Identoralidade(s) em Mia Couto

Autores

  • Orquídea Ribeiro UTAD - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Vila Real - Portugal. Universidade do Porto. Faculdade de Letras – CITCEM - Centro de Investigação Transdisciplinar “Cultura, Espaço e Memória”. Porto - Portugal https://orcid.org/0000-0001-7665-9627
  • Fernando Moreira UTAD - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Vila Real - Portugal. Universidade do Porto. Faculdade de Letras – CITCEM - Centro de Investigação Transdisciplinar “Cultura, Espaço e Memória”. Porto – Portugal https://orcid.org/0000-0003-3729-9387

Palavras-chave:

Mia Couto, Identidade, Oralidade, Memória,

Resumo

Mia Couto afirma que “a cultura africana não é uma única mas uma rede multicultural em contínua construção” (COUTO, 2005, p. 79). A ideia de uma identidade múltipla e plural relaciona-se com as questões de tradição e de raízes de um povo, com a necessidade de “refabricar” rituais e crenças, elementos fundamentais para a reconstrução identitária dum país marcado pela guerra. Os dezasseis anos de guerra com a desolação da paisagem natural e humana não proporcionaram um contexto cultural adequado à transmissão oral. A necessidade de resgatar “o imaginário ancestral moçambicano profundamente enraizado na oralidade” (MARTINS, 2002), perdido ou esquecido, permanece atual e ligada à questão da definição da identidade, da moçambicanidade. A tradição oral ajuda a reciclar e reavivar a memória coletiva e a cultura tradicional do povo moçambicano, mas a oralidade em si só não chega para combater o esquecimento; é preciso escrever para reforçar e diversificar o processo de recriação dessa tradição. Mia Couto contribui para o resgate da tradição com as suas estórias, criando um espaço “entre lugares”, em que elementos da modernidade, pelo viés da escrita prosaico-ficcional, são utilizados para transformar, atualizar e dinamizar o património cultural tradicional e assim renovar o processo de construção da identidade coletiva de Moçambique. Através de leituras das narrativas curtas e romances de Mia Couto, pretende-se explorar a forma como o autor utiliza a oralidade para a (re)construção da identidade das personagens e consequente revitalização da memória cultural coletiva, analisando textos selecionados em que a identidade e a oralidade se fundem para retratarem a moçambicanidade neles patente. Assim, reinventar ou ouvir vozes esquecidas é colorir e edificar a nova identidade cultural moçambicana, dando oportunidade ao povo anónimo de se expressar, de se identificar com e de fazer viver um projeto cultural para um futuro sempre em construção.

Biografia do Autor

Orquídea Ribeiro, UTAD - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Vila Real - Portugal. Universidade do Porto. Faculdade de Letras – CITCEM - Centro de Investigação Transdisciplinar “Cultura, Espaço e Memória”. Porto - Portugal

Departamento de Letras, Artes e Comunicação

Professora Auxiliar

Doutorada em Ciências Humanas e Sociais - Cultura;

Docente da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD);

Diretora do Doutoramento em Ciências da Cultura

Área de investigação e lecionação: Culturas Póscoloniais de Língua Portuguesa, Culturas Africanas, Património Cultural, Teorias da Cultura, Culturas Africanas Comparadas, Multiculturalismo e Dinâmicas Interculturais

 

Fernando Moreira, UTAD - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Vila Real - Portugal. Universidade do Porto. Faculdade de Letras – CITCEM - Centro de Investigação Transdisciplinar “Cultura, Espaço e Memória”. Porto – Portugal

Departamento de Letras, Artes e Comunicação

Doutorado em Cultura Portuguesa

Professor Catedrático

Downloads

Publicado

13/03/2020

Edição

Seção

Tema Livre