A “coisa” em profundidade infamiliar
estranhamento e percepção em Clarice
Palavras-chave:
Percepção, profundidade, infamiliar, Clarice Lispector, literatura, pinturaResumo
O presente estudo se propõe estabelecer um diálogo entre três autores-pensadores: Clarice Lispector, Sigmund Freud e Maurice Merleau-Ponty, especificamente. Trata-se de uma tentativa de leitura e aproximações entre estes autores, sem contudo, deixar de trazer outros estudiosos que corroboram com a reflexão realizada neste artigo. O recorte aqui ora proposto se edifica em alguns de textos de Clarice presentes no livro Para não esquecer. O intuito é pensar em como o objeto (a coisa!) no mundo, num instante de aguda percepção, pode se mostrar movediço, viçoso e infamiliar (Das unheimlich), quando “a coisa” se materializa subitamente na folha de papel em branco como pinceladas numa tela, também em branco, que faz “da coisa” a linguagem fugidia da literatura, linguagem esta que se dá no “não-lugar”. Outrossim, no entrelaçamento destes autores em suas aproximações, trazemos algumas observações bem pontuais da relação entre a literatura clariciana e a pintura de Paul Cézanne, este sob a ótica de Merleau-Ponty, para entremeá-la a questões da imagem pautadas, também, nas reflexões de Jacques Rancière, ao trazer o regime estético da imagem e da imagem enquanto picturalidade, assim como na proposta de Michel Foucault quanto de John Berger. Podemos dizer que ambas as questões contribuem para se pensar o olhar sobre o instante de aguda percepção da “coisa” em profundidade infamiliar na literatura clariciana, literatura que se dá na pincelada “da coisa”, no instante fugidio.
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