O leigo e o monge: reposicionamento do budismo japonês e ressignificação do laicado budista na obra de Ōuchi Seiran

Autores

  • Julio Nascimento Unicamp- Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas – Programa de Pós- Graduação. Campinas - SP. 13083-896

Palavras-chave:

Budismo moderno, Budismo japonês, Restauração Meiji, Ōuchi Seiran,

Resumo

O presente artigo explora como o leigo budista Ōuchi Seiran (1845- 1918) constroi o discurso do budismo leigo como característica essencialmente japonesa e alternativa necessária ao budismo clerical praticado até então. Em 1899, durante o contexto de revisão dos tratados desiguais firmados pelo Japão e potências estrangeiras, Seiran elabora a ideia de que o Dharma realiza um papel social que foi originalmente desempenhado e transmitido pelo lendário príncipe Shōtoku Taishi, sendo este também um leigo, mostrando que o laicado (zaike) deve ser responsável pela proteção do Dharma sob a tutela do sistema imperial. Ao interpretar o budismo Mahāyāna japonês como uma forma evoluída dos ensinamentos de Buda e colocar os leigos como praticantes legítimos em detrimento dos monges, Seiran constroi sua própria “teoria evolucionista” de um budismo japonês leigo, imperialista e superior. Esses argumentos colocam Seiran como uma das vozes que buscavam modernizar o budismo ao mesmo tempo em que enalteciam sua capacidade de apoiar o governo imperial e de ser um condutor moral da sociedade da época.

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Publicado

13/10/2020