Francispongear a coisa: sujeito lírico e percepção em Le Parti Pris des Choses

Autores

  • Patrícia Aparecida Antonio

Palavras-chave:

Poesia em prosa, Sujeito lírico, Coisa, Percepção, Fenomenologia, Francis Ponge,

Resumo

O presente trabalho tem por objetivo a leitura de um dos poemas do livro Le parti pris des choses (1942), de Francis Ponge. Numa obra cujo foco parece ser o de dar voz às coisas, de colocá-las em primeiro plano, nada mais natural que o (des)aparecimento do sujeito lírico. Pretendemos observar como se dá a relação entre este sujeito especialmente objetivado e as coisas que evoca. Para Ponge, trata-se de tomar os objetos mais triviais (a chuva, a ostra, o cigarro) e dizê-los com o máximo de fidelidade e objetividade. Tomando como parâmetro aquilo que chama de “objeu”, temos aqui as coisas evocadas e iluminadas, como que girando e mostrando múltiplas metamorfoses e facetas. Nomeando, estes poemas em prosa desvelam e iluminam aquilo que o hábito (do olhar do homem e da linguagem gasta) acabou por encobrir e contaminar. Ao ceder a voz ao mundo mudo das coisas, ao procurar ir “às coisas mesmas”, o sujeito lírico pongiano aceita se transferir a elas, abrir-se à sua alteridade – tomar o seu partido. É esta relação, fundada na percepção de um sujeito lírico objetivado, e seu modus operandi nosso objetivo principal, tendo como esteio as teorias de Martin Heidegger e Maurice Merleau-Ponty.

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