A busca que nunca termina: modernidade, romance e poesia em Nadja, de André Breton

Autores

  • Márcio Scheel UNESP - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Instituto de Biociências Letras e Ciências Exatas - Departamento de Estudos Linguísticos e Literários. São José do Rio Preto - SP - Brasil.
  • Ana Paula Garcia Doutoranda em Letras. UNESP - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Instituto de Biociências Letras e Ciências Exatas - Programa de Pós-Graduação em Letras. São José do Rio Preto - SP - Brasil.

Palavras-chave:

Modernidade, Surrealismo, Romance, Acaso objetivo, André Breton, Sociedade,

Resumo

Em um contexto de racionalização e utilitarismo extremos, o das primeiras décadas do século XX, a vanguarda surrealista surge como forma de resistência, buscando realizar e encontrar na arte um espaço de sonho e liberdade que o mundo moderno não permite que os indivíduos vivam de forma completa e autônoma. Esse movimento de busca pelo sentido da vida e do mundo, característico do indivíduo problemático, como denomina Georg Lukács, desajustado da realidade que o cerca, fica claro na imagem de André Breton, narrador e figuração do próprio autor em Nadja (1999), pois desde as primeiras páginas do romance ele se lança pelas ruas de Paris, esperando encontrar na grande cidade, justamente o símbolo máximo da modernização, as experiências sensíveis, poéticas, essenciais e libertadoras idealizadas pela arte surrealista. Nesse sentido, o romance representa, de um lado, o ideal surrealista de uma existência poética e de uma poesia vital ao flagrar a delicada e tempestuosa relação do narrador com Nadja, representação da ideia mesma da liberdade e da criação, manifestação fulgurante do desejo, fonte de fascínio e encantamento mágico da existência; mas, por outro lado, o romance também expressa a desilusão diante da transitoriedade de uma paixão tão avassaladora que não pode durar, a recriação estética e artística de uma experiência sensual e idealista que se dissipa diante de uma realidade sempre mais forte e abrasiva do que o sonho poético pode suportar.

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Publicado

25/05/2017

Edição

Seção

Artigos