Violência, encarceramento, (in)justiça: memórias de histórias reais das prisões paulistas / Violence, prison, (in)justice: memories of real stories collected in São Paulo jails

Autores

  • Márcio Seligmann-Silva

Palavras-chave:

Literatura dos cárceres, Memória do trauma, Autobiografia, Literatura e violência, Literatura e justiça, Memória e esquecimento, Realismo,

Resumo

O trabalho apresenta a nova literatura carcerária que surgiu sobretudo a partir da experiência prisional no Estado de São Paulo. Esta literatura põe em cena uma pratica memorial de expressão com características próprias, marcada pelo meio extremamente violento de onde ela nasce. Esta violência deixa seus traços não apenas nas historias contadas, mas também na escolha de palavras, na sintaxe e no tom marcadamente “oralizado” dos relatos autobiográficos. O trabalho tenta compreender este fenômeno literário dentro de um movimento histórico: a crescente violência social e a presença de guerras geraram ao longo do século XX um grande número de obras artísticas e literárias cada vez mais carregadas de “teor testemunhal”. Esta violência traz consigo um novo imperativo de memória. A literatura carcerária deve ser compreendida como uma modalidade da “literatura do real”. Ela tem uma tendência para a dessimbolização e para a metonímia de caráter indexal; é marcada por uma atitude política clara; tem um compromisso com a busca de justiça; apresenta e desconstrói os limites entre o “humano” e a “animalidade”. Toda esta literatura do real deve ser compreendida como um verdadeiro teatro político onde contracenam memória e esquecimento. The present article discusses the new prison writings produced in the last few years, which deal with prison life inside the detention centers in São Paulo. This literature enacts a memorial practice of expression with it was born. This violence marks not only the plots of each story told, but also the selection of words, the syntax, and the atmosphere of the works. They are autobiographical narratives very close to the oral speech. The article analyzes this literary phenomena inside of its historical frame: the increasing social violence, and the Constant wars along the 20th century are at the origin of the impressive amount of literary and at works shaped by a “testimonial element”. This violence implies a memory imperative. Prison literature must be understood as a modality of the “literature of the ‘real’”. It shows a tendency to “desymbolization”, and to the use of metonym with indexal character. Based on na evident political statement, and a commitment to the fight for justice, it also deconstructs the limits between the “human” and the “animal”. All this “literature of the ‘real’” should be understood as a truly political theater where the two main protagonists are memory and oblivion.

Publicado

11/09/2007

Edição

Seção

Artigos