(Des)cobrindo o eu: jogos especulares no Narcisse ou L’amant de Lui-Même de Jean-Jacques Rousseau
Palavras-chave:
Narcisse, Re-presentação, Retrato, Travestimento, Olhar,Resumo
Em Narcisse ou l’Amant de lui-même, comédia de Rousseau composta em 1752, lemos o diálogo seguinte: “Valère, considérant le portrait : Mon coeur n’y résiste pas [...] Quoi, ne pourrai-je découvrir d’où vient ce portrait ? Le mystère et la difficulté irritent mon empressement. Car je te l’avoue, j’en suis très réellement épris. Frontin, à part : La chose est impayable ! Le voilà amoureux de lui-même.” A passagem é paradigmática do viés temático a nortear toda a peça: em um sentido geral, ela consideraria a representação do eu como uma representação em representação, isto é, pela força do simulacro; em um sentido mais preciso, operaria tal representação pela idéia do eu como imagem do eu captada – e no caso de Narcisse obnubilada – pelo seu próprio olhar. Aceitando esse motivo, trabalhado textualmente e cenograficamente por essa dupla articulação, é objetivo deste artigo verificar os modos pelos quais Rousseau instancia uma dialética da imagem e do olhar, procurando reconhecer as armadilhas construídas pelo estilema “retrato” (portrait) e pelos jogos de travestimento que conduzem o leitor/espectador – assim como Valère, protagonista da comédia – pelos caminhos do (auto)conhecimento, do re-conhecimento, da semelhança e da dessemelhança.Downloads
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