O eterno feminino maldito e a sensibilidade moderna: o motivo da femme fatale entre Baudelaire e o decadentismo brasileiro

Autores

  • Fabiano Rodrigo da Silva Santos UNESP – Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Ciências e Letras - Departamento de Literatura. Assis – SP – Brasil. 19806-900

Palavras-chave:

Decadentismo, Poesia erótica, Sublime, Grotesco, Poesia de orientação romântica,

Resumo

Nossos objetivos consistem em tecer considerações sobre o desenvolvimento das imagens eróticas na poesia decandentista brasileira a partir do motivo da femme fatale de Baudelaire. A amada distante, letárgica e indiferente da tradição romântica desdobra-se, em ambiente decadente, em figurações inquietantes que evocam a ideia de interditos eróticos: prostitutas, cadáveres, monstros fornecem, nesse contexto, o substrato imagético para a composição da mulher desejada, que se manifesta metonimicamente, em uma dicção que amalgama a atração à repulsa, como uma materialização erótica do ideal. Baudelaire com poemas como “Le poison” e “Le Léthé” é referência imediata para esse complexo imagético que confere ao contato erótica com a “mulher maldita” os contornos de uma experiência transcendente em que epifanias se manifestam no vazio e conferem à poesia idealista as incertezas da modernidade. A poesia brasileira reativa ao romantismo, produzida entre 1870 e 1880, a partir de Baudelaire, valer-se-á de uma imagética erótica, síntese do grotesco e do sublime, a que nosso simbolismo será muito sensível, encontrando manifestação bem delineada no erotismo convulso de Broquéis, de Cruz e Sousa, em que a crise idealista torna-se anseio erótico e associa as ideias de impossibilidade e nulidade a uma nova concepção de ideal angustiante e visceral.

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Publicado

29/02/2016

Edição

Seção

Artigos