Michel de Montaigne e Cecília Meireles: um encontro entre duas solidões

Autores

  • Márcia Eliza Pires Pós-doutoranda em Estudos Literários. UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Faculdade de Ciências e Letras. Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários. Araraquara – SP – Brasil.

Palavras-chave:

Michel de Montaigne, Cecília Meireles, Solidão,

Resumo

A solidão sempre motivou o desenvolvimento do olhar contemplativo. À parte, gozando da ausência dos estímulos exteriores, o indivíduo estaria mais disposto a experimentar a existência de forma íntegra, visto que se habituaria a buscar o convívio consigo mesmo. Em seu ensaio “Sobre a solidão”, Michel de Montaigne (1533-1592) chama a atenção do leitor para a criação de uma arrière-boutique, isto é, de um cantinho em que a solidão corrobore para o parcial acesso à genuinidade da essência – já que, como assevera Valéry, “não temos qualquer meio para atingir exatamente em nós o que desejamos obter” (VALÉRY, 2011). A natureza humana também é minuciosamente sondada pelo narrador-personagem de Cecília Meireles (1901-1964) em “Da solidão”, crônica pertencente a Escolha seu sonho. Consonante a Montaigne, o sujeito ceciliano tece reflexões sobre o anseio à liberdade do ponto de vista do privilégio de espaços silenciosos e solitários. Por meio da comparação entre o ensaio de Michel de Montaigne e a crônica de Cecília Meireles, o objetivo de nosso trabalho volta-se para observar como a solidão é fator basilar a essas duas obras, perfazendo os traços constitutivos de cada autor: as peculiaridades do primeiro enquanto filósofo, os aspectos da segunda na qualidade de escritora.

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Publicado

02/08/2018

Edição

Seção

Artigos