O presente artigo procura realizar um duplo movimento teórico: o primeiro consiste em localizar as insuficiências dos críticos que se recusam a enxergar a internet como uma esfera pública; o segundo, numa proposta de adoção de um instrumental filosófico que nos habilite a superar tais deficiências. Contra os teóricos que privilegiam o consenso e a racionalidade como elementos centrais à reflexão sobre a esfera pública, pretendo sugerir que as potencialidades da internet podem ser melhor compreendidas dentro de um horizonte conceitual informado pelo antiessencialismo ontológico de Clifford Geertz, pela neomonadalogia panrelacional de Gabriel Tarde, pelo antifundacionismo de Richard Rorty e pelas propostas de “democracia radical” e “pluralismo agonístico” de Chantal Mouffe. O objetivo é resgatar a importância de conferir positividade às paixões em matéria de política, ressaltando a necessidade de franquear espaços à sua mobilização.