Entre-Je, entre-Il e entre-Autres, a memória: Louis-René des Forêts

Autores

  • Leila de Aguiar Costa UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo-Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de Letras-área de Estudos Literários. Guarulhos, SP- Brasil.

Palavras-chave:

Memória, Escrita, Sujeito, Fantasmagoria, Morte,

Resumo

Uma obstinação percorre surdamente toda a obra de Louis-René Des Forêts: obstinação em deambular pelas trilhas da subjetividade recorrendo a uma escrita que não pode se es(ins)crever senão graças à voz e à memória da voz, dos sons, dos odores, dos rumores. E tudo se escreve graças a um amontoado (des)organizado de “figuras de acaso, maneiras de traços, fugidias linhas de vida, falsos reflexos e signos duvidosos que a língua, em busca de um lar, inscreveu como que por fraude e a partir da exterioridade” (Ostinato. DES FOREST, 1997, p.15). Em Louis-René Des Forêts, a fronteira entre a realidade de uma subjetividade que (se) escreve e sua fantasmagoria é tão tênue que não é possível efetivamente determinar o que é fábula e o que é a “verdade de uma fábula”. De fato, a memória é ali “demencial”, como diz o título de um de seus escritos, construída, não sem certa suspeita de indesejável “arrebatamento retórico”, sobre sequências de rememorações que encavalam umas nas outras, que ressoam indefinidamente ao longo de uma prosa poética com ares de inacabamento, de por vir; e de devir de si, da escrita de si ou, simplesmente, da própria escrita. Entre o je, o il e os autres, o que parece enfim se insinuar é a memória do(s) resto(s) – ou do que resta e do que restou − e, sobretudo, no final das contas, da morte – e da escrita da morte – que não faz senão rondar e espreitar toda autografia.

Downloads

Edição

Seção

Artigos