Um francês na Amazônia

Autores

  • Lídia Fachin

Palavras-chave:

Vozes narrativas, Sujeito-narrador-protagonista, Narração, Enunciador-enunciatário, Narrador-narratário

Resumo

Trabalhando na tradição do romance picaresco, em L’exposition coloniale (1988) Erik Orsenna constrói um herói que vem ao Brasil para ensinar o positivismo à República recém-proclamada. Pela alternância de vozes narrativas – as vozes de três gerações de uma família – Gabriel Orsenna, o protagonista sujeitonarrador “[...] encarregado de missão narrativa, o redator de todas estas páginas [...]” (ORSENNA, 1988, p.357), cuja voz se incumbe da quase totalidade do relato, algumas poucas vezes cede espaço para a voz narrativa de seu pai, Louis; mas quem escreve realmente a estória, é o autor real, Erick Orsenna. Isto é, pelo singular tratamento dado à enunciação, a qual intercambia freqüentemente seus sujeitos, transformando o enunciador em enunciatário, o narrador em narratário e vice-versa, o autor diverte-se tecendo os fi os de uma história múltipla em que se entrega a uma travessia histórica apontando como seu verdadeiro herói o século 20, com suas maravilhas e suas misérias. Em todos os casos, a par do fascínio e do estranhamento, predominam imagens e conceitos estereotipados que o narrador – Gabriel Orsenna, o herói pícaro – constrói do Brasil, de seu povo, dos fatos quotidianos, dos costumes e modos, das práticas locais: o abraço à brasileira, a música, as lendas amazônicas, os costumes ribeirinhos, a arquitetura de Manaus, etc. Palavras-chave: Vozes narrativas. Sujeito-narrador-protagonista. Narração. Enunciador-enunciatário. Narrador-narratário.

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Publicado

27/10/2009

Edição

Seção

Artigos