O resto não é silêncio: polêmica e polarização do campo intelectual de Porto Alegre nos anos 1940
Autores
Lorena Magruga Monteiro
Palavras-chave:
Intelectuais, Campo intelectual, Érico Veríssimo, Leonardo Fritzen, Porto Alegre,
Resumo
Com base nos escritos de Jean-François Sirinelli e Christophe Charle este trabalho revisa a polêmica do escritor Érico Veríssimo com o Padre Leonardo Fritzen S.J. a partir da análise dos grupos envolvidos e do conteúdo dos manifestos. Tal polêmica refere-se à queixa-crime deflagrada pelo escritor contra o padre jesuíta, após este ter publicado um artigo no qual repreendia o conteúdo da obra de Érico Veríssimo “O resto é silêncio”. Além disso, tal fato trouxe à cena pública a intelectualidade gaúcha em solidariedade a um ou outro dos envolvidos na questão. Desse modo, argumenta-se nesse artigo, a partir da análise das bases sociais e intelectuais de ambos os grupos, que o episódio evidenciou a estrutura da esfera intelectual no período, de um lado, monopolizado pelos católicos das Congregações Marianas e, por outro, pelo grupo da Editora Globo, mais heterogêneo social e ideologicamente. Além disso, tais manifestos revelam tomadas de posição relativas ao contexto ideológico do período, especialmente em virtude da Segunda Guerra mundial.