subject and
that should be developed in classes is overshadowed by the centrality of skills and abilities,
such as the specific competence 5 - "Understand the processes of production and negotiation of
meanings in body practices, recognizing and experiencing them as forms of expression of
values and identities, in a democratic perspective [...]" (BRAZIL, 2018, p. 495, our translation)
- and their corresponding skills, shown below.
[…] Select and use body movements consciously and intentionally to interact
socially in body practices, in order to establish constructive, empathetic,
ethical and respectful relationships with differences.
[…] Critically analyze prejudices, stereotypes and power relations present in
body practices, adopting a position contrary to any manifestation of injustice
and disrespect to human rights and democratic values.
[…] Experience body practices and include them in their life project, as a way
of self-knowledge, self-care with the body and health, socialization and
entertainment (BRAZIL, 2018, p. 495, our translation).
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Without denying the importance of students developing the competences and skills
described, we cannot fail to point out that the discussion presented by BNCC about the specific
knowledge of Physical Education that substantiate these capabilities is insufficient, since, for
example, the analysis of prejudices related to body practices requires reflection on how these
stereotypes are expressed in the particular contents of Physical Education and in the relationship
with the social context that feeds this type of violence.
Even if the guidelines prior to the BNCC are already marked by skills and abilities, in
the current document, the dilution of knowledge is intensified. In the approach to the disciplines
that make up the area of Languages and Technologies, Physical Education occupies a reduced
space, in which the contents of physical education and their respective goals outlined for
Elementary School are remembered, assigning to High School the task of,
[...] In addition to experimenting with new games, sports, dances, fights,
gymnastics, and adventure body practices, students should be challenged to
reflect on these practices, deepening their knowledge about the body's
potential and limits, the importance of assuming an active lifestyle, and the
components of movement related to health maintenance (BRAZIL, 2018, p.
484, our translation).
We understand the consistency with which the goals of physical education for the end
of Basic Education are presented, however, this does not prevent us from observing that the
incipient discussion on the specific contents of the area hinders the understanding of the
proposal to expand the listed contents to be developed in elementary education, especially when
considering that physical education is assigned the function of contributing to the "development
of intellectual curiosity, research and argumentation capacity" (BRAZIL, 2018, p. 483, our
translation) of students.
When reflecting on why the body and body practices have a short mention in the
document, we can infer, from the above, that the flexible model of production dispenses with
the questioning of students regarding the stereotypes that prevent an experience with the real
desires and needs of the body.
Although quantity is not synonymous with quality and states and municipalities are
responsible for developing their own curricula, the fact that a document that outlines a common
basis for the national curriculum devotes only two of its six hundred pages to discuss what
should be taught, when it should be taught, why it should be taught, and how the contents related
to Physical Education in High School should be taught is, at least, a reason for attention and the
need to seek elements for its understanding.
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The BNCC proposes the organization of high school in four areas of knowledge, in order
to meet the Directive CNE/CP nº. 11/2009 (BRAZIL, 2009), making it clear that, as specified
in this device, the intention is to strengthen the relationships between the areas "and their
contextualization for apprehension and intervention in reality" (BRASIL, 2018, p. 32), which
does not mean eliminating the contents of specific areas. It is observed that High School is
characterized as the stage of Basic Education in which different itineraries are possible, in this
sense, skills and competencies are defined that resume those defined for Elementary School.
Considering the curricular flexibility foreseen for High School, even for the subjects of
Portuguese language and mathematics, these abilities, according to the competencies, are not
indicated for each of the years specifically, but for all three years, which is also the case for
Physical Education.
This says a lot about the desired education for those who attend the last stage of basic
education. The BNCC provides a High School focused on the local reality, with the possibility
of vocational training, although it states that the student has the autonomy to choose their own
itinerary.
From the point of view of understanding reality, focusing on local issues means focusing
on an education that is not concerned with developing thinking capable of establishing the
relationship between the particular and the universal, understanding the implications of broader
social issues in the community, but rather attributing to each individual the responsibility for
acting and improving the conditions of their surroundings. Supported predominantly in
practical thinking, restricted to the immediacy of the context, this form of curricular flexibility
carries in itself the chance to retract the cultural formation of the subjects and, contrary to what
is formally advocated, establish a "basis" for decentralized teaching, which does not contribute
to reduce the discrepancy of educational quality among different educational institutions;
however, this process is presented in a positive way, as freedom of choice and as personalization
of the curriculum.
It is not about defending a plastered curriculum, but an orientation that aims to guide
the configuration of Basic Education in Brazil: there is a need to address more clearly the
content and knowledge to be developed in High School, including physical education,
especially when the statistics of this level of education are heavily criticized by governmental
instances, at the risk of impoverishing the body culture references. The more the individual
[...] In a culture reduced to adaptation or taken as an end in itself, the historical
movement and the possibility of visualizing the modification of society,
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culture, and the individual is lost. And, of course, if the cultural industry
justifies the poverty of its language by considering the breadth and diversity
of its audience's background, it is not possible to say that it is a culture
conducive to individual differentiation. (GALUCH; CROCHICK, 2018, p.
41-42, our translation).
In general terms, even if the argument used by the BNCC to establish the training
itineraries is pertinent, namely, the need to overcome the fragmentation of curricular content
and the distance between school knowledge and everyday life, by denying the diversity of
training processes, restricting them to the immediacy of the context of the world of work, it
comes even closer to the institutionalization of "unequal and differentiated access to
knowledge” (KUENZER, 2020, p. 62, our translation), which goes against the announced
proposal.
Final remarks
The constitution of a common basis for the curriculum is important to the extent that it
opens possibilities to avoid disparities in relation to the content offered in different regions of
a country, but the context of implementation of the BNCC demonstrates the speed of an
authoritarian process, marked by the cooling of the social functions of the state, corroborating
with the reform of social security, the loss of labor rights and the freezing for twenty years of
investments in education, security and health.
In this climate of democratic regression, the BNCC resumes the discourse of skills and
abilities inaugurated in the 1990s, plus the novelty of training itineraries, aiming at the
flexibility and contraction of the curriculum by organizing new curricular arrangements, no
longer restricted to the supposed fragmentation of disciplinary components.
For the BNCC, both the competencies and skills and the training itineraries allow
knowledge to be addressed interdisciplinarily, therefore, in a broader way and meeting the
desires of the individuality of the subjects. However, this proposal shows an emptying of the
contents expressed by the curricular components, precisely the assumptions of the
competencies and skills, in short, of individuality and autonomy.
Regarding the freedom for students to trace their own educational paths, it is necessary
to consider that these choices are conditioned to the possibilities of the educational system and
the schools, which will suffer the effects of economic austerity imposed by the State. This
implies restricted financial possibilities, especially if we think that meeting the demands of the
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local productive market may set the tone for the 'new curricular arrangements', based on
simplified work.
The BNCC proposals express the logic of instrumental rationality, in this sense, the
subjects Portuguese Language and Mathematics are highlighted, whose contents are more
required in large-scale assessments and supposedly have greater practical applicability, while
the other components lose the requirement of being present in all grades of high school.
Moreover, in relation to the specific knowledge of Physical Education, the fact that it is
indicated that in High School the contents covered in Elementary School should be resumed,
without mentioning them, makes it difficult to establish the relationship between them and the
expected skills and abilities, as well as the selection and sequence of contents of this curricular
component throughout High School. In short, it is observed the secondaryization of physical
education contents by BNCC, compromising the organization of systematized knowledge that
characterize the area and have potential to enable the understanding of the body in its historical-
social relationship.
The proposal of physical education in which skills and abilities overlap specific
knowledge of the area contributes to the training of subjects whose bodies are docile and
adapted to the basic requirements for the maintenance of life in increasingly precarious work
circumstances, amid the intensification of the application of technology, which could be a
reason for man to get rid of the toil.
Thus, at school, it is denied a teaching that enables the construction of a corporeality
that understands the real needs of the body, its limits, and its potentialities to feel and to be in a
way different from the stereotypes that society produces as pressure on individuals. Thinking
about physical education as a curricular component, therefore, goes beyond the organization of
teaching according to the curriculum, and also does not allow thinking it as a form of language
for learning skills and abilities, as provided by BNCC.
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CRediT Author Statement
Acknowledgments: Not applicable.
Funding: Authors' own resources.
Conflicts of interest: No conflicts of interest.
Ethical approval: Not applicable.
Data and Material Availability: Not applicable.
Authors' contributions: The three authors worked collectively in the planning, writing,
reviewing and editing of the article. The specificity of the distinct formation (Pedagogy
and Physical Education) is associated to the studies about the educational phenomenon
under the prism of the Critical Theory of Society; theoretical reference that subsidized the
documental analysis, guiding the results and the conclusion of the investigation.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.