Yves Bonnefoy ou quando a escritura não é mais escritura, mas coisas e cores
Palavras-chave:
Escritura, Désécriture, Linguagem poética, Presença, Mundo,Resumo
Em “Une autre époque de l’écriture” (1993), duas personagens – um ele que um eu hesita, mesmo que tenha vontade, de chamar mestre – dialogam à medida que deambulam por um caminho em um bosque. Seu assunto de conversação: a escritura, ou mesmo a linguagem. Antes de chegar a uma cabana à beira de um riacho, aquele ele cuja voz se faz bastante ouvir explica a seu interlocutor que letras e palavras tinham adquirido uma outra evidência, capaz de nos afastar “pouco a pouco da própria ideia de palavra”. E a ele de afirmar: “Digamos que inventávamos a pintura”. Toda a estratégia da prática literária de Yves Bonnefoy está aí inscrita: tanto em sua obra poética quanto em sua obra de crítica de arte, trata-se de se interrogar sobre os meios pelos quais o artista inventa a “ordem do mundo”, e o próprio mundo. Isto quer dizer que é a relação com o mundo – e com sua presença – que ganha a cena da poesia e da prosa poética – o que seria aliás La longue chaîne de l’ancre senão um dos mais belos exemplos contemporâneos de prosa poética? Findo, pois, o mundo colonizado pelas palavras. É inegável que, apesar dos perigos que carrega a linguagem (e que assombram a todos os seus fiéis devotos), a obra de Yves Bonnefoy busca dela se libertar pela prática do que se poderia chamar uma désécriture. Désécriture que se dedica ao visível. Désécriture que se dá como tarefa pôr em evidência “todas as dimensões do objeto, do mundo”, com seus odores, seus ruídos, suas mais ínfimas personagens. Será então objetivo deste artigo propor algumas notas sobre o procedimento a um tempo poético e crítico que se põe em movimento em La vie errante suivi de Remarques sur le dessin (1993) e em La longue chaîne de l’ancre (2008), tentando ali relevar toda uma rede de imagens plenas de cor poética.
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