A subversão da narrativa mítica de Le roi des Aulnes

Autores

  • Aline de Lima-Villi

Resumo

Uma das ideias mais bem difundidas a respeito de Michel Tournier é a de que ele se apropria de elementos míticos e históricos e os reconfigura, em seus textos, de maneira provocadora, satírica e engenhosa. O próprio autor, entretanto, atribui a carga subversiva de sua obra exclusivamente ao conteúdo que elas visam transmitir, enquanto a estrutura garantiria sua inserção na tradição romanesca mais conservadora. Neste artigo, procuramos testar a veracidade desta afirmação analisando a constituição do protagonista, as estratégias narrativas e a configuração temporal do romance Le Roi des Aulnes (1970). É relativamente fácil constatar a intenção crítica e estética neste romance em que um ogre busca seu destino no núcleo do Reich nazista; a análise revela, contudo, que à complexidade da trama corresponde o hibridismo dos elementos formais. O protagonista Abel Tiffauges oscila entre seu passado e seu futuro; o modelo narrativo é polifônico e instável; a configuração temporal conjuga a circularidade mítica e a linearidade histórica; assim, os elementos formais afastam o romance dos modelos tradicionais e instauram o teor problemático que o conteúdo busca exprimir.

Palavras-chave: Michel Tournier. Roi des Aulnes. Narrativa. Tempo. Mito. História.

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