Partindo das formulações clássicas de Marcel Mauss, que sugerem a existência de uma aporia fundamental no conceito de dádiva, este artigo discute sob quais condições se pode falar de maneira consistente em uma “economia da dádiva”. Essa questão é inicialmente abordada por meio de um exame das origens linguísticas e sociais das noções de “economia” e de “dádiva”. Em seguida, apoiando-se nas formulações de Claude Lévi-Strauss, Pierre Bourdieu, Jean Baudrillard, Aldo Haesler e Alain Caillé, o artigo se propõe a conceber a dádiva como elemento crucial da troca simbólica, fundada em um interesse pela manutenção de vínculos sociais como um “fim em si”. Finalmente, algumas manifestações contemporâneas das relações de dádiva e de potlatch são analisadas e criticadas.