Jacques le Fataliste: dialogismo, antifinalismo, espinosismo e o desejo moderno

Autores

  • André Luiz Barros UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo. Sao Paulo – SP – Brasil.

Palavras-chave:

Diderot, Teoria do romance, Teoria da literatura, Espinosa, Romance filosófico, Constituição do sujeito,

Resumo

O romance Jacques le fataliste, de Diderot, traz um feixe de questões filosóficas ligadas a estruturas formais que remetem a um modo de pensar por meio de transgressões. O dialogismo é intenso e veloz, e remete a uma aparente onipotência do narrador que, na verdade, revela-se limitada (paradoxo entre infinito e finitude, incrustado formalmente na obra). Do mesmo modo, o finalismo (teleologia) e o abstracionismo típico da filosofia ocidental são contestados no próprio nível formal. Expedientes como a crítica à “demonstração” científica, ou ao par causa-efeito ganham uma conformação sintonizada com o pensamento de Espinosa, segundo o qual o corpo (concretude) é inseparável das camadas abstratas (doutrinas filosóficas ou religiosas), mediadas pela linguagem, esta última sendo uma mediadora deslizante entre os dois níveis. Nesse âmbito, considera-se a repetição aparentemente banal e identitária dos personagens – a caixa de rapé e o relógio do patrão, bem como o cantil de Jacques – como elementos de uma prática de auto-organização subjetiva do indivíduo, aproximando-os de conceitos psicanalíticos (sintoma) e filosóficos (ritornello).

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Publicado

14/11/2017

Edição

Seção

Artigos